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errado, sabia que esse era um lugar perverso e ainda assim... o medo me manteve no lugar. Assim como o medo tomava conta de mim, seria só uma questão de minutos até Tilde perceber que sua presa fora solta. Então ela e Adair me caçariam como dois leões. Comecei a colocar as roupas numa sacola, já que todos os nervos do meu corpo me diziam para fugir. Fugir ou encarar uma fúria terrível. Eu estava na rua, dentro da carruagem, e sem pensar, contava o dinheiro em minha bolsa. A carruagem me deixou no escritório de um serviço de carruagem onde comprei uma passagem para a próxima carruagem que sairia de Boston para a cidade de Nova York. — A carruagem só sairá daqui a uma hora — o vendedor me disse. — Tem uma taberna atravessando a rua onde algumas pessoas costumam esperar até dar o horário da partida — ele comentou, solícito. Sentei-me com um bule de chá em minha frente, minha sacola a meus pés, minha primeira chance de retomar o fôlego desde que tinha fugido. Mesmo com o medo martelando em meu coração, também me sentia estranhamente otimista; estava indo embora da casa de Adair. Quantas vezes desejei fazer isso, mas a coragem me faltara! Agora havia feito a proeza com pressa e não havia sinais de que fora descoberta. Com certeza ele não me encontraria em uma hora. Boston era uma cidade grande, e logo eu estaria na estrada e não deixaria pistas. Coloquei minhas mãos ao redor da porcelana branca para esquentá-las e me permiti um