LILIA SOUZA ENTREVISTA por Valquiria Imperiano Lilia Souza é contista, poeta, mãe. Amante da cultura, ativista cultural. Um mulher corajosa, batalhadora que não abandona seus sonhos e não se desvia dos seus objetivos. Lilia é uma Valkyrie, uma guerreira pronta a doar-se para continuar contribuindo para que a cultura e a educação façm parte do cardápio de todos.
sempre apoiou minhas invencionices. Com certeza, uma força motriz para eu ter me tornado quem sou! Com 11 ou 12 anos, já era catequista. E entrei para a Cruzada Eucarística – o que incluía compromissos com atividades religiosas e mesmo ajuda nas Missas dominicais. Fui uma adolescente questionadora, mas tranquila. Gostava muito de dançar e de ler – paixão que carrego desde criança! E era estudiosa. Queria ser professora. Fiz o curso Normal em minha cidade. Nesse período, cresceu o desejo de cursar faculdade de Psicologia. Isso que, mais tarde, me trouxe a Curitiba. Na faculdade conheci Tadeu, com quem me casei. Já estamos casados há 45 anos, em que superamos dificuldades e incertezas, sempre com muito amor e fé. Temos uma filha e dois netos, paixões em nossas vidas e motivos de muita realização! O interesse por poesia e literatura vem da infância e foi se moldando e amadurecendo com leituras e a maturidade; também com influência do curso de Letras e o meio cultural, com o convívio com tantos poetas e escritores que fizeram e fazem parte de minha vida. Escrevi alguns livros: de poemas, de contos e de ensaios de análise literária. Minha ideologia é a causa pela cultura e pela educação, pela justiça e pão na mesa para todos. Gostaria de continuar a contribuir, um pouquinho que seja, em prol disso.
VOCÊ SEMPRE FOI COMO É HOJE? Em alguns aspectos, sim. Posso apontar 3 características muito fortes em mim que, pelo que lembro, sempre fizeram parte de mim: emotiva, ativa, carinhosa. E aprendi, em tenra idade, a respeitar as pessoas; isso carrego comigo. Também me lembro de, desde bem pequena, indignar-me com injustiça. Em vários outros aspectos, fui COMO FOI A CRIANçA, A ADOLESCENTE, A MU- mudando ao longo da vida. LHER ESPOSA E MÃE, A MULHER ARTISTA. QUAL éA BASE DOS SEUS OBJETIVOS?. QUE CAMINHOS PERCORREU, ATÉ CHEGAR NA Nasci em Volta Redonda – RJ, em uma família simples MULHER QUE VOCÊ É HOJE? e amorosa, que nos incutiu valores religiosos e nos en- Sempre gostei de ler e estudar, e o fiz sempre que pude. sinou com muitos bons exemplos. Sou a mais velha de 4 Profissionalmente, exerci várias funções e estive em alfilhos. Meus irmãos, Max, Newton e Francisco, e eu tín- gumas empresas. Trabalhei como manicure, secretária, hamos que cumprir regras, estudar, respeitar os mais vel- telefonista (a maior parte da vida profissional), atenhos; ajudávamos em algumas tarefas e podíamos brincar dente de balcão, professora, revisora de texto. Mudei de muito! Foi uma infância feliz. Fui alfabetizada em casa, cidades para estudar e para trabalhar. Fiz muitos amiaos 6 anos, por minha mãe (que tinha o 2º ano incomple- gos e sou uma apaixonada pela família. Aliás, paixão me to). Aprender a ler foi a entrada em um mundo mara- move: pelo marido, pela filha e netos, mãe, irmãos, amivilhoso, um encantamento inenarrável! Entrei na escola gos; pela literatura e pela poesia. E pela vida sempre tive aos 7 anos, já sabendo ler e escrever alguma coisa. Ao fé em Deus e na Virgem Santíssima. mesmo tempo, entrei no catecismo e logo depois fiz a 1ª Comunhão. Já nessa época, aos 7 anos, comecei mi- VOCÊ É UMA GUERREIRA? nha vida de “atividades”: passei a participar de tudo que Vejo-me, sim, como guerreira. Lutei para conquistar aparecia na escola, na igreja, no bairro. Ao mesmo tempo várias coisas, tentando não me acomodar; e buscando que penso que mamãe deve ter se visto louca comigo, fazer bem feito o que me era incumbência ou o que deadmiro sua sabedoria; ela nunca me impediu de nada, e cidia. Também sempre procurei não me deixar abater 36
Revue Cultive - Genève