40 educadores

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EDUCADORES

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VERO

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AGOSTO

| 2013


educadores +40

Sala dos professores por Chico Max e Natasha Sanches

R

CIDADES PARA AS PESSOAS Flávia: Nas escolas, falamos sobre o bairro, mas sempre enfatizando que Alphaville não é uma cidade, e que somos integrantes de Santana de Parnaíba e Barueri. Carolina: As crianças não compreendem muito bem essa colocação, principalmente as do infantil. Edilson: No Objetivo temos o projeto “Roteiro dos Bandeirantes”, focado numa visão histórica de

FOTO DOS PROFESSORES: NINA AMARAL FOTO DOS ALUNOS: MARINA CAVALHEIRO

epresentantes das escolas parceiras da +40, que desde o início do ano participam desta seção, se reuniram, à convite da VERO, para uma conversa aberta sobre os temas levantados até agora pela campanha. O resultado foi uma rica discussão sobre o estilo de vida gerador de um cotidiano por vezes não favorável ao crescimento equilibrado, e sobre as transformações necessárias para que Alphaville chegue aos 80 anos com o vigor dos 20 e a maturidade dos 40.

Saiba a opinião dos professores sobre o presente e o futuro de Alphaville

Santana de Parnaíba. Alphaville protege e, ao mesmo tempo, isola, como uma bolha. Dulce: Quando comecei a trabalhar aqui percebi que as crianças não tinham noção geográfica da região. Desde então, desenvolvemos um projeto envolvendo o Parque Ecológico do Tietê, que as crianças não conheciam. Renata: Nossos alunos discutem o desmatamento, o trânsito e o crescimento vertical.

“Alphaville tem tudo de uma cidade grande, e, por isso, as pessoas não precisam sair da ‘alphabolha’ no dia a dia. Acho que os pais e as escolas poderiam mostrar aos jovens o mundo externo” KEVIN F. PARRELLA, aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Fernão Gaivota

FLÁVIA TERESA DE LIMA, coordenadora do ensino fundamental e médio da Escola Fernão Gaivota

102 | VERO | SETEMBRO | 2013 Alphaville | 40 anos

RENATA FIUZA, orientadora do ensino fundamental I da Escola Morumbi

ESCOLA CASTANHEIRAS: Luiz Henrique Rodrigues, professor e coordenador de Educação Física ESCOLA FERNÃO GAIVOTA: Danilo Castro Pereira, professor de Química, e Flávia Teresa de Lima, coordenadora do Fundamental e Ensino Médio ESCOLA MORUMBI DE ALPHAVILLE: Carolina Mello, orientadora da Educação Infantil, e Renata Fiuza, orientadora do Fundamental I COLÉGIO OBJETIVO DE ALPHAVILLE: Edilson Cândido da Silva, professor de História, e Dulcinéia Boscolo, professora de Geografia


Flávia: Quando começamos a fazer as entrevistas da +40, percebemos que o maior questionamento é o trânsito e a falta de diversão na região. Muitos pais se esquecem das opções culturais que temos por aqui. Edilson: Conscientizar a família da sua responsabilidade é muito importante. Muitas delas têm um carro por integrante. Carolina: Nos 20 anos que eu estou aqui, vejo uma mudança enorme. O bairro cresceu, está se estruturando.

RESPEITO MÚTUO E TOLERÂNCIA Luiz: É preciso trabalhar em sala de aula a composição familiar. Apesar de estarem em famílias grandes, muitas crianças se comportam como filhos únicos, no seu mundo particular, com sua TV, computador e celular. A escola tornou-se um dos poucos lugares que incentivam a socialização. Flávia: Vivemos numa era que o importante é o “estar na minha”. E esse isolamento é muitas vezes incentivado pelos próprios pais. Carolina: Trabalhamos com os pequenos que não “sou eu”, e sim, que “somos nós”. Flávia: Os pais, que são os exemplos, por vezes não querem cumprir

regras, nem mesmo as da escola. Querem deixar o aluno na entrada que acham mais fácil no momento, buscar no horário mais conveniente. Precisamos trabalhar esse tema também com os pais, principalmente com os que têm filhos na educação infantil, que geralmente são mais jovens. Dulce: Pai e mãe são referência, as figuras que os filhos seguem como exemplo. Por isso, a relação família-escola é importantíssima. Edilson: Hoje a escola tem um discurso mais consistente que o de muitos pais. Se os pais são o exemplo para os filhos, falar uma coisa e fazer outra é prejudicial.

com outros fatores, como a poluição. Dulce: A água não está sendo cuidada da maneira correta, e isso é sério. Aqui em Alphaville, o Melville tem tratamento próprio, igual ao dos países desenvolvidos. Existe também um centro de tratamento de água ao lado do Burle Marx. Luiz: Esses sistemas próprios são tímidos por aqui por causa da falta de incentivo público. Nos EUA, por exemplo, quem economiza água recebe algum tipo de incentivo governamental. Por isso é primordial a escola discutir o tema. São nossos meninos que, no futuro, vão viabilizar esse tipo de projeto.

ÁGUA

MOBILIDADE URBANA X TRÂNSITO

Danilo: Os jovens já se conscientizaram que a água não é algo infinito. Sabem que é muito mais fácil preservar do que consertar. No projeto “Fernão de Portas Abertas”, abordamos esse assunto. Flavia: Há algum tempo não ouço a expressão “estou pagando, gasto o quanto quiser”. Carolina: Hoje os pequenos falam muito: “Feche a torneira ou a água do planeta vai acabar”. Renata: A conscientização é muito mais evidente com a água do que

Flavia: Hoje, o transporte público na região é viável para os alunos irem e virem dos residenciais para a escola, mas isso não é visto pela família como uma possibilidade. Danilo: É preciso ter consciência da importância da mobilidade, caso contrário, o cidadão só terá autonomia aos 18 anos. Luiz: A cultura do transporte público está se espalhando, vemos muito isso na Avenida Marcos Penteado de Ulhoa Rodrigues, que ainda é uma região segura.

“O crescimento vertical residencial e comercial em Alphaville causa aumento do trânsito na região e diminuição da qualidade de vida dos moradores” LAURA HANEK DE ALBUQUERQUE FERREIRA PINTO, aluna do 3º ano do ensino médio da Escola Morumbi de Alphaville

DULCINÉIA BOSCOLO, professora de Geografia do Colégio Objetivo de Alphaville

LUIZ HENRIQUE RODRIGUES, professor e coordenador de Educação Física da Escola Castanheiras

2013 | SETEMBRO | VERO | 103 40 anos | Alphaville


Flávia: O não uso do transporte público é justificado pela insegurança. Carolina: A realidade de Alphaville mudou, antes precisávamos do carro para tudo, hoje não mais! Flavia: Na rua do Fernão Gaivota, as crianças andam bastante a pé. Carolina: Hoje as pessoas querem morar perto da escola. Luiz: Há crianças que voltam de perua escolar, saem às 13h da escola e chegam em casa às 14h30, apesar de morarem perto.

dos mais rápido. Carolina: As mães foram fundamentais, fizeram um abaixo assinado, o que agilizou bastante no processo. Flavia: A impressão que eu tenho é que as escolas particulares têm que se virar sozinhas. Mas a educação pública não daria conta da demanda de alunos sem a particular. Edi: A comunidade precisa se unir para exigir o serviço público aqui também.

PODER PÚBLICO, INICIATIVA PRIVADA, ESCOLA

QUE CIDADÃOS SE TORNARÃO OS ALUNOS DE HOJE?

Flavia: Vejo falta de planejamento. Pedimos para a prefeitura um semáforo para pedestres. Fomos atendidos, mas demorou três anos. Edi: Existe sempre uma contrapartida entre o poder público e o privado. Até para facilitar a instalação de um semáforo, por exemplo. O que a escola ofereceria em troca? Na região do Fernão também vejo a necessidade de um semáforo. Alguém terá que ser atropelado para tomarem uma atitude? Renata: Houve um acidente próximo à escola envolvendo carros e um motoqueiro, por isso fomos atendi-

Luiz: O projeto +40 nos faz pensar nisso. Os meninos de hoje tem boas perspectivas para o futuro. Eu sou um otimista convicto com os recursos que esses jovens têm. Flavia: Eu não sou tão otimista, acho que são crianças que teriam tudo pra alcançar isso, mas, se a superficialidade continuar, isso não vai acontecer. Dulce: No almoço, é normal ver as crianças isoladas, cada uma com seu fone e celular, eles não dialogam. Com isso, o poder de argumentação não se desenvolve. Um péssimo exemplo é passado por jogos eletrônicos cujo objetivo é dizimar o pla-

EDILSON CÂNDIDO DA SILVA, professor de História do Colégio Objetivo de Alphaville

CAROLINA MELLO, orientadora da educação infantil da Escola Morumbi

104 | VERO | SETEMBRO | 2013 Alphaville | 40 anos

“Hoje as pessoas não conversam mais em lugares públicos. Não há mais o som das risadas, e sim o barulho delas teclando em seus celulares” LUIZ RUIZ, aluno do 2º ano do ensino médio do Colégio Objetivo

“Cabe à população ter a consciência de evitar o desperdício de água. Já o tratamento é responsabilidade do governo” NIKOLAS BONOLDI, aluno do 1º ano do ensino médio da Escola Castanheiras

neta. Ganha quem ficar sozinho! Edi: É uma questão social, sou otimista. Em algum momento a sociedade vai ter um insight. Mas, para isso, é preciso resgatar valores e princípios. E não podemos desprezar o que aconteceu uns meses atrás (refere-se às recentes manifestações). Falávamos de uma geração superficial, individualista. Mas na verdade a geração pede socorro! Flavia: O pedido de socorro vem de várias formas. Hoje, por exemplo, “todos” têm déficit de atenção. Por isso, a iniciativa do +40 pode ganhar um corpo maior. Sabemos que outros educadores têm os mesmos problemas que nós, e isso precisa ser compartilhado. Edi: Precisamos quebrar a barreira que existe entre as escolas. O primeiro passo é abrir o debate! Apoio Educadores +40:

DANILO CASTRO PEREIRA, professor de Química da Escola Fernão Gaivota


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