TCC Stefany Trojan UFSC CAPS

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CAPS

Uma nova abordagem a saĂşde mental para FlorianĂłpolis


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO

CAPS Uma nova abordagem a saúde mental para Florianópolis

ACADEMICA: STEFANY PAULA TROJAN ORIENTADORA: VANESSA GOULART DORNELES FLORIANÓPOLIS, AGOSTO DE 2016


Agradecimentos A trajetória durante todo este trabalho o curso de Arquitetura e Urbanismo e o que me trouxe a este ponto fora rodeada por pessoas que me deram apoio, e atenção, e muitas vezes um ombro pra chorar. Destre estas uma pessoa que merece um agradecimento especial é minha mãe, esteve ao meu lado me apoiando, e acreditando em mim, até mesmo quando eu mesma duvidava. Me escutou, deu apoio, além da educaçao até aqui. Asos meus professores, que fizeram parte desta trajetória, inspirando, ajudando, fazendo pensar e ref letir. Obrigada a minha orientadora, que dava força e motivação para continuar a trabalhar. Um agradecimento especial a professora Marta Dischinger, por se interessar e orientar mesmo sem obrigação, na vontade de fazer crescer. Um obrigada ao professor Eduardo Wesphal, que já admirava desde que fora emu professor de projeto e que atentou-se ao trabalho, que não contentou-se em participar da pré-banca, se informou e se interessou pelo tema, ajudou e orientou, acreditando e apoiando minhas decisões de projeto, de maneira que me fizesse evoluir sem perder a essencia do que acreditava. Muitos amigos também estiveram do meu lado me apoiando durante todo o percurso da faculdade. Minhas amigas Jaguelines, Bruna Brito, Karla Shutz, Ana Paula Kincheski, Gabriela Drehmer, Luiza Losso, Carla Fracchiola, Laís Garcia, que sempre acreditaram e apoiaram durante todo o percurso e em especial a Luciana Bonetti, que me deu uma ajuda especial neste trabalho, mostrando o quanto a referencia de textos e pronomes são importantes e fazem a diferença. As meninas Angela e Ana Nascimento, que dividiram tantos momentos de trabalho, principalmente deste, dividindo os momentos de angustia e apoiando uma a outra. Ao meu amigo André Santos Souza um super agradecimentopor me ajudar neste trabalho e me mostrar que alguns programas de diagramação não são um bicho papão. Não teria como deixar de fora um enorme obrigada ao meu amigo Tadashi Fujiwara, que além de apoiar, ajudar, ficar do meu lado, não me fazer desistir, escutar as angustias e ainda ter paciencia pra motivar quando o cansaço batia, ao meu parceiro de tantos diferentes momentos, desde trabalhos, conversas, desabafos, festas, um super obrigada. A estes e tantos outros que fizeram parte de algums forma deste processo, muito obrigada.

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Sumário 1.Apresentação 2. Temática 3. Arquitetura e Psicologia do indivíduo 4. Vivencias 5. Referências 6. O Lugar 7. O projeto 8. Conclusao 9. Referencias 10. Anexos

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Apresentação

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1.1

1.1

Introdução

O louco afasta-se da razão, mas pondo em jogo imagens, crenças, raciocínios encontrados, tais quais, no homem da razão. Portanto, o louco não pode ser louco por si mesmo, mas apenas aos olhos de um terceiro que, somente este, pode distinguir o exercício da razão da própria razão. Michael Foucault

O presente trabalho foi elaborado em atendimento a requisito de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e visa o desenvolvimento do projeto arquitetônico do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) - atendimento ininterrupto - às pessoas portadoras de distúrbios mentais, no Município de Florianópolis.

Entre os fatore que impulsionaram este projeto estão: a deficiência do atendimento psicossocial na Grande Florianópolis; a inadequação dos espaços hoje disponíveis diante da própria legislação existente e das necessidades que devem ser dedicadas a estes pacientes, conforme fartos estudos sobre o temaç e ainda a emergência de novas propostas no Brasil e no mundo.

As características do projeto seguiram linhas descritas por estudiosos como Michel Foucault e Nina Raquel Soalheiro, e principalmente pelos requisitos mínimos exigidos na legislação vigente. Também foram de fundamental importância as visitas aos CAPS, através das quais pôde-se levar em consideração os relatos dos profissionais e dos próprios pacientes. O projeto buscou dar conta da complexa demanda deste tipo de instituição, prevendo um espaço para uma recepção aconchegante, que transmita confiança ao primeiro contato, e espaços mais individualizados e;ou utilitários para a atividade de triagem, consultórios, refeitórios para pacientes e visitantes, espaços de terapias, balcão para distribuição de medicamentos, oito leitos para internações e espaço mais reservados para os profissionais. Desta forma, pretende-se abordar não só o tratamento, como também a prevenção e quebra de estigmas e preconceitos que existem em torno do tratamento a pacientes com transtornos mentais. Para tal, temos como premissa que a arquitetura pode intermediar ou auxiliar no tratamento, possibilitando um ambiente que promova não só o tratamento, como é preconizado hoje, como também inserção destas pessoas à vida social da cidade/comunidade, como forma de tratamento. Além ainda da intenção de proporcionar à cidade um ambiente restaurador, que atue como integrador social e convide as pessoas a conviverem e viverem a cidade.

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1.2

Motivação A empatia pelo tema antecede o ingresso na faculdade de arquitetura. Sempre me interessei pela psicologia e pela inf luência da arquitetura no psicológico do sujeito, na vivência do mesmo, na cidade e nos costumes sociais. Além da ligação anterior com a temática, no decorrer da graduação, amigos passaram por transtornos mentais e necessitaram de tratamento em instituições do gênero. Em visita à tais instituições, tive a impressão de serem espaços segregados, impessoais e de controle extremo, parecendo-me inadequadas para recepcionar os pacientes nos momentos de maior fragilidade. Próximo ao início do projeto, o relato de um amigo que ficara internado em uma instituição de reabilitação pelo uso de drogas, trouxe ainda a ref lexão sobre como a rotina, o espaço físico e o convívio inf luenciavam diretamente na sua recuperação. A partir de então, sensibilizei-me ainda mais à questão no contexto da nossa cidade e aos silenciamentos em relação ao tema em diversos níveis. Sendo assim, optei neste trabalho por buscar entender um pouco mais da problemática e como a arquitetura e urbanismo pode ou não inf luenciar na mesma. Como a arquitetura poderia ser uma aliada para melhora de vida tanto dos que sofrem de alguma questão relacionada a saúde mental, como para a sociedade como um todo, desmistificando o tema e quebrando preconceitos.

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1.3

Justificativa Nossa sociedade hoje é assolada com uma crescente problemática ao abuso de drogas, remédios psicoativos, pessoas transtornadas. Números estampam capas de jornais e revistas. Reportagens abordando o tema passam em diversos meios. Todavia, isto é apenas um sintoma do que vivemos em nossa sociedade. Ignoramos nossos problemas, por falta de tempo, por preconceito, por vergonha. Muitos acreditam ser uma fraqueza demonstrar sentimentos, ou ter algum problema psicológico. Focamos apenas no trabalho, nos resultados, não damos importância ao ser, à nossa vivência e individualidade. Apenas julgamos. Isto faz com que nossa sociedade fique cada dia mais doente. As doenças tomam uma proporção grande por falta de atenção e nossas cidades deixam de ser protagonistas do viver e passam a ser coadjuvantes do produzir. Escondemos em nós e em nossas cidades os problemas. Os queremos longe. Criando grandes paredes de preconceitos, de crenças que são ainda parte estruturante da nossa cultura. Vive-se, hoje, um momento de luta, de ressignificação ao tratamento mental no Brasil e no mundo. A intenção de quebrar estes conceitos criados pela sociedade de que o louco, o não produtivo, deve ser isolado, separado, preso. Pretende-se uma reinserção, uma ressignificação, e assim como no discurso da luta, isto se ref lete na arquitetura e urbanismo, em como moldamos nossas cidades e sociedade.

Entende-se que melhorar a qualidade do ambiente de tratamento psicossocial é agregar à instituição mais um instrumento de combate a estes estigmas e de experimentação e reinvenção ao que se faz ao tratamento hoje, colocando a arquitetura a serviço da transformação social e da qualidade de vida. Sendo assim, pretende-se com este trabalho criar um espaço de tratamento onde o usuário sinta-se estimulado e capaz de vivenciar a cidade em meio à sociedade, vencendo seus medos, angústias e anseios e, principalmente, pretende-se trazer a realidade destes ao convívio da cidade, para que se tenha uma sociedade mais compreensiva, pois o problema maior não é o “louco” não saber conviver em sociedade e sim a sociedade não saber conviver com o “louco”.

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1.4

1.5

Objetivos

Metodologia 4 - ANÁLISE

1.4.1 OBJETIVOS GERAIS

1 – LEITURAS E PESQUISAS

Apresenta-se como objetivo geral deste trabalho a proposição, através do espaço projetado, de tratamento e inclusão social de pessoas que sofrem de transtornos mentais, desconstruindo preconceitos e iniciando uma nova dinâmica social para a valorização da pessoa, suprindo a demanda municipal de atendimento a este público.

Após o levantamento foi feita uma análise Leituras relacionadas ao tema, a história, as lutas, as formas de tratamento, as diferentes da área, contextualizando sua relação com instituições responsáveis, assim como normas o entorno e a cidade, suas características, seus condicionantes e suas potencialidades. e informativos relacionados ao mesmo. 2 - VIVÊNCIA

Propor um projeto de maneira a Visitas a locais de tratamento, conversas com quem já passou ou passa por algum tipo considerar os mapas de intenções, sensações, de tratamento relacionado à saúde mental, e sentimentos, trajetos, eixos, assim como mater as diretrizes entre a tectônica entrevistas com profissionais da área. arquitetônica e as conclusões das análises 3 - RECONHECIMENTO de vegetação, topografia e gabaritos.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Como objetivos específicos, visa-se promover a requalificação do espaço de atendimento psicossocial em Florianópolis, com enfoque na pessoa, de maneira a: • Estender o espaço de tratamento na cidade hoje, avaliando sua efetividade para que, a partir disto, possa-se propor ou melhorar, através do espaço construído, o tratamento psicossocial na cidade; • Fomentar a discussão acerca da qualidade dos espaços de tratamento psicossociais como espaços de experiência, vivência e tratamento, propondo ambientes capazes de atrair e informar aqueles que precisam de atenção psicossocial na cidade;

5 - DIRETRIZES

• Ampliar o atendimento das instituições para a cidade como um todo, como ponto de interação, convívio e atendimento à saúde da cidade, como espaço restaurador, de fomentação de cultura e lazer, atendendo as demandas locais e valorizando os espaços perante a mesma;

A partir da escolha do local de inserção de projeto, foi realizado o levantamento de dados do mesmo, visitas ao local e seu entorno, consulta e execução de mapas de reconhecimento e vivência de ambiências do local pretendido para o projeto.

6 - PROPOSTA Elaborar um projeto arquitetônico que vise contemplar todas as potencialidades do local, assim como atender ao máximo as necessidades dos usuários, levantadas nos estudos e análises descritos acima.

• Afastar a rigidez, a padronização e institucionalizações de espaços de saúde, dando suporte espacial ao tratamento personalizado.

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Temรกtica

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2.1

2.1

Histórico

No Brasil, e no mundo, primeiramente, ocorreu um processo de isolamento e encarceramento do louco ao longo da história. Em um segundo momento, a partir de um novo contexto político-econômico-ideológico, o encarceramento passou a ser visto como um problema, e assim iniciou-se o movimento antimanicomial brasileiro, seguindo os rumos da história da psiquiatria mundial. 2.1.1 HISTÓRICO DA LOUCURA NO MUNDO E O PRECONCEITO NELA ENRRAIZADO A forma de lidar com a loucura ao longo dos tempos teve inconstantes evoluções (e involuções), de acordo com as crenças sociais de cada período. Porém, mais importante que a história pura e seca ou a busca por uma verdade, é a forma como a entendemos e como lidamos com ela hoje em dia. Nem sempre em nossa sociedade a figura do louco teve uma conotação negativa. Na Grécia Antiga a loucura era vista como um privilégio. Filósofos como Sócrates de Platão ressaltavam a existência de um forma de loucura tida como divina, “era através do delírio que alguns privilegiados podiam ter acesso a verdades divinas”. Todavia, esta leitura foi se modificando. Ainda na Antiguidade Clássica, os loucos passaram a ser enviados à embarcações ou para mercantes que os aceitassem, visando evitar sua circulação na sociedade. Do Antigo Regime até os dias atuais

Grande enclausuramento e isolamento disseminado na Europa funcionou como estratégia para retirar do convívio social todos os que, por causas diversas, encontravam-se a margem da sociedade. Esses grupos eram formados por mendigos, leprosos, aleijados, loucos e todos aqueles que fossem necessários ocultar por significarem ameaça a ordem social. (DESVIAT, 1999 apud SIDRIM 2012, p21). O hospício original não tinha como prática a aplicação de qualquer espécie de tratamento. Seu grande objetivo era proporcionar um espaço destinado a reclusão de pessoas marginais (AMARANTE et al., 1995, p24 apud SIDRIM, 2012, p. 22) Nessa época os loucos eram locados nos antigos leprosários que, com o controle da doença, foram substituídos pelos doentes venéreos e por fim utilizados como manicômios, locais distantes e isolados do convívio social (FOUCAULT, 2010).

É evidente que o internamento, em suas formas primitivas funcionou como um mecanismo social, e que esse mecanismo atuou sobre uma área bem ampla, dado que se estendeu dos regulamentos mercantis elementares ao grande sonho burguês de uma cidade onde imperaria a síntese autoritária na natureza da virtude. Daí a supor que o sentido do internato se esgota numa obscura finalidade social que permite ao grupo eliminar os elementos que lhes são heterogêneos ou nocivos, há apenas um passo. O internato seria assim uma eliminação espontânea dos a-sociais”. (FOUCAULT, 2010a, p. 78)

excluidos, e torna objeto da psiquiatria. Em meados de 1880, Sigmund Freud começa sua jornada no estudo da psicanálise e tratamento psíquico, dando início a uma vasta gama de teorias que até hoje perduram no assunto, apesar de muitos rebaterem e criarem estas teorias, como Yung e tantos outros, que sugerem diferentes modos de ver a loucura, suas causas e tratamentos.

Outro grande nome, pensador da temática, todavia na área da filosofia, fora Michel Foucault, que dedicou-se ao estudo da população e suas interações. Na pesquisa de assuntos referentes ao sujeito e poder, tratou a loucura como mais um contexto social do No contexto dos movimentos iluminista que meramente uma doença. e do racionalista, do século XVII, observaDesde a alta Idade Média, o louco é aquele se o reconhecimento da dade do “louco” cujo discurso não pode circular como o enquanto um sujeito marcado pela perda dos outros: pode ocorrer que sua palavra da racionalidade humana. Busca-se então seja considerada nula e não seja colhida devover racionalidade ao “louco” e para isso […] Jamais, antes do fim do século XVIII, ele passa a ser separado do grande grupo de um médico teve a ideia de saber o que era dito (como era dito e porque era dito) nessa palavra [do louco] que, contudo, fazia diferença” (FOUCAULT, 2010b, p. 10-11) Muito se falou da voz do louco e de sua segregação da sociedade. Contudo, apesar dos estudos e textos destes e outros pensadores do assunto, a imagem negativa e marginalizada do “louco” perdura até hoje e em todo o mundo. Ainda há quem tenha vergonha de mostrar seus parentes com algum tipo de transtorno mental. Também encontramos pessoas que deixam de procurar tratamento antecipadamente por vergonha, por ser um problema visto como algo a ser colocado à parte da sociedade, isolado de seu convívio.

No séc XVII, a Europa vivia o declínio dos impérios ibéricos, um grande número de conflitos internos e externos, além de baixas colheitas devido a mudanças climáticas e a peste negra. Neste contexto, segundo Maria Ifigênia Sidrim (2010), populariza-se a prática da clausura.

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2.1

2.1

Contexto na Europa e nos EUA Segundo Sidrim (2012), as críticas ao modelo manicomial e manifestaram rapidamente nos Estados Unidos quando no contexto da Guerra do Vietnã, quando houve um brusco crescimento do uso de drogas pelos jovens, o aparecimento de gangues, o movimento “beatnick”, enfim, uma serie de indícios de profundas conturbações no nível de adaptações da sociedade e da cultura, da política e da economia. Para a autora, o período pós Segunda Guerra Mundial foi decisivo para a construção de alternativas assistenciais que marcaram a psiquiatria contemporânea. Começa-se a questionar a influência da assistência e as péssimas condições a que os internos eram submetidos na estrutura asilar existente. Dentre as varias manifestações que ocorreram na Europa e nos Estados Unidos, salienta-se:

O movimento antimanicomial no nosso país é marcado pela reivindicação desinstitucionalização. A criação de novos dispositivos que propiciem a assistência e a reinserção dos pacientes na sociedade é a base do movimento que defende a criação centros de saúde mental para todas as regiões da cidade. Prevendo-se o atendimento a pacientes sem família, cooperativas de trabalho para inserção dos pacientes no mercado de trabalho e serviços diagnóstico e tratamento, com a possibilidade de hospitalidade noturna.

2.1.2 NO BRASIL No Brasil, o tratamento mental não foi por um caminho muito diferente do que se passou na Europa e Estados Unidos a partir da idade média. Os loucos eram presos nos manicômios, submetidos a tratamentos desumanos e muitos dos internos eram internados sem realmente ter um problema grave, e acabavam por se institucionalizar ou piorar seus quadros devido aos tratamentos submetidos nessas instituições1.

1.Comunidade Terapêutica (Inglaterra) e psicoterapia institucional (França) que visavam a reforma psiquiátrica, restrita ao âmbito asilar;

Austregésilo Carraro Bueno foi um grande incentivador da luta antimanicomial no Brasil, reivindicando os direitos daqueles que passam por tratamento e a atenção às suas famílias, atuando em prol daqueles que precisam de amparo e que lutam pela desinstitucionalização e dignidade de vida e tratamento adequado.

2.Psiquiatria de setor (França) e psiquiatria comunitária e preventiva (EUA) que buscavam a superação da ideia de o espaço asilar ser o único local de tratamento a investir alternativas comunitárias e regionalizadas, embora reservassem ainda ao hospital papel necessário de tratamento; e

A Reforma Psiquiátrica, no Brasil, baseou-se no modelo Italiano, do início da década de 70, questionando a forma asilar e propondo novas alternativas de cuidado. “[...] a psiquiatria brasileira surgiu numa época onde a higiene publica era um dos fatores mais importantes para o crescimento, segurança e embelezamento das cidades” (REIS, 2013, p.26).

3.Antipsiquiatria (Inglaterra) e movimento de desinstitucionalização (Itália) propuseram ruptura absoluta com os modelos anteriores. Tais movimentos colocaram em cheque conceito de doença mental, formas de intervenção e tratamento existentes, e propunham completa extinção dos hospitais psiquiátricos. (SIDRIM, 2012, p.23)

A seguir, elencamos2 em ordem cronológica fatos marcantes da nossa historia da saúde e cuidados mentais que levaram a criação dos CAPS.

No filme “Bicho de sete cabeças”, baseado na bibliografia de Austregésilo Carrano Bueno (Canto do Malditos), vemos o exemplo de uma história próxima à realidade de muitos dos internos que passaram por essas instituições. Austregésilo foi um grande incentivador da luta anti-manicomial no Brasil. 1

Tendo como base o trabalhos de Reis (2013) e consulta ao artigo “A Reforma Psiquiátrica no Brasil” disponível no site da Fiocruz, acessado em 30 de julho de 2016. 2

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2.1

2.1 1987

LINHA CRONOLÓGICA 1830

Foi inaugurado o primeiro hospício brasileiro, o hospício Pedro II. Até 1881, a Igreja assumiu a direção;

1852 - 1890

Até 1920

Foi fundada a Liga Brasileira de Higiene Mental no Rio de Janeiro. Tratava-se de uma visão sobre a loucura que a considerava doença hereditária;

A Comissão da sociedade de medicina do Rio de Janeiro diagnosticou a situação dos ``loucos da cidade``, os quais passam a ser considerados doentes mentais e merecedores de um espaço social próprio para sua reclusão e tratamento;

Ocorreu a ampliação da estrutura asilar no Brasil através de colônias para alienados que utilizavam o trabalho como terapia de tratamento;

1923

1830 - 1950

O modelo privatista (iniciado em 1960) e hospitalocêntrico tornou-se inviável para manter a estabilidade financeira que, ao inicio da década de 1980, o Estado vêse obrigado a adotar novas politicas no setor da saúde.

Déc 1070

Foram formadas associações de usuários e familiares, como a “Loucos pela Vida” de São Paulo e a Sociedade de Serviços Gerais para a Integração Social pelo Trabalho - Manifesto de Bauru que lutou e ainda luta pelos direitos destes internos.

Meados da década de 80

1976

A psiquiatria intensificou o uso das técnicas como o eletroconvulsoterapia, o choque insulínico, as lobotomias. Em 1950, surgiram os primeiros neurolépticos.

Consolidando o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA)13, é realizado o 1º Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, em Salvador, Bahia. Neste encontro, foi elaborada a carta sobre os direitos dos usuários e familiares aos serviços de saúde mental. De acordo com Soalheiro (2003), é necessário para a mudança um conjunto de estratégias que exigem iniciativas políticas, jurídicas, culturais que criam, possibilitam e marcam a presença da loucura na cidade;

A Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013, instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para as pessoas em sofrimento psíquico decorrente de transtorno mental, uso de álcool e outras drogas, como espaço de cuidado de porta aberta, primando pela liberdade e cidadania.

É criado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em São Paulo, o CAPS Itapeva.’

1993

2001

2011

É aprovada Lei 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, priorizando a reinserção social e substituição dos manicômios por modelos de atendimento mais humanizados.

Foi promulgada a Constituição do Centro Brasileiro de Estatuto da Saúde e do Movimento de Renovação Médica, que já foi um grande passo para início das mudanças no tratamento mental, muito disto fundamentado nos exemplos e constituição italianos.

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2.2

2.2

Tratamento mental hoje

2.2.1.1 ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E SUAS DEFINIÇÕES As intervenções em saúde mental não devem ficar restritas à cura de doenças, mas possibilitar a troca e compartilhamento de conhecimentos para a produção da saúde, e melhorias nas condições e modos de vida das pessoas na comunidade.

2.2.1 ESTRUTURA NACIONAL A partir da grande luta nacional por um tratamento melhor à saúde mental, incluindo os efeitos do álcool e outras drogas, foi montada uma estrutura que abrange diversos serviços e equipamentos, intitulados como RAPS - Rede de Atenção Psicossocial. ‘’A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) tem como finalidade a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as principais diretrizes da RAPS, é importante destacar: • Respeito aos direitos humanos, garantindo a • Desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção autonomia e a liberdade das pessoas; de autonomia e ao exercício da cidadania; • Promoção da equidade, reconhecendo os • Desenvolvimento de estratégias de Redução de determinantes sociais da saúde; Danos; • Combate a estigmas e preconceitos; • Ênfase em serviços de base territorial e • Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, comunitária, com participação e controle social ofertando cuidado integral e assistência dos usuários e de seus familiares; multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; • Desenvolvimento da lógica do cuidado para • Atenção humanizada e centrada nas necessidades pessoas com sofrimento ou transtorno mental, das pessoas; incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013, p. 5) Apesar de toda a ideologia estruturante nacional, a RAPS acontece a nível municipal, com atendimento conjunto com os equipamentos do município de acordo com suas demandas específicas.

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em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial (BRASIL, 2011).

Constituem-se como um lugar de referência e de cuidado na comunidade, promotor de saúde e que tem a missão de A RAPS atualmente é composta pelos garantir o exercício da cidadania e a inclusão Centros de Convivência e Cultura; social de usuários e de seus familiares. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); “Tem por finalidade promover atenção Unidade de Acolhimento (UA); Serviços integral aos portadores de transtornos Residenciais Terapêuticos (SRT); e os mentais severos e persistentes, leitos de atenção integral (em hospitais desenvolvendo práticas clínicas que gerais e nos CAPS III). Contam ainda lhes permitam viver em comunidade, com programas junto a atenção básica ter acesso ao trabalho, lazer e direitos (NASF - Núcleo de Apoio a Saúde da civis.” (BRASIL, 2004) Família), programas de consultório na rua e estratégias de reabilitação psicossocial. Por ser unidades responsáveis para Faz parte ainda da política nacional, o promover a assistência e reinserção programa de Volta para Casa, que oferece dos usuários, o CAPS deve oferecer bolsas para pacientes egressores de longas diferentes tipos de atividades terapêuticas internações em hospitais psiquiátricos. A como: atividades comunitárias, oficinas atividades artísticas, seguir, com base no Manual de Estrutura terapêuticas, Física dos Centros de Atenção Psicossocial orientação e acompanhamento do uso e Unidades de Acolhimento (BRASIL, da medicação, atendimento domiciliar 2013) e nas diretrizes elencadas no Saúde e aos familiares, psicoterapia individual Mental, Álcool e Outras Drogas (SANTA ou em grupo (BRASIL, 2005), além de tratamento multidisciplinar CATARINA, 2015), apresentamos um esboço oferecer de como se configuram os equipamentos com psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, institucionais de atendimento psicossocial. assistentes sociais, nutricionistas, clínicos gerais e terapeutas ocupacionais. CAPS - Centro de Atenção Psicossocial Os CAPS têm papel estratégico na Os CAPS, nas suas diferentes articulação da RAPS, tanto no que se modalidades, são pontos de atenção refere à atenção direta visando à promoção estratégicos da RAPS, fornecendo serviços da vida comunitária e da autonomia dos de saúde de caráter aberto e comunitário usuários, quanto na ordenação do cuidado, constituídos por equipes multiprofissionais, trabalhando em conjunto com as AB/ESF que atuam sob a ótica interdisciplinar e e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), realizam prioritariamente atendimento às articulando e ativando os recursos existentes pessoas com transtornos mentais graves em outras redes, assim como nos territórios. e persistentes e/ou com sofrimento ou Atualmente existem 2.382 CAPS em transtorno mental em geral, incluindo aquelas com necessidades decorrentes todo o Brasil. do uso de crack, álcool e outras drogas,

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2.2 UA - Unidades de Acolhimento Local reservado para internações necessárias em momentos de surto, após uma triagem pelo primeiro atendimento nos CAPS ou outras instituições adequadas, além dos hospitais psiquiátricos, instituída pela Portaria GM/MS n. 121, de 25 de janeiro de 2012.

2.2 Programas de Volta para Casa e Estratégias de Reabilitação Psicossocial O primeiro “De volta para casa” é um programa de inserção social para pessoas acometidas de transtornos mentais, egressas de longas internações, através de pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial.

O segundo é uma gama de ações de trabalho comunitário reintegrador ao contexto social, capaz de dar nova significação individual e social para Os SRTs constituem-se em modalidade as pessoas acometidas pelo transtorno mental e assistencial substitutiva da internação também para suas famílias. psiquiátrica prolongada (Portaria Os atuais projetos voltados para o modelo nº.3.090/2011) e constituem-se em residências terapêuticas alternativas de de reabilitação psicossocial têm focado quatro moradia para um grande contingente de aspectos: moradia, trabalho, família e criatividade pessoas que muitas vezes, por não contarem (lúdico/artística). com adequado suporte familiar ou da Quadro informativo dos serviços ligados a saúde comunidade, estão internadas há anos mental e seus pontos de atenção de acesso: em hospitais psiquiátricos. Já temos 620 residências terapêuticas em todo o país. SRT - Serviço Residencial Terapêutico

MODALIDADES DOS CAPS Os CAPS estão organizados nas seguintes modalidades: CAPS I: Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

CAPS AD: Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno.

Indicado para Municípios ou regiões Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 15 de saúde com população acima de 150 mil habitantes. mil habitantes. CAPS II:

CAPS ADIII:

Atendimento semelhante ao CAPS I, Atende adultos, crianças e adolescentes, todavia apenas a adultos. considerando as normativas do Estatuto Indicado para Municípios ou regiões da Criança e do Adolescente, com de cuidados clínicos de saúde com população acima de 70 mil necessidades contínuos. Serviço com no máximo doze habitantes. leitos para observação e monitoramento, de funcionamento 24 horas, incluindo CAPS III: feriados e finais de semana. Atendimento semelhante ao CAPS II, Indicado para municípios ou regiões com entretanto proporciona ainda, serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte população acima de 150.000 habitantes. e quatro horas, incluindo feriados e finais CAPSi: de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de Atende crianças e adolescentes que saúde mental, inclusive CAPS AD. apresentam prioritariamente intenso Indicado para Municípios ou regiões sofrimento psíquico decorrente de de saúde com população acima de 150 transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de mil habitantes. substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

Indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes.

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2.2

2.2

2.2.1.2 TIPOS DE TRANSTORNOS ATENDIDOS O tema das doenças mentais, ainda que não totalmente desmistificado, gera muito interesse na sociedade. O jornalismo pautou a questão em diversas oportunidades. Neste trabalho, reproduzimos os trechos mais pertinentes de uma reportagem do portal de notícias G1.

As doenças psiquiátricas mais comuns na população são a depressão e os transtornos de ansiedade. Segundo o médico do departamento de psiquiatria da Unifesp Adriano Resende Lima, aproximadamente 10% das mulheres e 6% dos homens vão ter um episódio depressivo ao longo da vida. “Hoje a depressão é o segundo maior problema de saúde pública no mundo, de acordo com dados da OMS [Organização Mundial da Saúde]. É importante a população saber que transtornos depressivos e ansiosos são comuns e causam grande impacto”, explica o psiquiatra. Os transtornos ansiosos são: pânico, com incidência de 3,5% na população; e o transtorno de ansiedade generalizada, com 3,4%. A esquizofrenia é uma doença considerada rara, que afeta 1% da população. Há duas linhas complementares de tratamento para os transtornos mentais comuns: o farmacológico, com remédios, e o psicoterapêutico, com diferentes tipos de terapia. Para a depressão e ansiedade geralmente são ministrados antidepressivos, que variam de acordo com a natureza do caso. (G1, acesso em 30/07/2016 - Reportagem “ Conheça as doenças mentais mais comuns e saiba onde procurar ajuda”)

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2.2.1.8

2.2.1.3 DEMANDA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO BRASIL De acordo com a reportagem, os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, ao menos 20% da população mundial. Apesar de mudanças, especialistas na área consideram a rede de atendimento público ainda insuficiente. “Faltam investimentos e faltam Caps. Também faltam unidades básicas de saúde com capacidade para atender os transtornos mentais. É preciso uma política nacional que realmente olhe para o problema de forma abrangente e forneça recursos” (G1, acesso: 30/07/2016), diz o psiquiatra Marcel Higa Kaio, diretor técnico do Caps Itapeva, à reportagem mencionada anteriormente. Em 2011, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, transtornos mentais são a segunda causa dos atendimentos de urgência. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de 2006 realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Marília, no interior de São Paulo, mostrou que 16% dos pacientes atendidos apresentaram transtornos mentais e do comportamento. (G1, acesso: 30/07/2016) Em levantamentos em 2011, no Brasil, 23 milhões de pessoas (12% da população) necessita de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões de brasileiros (3% da população) sofrem com transtornos mentais graves e persistentes.

Hoje no Brasil um dos maiores problemas com relação ao tratamento da saúde mental, que vem crescendo a cada dia, são os transtornos ocasionados pelo uso excessivo de drogas, que acabam por trazer diversos outros problemas socais e, apesar de diversas iniciativas e ações do governo, o problema não pare de aumentar a cada dia em nossa sociedade. Esta constatação foi confirmada não somente através de conversa com uma funcionária da secretaria da saúde, mas também percebemos tal situação através da importância a que se da ao tema nas mídias e em novos tratamentos ou pontos de atendimento. Um levantamento em Limeira, no interior de São Paulo, apontou que 51% dos atendimentos no CAPS são usuários de entorpecentes, e no ano passado, os atendimentos no CAPS já haviam registrado aumento de 31% em relação a 2014 (G1, acesso: 30/07/2016) De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, apesar de a política de saúde mental priorizar as doenças mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, as mais comuns então ligadas a depressão, ansiedade e a transtornos de ajustamento.

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2.2.1.4 UMA OUTRA VISÃO A PROBLEMÁTICA DO ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS Em 2015, o escritor e jornalista britânico Johann Hari publicou um livro em que relaciona o problema da sociedade com este problema social do uso de drogas, o “Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs”. Este mesmo, publicou um texto comentando sobre sua jornada e pincelando a problemática geral. Nele, faz algumas relações entre o vício nas drogas e esta doença social por assim dizer. O texto de Hari relata um experimento feito com ratos que mostra didaticamente como funciona e o porque do crescente aumento no vício em drogas em nossa sociedade. A conclusão da experiência foi que o problema não são as drogas em si, mas sim a fala de convívio social, interações interpessoais, o que faz com que o individuo não crie laços e se refugie nas drogas. Hari traz também o exemplo dos soldados na guerra do Vietnã, onde cerca de 20% dos soldados ficaram viciados em heroína. Mas ao voltarem a sua boa via, 95% largaram o vício. Além de diversos outros exemplos e constatações de que a droga não é a causa e sim a solução. Por isso a dificuldade de largar o vício, pois não se trata simplesmente do vício em si, mas a falta de conexão, seja consigo mesmo, com outro, ou até mesmo com a sociedade. É neste contexto que reside a importância do trabalho dos RAPS e CAPS. É parte de um instrumento de conexão das pessoas em diversos parâmetros, sendo, de acordo com Hari, o modo mais eficiente de evitar o aumento no número de casos de abusos de álcool e outras drogas.

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2.2

2.2.2 ESTRUTURA MUNICIPAL 2.2.2.1 DEMANDA DA CIDADE De acordo com o censo de 2010, a Grande Florianópolis tinha uma população de 1.027.271 (Plano Operativo Estadual de Saúde Mental 2012 - 2015 - Região 18 - Grande Florianópolis, da Secretaria do Estado de Saúde do Estado de Santa Catarina). Com base nas projeções dos resultados de pesquisa de Teixeira (1998), a região apresentou estimativa de ocorrência de pacientes com algum tipo de transtorno conforme quadro abaixo (condizente com as estatísticas internacionais):

2.2 Possivelmente vários pacientes compreendidos nestes percentuais podem apresentar sintomas avulsos na forma de queixas esporadicamente, demandando atenção primária momentânea, sem contudo considerar a hipótese de transtorno mental, e para tanto aproveitam consultas agendadas para outras finalidades, ou marcarão consultas específicas. Uma fração delas solicitará algum tipo de atenção psicossocial maior e repetida, por parte da rede básica, onde serão diagnosticadas e atendidas. Esta fração pode ser estimada, na região, em torno de 82.600 possíveis utentes do sistema, para o ano de 2012. Destes, cerca de 8.100 provavelmente serão encaminhados para avaliação acurada ou para cuidados de especialistas em saúde mental (psicólogos, psiquiatras ou terapeutas ocupacionais). Certamente um número bem menor será portador de problemas crônicos graves, que requeiram seguimento longo, continuado ou vitalício, caso funcionem os mecanismos de contra-referência. A distribuição dos casos, segundo categorias nosológicas, estão dispostas na próxima tabela.

A Portaria GM/MS no. 148, de 25 de janeiro de 2012, preconiza um leito para cada 23.000 habitantes, o que representaria, para a região, 44 leitos em hospitais gerais. A região, contudo, é a capital da unidade federativa e é o maior polo de atração de todo o Estado. Casos psiquiátricos complexos e refratários chegam a até aqui para investigações e pareceres, avaliações, perícias e até mesmo para tratamento, como centro de referência. Portanto apresenta um crescimento populacional superior a média nacional.

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2.2

2.2 O Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mediante convênio firmado desde 2003 com a Residência Médica da Secretaria de Estado da Saúde mantém um ambulatório de psiquiatria de boa qualidade.

2.2.2.2 ESTRUTURA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM FLORIANÓPOLIS

Foi proposto a implantação de 53 leitos de atendimento mental mais voltados ao uso de álcool e outras drogas, sendo 30 leitos para São José, 16 leitos infantojuvenis e 07 para adultos na cidade de Florianópolis, todos locados em Hospitais comuns, de acordo com o Plano Operativo Estadual de Saúde Mental 2012 - 2015.

Temos hoje na cidade de Florianópolis quatro unidades CAPS em funcionamento. Sendo dois CAPS AD em funcionamento e um AM finalização. Um CAPS II e um CAPS I.

Os 07 leitos para adultos na cidade de Florianópolis, locados no Hospital Universitário, funcionarão como retaguarda à emergência, visando manter um tempo de permanência máxima de 72 horas.

CAPS ad Continente Estreito CAPS I - Agronômica

CAPS ad - Jardim Atlântico CAPSi Centro

De acordo com o último senso realizado no ano de 2010, Florianópolis tem uma população com cerca de 420 mil habitantes, com estimativa para chegar a 460 mil no ano de 2014. Para cidades com população acima de 150 mil habitantes, de acordo com o Manual de Ambientes da Secretaria da Saúde, é indicado o CAPS III, com atendimento mais completo. Todavia o município ainda não possui este equipamento. Atualmente, são complementares aos CAPS os ambulatórios especializados de psiquiatria, que suprem parte da carência de consultas. A região conta ainda com um ambulatório capaz de prestar atenção a problemas de saúde mental, vinculado aos Cursos de Medicina e Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), em Palhoça, e com

CAPS ad Ilha - Pantanal

o Hospital Regional Homero de Miranda Gomes, público estadual, em São José, que atende precariamente a região. Locais de apoio a tratamento psiquiátrico na grande Florianópolis:

‘’A estimativa de uma prevalência anual de necessidade de internação psiquiátrica, ao redor de 0,2%, implicaria numa população de 1.620 utentes na região. Num conjunto de 53 leitos, poder-se-ia fazer 135 internações por mês, incluindo as emergenciais e as observacionais breves, de curta duração. Isto implicaria uma média de 2,5 internações por leito, por mês. A média geral de permanência no hospital, se mantida em 12 dias, cobriria plenamente as necessidades.’’ (PLANO OPERATIVO ESTADUAL DE SAÚDE MENTAL, 2012)

Aqui fica a crítica ao sistema proposto à implantação dos leitos, podendo ser suficientes para a demanda de emergências de álcool e outras drogas, todavia em atendimento hospitalar, institucionalizado, sem o preparo e abrangência que se propõe em unidades de CAPS. A proposta de implantação de leitos podem atender as demandas de emergências de vítimas de abuso de álcool e drogas, porém não há preparo para suprir a necessidade do atendimento que deve ser oferecido num CAPS. Atualmente, apenas o município de Florianópolis possui unidades de pronto atendimento de 24 horas (UPA), com duas unidades habilitadas e recebem custeio regular do Ministério da Saúde - elas dispõem de atendimento psicossocial 24h para atendimento emergencial, todavia não são especializadas em atendimento mental. Uma sala de atendimento e de observação psiquiátrica de alto nível está sendo planejada, num trabalho conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis e a Universidade Federal de Santa Catarina, na Emergência do Hospital Universitário da UFSC. Ela impor-se-á na prestação de serviços regionais e na formação de estudantes, inclusive como um dos cenários para a residência médica em psiquiatria e a residência interdisciplinar em saúde mental, ambas da Secretaria de Estado da Saúde - ainda não instaurada.

• Instituto São José Ltda - ala de psiquiatria • Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina - Colônia Santana • Hospital Colônia Santana - Colônia Santana • Hospital Caridade psiquiatria

-

unidade

de

• Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago - laboratório psiquiátrico

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2.2

2.2

A implantação de unidades de atendimento proposta para a região da Grande Florianópolis está assim distribuída: 2.2.2.3 A ESCOLHA. UMA UTOPIA PARA A CIDADE? O Brasil vem apresentando um crescimento abrupto no consumo de ansiolíticos, antidepressivos e outros, nadando contra a maré, tentando remediar os efeitos sem contudo repensar as causas, que muitas vezes acaba agravando mais o quadro daqueles que poderiam ter os sintomas abrandados com simples práticas cotidianas.

No município de São José há três serviços residenciais terapêuticos mantidos pelo Estado e nenhum, mas a região não dispões de nenhum residencial terapêutico mantido por municípios. Atualmente em Florianópolis os CAPS tratam os pacientes em geral, tanto os dependentes químicos como os portadores de transtornos mentais, como se portadores de doenças hormonais tratáveis com remédios, sem análise ou psicanálise (conversas e terapias).

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Nestas instituições os indivíduos são estimulados a interagir com pessoas nas quais muitas vezes não possuem afinidade, desrespeitando as características particulares de cada interno. Em tais “instituições totais”, a “mortificação do eu” pode resultar em “desculturamento” que significa perda dos hábitos e costumes derivados do contexto socioeconômico anterior a institucionalização, tornando o indivíduo incapaz de enfrentar os aspectos da vida diária. Savi (2008), caracteriza estas instituições totais como ”estufas para mudar pessoas”, para se moldarem aos parâmetros sociais.

Da mesma forma, nas instituições, o tema da institucionalização é abordado de maneira a expor a realidade dos tratamentos que agravam o problema pela “mortificação do eu”, tema também abordado por Foucault como “disciplinarização”, através do controle disciplinar da atividade humana E esta é a realidade que constatamos bastante forte, onde o paciente é restrito de em visita ao CAPS Ponta do Coral. Sendo liberdade e tem seu espaço pessoal limitado. assim, a partir dos estudos realizados, concluimos que o ideal para a cidade seria a Nas instituições não tratamos diferente. implementação de um CAPS III, com uma No trabalho de pós-graduação em real atenção ao indivíduo, ao tratamento arquitetura, da aluna Aline Eyng Sava multidisciplinar, humano, fugindo dos (2008), o tema da institucionalização é padrões institucionais de leitos hospitalares abordado de maneira a expor a realidade de e tratamentos frios que temos hoje. nossos tratamentos. Em nossas instituições de tratamento, segundo a autora, agravamos Agregado a esta instituição, propõe-se a o problema pela “mortificação do eu”, instalação de um Centro de Convivência tema também abordado por Foucault e Cultura, com trabalhos em conjunto como “disciplinarização”. Há um controle ao CAPS, promovendo a interação com a disciplinar da atividade humana bastante sociedade, estimulando a reinserção social forte, onde o paciente é restrito de liberdade dos usuários a mesma, como também e e tem seu espaço pessoal limitado. principalmente a informação desta como forma de dissociação do preconceito perante Como exposto no trabalho de Goffman a ‘’loucura’’, trazendo o tema ao meio social (1996), as obrigações dentro destas e para a vivência da cidade. instituições ou até mesmo sociais acabam por refletir em uma perda da sensação de escolha pessoal. Outro fator bastante forte nos tratamentos é a ausência dos bens, que tem uma relação bastante forte com a identidade pessoal.

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Arquitetura e Psicologia do indivĂ­duo

3


3.1

Conceito de ambientes restauradores e sua relevância AMBIENTES relação de um sujeito com o ambiente está E SUA relacionada às ações inerentes ao individuo e aos parâmetros de informação oferecidos pelo ambiente. Sugeriram como fatores promotores A partir da década de 1980, as pesquisas sobre de restauração, as etapas: fascinação, ambientes restauradores ganharam maior afastamento, extensão e compatibilidade. visibilidade, sugerindo este termo a partir de teorias propostas por Rachel e Stephen Kaplan A fascinação está ligada a atenção e Roger Ulrich (GRESSLER; GUNTER, 2013). involuntária, podendo ser de intensidade moderada, voltada a estímulos esteticamente Uma gama de pesquisas e estudos sobre agradáveis, permitindo a capacidade de ambientes capazes de provocar ou amenizar reflexação. Ou a fascinação aguçada, o estresse nos indivíduos começaram a relacionada a atenção às atividades como ser divulgadas e alguns preceitos foram se assistir a um evento esportivo, por exemplo. moldando. Passou-se a estudar o “apego ou desapego ao lugar, identidade e significado Afastamento envolve a possibilidade do lugar, ambientes calmos ou estressantes” geográfica e/ou psicológica de se estar (GRESSLER; GUNTER, 2013). afastado do contexto usual, contexto que permita a promoção de mudança de nossos Na teoria da recuperação psicofisiologia pensamentos cotidianos. ao estresse proposta por Ulrich, enfatiza-se a percepção visual e estética de certos ambientes Extensão seria o conceito de ambiente físico à resposta afetiva associada. Ulrich defende que permite uma exploração e interpretação, que a exigência ligada ao excesso de tomada mantendo interação com o mesmo, sem de decisão pode levar ao estresse, resultando provocar tédio durante um período de tempo. em emoções negativas, mudanças negativas Um ambiente rico, seria aquele que dá margem do sistema fisiológico e aumento da atenção à futura exploração. A compatibilidade refere-se de vigilância (automática). ao suporte que o ambiente dá ao seu propósito e às possíveis ações no ambiente. Apesar de Ambientes físicos, visualmente prazerosos, diversos aspectos, um ambiente restaurado podem auxiliar na redução do estresse. é percebido como um todo, em que todos os Além disto, considerou-se alguns aspectos elementos estão relacionados de forma coerente. da natureza também capazes de promover a recuperação psicofisiológica ao estresse, A questão da agressividade é tema corrente como a água e a vegetação, principalmente dentro dos CAPS, seja pela dificuldade dos gramados e árvores. Os resultados desta usuários em expor suas questões, ou seja pelo pesquisa sugerem que “apenas um vislumbre estresse do dia-a-dia. No artigo “Ambientes da natureza pode possibilitar a recuperação do restauradores: Definições, histórico, abordage estresse” (GRESSLER; GUNTER, 2013). e pesquisas” (GRESSLER; GUNTER, 2013), relaciona-se a agressividade com o estresse, Já Stephen e Rachel Kaplan, apesar de podendo agravar as situações. Defende-se, estudarem a mesma temática propõem uma no trabalho, que aquelas pessoas com maior teoria um pouco diferente da restauração da contato com ambientes naturais apresentam atenção. Para os autores a qualidade da inter- menor grau de agressividade e estresse. 3.1 CONCEITO DE RESTAURADORES RELEVÂNCIA

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3.1 Destacou-se ainda a importância da exposição Um exemplo de tais estratégias seria o a luz do sol, com benefícios fisiológicos e uso de portas deslizantes que permitam psicológicos positivos comprovados. fechamento ou abertura dos ambientes, tendo-se escolha no nível de privacidade, Acredita-se que o significado de controle de iluminação. Opções de escolha experiências restauradoras provém da inter- de diferentes ambiências dão ao individuo relação dos componentes físicos e sociais, a sensação de controle, empoderamento e e pode ser caracterizado por diferentes dignidade perante a arquitetura habitada. dimensões afetivas. Os espaços devem ainda, além de Com relação às diferentes preferências possibilitar os recantos individuais, estimular pessoais e à aparência do lugar, Galindo e encorajar a conversa e a convivência, e Hidalgo (2005) demonstraram que uma vez que estudos mostraram a eficácia os atributos estéticos não afetam a destes espaços na redução do sentimento categorização de um local como atrativo de ansiedade, isolamento, dor e melhora na ou pouco atrativo. É o fator restaurador qualidade de vida. do local que afeta a sua categorização como um local atrativo ou pouco atrativo Ressalta-se ainda a importância da (Purcell, Peron, & Berto, 2001, apud exposição a luz solar, como já mencionado, GRESSLER; GUNTER, 2013). que aumenta a serotonina do indivíduo, reduzindo o estresse, ansiedade. A importância dos jardins é afirmada no estudo (KRUMP; NORDLING, 2012), enquanto 3.2 COMO A ARQUITETURA pequenos recantos em contato com a natureza INFLUENCIA NO TRATAMENTO E como ambientes restauradores e promotores PERCEPÇÃO DO SER. de socialização, com contato a natureza. De acordo com artigo “Supporting the psychosocial needs of cancer patients through desing”, (KRUMP; NORDLING, 2012), em tradução livre “Apoio as necessidades psicossociais dos pacientes com câncer através de desing”), que considera ainda as necessidades de pacientes de câncer, o ambiente é um fator decisivo ao tratamento para pessoas com algum tipo de sofrimento mental. “Olhar para o suporte das necessidades do paciente significa olhar para suas necessidades de vulnerabilidade. Dignidade, privacidade e empoderamento.” (KRUMP; NORDLING, 2012, p.3 - tradução livre). O design do espaço construído pode proporcionar ao paciente sensações de que este está no controle da situação, muitas vezes oposto a sua realidade. Podem ser utilizadas estratégias na conformação da edificação, para que o individuo tenha a sensação de poder de escolha, controle, privacidade, reduzindo seu sentimento de vulnerabilidade.

Discorre-se ainda sobre a importância dos espaços terem uma leitura fácil aos pacientes, de modo a não proporcionar estresse aos mesmos, tendo uma entrada bem demarcada, caminhos cobertos e facilidade de compreensão dos trajetos realizados dentro da edificação, com identidade visual de sinais claros para se indetifucar os caminhos com facilidade. Outro aspecto levantado em estudo de caso, no artigo de Krump e Nordling (2012), fala da presença de obras de arte coloridas e inspiradoras ao longo das passagens, com histórias de sobreviventes, fornecendo esperança e inspiração àqueles que estão em tratamento. De forma que ex-pacientes tenham expostas suas obras nos CAPs.

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Vivencias

4


4.1

Estudos de caso 4.1.1 CAPS PONTA DO CORAL O acesso ao CAPS Ponta do Coral (CAPS II) situado no Bairro Agronômica em Florianópolis, não foi dos mais fáceis. Conforme me foi informado, atualmente o atendimento é prestado através de agendamento pela secretaria da saúde, e só posteriormente é permitido o acesso ao local pelos usuários.

4.1 4.1.1.1 ANÁLISE DO LOCAL No acesso ao local, a primeira impressão é negativa pois não há preocupação de integração do ambiente com a cidade. Embora o CAPS esteja localizado em uma região nobre, com muitas opções de acesso de transporte público, a edificação localizase aos fundos do acesso de outras edificações públicas, de maneira que mesmo de divisando com a avenida Beira Mar Norte e um centro esportivo, encontra-se escondida pelo mato e muros no seu entorno, resultando em pouca percepção do estrutura dentre os que

transitam nas proximidades. Esta situação teve uma pequena alteração com a construção do corredor de ônibus da Avenida Beira Mar, porém não há acesso através desta. Em contrapartida, a própria vegetação ao redor da edificação e os recantos que elas formam tornam-se pontos de encontro para os usuários para interação e integração, nos momentos que antecedem as atividades profissionais promovidas nos tratamentos. ‘

O reconhecimento fora feito através de visita junto à turma de psicologia da disciplina de Esquizologia da UFSC, acompanhado pelo o professor responsável Marcos Eduardo Rocha Lima. Na oportunidade, a dinâmica de grupo fora uma oficina de teatro, uma das atividades utilizadas na promoção do tratamento dos pacientes.

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4.1

4.1

O ambiente do CAPS Ponta do Coral é bastante impessoal, como pode ser percebido pelas fotos. Foi constatado a presença de produções artísticas dos usuários, no ambiente, na tentativa de se apropriarem do lugar, mas ainda de forma bem inexpressiva se em comparação com outros espaços como o Hospital da Loucura, do Rio de Janeiro, ou o projeto “Madlove: A Design Asylum”.

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4.1 Logo na entrada, há uma recepção, parecida com uma recepção de um posto de saúde, com cadeiras de plástico enfileiradas, acompanhadas de uma mesa a frente, ocupada por um recepcionista, e um guarda próximo. A pintura é de cores claras e sóbrias, com predominância do branco. Por ser uma casa antiga, sua disposição lembra mais um pequeno labirinto. Para chegar à pequena sala de teatro, passamos por algumas salas sequenciais, exceto uma que lembrava mais um grande corredor, com disposição de pequenas saletas para atendimento individual, uma pequena sala de convivência onde são expostos artesanatos, obra de um dos pacientes que usava sua arte na tentativa de ensinar os outros pacientes, e também com a intenção de vender para seu sustento - de acordo com informações prestadas no local -, um pequeno refeitório com espaço aproximado para umas dez pessoas, por fim mais um corredor que desemboca na sala de teatro, tudo predominantemente branco.

4.1 Na sala onde são realizadas as atividades interativas, o espaço é insuficiente para acolher todos os interessados. Com a impossibilidade da entrada de todos os usuários e estudantes, os mesmos permanecem do lado de fora da porta, amontoados, ficando apenas como expectadores. Estas limitações de espaço resultam na supressão de parte das dinâmicas, além de limitar os movimentos e expressões do grupo. Foi neste ambiente que se consegue perceber mais claramente a integração entre pacientes e psicólogos, onde, não só os pacientes mas também os profissionais da saúde se libertavam de certas amarras sociais e soltavam ares, gritos e palavras livremente. Expressavam-se. Além da insuficiência do espaço, o local não dispõe de armário para guarda de materiais, o que acarreta em um amontoado de coisas, parecendo mais um grande depósito, improvisado como sala de aula.

As grades nas janelas marcavam o enclausuramento, que em conjunto com as A organização espacial é um pouco confusa, paredes todas claras e piso branco, davam um com corredor servindo como sala para algumas ar de uma instituição controlada e padronizada, atividades e exposição de trabalhos, e os sem espaço a individualidade ou expressão. trajetos lembram mais labirintos, dificultando Apesar de todas as deficiências, havia uma a localização dos ambientes para quem visita o expectativa latente pela alegria de se ter aquele local pela primeira vez, além da edificação não espaço para a livre expressão, falar, viver nesse estar adaptada às pessoas com dificuldades de ambiente mais livre, onde a liberdade de ações locomoção, mesmo sendo uma instituição que daquele momento transcendessem a falta do atende um alto índice de pacientes portadores espaço físico e permitissem o livre movimento. de necessidades especiais.

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4.1

4.1.2 CAPS JOINVILLE (CAPS III) A visita ao CAPS Joinville foi das mais esclarecedoras para o trabalho. Dispendi uma manhã inteira junto da coordenadora da unidade, conhecendo e questionando sobre o espaço.

A casa é rodeada por jardins, de forma que esta paisagem torna-se presente no dia a dia dos usuários, os quais podem realizar atividades tanto nas varandas, quanto nas áreas externas sempre que possível, apesar do terreno ter muitas partes lodosas, o A casa encontra-se em uma rua calma, que impede mais atividades na grama, muito próxima ao centro da cidade, muito conforme informado. bem localizada e foi adaptada a instalação do CAPS. Mantém características de uma típica Como o CAPS Florianópolis, o espaço casa residencial, com a identificação através físico da unidade é insuficiente. As áreas de placa na frente e possui grande circulação de circulação são apertadas e as pessoas e permanência de pessoas no pátio. se esbarram nas passagens, além da insuficiência de áreas de estar de qualidade A recepção no local foi muito diferente para a quantidade de pessoas que ali são da encontrada em Florianópolis. O CAPS atendidas diariamente. em Joinville se mostra aberto a quem quiser entrar, com o acolhimento na As refeições são servidas na varanda aberta, fachada frontal, facilitando para quem espaço destinado ao refeitório. Conforme busca atendimento quando se necessário. informado, o CAPS Joinville atende hoje cerca de 240 pessoas ao longo da semana. São Há um guarda em frente que visa mais servidos cerca 50 cafés da manha, 45 almoços, o atendimento e a segurança do lugar que 45 cafés da tarde, 20 jantares e 29 ceias. Há impedir a saída dos pacientes. Apesar de usuários que permanecem no CAPS apenas haver controle no portão, os usuários têm no período da manhã, outros apenas no certa liberdade de entrada e saída e, para a período da tarde e alguns o dia todo, além das maioria, a permanência ali é uma opção. De hospitalidades noturnas, que são os pacientes maneira que o CAPS torna-se um ambiente que permanecem no CAPS por 24 horas, democrático, onde o usuário é ativo em ficando internados em média uma semana. seu tratamento, tendo plena liberdade de escolha perante suas atividades.

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4.1 Dentre as necessidades da hospitalidade, foi-me informado da necessidade de armários para os usuários, para que estes possam ter seu espaço individual garantido. Foi salientado a importância de quartos coletivos, exceto em casos bastante atípicos, para evitar que os pacientes fiquem sozinhos, visando evitar ocorrências de suicídios nos casos de pacientes com esta tendência. No banheiro há a necessidade de espaço maior no vazo e um grande box adaptados, pois alguns pacientes necessitam de auxilio para usar o sanitário e tomar banho. Uma usuária que acompanhava a visita comentou a necessidade de cortina, pois toda vez que alguém tomava banho molhava todo o banheiro, já que o local não dispunha de um box adequado, para dar espaço aos usuários que necessitam de acompanhamento. Por todos ambientes foi observado a presença de artes, cartazes informativos e placas, feitos pelos próprios usuários e funcionários, dando vida ao local. Apesar disto os consultórios ainda são bastante impessoais e um pouco frios, com pinturas monocromáticas e claras. A disposição das cadeiras e das mesas para atendimento médico ou psicológico ainda são bem tradicionais.

Outra forma de inserção é o estímulo a participação nas atividades de serviços do CAPS, como auxílio para disposição de louças e pequenos serviços, porém nunca tratados como uma obrigação. Os murais de atendimento são setorizados por cores, onde cada um pode ver sua região e o profissional responsável pela mesma, com nomes de f lores. Estes estavam dispostos na sala do ócio, sala destinada a não se fazer nada, munida com televisão e sofás, dando-se importância especial a este ambiente principalmente porque após o horário do almoço são distribuídos colchonetes pelo chão, onde os usuários possam dormir, visto que os pacientes sentem muito sono, inclusive devido aos medicamentos, semelhante ao que ocorre no CAPS Ponta do Coral. Porém, esta sala também é insuficiente para o número de usuários.

Junto a sala do ócio encontra-se a enfermaria e a sala de medicamentos. Ressaltase a conveniência da proximidade entre elas pela facilidade ao acesso aos medicamentos pelos pacientes. Nesta sala, encontra-se instruções de uso e as doses certas, apesar da necessidade de um espaço de concentração para a contagem destes medicamentos, o Há o cuidado de que os profissionais controle dos mesmos e a divisão previa as não tenham salas marcadas, dispondo doses certas para cada usuário. o espaço organizado por placas de livre ou ocupado, para tentar fugir do modelo Há também uma sala de artes muito institucionalizado e não instaurar a relação pequena para a demanda, limitando-se ao de posse e poder pelos profissionais, uso de poucos usuários por vez, além da falta criando assim uma circulação entre de espaço para guardar o material de artes. profissionais e usuários livre e f luida. Há Não há uma lavanderia na unidade, desta ainda uma sala onde acontecem as sessões de terapia em grupo. No dia da visita havia forma foi necessário reservar um espaço para cerca de quinze pessoas em uma sala de de expurgo, onde as roupas são armazenadas cerca de 5x7m, de forma a não comportar para coleta e lavagem em outro local, tendo de maneira ideal a quantidade de pessoas e no lugar apenas um tanque para atender a demanda do dia-a-dia. atividades nela realizadas.

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4.1 O ambi ente como um todo foi adaptado com pequenas rampas para vencer os degraus de acessos aos ambientes, visto que muitos dos usuários tem dificuldades de locomoção em consequência tanto das suas doenças, quanto do estado de confusão que são acometidos pelo uso dos medicamentos. O espaço destinado aos funcionários fica no segundo andar, subindo uma escada estreita ao lado da sala de ócio. Percebi que um ponto positivo de sua localização é a possibilidade de se obter um controle visual das atividades que ocorrem no pavimento inferior, podendo-se observar as dinâmicas que ali ocorrem. Há uma sala munida com uma grande mesa de reuniões onde ocorre a maior parte da convivência, das atividades e reuniões, além das refeições. Nas paredes deste ambiente existem murais informativos dos casos tratados no local, para que todos possam ficar informados de mudanças nos tratamentos de usuários que necessitam de uma atenção maior.

4.1 O espaço necessita de uma sala separada para a administração, pois são recebidas muitas ligações ao longo do dia, além de um espaço destinado a coordenação geral do mesmo. Foi possível perceber um grande esforço e força de vontade por parte dos funcionários na atenção ao melhor atendimento e tratamento aos usuários. Sempre muito atenciosos, apesar das dificuldades do dia-a-dia. Tocou-me profundamente a humanidade que presenciei, pela atenção dispensada ao próximo, pelos cuidados, pela vontade de mudar apesar do espaço físico não ser o ideal. Há um esforço constante de se dar o melhor atendimento possível, compensando com a atenção, enfeites, alegria e nos pequenos detalhes, vivendo cada dia com intensidade e atenção. Além da atenção que me foi dispensada, foi-me permitido gravar uma entrevista de esclarecimento sobre alguns pontos de atenção do CAPS, em parte acima descritas além da descrição do local. Entrevista completa em anexo.

A copa também é bem pequena para os 38 funcionários públicos que trabalham em diferentes turnos, sendo a maioria diurno, além dos funcionários terceirizados, responsáveis pela segurança e limpeza.

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Pessoais 4.2.1 RELATO DE PROFISSIONAIS

4.2.2 PRESENÇA DA FAMÍLIA

Ao longo do processo muitos profissionais agregaram à pesquisa, esclarecendo dúvidas e trazendo informações.

A coordenadora do CAPS Joinville salientou que ainda existe uma grande resistência por parte de muitos familiares na participação do tratamento dos usuários. Contudo, em visitas a ambos os CAPS percebi uma falta de espaço físico voltado a estes. No primeiro caso, CAPS Ponta do Coral, há apenas a recepção/espaço de espera, que não é nem um pouco convidativa. No segundo, há apenas um banco onde no dia da visita estava uma mãe de usuário fazendo um bordado enquanto aguardava seu filho em consulta, muito desconfortável e com pouco espaço e exposta as intempéries do tempo.

Dentre eles destaco o professor Jeferson Rodrigues, da Enfermagem da UFSC, que sempre se mostrou aberto a conversar e tirar dúvidas sobre o assunto e foi quem conseguiu o contato para a visita ao CAPS Joinville. Outro contato importante foi a psicóloga Julia Malaguti, que trabalha em um CAPS no Rio de Janeiro, e relatou exemplos de tratamentos dedicados no Rio de Janeiro, no Hospital Nise da Silveira, exemplificado nas referências a seguir, e além da própria coordenadora do CAPS Joinville, alguns outros profissionais, como psicólogos, professores e outros profissionais em conversas na universidade. No geral, muito se falou do preconceito acerca deste tema, não só dentre a sociedade, mas inclusive entre os próprios profissionais, tendo diversas linhas de pensamento, de tratamento, envolto a muita polêmica, do preconceito da sociedade, da vergonha dos próprios usuários e familiares por falta de conhecimento, tanto de sua vivência como de sua capacidade. Nas conversas, muito se falou sobre a importância do usuário se sentir parte de algo, de o CAPS ser um espaço destinado a estes já que há poucos espaços assim na sociedade, da necessidade de se criar um vínculo de pertencimento, como também da importância do lúdico, da expressão, da arte e da importância da liberdade de expressão e fala dos usuários. Depoimentos estes que apenas corroboraram com todas as informações obtidas através das leituras realizadas, assim como as diretrizes e princípios do que deve ser o tratamento mental.

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Há ainda o depoimento da mãe de um usuário de uma unidade de acolhimento que relatou-me que os encontros de apoio com outros pais de internos ocorriam no espaço físico de uma escola, com atenção de um psiquiatra e um psicólogo, em reuniões de ajuda mútua e conversas de esclarecimentos. Isso me fez perceber que a falta de participação dos familiares se dá um pouco pela falta de espaços destinados a estes, perdendo-se um grande aliado no tratamento aos usuários. Não há espaço melhor que o CAPS para acolher esta demanda, pois este familiares são de extrema importância no tratamento dos pacientes, assim como se faz necessário esclarecer a importância do problema, bem como o acompanhamento e o apoio aos mesmo que sofrem junto com seus familiares.

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ReferĂŞncias

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Referências de atendimento 5.1.1 TRATAMENTO NA ITÁLIA A Itália foi uma das pioneiras em um tratamento diferenciado aos doentes mentais, impulsionada principalmente por Franco Basaglia, psiquiatra italiano com forte presença na história da luta antimanicomial no país. A partir da Lei nº 180, de 1978, foi possível a criação de cooperativas com a participação de até 30% de seus associados com históricos psiquiátricos, com boa aceitação social, não só por estar inserido nos ideais da reforma psiquiátrica, como também pela cultura cooperativista ser difundida na Itália desde o inicio do século.

espaço de inserção destas pessoas outrora excluídas, mas que ali são acolhidas e se tornam cooperados de forma apropriada, e muitas vezes assistida, com apoio aos mesmos. Assim o usuário vai se construindo como pertencente a sociedade com espaço dentro da divisão social do trabalho.

Esta trajetória incentivou a produção do filme “Se puo fare” (2008), “Se pode fazer”, em tradução livre. O filme retrata como foi a trajetória e inserção deste tipo de iniciativa na Itália, sendo um filme bastante esclarecedor sobre o modo de como se faz o trabalho junto a estas pessoas, com informação, compreensão e aos poucos estes As cooperativas se mostraram diferentes e podem surpreender e demostrar habilidades distantes do que eram os espaços de exclusão além das esperadas, surpreendendo por sua dos manicômios, por se constituírem como vontade e criatividade.

As cooperativas sociais são constituídas com o objetivo, não mais ‘terapêutico’, isto é, rompendo com a tradição da terapia ocupacional, mas de construção efetiva de autonomias e possibilidades sociais e subjetivas. Por um lado, o trabalho nas cooperativas surge como construção real de oferta de trabalho para pessoas em desvantagem social para as quais o mercado não facilita oportunidades. Por outro, surge como espaço de construção de possibilidades subjetivas e objetivas, de validação e reprodução social dos sujeitos envolvidos em seus projetos AMARANTE (1997, p. 176)

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5.1.2 HOSPITAL PSIQUIÁTRICO NISE DA SILVEIRA - HOTEL DA LOUCURA Na cidade do Rio de Janeiro, Zona Norte, dispomos de um belo exemplo de instituição de tratamento mental. O Instituto Nise da Silveira, um dos maiores símbolos pela luta contra a internação forçada, conta hoje com 5.000 m², com atividades voltadas principalmente à arte, como pintura, escultura, teatro e dança. Dentro das instalações foi criado ainda o Museu de Imagens do Inconsciente, inaugura do em 1952, locado dentro do próprio instituto. Junto ao Instituto, ocupando o terceiro andar, local que antes abrigava uma enfermaria que fora abandonada, está situado o Hotel da Loucura, que funciona desde 2012. “Lá, artistas, pesquisadores e médicos podem se hospedar para conviver com pacientes ainda internados por problemas psiquiátricos. O objetivo? Promover não apenas uma reflexão cultural e científica sobre o tema da loucura, mas também acabar com o estigma da doença mental.” (REVISTA GALILEU, acesso em: 30/07/2016) De acordo com a reportagem, a instituição tem por base convívio entre pessoas e não o tratamento de doentes. No documentário Hotel da Locura - Gênese (2013), sobre o Instituto, o médico psiquiatra Vitor Pordeus ainda complementa que o objetivo do trabalho ali realizado é de devolução da dignidade do ser humano, como defendia a Dra. Nise, com diálogos, construção conjunta e afeto catalizador. A seguir, elencamos algumas falas do psiquiatra no documentário que os ajudam a pensar na temática.

“A cura é a ausência de preconceito, o que cura é afeto incondicional.” Nise da Silveira

“O hotel da loucura é a busca pela construção de um lugar que seja capaz de acolher, permitir que as pessoas se manifestem, que dialoguem, que encontrem um lugar que poca dialogar sem medo, que possam se enlouquecer sem medo, possam se colocar sem medo”

“o teatro é uma excelente maneira de trabalhar porque quanto mais desenvolve o ator o controle sobre si próprio, o controle sobre seu discurso, controle sobre seu gesto, que é capaz de colocar seu conteúdo pra fora, os conteúdos de seus personagens, os conteúdos das pessoas que estão trabalhando com você, que você ajuda elas a se expressar, menos medicamento você vai precisar.” “quando pergunta, a arte cura? claro que cura. se arte não curar o que vai curar? se a arte não for capaz de colocar o ser humano em debate, de colocar o ser humano em movimento, revelar novas coisa, revelar novas imagens, novas possibilidades, trabalhar a memoria, a historia, os conteúdos da pessoa, isso que a arte faz, isso que o teatro faz, isso que a musica faz, que a dança faz, pra isso que elas existem.” Vitor Pordeus, médico psiquiatra

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5.1.3 ESTUDO DE AMBIÊNCIA DE CONSULTÓRIO Como seria uma enfermaria projetada pelos pacientes? Esta pergunta foi o que incentivou a pesquisa “Madlove: A Designer Asylum” desing asilar do artista britânico e ativista James Leadbitter.

Um exemplo é a torre de resfriamento com um toque humorístico da cela acolchoada, que permite a privacidade da pessoas para gritar e se isolar em seu momento de expressão.

Através de workshops junto a pacientes, psiquiatras, arquitetos e designers, sobre o que seria um espaço atraente para o tratamento mental, distanciando-se das configurações institucionais.

Há também um móvel que abriga uma pequena biblioteca com intenção de manter a saúde mental integrada, com um armário debaixo da escada que é usado como armazenamento ou como refúgio temporário.

Entre março e maio de 2015, uma versão do projeto fora exposta na Fundação de Arte e Tecnologia Criativa em Liverpool, Inglaterra, criado com o apoio do Wellcome Trust em colaboração com o British Psychological Society. O espaço foi desenvolvido com a ajuda de designer de arquitetura James Christian e Benjamin Koslowski, um designer e Ph.D. pesquisador da Royal College of Art de Londres. Leadbitter chamou-lhe “Um espaço lúdico e emocionante para redesenhar loucura, uma tentativa utópica em que um hospital de saúde mental poderia ser assim” (SLATE’S DESIGN BLOG, acesso em 30/07/2016).

Uma mesa de boas-vindas inclui garrafas contendo aromas agradáveis, para fazer o lugar cheirar bem e estimular diferentes sensações.

A instalação bastante colorida é resultado de uma serie de feedbacks dos workshops, projetado para oferecer um espaço com diferentes níveis de privacidade e intimidade, que varia de isolamento total a convivência e união, com diversos “cantos” projetados para cada momento ou intenção.

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Referências Arquitetônicas Com base no trabalho de Andressa Franco Moura (2014) e em projetos do site Archy Daily, reuni as seguintes referências para este projeto.

5.2.1 HOSPITAL PSIQUIÁTRICO KRONSTAD Arquitetos: Origo Arkitektgruppe Localização: Bergen, Noruega Paisagismo: Smedsvig Landskapsarkitekter Área: 12.500 m² Ano do projeto: 2013

5.2 Para maior interação, também, ao norte do edifício fora criada uma praça pública, conectando o edifício à cidade e aos indivíduos que ali transitam, transbordando estas áreas verdes para dentro do edifício e criando ainda praças internas destinadas aos usuários, marcando seu espaço de pertencimento. Estas áreas verdes internas no edifício conectam visualmente o edifício entre suas diferentes áreas, facilitando também a visibilidade do do externo a partir de qualquer ponto do edifício.

Os espaços internos do edifício foram zoneados de acordo com suas atividades, em zonas de hospitalidade, tratamento e serviços, para facilitar o trabalho ali realizado, e ainda assim, foi mantida a fluidez nas circulações, como espaços de livre acessos. Há ainda a presença de espaços menores pelo edifício para que se possa ter diminuída a sensação de vigilância por parte dos funcionários, ainda que as partes envidraçadas permitam um contato visual por parte dos funcionários de forma mais discreta.

Localizado em meio ao tráfico intenso da cidade, envolto a vida social, possui um ponto de trem, conectado aos modais da cidade, para facilitar o acesso daqueles usuários e estimular sua independência do ir e vir.

Como pontos estruturantes do projeto temos a participação do contato com o público, assim como sua abertura, transparência e inclusão de áreas verdes por todo o edifício. O projeto do hospital dá forte ênfase em sua abertura e transparência em relação ao público, ao passo que forma um abrigo de proteção para os pacientes (Archy Daily, acesso em 30/07/2016) A permeabilidade visual e transparência do edifício, que priorizam pontos de vista atraentes da cidade, dando sensação de liberdade e inserção espacial, faz-se, também, com a intenção de que isto se ref lita em uma maior abertura “quanto aos problemas de saúde mental na sociedade atual. Além de convidar os pacientes e funcionários ao interior, a cidade inteira é bem-vinda a dar uma olhada.’’ (Archy Daily, acesso em 30/07/2016)

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Ele é organizado em torno de três grandes átrios que garantem luz natural, ar e valiosos espaços de lazer ao ar livre. Os átrios proporcionam o contato visual entre os diferentes departamentos, auxiliam no deslocamento por serem pontos geográficos de referência, e proporcionam perspectivas de dentro do edifício para a natureza. Cada um dos departamentos do hospital está conectado a um jardim de cobertura específico: cada jardim tem suas próprias características e difere por sua localização e função. As zonas verdes incentivam a interação social e oferecem espaços para a contemplação em um ambiente composto por materiais e plantas naturais (Archy Daily, acesso em 30/07/2016)

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5.2.2 UNIDADE DE SAÚDE MENTAL DA UNIVERSIDADE DE GOLD COAST (GCUH) Arquitetos: PDT, STH and HASSELL (Joint venture) Localização: Southport, Queensland Ano do projeto: 2012

A unidade de saúde mental da Universidade Hospital de Gold Coast, localiza-se junto a um complexo de cuidados a saúde, anexo a um hospital convencional, com diversos estruturas de apoio a ambos como o próprio centro de estudos, que abriga livrarias e estruturas relacionadas, clínicas, unidades de permanência e até um espaço destinado a workshops.

5.2 A unidade trabalhou bastante planos abertos, possibilitando grandes espaços externos de áreas verdes e livres. Além dos espaços externos, internamente também possui espaços coloridos, enfatizando a vida e independência dos pacientes, sempre com forte presença de vegetação e jardins. As cores presentes nas fachadas ajudam na identificação de cada setor da edificação, facilitando a compreensão espacial ao usuário.

O diretor do projeto, comentou sobre o conceito do projeto (Brisbane Times, acesso em 30/07/2016), que foi desenvolvido por meio de pesquisa, mostrando que jardins e arredores naturais podem ajudar pacientes agitados ou ansiosos. Foi constatado que estes tipos de ambiente têm influência sobre o usuário, estes acalmam e aliviam a depressão.

“A unidade pode ser garantida, os quartos podem ser garantidos, mas há também um grande senso de abertura e independência de cada usuário, que surgiu do que a pesquisa mostrou ser essencial para a recuperação e tratamento bem sucedido.” (Brisbane Times, acesso em 30/07/2016)

“A essência é que as pessoas andem através - eles não se sentem como se estivessem sendo controlados ou se estivessem presos no espaço” (Brisbane Times, acesso em 30/07/2016)

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5.2.3 CENTRO DE ACOLHIMENTO / CYS.ASDO Arquitetos: CYS.ASDO Localização: Hsinchu, Taiwan 300 Autor: Chung-Yei Sheng Equipe de Projeto: Jill Yang, Orange Kang, Peggy Chiang Área: 3000.0 m² Ano do projeto: 2014 Localizado no Distrito de Chupei, este projeto tem como estrutura sua relação do espaço interno/externo, de maneira a se apresentar como um ambiente acolhedor, trazendo para dentro do edifício a presença dos jardins. Estas camadas de paredes, e as aberturas irregulares, entregam uma boa qualidade de luz solar à edificação, produzindo um jogo de luzes e sombras que variam de acordo com a passagem do dia e das estações.

Além de brincar com a iluminação artificial, descontraindo os ambientes muito limpos e de fácil compreensão, há ainda a preocupação com a visibilidade aos jardins a partir de cada ambiente do edifício. Neste projeto, foi possível conformar um circuito de circulações onde o usuário passa por diferentes conformações de jardins, o que cria uma dinâmica ao espaço, apesar de ainda manter a intenção de tranquilidade e acolhimento dos ambientes. Esta série de paredes em camadas não definem apenas as fronteiras hierárquicas, mas também recebe os programas para satisfazer as necessidades espaciais. Além de proporcionar abertura e a transparência necessária para dar ao espectador uma experiência interior e exterior simultânea. (Archy Daily acesso em 30/07/2016)

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O Lugar

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6.1

Diretrizes para o reconhecimento do lugar As pesquisas realizadas até aqui nos permitem esboçar algumas necessidades e intenções ao que se pretende para a instalação de um CAPS, juntamente com o Centro de Convivência e Cultura para a cidade de Florianópolis, tendo como pressupostos: • Fácil acesso, com diferentes modais em meio à cidade; • Conexão com os outras instituições de saúde para trabalhos conjuntos e continuados; • Visibilidade perante a cidade; • Conexão com a comunidade, diversificada para que não se crie mais estigmas, mas que ainda assim esteja próximo e acessível àqueles com maior demanda; • Conexão com áreas verdes e de lazer; • Constituição de um espaço que possibilite a realização de várias atividades;

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Reconhecimento do lugar A escolha pelo espaço onde já está implantado o CAPS II foi pela necessidade de manter a conexão e acessos já existente a partir de toda a cidade, além de manter o atendimento em uma área com boa densidade e visibilidade social, fora optado pela locação na região insular ilha. Por sua centralidade a partir de diversos pontos da cidade, além de concentrar um intenso f luxo de linhas de ônibus, facilitando o acesso de usuários, já que estes, em sua maioria não podem dirigir devido ao uso de medicamentos e limitações motoras. Analisando a região, que é a insular central da cidade, com base no Plano Diretor de Florianópolis (LEI 482/2014), nota-se algumas grandes áreas de concentração de equipamentos institucionais, tanto da área da saúde, como da área da educação, da segurança, cultura e justiça. Como retrata o mapa acima, além da Casa do Governador, que se localiza praticamente anexa ao CAPS Ponta do Coral, temos, na saída leste, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); no acesso norte, outro campus da UFSC, o da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e o Cemitério Municipal da Cidade, entre outros equipamentos.

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6.2

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Outro aspecto a se destacar, segundo exposto nos mapas a seguir, elaborados a partir de dados do IBGE, é a grande densidade populacional na região e suas proximidades. Encontramos ainda disníveis na concentração de renda destes habitantes, o que promove o contato entre diferentes culturas, realidades e necessidades diversas, cenário que corrobora para a desmistificação perante a problemática do atendimento a pacientes com transtornos mentais. Por estas características, acreditamos que a localização do CAPS será estratégica para que ele proporcione maiores benefícios ao seu entorno, assim como o entorno reverteria benefícios ao equipamento institucional por toda sua potencialidade de conexões, possibilitando o tratamento e requalificação da área, assim como seus acessos e bordas.

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6.4

Metodologia de Aproximação

Análises do entorno 6.4.1 USO E OCUPAÇAO DO SOLO

6.3.1 METODOLOGIA A partir da escolha do terreno, as estratégias utilizadas para materialização das teorias estudadas e apresentadas até agora, respeitando a localidade foram: • Análises de mapas locais; • Visitas exploratórias; • Reconhecimento físico e fotográfico; • Pesquisa de estudo de impacto de vizinhança; • Elaboração de um programa para o projeto a ser instalado no local.

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A região é marcada, como já mencionado, por duas áreas residenciais já bastante consolidadas. Na região mais próxima a linha da Beira Mar Norte, as edificações são maiores e com menor adensamento, em área supervalorizada, enquanto que, aquelas direcionadas ao morro, as edificações são menores com maior adensamento, nas quais percebese o processo de favelização. Observa-se ainda uma grande quantidade de edificações destinadas ao uso institucional, com uma pequena concentração de comércio no entorno imediato. Além destas, ainda há presença de comércio irregular na área, devido ao grande f luxo de pessoas que ali trefega, principalmente em acessos aos hospitais, tema que será comentado no próximo tópico. Por ser uma área institucional e abrigar equipamentos esportivos e educacionais no entorno imediato, a densificação torna-se bastante rarefeita e um gabarito mais reduzido

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A densidade de áreas verdes na região também é baixa. Uma delas, hoje, demarcada no Plano Diretor como Área Verde de Lazer (AVL) faz divisa com o terreno do CAPS Ponta do Coral e deveria abrigar um parque urbano servindo à população. Mas o acesso à mesma encontrase cercado e fechado, além da densa vegetação também ser um impeditivo para seu acesso e permanência.

Muito próximo a área de estudo, do outro lado da Avenida Beira Mar Norte, encontra-se a região da Ponta do Coral, com excelente localização e topografia perante a cidade. Porém, trata-se de uma área com histórico de grandes conf litos, despertando interesse da população para sua transformação em parque público, em resistência a crescente especulação imobiliária sobre a mesma. Devido a esta indefinição, quanto a sua natureza Apesar de estar localizada junto a Beira pública ou privada, o projeto não prevê a Mar Norte, a área fica bastante segregada conectividade com a àrea, ainda que seja da comunidade, não representando apoio reconhecida a importância de fazê-lo. a esta e com poucas áreas de permanência efetiva, mais voltada como área de passagem e às atividades esportivas.

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6.4.3 EQUIPAMENTOS Como já mencionado, a área de estudo possui um grande complexo de equipamentos institucionais no entorno, listados em mapa abaixo com sua localização. Todavia, apesar da grande disponibilidade de equipamentos de serviço, o bairro Agronômica é bastante carente de espaços comunitários, conforme levantado no trabalho de Flávia Ramos (2015), Arte e Corpo no Espaço Educativo, que propunha uma intervenção de alguns desses espaços. Nas escolas, por exemplo, há reivindicações, pela comunidade, de quadras de esportes, geralmente no período noturno, e, pela prefeitura, de salas de aulas

para reuniões administrativas ou para pequenas organizações de comunidades. Em visitas ao local percebeu-se ainda uma desconexão da área com o eixo hospitalarç carência e ou inadequação de calçadas, insuficiência de estacionamento para atender a demanda local e sem espaços demarcados, onde o carro é prioridade e são estacionados sem nenhuma ordem. Desta forma, os pedestres necessitam se locomover no meio das ruas para passagem. Situação ainda mais agravada por se tratar de uma área com intensa circulação de crianças devido proximidade de escolas e equipamentos de assistência a crianças.

segregadas da cidade, com poucos espaços de convivência e oportunidades restritas, O complexo do Morro da Cruz reúne tanto em matéria de educação como em quatro comunidades, cuja ocupação oportunidades de trabalho e acesso à iniciou-se ainda no início do século XX cultura. e já se incorpora à paisagem da ilha, A implementação do complexo de sendo elas: Morro do Horácio, o Morro Santa Vitória, o Morro do 25 e o Morro atendimento à saúde mental com CAPS Nova Trento. Estas estão zoneadas em e Centro de Convivência e Cultura, sua maioria no Plano Diretor, exceto o juntamente a um parque estruturado, Morro do 25, Como Zonas de Interesse poderia proporcionar uma melhor Social (ZEIS) e a comunidade Vila Santa qualidade de vida e novas oportunidades Rosa, localizada mais próxima a linha do para muitos destas comunidades, além de aproximar potenciais usuários aos serviço mar como constatado no mapa abaixo. e assistência proporcionadas no CAPS. Apesar da tendência dos programas O projeto ainda visa a oportunidade habitacionais em relocar estas comunidades para áreas periféricas da cidade, estas de fomentar a interação social, para que resistem na região. Contudo, permanecem ali se construa um espaço conjunto de crescimento e aprendizado. 6.4.2 COMUNIDADES

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Análise de entorno DE abrangendo a região do centro da cidade e bairros vizinhos, como a Agronômica. Esta é umas das menores da Ilha de Santa Junto à área de inserção do projeto, Catarina, sendo abastecida por pequenos encontra-se hoje instalada uma subestação corredores preminentes das encostas do da Centrais Elétricas de Santa Catarina maciço Morro da Cruz. S.A., conforme locado em mapa no item acima. Para sua instalação fora necessário A área apresenta problemas na sua a avaliação através do Estudo de Imapcto drenagem natural, pois materiais de Vizinhança (EIV): Substação 138 excedentes da construção da avenida kV Florianópolis - Agrômica (CELESC, (aterro) represam as águas vindas dos 2008), de onde se pode extrair algumas locais mais altos, formando assim uma informações, das quais as mais relevantes área alagadiça. Porém na implantação da são: subestação da CELESC o problema não foi resolvido. Entretanto, deve-se atentar para Vegetação - fora levantado que a maioria a linha d’água bem marcada no terreno, dos indivíduos arboresos e do sub-bosque respeitando-a para que não se tenha são exóticos, sendo alguns inclusive problemas, e solucionando o escoamento contaminantes, somando cerca de 90% corretamente. do volume da vegetação local, sendo o Cinamomo o mais representativo. Patrimônio Cultural - Apesar de a Ponta do Coral fazer parte de momentos da As árvores nativas encontradas no local história da cidade, a área em questão não foram o Tanheiro, a Embaúba, a Pintanga, possui reconhecimento. Não há registro de Goiaba, Aroeira e a Grandiúva, esparças tombamento da casa onde hoje funciona o e com sub-bosque descaracterizado e CAPS Ponta do Coral em nenhum órgão dominado pela espécie exótica invasora responsável pelo mesmo, de acordo com Maria-sem-Vergonha. pesquisa realizada. Foi encontrado apenas um registro no livro Memória Urbana, de Assim, a derrubada de grande parte Eliane Veras da Veiga. Na obra se afirma da vegetação para requalificação do local que a casa era o antigo abrigo dos Maristas não traria grande impacto, e seria uma responsáveis pelos cuidados dos menores oportunidade de relocação de espécies do Abrigo de Menores: Educandário 25 nativas, trazendo, inclusive, benefícios a de novembro. O abrigo já sofreu diversas área. modificações, restando hoje apenas poucas Drenagem Natural e Rede de Águas ruínas já bastante descaracterizadas, que Pluviais - a rede de drenagem natural onde não representam relevante importância se insere a área de estudo é composta pela histórico cultural para a cidade. 6.4.3 ESTUDO VIZINHANÇA

IMPACTO

micro bacia hidrográfica Florianópolis,

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Análise de entorno 6.4.4 CONSIDERAÇÕES AO PLANO DIRETOR

De acordo com o atual Plano Diretor da cidade de Florianópolis (LEI COMPLEMENTAR N. 482, DE 17 DE JANEIRO DE 2014) tem-se: ACI - Area Comunitária/Institucional

Análise de entorno Logo ao lado da área de inserção do CAPS, com apenas as dependências da subestação da CELESC dividindo-as, tem uma área, que como já fora comentado, deveria ser de área verde de lazer e hoje encontra-se fechada ao uso público. Para áreas de lazer tem-se no plano diretor: AVL

“Art. 54. Os limites de ocupações das Áreas Comunitárias Institucionais são os definidos pelo zoneamento adjacentes, ou por estudo específico realizado pelo IPUF” (FLORIANÓPOLIS, 2014)

O entorno imediato é constituído ainda por Área Comunitária Institucional (ACI), e estes fazem divisa com as áreas Área Residencial Mista (ARM) 3.5, 14.5, 8.5 e 16.5. Todavia, pela característica dos arredores, são construções baixas e de pouca densidade, pretende-se manter o padrão para que o projeto não distoe da região, ainda que a intenção do projeto seja de que o mesmo seja notado, é importante respeitar as características locais.

“Art. 57. Áreas Verdes de Lazer (AVL) são os espaços urbanos ao ar livre de uso e domínio público que se destinam à prática de atividades de lazer e recreação, privilegiando quando seja possível a criação ou a preservação da cobertura vegetal.” “Art. 58. Em Áreas Verdes de Lazer (AVL) será permitida apenas a construção de equipamentos de apoio ao lazer ao ar livre, como playgrounds, sanitários, vestiários, quiosques e dependências necessárias aos serviços de segurança e conservação da área.” (FLORIANÓPOLIS, 2014)

Os estudos de impacto de vizinhança demostram que grande parte da área está arborizada com plantas exóticas, assim pretende-se dar a mesma uma nova conformação para um parque urbano. Para que se faça possível a locação de um Centro de Convivência e Cultura, a intenção é avançar na área de AVL, ainda que o mínimo possível, limite suficiente para suprir as demandas da comunidade com locais de áreas para os programas hoje deficientes para a região.

Apesar de compreender a importância da preservação da cobertura vegetal, acredita-se que a arquitetura poderia apropriar-se do local de uma forma a causar o menor impacto possível na área, criando vida ao próprio parque ali constituído, atendendo a demanda local de espaços de cultura e lazer e ainda dando suporte ao CAPS e equipamentos do entorno, justificando a apropriação de uma pequena porcentagem da área.

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O projeto

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Estratégias de intervenção

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Proposta Master Plan

Respeitando a constituição espacial preexistente do local, suas características físicas e sociais, pretende-se para a área, com base nas diretrizes de ambientes para tratamento de saúde mental, assim como ambientes restauradores para a cidade como um todo, a locação e/ou requalificação de três equipamentos na área, o CAPS, O Centro de Convivência e Cultura (CCC) e o Parque a partir das seguintes diretrizes:

A partir da conformação já estabelecida pelo terreno, optou-se por manter o projeto onde hoje já está locado o CAPS Ponta do Coral devido a topografia do terreno, que permite visibilidade com certa conformação de intimidade, mostrando e protegendo ao mesmo tempo. Além de manter contato direto com o eixo hospitalar e com a área desportiva ao lado.

• Minimizar o impacto visual da construção perante a área, respeitando a conformação das vistas da cidade ao nível do pedestre;

Logo em frente a subestação da CELESC fora locado o Centro de Cultura e Convivência, na porção da fachada da Beira Mar Norte, abrindo-se a mesma e junto ao eixo de passagem do CAPS e mantendo o eixo visual a Ponta do Coral, que inicia nos eixos hospitalares, criando uma conexão entre os equipamentos e ainda locando um estacionamento para atender a toda a área.

• Respeitar a insolação e iluminação do local, de maneira a aproveitá-las ao máximo em favor da eficiência energética do edifício; • Integração do equipamento a cidade como forma de desconstrução do preconceito; • Respeito aos acessos conformados pela própria cidade e seus eixos; • Respeito ao programa necessário a implementação de um equipamento modelo a saúde mental, abrangendo a demanda social local;

O eixo conforma ainda um espaço de transição entre o CAPS e o CCC, que se estende até a porção do Parque, conectando-se ao mesmo e conformando os espaços de apoio necessários ao mesmo, mas, ainda assim, mantendo a maioria do espaço do parque livre para conformação vegetal e espaços de estares.

• Criar um espaço de instigação, de imaginação, descoberta, liberdade e aceitação para a cidade.

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Proposta Master Plan 7.2.1 TRATAMENTO EIXO Visando melhorar a integração entre os equipamentos e melhorar todo o f luxo de pedestres na área, foi locado um edifício de estacionamento, para poder liberar a área da caixa de rua, utilizada atualmente para estacionar o carros, e neste espaço locar as calçadas, conformando a continuidade do eixo do CAPS. Mais a cima, fora locado o estacionamento de maneira a se ter acesso tanto ao nível 15, nível do centro de reabilitação, quanto no nível 18, próximo ao nível de acesso do hospital infantil Joana de Gusmão. Optou-se, a princípio, por um edifício de

estacionamentos de quatro pavimentos, sendo um subsolo, um meio enterrado respeitando a topografia do terreno e dois pavimentos acima do solo, de maneira a maximizar o número de vagas, suficiente para atender toda a área e liberar as ruas para respeitar as calçadas, sem causar um grande impacto visual à área, respeitando as alturas das edificações do entorno. Junto ao estacionamento, a calçada é dividida da caixa de rua por um canteiro, suficiente para o plantio de árvores de pequeno porte, compondo a continuidade do eixo e proporcionando uma ambiência agradável a quem por ali transita.

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Proposta Master Plan 7.2.2 TRATAMENTO NÓ VIÁRIO E tanto a conexão entre as áreas, como a PRAÇA DE ACESSO entrada do eixo que leva ao CAPS, ou a circulação que dá continuidade a Avenida Existe hoje na entrada um canteiro com Beira Mar, requalificando a área para se um grande árvores central entre os f luxos estimular o uso e passeio das comunidades de entrada do hospital, que fora mantido, ao redor. tanto para preservação da árvore, quanto como marcação de entrada da mesma e Optou-se por manter o nó viário ali ainda pela própria conformação das vias localizado por se entender que não é de trânsito. um projeto a ser feito por apenas um profissional no tempo de um TCC, tão Na entrada da área hospitalar, no pé do pouco este é o objetivo, principalmente por morro, alargou-se a calçada, formando conhecer que o trevo inf luencia em uma um calçadão, sendo possível locar uma dinâmica de trafego de uma área muito lanchonete sem prejuízo do f luxo de mais abrangente. pedestres. Entende-se que para tal intervenção A partir do calçadão onde se encontra seria necessário um estudo muito mais a lanchonete e um ponto de ônibus, há amplo que o objeto do presente trabalho, um tráfego calmo para a travessia da via, optando-se apenas por requalificá-lo, sem chegando a uma pequena praça que marca, no entanto modificar sua dinâmica.

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Proposta Master Plan 7.2.3 ZONEAMENTO DA ÁREA - intermediária e de entrada que permite CAPS, CCC E PARQUE o acesso a quem circula pela Beira Mar e entre o CAPS. Este se estende pela lateral, O eixo central do Master Plan conecta afastando-se da linha da Beira Mar, a Ponta do Coral aos hospitais Joana de conformando também com uma praça Gusmão e Nereu Ramos e tem como marco de convivência aberta entre o edifício e a de acesso o ponto onde se encontra com a Beira Mar, o que permite visibilidade de Rua Delminda Silveira. quem passa pela avenida, sem deixar de conformar uma pequena praça lateral mais O CAPS e o CCC não apresentam íntima. A intenção é que mesmo tendo a conectividade porque o CCC é um edificação da CELESC no meio do projeto, equipamento mais voltado à comunidade, permita-se acessos e visibilidade da área ainda que atenda a demandas do CAPS frontal e de fundos. e seus usuários, e o CAPS, por sua vez, necessita espaço próprio. O intuito é Ao lado, na entrada do parque, propõe-se proporcionar aos usuários a sensação de um jardim sensorial conformando também ter um espaço para eles na cidade, para um ambiente intermediário com escalas. que não percam o já pouco espaço que Este também tratado como ambiente têm destinado a eles, e possam usufruir de de inclusão das diferentes necessidades mais liberdade de expressão e intimidade. humanas, como diferentes formas de sentir e viver. A partir desta premissa e pelas demandas e potencialidades que o espaço dispõe, Para a subestação da CELESC, pensoupensou-se no CCC como um equipamento se em um tratamento de pele para suas que converse com a cidade e dê apoio às fachadas, mantendo em seu perímetro atividades locais e permitindo novas espaços de circulação e permeando as atividades. Junto com o parque, o CCC entradas tanto pela frente, por entre o conformará um espaço de respiro para a edifício do CCC, quanto pelos fundos, onde cidade, principalmente para a área central (que se mostrará mais detalhadamente na já bastante densificada. sequência do trabalho) encontra-se um pequeno estacionamento para visitantes, Assim, foi proposto um zoneamento e para atender a demanda de serviço da que permite a conformação de um edifício subestação. que possa abranger uma pequena área

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Proposta Master Plan

Proposta Master Plan Enquanto equipamento de apoio ao CAPS e ao Centro de Cultura e Convivência, serão inseridos espaços multifuncionais para suprir os seguintes espaços: 01 - Cozinha escola/Restaurante; 02 - Bicicletário com vestiários; 03 - Pavilhão aberto para exposições; 04 - Biblioteca local, salas estudos e Sala multimídia; 05 - Administração e banheiros; 06 - Salas multiuso para cursos e pequenas palestras; 07 - Pequeno auditório; 08 - Praça de convivência e eventos - aberta; Como referências de projetos para o que se pretende para este espaço, tem-se o SESC Pompéia, que é referência de espaço cultural em São Paulo, com exposições, aulas, eventos, espaço de refeições, entre uma infinidade de atividades realizadas no local.

Outro projeto referência é o CEU Pimentas (Centro Educacional Unificado), que mostra ser um espaço integrado com diversas oficinas e salas multiuso para atender a comunidade, também localizado em São Paulo. Entende-se a importância deste equipamento tanto para a área, comunidades locais e como apoio ao CAPS. Todavia, devido a abrangência e complexidade do projeto, optouse por projetar apenas o CAPS, que já tem complexidade e demandas próprias, deixando o Centro de Cultura e Convivência e o Parque como diretrizes para a área.

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Proposta CAPS 7.3.1 DIRETRIZES PROJETUAIS PARA O EDIFÍCIO O CAPS surgiu da vontade de uma nova leitura de tratamento ao que se tem hoje. A partir da proposta de um tratamento mais aberto e mais expressivo pretendeu-se transbordar isto para o objeto arquitetônico. Da vontade de se utilizar da arquitetura para proporcionar um sentimento ao usuário e através desse sentimento inf luenciar em sua visão de sujeito e assim em seu tratamento, surgiram três diretrizes principais: * Acolhimento O espaço deve ser acolhedor, para que o usuário sinta-se a vontade para permanecer, conviver e aprender. Criando diferentes espaços de estar, de maneira que se mantenha contato visual com o ambiente externo. * Apropriação A apropriação é importante para que o usuário se sinta parte integrante de uma comunidade e que tenha seu espaço na cidade. Para isto, apesar de diferentes pontos de vista sobre a dinâmica do CAPS, seu espaço é bem delimitado dentro do edifício e na medida do possível, é preciso favorecer contato visual com o todo do projeto, fazendo com que o usuário tenha uma compreensão de pertencimento ao todo. * Empoderamento O edifício deve proporcionar sensação de poder de escolha e decisão, para que o usuário sinta que ali ele tem o controle de suas escolhas.

Estas diretrizes visam orientar decisões arquitetônicas de diversas formas, a fim de melhor servir aos usuários, funcionários e população como um todo. Outras diretrizes também fizeram parte de tomadas de decisões arquitetônicas, que já fazem parte das diretrizes gerais de projeto, já comentadas anteriormente.

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Proposta CAPS 7.3.2 O PROGRAMA O programa surgiu a partir das experiências e vivências ao longo do estudo do projeto. Existe, hoje, um manual de estrutura física dos centros de atenção psicossocial e unidades de acolhimento, onde há uma tabela indicativa dos espaços e áreas mínimas. Contudo, neste projeto propõe-se o distanciamento dos padrões institucionais, respeitando ainda os espaços mínimos e necessários, mas com uma leitura de um CAPS um pouco diferente da tabela formal: um espaço democrático, f lexível e de significado para o usuário, com um programa mais multifuncional e f luido. Desta forma, o projeto foi separado em zonas. Zona de chegada e acolhimento inicial, que funciona ainda como estar tanto para os usuários como para os familiares. Para este espaço pretende-se um ambiente descontraído, de informação, de exposição do que é feito ali no CAPS, junto com apoios, como café e banheiros. Zona de exposições e familiares, junto a zona de chegada e acolhimento, espaços destinados à pequenas reuniões, encontros e palestras de/para familiares com mais privacidade, mas que atende também aos usuários, sem uma definição muito demarcada. Zona lúdica, onde está concentrada a área de expressão e produção de artes, assim como jogos e convivência. Esta propõe um espaço mais livre, f luido e mais aberto a população, destacada do restante do edifício, tanto para permear visibilidade da cidade, quanto para distanciar esta área mais barulhenta do restante do edifício, para que não atrapalhe outras atividades. Há a zona do grupo, onde há um grande espaço do ócio e atendimento de grupo, um pouco menos formal e com certa f luidez, um intermediário entre as áreas lúdica e de atendimento formal, situada entre estas. Anexo localiza-se um refeitório e algumas áreas externas. A zona dos funcionários situada junto a zona do grupo, onde existem espaços de atendimento direto e permite um certo controle visual e proximidade a tudo que acontece na área do CAPS, além de uma parte destinada apenas aos funcionários.

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7.3.3 O PROCESSO A princípio tentou-se trabalhar o edifício existente, na tentativa de adaptá-lo às necessidades do programa mais amplo proposto neste projeto. Todavia, chegou-se à conclusão que, para se chegar ao objetivo da proposta do edifício, seria preciso alterar muito a edificação, o que acabaria por descaracterizá-la. Além do mais, muito teria que se fazer para manter o edifício todo com desenho universal, já que, como já mencionado, muitos dos usuários possuem dificuldades motoras. Sendo assim, levando-se em consideração que a adaptação traria mais custo e trabalho, e ainda pela edificação não ter uma importância histórica, como já comentado anteriormente, optou-se por sua demolição. Por conseguinte, passou-se a pensar na forma a partir das intenções de projeto, expostas em imagens:

1 - Abertura do eixo de conexão entre a área institucional, dando acesso direto ao terreno, ampliando sua visibilidade por um calçadão de pedestres e acesso de carros até a subestação da CELESC. A princípio estudou-se a possibilidade de aproveitamento da construção existente através de ampliação da mesma, mas depois de análises percebeu-se que seria necessária uma mudança substancial na mesma e não se conseguiria o resultado desejado, optando pela demolição da edificação.

2 - O volume principal é locado no terreno, voltando sua entrada principal ao eixo criado por questões de conformação espacial no mesmo e para criar maior privacidade na entrada. O edifício encontra-se parcialmente enterrado devido a conformação dos acessos de maneira a se ter uma menor movimentação de terra e para possibilitar um melhor aproveitamento das condições locais, ampliando a fachada voltada às insolações norte e leste.

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3 - Devido às exigências do programa o volume é seccionado em dois, sendo a divisão entre Zona Ímtima e Zona Lúdica, que têm suas distintas ocupações claramente evidenciadas na volumetria do edifício.

Ao lado do volume, pela própria topografia do local, conforma-se uma praça agregada ao edifício com visibilidade da rua, criando uma conexão visual entre a cidade e as atividades que acontecem no CAPS.

5 - A partir da necessidade do programa, outras áreas foram subdivididas no setor íntimo, setorizando as atividades, na intenção de facilitar tanto a compreensão do edifício, quanto as atividades e organização no mesmo.

Apropriou-se desta setorização da edificação também para conformar as diferentes ambiências, seguindo a pesquisa realizada e as intenções de projeto, criando opções de escolha aos usuários.

4 - Ainda, um volume lateral ao volume principal é criado com a intenção de se separar as atividades que compõem o programa que geram maior ruído. Este terceiro volume também é criado com o intuito de tornar essa praça um local mais acolhedor como se o prédio abraçasse os usuários da praça, aumentando, por conseguinte, a superfície de contato do térreo com a mesma, agregando, da mesma maneira, o dinamismo e as relações entre os usuários do terreno e do estar externo.

6 - Buscando aproximar mais a relação com a cidade e com os moradores do entorno, uma praça é criada na cobertura do volume destinado a abrigar o programa mais lúdico. Essa praça estabelece apenas conexao visual com a praça térrea, contendo ainda painéis expositivos de trabalhos realizados no CAPS.

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7 - O volume lateral é segmentado para a melhor incidência solar e ventilaçao da edificação, como também para permitir um contato visual de quem se situa dentro do edifício com a paisagem externa, trazendo para dentro do edifício a vegetação presente no terreno, proporcionando um ambiente mais agradável, além de emoldurar as belas vistas do cenário circundante. Terraços verdes foram criados tanto para melhorar o conforto térmico no interior dos ambientes, como para criação de ambientações dos estares do projeto.

9 - Por fim, duas grandes coberturas são propostas para os volumes laterais, servindo para a proteção solar e chuva nos trajetos dos volumes destacadas do volume principal. Esta fora criada também com a intençaão de dar uma unidade visual e compositiva ao conjunto, assim como proporcionar uma impressão de escalonamento da edificação a quem a vê da rua, na intenção de amenizar o impacto visual perante o pedestre das diferentes vistas do projeto.

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8 - Terraços e praças foram desenvolvidos

buscando tirar maior proveito das vistas do entorno, asssim como proporcionar um prédio mais conectado com ele e que transpareça seu caráter público aos que transitam pelo local. O setor dos funcionários abre-se em grandes rasgos alinhados às áreas de atividades do do pavimento inferior, proporcionando um controle visual das atividades, sem conformar assim um controle formal.

Para o estudo das relações, trabalhou-se inicialmente com estudo volumétrico em maquete física, estudando a relação e a interação do volume, tanto com o terreno, quanto com a conversa da edificação com a cidade. A partir do estudo inicial, trabalhou-se, então, com plantas, croquis, cortes esquemáticos e volume 3D e, por fim, afinouse o desenho com estudos de soluções técnicas.

10 - Aberturas e proteções solares foram

pensados de acordo com as fachadas em que estavam localizadas, proporcionando um edifício com consumo reduzido de energia para a iluminação natural e condicionamento de ar. Optou-se pelo revestimento em madeira para as paredes do nível superior por ser um material natural, compondo com os jardins do edifício, além de elementos no mesmo material conformando ambiências internas e organizando o espaço.

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A partir do lançamento da volumetria, trabalhou-se a organização espacial de maneira a melhor atender cada demanda levantada nos estudos.

Passou-se então a trabalhar para afinar o desenho, fazer o espaço funcionar e f luir da melhor forma possível, levandose em consideração a locação do terreno, o respeito aos níveis das ruas de acesso, tentando fazer do espaço um local confortável, f luido, que atendesse ao máximo o complexo programa do equipamento.

Sabe-se que nem todos os espaços estão de acordo com o que seria ideal, todavia fez-se o melhor possível levandose em consideração o terreno da locação, bastante íngreme, com diferentes níveis de acessos, a forma muito próxima a de um triângulo e ainda possuindo suas quatro fachadas bastante relevantes em relação ao entorno. Também no que diz respeito ao tempo de projeto em relação a um programa tão extenso, tem-se que limitar o aprofundamento de desenho de projeto apenas a uma parte do que a principio gostaria-se de projetar.

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FACHADAS

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FACHADAS

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Referências Arquitetônicas e de projetos relacionados

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Referências Arquitetônicas e de projetos relacionados

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Proposta CAPS

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7.3.3 O PROJETO

O edificio fora implantado no terreno, apropriando-se da topografia local, conformando divesos pátios e praças, tanto voltados ao público do entorno quanto aos usuários do CAPS.

Este faz-se aberto ao eixo, como que convidando a entrar quem por ali passa, para conhecer, informar, no objetivo de quebrar os pre-conceitos que temos a respeito deste equipamento.

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Proposta CAPS 7.3.3 O PROJETO Os acessos pelas fachadas Oeste (Acolhimento Noturno e estacionamento) conforma-se de maneira mais discreta, assim como o acesso da fachada Sul (refeitório), caracterizados como acessos mais voltados a serviços. Junto ao acesso da fachada Sul, fora locado um monta carga para vencer os 10 degraus, quando necessário, para carga e descarga de mercadorias de maior porte, assim como uma escada ao lado para circulação do lixo que sai da cozinha do refeitório. A entrada principal da edificação constitui-se voltada ao eixo, tanto para manter a intimidade de quem entra no espaço, similarmente como uma forma de integração ao eixo, além de assim, conformar espaços adjuntos à praça lateral. A entrada da edificação é marcada pela

Proposta CAPS ausência do espelho d’água que segue por toda a extensão da fachada frontal, onde o piso do eixo extende-se para dentro do edifício, conformando uma continuação com o hall da edificação. O balcão de atendimento localiza-se centralizado na entrada, facilitando a compreensão espacial. O acolhimento localiza-se ao lado, seguindo a ordem de um primeiro atendimento para, então, um possível encaminhamento. Este, com sua conformação mais informal, segue os parâmetros do estudo de ambiência de Madlove, comentado anteriormente. Ao lado do balcão de atendimento, fora locado um café, para acolher principalmente aos visitantes e familiares que venham esperar usuários em atendimento ou atividades. Tanto o espelho d’água quanto o canteiro e jardim trazem ao ambiente acolhimento e relaxamento, conformando pequenos espaços de estar, segundo os conceitos de ambientes restauradores.

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Proposta CAPS

Proposta CAPS

Ao centro, conformou-se um jardim interno, em cota mais baixa, conformando um grande banco ao redor. Este espaço fora concebido para os momentos de encontros primários (momento do Bom dia e do Boa tarde) onde os usuários, junto com os funcionários, decidem sua programação de atividades do dia. Conjuntamente a esta área conformouse um espaço destinado a exposições dos trabalhos realizados no CAPS, como conexão à zona ludica.

ZONA DE REUNIÕES E EXPOSIÇÕES

ZONA LÚDICA

A partir do hall a zona lúdica conforma-se em um corredor largo, que permite atividades em grupo, assim como, com a utilização de painéis admite-se o fechamento para atividades individuais. Este desemboca em uma área de jogos e convivência e ao lado uma sala de ateliê multifuncional em anexo a uma sala de teatro e dança, com uma pequena arquibancada junto à praça, que possibilita pequenas apresentações no local.

Esta encontra-se separada da edificação também por ser uma área de atividades mais barulhentas, para que não atrapalhe as outras atividades da edificação.

O mezanino além de conformar-se como um espaço intermediário entre a área mais comunitária no terreno e a área mais íntima nos pavimentos superiores, apresenta-se como uma área de continuação de exposição do térreo, tornam-se uma área própria para pequenas reuniões de familiares e usuários.

Junto desta ainda há a praça de convivência, que além de permitir atividades ao ar livre, apresentase como espaço de espera, estar e transição entre as duas zonas.

A abertura central da escada justifica-se tanto pela conexão visual entre os pisos, como também para entrada de luz nos pavimentos mais baixos que se encontram enterrados. Como acréscimo à iluminação natural há duas zenitais nos fundos, através de uma prateleira de luz. Complementada com iluminação artificial.

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Proposta CAPS Zona de convivência A partir da chegada, tanto pela escada quanto pelos elevadores, um hall leva tanto à entrada do pátio quanto à sala de atendimento em grupo, que acessa a mesma. Ambas apresentam-se com planta livre e limpa, para que os próprios usuários se apropriem do espaço. Como há no CAPS oficinas de artesanato e mobiliário, a ideia é que os próprios usuários participem da conformação do mesmo, apropriando-se do espaço e sentindo-se parte dele. Na outra lateral da entrada há o espaço do ócio, espaço bastante importante ao CAPS, destinado a não se fazer nada. Junto deste em frente há a enfermaria e a sala de medicamentos, assim os funcionários têm um controle visual do que acontece no hall, sem uma conformação formal do controle.

Proposta CAPS enquadramentos da paisagem com pequenos espaços de estares junto a estes. Assim tem-se a conexão visual com o entorno e a paisagem externa, ainda que em ambiente fechado.

que demarca um jogo de abertura e fechamentos de vidros transparentes, translúcidos, e /ou ausentes, dependendo da intenção de atividade.

O banheiro encontra-se em meio à praça, próximo a todos os equipamentos, já que o mesmo não necessita de insolação direta.

Esta leva à Área de hospitalidade noturna, que se encontra um pouco mais afastada da área de atividades do CAPS, permitindo uma privacidade maior a esta área, visto que é possível fechar as portas junto à arquibancada, tendo-se um controle das circulações no período noturno.

A partir do corredor chega-se à Praça dos balanços, espaço aberto voltado a atividades ao ar livre e conversas e estar, aproveitando o cenário da vista.

Essa área é conjunta a algumas áreas de serviços, como uma pequena lavanderia anexa a um depósito, para as pequenas necessidades, enquanto que a lavagem dos grandes volumes é terceirizada, tendo para isto um espaço de expurgo, junto à entrada da garagem.

Todo este pavimento integra-se formalmente a partir da cobertura metálica

Da Praça dos balanços uma escada conforma uma arquibancada, possibilitando um espaço de pequenas palestras e conversas em grupo ao ar livre, mas ainda assim protegidos pela cobertura.

A garagem encontra-se junto a este mesmo pavimento, onde a partir desta há a entrada direta à área dos funcionários, com circulação exclusiva para os mesmos.

Na lateral há o refeitório, onde nos horários em que não há refeições as mesas podem ser usadas para outras atividades, assim como a sala do ócio no momentos de refeições, quando necessário, também pode ser usada para tal objetivo, que em cálculo comparativo ao CAPS Joinville pode chegar a até 80 refeições por turno. Este espaço estende-se ainda ao jardim lateral dos consultórios, ainda com mesas de apoio e espaços de estares com diferentes ambientações. No jardim interno tem-se conformado os caminhos com diferenças tanto em teto quanto em piso, marcando os trajetos do mesmo. Os ripados delimitam os espaços intermediários dos consultórios, conformando uma divisão entre o jardim e as entradas. Além da presença da vegetação por todo o espaço, as aberturas entre as caixas dos consultórios definem

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Conclusao Ao longo do processo, assisti a algumas aulas de Sociedade e Loucura, ministrada pelo professor Marcos Eduardo Rocha Lima, do curso de psicologia da UFSC, onde ele traz textos e aborda alguns assuntos um tanto não usuais para uma sala de aula, mas que nos faze, pensar em nossas relações, como estamos vivendo, ou apenas reproduzindo em cadeia o que nos é passado. Vivemos um uma época onde tudo é mais rápido, tem de ser rápido.

Além destas, outras mais graves. A doença da ignorância, do desconhecimento, do preconceito. Nossa doença social daquilo que não conhecemos. Da imagem depreciativa do louco, que devido a esta, mais distancia da sociedade e mais se afunda em sua doença mental.

Temos pressa para tudo, para nos formarmos, para trabalharmos, para enriquecermos, para atingir o “sucesso” na vida, para casar, ter filhos, e até nos momentos mais íntimos temos pressa. No sexo rápido e repetido, não aberto a novos toques e experimentações.

A intenção do trabalho transborda a ideia de propor um edifício que melhor atenda a demanda da cidade no que se diz respeito ao tratamento mental, mas também se queria fomentar a discussão do tema, nos fazendo ref letir e repensar nossos conceitos perante o assunto tão cheio de preconceitos enraizados.

De acordo com Rocha Lima, reproduzimos e passamos para frente os padrões secos e sem alma do sexo de filmes pornô, do exagero, onde tudo tem de ser exacerbado para o auge do momento de êxtase, assim como nossa vida como um todo, gritando nas redes sociais nossos sucessos, viagens e alegrias. Temos a necessidade de nos mostrar bem e como somos bem-sucedidos e temos pressa para alcançar o sucesso antes do outro. Isto se ref lete em nossas cidades, loucas montanhas de concreto, crescendo aparentemente sem ordenação, sem respeito ao próximo, para ref letir o sucesso mais que a outra, deixando de lado a simplicidade e a interiorização. Nos apegamos ao material, a extravagância do sucesso aos olhos da sociedade. E quem não se encaixa? Excluímos, fingimos que não o vimos, o que importa é nosso sucesso de alguma forma de forma geral. E de forma geral, acabamos por esquecer de nós mesmos, para nos encaixarmos nos padrões de sucesso ou apenas para sobrevivermos a esta louca engrenagem que parece andar sozinha muitas vezes. Temos, hoje, a crença que só curamos doenças físicas com remédios, todavia, muitas das doenças físicas vêm das doenças mentais, que deixamos de nos atentar. Temos conceitos enraigados em nossa sociedade de pouca atenção ao mental e de como o ambiente, nossas ações e o dia a dia inf luenciam em nossa saúde mental, e por conseguinte na saúde física, que está bastante associada. Nossa saúde física é ref lexo da nossa saúde mental. Quantos problemas físicos que enfrentamos em nossos dias decorrentem da falta de saúde mental? Desde a obesidade, problemas de coração e uma infinidade de outras doenças.

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Acredito que conhecimento, debate e a abertura a novos conceitos e realidades nos façam crescer como sociedade e aos poucos construiremos uma cidade melhor. Tenho conciencia de que apenas um projeto de final de curso não tem como pretenssao mudar a sociedade e que dirá o mundo, mas como se conseguir atingir algumas pessoas a produzir o pensar nestas, acredito que já consegui um grande passo de minha vontade, assim como acredito que a contruçao de uma nova sociedade mais igualitaria e compreensiva se faz aos pouco, realmente como uma construçao diária e do exercicio do pensar. Si puo fare - Se pode fazer

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Referencias AMARANTE, P. Loucura, cultura e subjetividade: conceitos e estratégias, percursos e atores da reforma psiquiátrica brasileira. In: FLEURY, S. (Org). Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial, 1997, p 163-185. ARTAUD, Antonin. Van Gough: o suicidado pela sociedade. Rio de Janeiro: Achimé. S/D. BARBOSA, G.C.; COSTA, T.G.; MORENO, V. Movimento da luta antimanicomial: trajetória, avanços e desafios. Cad. Bras. Saúde Mental, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 45-50, jan./jun. 2012. BICHO DE SETE CABEÇAS. Direção Laís Bodansky. Brasil - Itália: Buriti Filmes Dezenove Som e Imagens Produções Ltda. Gullane Filmes Fabrica Cinema. 2000. (74 min) BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica 34 Saúde. Brasília: Editora MS, 2013. BRASIL. Manual de Estrutura Física dos Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento - Ministério da Saúde - 2013. BRASIL. Cartilha para apresentação de propostas ao Ministério da Saúde – 2015 / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://www. portalfederativo.gov.br/noticias/destaques/ministerio-distribuiucartilha-aos-gestores-municipais-sobre-como-acessar-os-recursosdo-sus/cartilha-2015-1.pdf BRASÍLIA. CARTILHA DE ORIENTAÇÃO EM SAÚDE MENTAL - Um Caminho para a Inclusão Social - Secretaria de Estado da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios : orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf

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Referencias BRAND, Krump, NORDLING, Jason. Supporting the Psychosocial Needs of Cancer Patiens Through Design: Designing to support patient control, privacy, dignity, and hope. BWBR. Saint Paul. 2012. Disponível em: http://www.bwbr.com/wp-content/uploads/2015/12/ Cancer_Care_and_Psychosocial_Needs_BWBR.pdf CELESC. Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV: Subestação 138 kV Florianópolis - Agronômica. Florianópolis: Prosul, 2008. COHEN, Simone Cynam; BODSTEIN, Regina; KLIGERMAN, Débora C.; MARCONDES, Willer B. Habitação saudável e ambientes favoráveis à saúde como estratégia e promoção da saúde. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro. 12(1):191-198, 2007. FIOCRUZ, acesso em 30/07/2016 <<http://laps.ensp.fiocruz.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=193>> FLORIANOPOLIS. Lei Complementar nº 482, de 17 de janeiro de 2014, que institui o Plano Diretor de Florianópolis. 2014 FOUCAULT, Michel. História da Loucura: na Idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 2010A. 543 p. ________________ A Ordem do Discurso: aula inaugural Collè de France, pronunciada em 2 de dezembrode 1970. São Paulo: Edições Loyola, 2010B, 79 p. G1, acesso em 30/07/2016 <<http://g1.globo.com/globo-news/ noticia/2016/04/sorocaba-e-um-dos-maiores-simbolos-da-reformapsiquiatrica-brasileira.html>> GOFFMAN, Evering. Manicômios, prisões e conventos. Tradução Dante Moreira Leite. 5. ed. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1996. 312 p. GRESSLER, Sandra Cristina; GUNTHER, Isolda de Araújo. Ambientes restauradores: Definição, histórico, abordagens e pesquisas. Estudos de Psicologia, 18(3), julho-setembro/2013, 487-495. HARI, Johann. Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs. London: Bloomsbury Publishing PLC. 2005. 400 p. HOTEL DA LOUCURA - GÊNESE. Produção Luis Antônio Pilar. Rio Janeiro: Lapilar Produções Artísticas, 2013. (70 min)

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Referências

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Referências

MOURA, Andressa Franco. Centro de Tratamento para Pessoas Transtornos Emocionais. Trabalho Final de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto: 2014.

sobre si, sua condição, seus direitos. 2003. 190 p. -Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola

RAMOS, Flávia Martini. Arte e Corpo no Espaço Educativo. 2015. 94 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2015.

SLATE’S DESIGN BLOG, acesso em: 30/07/2016. <<http://www. slate.com/blogs/the_eye/2015/03/19/madlove_a_designer_asylum_ from_james_leadbitter_the_vacuum_cleaner_is_a.html>>

REIS, Renata Lourinho. CAPS CAPICU: uma solução arquitetônica para um Centro de atenção Psicosocial. 2013. 101 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) Departamentode Arquitetura, Universidade Federal Santa Catarina. 2013 REVISTA GALILEU, acesso em 30/07/2016. <<http://revistagalileu. globo.com/>>

Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2003.

VALLADARES, A. C. A.; LAPPANN-BOTTI, N. C.; MELLO, R.; KANTORSKI, L. P.; SCATENA, M. C. M. Reabilitação psicossocial através das oficinas terapêuticas e/ou cooperativas sociais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 5 n. 1, 2003. Disponível emhttp://www. revistas.ufg.br/index.php/fen VEIGA, Eliane Veras. Florianópolis Memória Urbana. Florianópolis: Editora da UFSC, 1993

SANTA CATARINA. PLANO OPERATIVO ESTADUAL DE SAÚDE MENTAL (2012- 2015) - Região 18. Secretaria do Estado de Saúde. Plano Operativo. Grande Florianópolis, 2012. SANTA CATARINA. Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas: Diretrizes para o cuidado no Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2015. SAVI, Aline Eyng. Abrigo ou lar? Um Olhar arquitetônico sobreos abrigos de permanência continuada para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina. 2008. SIDRIM, Maria Ifigênia Costa. As Representações Sociais da Reabilitação Psicosocial. Fortaleza: Juruá, 2010 SI PUO FARE. Direção Giulio Manfredonia. Itália: Rizzoli Film. 2008 (111 min) SOALHEIRO, Nina Isabel. Da experiência subjetiva à prática política: a visão do usuário

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Relato de uma experiencia impressões de visita ao CAPS Ao chegar ao lugar encaminhei-me a uma mesa rodeada de bancos embaixo de uma árvore, no lado de fora do prédio fechado. A primeira vista não pude distinguir quem eram os pacientes e quem eram os psicólogos e alunos de psicologia que ali estavam para acompanhar o grupo de teatro criado para de certa forma “extravasar a loucura”. Sim, alguns eram visíveis, poucos, com dificuldade de fala e até motora, mas raros. A medida que conversava ia percebendo as nuances e os jeitos de cada um que denotavam quem tinha algum tipo de transtorno e quem não, de certa forma. A primeira vista fiquei impressionada com a receptividade do grupo, totalmente aberto ao novo, de certa forma até carente de atenção. Quando já havia chegado uma quantidade significativa de partipantes entramos no ambiente fechado e nos dirigimos a sala destinada as aulas de teatro. Fiquei um pouco desconfortável em alguns momentos, confesso. Algumas atitudes que não estou acostumada a ver no dia a dia, o que me provaram ou fortificaram a idéia deste TCC, que o problema não está estes que se expressam livremente, e sim em nós, “sociedade normal” que não sabemos lidar com estes comportamentos diferentes e fazemos vistas grosas, não gostamos, deixamos de lado. Não sabemos lidar. Ali percebi, na abordagem de um dos pacientes, que não sabia o limite do educado e desbocado, não sabia até que ponto poderia me impor, não sabia lidar e percebi que o outro se aproveitava desta minha ignorância para continuar. Definitivamente eles não são burros, ou deficientes mentais, apenas diferentes, pensam diferente, veem diferente, mostram diferente. Percebi em alguns momentos que eles tem alguns problemas mais pesados com relação a sexualidade. Conversando com o prof. Marquito, percebi que ainda há um pudor e prendimento em tudo que os rodeia, principalmente no quesito sexual. Não podem se expressar e muitos até não entendem o que se passa e suas vontades, sendo ali (e nem tanto assim) um dos poucos lugares e ambientes para expressar estas questões.

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Relato de uma experiencia impressões de visita ao CAPS Em meio a tarde que passei lá o professor me relatou a história de um dos pacientes do CAPS que me deixou um tanto abalada com a situação do mesmo. Este estava passando por um período mais acentuado de seu transtorno, apesar de me parecer uma pessoa completamente em estado normativo, a primeira vista, além do olhar apático. Este por seu problema teve sua dose dos remédios aumentada, o que tem efeitos colaterais, sonolência, cansaço, suor exagerado entre outros, que por sua vez o impediu de trabalhar, fazendo este vir a perder o emprego. Sem emprego não podia pagar seu aluguel e assim ficou sem moradia, tendo que recorrer a um albergue público para desabrigados. Não consigo compreender como que um tratamento que seria para melhorar a vida da pessoa pode causar tanto sofrimento, como pode piorar? Se pode chamar isto de tratamento? Deixei o CAPS com esta impressão latente em minha mente. Como pode ser um ambiente de tratamento mental se o próprio ambiente não ajuda? Me parece um paliativo, uma máscara para dizer que se está fazendo algo. Entendo que para muitos é essencial medicamento, mas seria esta forma a forma mais adequada de tratar o problema? Me faz acreditar que apesar da ideia do CAPS se afastar do padrão físico de instituição total, ainda não se libertou do enraizamento do antigo modelo, em que a finalidade é fazer das pessoas com problemas apenas mais sociáveis, moldando-as, não importando muito seu real estado de bem estar. Percebi também que o CAPS não precisava ser só aquilo, poderia ser mais. Porque deixar pra tratar depois que já se chegou a tal ponto? Não se pode ter um tratamento como que preventivo e de crescimento conjunto? Diversas perguntas me surgiram. Afinal não os damos voz, para que estas pessoas expressem seus problemas, assim como Foucalt já defendia em seu livro A ordem do discurso, onde comenta sobre a fala que é escutada mas não ouvida, tratada como uma fala desconexa a sociedade. E percebi que o que estes usuários mais necessitam, através da observação e relato do professor e outros profissionais é serem ouvidos, escutados, dada a atenção.

A loucura em si também é de certa forma um tabu, até para eles, que falam, em alguns momentos até com pesar, lembrando de tempos não agradáveis sobre épocas piores. E principalmente, os remédios, presentes nas falas, nas parodias e até nas mãos.

Pode ser um desejo um tanto quanto presunçoso, sei que não vou mudar o mundo, mas sei que seria possível um ambiente melhor, de crescimento cultural para a cidade, de esclarecimento e inclusão. Sí puo fare – É possível

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Entrevista com coordenadora do CAPS Joinville A primeira foi a questão da Circulação diferenciada tanto para usuários quanto para funcionários, precisa ter essa necessidade para ter maior conforto para o funcionário não ter que lidar com o usuário 24 horas por dia além do espaço só para funcionários sem acesso dos usuários. Não é indicado esta restrição de espaço,a filosofia do CAPS é propor exatamente isso, que o trabalhador, o profissional esteja presente, esteja próximo do usuário, estão, se a gente tiver espaços restritos de usuários e trabalhadores a gente vai ter uma cisão, que é isso é muito comum nos hospitais psiquiátricos, as pessoas se fecham em suas salas, em seus confortos e não tem a questão de lidar com os usuários. Então o CAPS não deve ter isso, eu acho que na visita de hoje você está vendo, a gente não usa jaleco, a gente não tem nada que nos diferencie dos usuários exatamente para propor esta aproximação, pra quebra estes paradigmas que tem na saúde mental na psiquiatria, lógico que um espaço de reunião, um espaço de um descanso, afinal temos jornadas de 12 horas elas deverão sim existir, mas esta restrição, de um espaço de usuários um espaço de trabalhadores não é indicado. Com relação Questão de ter um controle de usuários para entrada dos atendimentos nos consultórios e atendimento grupo existe a necessidade de ter um balcão que a pessoa indique ou pode ser um espaço mais aberto e cada um já saiba como chegar etc. Bem interessante também esse teu questionamento, os CAPS não são ambulatórios apesar deles não estar inseridos como hospitais, eles são então espaços de tratamento continuo prima população adstrita, o PAP dificilmente

fará um único atendimento quando essa pessoa nos procura e é atendida nos CAPS elas vão ter então um projeto terapêutico singular um tempo de permanência no CAPS então o que que a gente precisa ter uma recepção,aonde esse usuário acessa, pra ser conhecido, pra abri o prontuário, pra fazer uma ficha. Uma segunda recepção, um segundo balcão pra direciona, pra onde leva ai não necessidade porque acho que nesta manhã tu deves te visto que os usuários eles passam da manhã aqui, então eles fazem as propostas coletivas, as consultas individuais, eles retiram a medicação, eles são ouvidos, eles questionam, eles interagem o tempo todo então não há necessidade de um segundo balcão. Porque eu vi que os funcionários eles convivem bastante mas existe a necessidade de ter algum lugar que tenha algum funcionário fixo pra atender essas pessoas que eles saibam – há, ali eu sei que tem alguém, se eu precisa conversar, alem do local de acolhimento? Então a gente tem a recepção, nas recepções de serviços eles deverão ter o tempo todo um profissional ali, um posto de enfermagem, ou a sala de medicamentos é um outro setor, a própria farmácia, NE, o CAPS III ela tem a farmácia própria, e a gente tem o que a gente chama o acolhedor do dia, ou o acolhedor do período, então é um profissional ou dois eles não estão em tarefas pré estabelecidas, estão eles não tem grupo, eles não tem atendimento individual, eles ficam a disposição pra atender as demandas que aparecem do dia, tanto demandas de usuários que nos procuram pela primeira vez, quanto os que estão internos, você teve agora um

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exemplo da Zenaide, a Zenaide é uma usuária daqui, ela vem hoje, ela tá confusa, o acolhedor vai faz a escuta e percebeu, ó ela não sabe se hoje é a freqüência dela, daí então a profissional mesmo dá esse direcionamento. Dentro das atividades do CAPS eles mesmos, por exemplo nos refeitórios eles ajudam, eles se servem, eles participam das tarefas do CAPS, de limpeza acredito que não, da parte da questão da horta, essas coisas fazem parte do tratamento ou não? Então, é importante também este questionamento. A participação do paciente, do usuário, no cotidiano do CAPS é fundamental, porém ele não deverá ser visto como uma mão de obra NE, porque historicamente o que que acontecia nos hospitais psiquiátricos NE os internos eram colocados na lavação de roupas, na limpeza dos banheiros, dos espaços, pra não pagar para outra pessoa, em troca davam um passo de cigarros, deixavam pegar um sol, era uma barganha de uma forma muito exploradora. Nos CAPS eles são chamados a participa pra trabalha responsabilidade, iniciativa, estão eles tem acesso à cozinha, agora na hora do almoço eles vão ajudar separar os talheres, os pratos, para servir o almoço, eles não participam da lavação da louça, mas eles participam da organização do ambiente, nos temos os fumadores, estão os fumantes jogam ponta de cigarros pra tudo quanto é lado vez ou outra tem um deles que vai, junta as pontas de cigarro, varre, mas tudo dentro de uma situação assim de participar desse espaço e não exatamente como uma mão de obra. Na questão do acolhimento 24 horas, esses pacientes ou usuários eles tem que

ficar separados do resto do CAPS, tem que ter algum controle especial para eles, ou eles tem a convivência livre com todo o resto do ambiente, como funciona esta dinâmica? No CAPS III aqui de Joinville nós optamos pela terminologia hospitalidade 24 horas para aqueles que vão ficar internados e a gente não usa a palavra internados para de fato diferir do que que é uma internação psiquiátrica, aquela em que há um rompimento, NE essa pessoa que interna ela rompe com os vínculos familiares, comunitários, então quando ela fica em hospitalidade 24 horas no CAPS ela não é excluída das atividades do dia a dia, ela não fica reclusa num quarto ou num ambiente, o que acontece: de acordo com o momento que ela se apresenta vai se personaliza o atendimento a ela, então alguém que está em risco de fuga, precisa ter um profissional próximo dela, alguém que está agitada psicomotoramente, alguém que está muito delirante, que pode se coloca em risco, daí essas pessoas elas são feito, a gente faz uma escala de profissionais que fica cuidando delas, hoje mesmo tu tem visto a Dani NE, ela tá bem atrapalhada, ela nos procura, ela nos olha, ela tenta se expressa e as vezes não consegue, mas ela tá por ali, NE eu não sei se hoje ela conseguiu participa efetivamente de um grupo, senta, mas olha só ela teve a escuta, ela teve os cuidados de conforto, de medicação, ela vai recebe daqui há pouco a visita dos familiares, ela tá com suas próprias roupas, ela não foi destituída, não foi posto um uniforme nela, então todas estas coisas que faz com que seja um

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atendimento mais humanizado. E esta hospitalidade ela tem um período máximo ou ele tem algum ponto que este usuário é encaminhado à uma unidade de atendimento, como é esta dinâmica destes usuários que estão em hospitalidade? Então a indicação de hospitalidade noturna ou 24 horas vai ta dentro do PTS que este paciente, este usuário está nos apresentando. Geralmente ela é de 7 a 10 dias, NE, vai se avaliando pra vê, houve uma melhora as vezes em 3, 4 dias aquele quadro já se estabiliza, ou aquele conf lito que tava se vivendo já se resolve ou se começa uma negociação e o usuário não precisa ficar em 24 horas, ele vem só durante o dia, nos temos hospitalidades que as vezes elas se prolongam mais, por exemplo alguém que perdeu a moradia, NE, então essas pessoas com a indicação da equipe vão permanecendo mais tempo, mas geralmente é de 7 a 10 dias, com reavaliação da equipe inclusive do médico. E existe casos dentro do CAPS que realmente se vê a necessidade de levar para unidade de acolhimento ou se tenta o máximo se manter no CAPS III. Quando você fala de unidade de acolhimento você fala de uma outra internação? Isso Porque a UA que Joinville tem é a unidade acolhimento de usuários e de álcool e outras drogas, que estão em condições de rua e que são atreladas ao CAPD AD eles tem que estar freqüentando o CAPS AD. Então o CAPS III não tem acesso a UA. Por exemplo, quando você

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me pergunta do tempo da permanência de alguém com hospitalidade 24 horas, a gente começa como hospitalidade, o quadro não melhora, o usuário não colabora, você viu, nos estamos dentro de uma casa, as cercas são baixas, não tem nada que impeça, não é uma enfermaria fechada né, então o usuário que não melhora ou que piora, ou que começa com alguns outros cuidados que a gente não tem aqui e que de repente um hospital pode ter, ai a gente indica uma internação psiquiátrica , no hospital geral como último recurso. Entendi. Mas isso acontece freqüência ou é mais raro?

com

Não, pouco. Mas eu tenho os dados que eu posso te mostrar. Quando existe a necessidade de atendimento com ambulância , ou para casos mais graves, como é feita esta dinâmica pra não deixar os outros usuários muito agitados, e como é feita esta dinâmica do transporte, etc. Quando nós precisamos aciona o Samu, por exemplo, nós temos aquele portão grande ali, a ambulância entra dentro espaço do pátio do CAPS, e se direciona ali. O que que a gente precisa faze com os usuários que estão, então, um profissional chama eles pra próximo, explica o que está acontecendo, então tem uma crise, alguém esta muito mal, agitado, ou enfim com outras demandas que nem sempre é, somente uma demanda psíquica, não se separa claro os profissionai s que estão aqui falam o que está acontecendo, as vezes tem um usuários que ficam mais assustados, chorosos, então mexidos, é chamado esse usuário para um outro cômodo do CAPS, é explicado, e feito um

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acolhimento, enquanto isso a ambulância ta ali, faz a remoção, geralmente é uma remoção negociada, ninguém vai partir pra cima, pegar a força e amarrar, isso é feito somente sempre nos últimos casos NE, mas não vejo necessidade de, a gente tá falando de um CAPS NE, de uma rota de ambulância separado dos outros, essa situação, isso é bem característico de hospital.

otimiza tanto o espaço e até a companhia desse uruário, ter um quarto talvez com 1 leito seria interessante pra quele usuário que tá um pouco mais agitado, que tá precisando de um espaço mais de ficar sozinho, é importante, mas não é desejável que todos os quartos sejam de um único leito, lembrando também de alguém que esteja com uma forte reação suicida ou com planejamento suicida, não é indicado que ele fique só, por exemplo, NE

Mas se a circulação pudesse ser conjunta não seria problema, mas a questão de entrar E tem necessidade de ter divisão de na ambulância poderia ser um pouco mais feminino e masculino individualizado. Eu acho que é importante, pela própria É, é mais bem a questão mesmo de privacidade de cada um dos gêneros, eu manejo de lidar com aquela situação, a acho que é importante ter, se for possível ambulância ela deve entrar, ela não vai ficar sim, mas senão pode ser quartos coletivos, na rua, então teria que ter sim um acesso desde que tenha recursos humanos que próximo da onde tá a saída desse usuário, acompanhe n é, pra não haver abuso sexual mas não precisa ter algo separado NE, o e todas essas outras coisas que envolvem desenho do CAPS deve propicia a entrada NE... da ambulância, mas não assim do tipo E tem necessidade de ter algum tipo de háa, porque isso vai mexer com os outros controle visual dos quartos, não? usuários, isso tem que ser conversado, ser explicado, ser oportunizado para o usuário Pensando num modelo de CAPS III expressar seus medos, seus receios. NE, nesse que não ia ser adaptado, seria Com relação ao que agente já conversou, importante ter próximo dos leitos uma dos quartos individuais, dessa necessidade ilha de enfermagem, NE pra que esse dos leitos terem duas camas, e do porque profissional fique próximo desses leitos disso, e se seria interessante ou não ter NE, quartos individuais? Mas por exemplo um contato, alguma O CAPS III ele icicia em 2008 com 01 janela que o profissional que esteja quarto com 5 leitos, feminino misto, passando possa ver o que está acontecendo homem mulher, depois com o passar dos dentro do quarto ou isso não teria tanta anos a gente sentiu necessidade de separar necessidade? em dois quartos, então nos temos um Eu acho que não, na nossa vivência desse quarto com dois leitos e o outro com 03 desde 2008 até então, não quando a gente leitos, eu não vejo porque de um quarto quer olhar este usuário a gente abre a porta com leito individual, eu acho sim que pode delicadamente, não teria necessidade de sim ser com duas camas, eu acho que isso

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uma janelinha, ou algo assi, acho que é isso quando de visitas, então o familiar pode que você se refere. vir é , amigos, podem visitar os usuários que estão hospitalizados 24 horas, hoje De toda a literatura que eu pesquisei eu você acompanhou tinha uma senhora até agora eu vejo qual a importância que fazendo crochê ali, então o filho dela tá tem do acompanhamento do tratamento recém iniciando aqui o tratamento, estão e da vivência dos familiares junto com até para economizar passagem de ônibus, o usuário. O que tem de atividades ele ainda não usa transporte sozinho, ela hoje, como que se lida com a visita dos fica ali, que até eu te falei que até se tivesse familiares, tem algum período especial pra uma sala de recepção acolhedora, ela sala eles, eles tem esta abertura de passa o dia de acolhimento fica sentada ali fazendo aqui junto, ou eles tem algum horário pra o crochê dela, esperando ele termina os terapia individual só pra familiares, ou é atendimentos, NE, pra volta pra casa com sempre conjunto com o usuário? Porque, ela. alguns casos de usuários vem também por problemas com familiares, acredito eu, não Eu gostaria de saber um pouco do todos. Como se lida com isso? que de atividades se tem no CAPS, da importância disso no tratamento se é feito, O CAPS III oportuniza grupos destinados se tem alguma preocupação da inclusão à familiares então nos temos hoje duas dessas pessoas no mercado de trabalho, propostas de familiares, uma durante se eles fazem algum tipo de artesanato, o período matutino, então a psicóloga pra vender esses trabalhos pra conseguir Madalena fica disponível para um grupo algum tipo de renda pra esses usuários pra de família, e a outra proposta é noturna, eles conseguirem realmente se inserirem exatamente pra conseguir que aqueles que na sociedade de maneira que eles sejam tem trabalho durante o dia né, nas segundas auto suficientes tanto financeiramente feiras às 18:30 a gente tem um grupo que quanto socialmente, etc.? é terapeuta ocupacional e uma assistente social que estão coordenando, e terça de O CAPS tem um leque de ofertas de manhã a psicóloga Madalena, essas são as propostas de atividades que demandam atividades propostas de grupo, além disso repertório, que os trabalhadores tem, e a gente tem os atendimentos individuais, as dos desejos dos usuários. Então a gente orientações com mini equipe de referência , pode falar das oficinas terapêuticas: teatro, os eventos sócios culturais, as assembléias, de dança, coral, de construir algo, então eles são convidados à participar. agora eles estão agora num projeto de sustentabilidade que com caixinhas de leite E eles tem atividades em grupo deles, vai virar carteira, depois vou te mostrar lá, por exemplo, reuniões só de familiares, essa atividade ela poderá ser de geração de renda, estão a gente descobre talentos, Sim, essas duas propostas que eu possibilidades de usuários que as vezes não te falei são só para familiares. Não estão no mercado de trabalho, mas que são para usuários. Os atendimentos podem construir, fabricar algo que possa individuais, as orientações também são ter fim de comercialização, deles mesmo, para os familiares, você me pergunta sobre

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sem ter uma vinculação com o CAPS. Ainda a gente tem os grupos terapêuticos, grupo de apoio, grupo da conversa, contação de história, nós temos parcerias com as universidades, então a gente tem uma proposta de extensão da Universidade de Joinville, então toda a terça feira a tarde vem estudantes de psicologia, de farmácia, de gastronomia, de educação física, de medicina, como ter uma conversa com os usuários, a respeito de obesidade, o sobrepeso que muitas medicações causam, sobre questões de gênero, os atendimentos individuais de consulta psiquiátrica, de consulta psicológica, de terapia ocupacional, de enfermagem, ... E existe um incentivo, os familiares que vem geralmente são por vontade própria, ou existe realmente um incentivo deles virem a participar, ou eles tem vergonha, porque eu percebi que alguns lá eles tem vontade só de deixar o usuário e não se incomodar, alguns, NE, estou generalizando um pouco, eles não tem essa preocupação realmente de estar presente no tratamento, a impressão que eu tenho é que as vezes eles estão um pouco cansados, ai, não querem se preocupar, existe essa preocupação de passar o que é feito no dia a dia, de realmente trazer os familiares, ou o que? Então, Stefany é bem importante isso que você fala, é um desafio, eu me questiono bastante a respeito de que olhar que realmente nos conseguimos dar para os familiares, NE, então tem familiar que está sobrecarregado, que tá stressado, que que mais mesmo deposita seu familiar, seu usuário aqui e esquecer, eles nos buscam sempre voluntariamente a família, quando ataca algum problema e que que

a gente ajude a resolver, ou que a gente resolva por eles, as propostas que a gente apresenta elas tem que ser feito convite, a gente tem que insistir pra eles virem NE, porque eu acho que é isso, eu acho que falta nós nos debruçarmos e pesquisar a respeito desse fenômeno, NE, o que que o CAPS faz quando vocês me falam, a gente procura mostra o que que a gente faz aqui, o que que o usuário faz, aqui pra família, a gente fica ainda muito naquele modelo de o chama a família pra gente orientá pra dize o você tá fazendo errado, você tem que faze isso com teu familiar e não dá o empoderamento pra esse familiar, então, a gente tem sempre que insisti muito pra eles virem pras nossas propostas. E existe alguma interação com a comunidade, um pouco para eles verem o que acontece no CAPS, pra se percebe que, pra tentá quebra um pouco este preconceito que se tem com relação à saúde mental ou não se tem contato assim não... Tem, tem, a gente tem uma interface com a comunidade, até pela questão da luta antimanicomial, então Joinville ela tem sempre muito forte no mês de maio o dia de 18, nos temos uma semana toda direcionada pra comunidade, então a gente vai pra praça, a gente vai pra escola, vai pra universidade, vai no posto de saúde, vai na câmara dos vereadores, tudo traze essa bandera da reforma psiquiátrica, dos cuidados em saúde mental. Nós temos, né, assim como você tá presente aqui, a gente tem esse interesse em possobilitá para quem está em formação se aproximá NE da prática em saúde mental, a gente tem as visitas técnicas, algumas possibilidades de estágio, nos temos alguns trabalhos de conclusão de curso, envolvendo o CAPS,

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NE então a gente vê que é um viez NE Então, eu acho que o maior sonho eu de apostar na formação, mas eu acho que acho que é realmente te uma sociedade ainda precisa mais, tá, acho que tem que sem manicômios, que a gente pudesse ter ser uma coisa mais contínua, NE muitos CAPS, muitos pontos de atenção e que acolhesse as pessoa em sofrimento O CAPS consegue atingi uma visibilidade mental de uma forma mais humana, perante a cidade, eu particularmente mais próximo do dia a dia. Eu acho não conheço muito de Joinville, mas ele que a infraestrutura dos CAPS o espaço consegue se inseri assim na malha, ou físico, layout, ele precisa ta sempre sendo ainda fica um pouco distante com relação pensado, que os recursos , NE,realmente a isso? financeiros, NE viessem para os CAPS e ai junto com eles os recursos humanos, de Então, o CAPS III eu vejo que ele tem pessoas que realmente pensem e acreditem ele é bem inserido nessa parede, nessa que é possível cuidar em liberdade, eu acho malha, a gente tem sempre as pessoas nos que na formação que a gente pudesse ter um procurando, tanto pra conhece o serviço, CAPS escola pensou, com formação, com quanto para pedir informações, pra residência, tudo pra pensa na formação de cuidados compartilhados, então eu acho profissionais que realmente apostem NE que o CAPS III, ou ate os CAPS aqui de na reforma das pessoas, dos serviços. Joinville, acho que eles são potentes, assim, estão sempre se articulando com a rede Obrigado. E nesse primeiro contato geralmente é usuário que ele chega ao CAPS ou ele vem a partir de outros , indicações, de outros encaminhamentos? Então, o CAPS III ele é porta aberta, ele não tem fila de espera, ele não tem agenda, ele não tem horário pré definido, nós atendemos tanto demanda espontânea, quanto demanda referenciada, encaminhada, com cartinha, então, quem chega aqui hoje tem o período da manhã Jucelene, que é acolhedora, que ela está disponível para atender as demandas internas e externas. Então, não existe fila de espera e encaminhamento, acesso ao CAPS por demanda espontânea. Tens alguma consideração, algum sonho, assim, ai, gostaria muito que no CAPS tivesse isso, ou imaginaria isso para o CAPS...

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