Revista Verniz Ano01 Ed03

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ano 1 | n°3 | setembro/outubro/novembro 2013

artes visuais

A Arte dos Valores Primeira Demão Clodoaldo Martins

O Pai do Níquel Náusea Consagrado Fernando Gonzales

Xiloterapia

Destaque Verniz

Zed Nesti

Especial Xilogravura Ulysses Bôscolo

O Mestre Noir

Autorretrato Toy Art Van Gogh




sumário

editorial A importância de entender os rótulos da tinta à óleo.

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arte na moda | 8 San Yamada Passos com Arte cozinha da pintura | 12 Entenda os rótulos de tinta à óleo dicas culturais | 20 Ana Negraes Uma Mulher para Todas as Artes primeira demão | 24 Clodoaldo Martins A Arte dos Valores burburinho | 30 Presto na Cinemateca arte e consumo | 32 Especial Importados Van Gogh dicas de materiais | 34 Grande Venda de Tintas Maimeri Puro! internacional | Parceria Laissez Faire

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destaque verniz | Zed Nesti O Mestre Noir

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Espaço de Arte | 54 Palacete Conde de Sarzedas

sketchbook | 58 Rodrigo Pacheco Mariano

A arte hiper realista inspirada em temas rústicos em pequenas pinceladas.

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O profundo trabalho de alma, de entrega e construção nas incríveis obras de Zed.


toy art | 60 Van Gogh verniz visita | 68 Semana de Primavera de Museus consagrado | 76 Fernando Gonsales, O pai do Níquel Náusea

Uma super entrevista com o pai do ratinho mais querido do Brasil!

dicas do artista | 84 Fernando Gonsales muralistas | 86 Rim Chiaradia eventos | 94 Sarau Verniz Exposição no Armazém Piola Exposição Olhares Tridimensionais Festa Xoxada, Inauguração Espaço MAO Mônica Parade Galeria Ornitorrinco especial xilogravura | 108 Ulysses Bôscolo Xiloterapia

A "dança" com o spray embalada por muita música e sentimento

leitores de talento | 114 Adilson Silva Oliveira | Flavio Zyger Leandro Eiki | Silvia Farina quadrinhos | 118 Kleverson Mariano Um olhar sobre a exposição Célula Tronco

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editorial

Chegamos a nossa terceira edição da Revista Verniz! Só temos muito a agradecer pelo imenso carinho e retorno dos nossos amigos leitores! Neste período de intervalo de edições muitas coisas boas aconteceram, que vão poder reparar no decorrer de sua leitura! Fechamos uma parceria internacional com a agência de arte Laissez Faire de Portugal, ganhamos dois correspondentes internacionais a Luna Lee do Chile e Rim Chiaradia em Barcelona cujas colunas entrarão na próxima edição. Fazemos parte da Comissão Organizadora do Colóquio Internacional dos 500 anos D’O Príncipe Maquiavel na Universidade de Direito de Lisboa, enviando portfólios de artistas brasileiros e divulgando nossa revista. Realizamos diversas exposições, no Armazém Piola da Vila Madalena, Clube Círculo Militar de São Paulo, um belíssimo Sarau no Casarão do Belvedere, conhecemos pessoas incríveis, e até mesmo cobrimos a Mônica Parade. Estivemos na inauguração da Parte 2013 no Paço das Artes, ganhamos uma sessão de quadrinhos do Kleverson Mariano. Muito obrigada a todos vocês, Helder Raider, Paulo Goya, Silvia Farina, Isis Gomes, Kleverson Mariano, Hélcio Dallari e todos os artistas que acreditaram no nosso trabalho e nos abriram grandes portas! Em breve serão anunciadas novas parcerias

e isso devemos a todos vocês e a todas as maravilhosas pessoas que levamos no coração, que cada vez mais nos enchem de orgulho e alegria construindo um caminho juntos. A Verniz não é só digital! Ela acontece dentro e fora da rede, e em universo bem real nós conseguimos juntar e unir as pessoas, para que o que fazemos seja sempre verdadeiro e um presente para quem lê e convive conosco! Outro agradecimento muito especial para todos meus colaboradores e principalmente para meu talentoso designer, Rai Schmidt, que sem ele esta publicação não seria possível! De coração, esperamos que gostem! Um beijo no coração de todos! Muito Verniz! Boa leitura! Notas: Nosso site www.verniz.art.br está no momento em construção, mas deixamos um básico somente para acompanhar os acontecimentos enquanto não temos um que seja muito bacana!!!! Fiquem atentos que em breve teremos uma novidade que envolve um presente muito especial na página facebook.com/vernizartes

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ano 1 | n°3 | setembro/outubro/novembro 2013

a s a C a d V er n i z Editor / Idealizador Camila Giudice | MTB: 72.164/SP Design Gráfico e Diagramação Raimund Schmidt Marketing e Estratégia Markus Runk Redatores Camila Giudice Conselho Editorial Camila Giudice Raimund Schmidt Markus Runk Colunistas Márcio Alessandri Colunistas Convidados Bruno Bettine de Almeida Kleverson Mariano Parceria Laissez Faire Portugal Colaboradores Beatriz Mendes Scolamieri Site:www.verniz.art.br Twitter:@vernizarte Facebook: www.facebook.com/vernizartes Distribuição: eletrônica Publicidade: contato@vernizarte.com.br Os artigos são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução parcial de textos, fotos e ilustrações por qualquer meio sem a prévia autorização dos artistas ou do editor da revista. Para colaborar com a Verniz, envie seu material para: contato@vernizarte.com.br Verniz é uma Marca Registrada ® Todos os direitos reservados. Capa: Zed Nesti

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arte na moda

San

Yamada

Passos com Arte Texto: Camila Giudice | Imagens: San Yamada

Imagen: Flávio de Castro

eiras d a d r e v s a t s e r i r Para adqui , mais informações: obras de ar tendroyamada.com www.sa

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Um andar com poesia, com estética e único! É assim o trabalho do Shoemaker San Yamada! A mágica de fazer cada cliente único e especial! Filho de Engenheiro, se formou em engenharia civil (diziam que ele parecia arquiteto). A arte já estava presente em seu espírito! Trabalhou até com exportação de café, e sentia que faltava algo. Conta sua trajetória: “Trabalhava com exportação de café. FALTAVA ALGO. Acho que foi assim que tudo começou. Em julho de 2011 na tarde em que pedi demissão fui ao

encontro do Sr. Antônio Alavati , o mestre do tressê. Consegui seu cartão após procurar pelas sapatarias de sampa quem fizesse sapato sob medida. Prédio de 1920 na barão de Itapetininga. Elevador pantográfico. Terceiro andar. Vi as costuras feitas a mão mais incríveis. Me apaixonei. Contei minha vida toda e ouvi a sua. Era sexta-feira. Na segunda cedinho comecei a trabalhar lá. No começo, difícil começo. Dúvidas. Chapeleiro, alfaiates, pespontadores, pedreiros, ascensoristas, faxineiros, zelador. DIFERENÇAS. Até que nos conhecemos. Trocamos experiências. NOS

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RESPEITAMOS. SOMOS FAMÍLIA hoje. Fizemos mil mudanças e kaizens na oficina. Mas tem coisas que não devem sair do lugar. Respeito. Nos ajudamos. Crescemos juntos. Aprendo na prática todos os dias, como medir os pés das pessoas, como escarnir cada parte do couro, como calçar as formas, desenhar sapatos, fazer camisa (teste da obra), preparar palmilhas, xulear, escarnir contra-forte, fazer tsifra (costura manual), fazer pastel, costurar sola e fazer acabamento (carinho final). Cada cliente é único, assim como seus pés e seus sapatos. E do começo ao


arte na moda

fim podemos nos conhecer melhor.” Também diz que os sapateiros tradicionais sofreram com o crescimento da indústria dos calçados e que dessa forma tentam ganhar no volume e a magia desaparece. San Insiste na visão oposta. Tenho encomendas de amigos, agora de amigos de amigos e assim vai... Depois de 1 ano e pouco aprendendo na raça, resolveu estudar. Já fez curso de confeccionador manual de sapatos, modelagem de cabedais, modelagem de bolsas e mecânica de máquinas de costura. Agora está em um de desenho de sapataria.

er z a f a i r e u q e "Descobrioqupreferido, aquele meu sapat to mais velho mais que quan torna. E acho que especial sme os todos trabalhar precisa com as mãos." mais

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cozinha da pintura

Entenda os rótulos de

tinta à óleo Texto: Marcio Alessandri | Imagem: Divulgação

Muitos artistas ignoram as informações contidas nos rótulos de tinta, mas elas nos ajudam a compreender profundamente o produto a ser usado em nossas pinturas. É de suma importância compreender plenamente esses avisos, códigos e números, pois nos dão pistas sobre a qualidade dos pigmentos, sobre a competência do fabricante, se a cor que escolhemos irá se comportar da mesma maneira em marcas diferentes, e muitas outras razões vantajosas. Saber como ler as informações contidas nos rótulos

(ou identificar a falta delas) nos poupa tempo, pode evitar procedimentos desastrosos e até significar economia. Foi com isso em mente que desenvolvemos esse breve tutorial. Pigmentos Tóxicos Os selos de certificação da ACMI (Art & Creative Materials Institute) atestam conformidade do produto de acordo com a norma de padronização internacional D 4236 da ASTM (Standards Worldwide). Para produtos artisticos não tóxi-

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cos leva o selo AP (Approved Product), e para produtos que contém algum tipo de substância tóxica, o selo CL (Cautionary Label). A maioria dos produtos norte americanos passa por uma avaliação da ACMI, por isso, quando for adquirir um produto dos EUA, é sempre interessante procurar por esses selos, e caso encontre o selo CL, sempre usar o produto com bom senso e cuidados adicionais. No caso de materiais europeus, alguns também são avaliados pela ACMI, comumente os britânicos. No Brasil, a maioria das marcas classificam todas as suas cores como produto tóxico, pois todas as cores, sem exceção, levam o aviso "Atenção: produto nocivo" ou "Manter a embalagem fechada e fora do alcance de crianças" em todos os rótulos, em todas as marcas. Talvez essas marcas considerem que o óleo de linhaça refinado a calor e os estabilizantes usados nas cores sejam nocivos a ponto de considerar tintas feitas com pigmentos não tóxicos como materiais nocivos.

neral, encontrado na natureza, pode variar drasticamente, indo do amarelo esverdeado até o amarelo avermelhado. As formas sintéticas são mais parecidas, mas ainda assim, mostram diferenças. Em outro caso, como a cor "sombra queimada", algumas marcas usam combinações de vários pigmentos para "emular" a cor verdadeira, como a Corfix, que usa uma combinação de pigmentos sintéticos para emular esse pigmento mineral. O comportamento da tinta, nesse caso, é muito diferente daquele obtido com o pigmento natural. Portanto, lembre-se: só porque duas tintas de marcas diferentes levam o mesmo nome não é indício de que fazem uso do mesmo pigmento. Isso não quer dizer que sejam melhor ou pior, mas com certeza, diferentes.

"Saber como ler as informações contidas nos rótulos (ou identificar a falta delas) nos poupa tempo, pode evitar procedimentos desastrosos e até significar economia."

Nomes Fantasia As primeiras informações contidas nos rótulos é o nome da cor, que chamaremos de "nome fantasia" ou "nome genérico". Como exemplo, "amarelo ocre ouro". Abaixo do nome, nas marcas não provenientes de países de língua inglesa, é comum encontrar uma versão em Inglês, ou outra língua, para o nome da tinta. Variações de Cores Algumas cores, mesmo levando exatamente o mesmo nome, mostram surpreendentes variações de tonalidades. Tomemos o exemplo do "amarelo ocre". Existem duas versões para esse pigmento, uma natural e outra sintética. O mi-

Nome de Componentes Químicos e Minerais Geralmente, abaixo do nome fantasia, ou no verso do rótulo, encontram-se nomes químicos, como "Oxido de Ferro Sintético". São esses nomes que mostram quais os componentes químicos ou substâncias minerais que formam o pigmento. É importante reconhecer e entender as características inerentes a essas substâncias. No Brasil, nenhuma das marcas de tinta óleo traz em seus rótulos os nomes dos pigmentos. Isso é algo que muitos artistas brasileiros desejam há um bom tempo.

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cozinha da pintura

Código de Pigmentos O segredo para escolher cores está sempre no código de pigmentos, e não nos nomes genéricos. Esses códigos são controlados e identificados pelo Index Internacional de Cores da SDC (Society of Dyers and Colourists). A maioria das tintas estrangeiras levam os códigos internacionais, que são de fato, as informações mais importantes para um artista. No Brasil, somente a Corfix faz uso dos códigos. Muitos artistas simplesmente deixam de comprar tintas que não possuem esses códigos, pois sem eles, não há como saber que tipo de pigmento existe na tinta, não há como adivinhar como ela se comporta, se é sintética ou natural, ou se a cor é formada por um único pigmento ou um conjunto de vários outros. Diga não para tintas sem códigos de pigmentos.

pigmento que varia drasticamente sua cor dependendo de sua procedência, portanto nesse caso, é comum encontrar uma infinidade de variações muito diferentes que usam exatamente o mesmo código, PR101, mas as cores são sempre outras, variando de vermelhos claros até marrons escuros.

"A melhor forma de escolher sua tinta é reconhecer o pigmento desejado em outras marcas é pelo seu código do index nacional de cor." Transparência e Opacidade Por incrível que possa parecer, alguns artistas ignoram que as tintas possuem muitas diferenças além de sua cor. A falta de conhecimento dessas diferenças pode levar a muita perda de tempo durante a execução de um trabalho. Existem tintas transparentes, semi-transparentes (ou semi-opacas) e opacas. 90% das marcas, nacionais e estrangeiras, levam no rótulo uma legenda que diferencia essa propriedade. A forma mais usada para indicar a transparência das tintas, é a legenda de um quadrado vazio para as tintas com pigmentos transparentes, um quadrado meio cheio (na transversal) para tintas com pigmentos semi-transparentes e um quadrado inteiramente preenchido para pigmentos opacos. É importante lembrar que uma tinta transparente certamente "cobre" uma área com mais dificuldade do que uma tinta opaca, pois a natureza do pigmento opaco oferece maior poder de cobertura. Ambas possuem finalidades distintas e não devem ser consideradas como

Código: PR254 P = A primeira letra, sempre será um P, sendo que as tintas a óleo só podem ser feitas com pigmentos e nunca com corantes, pois os mesmos não são permanentes. R = As letras após o P, sempre estarão relacionadas com a cor da tinta, nesse caso, Vermelho (Red). Em outros casos: Amarelo (PY), Azul (PB), Branco (PY), Preto (PB) e assim por diante. 254 = Os números identificam qual é aquela cor dentro do Index Internacional de Cores, ou, qual sua formula química. A melhor forma de escolher sua tinta, e de reconhecer o pigmento desejado em outras marcas, é lembrando seu código do index internacional de cor. É muito seguro apostar nos códigos, pois existem poucas exceções a essa regra, como exemplo, o PR101, que corresponde a um

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Imagem: Karen Andrews


cozinha da pintura

necessidade para tintas de artesanato ou que são empregadas em trabalhos feitos para durar pouco tempo. Hoje em dia, a maioria dos pigmentos modernos tem excelente permanência, mas ainda existem certas marcas que insistem em usar exceções a essa regra. Para identificar as cores permanentes das cores fugitivas, diferentes marcas usam de diferentes sinais. Existem três diferentes "níveis" de permanência. Os níveis, ou índices de permanência, geralmente são identificados por estrelas, ou asteriscos. Três estrelas representa um pigmento de maior permanência do que 2 estrelas, e assim por diante. É o caso da Corfix, Gato Preto, Pebeo, Maimeri, Gamblin e muitas outras. Outras

melhor ou pior. As tintas transparentes são ideiais para veladuras, somando a nova cor com aquela que se encontra por baixo, criando um efeito ótico, enquanto as opacas servem para cobrir por completo, apagando áreas que devem "sumir" por debaixo da nova cor aplicada. Permanência Existem pigmentos que possuem grande resistência ao tempo, e que por muitos anos não mudarão, não apresentarão mudanças na cor. Outros pigmentos são particularmente sensíveis a luz e a mudanças de temperatura, e acabam por clarear, desbotar ou mudar de tonalidade. Esses, são pigmentos mais baratos, e que suprem a

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Imagem: Camila Giudice marcas usam diferentes símbolos, como "+" ou até mesmo letras (Talens), quanto maior a quantidade de símbolos, maior a permanência. Tintas que carregam um índice de permanência igual a 1 (um), são consideravelmente inpermanentes, e tendem a desbotar ou mudar de cor com muita facilidade se em contato com luz abundante. Os pigmentos com índice 2 (dois) também desbotam e mudam de cor, como o caso do "violeta escuro" da Corfix. As condições para que isso aconteça são extremas, mas a longo prazo, tudo é possível. É sempre melhor precaver-se, e usar somente pigmentos com nível de permanência 3 (três).

Veículo Usado Algumas marcas costumam variar o veículo, ou aglutinante, usado para a dispersão de pigmento, isso é, o óleo usado na tinta. Caso não encontre nenhuma indicação no rótulo, é invariavelmente o óleo de linhaça alcalí (ou Alkalí), refinado a calor. Nos casos em que o óleo é outro, o fabricante costuma discriminar no rótulo qual é o óleo usado. As variações mais usadas são o óleo de papoula, nozes e cártamo, principalmente nas tintas brancas e cores claras. Nenhuma tinta nacional faz uso de veículo que não seja o óleo de linhaça refinado a calor.

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cozinha da pintura

Quantidade de Pigmento e Linhas Estudante/ Profissional Uma característica de suma importância é a relação pigmento, óleo, estabilizantes, adulterantes. Certas marcas que adicionam menos estabilizantes e adulterantes acabam por alcançar um status de tinta profissional, enquanto outras marcas usam menor quantidade de pigmento e grande quantidade de adulterantes, e são consideradas tintas de estudante. Mesmo classificando as tintas entre estudante/ profissional, dentro da linha estudante é possível encontrar tintas de qualidade e tintas de baixa qualidade, e o mesmo acontece na linha profissional. De forma que algumas tintas de estudante possam se equiparar a algumas tintas de linha “intermediária”, e assim o inverso. Tintas da linha estudante que se comparem as de

“Não é correto afirmar que toda linha de tinta estudante não é recomendada, e que toda tinta de linha profissional é excelente” linha profissionais são mais difíceis, mas existem casos, como algumas cores da Maimeri Classico, que se equiparam a tintas profissionais. Existem algumas cores da Corfix que se aproximam ao nível de qualidade da Mamieri Clássico, que por sua vez, é quase uma tinta profissional, enquanto em algumas outras cores, possuem fórmula com mais de um pigmento, procedimento que não deveria ser adotado. Portanto, não é correto afirmar que toda tinta de linha estudante não é recomendada, assim como entender que toda tinta de linha profis-

sional é excelente. Infelizmente, nos rótulos não existem indicações das proporções de veículo/ pigmento, levando o artista a ter de descobrir através de experimentação quais são as tintas com maior pigmentação. A maioria das marcas estrangeiras possui duas ou três linhas de tintas a óleo. Como exemplo, a marca Talens possui três linhas de tintas: Amsterdam, uma tinta linha estudante; Van Gogh, uma linha intermediária; Rembrandt, na linha profissional. Cada uma possui considerável diferença de poder de pigmentação e em opção de cores, e entre algumas cores das linhas Amsterdam e Rembrandt é notável a diferença até mesmo no peso dos tubos. Existem algumas marcas que excedem em qualidade, essas, não possuem paralelos, mas existem diferenças de qualidade de cor para cor mesmo nessa linha de tintas "excepcional" ou "premium". Não é necessário dizer que os preços dessas marcas são proporcionais a seu nível de qualidade.

s i a m a d n i a Acesse ões em: informaç apintura.com d a h n i z o c . w ww

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dicas culturais

Ana Negraes

Uma mulher para todas as artes Texto: Camila Giudice | Imagem: Divulgação Ana Negraes

Neste mês a Verniz quis trazer uma coisa diferente para as dicas culturais. Uma modelo Vivo, mas por que uma modelo vivo? Porque é um dos suportes que um grande artista precisa para criar e para estudar! É uma grande parceria de entrega dos dois lados para criar uma obra única, do momento e cada qual com sua visão. E para falar de entrega, de alma e paixão, nada mais justo que falar de Ana Negraes, que inspira muitos artistas em suas diversas artes! Saiba mais desta grande mulher, suas inúmeras formas de viver a arte e sobre seu trabalho de modelo vivo. Ana já nasceu para as artes, sempre teve uma coisa muito especial com o corpo. Foi atleta e depois resolveu-se entregar puramente a arte. Ana é atriz, modelo vivo, dançarina de flamenco, produtora e começou a estudar canto.

Diz que estas artes estão todas interligadas e em cada uma utiliza o conceito de outra, que sempre se complementam em seus trabalhos. Ana é uma mulher colorida, cheia de vida e energia! Se entrega de corpo e alma em tudo que faz e procura entender os processos para sempre melhorar e proporcionar algo de diferente. Tivemos o prazer de conhecer este “vulcão em plena erupção” quando fez uma linda performance de Clara Nunes no Sarau da Verniz, em Setembro deste ano. Ana é envolvente e cheia de calor! Transborda uma sensualidade que contagia a todos! Emana alegria e energia! Muito simpática, nos trouxe uma experiência magnífica para os artistas se entregarem em suas percepções ao retratá-la. Ela nos conta como que é seu envolvimento, o que busca passar para o artista. Ana faz jus ao

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termo modelo vivo. E é o que tem que ser, um modelo com alma, com paixão, com energia de entrega para que o artista possa retratar algo que não está somente na superfície da modelo, e sim os sentimentos que carrega consigo. É uma troca muito grande, cada arte tem uma interação diferente. Ana posa para fotografias, pinturas, desenhos, esculturas, faz performances de obras. Em cada uma delas, vai encontrar um resultado diferente de energia do artista, do acompanhamento da execução do trabalho, gosta muito de ver o resultado saindo na frente dela, o que também lhe proporcionou uma paixão muito forte pela escultura, que via o momento da construção, já que na tela não tem a visão do que o artista faz naquele momento. Sobre o momento de posar, é um desafio constante, já que as poses tem duração de 2h a

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dicas culturais

3h, e requer todo um preparo físico e também psicológico. É uma luta interna ficar parada por tanto tempo na mesma posição. O tempo passa de uma maneira diferente. Diz que o essencial, além de cuidados na alimentação e de não beber muito líquido antes, é o alongamento no começo e ao final de cada pose. O que é mais intrigante e fascinante neste momento de posar, é a interação e a troca de energia com os artistas. As vezes, um olhar faz toda a diferença. Há uma entrega grande do modelo para o artista. É incrível o resultado do trabalho de cada um, da maneira que ele resolve a obra e também a maneira que ele te vê. O artista te passa coisas que você não percebia, o que faz

parte de algo que toca na alma de Ana, o sentimento verdadeiro das pessoas. Naquele momento, ela observa as pessoas que estão no ambiente, e tenta trocar o máximo de energia com elas. Ana é uma pessoa muito mística, e isso é muito importante no seu trabalho. Então você também enxerga no desenho do artista, algo que diz muito sobre você, traz algumas respostas. Ana não tem medo de se entregar ao que faz. É um contato entre a modelo, o artista e o papel. O artista capta suas energias, o papel capta a obra e te dá esse retorno. O que é invisível é a energia que te alimenta. É o complemento ideal e a parceria necessária que todo artista precisa.

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Para saber mais sobre seu trabalho, acesse: www.ananegraes.com.br

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primeira dem達o


Clodoaldo Martins A Arte dos Valores

Texto: Camila Giudice | Imagens: Clodoaldo Martins

Tive a oportunidade de conhecer este grande talento da pintura, Clodoaldo Martins em um dos Wokshops da Cozinha da Pintura o qual ele ministrava. Munido de um pincel de numeração muito pequena e enfatizando muito a questão de valores tonais, cada pincelada compunha um imenso trabalho de perfeição. Dotado de imensa paciência, com os detalhes, e um senso apurado de observação das cores, suas sutilezas, víamos impressionados a perfeição sendo criada. Não resisti e logo fui convidar

a participar de nossa revista, para contar um pouco mais de sua história, seus trabalhos e o pedido prontamente atendido, rendeu um excelente bate-papo em um cenário que remete a um tempo em que tudo era mais estético e poético, elemento que gosta de trabalhar em suas obras, na varanda da Casa das Rosas em São Paulo. Clodoaldo ainda não completou 30 anos, mas já possui um extenso histórico de participação em Salões de Arte e premiações. Começou desde muito cedo,

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r ta o p m i e u q "O valores são os as tonais e ugares l s o n s a m r o f corretos."


primeira demão

aos 10 anos e se comprometeu muito a aprofundar seus estudos, e desde então se supera cada vez mais. O grande talento de Clodoaldo é expressado em telas figurativas que retratam seu cotidiano na cidade de Agulhas, interior de São Paulo, o meio ruralista onde cresceu. A temática rústica é algo que o atrai, o tema inspira, e isso é uma constante dentro de um contexto de tempo. A temática ruralista dos anos 50 é algo que lhe chama muita atenção, pela estética dos objetos, como se também fosse uma saudade de um tempo que não viveu. Ele pinta sua realidade e passou a focar seu olhar atentamente para isso. É um trabalho que lhe dá muita satisfação. Tem como grande inspiração e referência o artista inglês Frederick Morgan. Costuma montar suas próprias referências. Conta com a participação inclusive de sua família e filhos que aparecem trajados com roupas de época em suas obras. Diz que nem sempre é fácil fazer sua filha usar as roupas de época... ela reclama com a mãe que ele está vestindo ela de “velhinha”. Para ele também é uma maneira de ficar mais próximo da família a qual é muito apegado, já que se dedica muito ao trabalho. Além de grande preocupação em preparar as

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primeira dem達o

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referências de maneira mais fieis a sua temática, também tem uma necessidade enorme de entender o motivo pelo qual aplica sua técnica, usa determinado material, o uso da pincelada. É um trabalho feito com muita consciência, e consistência. Clodoaldo dedica muito tempo na realização de suas telas, para que saiam com o melhor resultado possível. A parte que ele coloca como “pé no chão” do artista que gera alguma renda, além da pintura é dar aulas e fazer trabalhos de restauração de telas. Quando pergunto se o motivo da pincelada dele ser tão curta é por causa do restauro, ele disse que a pincelada dele já era assim antes de entrar nesse ofício. Antes, suas pinceladas eram mais soltas, mais fluidas, usava o método Alla Prima. Depois aprendeu o conceito de pinturas sob camadas e conseguiu entender os fundamentos e ver o que realmente importa são os valores tonais e as formas nos lugares corretos. A questão de ver para o artista, é muito mais importante do que os conceitos. A partir do

momento que conheceu o trabalho de Morgan, compreendeu melhor isto, já que não importava o tamanho da pincelada, nem o tema, mas sim o que está buscando. O que convence é o resultado. Esta série de trabalhos recentes é um resultado que veio de toda uma maturação há aproximadamente 5 anos. Também tem seu método de trabalho bem organizado. Gosta de trabalhar com determinada paleta cores, e pincéis específicos. Desde que mudou a maneira de trabalhar, não escuta mais música porque dispersa, mas é fã de música Clássica. Clodoaldo pensa em pintura 24h! Quando pergunto se tem algum hobby, ele me responde que é pintar, ele é muito focado nisso. Diz que tem uma necessidade de sempre pintar, e desde pequeno quando a professora perguntava o que ele queria ser e ele já respondia: artista! Alguém tem alguma dúvida?

s te e e r b o s s i a er m sse o si te: c e h n o c a r a P ace .com.br , a t s i t r a o s talento .clodoaldomar tins http://www

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burburinho

Presto

na Cinemateca Texto e Imagens: Camila Giudice

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Em comemoração aos 300 anos de cinema, em Setembro deste ano, a Cinemateca Brasileira ganhou um mural repleto dos mais significativos personagens do cinema com o trabalho do grande grafiteiro Presto! Além de uma incrível programação e acervo (e o local maravilhoso), quem for lá pode conferir esta grande obra de arte, que encanta pelas cores, pelo lúdico e os traços do artista já conhecidos internacionalmente!

A Verniz acompanhou o processo da realização do mural em companhia deste artista muito simpático, que nos contou sobre seu trabalho, suas inspirações e um pouco da sua história! Mas essa fica para uma próxima edição…. Que tal conhecer o trabalho do Presto e se divertir na Cinemateca? Fotografe o mural e envie para Verniz! Conte qual seu personagem favorito do cinema!

Confira a programação no site: www.cinemateca.gov.br Presto Márcio www.facebook.com/presto.one

emateca! in C na al ur m do o çã du o pr A ssista o teaser da por: Coletivo Base livre Vídeo produzido 202690 76 4 6 6 5 5 0 5 v= p? h .p to o h /p www.facebook.com

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arte e consumo

Brinquedinhos com arte! Especial Importados Van Gogh Texto: Camila Giudice | Imagens: amazon.com (Divulgação)

A Verniz não tem qualquer responsabilidade ou vínculo com a empresa/site e produto anunciado.

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VINCENT VAN GOGH - Fine Arts Action Figure Que tal decorar seu ateliê com a miniatura do Van Gogh em plena criação? Essa action figure é o máximo! O mestre vem com sua maletinha de tintas e uma telinha! Faz parte dos brinquedos DDI. Preço e disponibilidade no site da Amazon.com: http://www.amazon.com/VINCENT-Fine-Arts-Action-Figure/dp/B000O8PBCA/ref=sr_ 1_1?ie=UTF8&qid=1381709952&sr=8-1&keywords=van+gogh+action+figure

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Ravensburger Van Gogh, Café Terrace at Night - 1500 Piece Puzzle Para os fãs de quebra-cabeça, a Ravensburger inspira com 1500 peças de alegria ao poder montar uma das obras de Van Gogh a Café Terrace at Night! Preço e disponibilidade no site da Amazon.com: http://www.amazon.com/Ravensburger-Gogh-Café-Terrace-Night/dp/B001KBYUWM/ref=sr_1_ sc_3?s=toys-and-games&ie=UTF8&qid=1381710487&sr=1-3-spell&keywords=van+gohg+toys

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Little Thinkers Doll: Vincent Van Gogh Para quem gosta de pelúcias, irá se apaixonar por este boneco da Unemployed Philosophers Guild! Faz parte de uma linha de bonecos colecionáveis de grandes nomes da história. Preço e disponibilidade no site da Amazon.com http://www.amazon.com/Little-Thinkers-Doll-Vincent-Gogh/dp/B00176BDLG/ ref=sr_1_6?s=toys-and-games&ie=UTF8&qid=1384017286&sr=1-6 Action Figure: Van Gogh Mais uma da série action figures, este da Accoutrements. A diferença que ele vem com 2 cabeças para trocar (com e sem a orelha), e várias telinhas para colocar no mini cavalete! Divertido e dá todo um toque no ateliê! Preço e disponibilidade no site da Amazon.com http://www.amazon.com/Masters-International-VANGOGH-Action-Figure/dp/B000GKU2Y8/ ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1381710109&sr=8-2&keywords=van+gogh+action+figure

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Para entrar na "vibe" da toy ar t desta edição, a Verniz selecionou peças relacionadas ao Van Gogh!


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Consulte valores e disponibilidade no site: www.amazon.com

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dicas de materiais

Grande venda de Tintas Maimeri Puro! Preços super acessíveis!*

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Para saber mais sobre o material, acessar o link: http://www.cozinhadapintura.com/2010/10/venda-de-tintas-maimeri.html

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internacional

Parceria

Laissez Faire Texto: Joana Vieira | Imagens: Joรฃo Pรกdua e Victor Barbosa

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Uma agência de arte e uma oficina de molduras –uma combinação que tomou as mais variadas formas e culminou na concretização de duas mostras de arte. As duas edições da mostra de arte Laissez Faire foram o ponto de partida para a criação da agência de arte Laissez Faire. Uma agência, que tal como as mostras de arte realizadas, baseia-se na vontade de querer ver acontecer e incentiva, como o próprio nome indica, a livre criação por parte dos artistas. Na verdade,a agência de arte insere-se no contexto artístico português com o intuito de dinamizar e desenvolver atividades de produção e exibição artística, incidindo nas áreas do Desenho, Escultura, Fotografia e Pintura. O objetivo é promover o trabalho de artistas no mercado nacional e internacional, divulgando

as suas produções e fazendo-as chegar ao público. Atualmente a Laissez Faire representa oito artistas –Ana Catarina Pinho, António Gonçalves, Constança Araújo Amador, Joana Rêgo, José Brito, Pascal Ferreira, Patrícia Figueiredo e Tiago Casanova. Em projetos específicos, complementando linhas de trabalho e pensamento, serão convidados artistas para integrarem os mesmos. Pretende-se desta forma uma maior abrangência de linhas de ação, aproximação e estudo de obras de outros autores, com perspetivas de futura integração no núcleo de artistas representados. A autoria do projeto é de Joana Vieira e Martim Dias, dois jovens formados na área de Gestão do Património que contam, entre outros, com

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internacional

o apoio do IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação) e da Felisberto Oliveira Lda, uma oficina de molduras com 110 anos, que cedeu parte das instalações da sua empresa para a sede da agência. Passando para a sustentabilidade como pano de fundo, a Laissez Faire é composta essencialmente por três áreas de ação: agenciamento de artistas - representa artistas do contexto artístico nacional e internacional, com vista à promoção e comercialização das suas obras; produção de

eventos culturais - assegura a produção de eventos culturais, nomeadamente exposições permanentes ou temporárias, mostras e feiras de arte e instalações em espaço público;comercialização de obras de arte e consultoria artística - assevera serviços na área da mediação e da gestão de coleções e procura aconselhar planos de investimento e construção de coleções. Inspirada pelos códigos culturais e pelas redes de relações e conhecimentos que definem a identidade de uma sociedade, a Laissez Faire

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defende que a criação e mostra dos artistas é a abertura ao debate e reflexão da existência da própria sociedade, dado ser um reflexo da atividade da mesma. Afinal de contas, a atividade artística teve ao longo da História uma presença fundamental na existência do Homem. A agência aparece então com o intuito de participar neste debate e no desenvolvimento cultural do meio no qual se insere. Conscientes da atividade que se tem vindo a desenvolver, atentos à sua evolução, procura inserir-se na discussão,

num processo de aprendizagem e apresentando contributos capazes nesta dinâmica. Para terminar, a Laissez Faire agradece à Revista Verniz Artes Visuais a oportunidade de compartilhar e estreitar os vínculos artísticos entre o Brasil e Portugal. A parceria internacional assenta na divulgação e intercâmbio virtual de artistas portugueses representados pela agência e será desenvolvida através de um processo colaborativo e em rede, que fomentará a criação de sinergias entre os agentes culturais e os artistas.

es : õ ç a m r o f n i s i om a .c M y c n e g a e r i a f z http://laisse 39


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Zed Nesti O Mestre Noir

Texto: Camila Giudice | Fotografia: Guilherme Gomes (guigomes.com.br) | Pinturas: Zed Nesti

Conhecer o ateliê de Zed Nesti já é uma experiência fantástica para qualquer artista! Ao som de rock de bom gosto, com direito a uma demonstração na guitarra, paredes com suas produções mais recentes, um laboratório de experimentações e muitas referências, mostram quem é Zed Nesti na sua total personalidade e que ele veio para ficar! Zed Nesti é de uma família de artistas, cresceu e conviveu com a arte durante muitos

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anos, e por mais que se afastasse um tempo na adolescência, o talento falou mais alto, e a volta foi de grande intensidade. Seus pais estudaram na FAAP, ainda quando não era faculdade, o pai chegou a desenhar até para o Maurício de Sousa, trabalhou também como Diretor de Arte, o avô pintava (Zed guarda até hoje a maleta dele com um carinho especial), seu irmão Fido Nesti ilustra para a revista The New Yorker, livros e


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outras publicações. Desde cedo começou a desenhar, aos 7 anos, até mesmo por incentivo dos pais, e teve como referências coisas muito mais adultas, como quadrinhos europeus, linhas mais eróticas e violentas. Mais adulto foi estudar na FAAP e os professores mandaram ele pegar o dinheiro da mensalidade do curso e montar um estúdio e trabalhar, pois já tinha um trabalho bem mais profissional e também foi aluno da Cozinha da Pintura, na qual teve uma boa base para uso dos materiais, ao qual ele se dedica a aprender, a experimentar bastante e gosta muito de mexer com os pigmentos. Conversamos sobre sua linha de produção, desde suas interpretações das propagandas da Calvin Klein, até a mais recente

com um estilo mais sombrio: Seu pai como Diretor de Arte, trabalhou com Outdoor, e Zed enxergava nestas propagandas a lógica de que isso que nos faz viver a vida, do que a gente vive, que você para no trânsito quando está a caminho do trabalho, e você vê que trabalha para ter a coisa que está no Outdoor, e toda a lavagem cerebral que existe nela, do consumo, a força da propaganda, e que tudo que está naquela imagem foi montado até mesmo com referência na história da arte, como uma Vênus de Botticelli, no exemplo que ele cita especificamente deste Outdoor da CK, eles tiveram a melhor modelo, o melhor fotógrafo, o melhor cabelereiro, a melhor direção de arte, etc. O trabalho que tiveram para

“Se você não se entrega, não coloca sua energia, a pintura se torna uma ilustração.”

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construir essa imagem e o dinheiro gasto foi muito grande, e essas conexões que o atraiu, que falam muitas coisas, e a profundeza de resolver na pintura os assuntos, sem ficar muito técnica, uma reprodução. Isso gerou uma série de 3 telas, todas no tamanho de 230cm x 150cm, cada uma levou 6 meses para finalizar e todas elas com um estudo de cores muito intenso, com ajuda gráfica do computador. Zed também fez uma série de retratos de celebridades o “Celebs”, nas quais retratou Angelina Jolie, Brad Pitt, Madonna entre outros, inclusive celebridades japonesas, a qual foi sucesso de vendas, e ficou exposta na Galeria Sho em Tóquio. Essas obras com características mais “empastadas na tinta”, usou a tinta pura para executar. A partir deste trabalho conseguiu grande repercussão no exterior, com exposições em NY, Coréia e recentemente participar de um Simpósio de Pintura na Turquia. Uma das séries que também gerou um burburinho no Brasil, foi

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“Ana Negraesma também fez duurante performance do Zed a exposição Noir. no Club g.20” Veja mais na pá


a Book of Faces, na qual retratou vários amigos de seu Facebook. Em São Paulo expôs no Club Noir, uma produção na qual ficou 2 anos trabalhando em seu ateliê, expôs também e outros espaços, e fez intervenções com arte pornô em bancos de papelão, e outras obras mais sensuais (na qual usou até cristais Swarovski) e recentemente foi um dos convidados do MAC SP no Encontro dos Artistas. Sua produção mais recente e muito original, vem em um condensado que é intuitivo no

momento da execução da obra, e só depois ele entende o motivo o qual pintou cada uma delas. Refletem O momento da perda de entes queridos e passagens íntimas em carcaças, bruxas, frutas podres, a figura presente da morte e o sombrio. Diz ser uma fase meio “heavy metal”, meio Black Sabbath, e relaciona a época de quando você é menino, coloca a banca de mau, faz a pose, usa roupa preta para se proteger, desenha monstros, e hoje acha que desenha monstros como defesa, para ficar perto da morte,

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“O objetivo é não ter objetivo. O conceito afeta a criatividade.”


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se acostumar com ela... Teve sua fase mais “rebelde” a partir dos 15 anos na qual largou os cadernos de desenho e foi tocar guitarra. Só que diz que percebeu muito cedo que para tocar o Rock, já que ele vem do Blues, você tem que ter uma experiência de vida, ter o que colocar em sua música. Então começou a entender as letras, as histórias do tipo “o cara que brigou no bar, esfaqueou a mulher e tudo mais”, e Zed se viu um “cara branco, de classe média, que nunca morou fora de casa e nem namorou”. Se questiona de como iria escrever um Blues? Então aos 20 anos foi morar fora. Foi para Londres, trabalhou em fábrica, passou fome, ficou melancólico...teve várias experiências ruins, mas foram elas que trouxeram a verdade para sua

arte. Pergunto como funciona seu processo de criação, e diz que tem vários momentos...o momento da escolha da imagem, se vai usar uma imagem pura, se fará uma montagem da referência no computador, este é o momento que já fica mais animado, outro momento em que prepara a tinta, que é um momento mais “burocrático”, (Zed prepara todas suas tintas com pigmentos puros), outro que ele não tem muita paciência pois gosta de ver o resultado rápido é o da pintura, e diz que muitas coisas em sua pintura acontecem “por acidente” e ele gosta do resultado e elas permanecem na obra. Nesses dois anos experimentou muita coisa, mas ainda quer desconstruir mais sua obra. Acha que está muito certinho,

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tem que bagunçar mais, mas não quer chegar em algo como uma caricatura. Gosta de usar bastante tinta, algo com uma pincelada mais forte, violenta. Disse que no começo do ano estava mais com o desenho que lembrava uma colagem de elementos, e que os dois quadros acabaram por ajudar a lidar com o falecimento de seus pais. Gosta das mudanças de estilo, pois como a maioria dos artistas nunca está contente com o que faz. Mas mesmo com as mudanças, sempre bem vindas almeja chegar a um estilo mais definido, próprio e tem como grande inspiração o

expressionista Chaïm Soutine, que também pintava carcaças. Tudo o que faz é muito verdadeiro. Segue a máxima de que se você não se entrega, não coloca sua energia, a pintura se torna uma ilustração. Conversamos também sobre a visão do trabalho dele no Brasil e no exterior: Sobre o mercado no Brasil, ainda não tem uma percepção formada quanto a crítica de sua produção, apenas a valorização no mercado exterior. Diz que é muito diferente a valorização de quem tem algum talento lá fora, as pessoas te tratam

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: m e d e Z o d s o Veja mais trabwa.zlhednesti.com.br https://ww ebook.com/zed.nesti https://www.fac

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a d a l e c Pin Um grande mestre: Tiburço, mestre de obras aqui do bairro

de outra maneira e se interessam pela sua arte. Aqui, as pessoas acham que ser artista é “dar um truque”. Nem todos enxergam ser artista como um trabalho, o custo que você tem, o investimento em material e outras despesas. Hoje trabalha com isso, mas não vive exclusivamente financeiramente da arte. O que conduz Zed é fazer um trabalho que se compare com as coisas que ele mais goste na vida. “É o sonho do escritor escrever um grande livro”. Isso é o mais importante, e se ele tiver um trabalho realmente bom, dificilmente será ignorado. Quando pergunto qual o objetivo, ele me diz que o objetivo é não ter objetivo. O conceito afeta a criatividade. Para fazer isso, é preciso sair sem bússola, caso contrário você não encontra o novo. O trabalho tem que estar sempre aberto, esse é o processo. Tem que ser uma pessoa desprendida. A arte é uma coisa muito complexa. Você tem que fazer um trabalho interior muito grande, quebrar todos seus preconceitos e não se ofender para ser livre. Tem que ter isto dentro de você. Para fazer a arte, você tem que nascer e morrer várias vezes. É que nem a história do Blues.

Uma técnica: colocar devagarzinho Não pode faltar para o artista: vinho Sua inspiração diária: poluição O que toca sua alma: mater Melhor lugar para pintar: nunca estamos no mesmo lugar Música que te inspira: música para os olhos Objeto de desejo: o unready-made Material favorito: escolado Uma mania: não posso contar O segredo do sucesso: saber que ele já está aqui Uma cor: noir Uma obra que te intriga: a próxima que eu vou fazer Um recado para os artistas: get fucking crazy

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Espaço de Arte

Palacete

Conde de Sarzedas

Texto: Bruno Bettine de Almeida | Imagens: Divulgação

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Em fins do século XIX, a região conhecida hoje como o bairro da Liberdade, foi ocupada de fato. Dentre as herdades tradicionais que ali existiam, estava a Chácara Tabatinguera, propriedade de Dona Anna Maria de Almeida Lorena Machado. Foi ela quem mandou abrir, em suas terras, ruas como a Conselheiro Furtado e Conde de Sarzedas, além de mandar construir a Capela de Santa Luzia que, após a sua morte, em 1903, foi doada pelos herdeiros à Cúria Metropolitana. Indícios apontam que a chácara já havia sido demarcada por D. Francisco de Assis Lorena, filho de D. Bernardo José de Lorena, governador da capitania de São Paulo entre 1788 e 1797, vice-rei da Índia entre 1806 e 1816, e 5º Conde de Sarzedas, título nobiliárquico criado em 1630 pelo rei Felipe IV de Espanha.

Foi Luís de Lorena Rodrigues Ferreira, descendente do Conde de Sarzedas e deputado por São Paulo, quem mandou construir o Palacete em fins do século XIX. Conta-se que, com 60 anos de idade e apaixonado por Marie Louise Bellanger, uma francesa de 18 anos, quis fazer uma casa confortável para a futura mulher. Daí teria surgido o apelido “Castelinho do Amor”. A localização, no topo de uma colina, não podia ser mais privilegiada: permitia que se avistasse todo o vale do Tamanduateí e que fosse de lá visto. Porém, essa versão da história, romantizada por meio de relatos orais ao longo dos tempos, não é a única. Outras fontes apontam que Luis de Lorena, era um típico solteirão, que promovia bailes em sua residência e que em uma viagem

Criado pela Portaria 2815/95, o Museu do Tribunal de Justiça, tem por principal objetivo preservar e divulgar os elementos materiais relacionados à vida e tradições do Poder Judiciário Paulista. Inaugurado em 1º de fevereiro de 1995, no Palácio da Justiça, este setor cultural tem por função realizar a levantamento de todo acervo histórico existente no Estado de São Paulo, a fim de designar locais adequados à sua exposição, bem como proceder à necessária catalogação e preservação. O Museu do Tribunal, desde 2007, encontra-se sediado no Palacete Conde de Sarzedas, onde mantém importantes coleções atinentes à criação e evolução do Poder Judiciário paulista. Link para o site do Museu: http://www.tjsp.jus.br/Institucional/Museu/ Tombamento:http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/3bc86_15_T_ Palacete_Conde_de_Sarzedas.pdf

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Espaรงo de Arte

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realizada para a França conheceu Marie Louisie que passou então a viver no Palacete com ele. Após a morte do proprietário, sua esposa, filho e nora ainda permaneceram no local até 1939. A partir daí o Palacete passou a ser ocupado por diversos locatários e, precariamente conservado, entrou em processo de arruinamento. Quando a Fundação Carlos Chagas, proprietária do terreno desde o final do século XX, procurou o arquiteto Ruy Ohtake para projetar a construção do edifício que hoje abriga os Gabinetes dos Desembargadores de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (Edifício Nove de Julho), o arquiteto Samuel Kruchin assumiu as pesquisas para o restauro do antigo casarão. Em 2001 foi aberto o processo de tombamento e, por meio da Resolução nº 15/2002, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio

Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP – tombou a edificação conhecida como “Palacete Conde de Sarzedas.” O projeto de restauro do Palacete iniciou-se em 2002. Foram realizadas obras de reforço das fundações e cintamento em concreto sobre as paredes do pavimento superior, correções de infiltrações de água na cobertura, recuperação da fachada, pinturas e demais elementos que compõem o conjunto arquitetônico. O local atualmente é a sede do Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo, que na condição de setor cultural do maior Tribunal do mundo, não só preserva dois núcleos de exposição permanentes junto ao Palácio da Justiça, como também tem a prerrogativa de mapear e preservar o acervo histórico e cultural do Tribunal no Estado de São Paulo.

o d a t i s i v r e s e d o das, p e z r a S e d n o C O Palacete ividualmente ou por grupos. 17. s à ind 0 1 s a d o ã ç a t Horário de dviesi visi tas pode ser realizado. 19 o O agendameonntes 3295-5817 / 5818 /ad5a8s pelo pelos telef ambém podem ser solici t Informações etmail museutj@tjsp.jus.br. 57


sketchbook

Rodrigo

Pacheco Mariano

Texto: Camila Giudice | Imagens: Rodrigo Mariano

Rodrigo Pacheco Mariano
 tem 29 anos. Tem seu estúdio em Santa Bárbara D’Oeste, interior de SP e também faz trabalhos em Americana. Tatua há 3 anos. Estuda o desenho artístico há 4. Gosta muito do estilo preto e cinza e tem como referência o tatuador Douglas Martins. Gosta muito de tatuar o estilo Maori, no qual segue como referência o tatuador Jeroen Franken. Também como favoritos, o trabalho de Filip

Leu, Lelo do Gato Mato Tatoo, Sayalero. Escolheu tatuar porque ama a arte de desenhar e pintar e tudo relacionado à áera. Não conseguia trabalhar em outra coisa, ficava pensando em desenho o dia todo. Procura sempre estudar para aprimorar seu trabalho. Em seu tempo livre gosta de desenhar e curte escutar Reggae e Rock enquanto trabalha! Conheça o incrível trabalho deste grande artista tatuador!

em Para entracor m o contato o: R o d r ig 7 1 91 994.135.2 58


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toy art

h, g o G n a v t n Vince ato com a orelha Autorretr , janeiro de 1889 e n f a i x ad a


Van Gogh Autorretrato com orelha enfaixada Texto: Tradução do texto original de: www.vangoghmuseum.com e www.courtauld.ac.uk Imagens: Divulgação | Toy Art: Raimund Schmidt

Durante seus dez anos de carreira artística, Van Gogh era muito prolífico. Um total de 864 pinturas e quase 1.200 desenhos e gravuras sobreviveram. A maior coleção de seu trabalho - mais de 200 pinturas, 437 desenhos e 31 gravuras pode ser encontrada no Museu Van Gogh. Muitos outros desenhos e pinturas de Van Gogh pode ser encontrada no Museu Kröller-Müller em Otterlo (Holanda) e do Musée d'Orsay em Paris. O resto de seu trabalho é dividido entre um grande número de museus e coleções particulares em todo o mundo, incluindo muitos na Holanda, França, Alemanha, Estados Unidos e Japão.

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toy art

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O Autorretrato Paul Gauguin se reuniu com Van Gogh na cidade de Arles , em novembro de 1888, para pintar juntos no que Van Gogh chamava de"Estúdio do Sul", mas rapidamente começaram a brigar. Depois de uma discussão feroz , Van Gogh mutilou sua orelha direita. Este autorretrato foi um dos primeiros trabalhos que Van Gogh pintou depois deste incidente (o outro, aonde aparece fumando um cachimbo, é reproduzido ao lado). Ele acreditava que o ato de pintar o ajudasse a recuperar seu equilíbrio mental. Van Gogh está diante de um cavalete com uma pintura mal acabada, e uma cópia de arte japonesa que ele possuía. Parece virar as costas para ambos. Isso poderia ser interpretado como suas reflexões sobre o fim de seus sonhos para fundar uma colônia artística, inspirada pela arte japonesa. Mas o quadro poderia ser uma indicação desafiante de sua determinação em continuar a pintura. A pintura não dá nenhuma resposta final a estas perguntas, nós somos deixados para decidir por nós mesmos.

ue q a v a t i d e r c Ele a pintar o o ato de recuperar ajudasse abrio mental. seu equilí

Fonte de Pesquisa: Van Gogh Museum www.vangoghmuseum.nl Galeria Courtald: http://www.courtauld.ac.uk

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toy art

o ã ç a r a Prep 1. Imprima as páginas 66 e 67 no formato A4 ou tamanho Ofício, conforme sua preferência. Aconselhamos o uso de papel com gramatura entre 160g e 240g. 2. Com a página já impressa, utilize uma ferramenta para vincar, marque as dobras pontilhadas e as alças de encaixe. Tome cuidado para vincar exatamente na área de dobra. Dessa maneira a toy art terá um acabamento melhor. 3. Com os vincos feitos, é hora de utilizar um estilete e cortar as linhas internas da toy art. Na cabeça, além do queixo, as marcações: 9, 10, 22, 23, 28 e 29. No corpo, as marcações: 14, 15, 18 e 19. Para todas as peças, não esqueça dos cortes nas alças que receberão os encaixes. 4. Agora com uma tesoura, recorte todas as peças cuidadosamente. Preste especial atenção nos encaixes. É importante que a área do "dente" da alça seja preservada. Caso contrário, a fixação das peças pode não ficar adequada e balançar demais.

O quê você vai precisar: • Impressora jato de tinta ou laser; • ferramenta para vincar; • estilete; • tesoura.

DICA: a r e v i t o ã n e S , a c i f í c e p s e ferramenta usar um clip você podel pequeno ou de pape ta sem tinta. uma cane 64


m e g a t n o M 1. Monte as peças: Braço Direito e o Braço Esquerdo. 2. Encaixe as peças Braços, já devidamente montadas, na peça Corpo ainda desmontada. Dobre as alças 14, 15, 18 e 19 para dentro, rente com a peça Corpo. 3. Já com os braços encaixados, monte a peça Corpo. 4. Monte as peças Curativo e Orelha. 5. Encaixe as peças Curativo e Orelha, já devidamente montadas, na peça Cabeça ainda desmontada. Dobre as alças 22, 23, 28 e 29 para dentro, rente com a peça Cabeça. 6. Encaixe a peça Corpo, já com as peças Braços encaixadas, na peça Cabeça, ainda desmontada. 7. Monte a peça Cabeça. 8. Feito! O pequeno Vincent está pronto para a ação.

Sua Toy Ar t ficou demais no atelier ou no escritório? Compar tilhe conosco. Mande para a Verniz fotos da sua ar te! 65


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Braรงo Direito

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Exposição Museus, memórias e cultura Afro-brasileira: Uma visão institucional

Semana de Primavera de Museus

Texto e Imagens: Camila Giudice

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O Museu do Tribunal da Justiça em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Museu Maria Soldado e colecionadores particulares montaram uma incrível exposição com um acervo riquíssimo, com o tema Museus, memórias e cultura Afro-brasileira: Uma visão institucional, na qual contou com participação de grandes personalidades em sua abertura. A mostra fez parte da programação da 7ª Primavera dos Museus, evento nacional promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que aconteceu de 23 a 29 de setembro. A Primavera

dos Museus, que acontece anualmente desde 2007, é resultado de ação conjunta entre as instituições museológicas de todo o país e o Ibram. O tema deste ano, Museus, memória e cultura afro-brasileira, questiona a ampliação dos olhares e das atitudes para o extermínio dos preconceitos e das discriminações O Coordenador do Museu do TJSP, Desembargador Alexandre Moreira Germano, deixou registrada sua mensagem em que aborda a importância dos centros de memórias institucionais para a preservação e a reconstrução da história paulista,

ça i t s u J e d l a n r i bu T a s n e r p m I : Fonte SP e e d a ç i t s u J l de a n u : b i r T o d Museu ete Conde de Sarzedas Palac ww.tjsp.jus.br w São e d o c i f á r g G e o . br e o c i r ó t s i Insti tuto HPaulo: www.ihgsp.org

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As Lagrimas de Um Soldado Ă“leo sobre tela Camila Giudice

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com base no riquíssimo acervo preservado. "De acordo com o tema proposto pelo Instituto Brasileiro de Museus, a mostra vem destacar a relevante contribuição afrodescendente no panorama estadual, apresentando suas influências culturais, suas lutas e participação em acontecimentos históricos, bem como a expressiva atuação do Poder Judiciário paulista como mediador e saneador de conflitos decorrentes de injustiças sociais na formação do Brasil. É um roteiro que visa a retratar, pelo olhar dos museus, o longo e difícil caminho trilhado em direção à preservação da ordem, liberdade e cidadania." A Presidente do Instituto Histórico e Geográfico, Nelly Martins Ferreira Candeias, fez um apanhado das atividades da sua instituição, traçando um paralelo com o Judiciário paulista. O poeta Paulo Bomfim recitou "Canto de despedida para Maria Soldado", poesia de autoria datada do final da década de 50. A Verniz esteve presente na abertura, na figura da artista plástica Camila Giudice, que fez

el o p , r a t a r t e r aa s i v ho n e i u m q a c o r l i i e c t í o f i r "É um useus, o longo e d vação da olhar dos om em direção à preseardania" trilhad , liberdade e cid ordem 73


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doação de 2 obras para o acervo do Tribunal de Justiça de São Paulo e para o Instituto Histórico Geográfico de São Paulo referentes ao tema. A ideia é aproximar e incentivar o público a visitar espaços tão ricos em acervo pictórico, objetos relacionados a nossa história e de estruturas arquitetônicas imponentes, recheadas de história, tudo isso ainda com o recurso de visita monitorada. Todos estes espaços tem sua visitação gratuita, é só consultar as informações no site de cada instituição e se programar.

ad o d l o S a i r a M Museu légio Santo Ivo Museu do CCoosta, 1246 – Lapa da Rua Duar tefone: (11) 3837-05m6.6br Tele fo@santoivo.co Email: in 75


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Fernando Gonsales O pai do Níquel Náusea

Texto: Camila Giudice | Colaboração: Kleverson Mariano | Imagem: Raimund Schmidt Quadrinhos: Fernando Gonsales (fonte Folha de São Paulo)

Tudo começou quando nosso artista Kleverson Mariano nos convidou para prestigiar sua tirinha lançada exposição Arte em Quadrinhos na FNAC de Pinheiros (Ainda vamos falar do Kleverson, aguardem! O menino tem talento e muita história!) e lá tivemos a oportunidade de conhecer o querido e simpaticíssimo Fernando Gonsales com a qual fizemos uma entrevista sensacional com risadas do começo ao fim, e levamos nosso especialista Kleverson Mariano para dar o tom da conversa de só quem desenha quadrinhos pode entender!

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A homenagem do Fernando para a toy ar t desta edição! Confira mais na pågina 60.

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Tivemos a honra de conhecer o estúdio do Fernando, ter em mãos o novo livro recém chegado dos Correios, ver seu processo em ação, conhecer seu cantinho de criação, foi genial! (Aliás, o livro é ótimo!!!!) Autor do clássico Níquel Náusea, tem suas tirinhas publicadas no Jornal Folha de São Paulo, na Uol, entre tantos, bem como diversos meios publicados e até em Havaianas nosso simpático ratinho já apareceu! Atualmente tem 7.200 tiras publicadas e está no 13o livro. Isso porque achou que nunca iria viver de desenho. O que todo mundo já está cansado de saber que ele é formado em Veterinária e migrou para as tirinhas e teve até uma pulga de estimação que era alimentada com seu sangue, mas o que nem todo mundo sabe qual é o prazer de conversar

com essa figura e entender de pertinho seu processo de criação, a maneira bem humorada de ser, o gosto pelas coisas simples de sentir e a maneira com a facilidade que faz todos rirem, mesmo quando não está trabalhando. Fernando nos contou um pouco do seu processo de trabalho, no qual ele prepara lotes de tiras para que sempre possa anteceder dois meses de envio, e conta que começou seus trabalhos em uma revista de terror (!), e que o motivo de ter tantos bichinhos de estimação pequenos é que talvez fosse um pouco introspectivo. Lia muito sobre os animais em enciclopédias. Era seu assunto favorito. Sempre quis falar deles. O que costumava ler também quando mais novo era quadrinhos da Disney, Asterix, Mafalda, A Cripta, Maurício de

"Siga Seus Instintos", o novo livro do Fernando Gonsales. Recém saído do forno. Não perca!

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Sousa, Mad. Nunca foi fã dos quadrinhos de Super Heróis. Na criação das tirinhas, desenha o que ele gosta, e faz questão de escrever algo que as pessoas entendam. As vezes pauta um pouco o que está fazendo, como focar no universo dos animais. Quando perguntamos de onde vem a inspiração na criação de seus personagens, diz que é sempre um mix, e tem bastante de sua personalidade, que está diluída em vários deles. Disse que no começo seu “alter ego” era o rato e a barata. Atualmen-

te prefere suas tiras que não tem personagens fixos. Fala sobre seu processo de criação: o primeiro passo é meio que ficar disponível, relaxado, tranquilo e procurar um tema qualquer. Pode ser bem objetivo e vai nesse tema. Mas isso é uma coisa que não se controla. Tem dia que a ideia vem rápido, e tem dias que ela não vem. O texto sempre aparece antes, e tem que ter o final da história, raramente o desenho vem antes. Cada pessoa tem seu jeito, mas para ele prefere ter a ideia antes, e o desenho

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ajuda a contar a ideia. As ideias são colocadas em papeis soltos, tirinhas de A4 já usadas e reaproveitas em sua totalidade, faz alguns rabiscos em 3 quadrinhos para explicar o que está acontecendo e depois ele usa o mesmo papel para limpar o nanquim do pincel. A próxima etapa depois de ir para o arquivo das ideias, é a prancheta, onde seus esboços ganham forma, e ele gosta de usar um papel maior de opaline para trabalhar, pois quando apaga os traços não esfarela e


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o nanquim não fica acinzentado. Primeiro desenha no lápis e depois vai para a etapa do nanquim, na caneta ou no pincel. Na folha sempre faz 2 tiras e sempre lembra que precisa trabalhar a mesma quantidade de detalhes. Quando fala de material, ressalta que o material tem que ser sempre o melhor de todos. Um bom pincel, um bom lápis e tinta fazem toda a diferença. Fernando é extremamente organizado em seu trabalho, todas suas tiras são numeradas e ficam em pastinhas, todas guardadas muito bem. De lá seguimos para a arte-fi-

"Tem que fazer, mesmo que não tenha onde publicar. Tem que ter paixão, nada vai impedir." nal, feita pela sua companheira Marília, que dá todo o toque colorido digital e completa seu trabalho, sempre com muita preocupação da saturação das cores corretas para impressão. E assim nasce mais uma tirinha para alegrar nossos dias! Fernando também nos mostra seu cantinho de inspiração: podemos dizer que é fantástico! Pedimos uma dica para o

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Fernando para os novos artistas iniciantes e independentes: diz que o fundamental é fazer. Tem que fazer, mesmo que não tenha onde publicar. Tem que ter paixão, nada vai impedir. Se você vai conseguir ganhar a vida com isso é outra história, está cada vez mais difícil ganhar dinheiro com isso. Tem milhões de fatores que influenciam. As vezes você faz algo que as pessoas gostam, é difícil medir. Mas tem que fazer, ter uma produção, e mostrar. Ele mesmo fazia os desenhos “para a gaveta”, que só saíram quando foi para a Folha. Pensou que o que quer que fizesse


na vida, ele iria continuar desenhando, pois é seu refúgio. Diz também que se tivesse começado nos tempos de hoje, utilizaria bastante a ferramenta da internet para divulgar seu trabalho. A internet é hoje como os Fanzines de antigamente. Mas mesmo assim, ele tinha um “plano B” que foi a faculdade de Veterinária. Fernando nos deu umas dicas muito legais, que colocamos na seção: Dicas dos artista! Somente temos a agradecer esta incrível entrevista, na qual fomos recebidos com muito carinho e também ganhamos um desenho exclusivo para a Verniz! Valeu, Fernando! Até a próxima tirinha!

o d s a h n i r i t s i a Veja m m: e s e l a s n o G o Fernand 2.uol.com.br/ http://www

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dicas do artista

Dica do:

Fernando Gonsales Texto e Imagens: Camila Giudice

Fernando tem algumas facilidades que ajudam muito em seu dia-a-dia, que podem ser muito bem vindas para nossos leitores desenhistas! 1. Ter uma pasta de referências, com desenhos de personagens, por exemplo. Importante naquele dia que você precisa de um personagem e não está no espírito para criar, é só consultar aqueles desenhos anteriores. Tanto de expressão, movimento, etc. 2. Utilizar um material bom. A qualidade do material realmente interfere no resultado de seu trabalho. Invista em um bom pincel, uma boa caneta, uma boa tinta, um bom papel. Além de tudo, se bem conservado, a durabilidade ainda é bem maior. A melhor relação custo benefício. 3. Se você passa muito tempo na prancheta, invista e se preocupe com ergonomia. Um apoiador de pés é essencial.

4. Sempre faça intervalos regulares. Faz bem para o corpo e para a mente. 5. Para dar um retoque ou preencher as falhas do traço de um desenho, pode usar uma caneta mais antiga, mais gasta. 6. Uma boa dica é desenhar também em papel grande, mas lembrar-se que tem que manter uma boa qualidade dos detalhes no desenho. 7. Para ter maior mobilidade na prancheta e deixar um dos braços livres, usa um acetado onde prende o desenho. E para fixar o acetato na mesa e girar para desenhar? Ele dá uma lambidinha na parte de trás e gruda na mesa. Garante que não escorrega!

Fernando, o d a ic n c té a d o d Para ver o resulta alhos na página 76. confira seus trab 84


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muralistas

Rim Chiaradia

Muito flow, charuto e spray! Texto: Camila Giudice | Imagens: Renan Perobelli

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De “Leitor de Talento” da Verniz, para nossas páginas como correspondente Internacional direto de Barcelona, já na próxima edição! Na fotografia de Renan Perobelli, grande artista das lentes e apaixonado pelas artes, complementamos o perfil de uma pessoa que é mais do que especial! Um grande artista, com um grande coração que tive o imenso prazer de conhecer e dividir um pouquinho de sua história! Ricardo Marcelo Rocha Chiaradia, mais conhecido como Rim Chiaradia trabalha com arte há mais de 20 anos, com trabalho em diferentes países, e desenvolveu uma linha muito específica baseada em formas geométricas depois de muito estudo,

com fluência no traço de uma linha só para formar um todo. Uma figura muito forte e significativa são as mãos em seus desenhos. Ela tem vários significados, a influência dos estudos de diversas religiões, na imposição das mãos, o Budismo e também a posição das mãos de Jesus. Rim quase perdeu sua mão direita (a mão que trabalha) em um acidente em 2005, e a figura ficou mais intensa a partir disso. Outro tema bem presente são os peixes, cujo significado do nome de Guarulhos, Guaru = peixe barrigudo, o fato de tudo voltar para a água e a água fazer parte do que somos. Tem alguns trabalhos espalhados no Brasil,

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muralistas

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em São Paulo destacamos um trabalho muito especial no muro externo do Casarão do Belvedere, na Bela Vista, bairro no qual trabalhou durante muitos anos o qual deixou sua marca, e antes de retornar à Barcelona, fez um mural no “Que tal Hostel” na Vila Mariana. Também fez um mural em conjunto com um ateliê coletivo na Espanha, e em seus trabalhos gosta muito de ressaltar a questão da consciência com o meio-ambiente, e com uma arte mais colorida e traços agradáveis que também facilitam a aproximação com as crianças e falar sobre isso quando tem possibilidade. Comenta sobre a Street Art brasileira. Diz que nossa arte tem uma vibração diferente. O Brasil sempre teve dificuldade em questão de materiais, custo muito alto para fazer um muro de spray e com isso a grande utilização de tinta látex, o que torna a estética mais interessante, pois nos adaptamos as dificuldades e a criatividade sobressai. É um grande fã das letras, principalmente na que chama de TAG reta, muito usada nos anos 90. Rim além de muralista leva seus trabalhos para as telas, e diz que este processo foi muito espontâneo, na necessidade de apresentar seu

"No muro, é uma coisa de momento, precisa do muro para entregar seus sentimentos..." trabalho em uma exposição em Guarulhos (de onde é natural), a 100 Limites, fez muita coisa sobre madeira, já que lá não poderia preencher as paredes. Usa tinta a óleo, pincel, spray, e foi criando a técnica de pintura própria. Conversamos sobre o limite da tela em relação ao muro. Diz que a postura muda, os movimentos são diferentes, e dá uma agonia, o resultado é diferente. No muro, é uma coisa de momento, precisa do muro para entregar seus sentimentos, é uma necessidade física, você tenta resolver o muro em menor tempo possível, está na vibração do momento. Já na tela, você pode ficar no tempo que quiser. Antes fazia esse mesmo processo com a tela de ter a ansiedade de acabar rápido, agora conseguiu uma maturidade para tentar esperar o resultado. Pergunto quando que surge o momento da tela e do mural, e Rim me diz que é muito variado, ele não consegue ficar fazendo só a tela, tem

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muralistas

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o momento que bate a necessidade fisiológica de deixar alguma coisa no muro. Tivemos a oportunidade de acompanhar Rim na execução de um mural, e é praticamente uma dança, uma entrega corporal e espiritual muito forte. Entramos na questão do estilo, e ele cita uma frase, que dizem que o estilo é como uma gaiola de ouro, que você o cria e fica preso naquilo e as pessoas esperam que você faça somente isso. Acha que é válido e verdadeiro a pessoa se permitir a essa troca que faz parte do processo de desenvolvimento e mudanças na vida. O

Grafitte permite essa mudança, ele precisa disso. A linha que ele desenvolveu, que gosta muito criou um estilo artístico de tudo que ele viveu e se inspirou. Sempre gostou muito de cubismo, arquitetura, quadrinhos, arte africana, linhas geométricas. Neste seu retorno para a Espanha, quer levar um projeto para a valorização da mulher brasileira, no diálogo da arte. Diz que infelizmente a mulher brasileira ainda sofre preconceito baseado em antigos rótulos e diz que não quer que ninguém mais passe por isso.

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Rim tem duas coisas que não deixa de lado na hora de pintar: seu charuto e a música. Vive com seu fone de ouvido, e pergunto o que tanto ele escuta: ele diz ser bem eclético. Toca de tudo no seu mp3, desde MPB, Rock, Pop, Erudita e Rap. Uma banda que gosta de escutar e recomenda é o Hurtmold. Também gosta de fotografar, andar de skate, teatro, cinema e comer bem! Deixa uma mensagem para quem começa a arte agora: diz que estudar é fundamental em todos os aspectos. O artista é feito de informação e quanto mais quantidade e qualidade de informação melhor. E também que se você gosta

da arte, e que seguir adiante, o mundo vai te judiar bastante, mas tentar lidar com isto da melhor maneira possível, porque não será só elogios ou coisas boas, mas se você tem certeza e sente que é o que quer, esse sentimento tem que bastar para seguir em frente. Pergunto o que lhe toca na alma: diz que um olhar verdadeiro. Quando vê a verdade em alguma coisa, sempre se emociona, e diz que cada vez mais tem visto isso, o que lhe deixa muito feliz. Uma das frases que cada vez mais faz sentido em sua vida é a “se eu chorei ou se sorri, importante que emoções eu vivi.”

is o a m a ç e h n o C no: m i R e d o h l traba ickr.com/ www.fl hiaradia/ pe o p l e / r i m c

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eventos

Sarau

Verniz Texto: Camila Giudice | Imagem: Raimund Schmidt

O Sarau Verniz chegou e veio para ficar! Em parceria com o Casarão do Belvedere, vários artistas se reuniram em uma noite agradável de muita troca e interação. Tivemos exposição dos trabalhos, dança cigana, modelo vivo, desenhos, live painting, grupo de violão, comes e bebes, regado a muita

animação e arte! Em breve próxima edição! Agradecemos a presença de todos os artistas, especialmente de Jade Amud e Grupo de Dança Saralí Gitana, Ana Negraes, Rim Chiaradia, Kleverson Mariano e Triolão, que se apresentaram neste evento tão especial!

Confira quem fez a festa nesta edição! Ana Negraes pág.20 Daniel Farinas pág. 85 Rim Chiaradia pág. 86 Adilson Oliveira pág. 114 Leandro Eiki pág. 116 Silvia Farina pág. 117 Kleverson Mariano pág. 118 Jade Amut pág. 119 94


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eventos

Exposições no

Armazém Piola Texto e Imagens: Camila Giudice

A Verniz juntamente com o Armazém Piola da Vila Madalena realizou duas exposições individuais dos artistas Leonardo Di Stasi e João Fucci, dois grandes talentos que primam pela explosão de cores!

Veja mais o trabalhos di na J o ã o F u c c2 ! edição 96


Veja mais o trabalhos dsi na Leo di Sta 2! edição

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eventos

Exposição Olhares Tridimensionais

O Corpo na Arte Texto e Imagens: Camila Giudice

Em parceria com o Departamento Cultural do Clube Círculo Militar de São Paulo, Coordenação de Silvia Farina e Curadoria de Camila Giudice, Editora da revista Verniz, 12 artistas de estilos e segmentos variados apresentaram seus trabalhos em grande estilo,

com sucesso de público! Foram eles: Adilson Oliveira, Lino Ferreira, Leonardo Di Stasi, Isis Gomes, Ana Negraes, Leandro Eike, Silvia Farina, Kleverson Mariano, Gemma Scardinni, Flavio Zyger, Novaes OC e Camila Giudice.

r de a p i c i t r a p r “ Q u e x p o s i ç õ es ? nossas e um e-mail Nos envienhecer seu para co lho.” traba 98


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eventos

Festa XOXADA Inauguração Espaço MAO Movimento Artes e Ofícios Texto: Camila Giudice | Imagens: Markus Runk A Verniz participou da Inauguração do Espaço MAO – Movimento Artes e Ofícios, um ateliê dedicado a abrigar um coletivo de artistas, em uma grande festa que contou com exposição de excelentes trabalhos, performance, música, muita gente antenada e interessante!

: O A M o ç a p s o e liemao s i a m a ç e h Con ebook.com/ate www.fac 100


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eventos

Mônica Parade Texto: Camila Giudice Imagens: MSP Way Comunicações / Camila Giudice

A Verniz participou da coquetel de lançamento da Mônica Parade, onde um de nossos artistas Kleverson Mariano personalizou a personagem mais querida do Brasil! São 50 Mônicas personalizadas por grandes nomes da arte, cada uma mais fofa do que a outra! Muita criatividade, homenagens, traços muito característicos de cada artista, só deixaram a Mônica original (a de verdade, filha do Maurício) mais emocionada! O clima era de muita alegria de todos os participantes, que foram cativados pelo trabalho de todos artistas que tornaram

irresistível a vontade de levar uma para casa! As Mônicas fazem parte de um projeto de arte bem democrático, nas quais ficarão expostas por um mês em São Paulo, em diversos pontos, não somente nos mais conhecidos, mas em boa parte dos arredores da cidade, permitindo o contato às pessoas que nem sempre são beneficiadas com este tipo de ação. Nada mais justo do que levar essa alegria e esse colorido aos diversos cantos, que convida as pessoas a fazer um tour por São Paulo para visitar cada uma delas! E vale muito a pena conferir o

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trabalho de cada uma! É sempre importante ressaltar o respeito que devemos ter com a obra de cada artista, receber estas “Mônicas” com muito carinho e preservá-las ainda mais que elas tem uma função muito especial! Ao final da exposição, elas serão leiloadas e a renda doada para as crianças atendidas pela Unicef. Em uma breve entrevista com o Maurício de Sousa, perguntamos a importância deste projeto e o objetivo, e ele nos conta que foi um trabalho muito grande, desenvolvido por toda sua equipe, e que


não foi tão simples conseguir que a Mônica se espalhasse na cidade, mas fica muito feliz que todos entenderam que o projeto faria bem para a cidade, mostrando o trabalho dos artistas na customização de uma personagem brasileira, popular, e reforçar esta questão de comunicação e sintonia com a cidade. Gosta de todos os trabalhos, pois cada um tem sua característica, sua personalidade. Ele deixa seu recado para a nova geração de quem quer trabalhar com quadrinhos ou desenhos: “tente achar seu caminho, um nicho, um artista

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eventos

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que gosta do tipo de desenho, mas tem que se levar a sério, procurar o momento adequado para vender seu trabalho, principalmente acreditar em si, estabelecer uma meta lá longe e acreditar bastante em seu trabalho”. Como que é a Mônica Parade As esculturas têm 1,60m de altura e são produzidas em fibra de vidro. Ficam sob uma base de 25cm, tornando-se uma estrutura com um 1,85m de altura. Elas permanecem nas ruas até o dia 8 de dezembro e podem, ainda, ser apreciadas por fãs de todo país através do site que entra no ar no dia em que as Mônicas chegam às ruas. O www.monicaparade.com.br reúne notícias, fotos, making of, informações dos artistas e o mapa de localização de todas as obras. Artistas Participantes: Ale Magrini, Alex Hornest, Alex Senna, Alexander Borba, Ana Lage, Andrea Brazil, Angelica Pedroso, Anita Kaufmann, Binho Ribeiro, Bira Dantas, Bruno Honda Leite, Cako Martin, Cartoon Network, Chivitz, Claudia Furlani, Crânio, Cris Campana, Danilo Beyruth, Erica Mizutani, Fernanda Guedes, Fido Nesti, Giba Valadares, Hiro Kawahara, Isabelle Tuchband, Jefferson Costa, Junior Lopes, Kako, Kleverson Mariano, Lobo, Luciana Assumpção, Maramgoní, Mauro Souza, Michel Costa, Minhau "Fábrica de gatos", Miriam Nigri, Monica Nudelman, Mulheres Barbadas, Paulo O'Meira, Paulo Sayeg, Renato Guedes, Reynaldo Berto, Ronaldo Barata, Rui Amaral, Tikka, Titi Freak, Titina Corso, Verena Matzen, Wagner Loud e Zé Márcio.

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eventos

Abertura da

Galeria Ornitorrinco Texto: Camila Giudice | Imagens: Markus Runk

Os ilustradores e fãs de ilustração já podem comemorar! Foi inaugurada a primeira galeria de ilustrações do Brasil. Localizada na Av. Pompéia em São Paulo. Este novo espaço, super agradável tem tudo para ser o novo point de uma geração de artistas já consagrados e também talentos promissores que buscam seu desenvolvimento. A Verniz esteve presente neste dia 03 de Dezembro na Inauguração da Galeria Ornitorrinco, que contou com grandes personalidades da Ilustração do Brasil! Idealizada pelos ilustradores Mauro Souza e Márcio Guerra, a

Ornitorrinco tem uma visão de ir além das galerias de arte, na promoção de cursos e workshops relacionados à área. A partir de Janeiro estão programados: Oficina de encadernação com Alexandre Eschenbach; Workshop de caricatura com Baptistão; Palestras com Montalvo Machado; e Workshop de ilustração editorial, por Mauro Souza. Já estréia com uma super exposição muito bem curada, a “São Paulo Ilustrada”, que conta com grandes nomes como: Alexandre Eschenbach, Anderson Nascimento, Attílio, Baptistão, Claudio Gil, Davi Calil,

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Gonzalo Cárcamo, Jean Galvão, João Montanaro, Julia Bax, Junior Lopes, Kako, Leo Gibran, Marcio Ramos, Montalvo Machado, Orlando Pedroso, Rogério Coelho, Wagner Zuri, Willian Chamorro e Zé Otávio As obras destes artistas estão a venda. Esta mostra fica até 05 de Fevereiro. Conta ainda com surpresas no acervo para venda, como uma arte exclusiva e inédita do ícone dos quadrinhos Alex Raymond (desenhista do Flash Gordon e RipKirby entre outros). O local organizará exposições regulares, com 30 a 60 dias de duração, A Verniz deseja todo o sucesso!!!!


a a d n u g e S e o: d t n e m a n o h i 9 c 1 n s à Fu h 0 1 s Sábado, draia Orni torrinco Local: Gailae, 520 - São Paulo Av. Pompé(11) 2338-1146 .br Tel: rni torrinco.com r o www.galearilaeriaorni torrinco.com.b contato@g 107


especial xilogravura

Ulysses B么scolo Xiloterapia

Texto: Camila Giudice | Imagem: Galeria Mezanino

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Por um convite da Galeria Mezanino, conheci essa personalidade fantástica que é o artista Ulysses Bôscolo. Uma pessoa que encanta pela vivacidade, alegria e entusiasmo no qual oferece de uma maneira tão mágica a experiência de viajar e ter a sensação de lugar comum em seu trabalho. Ulysses se torna um amigo, uma pessoa fácil de dialogar que tem pensamentos incríveis! E que facilmente consegue transformar suas obras, como verdadeiras preciosidades. Nesta exposição ‘Célula Tronco”, mostra suas caixinhas com xilogravuras especiais, as quais poderíamos passar horas contando histórias. Suas gravuras refletem sua vida, e ele diz que essas imagens são para ser lidas por vários corações. Não existe uma maneira ideal de olhar

para cada imagem da exposição. O que existe é uma força implícita no trabalho que permanece quando toca a alma. A Exposição Célula Tronco foi inspirada na Serra da Cantareira, local onde o artista tem seu ateliê, e em alguns objetos que acha na rua, como palito de fósforo, restos de inseto, penas de pombo e também assuntos como OVNIS, ou “OSINIS”- objetos submersos não identificados, coisas absurdas que se transformam em imagens na sua cabeça. Diz que a memória permanece viva e condensou fotografias 3x4, selos na história da xilogravura. “Só acordamos para as pequenas coisas da vida quando nos apaixonamos, temos pequenos choques como ter um filho, saber de um vulcão

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especial xilogravura

"...busca o resgate de algo como se fosse ter o mundo inteiro em suas m達os, como diversos universos que pudessem ser resolvidos em preto e branco." 110


que entrou em erupção...”e esse rico material de sensações e lembranças são transformadas em imagens. Parte da exposição carrega um pouco dessa áurea da infância e das nossas experiências, frutos da imagem em sequência que está sempre em movimento. O motivo de usar caixa menores, aconteceu no momento em que se mudou para um local próximo de filatelistas, e começou a prestar mais atenção nos selos, ver essas figuras gravadas de forma preciosa, e demorou 2 anos para encontrar seu foco, preparar as matrizes e optou por fazer coisas pequenas e similares ao selo, unindo ao mundo dos quadrinhos onde busca o resgate de algo como se fosse ter o mundo inteiro em suas mãos, como diversos universos que pudessem ser resolvidos em preto e branco.

No uso do metal, resgata uma memória de infância, como se fosse uma tela mágica, na qual você pode apagar o desenho com a ponta seca. Até hoje em seu ateliê se sente como estivesse na fase da faculdade, em uma constante de experimentações, as quais os surpreende todos os dias. Esta memória que focou nesta exposição, faz parte de experiências comum de um coletivo do ser humano, pois a maioria já viu uma montanha, já esteve de frente para o mar, etc. É uma coleção de imagens partindo de São Paulo que tem a ver com ele e com os outros. Se ele grava o mar, por exemplo, o mar não é só dele, é de todos. Acredita que não faz este trabalho só para ele. Ele se sente realizado durante a exposição quando tem a resposta das pessoas, que o alimenta para

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especial xilogravura

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outras criações. Diz que nosso corpo envelhece, mas dependendo da intensidade do trabalho, ficamos mais jovens. Gosta do frescor do momento da exposição e das imagens, e gostaria que ele perdurasse em suas obras. O trabalho dele faz com que tenhamos uma leitura mais lenta, mais agradável, força que façamos uma pausa para sentar, analisar cada obra, tocar, manusear com uma pinça, olhar cada detalhe, e viajar nas imagens. Algo que fosse como uma caminhada pela estrada no campo, uma contemplação. Ulysses fala que é muito difícil a pessoa se concentrar em frente a uma folha de papel. Somos sempre atraídos por coisas que estão em movimento. A xilogravura quebra essa velocidade. Também foi utilizada a questão do tato, a possibilidade da manipulação da obra, quebra o aspecto de ver a obra sem poder encostar, promove esta aproximação. É um tempo em que você tem que abrir seu espírito para o outro. Ele gosta de deixar pedacinhos de seu trabalhos espalhados, quando presenteia com pequenas gravuras em suas exposições. Cria a vontade da pessoa querer ter um trabalho maior, e uma sensação de eternidade. Também fala sobre o papel do curador e da

galeria. Você só sabe a ressonância do seu trabalho quando está fora do ateliê. Ulysses é representado pela Galeria Mezanino. Diz que é uma parceria, é a construção de uma obra conjunta. É partilhar o desenho interno e tornalo externo. O trabalho dentro do ateliê não tem uma leitura ideal. Só quando coloca em um local tem a performance do lugar. Ulysses tem uma paixão muito forte pela xilogravura, faz algumas experiências com pintura a óleo, para descansar um pouco das imagens gravadas em preto e branco, mas sente saudades da xilogravura quando pinta. “ O fato da tinta ser mole, tem um determinado momento de parar e gera conflitos internos. As vezes batalhamos por um negócio que se perde. Cada obra é única. A xilogravura é mais compacta. Diz que a xilogravura que é corte direto, preto no branco e se cortar errado a madeira, tem que começar novamente. E nos deixa com uma reflexão: “quando você vai em um velório, coloca a mão em um corpo que estava quente, já no momento que esfriou, não sabe para onde a alma dele foi....no metal, quando você coloca a mão ele esquenta, como se abrisse o olho para o que você tem a oferecer”. Nossos agradecimentos ao Ulysses e a Galeria Mezanino que nos receberam com muito carinho!

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leitores de talento

A Verniz escolheu o trabalho de quatro leitores de talento. ParabĂŠns a todos!

Adilson Silva

Oliveira

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Flavio

Zyger

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leitores de talento

Leandro

Eiki

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Silvia Farina

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quadrinhos

Kleverson

Mariano

Para par ticipar da coluna, envie seu trabalho para: contato@vernizar te.com.br

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