Arquitetura de Hostels

Page 1

ARQUITETURA DE HOSTELS

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB Ensaio teórico 1/2018 Vanessa Ferreira Machado de Figueiredo Orientadora: Cláudia da Conceição Garcia



VANESSA FERREIRA MACHADO DE FIGUEIREDO

ARQUITETURA DE HOSTELS Trabalho apresentado como requisito para a avaliação da disciplina Ensaio de Teoria e História de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Orientadora: Cláudia da Conceição Garcia Banca: Cláudia da Conceição Garcia Frederico Flósculo Pinheiro Barreto Luciana Jobim Navarro

Brasília Junho, 2018



RESUMO Este ensaio teórico busca primeiramente pesquisar a história dos hostels no Brasil e no mundo. Além de contextualizar a evolução dos hostels desde sua origem até os tempos atuais, busca-se apresentar o conceito de hostel, identificar o seu mercado consumidor e analisar as suas principais demandas. A partir desta introdução analisa-se o espaço arquitetônico de hostels, identificando suas variações tipológicas. Como objeto de estudo, analisou-se 19 diferentes hostels ao redor do mundo para obter como resultado o entendimento de como estas variações tipológicas são empregadas. Palavras-chave: Hostel. Albergue da juventude. Variações tipológicas. Arquitetura.


SUMÁRIO 1

APRESENTAÇÃO

7

1.1

INTRODUÇÃO

7

1.2

PROBLEMA MOTIVADOR DA PESQUISA: AS VARIAÇÕES TIPOLÓGICAS DE HOSTELS

8

1.3

JUSTIFICATIVA

15

1.4

OBJETIVO

15

1.5

METODOLOGIA

15

2

HISTÓRICO DOS HOSTELS

16

2.1

O QUE É UM HOSTEL?

16

2.2

A HISTÓRIA DOS HOSTELS NO MUNDO

18

2.3

O SURGIMENTO DOS HOSTELS NO BRASIL

24

2.4

O PERFIL DO MERCADO CONSUMIDOR

29

3

ANÁLISE DOS ESPAÇOS DE HOSTELS

30

3.1

A LOCALIZAÇÃO

31

3.2 3.2.1. 3.2.2. 3.2.3.

O ENTORNO HOSTELS NO CENTRO DA CIDADE HOSTELS AFASTADOS DO CENTRO DA CIDADE HOSTELS EM ÁREAS BUCÓLICAS

34 35 36 37

3.3 3.3.1. 3.3.2. 3.3.3. 3.3.4. 3.3.5. 3.3.6.

O EDIFÍCIO A ARQUITETURA EM RELAÇÃO AO SEU ENTORNO IMEDIATO EDIFÍCIO COM USO MISTO REAPROPRIAÇÃO DA ARQUITETURA EXISTENTE NÚMERO DE PAVIMENTOS / SUBSOLO ARQUITETURA MODULAR ÁTRIO

38 39 44 47 53 54 55

3.4 3.4.1 3.4.2. 3.4.3. 3.4.4. 3.4.5.

ÁREAS COMUNS ESPAÇOS ABERTOS AO PÚBLICO EXTERNO TERRAÇO LOUNGE COMPARTILHADO REFEITÓRIO E COZINHA ESPAÇO ARQUIBANCADA

56 57 59 60 63 66


3.4.6. 3.4.7.

ESPAÇOS COMPARTILHADOS DIVERSOS JARDIM E ATIVIDADES AO AR LIVRE

67 70

3.5. 3.5.1.

72

3.5.2. 3.5.3.

QUARTOS QUARTOS COMPARTILHADOS COLETIVIDADE X INDIVIDUALIDADE QUARTOS PRIVATIVOS NÚMERO DE PESSOAS POR QUARTO

3.6. 3.6.1. 3.6.2. 3.6.3. 2.6.4. 3.6.5. 3.6.6. 3.6.7.

CONFIGURAÇÃO ESPACIAL SETORIZAÇÃO FUNCIONAL POR ANDAR PLANTAS BAIXAS LONGILÍNEAS SIMETRIA PAVIMENTO TIPO CORREDOR CONFIGURAÇÃO DAS ÁREAS COMUNS BANHEIROS

82 110 111 112 115 116 118 126

4

CONCLUSÃO

129

5

BIBLIOGRAFIA

132

73 77 79



7 1. APRESENTAÇÃO 1.1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, é notável o crescimento considerável do turismo no Brasil e no mundo. De acordo com a última pesquisa realizada pela WTTC (World Travel & Tourism Concil), realizada em 2016, a indústria mundial de viagens cresceu mais que a economia global no período de 2011 a 2016. O Brasil não fica de fora desta estatística, pois é um país em desenvolvimento com um alto potencial turístico. A prova disto é que de acordo com o ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o Brasil se encontra em primeiro lugar no mundo no quesito recursos natural e em oitava posição no quesito recursos cultural. Em 2016, o Brasil ocupou a 27º posição entre 136 países avaliados no ranking mundial de competitividade no setor de turismo, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, sendo o primeiro da América do Sul na lista. O país subiu uma posição se comparado com o ranking de 2015 e a diferença é ainda maior se comparada com o ranking de 2013 quando ocupava a 51ª posição, o que mostra um crescimento contínuo do setor turístico no Brasil (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017). Um mundo cada vez mais globalizado, passagens de avião mais acessíveis com o surgimento das companhias aéreas low cost, uma maior facilidade ao acesso das tecnologias da informação e comunicação, uma sociedade mais incentivadora do turismo jovem e outros tantos fatores fazem com que o público do setor hoteleiro cresça cada vez mais, em especial os denominados mochileiros, também chamados de backpackers, em inglês. Assim, o setor de hotelaria está se adaptando para receber este público que tem se tornado uma grande parcela dos viajantes mundo afora. Os hostels foram criados com a intenção de atender este público que busca viajar de modo econômico e ao mesmo tempo se hospedar em um ambiente acolhedor e propício para conhecer novas pessoas. De acordo com a plataforma de reservas Hostelworld, o número de hostels registrados no Brasil cresceu em 533% nos últimos 5 anos, ultrapassando 750 hostels, e apresentou um crescimento de 51% de reservas em sua página brasileira (PHOCUSWRIGHT, 2016). Este crescimento gera uma maior competitividade e, consequentemente faz com que os próprios hostels passem por transformações com o objetivo de atingir um público cada vez maior, porém sem perder as características que os definem como hostel. Assim, os serviços oferecidos e a concepção do projeto arquitetônico são aspectos decisivos para garantir o sucesso de um hostel. Nesse sentido buscamos desenvolver uma pesquisa a respeito das possíveis variações tipológicas da arquitetura encontrada em hostels. Entretanto, este trabalho não busca definir um modelo ideal de hostel, mas vislumbrar que há várias soluções possíveis. O objetivo final deste trabalho é levantar as diferentes tipologias arquitetônicas encontradas em um hostel de forma que este sirva como embasamento para aqueles que futuramente buscam abrir o seu próprio hostel ou que estarão envolvidos na concepção arquitetônica ou reforma de um hostel.


8 1.2. PROBLEMA MOTIVADOR DA PESQUISA: AS VARIAÇÕES TIPOLÓGICAS DE HOSTELS Os espaços de convivência oferecidos pelos hostels é um dos seus maiores atrativos, sendo muitas vezes o ponto central do projeto, portanto a presença de um espaço destinado à socialização entre os hóspedes é essencial para se ter espaços atrativos em um hostel. Os espaços de convivência podem ser configurados de maneiras variadas e oferecer diferentes possibilidades de entretenimento. Portanto, não há um padrão ou modelo específico para se desenvolver um projeto de hostel, mas várias maneiras de configurar seus espaços internos. Além dos espaços de convivência, os hostels têm como uma de suas principais características o fato de possuir quartos dormitórios e banheiros compartilhados, a ideia de coletividade sempre foi o maior diferencial do hostel em relação a outros tipos de estabelecimentos do setor hoteleiro. Entretanto, de acordo com a pesquisa da plataforma de reserva Hostelworld, 9 entre 10 hostels possuem a opção de banheiro privado e a opção de quartos particulares é cada vez maior, mostrando que os hostels estão passando por uma transformação e buscam atender não apenas grupos, mas a individualidade de cada hóspede (PHOCUSWRIGHT, 2016). Tal fato não elimina a ideia de coletivo e integração que a palavra hostel por si só traz consigo, apenas abre o ambiente do hostel para um público mais diverso e demonstra que além de buscar um ambiente propício à socialização, os hostels passaram a se preocupar mais com a privacidade dos hóspedes reconhecendo e valorizando os diferentes perfis de usuários. Na origem dos hostels, normalmente buscava-se adaptar uma arquitetura já existente, como uma casa familiar ou até mesmo um antigo edifício de valor histórico, para abrigar um hostel. Atualmente, é cada vez maior o número de hostels que procuram fugir do usual para criar uma identidade própria, com uma arquitetura elaborada e um design atraente. A preocupação com uma arquitetura agradável é um reflexo da busca dos hostels de aperfeiçoar os serviços e comodidades oferecidos aos hóspedes e atingir um mercado consumidor cada vez maior. Bons exemplos desta nova imagem que um hostel procura ter atualmente são os estabelecimentos Together Hostel, na China, o Ccasa Hostel, no Vietnã, e o Albergue Santiago Apóstol, na Espanha. A arquitetura do Together Hostel, localizado em Pequim, na China, e projetado pelo escritório Cao Pu Studio, busca enfatizar os espaços comunitários propondo atividades que vão além de se hospedar em um albergue, como assistir filmes juntos, cozinhar juntos e muito mais. O projeto tem como conceito um “festival de música”, um tipo de evento muito frequentado por jovens e esse modelo de espaço se apresenta na forma de acampamento com diversas tendas e atividades acontecendo em um mesmo local (ARCHDAILY, 2018).


9 Desta maneira, baseado neste conceito, em vez de se dividir em diversas salas fechadas, o hostel se apresenta em um grande único espaço buscando se aproveitar ao máximo da iluminação natural. Uma enorme “tenda” delimita a área comum, para comer e beber, conversar, ler, partilhar etc. Seu mobiliário é todo modulado, permitindo que os hóspedes organizem este espaço da melhor forma que os convém para determinada atividade. Já a área dos quartos se divide em diversas tendas menores, sendo cada uma delas uma cama.

Figura 1: Maquete - Together Hostel. Realizada por: ttg team. Fonte: Archdaily.


10

Figura 2: Together Hostel. Fotรณgrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.

Figura 3: Together Hostel. Fotรณgrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.


11 Outro hostel que traz uma nova linguagem aliada a diferentes técnicas construtivas é o Ccasa Hostel, em Nha Trang, no Vietnã, projetado pelo escritório TAK architects. O hostel está localizado próximo a importantes atrações turísticas na cidade, um ponto essencial para atrair os hóspedes. Ele foi projetado com a intenção de funcionar como uma casa de família, onde a área dos dormitórios foi reduzida ao mínimo para dar mais espaço às áreas compartilhadas, colocando-as em destaque e valorizando a socialização entre os hóspedes (ARCHDAILY, 2017). Além disso, o hostel utiliza uma linguagem arquitetônica ousada por meio de diferentes elementos, como contêineres, estrutura de aço, árvores e pergolados, sempre levando em consideração o conforto térmico proporcionado pela mesma.

Figura 4: Corte - Ccasa Hostel / TAK architects. Fonte: Archdaily.


12

Figura 5: Ccasa Hostel / TAK architects. Fotรณgrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figura 6: Ccasa Hostel / TAK architects. Fotรณgrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.


13 Há também projetos que, através da requalificação de uma arquitetura histórica, aproveitam um edifício já existente para implantar um hostel. Este é o caso do Albergue Santiago Apóstol, projetado por Sergio Rojo e localizado no Caminho de Santiago, em Logroño, na Espanha. Este albergue se situa em um antigo edifício do final do século XIX que já foi colégio, teatro, restaurante comunitário, agência funerária, depósito de sucata e estacionamento. O edifício era ocupado sempre de forma provisória, não havia um apreço pelo patrimônio arquitetônico e histórico que ele representa. Agora, utilizado como um albergue para peregrinos, para realçar esta experiência espiritual, apresenta quase nenhuma decoração, paredes brancas, mobília simples e, principalmente, uma iluminação zenital sobre as treliças de madeira. Assim, busca potencializar a arquitetura existente e, a partir do resgate desta arquitetura, remete aos hóspedes a sua história e identidade (ARCHDAILY, 2014).

Figura 7: Albergue Santiago Apóstol. Fotógrafo: José Manuel Cutillas. Fonte: Archdaily.


14

Figura 8: Albergue Santiago Apóstol. Fotógrafo: José Manuel Cutillas. Fonte: Archdaily.

Assim, um hostel é um espaço que utiliza uma linguagem arquitetônica contemporânea vinculada a promoção de relações interpessoais, convivialidade, hospitalidade e acolhimento. Este tipo de construção, por ser destinado ao turismo de baixo custo, utiliza recursos arquitetônicos alternativos e, ao mesmo tempo, atraentes, ou seja, exige do arquiteto um esforço maior para produzir um espaço com qualidade a custo acessível. O fato de que não haja uma arquitetura padrão para a concepção de um hostel, associado às mudanças que este setor está passando, faz com que seja possível identificar diferentes tipologias de hostels e é este estudo que este trabalho se propõe a realizar.


15 1.3. JUSTIFICATIVA Os hostels se caracterizam pelos preços convidativos e pela socialização entre os hóspedes. Esta categoria do setor hoteleiro está crescendo e se tornando mais competitiva, oferecendo novos serviços e se abrindo para um mercado consumidor mais amplo, e a arquitetura dos hostels é o ponto chave para que estas transformações ocorram. Como estudante de arquitetura e frequente usuária de hostels, vi na escolha deste tema para Ensaio Teórico a possibilidade de me aprofundar no assunto e entender de que forma a arquitetura de um hostel é concebida e identificar suas diferentes tipologias. Por meio desta pesquisa poderei adquirir conhecimento em termos de estética, texturas, novos materiais construtivos e concepção de espaços aplicados a um hostel. Além disso, a indústria hosteleira está passando por grandes transformações, como pode ser confirmado nas referências citadas acima (Together Hostel, Ccasa Hostel e Albergue Santiago Apóstol), e tem um crescimento previsto de sete a oito por cento a cada ano. (PHOCUSWRIGHT, 2016). Portanto, é um setor que está em plena expansão, porém, ainda possui poucos estudos acadêmicos relacionados que dizem respeito à sua arquitetura em específico. Assim, este trabalho visa contribuir para criar um embasamento teórico sobre o tema e colaborar com o crescimento do movimento alberguista. 1.4. OBJETIVO Diante do exposto se verifica a necessidade de identificar quais as variações tipológicas dos hostels. A partir deste estudo será possível apontar quais são as tendências, caso haja alguma, e identificar qual o padrão ou linguagem identificadora de um hostel. 1.5. METODOLOGIA Como metodologia para este trabalho, busca-se primeiramente definir o que é um hostel, contextualizar a história do hostel no Brasil e no mundo, identificar o seu mercado consumidor e analisar as suas principais demandas. Em seguida, será tratado o espaço arquitetônico de um hostel, analisando qual é o seu programa de necessidades básico e a forma que os seus espaços se organizam, além de verificar suas variações tipológicas para cada tipo de ambiente, dando um enfoque nas áreas de convivência (coletividade) e quartos (individualidade). A partir desta análise, será possível apontar as tendências arquitetônicas de um hostel (caso haja alguma), identificar as suas variações tipológicas e apontar seus elementos arquitetônicos.


16 2. HISTÓRICO DOS HOSTELS Esta parte do trabalho busca definir o que é um hostel, contextualizá-lo desde a sua origem até os dias atuais dando um panorama da sua história no Brasil e no mundo, identificar o seu público-alvo e explicar o porquê de sua popularização e, finalmente, analisar quais são suas demandas e maiores atrativos. 2.1. O QUE É UM HOSTEL? A palavra hostel é um termo inglês que, de acordo com o Elementary Latin Dictionary (Lewis C. T., 2010) e o New Latin Dictionary (Lewis, C. T., 1958), tem suas origens no latim hospes, que significa hospedar. Em português, o equivalente à palavra hostel é a palavra albergue. No entanto, ela possui uma outra raiz etmológica. A palavra albergue deriva do gótico haribaírgo e significa “abrigo, asilo, [...] local em que se recolhe alguém por caridade [e] asilo onde se recolhem de noite os mendigos” (FERREIRA, 2004). Portanto, é possível notar claramente que há uma grande diferença etimológica, fazendo com que a palavra hostel seja melhor aceita no mercado. Além disto, visto que a palavra hostel é utilizada mundialmente, adotá-la para definir este tipo de estabelecimento, torna-o mais fácil de ser identificado em qualquer lugar do mundo por qualquer pessoa. Em uma pesquisa feita por BAHLS e PEREIRA (2017), entre 15 proprietários deste tipo de estabelecimento, apenas 1 prefere utilizar a nomenclatura albergue.

Gráfico 1: Preferência etimológica dos empreendedores. Fonte: BAHLS; PEREIRA. Quem é quem nos meios de hospedagem alternativa – Parte I: O perfil dos “hosteleiros” de Florianópolis (SC - BRASIL). Revista Espacios. Vol 38 (Nº 09) Ano 2017. Pág. 29.


17 Segundo a EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo, os hostels consistem em um “meio de hospedagem peculiar de turismo social, integrado ao movimento alberguista nacional e internacional, que objetiva proporcionar acomodações comunitárias de curta duração e baixo custo com garantia de padrões mínimos de higiene, conforto e segurança” (EMBRATUR, 1987). Os hostels trazem uma ideia de coletividade, como diz Trotta ao afirmar que “os Albergues da Juventude Internacionais existem para ajudar jovens a viajar, conhecer e amar a natureza e apreciar os valores culturais das pequenas cidades e grandes metrópoles. Estes variam de região para região, mas as características gerais são as mesmas, ofertam dormitórios, toaletes separados por sexo, sala de estar e cozinha e são regidos por uma filosofia mundial” (TROTTA, 1978). Assim, um dos principais pontos de um hostel são os espaços compartilhados. Dormitórios, banheiros, cozinha e áreas de lazer são utilizados por todos os hóspedes, o que cria um senso de coletividade e um ambiente propício à socialização. Além disso, os hostels têm como uma de suas características o fato de ser economicamente mais vantajoso se comparado com outros tipos de hospedagem. Não se visa o luxo neste tipo de estabelecimento, mas procura-se oferecer aos hóspedes uma atmosfera de aconchego e hospitalidade. Apesar de não haver limite de idade, geralmente quem se hospeda em hostels são jovens estudantes com espírito aventureiro que buscam uma acomodação bem localizada a preço acessível com a vantagem de estar em um ambiente propício para conhecer novas pessoas. Estes jovens viajantes muitas vezes são também chamados de backpackers, ou seja, mochileiros em português, termo que surgiu do fato que muitos deles viajam o mundo de forma independente, apenas com uma mochila nas costas. Segundo o WESTERN TOURISM AUSTRALIA (2008), backpackers são “caracterizados por seu estilo independente e extensiva gama de viagens, combinado com a sua capacidade de prolongar o seu tempo de permanência através de um cuidadoso planejamento orçamentário”. O professor de turismo Philip PEARCE (1990) listou os seguintes critérios para diferenciar um mochileiro de um outro viajante: - Preferência por acomodações baratas; - Busca pelo encontro com habitantes locais e outros viajantes; - Roteiro de viagem flexível e organizado de forma independente; - Preferência por viagens longas em vez de férias curtas; - Ênfase nas atividades de férias informais e participativas. Assim, de acordo com Dallen TIMOTHY (2009), muitas são as vantagens dos hostels para esse tipo de público, dentre elas o custo reduzido pelo fato de cada hóspede pagar pela cama e não pelo quarto, a oportunidade de conhecer novas pessoas com interesses semelhantes, o acesso à internet gratuita e uma localização estratégica de fácil acesso aos pontos turísticos.


18 Entretanto, ele também cita desvantagens encontradas neste tipo de estabelecimento, como a falta de segurança e privacidade e o barulho nas áreas comuns e até mesmo dentro dos quartos (TIMOTHY, 2009). Porém, com o objetivo de eliminar estes desconfortos causados aos hóspedes, os hostels estão cada vez mais preocupados em investir nos seus espaços de forma que torne a hospedagem o mais agradável possível. Além disso, a opção de quartos privativos vem se tornando cada vez mais usual, atendendo, assim, aqueles que buscam uma maior privacidade sem ter que deixar de lado as vantagens que os hostels oferecem. 2.2. A HISTÓRIA DOS HOSTELS NO MUNDO O precursor do movimento alberguista foi o alemão Guido Rotter, através de albergues escolares em 1884. Porém, estes hostels eram direcionados apenas a estudantes e atendiam somente 2% dos alunos alemães (SILVA e KÖHLER, 2015). O movimento se popularizou através de Richard Schirrmann, um professor nascido na Prússia que buscava lecionar fora da sala de aula. Em 26 de agosto de 1909, durante uma excursão aula, uma grande tempestade fez com que o professor e seus alunos tivessem que se abrigar em uma escola em Brol Valley, na Alemanha. Este acontecimento fez com que Schirrmann refletisse sobre a possibilidade de transformar escolas em alojamento de férias (KRAUS, 2013). Assim, Schirrmann criou o primeiro albergue na escola de Nette, instituto que lecionava na Alemanha. Surge então a Deutsches Jugendherbergswerk – JDH, Associação Alemã de Albergues da Juventude. Desde então, Schirrmann escrevia periódicos alemães divulgando este novo modelo de hospedagem e ganhou muitos simpatizantes (HESSEN JUGENDHERBERGE). Em 1912, surgiu o primeiro albergue da juventude em Altena na Alemanha. Este hostel é, na verdade, um antigo castelo que foi adaptado e restaurado e funciona até hoje.


19

Figura 9: Youth Hostel Altena, Alemanha. Fonte: Jugendherberge - JDH (Associação Alemã de Albergues da Juventude)

Ainda em 1912, ocorreu a primeira Conferência do Conselho de Turismo da Juventude e foram publicadas 40 unidades do primeiro guia de albergues da juventude na Alemanha (GIARETTA, 2003). Em 1913, a Alemanha já contava com 301 albergues da juventude, valor que cresceu rapidamente para 535 hostels em 1914. Entretanto, devido à Primeira Guerra Mundial, o movimento começou a se estagnar ainda em 1914 (GIARETTA, 2003). Em 1919, após um período de paralização e ainda em um momento de crise pós-guerra e alta inflação, criou-se a Youth Hostel Association (Associação de Albergues da Juventude), um comitê central de albergues da juventude que tinha como objetivo retomar o movimento alberguista (HESSEN JUGENDHERBERGE). Hostels começaram a ser criados em toda a Europa e, em 1920, foram publicadas mais de 700 unidades da revista Jugendherberge que tinha como objetivo divulgar este tipo de acomodação (HESSEN JUGENDHERBERGE). Em 1926, Schirrmann escreveu um manual de orientação sobre a concepção de albergues, para ele um hostel deveria ser simples, funcional e ecológico. Houve então uma grande expansão do movimento alberguista em toda a Europa. Em 1927, foram criados hostels na Suíça e na Polônia, em 1929, na Holanda, em 1930, na Inglaterra, Noruega e França, e, em 1931, na Irlanda, Bélgica e Escócia. Em 1931, já haviam 12 Associações de Albergues da juventude espalhadas pela Europa, operando um total de 2600 hostels (HOSTELLING INTERNATIONAL, 2015). Em 1932, o movimento alberguista atinge uma escala mundial, sendo fundada


20 a International Youth Hostel Federation – IYHF (Federação Internacional de Albergues da Juventude) na ocasião da primeira Conferência Internacional em Amsterdam, quando David Schirrmann assumiu a posição de presidente da federação (HOSTELLING INTERNATIONAL, 2015). Assim, com a divulgação do movimento alberguista ao redor do mundo, surgiu o primeiro hostel no continente Americano, mais precisamente nos Estados Unidos, em 1934. Em 1936, quando a Alemanha já estava sob o domínio dos nazistas, Schirrmann teve seu passaporte confiscado, sendo proibido de sair da Alemanha e obrigado a renunciar o seu cargo de presidente da IYHF (MULLAN, 2015). Pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, o Canadá entra na lista dos países que participam do movimento alberguista. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1944), muitos hostels serviram como abrigo de emergência e muitos outros foram destruídos por conta dos bombardeamentos. Assim como na Primeira Guerra Mundial, neste período o movimento alberguista ficou estagnado (APAJ). Após a guerra, a maioria das cidades que possuíam albergues estavam destruídas. Em 1946, Schirrmann acompanhado de membros da Associação Americana viajou reconstruindo e reabrindo muitos hostels pela Europa (HESSEN JUGENDHERBERGE). Nos anos de 1950 e 1960, o movimento alberguista cresceu significativamente, principalmente devido ao aumento do turismo ao redor do mundo. Com este crescimento, em 1952, foram estabelecidos padrões mínimos de qualidade que deveriam ser adotados por todos os hostels (GIARETTA, 2003). Foi neste período que sugiram os primeiros hostels na América do Sul, o primeiro no Uruguai em 1956 e, em seguida, na Argentina em 1958. No Brasil, o primeiro hostel surgiu em 1965 no Rio de Janeiro, e no ano seguinte, em 1966, foi construído um hostel em São Paulo. Além disto, nesta mesma época, surgiu o Fundo Schirrmann com o objetivo de apoiar financeiramente a implantação de novos hostels pelo mundo (GIARETTA, 2003). Na década de 1970, o movimento alberguista se expandia ainda mais, passando por grandes transformações, deixando o idealismo de lado em busca do profissionalismo, e começou a se assemelhar mais com a ideia de hostel que conhecemos atualmente. Nesta época, percebeu-se um grande potencial dos hostels no mercado hoteleiro, passou-se, assim, a investir mais neste ramo, deixando o trabalho voluntário apenas com as diretorias da associação e buscando uma mão de obra profissional. Elaborou-se um plano de marketing para a divulgação da marca ao mesmo tempo que buscava-se melhorar a qualidade dos serviços prestados (GIARETTA, 2003). Em 1989, a Federação Internacional já possuía 60 associações pelo mundo e 6 mil albergues da juventude. No final do século XX, surgiu na Europa, através das companhias aéreas, o conceito low cost (baixo custo) e se popularizou em diversos países (GIARETTA, 2003).


21 A primeira companhia aérea a utilizar este termo foi a Southwest Airlines, em 1971. Estas companhias oferecem vôos mais baratos, reduzindo certas comodidades das companhias aéreas tradicionais, como, por exemplo, limitando o peso da bagagem permitida por passageiro. Com vôos mais acessíveis, as companhias aéreas low cost impulsionaram o mercado do turismo, permitindo, principalmente, que viajantes considerados como público-alvo dos hostels, os mochileiros, pudessem viajar mais. Assim, a partir deste acontecimento, é possível perceber o crescimento considerável de hostels próximos a aeroportos, trazendo uma maior comodidade àqueles que viajam de avião (FRANCO, 2016). Em 1990, foi realizada no Japão uma conferência para apresentar um plano de marketing mais agressivo com o objetivo de desenvolver ainda mais o movimento alberguista, através de propostas voltadas à tecnologia e ao meio ambiente (GIARETTA, 2003). Nesta época surge uma grande preocupação em relação ao meio ambiente e, para responder a estas questões, uma cartilha é desenvolvida e distribuída aos proprietários de hostels, alertando sobre a importância na economia de água e energia, reciclagem do lixo, incentivo ao uso da bicicleta ou de se locomover a pé, entre outros pontos que visavam a sustentabilidade (GIARETTA, 2003). Em 1992, o movimento alberguista também se moderniza através da criação da plataforma de reservas via internet, a International Booking Networking (IBN). O serviço era oferecido 4 idiomas (inglês, francês, espanhol e alemão) e operava em 51 países com, no total, 390 hostels cadastrados (GIARETTA, 2003). Através deste recurso, era possível que os hóspedes pudessem reservar seu hostel em avanço, antes mesmo de viajar, facilitando a vida do usuário e impulsionando o movimento alberguista. Para participar deste sistema, os hostels deveriam preencher certos requisitos como possuir bons dormitórios, uma recepção eficiente e boa avaliação de limpeza e segurança (GIARETTA, 2003). Outra estratégia para a fidelização de seus clientes foi a padronização da carteirinha de sócio de todos os países pertencentes ao movimento, decisão tomada em 1996. Assim, a federação internacional passa a ter um maior controle sobre as federações dos países associados (GIARETTA, 2003). Em 1997, a International Youth Hostel Federation criou o “Manual de Construção de Albergues da Juventude”. Em novembro de 1999, foi criado um novo plano de marketing propondo novas mudanças e desafios para o período entre 2000 e 2006. No ano de 2002, a Federação Internacional de Albergues da Juventude orienta todos os hostels a utilizarem a mesma imagem da marca (GIARETTA, 2003). Em 2007, a marca International Youth Hostel Federation (IYHF) passou a ser chamada de Hostelling International (HI), como é conhecida até hoje (HOSTELLING INTERNATIONAL, 2015). A partir destas atitudes, percebe-se que a federação internacional tinha o interesse de padronizar os hostels a ela associados e criar uma linguagem forte e de fácil identificação.


22

Figura 10: Símbolo oficial adotado pela Hostelling International. Fonte: www.hihostels.com

Na 48ª Conferência Internacional, a HI adotou uma Carta de Sustentabilidade demonstrando o compromisso do movimento de “intensificar seus esforços para alcançar uma rede mundial de organizações e albergues sustentáveis” (HOSTELLING INTERNATIONAL, 2015).


1884

Richard Schirrmann passa a divulgar o movimento na Alemanha Elaboração do manual de orientação para concepção de albergues

1º hostel no continente Americano (EUA)

Estagnação do movimento alberguista (2ª Guerra Mundial)

Cartilha do meio ambiente

Padronização da imagem da marca IYHF

2002

Plataforma de reserva via internet

1992

2007

IYHF passa a se chamar Hostelling International

Padronização da carteirinha de sócio (fidelização)

1990 1996

Busca pelo profissionalismo

1970-1979

1965 1971

Companhias aéreas low cost

1º hostel no Brasil

1º hostel na América do Sul (Uruguai)

1956

1946

Schirrmann viaja pela Europa reconstruindo hostels destruídos

1934 1939-1944

1932 1926

1ª Federação (Youth Hostel Association)

1914-1919

Estagnação do movimento (1ª Guerra Mundial)

1909

1º Albergue da Juventude, Alemanha

1912

Início do movimento alberguista por Guido Rotter

International Youth Hostel Federation (12 associações na Europa, 2600 hostels)

LINHA DO TEMPO - CONTEXTO HISTÓRICO DOS HOSTELS NO MUNDO

23


24 2.3. O SURGIMENTO DOS HOSTELS NO BRASIL Como foi dito, o primeiro hostel no Brasil surgiu no Rio de Janeiro, em 1965. Quem trouxe este novo modelo de hospedagem para o Brasil foi o casal Yone e Joaquim Trotta, após uma experiência de estudo em Paris, onde tiveram o primeiro contato com um hostel (APAJ). Ao voltar ao Brasil, em 1957, o casal, empolgado com esta ideia original de hospedagem, começou a divulgá-la através de palestras em universidades e colégios (GIARETTA, 2003). Em 1961, eles tomaram a decisão de implantar um hostel no Brasil, algo até então inexistente. Finalmente, em 1965, com a ajuda de federações europeias de hostels, foi fundado o primeiro hostel no Brasil, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Ramos. O hostel, nomeado de Residência Ramos, perdurou de 1965 a 1973 (APAJ). Em 1966, foi criado o primeiro hostel na cidade de São Paulo. Foi então, neste período, que registrou-se a primeira Associação Brasileira de Albergues da Juventude. Logo em seguida surgiram outros hostels no bairro da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro, e em Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro. No estado de São Paulo também funcionavam dois hostels, um na capital e o outro em Campos do Jordão, entretanto, ambos foram fechados pelo Governo Militar sob a alegação que estes hostels eram pontos de concentração de jovens universitários (APAJ). Em 1970, o casal pioneiro fundador do primeiro hostel no Brasil, participou da Conferência realizada anualmente pela International Youth Hostel Federation, neste ano, tendo lugar na Finlândia. Após esta primeira participação brasileira em um evento de tal magnitude do movimento alberguista, o casal brasileiro passou a divulgar ainda mais este movimento (GIARETTA, 2003). Em 1971, fundou-se a FBAJ (Federação de Albergues da Juventude), no Rio de Janeiro. Além disso, realizou-se um convênio com a Casa do Estudante, onde Joaquim Trotta era responsável pelo departamento de hostels. Assim, o movimento alberguista no Brasil passa a ter um caráter fortemente ligado ao meio estudantil (GIARETTA, 2003). Durante sua participação no primeiro encontro do Centro da Informação e Desenvolvimento de Albergues da Juventude na América Latina, em Cidajal (Argentina), Trotta recomenda que os Albergues da Juventude tratem de complementar a formação dos jovens por meio de cursos especiais, como cursos de líderes ou intercâmbios culturais com hostels situados na Europa (TROTTA, 1978). Além disso, Trotta busca estreitar laços e buscar apoio do movimento alberguista dos países desenvolvidos sugerindo que as suas associações auxiliem as associações dos países latino-americanos através da elaboração de manuais, guias, folhetos etc, e assessorando seus albergues (TROTTA, 1978). Em 1974, a Casa do Estudante passa a comandar o movimento alberguista


25 no Brasil, tirando o movimento da estagnação que se implementou desde o início da ditadura militar (1964-1985). Em 1978, o IYHF exigiu que os hostels brasileiros se adaptassem aos padrões internacionais exigidos. Neste mesmo ano, rompeu-se a parceria entre a FBAJ e a Casa do Estudante (TROTTA, 1978).

Figura 11: Albergue Muxarabi. Fonte: Giaretta, Maria José. Turismo da Juventude, 2003.

Figura 12: Albergue Muxarabi. Fonte: Giaretta, Maria José. Turismo da Juventude, 2003.


26 Em 1979, Ione e Joaquim Trotta abrem o Albergue Muxarabi, em Cabo Frio, cidade litorânea do Estado do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, o então presidente da EMBRATUR, Miguel Colassuobo, propôs que os hostels entrassem como uma das diretrizes do turismo social, porém permaneceu apenas como uma proposta. Nos anos 80, o então presidente da EMBRATUR, João Dória Jr., fez com que os hostels recebessem um incentivo para o seu desenvolvimento. Surge então o Plano Nacional de Albergues da Juventude com o objetivo apoiar e supervisionar a criação de novos hostels no Brasil, além de fornecer uma verba destinada à divulgação deste novo meio de hospedagem. Segue alguns pontos regulamentados pela FBAJ: “- Os albergues da juventude são destinados à acolhida de jovens associados em viagens de curta duração; - Destinam-se a aproximar jovens de todo o mundo e incentivar o turismo da juventude; - Os albergues da juventude podem ser temporários ou permanentes, da cidade ou do campo. São considerados temporários aqueles qye só funcionam nas férias ou em datas especiais, como festivais, congressos, etc.; - Devem obedecer aos requisitos mínimos da federação internacional, sendo: sala de esta, dormitórios, banheiros com duchas, local para guardar bagagem e cozinha.” (GIARETTA, M. J. Turismo da Juventude. 2003) O Brasil passa a ser considerado membro da IYHF em 1984, durante a 35ª Conferência Internacional de Albergues da Juventude, realizada na Alemanha. Neste mesmo ano, foi criada a APAJ (Associação Paulista de Albergues da Juventude), o que possibilitou a criação de novos hostels em Campos do Jordão, Ubatuba, Caverna do Diabo, Socorro, Pindamonhangaba e na cidade de São Paulo. Em 1986, através de uma forte campanha de marketing promovida por João Dória Jr., presidente da EMBRATUR na época, o crescimento do número de usuários de hostels em São Paulo cresceu significativamente, de 600 sócios passou para 13 mil em apenas um ano (GIARETTA, 2003). Em 1987, a FBAJ e a EMBRATUR reformularam os estatutos das associações dos hostels para se adequarem ao padrão internacional. Em 1988, ocorreu o Encontro Nacional de Albergues da Juventude (Enbergue), evento que reuniu técnicos da Embratur, órgãos oficiais estaduais, proprietário e funcionários de hostels e diretores das associações estaduais. No mesmo ano, ocorreu a primeira reunião das associações estaduais (GIARETTA, 2003). Tais fatos demonstram que o movimento alberguista no Brasil estava sendo cada vez mais reconhecido e obtendo maior suporte pelos órgãos brasileiros. Foi no final da década de 1980 e início da década de 1990 que o movimento alberguista se consolidou no Brasil com o apoio da Embratur e Federação Internacional, que buscava consolidar o movimento na América Latina.


27 Diversas ações foram implantadas, como a modernização na rede nacional de hostels, a elaboração de procedimentos para controlar a qualidade dos albergues, a criação do “Manual de abertura e operação de albergues da juventude”, a implantação de um sistema de reservas pela internet e divulgação online, o oferecimento de cursos de capacitação para inspeção da qualidade e gestão de albergues, o trabalho e conscientização ambiental dentro do ambiente dos hostels, e a participação mais ativa do Brasil nos encontros internacionais. Também neste período, as Associações Estaduais ganharam mais voz em detrimento dos poderes da Casa do Estudante do Brasil (GIARETTA, 2003). Em 1992, foi realizado um controle de qualidade rigoroso em todos os hostels do país, excluindo da Federação Brasileira de Albergues da Juventude os estabelecimentos que não cumpriam os requisitos mínimos necessários (GIARETTA, 2003). Em 1994, o Brasil entrou no sistema de reservas internacionais do IYHF, facilitando acesso aos hostels brasileiros para viajantes de qualquer lugar do mundo. (GIARETTA, 2003). Na segunda metade da década de 1990, além de perceber-se um distanciamento entre o movimento alberguista e o poder público, houve uma diminuição da abertura de hostels. No entanto, os hostels inaugurados a partir deste momento eram mais modernos, com uma arquitetura mais elaborada e pensada para atender às funções e ao público de um albergue da juventude.


1957

1º hostel no Brasil, Rio de Janeiro

1965

1974

Convênio com a Casa do Estudante

Padrões internacionais exigidos pela IYHF

Parceria rompida entre FBAJ e a Casa do Estudante

1978 EMBRATUR apoia e incentiva o movimento alberguista

1986

Associação Paulista de Albergues da Juventude (APAJ)

1984

Casa do Estudante passa a comandar o movimento alberguista

Federação Brasileira de Albergues da Juventude (FBAJ)

1971

1º hostel em São Paulo

1966

Divulgação do movimento alberguista pelo casal Trotta

Brasil torna-se membro da IYHF

Aumento da qualidade dos hostels abertos

Diminuição da abertura de hostels

Distanciamento do poder público

1995-HOJE

Brasil incluso no sistema de reservas online

1994

1992

Rigoroso controle de qualidade

LINHA DO TEMPO - CONTEXTO HISTÓRICO DOS HOSTELS NO BRASIL

28


29 2.4. O PERFIL DO MERCADO CONSUMIDOR Nos hostels é possível encontrar hóspedes de diferente origem étnica e social, poder aquisitivo e interesses, no entanto, isto não impede que eles convivam em um mesmo ambiente, muito pelo contrário, agrega para tornar este ambiente mais atrativo, diversificado e faz disso um diferencial. Geralmente, os hostels são abertos para todos os públicos, entretanto alguns deles não aceitam crianças e, portanto, acabam não sendo tão atrativo para famílias com crianças. Animais de estimação, normalmente, também não são permitidos, restringindo o acesso deste tipo de hospedagem àqueles que viajam com seus bichos de estimação. Casais, geralmente, buscam uma maior privacidade ao viajar, porém, com o aumento do número de hostels que oferecem a opção de quartos privados (9 em cada 10), este público está sendo cada vez mais atraído por este tipo de hospedagem, principalmente casais que estão abertos a socializar e conhecer novas pessoas, muitos deles, casais jovens (PHOCUSWRIGHT, 2016). Segundo o Anuário Estatístico do Turismo de 2017, apenas 1,2% dos viajantes a negócios do Brasil ficaram hospedados em albergues ou campings no ano de 2016, contra 80,4% de viajantes a negócios que optaram por hotéis, flats ou pousadas, neste mesmo ano. Estes dados demonstram que este público ainda é pouco presente no ambiente de hostels (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2017). Idosos, geralmente, procuram por ambientes calmos e confortáveis, porém, nada impede que aqueles que possuem um espírito mais aventureiro se hospedem em um hostel. Apesar de ser aberto a todos, o público-alvo permanece o mesmo desde o surgimento do movimento alberguista: jovens viajantes, muitos deles, ainda estudantes. Segundo o relatório sobre tendência de hostels (Hostel Trend Report, em inglês), realizado pela empresa de estudo do setor de viagens Phocuswright, o setor de albergues experimentou um forte crescimento impulsionado por viajantes com idade entre 18 e 35 anos que procuram gastar mais dinheiro em viagens mais longas e ver o máximo possível do mundo. Mais de 70% dos hóspedes de hostels estão dentro desta faixa etária (PHOCUSWRIGHT, 2016). Estes viajantes se diferenciam dos demais pela sua paixão por viajar. 86% desses viajantes disseram: “Eu pretendo viajar pelo mundo o máximo que eu puder ao longo da minha vida”, e 87% disseram: “Eu considero viajar uma parte muito importante do meu estilo de vida”. Eles também se mostram mais abertos a realizar viagens ao exterior, como é o caso de 85% dos jovens viajantes americanos usuários de hostels que confirmam que fizeram uma viagem internacional nos últimos 12 meses, contando a partir da data em que a pesquisa foi feita, contra, apenas, 33% de todos os viajantes a lazer dos Estados Unidos (PHOCUSWRIGHT, 2016). Outra característica do perfil destes jovens viajantes é que um em cada quatro esperam poder reservar suas acomodações através de seus dispositivos móveis, e 93% usam seu telefone enquanto viajavam. Com um público tão modernizado e co-


30 nectado, os hostels se vêem, cada vez mais, na necessidade de oferecer Wi-fi grátis e de qualidade para os seus hóspedes, como uma forma de atrair mais clientes (PHOCUSWRIGHT, 2016). Porém, não é apenas o Wi-fi gratuito que está sendo utilizado como forma de captar mais clientes, mas também a oferta de comidas e bebidas no local, serviço de lavanderia, eventos sociais, aluguel de bicicletas, bibliotecas, centros de mídia etc. Quanto mais comodidades oferecidas aos hóspedes, mais atrativo será o hostel aos olhos do mercado consumidor. Segundo a pesquisa da PHOCUSWRIGHT (2016), 72% dos hóspedes de hostels dos Estados Unidos viajam sozinho. O fato de viajar sozinho, faz com que a pessoa esteja mais aberta a socializar, tornando o ambiente de hostel ideal para este tipo de viajante. Além disso, este estudo afirma que a média dos gastos anuais em viagem dos usuários de hostels (4474 dólares) superam a média dos gastos anuais de viajantes em geral dos Estados Unidos (3155 dólares). A paixão por viajar combinada a uma renda média global menor, faz a escolha desta opção de hospedagem uma grande vantagem para que se possar viajar muito gastando pouco. Segundo os hóspedes, as principais razões para escolher um hostel são: baixo custo (44%), boa localização (44%), alto custo-benefício (43%) e a oportunidade de conhecer outros viajantes (31%). Independente de quem se hospeda em um hostel, uma coisa é certa, é preciso ter a mente aberta para estar em um ambiente de partilha e socialização, onde a coletividade tem maior peso que a individualidade. Deixando preconceitos e luxos de lado, é possível aproveitar o melhor que este tipo de acomodação tem a oferecer: a hospitalidade dos funcionários, os seus espaços aconchegantes e as amizades feitas durante a estadia.

3. ANÁLISE DOS ESPAÇOS DE HOSTEL A escolha dos hostels a serem analisados se baseou nas avaliações dos hóspedes no site de reserva online reconhecido internacionalmente booking.com. A nota final é uma média das notas dos seguintes critérios avaliados: funcionários, facilidades, limpeza, conforto, custo-benefício e localização. O site booking.com reconhece os hostels com notas altas, ou seja, igual ou maior que 8, presenteando-os com um adesivo virtual que aparece no momento da reserva para que os hóspedes possam identificar que aquela é uma propriedade bem avaliada. Assim, para manter a qualidade da análise realizada neste trabalho e garantir que os hostels avaliados estão, de fato, atendendo as expectativas dos hóspedes e podem ser tomados como base para um estudo, selecionou-se apenas hostels que possuam uma nota igual ou superior a 8 no site booking.com. Além disso, foram selecionados hostels que forneçam materiais suficientes


31 para que se possa fazer uma análise adequada e profunda da sua arquitetura, como fotos, plantas baixas e cortes. Assim, foram selecionados para análise os seguintes hostels: - Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã) - Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) - Together Hostel (Pequim, China) - Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia) - Flow Hostel (Budapeste, Hungria) - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) - Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México) - Native Hostels Austin (Austin, EUA) - Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão) - Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia) - Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) - Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) - Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) - Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) - Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) 3.1. ANÁLISE DA LOCALIZAÇÃO


32 Tabela 1 - Localização por continente AMÉRICA DO NORTE (2) - Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México) - Native Hostels Austin (Austin, EUA)

AMÉRICA DO SUL (1) - Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina)

EUROPA (8)

ÁSIA (8)

- Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

- Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

- Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

- Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

- Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) - Together Hostel (Pequim, China) - Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) - Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia) - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) - Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) - Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão) - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) - Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, - Hostel Serra da EstreMalásia) la (Penhas da Saúde, Portugal) - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul)

Entre os hostels selecionados, dois deles se encontram na América do Norte, um na América do Sul, oito na Europa e oito na Ásia. Pode-se justificar esta concentração de hostels de qualidade no continente Europeu e Asiático, primeiramente, pelo fato da Europa ser o “berço” do movimento alberguista e um destino muito procurado pelos mochileiros desde o seu surgimento, fazendo com que estes países estejam mais bem preparados para atender este público. Já na Ásia, sobretudo nos países do sudeste asiático, o turismo se tornou uma grande fonte de renda nesta região nos últimos anos e passou a ser mais divulgado através dos diversos meios de comunicação, tornando-se assim um destino turístico cada vez mais procurado por viajantes do mundo todo, inclusive mochileiros, e, estes países, ao perceberem este grande potencial turístico que possuem, estão explorando e se aprimorando gradualmente no ramo turístico, incluso setor hoteleiro. A localização é um fator muito importante para um hostel e pode, muitas vezes, definir o seu sucesso. Quanto mais bem localizado (centralizado), maiores as chances de atrair um um público maior, e esta localização começa pela cidade em que se encontra, é preciso que ele seja acessível e esteja em uma área que possua atrações turísticas e/ou atividades de interesse ao redor. Dentre os hostels selecionados, aqueles que se encontram em uma cidade com fortes caracteríticas turísticas são: Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), Yim Huai


33 Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Together Hostel (Pequim, China), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) e Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Muito se deve por estas cidades serem grandes centros cosmopolitas como Tóquio e Bangkok, por possuírem um valor histórico de grande relevância mundial como Berlim, Budapeste e Pequim, e/ou estar localizada em um local que possui belezas naturais como grandes atrativos turísticos como é o caso de Split. Entretanto, estar localizado em um local altamente explorado turisticamente significa que, apesar de um grande mercado consumidor, a concorrência também será um fator de impacto. Assim, a implantação de um hostel em uma cidade menos turística e com poucas ofertas deste tipo de acomodação pode ser vista como uma estratégia para alcançar de forma mais efetiva o público que frequenta este local sem que haja uma grande concorrência como é o caso de Austin, Quarteira, Tampere, Nha Trang, Malacca e Jeju. Há também hostels que se localizam próximos à natureza e longe da movimentação da cidade, tornando-se uma opção para aqueles que buscam se conectar com a natureza de forma econômica e com todas as vantagens que um hostel traz consigo, como é o caso dos hostels que se encontram nas cidades de Cuetzalan, El Soberbio, Soest, Migliarino e Penha da Saúde. Tabela 2 - O turismo em cada cidade Valor histórico

Cidade cosmopolita

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

HOSTEL Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Natureza Montanha Compras

Vida Noturna

Together Hostel (Pequim, China)

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia)

Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia)

Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

✔ ✔

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia)

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

Native Hostels Austin (Austin, EUA) Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina)

Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

✔ ✔

✔ ✔

Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

✔ ✔

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

Praia

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)


34 3.2 O ENTORNO Além da cidade que se encontra, é importante ser levado em consideração o local em que o hostel está situado dentro da cidade. Uma localização próxima a atrações turísticas, ao centro histórico, com comércio nas proximidades e fácil acesso aos meios de transporte público tende a ser valorizada. De acordo com o perfil turístico de cada cidade, o hostel possuirá diferentes atrativos em seu entorno, como pode ser visto na tabela abaixo. Tabela 3 - Atrações nas proximidades em um raio de até 2km

HOSTEL

Praia / Cachoeira

Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Metrô

Mercado

Centro Aeroporto Cultural / / Estação Teatro / de trem Museu

Together Hostel (Pequim, China)

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia)

Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia)

Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) ✔

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina)

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia)

✔ ✔

Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Native Hostels Austin (Austin, EUA)

Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

Monumen Estádio Casas tos / Centro Centro de futebol Noturnas / Arena Comercial Arquitetur Histórico / Bares a Multiuso ✔

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

Parque

✔ ✔

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)

Realizando uma análise caso a caso, pode-se classificar a localização dos hostels em três categorias: hostels no centro da cidade (próximos da área turística), hostels afastados do centro da cidade (porém com acesso ao transporte público) e hostels em áreas bucólicas.


35 3.2.1. HOSTELS NO CENTRO DA CIDADE

Figura 13: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Google Maps.

Figura 14: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Google Maps.

Figura 15: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Google Maps.

Figura 16: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Google Maps.

Figura 17: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fonte: Google Maps.

Figura 18: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Google Maps.

Figura 19: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Google Maps.

Figura 20: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Google Maps.


36 Nestes casos, a localização dos hostels prioriza a proximidade com as principais atrações turísticas que a cidade oferece. A localização do Ccasa Hostel (Nha Tang, Vietnã), Conii Hostel & Hostel (Quarteira, Portugal) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) se destaca, sobretudo, pela proximidade com a praia, um dos maiores atrativos destas cidades. No caso do Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), assim como o Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), a localização prioriza a proximidade com o centro histórico, as atrações culturais e arquitetônicas, além da vida noturna que a cidade possui. 3.2.2.HOSTELS AFASTADOS DO CENTRO DA CIDADE

Figura 21: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Google Maps.

Figura 22: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Google Maps.

Figura 23: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Google Maps.

Figura 24: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Google Maps.

Figura 25: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fonte: Google Maps.

Figura 26: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Google Maps.


37 Nas grandes metrópoles, como é o caso de Bangkok, Pequim e Tóquio, o crescimento da cidade ocorre de forma intensa, porém dispersa, já que, devido à alta concentração de pessoas nesta área, seu território tende a se alastrar a partir de um núcleo central, gerando assim o processo de conurbação. Essas aglomerações urbanas são geralmente irrigadas por uma ampla rede de meios de transportes - trens, metrôs, vias expressas -, pois o fluxo de pessoas e mercadorias nesta região é intenso. Assim, pelo fato destas não serem cidades concentradas, os hostels que ali se instalam nem sempre estão a uma curta distância dos principais atrativos turísticos, porém, eles se beneficiam desta grande rede de transporte público ao seu redor para atrair os hóspedes. Este é o caso dos hostels Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Together Hostel (Pequim, China), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) e Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). O hostel Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), apesar de distante do centro da cidade, utiliza-se da estratégia de se localizar próximo ao aeroporto, sendo esta uma das suas grandes vantagens no que diz respeito à localização. Assim, aqueles que preferem se hospedar próximo ao aeroporto, seja para um rápido pernoite entre um vôo e outro ou para evitar custos de deslocamento e perda de tempo entre o trajeto hospedagem-aeroporto, têm o Mir Guesthouse como uma ótima opção. 3.2.2.HOSTELS EM ÁREAS BUCÓLICAS

Figura 27: Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fonte: Google Maps.

Figura 28: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Google Maps.

Figura 29: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Google Maps.

Figura 30: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Google Maps.


38

Figura 31: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Google Maps.

São destinados aos grupos de turistas que buscam o contato com a natureza ou simplesmente fugir do caos urbano. Hostels como o Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México) e o Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), apesar de possuírem uma pequena cidade de apoio nas suas proximidades, estão totalmente imersos na natureza, proporcionando aos hóspedes um local de paz e tranquilidade, onde a própria natureza é o seu maior atrativo. Já os hostels Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) se encontram em pequenas cidades no interior da Holanda e Itália, respectivamente. Eles são uma opção para aqueles que buscam fugir do caos das grandes cidades ou simplesmente para um pernoite em uma viagem de carro. O Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal), como pode ser visto na Tabela 3, não possui nenhum atrativo em seu entorno imediato, no entanto, ele se localiza próximo a uma estação de esqui, tornando-se assim a opção ideal para aqueles que buscam um ambiente nas montanhas durante as férias de inverno. 3.3. O EDIFÍCIO Analisou-se os edifícios que os hostels se encontram levando em consideração o seu uso, se houve uma reapropriação de sua arquitetura, o número de andares, a presença ou não de subsolo, e fatores relacionados à sua forma.


39 Tabela 4 - Análise do edifício Diversidade com o entorno

Prédio de uso exclusivo

Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

HOSTEL

Together Hostel (Pequim, China)

Unidade com o entorno

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia) Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

✔ ✔

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia)

Reapropriação Edifício com da arquitetura uso misto existente

✔ ✔

Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

✔ ✔

Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia)

Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)

✔ ✔

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul)

Átrio

Arquitetura em módulos

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Subsolo

Native Hostels Austin (Austin, EUA)

2 ou mais pavimentos ✔

Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia)

Apenas 1 pavimento

✔ ✔

3.3.1. A ARQUITETURA EM RELAÇÃO AO SEU ENTORNO IMEDIATO A arquitetura pode adotar dois posicionamentos opostos na sua relação com o entorno em que se insere: pelo contraste ou pela integração. Quando o edifício se destaca das construções do seu entorno, cuja arquitetura assume uma linguagem diferenciada pelo uso de formas, texturas, cores contrastantes, ou pela busca harmônica com o entorno, se adaptando a linguagem arquitetônica do entorno. Porém, quando o arquiteto propõe uma arquitetura que mantém a harmonia compositiva com as edificações do entorno, apesar de utilizar de elementos arquitetônicos que não fazem parte daquele contexto, o resultado é uma arquitetura que dialoga com os prédios vizinhos seja pelo respeito ao gabarito, padrão e ritmo das janelas ou tons de cores da fachada, podendo ela se sobressair ou não no entorno. É então necessária uma análise individual para avaliar até que ponto esta arquitetura se integra ou se contrasta com o seu entorno. Identificou-se nos hostels analisados uma caracterização pela unidade ou pela diversidade. Classificando-os assim em dois grupos, aqueles que se integram ao seu


40 entorno imediato e aqueles que contrastam com mesmo, sendo esta última classificação subdividida entre aqueles que se contrastam pela forma e aqueles que se sobressaem no entorno devido a elementos arquitetônicos adicionados ao edifício. É importante ressaltar que, por mais que o arquiteto tenha a preocupação de propor uma arquitetura que respeite o seu entorno, ainda assim ela pode se sobressair se comparada com os edifícios vizinhos. Exemplos como os Together Hostel (Pequim, China), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) se caracterizam pela inserção harmônica no entorno imediato, sobretudo, devido ao fato de que são edifícios antigos, muitos deles históricos, sem sofrerem modificações significativas em suas fachadas.

Figura 32: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Baidu Maps.

Figura 33: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Google Maps.

Figura 34: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 35: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Logitravel.

Figura 36: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Google Maps.

Figura 37: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Google Maps.


41

Figura 38: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fotógrafo: Antonio Ravalli Architetti. Fonte: Archdaily.

Apesar de serem edifícios históricos que sofreram algumas alterações na sua forma original com a extensão de sua arquitetura, o Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) também estão integrados ao seu entorno imediato. Isto se deve ao fato das intervenções realizadas terem sido feitas de modo sutil e, por mais que seja possível diferenciar sua antiga e nova arquitetura, os edifícios não causam um impacto visual quando inserido em seus contextos.

Figura 39: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 40: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: René de Wit. Fonte: Archdaily.

O Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México), Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) são edificações contemporâneas que se integram totalmente ao ambiente no qual se inserem. O dois primeiros hostels, inseridos em meio a natureza, utilizam um gabarito que respeita o contexto ao qual se encontram, além de fazer uso de materiais que dialogam com este meio, como a madeira ou o tijolo aparente. O hostel Unplan Kagurazaka, inserido em meio urbano de arquitetura contemporânea, apresenta uma linguagem que dialoga sem se sobressair. O mesmo ocorre com o Hostel Serra da Estrela, este realiza uma interpretação contemporânea da arquitetura local que dialóga em harmonia com a tradicional arquitetura da região montanhosa que se encontra.


42

Figura 41: Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fotógrafo: Patrick Lopez. Fonte: Archdaily.

Figura 42: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Federico Cairoli. Fonte: Archdaily.

Figura 43: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Tatsuya Noaki. Fonte: Archdaily.

Figura 44: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fotógrafo: Nelson Garrido. Fonte: Archdaily.

Já a arquitetura dos hostels Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) e Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) é caracterizada pela sua diversidade, ou seja, o edifício contrasta com o seu entorno imediato. No caso do Ccasa Hostel, Yim Huai Khwang Hostel e Mir Guesthouse, se destacam pelo contraste da forma. O Ccasa Hostel é um edifício com várias aberturas composto por contêineres e estrutura metálica. O projeto do Yim Huai Khwang Hostel, ao colocar em evidência a sua original estrutura contemporânea, causa um impacto visual se comparado com o seu entorno. Já o Mir Guesthouse é uma obra arquitetônica que se diferencia totalmente em sua forma por ser um grande volume denso e esculpido com diferentes aberturas em sua fachada.


43

Figura 45: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fotógrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figura 46: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Wison Tungthunya. Fonte: Archdaily.

Figura 47: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fotógrafo: Nam Goong Sun. Fonte: Archdaily.

O Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) e Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), apesar de volumetricamente respeitarem o gabarito da área do entorno, se sobressaem em seu contexto devido ao uso de diferentes elementos ar quitetônicos em sua fachada, utilizando-se de artifícios como painéis vazados, materiais diferenciados como o metal e o uso das cores.

Figura 48: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.

Figura 49: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Jirayu Rattanawong. Fonte: Archdaily.


44

Figura 50: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: H.Lin Ho. Fonte: Archdaily.

3.3.2. EDIFÍCIO COM USO MISTO Os projetos de uso misto vêm se revelando uma forte tendência mundial, confrontando a ideia de planejamento urbano segmentado, que durante muito tempo dividiu as cidades em setores (residencial, comercial, hospitalar etc). Os projetos de uso misto surgem como uma solução para problemas de mobilidade urbana, concentrando em um só local diversas atividades. Uma das grandes vantagens dos projetos de uso misto é que uma atividade agrega valor à outra atividade que ocorre no mesmo local, proporcionando benefícios mútuos. Entretanto, é importante que estas atividades correspondam às necessidades dos usuários e às demandas da região em que se encontram. Para o arquiteto Königsberger, o uso misto é uma maneira natural de desenvolvimento das relações urbanas e afirma que “o arquiteto deve ter sensibilidade em relação ao dimensionamento do produto, além da habilidade de transformar os empreendimentos de uso misto em espaços físicos agradáveis, palatáveis, atraentes e que estimulem a permanência e o usufruto” (AECweb, 2018). Analisando os edifícios no que diz respeito ao seu uso, onze dos dezenove edifícios dos hostels avaliados possuem um uso misto, ou seja, abrigam outras atividades além da atividade de hospedagem. Verificando caso a caso, é possível perceber que a grande maioria alia estabelecimentos do ramo alimentício, como bares, cafés e restaurantes, à atividade de hostel. Destacando-se os seguintes hostels: Native Hostels Austin (Austin, EUA), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Isto ocorre, principalmente, porque estas atividades atendem tanto às necessidades dos hóspedes quanto à comunidade local, além de servir como um espaço de socialização. Entretanto, há também casos de projetos mistos que mesclam apartamentos residenciais e a atividade de hospedagem, como ocorre no Flow Hostel (Budapeste, Hungria) e Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Há também misturas com atividades menos diversificadas, como ocorre no Together Hostel (Pequim, China),


45 que se encontra no segundo e terceiro pavimento de um hotel, e, até mesmo, usos diferenciados, como é o caso do edifício onde se encontra o Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), que no primeiro pavimento abriga uma livraria, e do Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), que se encontra dentro de um Centro Esportivo. Além disso, o Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) também possui salas de reuniões disponíveis para serem alugadas por empresários e empresas que desejam usufruir deste espaço para a realização de eventos, conferências ou seminários. Hostel + Bar / Restaurante

Hostel + Café

Figura 51: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 52: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Tatsuya Noaki. Fonte: Archdaily.

Hostel + Café

Hostel + Bar + Café

Figura 53: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fotógrafo: Nam Goong Sun. Fonte: Archdaily.

Figura 54: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Logitravel.

Hostel + Bar / Restaurante + Espaço para reuniões e conferências

Hostel + Bar / Restaurante

Figura 55: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: René de Wit. Fonte: Archdaily.

Figura 56: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Google Maps.


46 Hostel + Correios + Habitações

Hostel + Habitações

Figura 57: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Google Maps.

Figura 58: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Google Maps.

Hostel + Hotel

Hostel + Livraria

Figura 59: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Baidu Maps.

Figura 60: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.

Hostel + Centro Esportivo

Figura 61: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fotógrafo: Antonio Ravalli Architetti. Fonte: Archdaily.


47 3.3.3. REAPROPRIAÇÃO DA ARQUITETURA EXISTENTE Os hostels são acomodações destinadas ao turismo de baixo custo, portanto, é importante que este fator seja aplicado desde a sua concepção. Ao projetar um hostel o arquiteto lida com o desafio de produzir um espaço de qualidade a um custo acessível. Desde o surgimento dos primeiros hostels, a arquitetura deste tipo de hospedagem buscava se apropriar de espaços pré-existentes, como casas abandonadas, antigos estabelecimentos comerciais ou até mesmo castelos desativados, como é o caso do Youth Hostel Altena, na Alemanha, o primeiro hostel do mundo. Todo objeto arquitetônico possui um caráter que está relacionado a um conceito, ideias, intenções e preocupações que o arquiteto leva em consideração ao projetá-lo. Junto a estas decisões projetuais, a arquitetura de uma época e os valores da sociedade que está inserido, influenciam na identidade do projeto. Intríseco aoprojeto encontram-se dois outros fatores que definem um edifício: a função e a forma. A função no que diz respeito ao seu modo de uso e à sua razão de ser, a forma está relacionada à sua condição estética. Ao intervir em um edifício pré-existente alterando a sua função, cabe ao arquiteto definir de que maneira esta reapropriação será realizada e o quanto a sua forma inicial será modificada. É possível identificar vários graus de intervenções sobre uma obra existente, e estes a critério dos envolvidos no projeto cabem a eles definir a forma mais adequada de intervir no edifício, com a decisão de reaproveitar ou não os elementos arquitetônicos presentes no projeto e valorizar ou não a arquitetura ali existente. O objetivo principal é transformar o espaço de forma que atenda às novas funções, preservando ou não sua linguagem original. Dos dezenove hostels analisados, grande parte deles (um total de treze hostels) reapropriaram a arquitetura de um edifício já existente, dando a ela uma nova função, sendo eles: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Together Hostel (Pequim, China), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Entretanto, nem todos eles priorizaram a preservação da arquitetura existente, como é o caso do Together Hostel (Pequim, China) que se encontra em um dos pavimentos de um edifício destinado a abrigar um hotel e optou por derrubar todas as paredes e criar um espaço amplo e sem divisórias. Outro caso que também não buscou manter a arquitetura original foi o Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), localizado em um antigo edifício comercial. Seu espaço interno, assim como a sua fachada, assumiram uma nova linguagem para que, apesar da pequena área do terreno, fosse possível abrigar todas as facilidades necessárias de um hostel com o maior número de camas.


48

Figura 62: Maquete - Together Hostel (Pequim, China). Realizada por: ttg team. Fonte: Archdaily.

Figuras 63 e 64: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Jirayu Rattanawong. Fonte: Archdaily.

Há também aqueles hostels que modificaram a forma edifício, porém, ao mesmo tempo, tiram proveito de elementos da sua arquitetura original, colocando-os em destaque na fachada do projeto, como é o caso do Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) e do Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). O primeiro caso revela a fachada modernista do edifício existente, enquanto que no segundo exemplo citado optou-se por utilizar as antigas esquadrias do edifício existente para criar uma segunda pele para o edifício, uma espécie de painel que protege do sol e diminui os ruídos externos.

Figura 65: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Wison Tungthunya. Fonte: Archdaily.

Figura 66: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.

Alguns hostels optam por preservar a fachada original e apenas adicionar elementos a ele ou criar extensões de sua arquitetura original, ressaltando a mistura de épocas e dando mais personalidade ao edifício. Isto ocorre no Native Hostels Austin (Austin, EUA), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), em que todos possuem uma arquitetura original com valor histórico. O Native Hostels Austin é composto por um edifício de pedra do final do século XIX e um armazém de tijolos de meados do século XX. Esta arquitetura original foi preservada, porém, em uma de suas fachadas foi feito um detalhe em grafite, uma


49 manifestação artística urbana que vem se popularizando desde os anos 70. O Conii Hostel & Suites e Stayokay Hostel Soest têm seus edifícios datados, respectivamente, do final do século XIX e de três diferentes épocas do último século. Ambos mantêm a arquitetura original, ao mesmo tempo que estendem a sua área por meio de novas construções. No caso do Conii Hostel & Suites foi adicionado um terceiro pavimento por meio do sistema construtivo Light Steel Frame. Enquanto que no Stayokay Hostel Soest foi demolido um dos edifícios que formavam a antiga escola que ali um dia existiu e foi implementado em seu lugar um novo edifício revestido com peças de madeira vertical, contrastando com o edifício histórico ao mesmo tempo que o valoriza.

Figura 67: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 68: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 69: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 70: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Archdaily.

Figura 71: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: René de Wit. Fonte: Archdaily.


50 Outros hostels mantiveram a forma externa da arquitetura original, limitando as mudanças para as áreas internas do prédio, sempre explorando e tirando vantagem do potencial que o edifício original oferece. Nos casos do Flow Hostel (Budapeste, Hungria) e do Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), já não havia tanta liberdade de realizar mudanças na fachada ou forma do edifício, já que ambos ocupam apenas alguns pavimentos de um edifício residencial. Porém, internamente realizaram modificações em sua configuração espacial, aproveitando o que fosse benéfico para o projeto. No Flow Hostel, situado no segundo pavimento de um edifício histórico de mais de 200 anos no centro de Budapeste, foi preservado o layout longitudinal do edifício dividido por um longo corredor, sendo este aberto apenas nas áreas comuns para torná-las mais amplas e iluminadas sem comprometer a privacidade dos quartos. Enquanto que, no Dream Hostel & Hotel, o caráter aberto do edifício industrial foi reforçado, colocando os quartos como unidades separadas no espaço aberto. No Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), o átrio central já existente no edifício é um dos pontos altos do hostel, sendo utilizado como área de socialização para os hóspedes. No Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), as escadas rolantes, o elevador panorâmico e toda a circulação vertical do que um dia foi um centro comercial foram preservados. Enquanto que no Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), o projeto aproveita o pé direito alto da antiga fábrica para instalar estruturas independentes dentro de um mesmo espaço, como uma espécie de acampamento interno, gerando economia energética e financeira, um dos principais focos do projeto.

Figura 72: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Archdaily.


51

Figura 73: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Google Maps.

Figura 74: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Google Maps.

Figura 75: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fotógrafo: Marc Goodwin. Fonte: Archdaily.

Figura 76: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Logitravel.

Figura 77: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Sinue Serra. Fonte: Google+.

Figura 78: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Google Maps.

Figura 79: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte:Archdaily.


52

Figura 80: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fotógrafo: Antonio Ravalli Architetti. Fonte: Archdaily.

Figura 81: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fotógrafo: Antonio Ravalli Architetti. Fonte: Archdaily.

O Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia), apesar de modificar inteiramente a sua fachada, no telhado, no átrio e no seu interior como um todo procurou-se manter seu caráter original intercalando-o com novas intervenções arquitetônicas. O arquiteto transforma esta histórica casa-comércio abandonada em uma peça de arte contemporânea. A mistura das paredes e pisos em seu estado natural com um mobiliário moderno cria o contraste desejado.

Figura 82: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: H.Lin Ho. Fonte: Archdaily.

Figura 83: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: H.Lin Ho. Fonte: Archdaily.


53 3.3.4. NÚMERO DE PAVIMENTOS / SUBSOLO A grande maioria dos hostels analisados possuem dois ou mais pavimentos, mais especificamente dezessete dos dezenove hostels se enquadram nesta categoria. Tal fato se deve, em grande parte, pela rentabilidade do empreendimento, maior número de pavimentos implica em maior quantidade de quartos e maior número de hóspedes. Dos hostels que possuem apenas um pavimento, um é o Flow Hostel (Budapeste, Hungria), que na verdade se encontra dentro de um edifício residencial, e o outro é a Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), que se encontra em meio a natureza. O fato de que este último possua apenas um pavimento condiz e reforça ainda mais o que ele quer transmitir aos seus hóspedes, um local de paz e tranquilidade, longe do modo de vida e caos da cidade.

Figura 84: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Federico Cairoli. Fonte: Archdaily.

Apenas um hostel analisado possui subsolo, o que mostra que este tipo de configuração espacial ainda não é muito explorado para este tipo de uso. O edifício original do Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) já possuía um subsolo antes de ser transformado em um hostel e cujo espaço foi transformado em um local destinado a festas ou galeria de arte, o que é o tipo de uso ideal para este espaço já que o barulho não incomoda os hóspedes que estão nos quartos. Além disso, a localização deste subsolo permitiu que houvesse iluminação natural zenital neste espaço.


54

Figura 85: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Nikolas Koenig. Fonte: Archdaily.

3.3.5. ARQUITETURA MODULAR Muitos hostels ainda optam por uma arquitetura tradicional no sentido de que cada edifício é uma peça única, não flexível. No entanto, aos poucos este quadro está mudando, não apenas na arquitetura de hostels, mas na arquitetura em geral. A arquitetura em módulos vem se tornando usual devido às novas tecnologias e à implementação de elementos que podem ser facilmente combinados e recombinados. A arquitetura modular não diz respeito ao material, mas sim à forma que ela pode ser empregada, sendo sinônimo de flexibilidade. Um módulo é um elemento com uma medida padrão que tem a possibilidade de ser agrupado diversas vezes a outras formas semelhantes a ele, possibilitando diversas combinações. Dos hostels avaliados o Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã) e a Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) se enquadram neste tipo de arquitetura. O primeiro utiliza três contêineres sobrepostos que abrigam os quartos do hostel e o segundo utiliza uma modulação triangular em madeira que se repete diversas vezes para compor o seu edifício.


55

Figura 86: Corte - Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Archdaily.

Figura 87: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fotógrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figuras 88: Modulação - Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Archdaily.

Figuras 89: Planta Baixa - Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Archdaily.

3.3.6. ÁTRIO O termo átrio surgiu, originalmente, para designar o pátio central das casas gregas e romanas. Atualmente, o átrio pode assumir diversas funções como trazer iluminação natural para dentro do edifício, organizar e distribuir espaços e/ou promover a integração visual e física de diferentes ambientes. Dentre os hostels analisados, em quatro deles há a presença de um átrio. Sendo eles: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Enquanto no Nomaps Flashpackers Hostel e no Mir Guesthouse o átrio aparece de forma mais comedida, com a função principal de trazer um pouco de iluminação natural para o interior do edifício, no Generator Berlin Mitte e Stayokay Hostel Soest o átrio não só assume a função de viabilizar a iluminação natural para o interior do edifício como distribui e integra os espaços que o circundam. Um ponto em comum entre eles é que todos são utilizados como um espaço de estar para a socialização entre os hóspedes, sendo que aqueles que possuem uma área maior, são melhor utilizados pelos hóspedes, já que abrigam mobiliários em maior quantidade e permitem que várias atividades aconteçam em seu espaço. Além disso, são espaços mais agradáveis por serem amplos, abertos, bastante iluminados


56 e estarem posicionados entre ambientes, sendo não apenas um local de permanência mas também um local de passagem.

Figura 90: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: Jeannie Poon. Fonte: Google+.

Figura 91: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Google Maps.

Figura 92: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Sinue Serra. Fonte: Google+.

Figura 93: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: René de Wit. Fonte: Archdaily.

3.4. ÁREAS COMUNS Os espaços compartilhados são o ponto central de um hostel, são neles que ocorrem trocas entre os hóspedes, sendo os espaços mais propícios para socialização. Foi feita uma análise das áreas comuns dos hostels levando em consideração os espaços oferecidos aos hóspedes e se há espaços abertos ao público externo.


57 Tabela 5 - Análise das áreas comuns HOSTEL

Área aberta ao público externo

Bar/Café

Restaurante

Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Terraço

Lounge compartilhado

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) ✔

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia)

Espaço arquibancada

Sala de jogos

Espaço Sala de TV / Biblioteca / Cinema Internet

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

✔ ✔

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) ✔

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul)

Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

✔ ✔

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

Parquinho

Native Hostels Austin (Austin, EUA)

Quadra esportiva

✔ ✔

Jardim

Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)

Cozinha

Together Hostel (Pequim, China)

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Refeitório

✔ ✔ ✔ ✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

3.4.1. ESPAÇOS ABERTOS AO PÚBLICO EXTERNO Dos dezenove hostels analisados, sete deles possuem espaços abertos ao público externo. Isto permite que os hóspedes possam se integrar mais à comunidade local, não ficando restrito apenas à socialização entre eles. Além disso, esta abertura agrega urbanidade à cidade, aumentando as opções de lazer. Os hostels Native Hostels Austin (Austin, EUA) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) possuem um espaço restaurante e bar integrados localizado no térreo do edifício, sendo aberto tanto para os hóspedes como para a comunidade local. O mesmo ocorre nos hostels Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) e Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), estes porém possuem um espaço café/bar. No Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), integrado ao restaurante e bar encontra uma área de lounge e espaço de jogos aberto a todos. O Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), além de possuir uma cafeteria, também conta com um espaço que integra boate, lounge, bar e sala de jogos em um mesmo ambiente, aberto para o uso dos hóspedes, assim como do público externo. Percebe-se, então, que todas as áreas comuns abertas ao público externo dos hostels avaliados oferecem espaços comerciais de produtos alimentícios e bebidas, como bares, cafeterias e restaurantes. Assim, além de se tornar um atrativo, tanto para os hóspedes como para a comunidade local, gera também uma renda extra para o empreendimento. Apenas um dos hostels que possui um bar e restaurante em seu programa, o utiliza de forma exclusiva aos hóspedes, o Together Hostel (Pequim, China). A sua localização, dentro de um edifício que abriga um hotel, faz com que este tipo de atividade não seja propício ao local, por questões de acesso e segurança.


58

Figura 94: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 95: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte:Archdaily.

Figura 96: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Tatsuya Noaki. Fonte: Archdaily.

Figura 97: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 98: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Ostrovok.

Figuras 99 e 100: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafos: René de Wit / Илья Северин. Fontes: Archdaily / Google+.

Figura 101: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Nikolas Koenig. Fonte: Archdaily.

Figura 102: Together Hostel (Pequim, China). Fotógrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.


59 3.4.2. TERRAÇO Quando o hostel tem a possibilidade de ter um terraço, é comum que este seja explorado como um espaço gregário, já que o fato de estar posicionado em um local alto e arejado viabiliza grande potencial para utilizá-lo como uma área de lazer. Em determinados casos este espaço é explorado como um local de socialização, utilizando-se de elementos e mobiliários que agregam valor estético e conforto, outros, entretanto, o utilizam como um espaço de contemplação, quando a paisagem ao seu redor e o seu contexto favorecem este tipo de uso. No Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão) e Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) o terraço é utilizado como um espaço compartilhado, destinado aos hóspedes. Estes hostels utilizam-se de alguns elementos para humanizar o ambiente e torná-lo mais agradável, como o piso de rede utilizado no Ccasa Hostel ou como o mobiliário com mesas, bancos, cadeiras e espreguiçadeiras nos demais hostels. Já no Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) o uso do terraço se dá, principalmente, como um espaço de contemplação e apreciação da paisagem. No Mir Guesthouse, a própria forma do edifício se encarrega de criar um espaço de contemplação, com escadas onde os hóspedes podem se sentar e um mirante no topo do edifício. No Goli+Bosi Design Hostel, a falta de espaço permite que apenas algumas cadeiras e mesas sejam colocadas neste ambiente, porém é o suficiente para tornar este espaço em uma agradável área de descanso e apreciação da vista da cidade antiga de Split. Em todos os hostels analisados, o terraço é de uso exclusivo dos hóspedes. Tal fato se deve, principalmente, pela necessidade de preservar a privacidade e segurança dos hóspedes. Explorar um espaço como este com um estabelecimento comercial aberto ao público, necessitaria de um acesso exclusivo com uma circulação vertical à parte que garantisse a privacidade das áreas dos quartos e outras áreas comuns de uso exclusivo dos hóspedes, e isto geraria maior custo ao projeto.

Figura 103: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fotógrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figura 104: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.


60

Figura 105: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Norimasa Hama. Fonte: Google+.

Figura 106: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Oyster.

Figura 107: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 108: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Booking.com.

3.4.3. LOUNGE COMPARTILHADO Lounge é um termo em inglês comumente utilizado na arquitetura para designar o espaço de um empreendimento que tem uma função similar a de uma sala de estar. Este ambiente é destinado ao relaxamento, onde o hóspede pode descansar, ler ou socializar com outras pessoas. Pela análise feita é possível identificar que este espaço é de grande relevância no programa de necesidades de um hostel, estando presente em treze dos dezenove hostels avaliados. Geralmente este espaço é constituído por cadeiras, mesas, sofás e uma decoração descontraída e propícia para o relaxamento. Em alguns casos este espaço é utilizado em conjunto com outros ambientes, como a recepção, bar, refeitório, sala de jogos, sala de TV etc. Há também configurações de espaços que optam por incluir este ambiente em áreas subutilizadas, como corredores e espaços que dão acesso aos quartos. Portanto, o lounge é um espaço bastante flexível e pode ser encontrado em diferentes configurações. No Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) e Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) o lounge está no mesmo espaço que a recepção, sendo o primeiro ambiente encontrado ao adentrar o hostel, tendo uma posição similar a de uma sala de estar em uma residência.


61

Figura 109: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Wison Tungthunya. Fonte: Archdaily.

Figura 110: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Nikolas Koenig. Fonte: Archdaily.

Já no Together Hostel (Pequim, China) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) o lounge se situa em um espaço multifuncional. No Together Hostel atividades como recepção e bar dividem espaço com o espaço de lounge compartilhado. Enquanto no Hostel Serra da Estrela uma única grande sala abriga recepção, refeitório e sala de jogos, além do lounge compartilhado.

Figura 111: Together Hostel (Pequim, China). Fotógrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.

Figura 112: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.

O Native Hostels Austin (Austin, EUA) apresenta duas áreas de lounge compartilhado, uma delas em um dos quartos compartilhados e a outra junto ao refeitório. No caso do lounge que se encontra dentro do quarto, é necessário que haja urbanidade entre os hóspedes, ou até mesmo que certas regras de convivência sejam estabelecidas pela direção do hostel, para que não haja barulho excessivo quando houver outros hóspedes dormindo e, assim, evitar algum tipo de desconforto.


62

Figuras 113 e 114: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

No caso do Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) o lounge divide espaço com o bar/restaurante, sendo assim um espaço de uso tanto dos hóspedes como dos clientes do bar e restaurante. Já o Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) divide o seu lounge com a sala de TV, sendo ele de uso exclusivo dos hóspedes. O Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), optou-se por utilizar espaços subutilizados para criar um ambiente de lounge compartilhado. Assim, os corredores que dão acesso aos quartos, apesar do pouco espaço, tornam-se um ambiente de descanso para os hóspedes.

Figura 115: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Google Maps.

Figura 116: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 117: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fotógrafo: Marc Goodwin. Fonte: Archdaily.

Figura 118: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte:Archdaily.


63 Hostels como o Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia) e Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) optaram por deixar o lounge como um espaço único, sem dividí-lo com outras atividades.

Figura 119: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fotógrafo: Balázs Danyi. Fonte: Archdaily.

Figura 120: Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fotógrafo: Patrick Lopez. Fonte: Archdaily.

Figura 121: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: Jeannie Poon. Fonte: Google+.

Figura 122: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Federico Cairoli. Fonte: Archdaily.

3.4.4. REFEITÓRIO E COZINHA O refeitório é também um espaço de grande importância na configuração dos ambientes de um hostel, sendo ele a área compartilhada que apareceu com mais frequência dentre os hostels analisados (quinze dentre eles possuem refeitório). Este espaço, não só permite que os hóspedes realizem suas refeições, assim como é um local de socialização. Geralmente, ele vem acompanhado de uma cozinha compartilhada que pode estar em um mesmo cômodo ou não. O mobiliário neste ambiente geralmente são bancos ou cadeiras e mesas longas que abrigam um número significativo de pessoas, já que o momento da refeição é uma boa hora para socializar e conhecer novas pessoas. A maioria dos hostels que possuem refeitório compartilha do mesmo espaço entre ele e a cozinha, como é o caso dos seguintes hotels: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Nomaps


64 Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) e Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Isto faz com que se ganhe espaço no projeto, além de tornar o ato de cozinhar mais prazeroso, já que todos se encontram em um mesmo cômodo.

Figura 123: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fotógrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figura 124: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fotógrafo: Balázs Danyi. Fonte: Archdaily.

Figura 125: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: India Stanton. Fonte: Google+.

Figura 126: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Memento Mori. Fonte: Google+.

Figuras 127 e 128: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.


65

Figura 129: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: H.Lin Ho. Fonte: Archdaily.

Figura 130: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 131: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 132: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fotógrafo: Marc Goodwin. Fonte: Archdaily.

No Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) o refeitório e a cozinha não compartilham do mesmo espaço, dando maior privacidade para aqueles que utilizam a cozinha, porém cria menos oportunidades de socialização entre os hóspedes. Já no Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), apesar de possuir uma cozinha, não há um espaço destinado especificamente ao refeitório, assim, o terraço assume esse papel, já que é um espaço amplo com bancos e longas mesas. Entretanto, nem todos os hostels oferecem uma cozinha compartilhada aos hóspedes, como ocorre no Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), onde os hóspedes têm acesso apenas a um espaço de refeitório. Assim, estes espaços são utilizados quando os hóspedes trazem sua refeição pronta ou apenas como um espaço de socialização, leitura ou acesso à internet. No caso dos dois últimos hostels citados, há uma cozinha porém destinada apenas aos funcionários responsáveis pelo preparado do café da manhã dos hóspedes.


66

Figura 133: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.

Figura 134: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: TheLoneRider.

Figura 135: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Federico Cairoli. Fonte: Archdaily.

Figura 136: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: [sdc] in.situ.

Figura 137: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Booking.com.

Figura 138: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Nikolas Koenig. Fonte: Archdaily.

Figura 139: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: René de Wit. Fonte: Archdaily.


67 3.4.5. ESPAÇO ARQUIBANCADA Este tipo de espaço é caracterizado por degraus de espelho alto, como uma arquibancada, onde os hóspedes podem se sentar e relaxar. Geralmente esses espaços são utilizados como uma área de lazer e socialização, similar a função de um lounge. Porém, também podem ser utilizados como um espaço para assistir filmes ou para apreciar a vista, dependendo do contexto em que ele está inserido. O Together Hostel (Pequim, China) e Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) utilizam este espaço como uma área de descanso e partilha entre os hóspedes. No Flow Hostel este espaço arquibancada compartilha de um espaço de jogos e no Bed One Block Hostel o espaço é dividido com a recepção e o espaço biblioteca/internet, além de ser um local de passagem que dá acesso aos pavimentos superiores. O Flow Hostel (Budapeste, Hungria) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) utilizam-se do espaço arquibancada como o assento de uma pequena sala de TV ou cinema. Já no Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) este espaço arquibancada se encontra no terraço e foi projetado com o objetivo de criar um local de apreciação da paisagem.

Figura 140: Together Hostel (Pequim, China). Fotógrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.

Figura 141: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Jirayu Rattanawong. Fonte: Archdaily.

Figura 142: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fotógrafo: Balázs Danyi. Fonte: Archdaily.

Figura 143: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte: Archdaily.


68

Figura 144: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fotógrafo: Nam Goong Sun. Fonte: Archdaily.

3.4.6. ESPAÇOS COMPARTILHADOS DIVERSOS Alguns hostels oferecem aos seus hóspedes áreas de uso comum que, apesar de não serem o ponto central do projeto, interferem positivamente na estadia dos hóspedes, oferecendo mais opções de lazer. Assim, espaços como sala de jogos, sala de TV ou cinema, espaço de biblioteca e de acesso à internet, podem valorizar os espaços coletivos do hostel. Geralmente estas atividades são integradas a outros espaços, onde podem ocorrer diferentes ocupações. Como é o caso do Together Hostel (Pequim, China) que possui em um mesmo espaço a recepção, o bar, um lounge compartilhado e um espaço biblioteca. Assim como no Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal), onde recepção, refeitório, lounge compartilhado e sala de jogos se integram em um mesmo espaço. No Flow Hostel (Budapeste, Hungria), a sala de jogos e a sala de tv se encontram no mesmo ambiente, junto ao espaço arquibancada. O Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia) abriga um espaço biblioteca e internet que também está incluso no mesmo ambiente que do espaço arquibancada e da recepção. Assim como, no Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) a sala de TV está situada no mesmo cômodo que o lounge compartilhado. No Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão) este espaço multiuso ocorre no seu último pavimento, onde cozinha, refeitório e sala de TV se encontram no mesmo espaço. Os hostels Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) e Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha) também compartilham o seu espaço biblioteca com o refeitório. No Generator Berlin Mitte, assim como no Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), um espaço de jogos pode ser encontrado dentro do espaço bar/restaurante/ boate, sendo assim utilizado tanto pelos hóspedes como pelos clientes do estabelecimento.


69

Figura 145: Together Hostel (Pequim, China). Fotógrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.

Figura 146: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.

Figura 147: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fotógrafo: Balázs Danyi. Fonte: Archdaily.

Figura 148: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Booking.com.

Figura 149: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 150: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Memento Mori. Fonte: Google+.

Figura 151: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Andres Bolocco. Fonte: Google+.

Figura 152: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Nikolas Koenig. Fonte: Archdaily.


70

Figura 153: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fotógrafo: Sinue Serra. Fonte: Google+.

Figura 154: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: Илья Северин. Fonte: Google+.

Já nos hostels Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Mir Guesthouse (Jeju, Tailândia), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) estes espaços ocorrem de forma isolada. Apesar de causar certa segregação espacial, tal fato também pode ser visto como uma vantagem, já que ambientes como sala de TV e cinema ou biblioteca requerem uma maior privacidade e concentração dos usuários, evitando assim barulhos externos que possam atrapalhar as atividades nestes ambientes. O Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) oferece um espaço de acesso à internet aos seus hóspedes situado no patamar da escada, conferindo uma função a este espaço que, a princípio, seria apenas um local destinado à circulação vertical do edifício.

Figuras 155 e 156: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.


71

Figura 157: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 158: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte: Archdaily.

Figura 159: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.

Figura 160: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fotógrafo: Jeannie Poon. Fonte: Google+.

3.4.7. JARDIM E ATIVIDADES AO AR LIVRE Nem sempre é possível que um hostel inclua um jardim em seu programa de necessidades, já que para tal é necessário um espaço considerável, aberto e propício para o cultivo de plantas. Portanto, aqueles que possuem um local propício, hão a vantagem para criar uma área externa à disposição dos hóspedes. Assim, o Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México), Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), por estarem em meio a uma mata densa, utilizam a grande área verde ao seu redor para criar ambientes que coloquem os hóspedes em contato com a natureza. Nestes ambientes incluem-se espaços com bancos em volta de uma fogueira, o espaço ideal para confraternizar com a família, amigos e outros hóspedes. No caso do Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), devido à falta de espaço, foi criado um ambiente externo com arbustos e bancos para os hóspedes terem uma área externa onde possam relaxar.


72

Figura 161: Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fotógrafo: Patrick Lopez. Fonte: Archdaily.

Figura 162: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fotógrafo: Federico Cairoli. Fonte: Archdaily.

Figura 163: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Stayokay Soest / Google+.

Figura 164: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Booking.com.

Além disso, o Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) foi o único hostel analisado que oferece outras atividades ao ar livre, como quadras esportivas e parque para crianças. Por ser um hostel situado em um local não turístico, o seu maior atrativo é, justamente, estar em um local longe do caos das grandes cidades e oferecer atividades que coloque os hóspedes em contato com a natureza. Portanto, o seu maior público são grupos de amigos, excursões e famílias que buscam um local de paz e tranquilidade em meio à natureza.

Figura 165: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Stayokay Soest / Google+.

Figura 166: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fotógrafo: Gert Berghorst. Fonte: Google+.


73 3.5. QUARTOS O quarto é o ambiente de descanso do hóspede e também de maior privacidade se comparado com as áreas comuns, embora que o uso do quarto seja compartilhado. Desde o surgimento do movimento alberguista na Alemanha, a ideia dos ambientes de um hostel gira em torno de áreas compartilhadas, incluindo os quartos. Os quartos compartilhados, além de diminuir o custo da estadia, um dos fatores atrativos em um hostel, também favorecem a socialização entre os hóspedes, outro fator de grande importância. Entretanto, ao longo dos anos, o movimento alberguista foi se profissionalizando e gradativamente expandido seus negócios. Assim, para atender aqueles que desejam usufruir do espaço de um hostel e de todos os benefícios que ele traz consigo sem perder a sua privacidade, muitos hostels passaram a oferecer também a opção de quartos individuais. Ao contrário do que se imagina, os hostels não perdem suas características ao oferecer serviços exclusivos de quartos e banheiros, apenas atendem às novas expectativas do mercado, que exige inovação e criatividade, sem deixar de lado sua configuração inicial. Tabela 6 - Análise dos quartos HOSTEL

Compartilhados Compartilhados Compartilhado (individualidade) (coletividade) banheiro interno

Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

Together Hostel (Pequim, China)

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia)

Privado 10 ou mais 2 pessoas 4 pessoas 6 pessoas 8 pessoas banheiro interno pessoas

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia)

Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia)

Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul)

Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia)

Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

✔ ✔ ✔

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)

Quartos compartilhados Quartos privados

✔ ✔

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina)

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

Com beliche

✔ ✔

✔ ✔ ✔

✔ ✔

Sem beliche

✔ ✔

Native Hostels Austin (Austin, EUA)

Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Privados

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔


74 DE

3.5.1. QUARTOS COMPARTILHADOS - COLETIVIDADE X INDIVIDUALIDA-

O quarto compartilhado é a principal característica de um hostel e se dá em diversas configurações, podendo abrigar um número variado de hóspedes, de 4 até mais de 10 pessoas em um mesmo cômodo. Todos os dezenove hostels analisados possuem quartos compartilhados, entretanto eles se diferenciam no que diz respeito à sua privacidade. Enquanto uns mantém a ideia de coletivo que um quarto compartilhado possui, outros prezam pela privacidade dos hóspedes mesmo em um quarto coletivo. Assim, aqueles que buscam reforçar a individualidade dos hóspedes em um quarto compartilhado, utilizam de artifícios como tendas, divisórias e cortinas para criar uma maior privacidade. No Together Hostel (Pequim, China) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), os quartos compartilhados se encontram dentro de tendas ou estruturas em tecido, como uma espécie de acampamento interno. Assim, apesar das camas estarem situadas dentro de um único espaço, a individualidade de cada hóspede é garantida. Os hotels Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) e até o Together Hostel (Pequim, China), em outras opções de quarto, optam por utilizar divisórias entre as camas e cortinas, evitando que o hóspede fique exposto àqueles que utilizam este mesmo espaço. Outros pontos em comum observados nos hostels analisados que apresentam quartos compartilhados que prezam pela individualidade dos hóspedes é que nove (de um total de dez) apresentam cama-beliche e que em todos eles houve uma preocupação para que cada cama possua a sua própria luminária e tomada, dando mais conforto e privacidade aos hóspedes.

Figura 167: Together Hostel (Pequim, China). Fotógrafo: Zhang Zheming. Fonte: Archdaily.

Figura 168: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Booking.com.


75

Figura 169: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fotógrafo: Quang Tran. Fonte: Archdaily.

Figura 170: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Wison Tungthunya. Fonte: Archdaily.

Figura 171: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fotógrafo: Balázs Danyi. Fonte: Archdaily.

Figura 172: Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Jirayu Rattanawong. Fonte: Archdaily.

Figura 173: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fotógrafo: Chase Daniel. Fonte: Archdaily.

Figura 174: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fotógrafo: Tatsuya Noaki. Fonte: Archdaily.

Figura 175: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figuras 176 e 177: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fotógrafo: Robert Leš. Fonte: Archdaily.


76

Figura 178: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Booking.com.

Apesar da crescente preocupação com a privacidade dos hóspedes, ainda há hostels que mantêm a configuração espacial tradicional de um albergue, ou seja, onde os quartos compartilhados assumem de fato esse papel de ser um ambiente que preza pela coletividade. Isto ocorre em uma das opções de quarto do Together Hostel (Pequim, China), assim como nos hostels Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Seus quartos se caracterizam por ser um espaço único e pela proximidade entre as camas que é reforçada, visualmente, pela falta de divisórias. Assim como nos quartos compartilhados que prezam pela individualidade, a maioria daqueles que se caracterizam pela coletividade, mais precisamente oito dos nove que se enquadram nesta categoria, utilizam beliches. Portanto, pode-se considerar a cama-beliche como uma característica dos quartos compartilhados em geral, independente se ele está voltado para a ideia de individualidade ou de coletividade. Outro ponto analisado foi a presença de banheiros internos aos quartos compartilhados. Dos dezenove hostels analisado, apenas oito deles possuem banheiros integrados, o que sinaliza uma certa flexibilidade do posicionamento do banheiro em relação ao quarto compartilhado.

Figura 179: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Booking.com.

Figura 180: Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Boonchai Tienwang. Fonte: Archdaily.


77

Figura 181: Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fonte: Booking.com.

Figura 182: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Booking.com.

Figura 183: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Booking.com.

Figura 184: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 185: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Booking.com.

Figura 186: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Booking.com.

Figura 187: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Naxya.

Figura 188: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.


78 3.5.2. QUARTOS PRIVATIVOS Os quartos privativos surgem com o objetivo dos hostels atrair um público maior e, geralmente, os quartos privados são quartos de 2 pessoas, ideal para casais, entretanto este número pode variar de 1 até 6 pessoas, acomodando famílias ou grupos de amigos que buscam por maior privacidade. Assim, não há um padrão quanto ao tipo de cama utilizado, podendo ser cama de casal, solteiro ou beliche, variando de acordo com o número de pessoas por quarto. Dos dezenove hostels analisados, quinze oferecem este tipo de quarto, sendo eles: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia), Together Hostel (Pequim, China), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Native Hostels Austin (Austin, EUA), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda), Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia), Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Um ponto em comum entre eles é que todos eles oferecem a opção de quarto privativo com banheiro interno. Portanto, uma característica dos quartos privados é estar integrado a um banheiro. Assim, além do hóspede não dividir o quarto com outras pessoas desconhecidas, também mantém a sua privacidade ao ter um banheiro só para si.

Figura 189: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Booking.com.

Figura 190: Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Booking.com.

Figura 191: Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Booking.com.

Figura 192: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Booking.com.


79

Figura 193: Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fonte: Booking.com.

Figura 194: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Booking.com.

Figura 195: Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fotógrafo: João Morgado. Fonte: Archdaily.

Figura 196: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Booking.com.

Figura 197: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 198: Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Booking.com.

Figura 199: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Booking.com.

Figura 200: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Stayokay Soest / Google+.


80

Figuras 201 e 202: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Booking.com.

Figura 203: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Booking.com.

Figura 204: Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Booking.com.

3.5.3. NÚMERO DE PESSOAS POR QUARTO O número de pessoas por quarto pode variar tanto em quartos privativos como em dormitórios compartilhados, podendo um mesmo hostel oferecer diferentes opções de quarto privativo e/ou compartilhado. Geralmente, quanto maior o número de pessoas em um quarto compartilhado, menor é o custo da estadia. No caso dos quartos privativos, quanto maior o número de pessoas, apesar do custo do quarto ser maior, o seu custo-benefício é mais vantajoso, já que o valor é dividido por mais pessoas, por exemplo, para uma família de 4 pessoas, vale mais a pena financeiramente se hospedar em um quarto para 4 pessoas do que em 2 quartos de 2 pessoas cada. A configuração de quarto que aparece com mais frequência são os quartos que abrigam 2 e 4 pessoas, quinze dos dezenove hostels analisados possuem quartos com esta capacidade de hóspedes. Todos os quartos com capacidade de 2 pessoas são quartos privativos, sendo que a maioria deles possuem camas de solteiro ou casal, apenas o Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) oferecem a opção de quartos para 2 pessoas com beliche. Quanto aos quartos com capacidade de 4 pessoas, foram identificados tanto quartos privativos como quartos compartilhados. Exceto aquele no hostel Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), todos os outros possuem apenas beliche ou realizam a combinação beliche + cama de solteiro ou cama de casal. Tal fato, otimiza o espaço do quarto e, assim, permite que ele comporte este número de pessoas.


81

Figura 205: Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Booking.com.

Figura 206: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Booking.com.

Figura 207: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Stayokay Soest / Google+.

Figura 208: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Booking.com.

Logo após os quartos de 2 e 4 pessoas, os quartos para 6 pessoas são os que surgem com maior frequência dentre os hostels avaliados. A grande maioria deles são quartos compartilhados, entretanto hostels como o Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) e Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) possuem quartos privativos com capacidade para 6 pessoas, estes quartos são denominados pelo próprio hostel como “Quarto Família”, indicando para qual público eles são direcionados. Exceto o Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina), todos os hostels verificados com quartos de capacidade para 6 pessoas utilizam beliches, tendo assim um alto aproveitamento da área do quarto.

Figura 209: Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Booking.com.

Figura 210: Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Booking.com.


82

Figura 211: Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Booking.com.

Quartos com capacidade para 8 pessoas são ainda menos recorrentes. Um ponto em comum entre todos eles é que são quartos compartilhados e todas as camas são beliches. Os quartos com 10 ou mais pessoas são os menos populares, apenas cinco dos dezenove hostels analisados possuem quartos com esta capacidade. Todos eles também são compartilhados e, além disso, todos possuem banheiro externo ao quarto. À exceção do Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), todos possuem beliche. Apesar do quarto do Migliarin Ostello ser um único ambiente compartilhado entre 14 pessoas, ele é dividido em tendas, o que acaba dando uma maior privacidade aos hóspedes. É possível encontrar quartos compartilhados com capacidade para até 24 pessoas, como é o caso do Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão), porém, a sua mobília voltada à individualidade do hóspede, com divisórias e cortinas entre as camas, minimiza a sensação de que há muitas pessoas compartilhando do mesmo ambiente.

Figura 212: Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fotógrafo: Antonio Ravalli Architetti. Fonte: Archdaily.

Figura 213: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fotógrafo: Wison Tungthunya. Fonte: Archdaily.


83 3.6. CONFIGURAÇÃO ESPACIAL Há diversos aspectos de uma arquitetura que influenciam na sua configuração espacial. Portanto, alguns aspectos foram levados em consideração a partir da leitura das plantas baixas e cortes disponíveis de cada projeto analisado. Para uma melhor leitura e identificação dos espaços dos hostels, foi feito um zoneamento das plantas baixas e cortes dando uma cor para cada ambiente, classificando-os entre áreas comuns, quartos, áreas de serviço, banheiros e circulação. Tabela 7 - Análise das plantas baixas e cortes HOSTEL

Setorização funcional por andar

Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã)

Planta baixa estreita e alongada

Simetria

Corredor p/ distribuição dos espaços

Áreas comuns Áreas comuns dispersas concentradas

Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia)

Pavimento tipo

✔ ✔

Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia)

✔ ✔

Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina)

✔ ✔

Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha)

✔ ✔

Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia)

Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda)

✔ ✔

✔ ✔

✔ ✔

Quartos

Áreas de serviço

✔ ✔

Banheiros

Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia)

✔ ✔

Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul)

✔ ✔

✔ ✔

Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão)

Áreas comuns

Native Hostels Austin (Austin, EUA)

Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal)

✔ ✔

Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México)

Migliarin Ostello (Migliarino, Itália)

✔ ✔

Flow Hostel (Budapeste, Hungria)

Banheiros concentrados ✔

Together Hostel (Pequim, China)

Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal)

Banheiros dispersos

Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia)

Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia)

Térreo destinado exclusivamente às áreas comuns

Circulação

✔ ✔

✔ ✔


84

Ground floor plan

2nd floor plan

3rd floor plan

Figura 214: Plantas baixas - Ccasa Hostel (Nha Trang, VietnĂŁ). Fonte: Adaptado de Archdaily.


85

Figura 215: Cortes - Plantas baixas - Ccasa Hostel (Nha Trang, VietnĂŁ). Fonte: Adaptado de Archdaily.


86

Figura 216: Plantas baixas - Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


87

Figura 217: Plantas baixa e corte - Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


88

Figura 218: Planta Baixa - Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Adaptado de Archdaily.


89

Figura 219: Plantas Baixas e Corte - Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 220: Plantas baixa - Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Adaptado de Archdaily.


90

Figura 221: Plantas Baixas - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


91

Figura 222: Corte - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


92

Figura 223: Plantas baixas - Hostal Tosepankali (Cuetzalan, MĂŠxico). Fonte: Adaptado de Archdaily.


93

Figura 224: Plantas baixas - Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Adaptado de Archdaily.


94

Figura 225: Corte - Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 226: Plantas baixas - Unplan Kagurazaka (Tรณquio, Japรฃo). Fonte: Adaptado de Archdaily.


95

Figura 227: Corte - Unplan Kagurazaka (Tรณquio, Japรฃo). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 228: Plantas baixas e corte - Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malรกsia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


96

Figura 229: Plantas baixas - Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.


97

Figura 230: Planta baixa - Comuna Yerbas del ParaĂ­so (El Soberbio, Argentina). Fonte: Adaptado de Archdaily.


98

Figura 231: Plantas baixas - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.


99

Figura 232: Plantas baixas - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.


100

Figura 233: Cortes - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.


101

Figura 234: Cortes - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.


102

Figura 235: Planta baixa - Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Adaptado de Archdaily.


103

Figura 236: Planta baixa e corte - Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


104

Figura 237: Plantas baixas - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Adaptado de Archdaily.


105

Figura 238: Plantas baixas - Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croรกcia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


106

Figura 239: Plantas baixas - Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croรกcia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


107

Figura 240: Plantas baixas - Migliarin Ostello (Migliarino, Itรกlia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


108

Figura 241: Planta baixa - Migliarin Ostello (Migliarino, Itรกlia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


109

Figura 242: Cortes - Migliarin Ostello (Migliarino, Itรกlia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


110

Figura 243: Plantas baixas - Hostel Serra da Estrela (Penhas da SaĂşde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.


111 3.6.1. SETORIZAÇÃO FUNCIONAL POR ANDAR Nos hostels Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) é muito clara a forma como o posicionamento dos ambientes está diretamente ligado ao andar em que ele se encontra. Em todos os hostels citados, o primeiro pavimento e, em certos casos, o mezanino ou terraço, são dedicados às atividades de uso comum, enquanto os outros andares são ocupados por quartos. Desta forma, deixa-se bem claro quais são os locais de partilha entre os hóspedes e aqueles que são destinados ao descanso e maior privacidade dos mesmos. Além de criar uma maior privacidade, distanciar estas duas zonas é também uma forma de impedir que o barulho das áreas comuns possam incomodar os hóspedes que estão dormindo nos quartos.

Figura 244: Plantas Baixas - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 245: Plantas baixas - Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 246: Plantas baixas - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Adaptado de Archdaily.


112 3.6.2. PLANTAS BAIXAS LONGILÍNEAS O que os hostels Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) têm em comum é que todos eles, devido à área do terreno que se encontram, possuem uma configuração mais alongada e estreita. Assim, foi necessário que seus espaços se adaptassem a esta configuração. O Flow Hostel, Nomaps Flashpackers Hostel e Hostel Serra da Estrela, por possuírem uma área mais alongada, definem seus espaços a partir de um longo corredor que vai de um extremo ao outro do projeto servindo de eixo distribuidor que dá acesso a todos os outros ambientes no hostel. Enquanto que o Ccasa Hostel e Bed One Block Hostel se favorecem do seu maior número de pavimentos e optam por uma circulação vertical bem definida de forma que o espaço restante do lote seja utilizado da melhor forma para cumprir com seus objetivos de projeto. Sendo eles, no caso do Ccasa Hostel, a amplitude dos espaços comuns e o aproveitamento da luz natural no projeto através da exploração do pé-direito alto, e, no Bed One Block Hostel, configurar os espaços de forma eficiente para que o hostel ofereça todas as facilidades necessárias abrigando o máximo número de camas possíveis.

Figura 247: Plantas baixas - Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 248: Plantas baixas - Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 249: Plantas baixas - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.


113

Ground floor plan

2nd floor plan

3rd floor plan

Figura 250: Plantas baixas - Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 251: Plantas Baixas - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

3.6.3. SIMETRIA A simetria em um projeto pode ser adotada tanto pela funcionalidade desejada na configuração espacial do edifício quanto por questões estéticas. No Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal), a centralização da circulação e áreas comuns fizeram com que os quartos sejam espelhados e multiplicados diversas vezes, havendo apenas uma repetição de um quarto padrão. O mesmo ocorre com a configuração dos espaços internos do Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), neste caso, porém, o corredor que age como eixo simétrico. Em todos os hostels citados, a simetria encontrada na configuração interna dos espaços reflete em uma simetria também em suas fachadas, tendo assim um valor estético associado. No Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália), ocorre também uma simetria nos espaços, porém apenas em uma determinada área do hostel, mais precisamente nos quartos.


114 EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

Figura 252: Plantas baixas e fachada - Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily. EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

Figura 253: Plantas baixas - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.


115 EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO

Figura 254 e 255: Plantas baixas e foto da fachada - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

EIXO SIMÉTRICO

EIXO SIMÉTRICO EIXO SIMÉTRICO

Figura 256: Plantas baixas - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 257: Planta baixa (3º pavimento) - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Adaptado de Archdaily.


116 3.6.4. PAVIMENTO TIPO Em certos projetos é possível identificar a repetição de um pavimento tipo. Esta solução, além de agilizar o processo construtivo, reduz os custos de projeto, já que áreas molhadas estão sobrepostas e, assim, diminui-se o custo com tubulações hidráulicas. No Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã), o pavimento tipo ocorre pela sobreposição das áreas molhadas e contêineres, onde localizam-se os quartos, e composto pela circulação vertical entre eles. O mesmo ocorre no Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), onde o pavimento tipo ocorre no 2º, 3º, 4º e 5º pavimento e é composto pelos quartos, banheiros e áreas de circulação. O pavimento tipo no Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) ocorre em uma área específica do projeto, justamente onde encontram-se os quartos e banheiros. Percebe-se, portanto, que, geralmente, o pavimento tipo de um hostel comporta os seguintes ambientes: quartos, banheiros e áreas de circulação. Áreas de serviço e áreas comuns não estão inclusas pois não há a necessidade de repeti-las diversas vezes em um mesmo projeto, ao invés disso, concentra-as em um pavimento ou distribui-se diversas áreas comuns e/ou de serviço no projeto, porém com diferentes configurações espaciais e funções.

Ground floor plan

2nd floor plan

3rd floor plan

Figura 258: Plantas baixas - Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 259: Plantas Baixas - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


117

Figura 260: Plantas Baixas - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Adaptado de Archdaily.

3.6.5. CORREDOR Corredores são espaços que têm a função de comunicar ambientes. Geralmente, os arquitetos evitam destinar uma grande área para um corredor por considerarem um desperdício de espaço, portanto, quando necessário, buscam torná-lo o mais eficaz possível. No Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal), o próprio formato longilíneo da planta implica na presença de um corredor longo atravessando de um extremo ao outro do lote. À exceção do Stayokay Hostel Soest, onde as áreas comuns se encontram em um edifício anexo, nos outros projetos, o corredor conecta diferentes ambientes, inclusos quartos, banheiros e áreas comuns. Os hostels Unplan Kagurazaka (Tóquio - Japão), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) e Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia) também optam pelo uso de corredores como meio de distribuição dos ambientes. Os corredores conectam quartos, banheiros, áreas comuns, circulações verticais e, em certos casos, áreas de serviço.

Figura 261: Plantas Baixas - Flow Hostel (Budapeste, Hungria). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 262: Plantas Baixas - Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


118

Figura 263: Plantas baixas - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 264: Plantas baixas - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 265: Plantas baixas (2º e 3º pavimento) - Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 266: Planta baixa e corte - Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


119

Figura 267: Plantas baixas - Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 268: Plantas baixas - Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.

3.6.6. CONFIGURAÇÃO DAS ÁREAS COMUNS As áreas comuns de um hostel são espaços de grande relevância e afetam diretamente a experiência dos hóspedes durante sua estadia. Assim, o seu posicionamento no projeto interfere na forma que este espaço é ocupado. Por exemplo, áreas comuns na entrada do hostel faz deste ambiente um local não só de permanência mas também de passagem, assim, apesar de uma menor privacidade, a sua localização gera mais interações entre os hóspedes, já que o fluxo de pessoas que passam por este ambiente é maior. Além disso, a localização das áreas comuns no térreo é tam-


120 bém uma estratégia, quando abriga algum comércio, para atrair um público externo que não necessariamente está hospedado no hostel. Já áreas comuns localizadas no último pavimento ou longe das áreas de circulação principais fazem deste ambiente um espaço mais isolado, com maior privacidade para os hóspedes. Há também casos de hostels que optam pela concentração das áreas comuns em um ponto do projeto, podendo acolher diversas atividades em um mesmo espaço e outros hostels que optam pela distribuição destas áreas no projeto. Não há uma regra única quanto ao posicionamento destes dentro do projeto, porém, é importante entender que a sua implementação deve estar de acordo com a ocupação desejada para aquele ambiente. No Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã e Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia) optou-se por distribuir as áreas comuns em diferentes níveis, sendo que o térreo abriga um ambiente mais funcional, como refeitório e até mesmo cozinha, no caso do Ccasa Hostel. Já nos andares superiores, por ser um local de menos fluxo, optou-se por criar um espaço comum de relaxamento para os hóspedes, mais informal e descontraído.

Ground floor plan

2nd floor plan

3rd floor plan

Figura 269: Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 270: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


121

Figura 271: Yim Huai Khwang Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

O Native Hostels Austin (Austin, EUA), Unplan Kagurazaka (Tóquio, Japão), Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul) e Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia) também optaram por distribuir as áreas comuns em diferentes níveis. Estes, entretanto, por possuírem atividades de comércio como cafés, restaurantes e bares, têm como principal objetivo com esta distribuição das áreas comuns a diferenciação entre espaços abertos ao público externo e espaços de uso exclusivo aos hóspedes, regulando a privacidade de cada ambiente.

Figura 272: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Adaptado de Archdaily.


122

Figura 273: Native Hostels Austin (Austin, EUA). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 274: Unplan Kagurazaka (Tรณquio, Japรฃo). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 275: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.


123

Figura 276: Mir Guesthouse (Jeju, Coreia do Sul). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 277: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croรกcia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


124

Figura 278: Goli+Bosi Design Hostel (Split, Croácia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

No Flow Hostel (Budapeste, Hungria), Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia), Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina) e Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia), as áreas comuns estão próximas aos quartos e banheiros, não havendo uma aglomeração das mesmas, mas, ao contrário, dispersando-as em cômodos menores pelo projeto. Desta forma, ambientes com diferentes funções estão mais próximos, o que pode ser visto como uma desvantagem, sobretudo por conta do barulho que as áreas comuns podem gerar, mas também gera uma maior comodidade para o hóspede, pois, além de ter mais opções de ambientes comuns, essa proximidade entre ambientes faz com que o hóspede tenha uma área comum a poucos passos de distância do seu quarto. No Flow Hostel e Nomaps Flashpackers Hostel, as áreas comuns estão localizadas em diversos cômodos ao longo do projeto. Já no Dream Hostel & Hotel e Comuna Yerbas del Paraíso, os espaços compartilhados estão integrados às áreas de circulação ou atuam como a própria área de circulação entre os ambientes.

Figura 279: Plantas baixas - Flow Hostel (Budapes- Figura 280: Plantas baixas - Nomaps Flashpate, Hungria). Fonte: Adaptado de Archdaily. ckers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


125

Figura 281: Plantas baixas - Dream Hostel & Hotel (Tampere, Finlândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 282: Plantas baixas - Comuna Yerbas del Paraíso (El Soberbio, Argentina). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Porém, há hostels que optam por concentrar todas as áreas comuns em uma mesma região, como é o caso do Together Hostel (Pequim, China) que, não apenas manteve todas os espaços compartilhados próximos, como os integrou em um mesmo ambiente, tornando-o o ponto central do projeto. O Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México) e Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal) também colocaram as áreas comuns em evidência ao centralizá-las no projeto porém, diferente do Together Hostel, oferecem menos opções de atividades, já que o espaço dedicado à área comum é menor. O Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda) também manteve todas as áreas comuns próximas umas às outras, enquanto os quartos estão concentrados em um edifício anexo. Esta configuração espacial gera uma maior privacidade aos hóspedes, além de evitar incomodá-los com o barulho proveniente das áreas comuns.

Figura 283: Planta baixa - Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 284: Plantas baixas - Hostal Tosepankali (Cuetzalan, México). Fonte: Adaptado de Archdaily.


126

Figura 285: Plantas baixas - Hostel Serra da Estrela (Penhas da Saúde, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 286: Plantas baixas - Stayokay Hostel Soest (Soest, Holanda). Fonte: Adaptado de Archdaily.

O Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal), Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha), Migliarin Ostello (Migliarino, Itália) e Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia) também organizam seus espaços comuns de forma a dar maior privacidade aos hóspedes, procurando distanciar estes espaços dos quartos. Porém, diferente do Stayokay Hostel, a configuração dos espaços ocorre por andar, onde todos os espaços de convivência se concentram no nível térreo, exceto no Adventure Hostel, onde o último pavimento assume esta função. Assim, posicionando quartos e banheiros em um nível e áreas comuns em outro pavimento, delimita-se de forma clara os ambientes de convívio e os ambientes de maior privacidade.

Figura 289: Planta baixa (térreo) - Generator Berlin Mitte (Berlim, Alemanha). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 290: Plantas baixas - Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.


127

Figura 291: Plantas Baixas - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 292: Plantas Baixas - Conii Hostel & Suites (Quarteira, Portugal). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 293: Plantas Baixas - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Adaptado de Archdaily.

3.6.7. BANHEIROS Ao aproximar as áreas molhadas em um projeto, há uma economia nos custos da construção, já que ocorre uma diminuição da quantidade de tubos hidráulicos. Entretanto, dependendo da configuração espacial desejada, da área do terreno, entre outros, nem sempre é possível concentrar os banheiros de um hostel. Pela análise realizada é notável a grande diferença entre o número de hostels que dispersam os banheiros ao longo do projeto e os hostels que os concentram em uma mesma área. Entre os ezenove hostels avaliados, apenas em seis deles é possível identificar que houve uma preocupação por parte do arquiteto em mantê-los próximos. Os hostels que apresentam esta configuração são: Ccasa Hostel (Nha Trang,


128 Vietnã), Together Hostel (Pequim, China), Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia), Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia), Nomaps Flashpackers hostel (Malacca, Malásia) e Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). O ponto em comum entre eles é o fato de que todos possuem quartos compartilhados com banheiros externos, isto permite que os banheiros de um único andar sejam agrupados, em vez de serem distribuidos por quarto. Os hostels que possuem mais de um pavimento buscam, não somente agrupar os banheiros em cada pavimento, mas também sobrepô-los de forma que fiquem alinhados, como ocorre no Ccasa Hostel, Bed One Block Hostel, Adventure Hostel e Nomaps Flashpackers Hostel. Os hostels que optam por colocar banheiros internos aos quartos, sejam eles compartilhados ou privados, geram uma maior comodidade aos hóspedes pela proximidade entre quartos e banheiros, porém, devem arcar com custos maiores no momento da construção do projeto.

Figura 294: Corte - Ccasa Hostel (Nha Trang, Vietnã). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 295: Corte - Bed One Block Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 296: Plantas baixas - Adventure Hostel (Bangkok, Tailândia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 297: Plantas baixas - Nomaps Flashpackers Hostel (Malacca, Malásia). Fonte: Adaptado de Archdaily.

Figura 298: Planta baixa - Together Hostel (Pequim, China). Fonte: Adaptado de Archdaily.


129

Figura 299: Plantas baixas - Migliarin Ostello (Migliarino, Itália). Fonte: Adaptado de Archdaily.

4. CONCLUSÃO Este ensaio revela o relato de uma pesquisa realizada com o objetivo de apresentar diversas organizações espaciais encontradas em hostels e identificar suas variações tipológicas. Buscou-se, primeiramente, identificar as principais características que definem um hostel, reforçando a ideia de coletividade e socialização, sem deixar de lado a atenção dada à individualidade de cada hóspede. Em seguida, procurou-se compreender o surgimento do movimento alberguista no mundo e no Brasil e de que forma ele evoluiu e se profissionalizou, partindo de um negócio familiar e informal para uma forma de empreendimento dentro do setor hoteleiro em um mercado concorrido. Para uma melhor compreensão dos usuários deste tipo de estabelecimento, averigou-se o público alvo dos hostels e identificou-se os jovens mochileiros como principais usuários, apesar de haver uma crescente busca pela ampliação deste mercado consumidor por parte dos donos e investidores dos hostels. Por fim, buscou-se realizar uma análise espacial em diferentes aspectos que dizem respeito à localização e arquitetura de um hostel. Para tal análise, dezenove hostels foram selecionados e avaliados sob os mesmos aspectos sendo agrupados em um mesmo tópico quando encontradas semelhanças entre eles. Desta forma, foi possível identificar as variações tipológicas mais recorrentes sobre diferentes pontos e estabelecer certos padrões.


130 Quanto à localização, constatou-se que a maioria dos hostels se concentram em grandes métropoles e movimentados destinos turísticos, tal fato se deve sobretudo por haver um fluxo maior de pessoas nessas áreas e, portanto, uma maior demanda por opções de alojamento. Pelo fato da maioria dos hostels se encontrarem em grandes cidades, a sua implantação está diretamente relacionada às áreas de interesse turístico na cidade, seja pela sua proximidade com estas áreas ou pela facilidade de um transporte público que conecte o hostel às atividades de interesse dos hóspedes. Quanto à arquitetura do edifício em relação ao seu entorno, não foi possível constatar um padrão exato que se repete, esta arquitetura pode estar tanto integrada como em contraste com a arquitetura do entorno que se insere. Porém, visto que os hostels são acomodações destinadas ao turismo de baixo custo, a sua construção também deve levar em consideração o custo da obra para que o hostel tenha um preço acessível. Assim, foi observado que a maioria dos hostels acabam por reapropriar uma arquitetura já existente, dando um novo uso ao edifício e, assim, reduzindo custos. Portanto, a arquitetura e forma externa de um hostel estão condicionadas ao imóvel em que se encontram e às decisões projetuais do arquiteto. Também foi constatado que geralmente os hostels possuem mais de um pavimento. Tal fato se deve à rentabilidade do empreendimento, já que mais pavimentos significa uma maior área para abrigar mais hóspedes. Vem se tornando uma forte tendência no mercado imobiliário o surgimento de edifícios de uso misto e no caso dos hostels não é diferente. Foi constatado através desta pesquisa que grande parte dos hostels aliam ao uso de hospedagem outros tipos de serviço, sendo que muitos deles apostam no comércio de comidas e bebidas aberto tanto aos hóspedes como ao público externo. Assim, além de ser um investimento que traz um retorno financeiro ao estabelecimento, ele agrega à socialização dos hóspedes e favorece para uma maior integração destes com a comunidade local. De acordo com esta pesquisa, lounge, cozinha e refeitório são as áreas compartilhadas mais recorrentes em um hostel, podendo, portanto, ser consideradas como um padrão tipológico de um hostel no que diz respeito às suas áreas comuns. O átrio, apesar de não ser tão recorrente em hostels, quando encontrado na configuração arquitetônica de um hostel, o utiliza como um ambiente de estar e socialização em menor ou maior escala, dependendo da sua área e disposição no projeto. Terraços, assim como o átrio, não são tão recorrentes, porém também assumem uma função de socialização entre os hóspedes e, quando em uma localização favorável, se tornam um ambiente de apreciação da paisagem que se encontra ao redor do hostel. Quanto aos quartos, é recorrente que um mesmo hostel apresente ambas as opções, quartos compartilhados e privativos. Nos quartos privativos é considerado essencial a presença de banheiros privados e, em sua grande maioria, são quartos que abrigam apenas 2 pessoas e que não apresentam beliche. Já quartos compartilhados geralmente são constituídos por beliches para abrigar um número maior de pessoas, porém não possuem nenhuma outra característica recorrente, já que os banheiros podem ser tanto externos quanto internos, os quartos podem prezar tanto pela ideia do coletivo quanto pela individualidade dos hóspedes e foram identificados quartos que abrigam de 4 a 24 pessoas. O fato da maioria dos hostels apresentarem quartos individuais, gera uma outra tendência na organização espacial dos hostels que é a dispersão dos banheiros, o que leva a uma elevação no custo da obra, já que áreas molhadas dispersas reque-


131 rem uma maior quantidade de instalações hidráulicas. Foram identificadas diversas variações tipológicas quanto à configuração espacial interna dos hostels, sendo elas classificadas em hostels que: organizam suas funções por andar; apresentam plantas baixas estreitas e alongadas; dedicam a área do térreo exclusivamente à áreas comuns; apresentam uma arquitetura simétrica; utilizam pavimento tipo; possuem corredores de distribuição e organização dos espaços internos; têm suas áreas comuns concentradas em uma determinada área do projeto; ou têm suas áreas comuns dispersas. Entretanto, estas variações tipológicas são particulares de determinados hostels, não podendo ser tomadas como um padrão tipológico. Portanto, por meio desta análise foi possível identificar diversas variações tipológicas de hostels e, em determinados casos, estabelecer certos padrões. A partir desta pesquisa, espera-se que as constatações aqui definidas sirvam de apoio e dêem base teórica para a prática projetual de hostels.


132 6. BIBLIOGRAFIA YURI, D. Países pobres lideram crescimento global da indústria de turismo. 20 de Março 2018. [Internet]. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com. br/seminariosfolha/2018/03/paises-pobres-lideram-crescimento-global-da-industria-de-turismo.shtml> WORLD ECONOMIC FORUM. The Travel and Tourism Competitiveness Report 2017. 2017. DINO. Primeiro relatório mundial sobre tendência de hostels mostra que geração “Y” alimenta uma revolução no setor. 11 de Maio 2016. [Internet]. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/primeiro-relatorio-mundial-sobre-tendencia-de-hostels-mostra-que-geracao-y-alimenta-uma-revolucao-no-setor-dino89092644131/> EMBRATUR. Projeto dos Albergues da Juventude. Rio de Janeiro, 1987. TROTTA, J. Educação e correlação. Experiência internacional e regional. Os Albergues da Juventude para jovens e jovens de espírito. Rio de Janeiro, Associação dos diplomados da Faculdade de Educação da UERJ, 1978. TOURISM WESTERN AUSTRALIA. What is a backpacker? Australia, 2008. PEARCE, P. L. The backpacker phenomenon: Preliminary answers to basic questions. Townsville: James Cook University of North Queensland. 1990. TIMOTHY, D. Tourism and the lodging Sector. Chapter 13: Youth Hostels and Backpacker Accomodation. 2009. SILVA, T. M.; KÖHLER, A. F. O mercado de albergues/hostels do Município de São Paulo-Brasil: caracterização e avaliação de estabelecimentos e empreendedores. Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo, vol. 5, n.1, p. 54-78, 2015. KRAUS, E. Das Deutsche Jugendherbergswerk 1909-1933. Programm - Personen – Gleichschaltung. Berlim, 2013. APAJ – Associação Paulista de Albergues da Juventude. História dos hostels. [Internet]. Disponível em: <http://www.alberguesp.com.br/historia.asp> HESSEN JUGENDHERBERGE. Richard Schirrmann – Lebenslauf. [Internet]. Disponível em: <https://www.djh-hessen.de/%C3%BCber_uns/richard_ schirrmann/> GIARETTA, M. J. Turismo da Juventude. Barueri, SP, 2003.


133 HOSTELLING INTERNATIONAL. Hostelling International – Annual Report 2015. [Internet]. Disponível em: <www.hihostels.com> MULLAN. D. Building a bridge of peace to the future from a Christmas trench back in 1915. 24 de dezembro, 2015. [Internet]. Disponível em: <http:// peacequest.ca/don-mullan-schirrmann-and-the-christmas-truce/> FRANCO, A. J. C. O contributo dos voos low cost na expansão dos hostels, na cidade do Porto. 2016. BAHLS, A. A. D. S. M.; PEREIRA, R. M. F. A. Quem é quem nos meios de hospedagem alternativa – Parte I: O perfil dos “hosteleiros” de Florianópolis (SC-Brasil). Revista Espacios. Vol. 38 (Nº 09) Ano 2017. Pág. 29. PHOCUSWRIGHT. REPORT: MILLENNIAL TRAVELERS ARE FUELING A HOSTEL REVOLUTION. 30 de junho 2016. MINISTÉRIO DO TURISMO. Anuário Estatístico de Turismo – 2017. Brasília – DF. Janeiro, 2018. LEWIS, C. T. An Elementary Latin Dictionary. Charleston: Nabu Press. 2010. LEWIS, C. T., & Short, C. A new Latin Dictionary. Oxford: Oxford University Press. 1958. FERREIRA, A. B. D. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004. ARCHDAILY. Together Hostel / Cao Pu Studio. 7 de fevereiro 2018. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/888421/together-hostel-cao-pu-studio>. ARCHDAILY. Ccasa Hostel / TAK architects. 3 de março 2017. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/806398/ccasa-hostel-tak-architects>. ARCHDAILY. Novo Albergue de Ruavieja / Sergio Rojo. 27 de março 2014. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-185333/novo-albergue-de-ruavieja-slash-sergio-rojo>. ARCHDAILY. NOMAPS / DRTAN LM Architect. 20 de abril 2018. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/892842/nomaps-drtan-lm-architect>. ARCHDAILY. Tosepankali Hostel / Proyecto Cafeína. 14 de setembro 2017. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/876691/hostal-tosepankali-proyecto-cafeina>.


134 ARCHDAILY. FLOW Hostel / PRTZN Architecture. 20 de agosto 2017. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/877956/flow-hostel-prtzn-architecture>. ARCHDAILY. Native Hostel and Bar & Kitchen / un.box studio. 2 de agosto 2017. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/876883/native-hostel-and-bar-and-kitchen-uox-studio>. ARCHDAILY. Bed One Block Hostel / A MILLIMETRE. 26 de janeiro 2017. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/803997/bed-one-block-hostel-a-millimetre>. ARCHDAILY. UNPLAN Kagurazaka / Aida Atelier. 10 de outubro 2016. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/796892/unplan-kagurazaka-aida-atelier>. ARCHDAILY. Hostel CONII / Estudio ODS. 26 de junho 2016. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/789909/hostel-conii-estudio-ods>. ARCHDAILY. Adventure Hostel / Integrated Design Office. 11 de janeiro 2016. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/780124/adventure-hostel-integrated-design-office>. ARCHDAILY. Yerbas del Paraíso Commune / IR arquitectura. 21 de abril 2015. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/621289/yerbas-del-paraiso-commune-ir-arquitectura>. ARCHDAILY. Go.mir Guest House / Moon Hoon. 12 de fevereiro 2015. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/596857/go-mir-guest-house-moon-hoon>. ARCHDAILY. Yim Huai Khwang Hostel / Supermachine Studio. 22 de julho 2014. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/527721/yim-huai-khwang-hostel-supermachine-studio>. ARCHDAILY. Generator Berlin Mitte / Ester Bruzkus + DesignAgency. 7 de março 2014. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/483366/generator-berlin-mitte-ester-bruzkus-designagency>. ARCHDAILY. Dream Hotel / Studio Puisto Architects. 16 de fevereiro 2014. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/599502/dream-hotel-studio-puisto-architects>. ARCHDAILY. Stayokay Hostel Soest / Personal Architecture. 4 de junho 2012. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/240155/stayokay-hostel-soest-personal-architecture-bna>.


135 ARCHDAILY. Hostel Golly±Bossy / STUDIO UP. 21 de novembro 2011. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/185306/hostel-golly%25c2%25b1bossy-studio-up>. ARCHDAILY. MiNO, Migliarino Hostel / Antonio Ravalli Architetti. 7 de dezembro 2010. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/93827/mino-migliarino-hostel-antonio-ravalli-architetti>. ARCHDAILY. Movijovem Youth Hostel / ComA. 30 de maio 2010. [Internet]. Disponível em: <https://www.archdaily.com/62004/movijovem-youth-hostel-coma>. AECweb. Empreendimentos de uso misto são solução para problemas de mobilidade urbana. [Internet]. Disponível em: < https://www.aecweb.com.br/ cont/m/rev/empreendimentos-de-uso-misto-sao-solucao-para-problemas-de-mobilidade-urbana_13491_10_0>. CASTELNOU NETO, A.M. A intervenção arquitetônica em obras existentes. Semina : Ci. Exatas/Tecnol., Londrina, v. 13, n. 4, p. 265-268, dez. 1992.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.