(MICRO)PAISAGEM

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(MICRO)PAISAGEM INSERÇÃO PAISAGÍSTICA INSERIDA NA ARQUITETURA E URBANISMO DA CIDADE CONTEMPORÂNEA


Vany Gregório Tanaka Orientadora: Prof. Kelly Cristina Magalhães UNESP - FAAC RA: 11033721 Trabalho Final de Graduação Arquitetura e Urbanismo São Paulo | Bauru Fevereiro . 2016


Dedico este trabalho à minha família. Sem a orientação e a confiança do meu pai Vadi, a ajuda e a cobrança da minha mãe Vera, o apoio e benção da minha avó Amélia e o exemplo e a amizade da minha irmã Tamy não seria possível finalizar este curso e nem começa-lo, muito mais que a ajuda financeira, eles acreditaram em mim, como pessoa, como estudante e como arquiteta. Agradeço à minha orientadora e professora Kelly Magalhães, por tudo que você me ensinou, como professora, como arquiteta e como pessoa, obrigada por guiar e apoiar este trabalho. Gostaria de agradecer também uma professora que admiro e respeito muito: Marta Enokibara, pois sua optativa de Projeto Executivo de Paisagismo me inspirou para este trabalho. Arquitetura pra mim é o espacialização da vivência e a UNESP proporciona aprender arquitetura vivendo uma nova experiência, em uma nova cidade, mudar para Bauru influenciou muito minha formação, a qualidade de vida do interior, junto com uma aproximação da natureza e colegas que são seus vizinhos, abre sua mente para pensar na influência que a arquitetura pode causar na cidade, nas pessoas e principalmente no cotidiano. Agradeço aos grandes amigos que fiz em Bauru mas que são para a vida toda, Fadiga Módolo, Dudu Maggi, Marrom Kubo, Alecrim Curti, Alfajor Laetano, Isis Milanez, Skol Reschini e Pardinho Efstathiadis, juntos todos esses anos aprendi e me diverti muito com todos vocês e outras pessoas incríveis que conheci e fizeram parte da minha formação. Quero agradecer uma pessoa muito especial pra mim Renan Vettori, que me inspira todos os dias a ser o melhor que eu posso ser e colocou fé em mim e no meu trabalho quando eu mais precisei. Obrigada amor. Por fim agradeço a Deus.

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“Cada geração desenha seu perfil e seu entorno; cada geração inventa sua identidade e circunstância; cada geração escava seu rosto e sua paisagem. Somos tão responsáveis pelo olhar que contempla como pelo panorama contemplado.” Luis Fernández-Galiano

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ÍNDICE 1.

INTRODUÇÃO ............................................................................... 04

2.

CONTEXTO: CIDADE CONTEMPORÂNEA ..................................... 06

3.

ESTRUTURA: MICROPAISAGEM ................................................... 11 CATÁLOGO DE TÉCNICAS DE MICROPAISAGEM ................ 17

4.

COMPROMETIMENTO: SUSTENTABILIDADE ............................... 20

5.

PROJETO: MORADIA COLETIVA .................................................... 24

6.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS ..................................................... 42

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1.INTRODUÇÃO A inserção da natureza na cidade contemporânea tem sido um grande desafio e também uma necessidade da espécie humana, uma vez que inúmeros problemas ambientais e sociais decorrentes da drástica diminuição de áreas verdes urbanas e do mau planejamento e crescimento desordenado das cidades nos atingem todos os dias, como a falta de água, enchentes, qualidade e umidade ruim do ar, epidemia de doenças transmitidas por insetos, produção excessiva de lixo e descarte impróprio, poluição e contaminação do solo, da água e do ar, falta de espaços públicos, mobilidade precária, dentre tantos outros. Como consequência, perdeu-se então a qualidade de vida diária dos cidadãos urbanos. A micropaisagem é um conceito de paisagismo que visa recuperar essa qualidade de vida e recompor a paisagem natural da cidade, consiste em utilizar as áreas livres dos lotes, os vazios urbanos e as construções e infraestruturas existentes nas cidades, inserindo uma pequena paisagem através de técnicas que utilizam elementos naturais e contribuem para a conservação e desenvolvimento ambiental urbano. As técnicas de micropaisagem mesclam o ambiente já construído e bem consolidado das cidades contemporâneas com a natureza, podendo resolver problemas ambientais, sociais e econômicos quando realizadas com estudo prévio da área, qualidade técnica e participação social. A cidade contemporânea mesmo sendo lugar do caos, da desordem e do fragmento, é uma cidade viva e naturalmente instável, ou seja, em transformação frequente, tornando-se o lugar da mescla e da diversificação.

'Menina na laje' Río de Janeiro Claudia Jaguaribe

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O conceito micropaisagem tem uma relação cultural com a sociedade, referente à alteração das técnicas construtivas e mudanças de comportamento em relação ao lar, ao ambiente de trabalho, ao espaço público e principalmente aos modos de conservação e preservação do meio ambiente, recuperando o sentido humano do paisagismo através do contato homem e natureza.


A micropaisagem precisa ter uma escala humana, são técnicas que atendem padrões de qualidade, funcionalidade e praticidade, voltadas ao nível dos olhos da sociedade, que será contemplada, vivenciada e mantida no cotidiano das pessoas, que passam, caminham, permanecem, sentam, olham, conversam, se expressam e vivem naquele local. As técnicas utilizam em seu projeto, o solo, a água, pedras e principalmente a vegetação, elementos naturais que ajudam a regular a temperatura do ambiente, a qualidade e a umidade do ar, o sistema de drenagem urbano, proporcionam conforto físico, visual e psicológico e podem produzir cheiros, remédios e alimentos, recuperando assim o sentido útil do paisagismo. A micropaisagem pode ser aplicada primeiramente em duas vertentes: em um novo ambiente (lugares vazios, novas construções e expansões) e em um ambiente consolidado (infraestruturas urbanas, edificações construídas e corredores ecológicos), em cada uma delas pode ser aplicada na esfera pública (infraestruturas de mobilidade e lazer) e na esfera privada (lotes em geral de diferentes usos, residencial, institucional, industrial, comercial e serviços).

Falar em paisagem durável, aquela que reflete seus benefícios para a sociedade atual e para a geração futura, é falar em sustentabilidade. A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema que certifica edificações com características sustentáveis, que colaboram com o meio ambiente e com o melhor desenvolvimento do planeta, os chamados “prédios verdes” certificados ganham destaque e valorização no mercado imobiliário. Mas o desenvolvimento sustentável das cidades não está apenas ligado às construções ou recursos naturais, ele depende de um equilíbrio ambiental, econômico, político e social. É preciso aprender, investir e incluir na sociedade os benefícios de se conviver integrados com o meio ambiente, de forma e uso racional e sustentável. Acredito que as grandes cirurgias urbanas serão substituídas por pequenas inciativas locais, de escala humanizada e de projetos com qualidade e ganho ambiental, social e econômico. As diferentes micropaisagens, mesmo pequenas, podem se conectar, formando uma estrutura maior, transformando assim grandes espaços e recompondo a paisagem da cidade contemporânea.

Horta do Ciclista São Paulo

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2.CIDADE CONTEMPORÂNEA CONTEXTO

Praça da Sé São Paulo

A paisagem urbana de nossas cidades é expressão espaço-temporal das coletividades em suas configurações do território, em busca da criação de uma memória cultural, que conferem e atribuem formas ou significados diversos a seus lugares urbanos. Modela-se assim a cidade, neste processo dinâmico e particular de participação de toda uma geração. A atribuição de forma e figura culturalmente significativas a um espaço o transforma em “lugar”, possibilita que nos reconheçamos na cidade e, assim, dela nos apropriemos, contribuindo, para a formação de sua imagem. “O urbanismo ocupa-se de tudo isso: das transformações do território como continuidade do passado e como confronto entre as condições do presente e seus próprios desejos. Cidade e território pertencem inevitavelmente à experiência cotidiana de cada um.” (SECCHI, 2006, p. 18) O século XX, marcado pelo crescimento demográfico das cidades e pelo desenvolvimento das tecnologias, trouxe inúmeras transformações para a vida urbana. Tais transformações começaram a se manifestar no final do século XIX, a 06

partir da reestruturação dos espaços públicos, que ganharam novos significados e tipologias, além das ruas, bulevares; avenidas; praças; jardins e parques passam a compor o espaço público das cidades, associando ‘espaços públicos’ e ‘áreas verdes’. No período Modernista, a arquitetura dos edifícios é então traçada e codificada, tendo em vista a liberação de espaços verdes, o “recrear o corpo e o espírito”, buscando a luz solar e o ar, nesses jardins, as formas artísticas de produção do espaço são tão valorizadas quanto a tecnologia dos materiais utilizados para sua construção, o desenho deve ser resultado de conceitos básicos de concepção arquitetônica, como o telhado verde, definido como conceito arquitetônico por Le Corbusier. Os diferentes projetos desse período também mostram os espaços públicos sempre próximos às edificações, favorecendo o lazer coletivo e evidenciando a ideia de setorização trazida pelo Movimento Moderno, fica clara a ideia de espaços institucionalizados e formalizados para o lazer e a ideia de uma “cultura do lazer” em oposição a uma “cultura do trabalho e da produção”.


“Ao mesmo tempo em que a estética da máquina é uma afirmação radical do progresso, da técnica e do domínio da natureza, o tratamento indispensável dos espaços externos favoreceu uma visão pitoresca e de valorização do lugar, permitindo o resgate de elementos orgânicos para uma estética do espaço contemporâneo.” (ABAP, 1997, p. 17) A principal crítica ao modernismo está voltada à criação de um padrão tipológico, determinando o comportamento do usuário e o foco do seu interesse, fragmentando as relações sociais. Este padrão acabava por generalizar a experiência, sem particulariza-la. O ideal modernista almejava a construção de uma cidade perfeita, nova, baseada na racionalidade e soluções universalizadas, não há ajustes entre tecidos urbanos preexistentes e os novos espaços urbanos que serão construídos – há uma substituição da cidade precedente pela nova cidade, perdendo identidade cultural e construções já existentes. Na cidade contemporânea a certeza dá lugar à dúvida; as expressões da cultura, política, economia, arquitetura, etc. são agora diversificadas. O conceito pós-moderno em arquitetura buscava aprender com o existente, considerando esse um comportamento revolucionário, já que questionava o modo de se ver a cidade e a sociedade, não impondo regras e conceitos ou determinando um modelo igualitário onde existem tantas diferenças a serem consideradas. A revisão do urbanismo no conceito pós-moderno retoma a importância do lugar enquanto identidade, a interação vira prioridade, é uma forma de romper com o isolamento. Jacobs, em seu livro Morte e Vida de Grandes Cidades (2000), afirma que “todos precisam usar as ruas e que a segurança pública é garantida justamente pela presença dos usuários. A diversidade urbana garante olhos atentos para a rua” (p. 37), e pode ser obtida essencialmente através dos usos combinados e da concentração de pessoas. Tais características asseguram ainda a vitalidade urbana, em termos sociais, através da troca interpessoal, mas também em termos econômicos, por garantir a sustentabilidade entre os usos. É a disponibilidade de espaço, sem fim específico, que possibilita a chance de personalização da experiência do espaço público.

Eixo Monumental Brasília

“O arquiteto pode contribuir para criar um ambiente que ofereça muito mais oportunidades para que as pessoas deixem suas marcas e identificações pessoais, que possa ser apropriado e anexado por todos como um lugar que realmente lhes pertença.” (HERTZBERGER, 1996, p. 47) Na contemporaneidade, a cidade existente passa a ser uma mescla dos tantos significados atribuídos pelos seus usuários e o direito à construção desses significados é agora aceito. A sociedade não tem um modelo perfeito de cidade para vivenciar, mas sim um espaço urbano variado, diversificado e construído a partir da participação e da interação social dos usuários. Uma multiplicidade de espaços encontra-se inseridos em um mesmo limite territorial urbano – físico e virtual, tornando-se uma cidade ainda mais complexa. A cidade hoje incorpora novas funções e novos usos. Pensar nas novas tecnologias e nos benefícios que essa fusão pode ou não proporcionar à cidade é agora necessário. Pocket Park Oscar Freire São Paulo


O mundo contemporâneo, ainda que mais livre, para muitos mostra-se confuso, caótico, desprovido de forma, incompreensível e imprevisível; por isso, causa um novo e difuso mal-estar individual e coletivo. As megalópoles em sua formação tornaram-se, ao mesmo tempo, espantosas concentrações de pobreza e importantes novos centros da economia mundial. A América Latina e o Caribe (ALC) é a região em desenvolvimento que registrou a mais rápida urbanização no mundo. A população urbana passou de 41% em 1950 para 80% em 2010 e de acordo com as projeções das Nações Unidas em 2050 vai chegar a 89% enquanto a média mundial de urbanização chegará a 69%. A cidade é um atrativo econômico forte e deveria ser em tese um lugar melhor de se viver, já que é um aglomerado de pessoas, trabalho, serviço público e lazer. No Brasil 85% da população vive em cidades (2014), porém 28% vive em favelas e esse número cresce quatro vezes mais rápido que a população regular. É um ciclo: o crescimento inevitável da população urbana resulta em informalidade (habitações sem qualidade, de caráter irregular ou trabalho informal), que está extremamente ligada com a pobreza (2 a cada 3 pessoas na ALC estão abaixo da linha da pobreza), o que gera mais desigualdade (90% do PIB nacional é produzido nos centros urbanos), a desigualdade não atrai investimentos, sem investimento sem emprego produtivo, voltando então para a informalidade e pobreza.

Os principais problemas da cidade de São Paulo, local onde moro e implantação da minha proposta de projeto de habitação coletiva, pode se dizer que o pior é a falta de água, sem água não existe vida e esse gravíssimo problema se contrapõe com outro, água em abundância. Hoje, choveu na capital e o mais comum é ler uma manchete exatamente assim: “Chuvas fortes derrubam árvores e provocam alagamentos e lentidão em São Paulo.” (G1 – Portal de noticias da Globo), se chove a cidade para, além de invadir e destruir residências e comércios, demonstrando a ineficácia do sistema de drenagem urbano. Outros problemas comuns das cidades brasileiras são a qualidade e umidade ruim do ar; poluição do ar, da água e do solo; produção excessiva de lixo, problema seriamente ligado a pratica do consumo individual sem devida separação de recicláveis e gestão dos resíduos (65% dos esgotos do Brasil não são tratados e lançamento de efluentes industrial nos corpos hídricos ainda é comum, como aconteceu no caso do rompimento da barragem em Mariana-MG); mobilidade urbana saturada que dá preferencia ao transporte de uso individual (em média, na ALC, 45% da população urbana viaja mais de 1 hora por dia para se deslocar até o trabalho) e a falta de equipamentos, espaços urbanos e áreas verdes atendendo a população (devido ao planejamento e ocupação voltados para o lote e não para a quadra ou o bairro), a paisagem urbana é monótona, sem conforto físico, visual ou psicológico, somando na baixa qualidade de vida dos seus habitantes.

Alagamento residencial São Paulo

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Obras da Linha Ouro Monotrilho São Paulo

“Nas descrições dos urbanistas, sociólogos, antropólogos, etnólogos e economistas, foram utilizados termos geralmente dotados de grande amplitude semântica, como fragmento, heterogeneidade, descontinuidade, desordem, caos. [...] no qual não é possível reconhecer nenhuma regra de ordem, nenhum principio de racionalidade que a faça inteligível. No entanto, como Henry Miller disse uma vez, confusão é uma palavra inventada para indicar uma ordem que não se compreende.” (SECCHI, 1997, p. 88) Lugar da mescla e diversificação, a cidade contemporânea é por natureza instável; sede de mudanças contínuas que provocam formação de situações críticas e soluções transitórias dos problemas: casas que viram fábricas, fábricas que se transformam em teatros, escolas que viram casas, jardins que se tornam parques, ruas tranquilas que viram eixo de tráfego intenso, praças que viram hortas. Nos passa a sensação de uma cidade viva e em transformação frequente.

“[...] a figura do fragmento constitui a ideia de uma politica processual e incremental da construção e modificação da cidade e do território, feita de intervenções fragmentárias, de subtrações e acréscimos cumulativos que, embora ajam pontual e localmente, conseguem dar um novo sentido a todo o complexo urbano.” (SECCHI, 2006, p.34) A conectividade na cidade contemporânea se torna de grande importância para um desenvolvimento sustentável, a idéia é implantar em cada cidade, centros integrados de operação e controle, uma central que liga informações e dados em tempo real: câmeras, semáforos, trânsito, transporte público, iluminação etc. Esse sistema possibilita controlar situações de forma mais rápida e eficiente interligando cada área e sua complexidade, a participação popular nesse caso é extremamente importante, é a sociedade que transmite esses dados em tempo real, mas para isso é necessário uma conectividade de banda larga acessível a todos. 09


Paisagem monótona, cinza do centro de São Paulo

O paisagismo tende a acompanhar as investigações linguísticas e subjetivas da arquitetura contemporânea, exercícios formais que nos parecem muitas vezes inconsequentes e redutores, mas que ao mesmo tempo podem favorecer uma investigação da linguagem como algo diferente. O que representa uma oportunidade absolutamente essencial de discussão tanto da herança do projeto de paisagem que recebemos e estamos transmitindo, quanto da situação crítica da paisagem, do ambiente, quanto projeto cultural e enquanto conceito de natureza. “No que diz respeito ao caso brasileiro, a crise de paradigmas é evidente no âmbito de sua contemporaneidade – seu maior desafio consistindo na pesquisa exploratória de novas formas que atendam as novas complexidades sociocul-

turais, ecológicas e novas funções na qualificação do meio urbano. O “paraíso terrestre”, evocado por autores tem, obviamente, novos e desafiantes contornos, mas segue pleno de possibilidades para estimular a investigação criativa da identidade do projeto da paisagem contemporânea brasileira.” (ABAP, 1997, p. 20) O que está em pauta é o projeto da paisagem. A tradição do projeto paisagístico, que atualmente ganha novo interesse, nova força, pode ser um modo rico de discutir culturalmente as qualidades propostas ao meio ambiente, com o paisagismo produtivo, aquele que exerce funções estéticas, úteis e principalmente humanas, favorecendo o contato sociedade-natureza, sempre buscando um equilíbrio entre as duas partes.

Av. Brigadeiro Luís Antônio com Jardins Verticais São Paulo

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Sobrados Econômicos Luiz Paulo Andrade e Felipe Scroback São Paulo

ESTRUTURA

3.MICROPAISAGEM O conceito de micropaisagem consiste em uma pequena inserção paisagística, aplicada junto ao projeto de arquitetura e ao desenho urbano da cidade através de técnicas de paisagismo. As micropaisagens tem o objetivo de recompor a paisagem natural da cidade integrando com a paisagem existente, que representa sua identidade histórico-cultural. A busca é pelo equilíbrio entre a cidade e a natureza, ao mesmo tempo em que a edificação foi criada para nos proteger de ações da natureza, trabalhar com o lote proporciona o contato controlado dessa relação, trazendo sol, vento, chuva, terra e vegetação e seus benefícios para assegurar a qualidade de vida no cotidiano das pessoas. A aplicação da micropaisagem acontece em dois níveis, primeiro, no novo ambiente ou no consolidado, e segundo, no ambiente público ou privado.

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A escala humana é a base para esse conceito funcionar, as mudanças tem que ser significativas ao olhar das pessoas, que vão caminhar, passar, permanecer, sentar, olhar, conversar, ouvir, viver e se expressar naquele local, também devem atender padrões de qualidade, funcionalidade e praticidade. Vários princípios gerais de urbanismo constituem um pré-requisito crucial para o trabalho com a dimensão humana, segundo Gehl: “1- Distribuir, cuidadosamente, as funções da cidade para garantir menores distâncias entre elas, além de uma massa crítica de pessoas e eventos. 2- Integrar várias funções nas cidades para garantir versatilidade, riqueza de experiências, sustentabilidade social e uma sensação de segurança nos diversos bairros. 3- Projetar o espaço urbano de forma a torna-lo convidativo tanto para o pedestre quanto para o ciclista. 4- Abrir os espaços de transição entre a cidade e os edifícios, para que a vida no interior das edificações e a vida nos espaços urbanos funcionem conjuntamente. 5- Reforçar os convites para permanências mais longas no espaço público, porque algumas pessoas por muito tempo em um local proporcionam a mesma sensação de vitalidade do que muitas pessoas por pouco tempo. De todos os princípios e métodos disponíveis para reforçar a vida nas cidades, o mais simples e o mais eficaz é convidar as pessoas a passar mais tempo no espaço público.” (GEHL, 2014, p. 232)

Os fragmentos da cidade contemporânea são os materiais de um sistema aberto. Suscetíveis à repetição, a conexão e composição, eles propõem-se ao estudo e a experimentação enquanto materiais urbanos. O projeto da cidade contemporânea confia, ao desenho dos espaços abertos, a missão que tempos atrás era primazia do jardim: ser o lugar onde se experimentam e aperfeiçoam as novas ideias. A cidade projetada ao nível dos olhos ressalta a importância das áreas térreas para atração e funcionalidade das cidades. “Essa é a zona de transição entre as edificações e a cidade, é aqui que a vida do interior das edificações pode se encontrar com a vida do lado de fora, é aqui que os pedestres passam bem perto e tem tempo para aproveitar as grandes e pequenas experiências, em seu caminho.” (GEHL, 2014, p. 240), Gehl também aponta doze critérios de qualidade com respeito à paisagem do pedestre no ambiente público (p. 239): 12

Imagens da exposição “Cidade para Pessoas” Galeria Matilha



A origem do paisagismo remonta as culturas antigas, da Pérsia e Egito à Grécia e Roma no tratamento de seus jardins. Durante a Idade Média o interesse pelo espaço exterior diminuiu, porém, com o Renascimento, foi revivido com esplendidos resultados na Itália e deu origem às vilas ornamentadas, jardins e grandes praças exteriores. Posteriormente este movimento chegou à França, originando o estilo clássico francês e no século XVIII, paisagistas ingleses, apresentam o conceito de jardim com formas mais orgânicas e naturais, consolidando o estilo de jardim inglês. Com a Revolução Industrial, as áreas urbanas foram se adentrando. Houve o aburguesamento da sociedade e o parcelamento da terra acentuou-se, provocando a diminuição das áreas particulares livres. Parques e jardins públicos eram usados para arejamento das áreas urbanas, eram os “pulmões” das cidades. No Brasil, a transferência da família real para o Rio de Janeiro, no séc. XIX desencadeou um processo de formação de passeios públicos, praças e parques, concomitantes à formação de jardins botânicos com viveiros para pesquisa e reprodução de mudas de espécies de valor econômico e ornamental significativos. Dos anos 50 aos 70, destacaram-se os melhores trabalhos dos grandes mestres da arquitetura paisagística. Dentre eles, Roberto Burle Marx, que, embora sendo modernista não se submeteu aos cânones do movimento. Teve seu processo criativo ligado às artes plásticas e ao entendimento da botânica, utilizados para a compreensão da natureza, principalmente a tropical do Brasil com suas cinquenta mil espécies diferentes de plantas.

Em São Paulo, a característica de “arraial sertanista” perdura até o início do séc. XIX, sendo suas praças públicas modestas e mal cuidadas, destacando-se somente a Praça do Colégio, a Sé e a Praça da Câmara. Quanto ao jardim residencial, pequenos quintais para o cultivo de espécies frutíferas e criação de aves e animais domésticos, no final do século XIX, são objetos de grande atenção, com o surgimento dos palacetes e a adoção de recuos e jardins laterais. A história do jardim ao longo do século XX é estudo minucioso das relações espaciais entre materiais vegetais e artificiais, próximos ou postos como pano de fundo de horizontes. Todo jardim cultivado possui em sua gênese necessidades histórico-sociais, reveladas em seu sentido útil, com o tempo, o jardim adquire um sentido humano, tornando-se expressão de afetividade e de sensibilidade, e acumulando um significado de memória. O valor estético aparece em um terceiro momento, quando a distribuição do arranjo das plantas e flores deixa de ser intuitivos e passa, a denotar uma intencionalidade estética. “O jardim brasileiro dos primeiros tempos foi o jardim das bananeiras e dos laranjais, [...] a maior parte dos elementos constituintes do jardim era cultivada com finalidades culinárias, medicinais ou práticas, outros eram acrescidos ao jardim por seu aspecto simbólico, por seu perfume ou características plásticas. O jardim brasileiro era simples e irregular. No espaço urbano, situava-se quase sempre atrás das casas.” (ARAGÃO, 2008, p. 171)

Parque Municipal Roberto Burle Marx São José dos Campos

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Com o tempo os jardins foram conquistando outras áreas do terreno além da área dos fundos, a princípio as laterais e depois, o recuo frontal, é válido ressaltar a importância desses jardins privados, em função de seu porte e qualidade, alterando a percepção da paisagem de certos setores da cidade e ganhando papel de destaque na sua composição. Com os edifícios de apartamento, surgiu o jardim do condomínio, que por um instante foi projetado segundo os preceitos da modernidade para, logo em seguida, deixar-se dominar pelos interesses especulativos de agentes imobiliários, que transformaram o jardim em objeto de consumo, o jardim particular adquire grande valor estético, mas diminui seu sentido humano e seu sentido útil e passa a apresentar um valor de troca descomunal. Para o proprietário do jardim estético, este representa uma obra possuída, um bem; para o paisagista, é uma obra produzida, concebida com arte; para o jardineiro responsável por sua manutenção, possui um significado de trabalho. É justamente essa dissociação de papeis em relação ao jardim – possuir, produzir, cuidar – que leva à ruptura do sentido humano. “E, assim, na cidade, o jardim do sobrado se transformou e se misturou a tantos outros jardins (públicos e privados) que foram surgindo na paisagem, quase sempre cercados por grades – visualmente acessíveis, mas frequentados por um numero restrito de pessoas em uma sociedade que insiste em ser segregacionista.” (ARAGÃO, 2008, p. 176)

Casa Goia Renata Pati São Paulo

Casa Jardins CR2 Arquitetura São Paulo

Muitas doenças estão surgindo resultantes da falta de controle no uso de agrotóxicos e outros químicos da indústria alimentícia. O transporte rodoviário de alimentos no Brasil também apresenta altos índices de custo e poluição. A falta de vegetação nas grandes cidades ocasiona o sobreaquecimento e qualidade ruim do ar, além da falta de permeabilidade do solo que somada ao sistema de drenagem urbano precário comprometem o funcionamento da mobilidade urbana e causam danos na população. Hoje, mais do que nunca, devemos repensar nossa relação com o espaço privado e público e usufruir dos inúmeros benefícios que o paisagismo produtivo gera para o ser humano.

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Rua Golçalo de Carvalho Porto Alegre

“Todavia, o jardim, ornamento do solo, cidadela do otium, do céu ou lugar do mito, sempre foi metáfora da cidade e da sociedade. Construído ex novo, mas mantendo relações profundas com as características do lugar através da constituição física e da forma dos terrenos, das águas e da vegetação, o desenho do jardim torna-se, ao longo da história da cidade, exercício de controle das relações espaciais e de projetos conceituais.” (SECCHI, 2006, p. 25)

Por exemplo, o fato de que uma planta ser composta em sua maioria de agua, que é um material que absorve pouco calor, faz com que ela ajude a regular a temperatura do ambiente, liberando calor quando está frio e retendo calor quando está muito quente. Além do conforto térmico as plantas melhoram significativamente a qualidade do ar produzindo oxigênio e absorvendo algumas impurezas. As vegetações em geral, como mantém o solo exposto, contribuem para o sistema de drenagem, junto a técnicas e plantas específicas podem até filtrar a água, melhorando sua qualidade. Estar perto de plantas proporciona ao ser humano, um maior conforto, visual e psicológico, o paisagismo proporciona uma infinidade de formas e cores, anulando o efeito monótono de construções retilíneas, contribuindo até para o isolamento acústico. As micropaisagens podem voltar a dar um sentido humano e útil para o paisagismo, além do estético, a ideia é mudar como as pessoas se relacionam com o jardim, oferecendo opções internas e externas de diferentes tipos de jardins e infraestruturas que serão úteis para o meio ambiente, para a alimentação, para as pessoas como forma de terapia e bem-estar, para a ambientação geral de espaços e para a recomposição da paisagem da intimidade e consequentemente da paisagem da cidade contemporânea, uma vez que irá atingir também telhados, varandas, paredes, fachadas, muros, ruas e avenidas.

Rua Golçalo de Carvalho Porto Alegre


VANY TANAKA

arquitetura e paisagismo

CATÁLOGO DE TÉCNICAS DE MICROPAISAGEM As técnicas de micropaisagem utilizam elementos naturais em seu projeto, como o solo, subsolo, a água, pedras e principalmente a vegetação, a escala humana da micropaisagem promove a proximidade do homem com a natureza, em um contato controlado, totalmente sensorial. A aplicação do paisagismo produtivo em pequenos fragmentos da cidade contemporânea criam redes multifuncionais permeáveis e vegetadas que reestruturam o mosaico da paisagem, visando manter ou restabelecer os processos naturais e culturais que asseguram a qualidade de vida urbana. Entre as funções da micropaisagem estão:

CATÁLOGO

(MICRO)PAISAGEM Casa Deck Isay Weinfeld São Paulo, SP.

Tutorial Cisterna WikiHow

Elevar a permeabilidade do solo e controlar a temperatura e a umidade do ar; Interceptar a água da chuva; Proporcionar sombra; Funcionar como corredor ecológico; Agir como barreira contra ventos, ruídos e alta luminosidade; Diminuir a poluição do ar; Sequestrar e armazenar carbono; Bem estar psicológico; Produzir cheiros, remédios naturais e alimentos. Quanto à drenagem, as técnicas promovem uma absorção de água pluvial, que pode ser devolvida à bacia local naturalmente pelo solo, podem apenas retardar o escoamento superficial de áreas impermeáveis para a rede de captação de água das chuvas da cidade e podem até auxiliar no seu tratamento in loco. Em tempos de reservatórios de água com apenas 12% de sua capacidade, ter um sistema de captação de água para reutilizá-la é uma saída sustentável e também econômica, as técnicas podem envolver no projeto um sistema de captação da água da chuva, previamente filtrada pela vegetação e solo ela é armazenada em cisternas que direcionam a água para outros usos como a própria rega das plantas. As cisternas são reservatórios enterrados para estarem no nível abaixo da captação, geralmente utilizada em grandes áreas, mas existem cisternas menores que podem se adaptar a pequenos espaços, são modulares e podem vir com filtro, existem cisternas específicas para reuso da água da maquina de lavar e tutoriais na internet de como construir uma cisterna caseira.

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Importante dizer que todas as técnicas necessitam de um estudo prévio da área, metragem, sua insolação, as condições do solo, há quanto tempo está impermeabilizado, quanto é a sua capacidade de absorção e o quanto uma nova quantidade de água infiltrada pode prejudicar estruturas existentes e principalmente os tipos de problemas encontrados no local, o estudo é importante para aplicar a técnica apropriada. A implantação adequada deve ser feita por um profissional qualificado. As plantas são organismos vivos e necessitam de cuidados e atenção, por isso as micropaisagens precisam de manutenção periódica, como a rega, a poda, o controle de pragas e eventualmente a própria manutenção da estrutura. “Define-se como paisagem um espaço aberto que se abrange com um só olhar. A paisagem é entendida como uma realidade ecológica, materializada fisicamente num espaço que se poderia chamar natural (se considerado antes de qualquer intervenção humana), no qual se inscrevem os elementos e as estruturas construídas pelos homens, com determinada cultura, designada também como ‘paisagem cultural’.” (MASCARO, 2008, p. 15)

Paisagem da Intimidade Jardim em vasos

Existem diferentes escalas e tipos de paisagem, classificadas abaixo segundo a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas:

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Paisagem de Intimidade: “Tema recorrente no ofício do paisagista em qualquer parte do planeta, o jardim residencial materializou e prossegue materializando ‘boa parte da paisagem humanizada’”. (ABAP, 1997, p. 143)

Paisagem do Lazer: “Nas últimas três décadas, vem se consolidando no Brasil um crescente e renovado interesse pela realização de espaços de convívio e recreação como instrumento de melhoria das condições de vida urbana.” (ABAP, 1997, p. 67)

Paisagem Reconstruída: “A consciência de repensar a ação humana sobre o meio ambiente é recente, surge um interesse por desenvolver instrumental de intervenção apropriado à escala da paisagem, visando sua preservação ou recuperação.” (ABAP, 1997, p. 113)

Paisagem da Memória: “A preservação de espaços públicos e ambiências urbanas históricas, de antigos jardins particulares e conjuntos arquitetônicos; a proteção do meio ambiente natural e ecossistemas ameaçados.” (ABAP, 1997, p. 91)

Paisagem da Diversidade: “A ampliação e crescente diversificação, o interesse por participar de novos segmentos de atuação vêm se firmando como tendência atual do mercado profissional dos paisagistas.” (ABAP, 1997, p. 127)

Paisagem da Cidade: “Hoje um dos principais desafios é interromper o processo de degradação ambiental nas cidades brasileiras – sobretudo metrópoles, mediante a criação, a recuperação e a qualificação dos espaços públicos e de encontro.” (ABAP, 1997, p. 29)


O projeto apresentado como conclusão da tese é uma moradia coletiva, são doze famílias alojadas em um único lote localizado na zona sul de São Paulo, no projeto é trabalhada a paisagem da intimidade, utilizando várias técnicas de micropaisagem, como: horta urbana, pocket park, jardim de chuva, parede verde e jardins sociais para convívio. A habitação é a unidade micro do urbanismo da cidade para se trabalhar com o paisagismo, porém com possibilidade macro de benefícios, uma vez que a maior ocupação do solo urbano se da por habitação e os jardins no lote podem chegar na escala da paisagem da cidade. A residência é símbolo do espaço privado, pertencente ao seu proprietário, que gostam e cuidam do seu lar, por isso quanto mais agradável a residência ou apartamento melhor o bem-estar.

Técnicas Telhado Verde

No catálogo as técnicas de micropaisagem foram agrupadas e catalogadas em três grupos: as aplicadas diretamente no solo, as aplicadas em estruturas e as que podem ser aplicadas em ambos, para exemplificar utilizei da leitura de projetos de paisagistas brasileiros e estrangeiros. As praças e parques não serão abordados, pois são infraestruturas urbanas de grande escala e que consideram o papel fundamental de dois agentes: o poder público e a iniciativa privada, mesmo assim, vale destacar que são de grande importância para a composição da paisagem da cidade, por serem as maiores áreas verdes abertas à população. O maior desafio é incluir na sociedade uma mentalidade sobre sustentabilidade, meio ambiente e natureza, é preciso mostrar do jeito mais prático possível os benefícios que se ganha com o paisagismo produtivo, sempre com opções mais acessíveis, já que hoje o paisagismo ainda é visto como desejável, mas inacessível financeiramente ou até algo supérfluo ou desnecessário. Para a micropaisagem atingir o maior número de pessoas possível, como subproduto deste trabalho foi elaborado um catálogo de micropaisagem disponível impresso ou online, com o objetivo de divulgar informações, referências, benefícios, exemplos e dicas desses instrumentos paisagísticos. A ideia é que o catálogo atinja não apenas profissionais da área, mas sim qualquer cidadão comum, que gostaria poder contemplar mais a natureza exuberante pela qual o Brasil é conhecido mundialmente, inserida na sua cidade, no seu trabalho, nos seus espaços de lazer e na sua casa. Link Catálogo (Micro)Paisagem online: http://issuu.com/vanytanaka/docs/catalogomicropaisagem

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COMPROMETIMENTO

4.SUSTENTABILIDADE Uma parte essencial para que a estratégia de micropaisagem funcione e reflita grandes benefícios de curto, médio e longo prazo, para a sociedade atual e a geração futura, é a durabilidade dessa paisagem recém-composta. Falar em paisagem durável é falar em edificações que integram materialidade e natureza, viabilidade econômica e justiça social desde seu projeto, construção, durante o uso e até em sua demolição. “A aceleração da passagem do tempo na contemporaneidade implica uma espécie de estratégia de refreamento, implica que as diversas formas de projeto sejam compostas segundo cenários que as coloquem ao longo do eixo do tempo.” (SECCHI, 2006, p. 177) Sustentabilidade é uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, por um determinado prazo. Ultimamente este conceito tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, e que precisou do vínculo da sustentabilidade no longo prazo, um "longo prazo" de termo indefinido.

Infelizmente, a popularização do termo acabou por reduzir seu significado a um aspecto relacionado à preservação do meio ambiente, quando na verdade representa a conservação da espécie humana. Uma cidade sustentável é um equilíbrio entre variáveis ambientais, econômicas, políticas, culturais, institucionais e sociais, cada uma, um sistema complexo, porém interdependentes. Esse equilíbrio promove boa qualidade de vida aos seus cidadãos, competitividade, minimiza impactos sobre o meio ambiente, preserva seus ativos ambientais e físicos, conta com um governo local transparente com capacidade fiscal e administrativa e conta com participação ativa de seus cidadãos, atraindo investimentos, que por sua vez, cria empregos produtivos, quebrando o ciclo da desigualdade-pobreza-informalidade. “A construção civil brasileira consome atualmente algo em torno de 40% dos recursos naturais extraídos e é responsável pela geração de, aproximadamente, 60% de todo o resíduo sólido urbano, além de utilizar madeira em larga escala, sendo esta, muitas vezes, extraída de mata nativa, sem a observância de critérios técnicos e legais.” (GOV-SP, 2011, p. 16) Horta Comunitária Vila Nova Esperança São Paulo

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A maior preocupação atual é o Efeito Estufa e os gases que o provocam, os centros urbanos são responsáveis pela maior parte das emissões de GEE devido ao uso de combustíveis fósseis, produzidos principalmente por indútrias, transporte urbano, geração de energia e gestão de resíduos. O Efeito Estufa é responsável pelas mudanças climáticas na atualidade, causando variações na temperatura, no vento e na preciptação (aumento da intensidade e fre quencia), aumento no nível do mar o que contribui para enchentes e alagamentos, variações na disponibilidade de água, redução da produtividade de cultivos e ampliação da incidência de doenças transmitidas por vetores. Muitas empresas vêm adotando uma política sustentável começando por sua estrutura física. Os chamados “Prédios Verdes” são aqueles que possuem a Certificação LEED, selo dado após uma avaliação e que confirma se o prédio possui características sustentáveis e colabora com o meio ambiente e com o melhor desenvolvimento do planeta. A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, com o objetivo de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, com foco na sustentabilidade. O selo foi criado pela USGBC (U.S. Green Building Council – Conselho de Construção Sustentável dos EUA) em 2000 nos Estados Unidos e hoje é emitido em mais de 143 países. No Brasil está presente desde 2007, onde é representado oficialmente pelo GBC-Brasil - Conselho de Construção Sustentável do Brasil. A GBC-Brasil dispõe de cursos LEED e divide as edificações em nove tipologias:

Os benefícios da certificação LEED são: Econômicos: Diminuição dos custos operacionais e dos riscos regulatórios, valorização do imóvel para revenda ou arrendamento, aumento na velocidade de ocupação e da retenção, modernização e menor obsolescência da edificação, além da futura econômia em contas de água e energia. Sociais: Acessibilidade universal, melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes, inclusão social e aumento do senso de comunidade, capacitação profissional, conscientização de trabalhadores e usuários, aumento da produtividade do funcionário; melhora na recuperação de pacientes (em Hospitais); melhora no desempenho de alunos (em Escolas); aumento no ímpeto de compra de consumidores (em Comércios), incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais, aumento da satisfação e bem estar dos usuários, estímulo a políticas públicas de fomento a Construção Sustentável. Ambientais: Uso racional e redução da extração dos recursos naturais, redução do consumo de água e energia, implantação consciente e ordenada, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental, redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação.

1-LEED para Novas construções e Grandes Reformas. 2-LEED para Edifícios Existentes, Operação e Manutenção. 3-LEED para Interiores Comerciais. 4-LEED para Envoltória e Estrutura Principal. 5-LEED para Lojas de Varejo. 6-LEED para Escolas. 7-LEED para Desenvolvimento de Bairros. 8-LEED para Unidades de Saúde. 9-LEED para Materiais e Tecnologias a serem usadas em Green Buildings. 21


Harmonia 57 Triptyque São Paulo

A Certificação internacional LEED possui sete dimensões a serem avaliadas nas edificações. Todas elas possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que quando atendidas garantem pontos a edificação. O nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos adquiridos, podendo variar de 40 pontos, nível certificado a 110 pontos, nível platina. 1- Espaço Sustentável – Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões fundamentais de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das ilhas de calor. 2- Eficiência do Uso da Água – Promove inovações para o uso racional da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e reuso dos recursos. 3- Energia e Atmosfera – Promove eficiência energética nas edificações por meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo, simulações energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes. 4- Materiais e Recursos - Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos, além de promover o descarte consciente, desviando o volume de resíduos gerados dos aterros sanitários. 5- Qualidade Ambiental Interna – Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista externa e luz natural. 6- Inovação e Processos – Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão habilitados para esta categoria. 7- Créditos de Prioridade Regional – Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local. Quatro pontos estão disponíveis para esta categoria. No Brasil são cerca de 210 empreendimentos certificados entre instituições financeiras, unidades de saúde, centros educativos, estabelecimentos comerciais, prédios de escritórios, residências e outros, e são mais de 1000 registros acumulados nesse ano de 2015. Todas as informações sobre a certificação LEED foram retiradas do site oficial da GBC-Brasil. O custo para que uma edificação seja reconhecidamente sustentável, por meio de um processo de certificação, corresponde em torno de 5 a 10% do custo da construção.

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Rochaverá Corporate Towers - LEED Gold São Paulo

“O futuro será provavelmente marcado por uma conscientização, cada vez maior, de nossas responsabilidades em relação ao meio ambiente, seja nos seus aspectos mais gerais e difusos, indicados normalmente com os termos global change, seja nos seus aspectos mais específicos e locais, como a tutela do risco hidrogeológico ou a defesa contra qualquer tipo de poluição. Ditadas pelo medo, pela teoria, por um sentido moral mais difundido e por uma nova ética ambiental, na cidade do futuro, com toda probabilidade, as técnicas de controle da pressão ambiental, de sua limitação, mitigação e compensação, se tornarão cada vez mais eficazes e compartilhadas, objeto de políticas, normas e projetos específicos. Provavelmente, assumiremos comportamentos mais prudentes [...]. Se tudo isso encontrar suficiente consenso, nossa paisagem será profundamente modificada.” (SECCHI, 2006, p. 179)

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5.MORADIA COLETIVA PROJETO

Av. Santo Amaro, 7195. Residência invadida há mais de 40 anos, fazem anos que passo em frente ao local ou pego ônibus no ponto em frente e sempre tive muita curiosidade de saber mais e conhecer de verdade quem mora ali e como moram ali. O bairro é Jardim Santo Amaro, e bem próximo à residência está em fase de construção uma nova estação do metrô da linha 5 Lilás: Alto da Boa Vista. O terreno de 35x10m está localizado no zoneamento (mapa ao lado) na cor rosa, Zona de Centralidade Polar A (ZCPa): porções do território da zona mista da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana destinadas à localização de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais, caracterizadas pela coexistência de usos residenciais e não residenciais, porém com predominância de usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias (até 15 metros de altura) e taxa mínima de permeabilidade de 0,15%. A área deve promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos.

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MAPA ZONEAMENTO DE SANTO AMARO. FONTE: PREFEITURA DE SÃO PAULO. FUTURA ESTAÇÃO DE METRÔ ALTO DA BOA VISTA


Fachada

O primeiro mapa, de Unidades Climáticas abaixo mostra que o local esá localizado na Unidade Climática Urbana Central em Santo Amaro no bairro Chácara Santo Antônio (IE1) onde a temperatura aparente da superfície fica em torno de 27-30ºC, porém é cercada por outra área IE3, onde a temperatudo é maior (29-31ºC). O segundo mapa, de vegetação, aponta a área na cor amarela, que significa regiões intensamente arborizadas (bairros-jardins) e áreas de expansão urbana, o bairro é mesmo bem arborizado, no lote em questão existe apenas uma árvora no recuo frontal e no terreno ao lado direito, onde funciona um estacionamento existe uma árvore de grande porte que cobre praticamente todo o terreno do projeto, essa deverá ser podada para a aplicação do projeto, mais uma vez o local está cercado pela cor vermelha que apresenta regiões com densa urbanização, escassez de vegetação e carência de praças e jardins residenciais, trazendo um potencial de uso recreativo na área. O terceiro mapa, de declividade mostra o terreno em área amarelo claro, o que significa um índice de declividade entre 0-5%, ou seja uma área plana, recebendo a água da chuva que fica temporáriamente retida devido ao sistema de drenagem comprometido. Importante dizer que a Av Santo Amaro é de extrema importância para a mobilidade na zona sul, passando muitas linhas que ligam centro e bairro. MAPA UNIDADES CLIMÁTICAS

MAPA DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO.

MAPA DE DECLIVIDADE. FONTE: PREFEITURA DE SÃO PAULO.

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Visitei o local no dia 07 de janeiro e conheci o Senhor Roberto, um homem que mora com sua família (filhos e netos) na residência. No total são 12 famílias morando naquele lote, a grande maioria vive com um comôdo da casa para todas as utilidades, ele comentou que ajeita o quarto quando alguém vai embora e volta a alugar o lugar para outra família. A porta de entrada é um buraco e caminhando internamente percebe-se muitos corredores estreiros que ligam todos os cômodos, o local tinha cheiro de esgoto e todos dividem uma única maquina de lavar roupa, nota-se a quantidade de varal com roupas penduradas em todo o lugar. Havia muitas crianças que gostaram de me acompanhar na visita e durante o dia sempre há presença crianças e adultos na frente da casa sentados, conversando a olhar a avenida. É tanta informação no local que fica difícil dividir o que era o que, torna-se necessária a sobreposição de usos dos ambientes, banheiro com tanque, sala com chuveiro, quarto com cozinha. São pessoas humildes que me receberam muito bem na residência, que mesmo tão precária é o lar daquelas famílias.

Entrada

Roberto e sua família

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Lavanderia

Banheiro

Outra famĂ­lia de moradores

Casa de outra famĂ­lia

Corredor

Quintal

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TIPOLOGIAS DE CASAS

PROGRAMA

Para caber as 12 residências no terreno, a solução foi verticalizar, por isso o uso de duplex com metragens de 56m² com dois dormitórios e 64m² com 3 dormitórios. Para o sistema construtivo blocos estruturais de concreto, esse material é muito versátil além da econômia o bloco tem inumeras utilidades, como apoio para vasos em paredes verdes e apoio para bancos.

12 Residências Unifamiliar: Sala, Cozinha, Banheiro, 2 ou 3 Dormitórios, Varanda e Área de Varal Área Social Interna; Lavanderia Coletiva; Horta no telhado para consumo próprio e vendas; Pocket Park frontal com local para receber pequenos comércios ambulantes.

4 5

3 2

2 1

1 2 3 4 5

SALA/JANTAR DORMITÓRIO COZINHA VARANDA BANHEIRO

3

5

4 2

2 1

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4

5

4

3 2

1

2

1 2 3 4 5

SALA/JANTAR DORMITÓRIO COZINHA VARANDA BANHEIRO

2

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Sala de estar

A sala de estar se transforma em sala de jantar para toda a família apenas com um tampo de mdf pendurado na parede para não ocupar espaço e apoiando-o nas mesas de centro que servem como cavaletes. Na sala a varanda também está presente, internamente apresenta altura e largura de um banco servindo como o oitavo lugar da mesa de jantar e externamente ganha uma projeção de beiral, que cria espaços para cultivar vasos de plantas ou colocar objetos de decoração. O espaço em baixo da escada abriga o aparador e a televisão. As aberturas estão voltadas para sudeste e nordeste, favorecendo a iluminação natural e ventilação cruzada também. O uso do bloco de concreto facilita a passagem da fiação e tubulação das residências e do sistema de drenagem e energia solar. A cor predominantemente cinza, já que optou-se pelo uso sem revestimento nas paredes, apenas com o acabamento e impermeabilização correta, pede uma personalização do lugar, atrés dos objetos e cores pessoais de cada morador. Sala de jantar


Cozinha

A cozinha, mesmo sendo estreita, é dividida por uma parede de cobogós e conta com uma bancada de apoio na outra parede, onde ficam as cadeiras quando a mesa de jantar não está montada, o armário superior assim como todos os detalhes arquitetônicos oferecem espaço para colocação de vasos e decoração para caracterização da residência. Nos quartos a presença de uma varanda convencional perderia muito espaço e recortaria o ambiente, a solução foi elevar um pouco o piso e criar uma varanda interna com possibilidade de ser externa ao abrir as janelas-camarão. A projeção do beiral também é feita na janela do quarto do casal, podendo ser utilizada como criado-mudo ou banco. Segue tabela da vegetação proposta para uso interno e também em alguns lugares da moradia, como os corredores e plataformas de acesso: VEGETAÇÃO

NOME CIENTÍFICO

ALTURA

LUMINOSIDADE

aspidistra

aspidistra elatior

0,4 - 0,9 m

meia sombra

costela-de-adão

monstera deliciosa

6 - 12 m

meia sombra

dinheiro-em-penca

callisia repens

0,1 - 0,3 m

meia sombra

0,3 - 0,6 m

meia sombra

antúrio

palmeira-areca

arvore-guarda-chuva

anthurium andraeanum

dypsis lutescens

schefflera actinophylla

3- 9 m

4,7 - 12 m

meia sombra / sol pleno meia sombra / sol pleno


Quarto Casal

Quarto Tipo 1

Quarto Tipo 2

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MURO VERDE DE BLOCO DE CONCRETO

As residências foram alinhadas aos muros, criando um corredor central de acesso, são seis casas em cima de seis casas, para a circulação uma área maior foi criada entre quatro residências e nela encontra-se a área social da moradia além de espaço para convivência possui um lugar para uma churrasqueira portátil, o churrasco é a paixão do brasileiro e não podia faltar para essas famílias, ali encontra-se também as escadas de acesso aos outros pavimentos, enterrada logo em baixo está a cisterna e a bomba. Nos fundos, no final do corredor central foi criada uma área de descanço com cadeiras.

ÁREA DESCANSO

CISTERNA CHURRASQUEIRA

As micropaisagens utilizadas foram pocket park frontal com jardim de chuva na calçada (um espaço que possibilite montar barraca ou abrigar carrinhos para comercializar produtos ou alimentos), jardim entre as residências criando área de varal em comum, tipologias com varandas, favorecendo a relação de vizinhança, parede verde no muro dos fundos, horta urbana no telhado com área para compostagem de resíduos orgânicos, um sistema de drenagem e captação da água da chuva, armazenada em uma cisterna com capacidade de 10000 litros, foi instalado também um sistema com plancas fotovoltaícas no telhado orientadas para Norte na inclinação correta para a região, onde a energia gerada alimentará a iluminação da moradia coletiva e a bomba da cisterna que levará a água de reuso para irrigação da horta e dos jardins, além da possibilidade de utiliza-la em descargas nos vasos sanitários. Cada residência possui sua caixa d’água de 1000l.

ÁREA COMUM PARA VARAL

POCKET PARK

JARDIM DE CHUVA

IMPLANTAÇÃO TÉRREO

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LAVANDEIRA

ACESSO RESIDÊNCIAS

IMPLANTAÇÃO PRIMEIRO PAVIMENTO

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IMPLANTAÇÃO SEGUNDO PAVIMENTO


CENOURA

ALFACE

VAGEM

RABANETE

ALFACE

CEBOLA BETERRABA

BROCOLIS

BETERRABA

PEPINO RABANETE

RÚCULA

TOMATE

CEBOLA

MAJERICÃO

REPOLHO

ERVA CIDREIRA

ALFACE ALECRIM

HORTELÃ

CAIXA D’ÁGUA INDIVIDUAL 1000L ÁREA PARA COMPOSTAGEM

PLACAS FOTOVOLTÁICAS

COUVE

REPOLHO

TOMATE CENOURA

IMPLANTAÇÃO TERCEIRO PAVIMENTO

CEBOLA

VAGEM

RÚCULA

CENOURA BROCOLIS COUVE

IMPLANTAÇÃO COBERTURA

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TABELA DE VEGETAÇÃO O paisagismo tropical é bom para áreas com pouca incidência solar e é bem característico do Brasil.

VEGETAÇÃO

NOME CIENTÍFICO

ALTURA

LUMINOSIDADE

palmito-jussara

euterpe edulis

4,7 - 12 m

meia sombra / sol pleno

washingtonia

washingtonia filifera

12 m

sol pleno

palmeira-areca

capim-do-texas

pennisetum setaceum

3- 9 m

0,6 - 1,2 m

meia sombra / sol pleno sol pleno

helicônia

heliconia rostrata

1,2 - 3,6 m

meia sombra / sol pleno

dinheiro-em-penca

callisia repens

0,1 - 0,3 m

meia sombra

curculigo

curculigo capitulata

0,9 - 1,8 m

meia sombra

asplênio

asplenium nidus

0,3 - 1,8 m

meia sombra

0,3 - 0,4 m

meia sombra

pacová

philodendron martianum

planta-jade

crassula ovata

0,4 - 1,8 m

meia sombra / sol pleno

maranta-zebra

alathea zebrina

0,8 - 1,0 m

meia sombra

0,1 - 0,4 m

meia sombra

1,8 - 3,6 m

meia sombra / sol pleno

nephrolepis exaltata

0,4 - 0,6 m

meia sombra

chifre -de-veado

platycerium bifurcatum

0,4 - 0,6 m

meia sombra

grama-são-carlos

axonopus compressus

menos de 15 cm

singônio

palmeira-leque

samambaia

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dypsis lutescens

syngonium angustatum

licuala grandis

meia sombra / sol pleno


FACHADA

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POCKET PARK

FACHADA POSTERIOR

38


CIRCULAÇÃO

CORTE ESQUEMÁTICO SISTEMA DE DRENAGEM

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VARANDAS

ÁREA VARAL

40

ÁREA SOCIAL


ÁREA DE DESCANÇO

LAVANDEIRA COLETIVA

TELHADO

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6.BIBLIOGRAFIA

REFERÊNCIAS

SECCHI, Bernardo. Primeira Lição de Urbanismo. 2006. WATERMAN, Tim. Fundamentos de Paisagismo. 2011. PROST, Antoine. História da vida privada. 1992. HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. 1996. ARAGÃO, Solange de. Ensaio sobre o jardim. 2008. GEHL, Jan. Cidade para Pessoas. 2014. ABUDD, Benedito. Criando Paisagens. 2006. MASCARO, Juan Luis. Infraestrutura da Paisagem. 2008. DARODA, Raquel Ferreira. As novas tecnologias e o espaço público das cidades contemporâneas. 2012. GOV-SP, Governo do Estado de São Paulo. Cadernos de Educação Ambiental: Habitação Sustentável. 2011. DESIDÉRIO, Batista; MATOS, Rute Souza. O Jardim Planetário: uma utopia para o século XXI? 2013. ABAP, Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas. Visões de Paisagem: um panorama do paisagismo contemporâneo no Brasil. 1997. Curso: Liderando o Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Banco Interamericano de Desenvolvimento. www.capital.sp.gov.br www.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br www.atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br www.cidadequequeremos.wordpress.com www.institutomobilidadeverde.wordpress.com www.ecoeficientes.com.br www.infraestruturaurbana.pini.com.br www.solucoesparacidades.com.br www.casa.abril.com.br www.archdaily.com.br www.revistacasaejardim.globo.com www.institutocidadejardim.wordpress.com www.casavogue.globo.com www.ecologicconstrucoes.com.br www.usgbc.org/leed www.ibrap.net.br/novosite

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VANY TANAKA

arquitetura e paisagismo


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