BELÉM 400 ANOS

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BELÉM

400 ANOS

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Ademir Braz Airton Souza Alfredo G. Bragança Andreev Veiga Antonio J. Siqueira Antonio Moura Aristóteles Miranda Dand Moreira Daniel da R. Leite Joãozinho Gomes Jorge Andrade Jorge H. Bastos Josette Lassance Laura Nogueira Lilia Chaves Marcílio Costa Paulo Nunes Paulo Vieira Pedro Vianna Rosângela Darwich Vasco Cavalcante Vicente Franz Cecim

Foto: Luiza Cavalcante

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1616 2016



TEXTOS E POEMAS REFERENTES AOS 400 ANOS DE BELÉM, PRODUZIDOS PELOS ESCRITORES PARTICIPANTES DO PROJETO DO SITE CULTURA PARÁ


Copyright © Cultura Pará, 2016

Belém 400 Anos Editor

Vasco Cavalcante Projeto Gráfico / Capa

Vasco Cavalcante Foto da Capa

Luiza Cavalcante


• AUTORES • Ademir Braz, 09 Airton Souza, 11 Alfredo Garcia Bragança, 12-13 Andreev Veiga, 14 Antonio Juraci Siqueira, 15 Antonio Moura, 16 Aristóteles Miranda, 17 Dand M., 18 Daniel da Rocha Leite, 19 Joãozinho Gomes, 20 Jorge Andrade, 21 Jorge Henrique Bastos, 22-23 Josette Lassance, 24 Laura Nogueira, 25 Lilia Chaves, 26 Marcílio Costa, 27 Paulo Nunes, 28-29 Paulo Vieira, 30 Pedro Vianna, 31 Rosângela Darwich, 32 Vicente Franz Cecim, 33 Vasco Cavalcante, 34-35



BELÉM 400 ANOS | 1616 - 2016 O Cultura Pará tomou a iniciativa de convidar os escritores que fazem parte do projeto atual do site, à participarem de uma publicação virtual tendo como tema os quatrocentos anos da cidade de Belém, comemorado no dia 12 de janeiro de 2016. Com isso, 22 autores enviaram um texto para compor esta obra de forte expressão poética e sentimental, com emoções bem variadas sobre o que representa para cada um esta cidade nos dias de hoje, com reflexos do passado e o desejo de se viver em um lugar mais humano, mais saudável e mais pacífico. Isso tudo nos leva à uma grande reflexão sobre o que somos como cidade nos dias de hoje e o que sonhamos diante de tantas mudanças que sofremos ao longo dos anos, gerando em cada um de nós uma certa ansiedade quanto ao futuro dos que vivem aqui e amam esta cidade.



Varandais Cidade Velha!... Telhados à luz da tarde estival... Pelos antigos sobrados alegres roupas acenam adeuses sobre um varal. Retidos entre azulejos da casa senhorial, fantasmas brancos antigos falam com negros cativos que andam pelo quintal: - “Que fim levaram as rendas que as almas lusas vestiram?” - “Perderam-se pelas fendas das casas que já ruíram...”

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Ademir Braz

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para o poeta Paulo Nunes

Belém já não é a imagem que passa nas retinas na dialética de quadro e parede é a força de caladas estátuas na praça da república é as paredes de outros séculos a mastigar solidões durante as chuvas das tardes Belém é o muro do poeta & algumas linhas subscritas de apressados homens e mulheres enfáticos de atravessar alardes e o relógio de sina impassível que rasga ecos na praça enquanto no cais da baía do guajará barcos surdos arquitetam estórias de amor, desamor e a força de naufrágios o poeta tira da garganta o pó da história de outras beléns.

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Airton Souza

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Outubros em Belém (Mater) I Outubros nascem na hóstia das horas à flor das promessas, no sal do suor da romaria dos gestos. II Outubros florescem na hóstia das palavras, no suor das promessas, nas hostes dos gestos, no sal das horas. III Outubros naufragam no sal do suor de horas e promessas, romaria de hóstias à flor das palavras.

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IV Outubros caminham na floração das horas, no suor das hóstias, no sal das promessas, à sombra das palavras. V Sob o silêncio das horas, sob as vestes das palavras, sob o sal do suor das genuflexões, outubros vivificam em Belém.

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Alfredo Garcia Bragança

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dentro da noite terrível o ar que chega com o voo pousa na palavra sitiada, tempo confins do agora abrindo a cidade para instrumento, excremento assombro que pensa ser dentro de mim, alimento cego que roga a distância dentro da manhã quente e destruída por um sono inviolável por uma cabeça soluçante orbitando o ar quente da boca num dia de janeiro visão de infernos! a chuva escorre pela calçada as luzes que agora são trevas

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Andreev Veiga

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Duas décimas de amor para uma morena de 400 anos Minha Belém quatrocentos teu nome é facho de luz que me ilumina, seduz, e acende meus sentimentos! Digo sem constrangimentos que quisera ter, meu bem, mil corações e, também, mais de trezentos mil braços para cobrir-te de abraços e amar-te como ninguém! Se eu morrer apaixonado por ti, morena faceira, à sombra de uma mangueira eu quero ser sepultado para ficar ao teu lado e querer sempre o teu bem no presente e até no além! Por te amar sem preconceito nas paredes do meu peito gravei teu nome: Belém!

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Antônio Juraci Siqueria

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Após o dilúvio Pela manhã, após o dilúvio, a lama nas calçadas, os cacos de trovões no chão, o silêncio branco do céu ensopado em gaze, as casas de lodo e as alamedas disparando seus alarmes, os caranguejos caindo dos ninhos das árvores e as aves, no solo, querendo refazer o voo ao peso do barro e das h’eras sobre as asas, o navio encalhado no topo de um telhado, os animais estátuas sob a argila crosta à beira do mar morto de sede bebendo vento nas mãos em concha da areia, os jardins, Ó, os jardins desabrochando em lodo, o sangue das crianças jorrando das torneiras dos palácios e correndo em sarjetas para os esgotos, o sol lambendo a pele das cobras que – relâmpago – agora mudam de casca e pendem entrelaçadas nos parapeitos dos edifícios entre as flores entre abrindo as pálpebras de musgo para o arco-íris refletido nos olhos do rosto sobrevivente que aspira o ar, ainda úmido, após o dilúvio

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Antonio Moura

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Fragmento Busco teus rastros nos barrentos rios da memória. (restos?) Num tempo (sem charme) De ferro, grades e alarmes. Um tempo de fel, de sangue e de sombras. Onde as praças europeias, os casarões faustosos, as calçadas brancas de lioz, os tuneis de mangueiras e os luares de antigamente - as carroças do leiteiro a morcegar nas tardes da infância – fogueiras , petecas, piões, baladeiras, papagaios que se empinava, carrossel, carrocinha, cavalinhos, roda gigante, Festa de Nazaré? em que cidade se perdeu para sempre a minha cidade outra foto na parede? De que casa se já não as há? mesmo assim, meu coração coagulado de ternura observa a memória vomitando os iníquos fatos destrava em desavir e perplexo ainda te procura

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Aristóteles G. Miranda

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Chove. O Paço da Ladeira, primeira rua da cidade, projeta-se em direção à baia do Guajará, se enroscando sob os flancos do imponente Forte do Presépio, lembrando uma cobra apunhalada por milhares de setas líquidas. Junto com várias outras alamedas precoces de chão batido e densa vegetação, forma a espinha dorsal da Cidade Velha. É ali que Carmina aguarda pelo padre com ânsia indisfarçável. O extenso calçamento é todo feito de pedras de liós – graças à preciosa borracha que é extraída do âmago da floresta em plantações distantes. Um vento frio açoita o réptil. Tudo se encontra deserto: nenhum ser irrompe, nada se move. De repente, amplia-se diante dela a indescritível Baía do Guajará, que projeta suas águas para ascender o crepúsculo em uma cantilena impressionante da fauna e da flora. Um barco corta dolorosamente suas águas – lamento desta noite de grandes acontecimentos. Onde o tempo depositou secretamente seu olhar e a maré calmamente vem se quebrar, Carmina enxerga a silhueta de padre Giovanni. Olhares cúmplices, gestos silenciosos: a noite os engole...

*Trecho do romance inédito: Alquimia das Flores

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Dand M.

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bloody belém à margem da miragem maré de vidro que guarda a cidade ainda se ensina a esquecer o grito coágulo da palavra servido no altar espesso sangue língua estilhaçada nessa efeméride ferro e ferimento um salmo de silêncios é oferecido felicidade áspera espera

filhos famintos

fora da festa o cadáver do poema palavra nascida póstuma verso perverso silêncio madrepérola gasta um menino matador.

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Daniel da Rocha Leite

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assassina assinam-me a sina os sinos e assim me assassinam à sons de saudades... – onomatopaico timbre de melodioso bronze!) teu nome soa do bronze através dos sinos aos teus fins de tardes: belém-blen-be-lelém-belém… (a sina dos sinos a chamar-te é marte a matar-me com arte! – martírio da minha sina,

ouvir a sina dos sinos chamar-te assassina assim nas tuas tardes:

belém-blen-be-lelém-belém...

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Joãozinho Gomes

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Presente

nesta próxima data que se aproximem de ti os dias de sol a pino acumulados noites mornas consteladas chuvas em pleno verão não levarei o de sempre até ontem mas o que julgo ser teu urdido em chuva, sol e água cacho, pátio, adro e túnel eu, este poema, estes todos poetas...

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Jorge Andrade

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Pertença Em memória de Haroldo Maranhão Doía a mão decepada que tanto manobrou a obsessão: cruciar palavras. – raiva escárnio cabelos coração – Na terra que habitou as árvores formam o fecho da cúpula de uma catedral que já não irá visitar, ela cerca bichos, homens, água. Vem daí o cheiro de madrugada, de fruta ácida caída no chão. Depois o rio reboca o terror, a maresia se alastra, cobre a infância, viola as tardes e anestesia o sono daqueles para quem sonhou. A cidade continuará sonâmbula, os fantasmas entrando nos casarões, no tumor das árvores arqueadas sob o torpor do meio-dia. O musgo escorando o tempo na parede.

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O vento alisa as folhas, lustra as esquinas de lioz, bate nas janelas altas, enche as cúpulas de ausência. Nem os caranguejos irão levantar suas pinças para saudá-lo, estará anônimo com a cólera silenciosa. Ele soube ler no fundo da água marajoara como se pode pertencer ao que inutilmente nos recusa.

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Jorge Henrique Bastos

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Belém não é a mesma como aquela primeira casinha feita no caderno de desenho na sala de aula, na última fileira de carteiras da escola . A rua dos Mundurucus tinha uma pintura leve de asfalto onde caíam folhas das árvores, eu apanhava a folha e a fazia rodar no dedo. Um dia perdi a merendeira, abaixo da sumaumeira da Praça Batista Campos. Morava em frente ao Horto. Quando a chuva cai ainda sinto o aroma do limo que desprendia dos muros enquanto chovia, colhíamos taperebás enquanto chovia, olhava pela janela a vala cheia de piabas - nadando na claraboia do esgoto - Belém era doce A terra da rua engolia o sumo da manga – as salamandras corriam para esconder-se no escuro das pedras Andar na garupa de bicicleta às sete horas da noite – respirando o vento –enquanto os gordinis e os jeeps faziam seus barulhos de motor Dentro de mim cabia a infância – e Belém era a minha cidade – parecia tão larga A avenida Nazaré quando os blocos de carnaval passavam – vinha o diabo – lembro de seu rosto vermelho – os chifres – o rabo e um tridente –puxando o bloco dos sujos. A fantasia dos bobos - Era tão bom ser bobo Belém faz 400 anos – mas, ainda é uma menina Que fantasia – viver de um passado. A fantasia dos bobos. Que presente para nossa cidade caberia em nossos bolsos? A pedrinha da Canção: - Se essa rua, se essa rua fosse minha...

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Josette Lassance

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Paisagem Interna Olhando bem... a veia é contorcida. Os sulcos dizem asteroides do tempo. Às vezes, esquece o corpo de uma lembrança. Os peixes mordem mornamente a mão. Os dentes cantam limo. Algas sorriem musgo e umidade. A carne do tempo devora. Atravessa a voz das águas. Olhando bem, vemos esta transitiva ilha de sangue e canção.

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Laura Nogueira

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poema aos quatro séculos minha cidade conta-se em séculos entregue à prosa desgastada do tempo beijo seus olhos como o poeta à pátria e meu lamento é murmúrio de amor são séculos de distância percorrida talvez sombras luz de velhos postes e clarões inusitados e se homens desa[l]mados assolam a cidade há sempre quem a desenhe com a alma em sonho assim como a música transfigura a noite poemas acendem em Belém a leveza dos círios – milagres de palavras talhados em miriti – e meu poema afaga a cidade com límpidas e ternas mãos de chuva

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Lilia Silvestre Chaves

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Muro Soledade Um silêncio de cimento atravessa a vida de mãos dadas com a morte. Do lado de fora uma voz afronta a fúria luminosa dos metais: carros e passos passos passos – soluções da pressa. Uma voz envolta em fúria e fuligem e saber qual boca a insinua, ultrapassa este gesto da ferrugem. Daqui não distingo forma alguma, se humana ou ave estranha vinda de um nunca mais. Vez em quando brilha entre a fenda do olvido, colorindo a falta com um abissal mistério. Uma voz insiste. Não reconheço sequer uma cor. Segue o dia, mar entre pedras, e na espuma alguma coisa, arfando seu soluço, afoga-se na praia de motor e passos – sem imprimir seu segredo. Do lado de dentro, uma oculta voz; que a todos, um dia, impõe a sua língua; une Babéis ao chamado irrecusável do tempo e lembra ao corpo, em sussurro, sua irrevogável sentença: – pasto para os cavalos alados do esquecimento.

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Marcílio Costa

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“Do Pão”

“...Minas é uma fotografia na parede, mas como dói...”

(Carlos Drummond de Andrade) “Belém é um pequiá suculento...”

(Dalcídio Jurandir)

Para Maria de Belém Menezes e Maria do Céu De Campos Jordy

És casa, sim e me desvelas à beira do teu abismo. És casa, fui e voltei, Sinal afoito de um reparo no assoalho (tábua amarela e preta): fruto da mangueira e o paneiro para pegá-la. Obturas, casa, sem eira nem beira, os ontens meus, Arsenal, sinais da vacaria, Hospital onde nasci, o Recreio da Armada sob auspícios do Paco, Hoje, fincamos nossa nau no bar do Bacu para beijar o luar. Casa combalida, tresoitada, Malacabada fome, mofina de arquiteturas banguelas. Se me convertes no teu rio eu te assovio, barro sobre sabre, 28

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bairro do Umarizal dos pretos e nem mais aquela flâmula encarnada na esquina. Não à vela de Nossa Senhora das Candeias na janela da casa de palha Não ao batuque de Ogum-Jorge, mestre de meu pai, Lança e poder de me nominar. Cidade, és o banho de cheiro de minha avó vinda de longe, o Marajó. És a “tienda” da outra, a das castanholas. Cidade: pés, sovela e a agulha de meu avô, o sapateiro. Ainda guardas os envelopes de papel de cheiro do Pará da tia que cruzava tuas esquinas? A máquina Singer da mãe ainda tramela seus moldes e bainhas numa rua tua, fantasma. Casa, se não tens mais castanheiras em teus brincos já não circundo o igarapé que fora teu, esconderijo das armas, das Almas, hoje podre aroma de ricos, salvos pela frescor da Phebo. Cidade, casa de meu cômodo, arraial de meus incômodos, Belém, o osso buco de roer.

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Paulo Nunes

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belembrada, a cidade sitiada

quem diria

hoje, em mim, a maior miséria é não haver miséria nem por isso te defendo não que eu não queira é que não sei se ao menos grenfell – o mandrião a capitanear o mar vazio – desembarcasse outra vez ante a cabanada enfurecida mas o mormaço – espécie de dom que desde a infância ofertavas – se virou contra nós e entorpece meus heróis tupinambá as memórias dormem na vigília e a ignorância – essa fera enfezada – transita entre almas de casas desabadas já os poemas, como sempre, não te servem de nada

*Poema do livro inédito belembrada 30

Paulo Vieira

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sombras de um cidade submersa as ruas da Cidade Velha já são minhas entranhas percorro-as sentindo as estranhas vibrações emanadas dos porões das casas em ruínas efêmeras variações de um sonho revisitado com negros vultos debruçados nas varandas murmurando uma canção há muito esquecida sobre a pálida tez da tarde quase incendiada uma procissão de crianças descalças busca o rio seus tristes olhos tingem-se de vermelho enquanto um resto de sol lambe os telhados enquanto um gosto de cal resiste entre os dentes enquanto um rosto ancestral desaparece da memória bêbados perseguem o rastro de outros náufragos aprisionados nas palafitas do Porto do Sal a espera de uma revelação caída do ventre da noite atormentados por ecos de uma oração incompleta revolvendo frágeis fragmentos de realidade escondidos à sombra de barcos ancorados as ruas da Cidade Velha já são minhas entranhas não as ruas de paralelepípedo hoje cobertas de asfalto não as ruas entediadas & quase sem árvores não as ruas com cheiro maconha padaria jasmim mas as ruas impregnadas de um passado inexistente impresso em sangue nas pedras das calçadas

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Pedro Vianna

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A cidade tem patas e asas e quando mergulha respira debaixo da água. O céu que amanhece a cidade é feito de flores, esta floresta. Os faróis anoitecem as ruas e os passantes de todas as épocas recolhem conjuntamente o azul.

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Rosângela Darwich

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Para alegrar uma rua deserta e é Assim que habitas uma Meditação de Estrelas e Árvores e se apagando ao teu redor

Onde

não todos choram juntos não Todos riem juntos, e Não se sabe até Saber: que uma Lágrima é Meditação de Tudo E o Riso: Meditação de Tudo e são esses os Dons

Escuta: O Eco, o sermos

O sorrindo chora O chorando ri

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Vicente Franz Cecim

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nesta cidade, o leito de um rio desemboca em meus verões, nas chuvas e no cheiro úmido da terra nos rastros de luzes e medos, linhas de sonhos e sombras, na terra girando por sobre os telhados, os pombos em alvoroço e o velho jambeiro se erguendo entre muros nos quintais, na esperança sob a rima das estrelas e nos tendões do mundo à minha volta

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esse rio ancho que corre dentro e ceifa minhas veias, ilhas, leitos de luas e portos ausentes. nesta cidade, ele assim me navega, me atĂŠm, si(a)ngra e me des(lib)erta

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Vasco Cavalcante

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Criado em 1997 pelo web designer e poeta Vasco Cavalante, como uma página cultural para lançamentos de exposições e vitrine para os artistas da terra, o site Cultura Pará cresceu, e tornou-se não apenas fonte de pesquisa sobre a produção artística, mas verdadeiramente um guia para os que, ao longo desses anos, quiseram conhecer um pouco da produção de Belém e outros municípios paraenses, no que se refere à pintura, literatura, fotografia e teatro. Além das informações sobre as várias expressões artísticas da cidade, o site possui dados biográficos de artistas plásticos e escritores, e de vários museus e galerias da região. Há 18 anos mantém uma agenda semanal, contendo informações sobre eventos culturais como shows, exposições, espetáculos e lançamentos de livros. Maria Christina

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— Cultura Para — Ademir Braz, Age de Carvalho, Ailson Braga, Airton Souza, Alfredo Garcia Bragança, Andreev Veiga Antônio Juraci Siqueira, Antônio Moura Aristóteles Miranda, Dând M., Daniel da Rocha Leite João de Jesus Paes Loureiro, Joãozinho Gomes Jorge Andrade, Jorge Henrique Bastos José Maria Vilar, Josette Lassance, Karina Jucá Laura Nogueira, Lilia Chaves, Marcílio Costa Max Martins, Ney Ferraz Paiva, Nicodemos Sena Paulo Nunes, Paulo Vieira, Pedro Vianna Rosângela Darwich, Ruy Barata, Vicente Franz Cecim. Acácio Sobral, Alaxandre Sequeira, Andréa Feijó, Antar Rohit Armando Queiroz, Armando Sobral, Carla Evanovitch Danielle Fonseca, Elieni Tenório, Emanuel Franco Emmanuel Nassar, Geraldo Teixeira, Haroldo Baleixe João Cirilo, Jocatos, Jorge Eiró, Keyla Sobral Klinger Carvalho, Lise Lobato, Lúcia Gomes Marcone Moreira, Marinaldo Santos, Nina Matos Osvaldo Gaia, Paulo Andrade, PP Conduru Ronaldo Moraes Rêgo, Ruma, Simões. Abdias Pinheiro, Alberto Bitar, Ana Catarina Arthur Leandro, Ari Souza, Bárbara Freire, Cláudia Leão Daniel Cruz, Dirceu Maués, Eduardo Kalif, Elza Lima Érika Nunes, Flavya Mutran, Geraldo Ramos Giancarlo Franco, Guy Veloso, Janduari Simões Luiz Braga, Maria Christina, Mariano Klautau Filho Miguel Chikaoka, Nailana Thiely, Octávio Cardoso Orlando Maneschy, Patrick Pardini, Paula Sampaio Paulo Amorim, Paulo Santos, Roberto (Bob) Menezes Shirley Penaforte, Walda Marques. Anthares, Atores Contemporâneos, Cia de Teatro Madalenas Grupo Cuíra do Pará, Grupo de Teatro Palha, In Bust Nós Outros, Palhaços Trovadores, Usina de Animação. www.culturapara.art.br | facebook.com/groups/culturapara Belém 400 Anos | 1616 - 2016

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