Live Versus #50

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Vagos Metal Fest Laurus Nobilis Primordial


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PRIMORDIAL + BASALTO + AURA

21/09/18 - Hard Club

Reportagem: CSA Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro

Agradecimentos: Carlos Freitas e Notredame Productions

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… E o mais são histórias. É o que poderemos dizer – em bom português – sobre o concerto dos Primordial no Hard Club, a 21 de setembro de 2018, que funcionou como um warm up para a edição deste ano do Festival Under The Doom (7 e 8 de dezembro de 2018 – RCA – Lisboa) em que esta banda também já participou. Após a abertura das portas da Sala 2, às 21h, coube aos Aura a tarefa de começar a aquecer o público presente, que já era bastante numeroso. A reação foi morna, quer porque muitos fãs tinham acabado de chegar, quer porque já tinham entrado depois de o concerto começar. Mesmo assim, a toada um tanto monótona dos portugueses foi bem acolhida. Seguiram-se os Basalto, uma banda de Stoner Metal e Rock de Viseu, que apresentou composições sobretudo instrumentais – caracterizadas por algum experimentalismo e interrompidas por alguns raros grunhidos do guitarrista – perante um público cada vez mais numeroso e interessado no que se passava no palco. Foi uma atuação interessante, mas relativamente perturbada por um fã, que resolveu imitar o vocalista vvvda banda, pontuando a sua atuação com grunhidos despropositados, que não desarmaram os músicos. Pelas 23h, chegou o momento por todos esperado. Os Primordial entraram em cena, com Alan Averill a parecer ocupar um plano superior ao dos outros membros da banda, devido à forma como o palco estava iluminado. Sempre carismático e afável – apesar do estilo violento e rápido característico da banda que lidera – foi interagindo com o público, recordando a passagem dos Primordial por aquele mesmo palco há 20 anos atrás e o acolhimento caloroso que sempre recebe dos metalheads portugueses. É de referir também a ênfase dada ao facto de virem da República da Irlanda e o seu orgulho nacional (muito compreensível, se nos lembrarmos de que, em 1916, ainda os líderes do movimento independentista irlandês eram executados pelas autoridades britânicas e de que o país só obteve a independência em 1923) e a comparação com Portugal, tendo em conta as pequenas dimensões de ambos os países e a sua enorme riqueza cultural. O concerto encheu as medidas dos fãs, que o viveram sempre de forma intensa – do princípio ao fim – em comunhão com Alan Averill e – é claro – com os seus companheiros, discretamente mergulhados numa semiobscuridade e num forte nevoeiro que emanava do palco. O último álbum da banda («Exile Amongst the Ruins – Metal Blade – 2018) recebeu o esperado destaque, mas a set list incluiu outros êxitos da banda, o que muito agradou à audiência. Faixas do novo álbum (como “To Hell or the Hangman” e “Exile Amongst the Ruins”) e de álbuns mais ou menos antigos (como “Gods to the Godless” ou “Traitors Gate”) foram destacadas pelo vocalista da banda, por vezes de forma homorística. Ficámos com imensa vontade de repetir a experiência, embora não seja esta a primeira vez que assistimos a um concerto dos veteranos irlandeses, a caminho de completarem 25 anos de carreira. Será que nos reservam alguma boa surpresa para comemorar esse aniversário?!!!

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Mais uma vez, chegou o mês de agosto e, como já vem sendo tradição desde 2009, os metalheads de todas as idades encaminharam-se para o distrito de Aveiro para participar no Vagos Metal Fest (na sua terceira edição, depois do Vagos Open Air ter “emigrado” para Corroios). Este ano estavam previstas duas novidades: quatro dias de Metal e dois palcos. Ambas as propostas têm os seus prós e contras, mas a segunda precisa mesmo de ser repensada, por motivos que referimos mais adiante. Fotos: Eduardo Ramalhadeiro [Dia 9/11/12] | Isabel Lopes [Dia 10] Reportagem: Cristina Sá Agradecimento especial à organização do Vagos Metal Fest

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9 de agosto As honras de abertura do festival couberam a Booby Trap, que faz parte da chamada “prata da casa” e já foi notícia nas páginas da Versus. Pedro Junqueiro (aka Peter Juncker) e os seus alegres companheiros deram o seu melhor para puxar bem pelo público, já bastante numeroso, apesar de se estar no primeiro dia e até nas primeiras horas do festival. Recordaram vários êxitos – passados e futuros – incluindo canções do recente «Overloaded» (Firefecum Records, 2016). Quem sabe se não está a vir por aí um novo álbum! Seguiram-se os também nacionais Destroyers of All, que pegaram no testemunho deixado pelos “aveirenses” e deram seguimento à festa, mostrando o seu Groove Metal a uma assembleia, que contava com a presença de um número de festivaleiros cada vez maior. Neste caso, também estamos à espera de um sucessor de «Bleak Fragments» (Mosher Records, 2016), com a Versus sempre a postos para a entrevista de divulgação. Guilherme Busato (que já conhecíamos de Tales for the Unspoken) e os seus colegas de banda continuaram a animação, com João Mateus, o vocalista, a puxar pela assistência, como é da praxe. A prestação agradou, apesar de um tanto afetada pelo som, que não esteve no seu melhor. Mudando de estilo – e de palco – a assistência foi brindada com um concerto de mais uma banda portuguesa – Trinta e Um – que trouxe o seu Harcore de Linda-a-Velha. Entretanto, uma parte da assistência aproveitou para ir retemperar energias nas barracas de “comes e bebes”. Já a chegar ao fim da tarde, foi a vez dos InSammer subirem ao palco Vagos, assistindose a um espetáculo curioso: suecos a terem frio em Portugal. Mesmo assim, mostraram aquilo a que, no seu site, chamam “Transfusion Metal”, epíteto que alude à mistura de géneros, que faz a essência da sua música. A assistência esteve atenta, mas pareceu ter ficado à espera de ouvir melhor, à medida que a jovem banda for amadurecendo e enriquecendo a sua discografia, em que se destaca o seu primeiro álbum («Roots», lançado em abril de 2018). Seguiram-se os portugueses Theriomorphic, dos quais faz parte o nosso conhecido João Duarte (aka J Goat), também membro de Corpus Christii, uma banda que ficaria bem no cartaz do Vagos Metal Fest do próximo ano. Com um percurso irregular, como é habitual num país onde os músicos passam mal e os de Metal estão longíssimo de ser a exceção, a banda liderada por Jó recordou o passado e revelou o presente, sendo bastante aplaudida por uma assembleia, cuja média de idades tinha subido (mas não demais). Neste caso, estamos à espera de um sucessor para o EP que quebrou um jejum discográfico de 10 anos («Of Fire and Light” – Dethstar Wreck’ordes, 2018). Todos estes concertos e mais alguns que nos escaparam (pelo que desde já pedimos desculpa às bandas que não vão figurar nesta reportagem) foram “aquecendo” o público para o prato forte do dia: Orphaned Land, uma banda veterana no Metal e “repetente” no festival de Vagos. Descalço e envergando uma túnica tradicional por cima de uns jeans rasgados, Kobi foi conduzindo a banda ao longo de um espectáculo, em que se afirmaram a sua origem, a sua conhecida luta contra o clima de guerra crónico no Médio Oriente – sobretudo entre israelitas e palestinianos – e a sua condenação da religião como uma forma de criar conflitos (em vez de unir as pessoas). Foi um momento que os metaleiros presentes viveram com emoção, sem deixar de aplaudir, gritar, cantar, quando tal lhes pareceu adequado e respondendo às incitações da banda.

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10 de agosto Para nós, esta jornada começou com InVoke, uma banda de Black Metal bastante old school, vinda de Lisboa, que está no ativo desde 1996, apesar de ainda só contar com um álbum na sua discografia: «Somnium Paradox» (Fatsound, 2017). Tal facto não tira o mérito à banda e muito menos ao evento. Todos sabemos que o Vagos Metal Fest tem feito muito para dar a conhecer ou (re)apresentar bandas nacionais que mereçam essa oportunidade, independentemente do seu subgénero. Mudando de toada e de palco, a parcela mais jovem do público deste dia vibrou, correu, chocou entre si ao som do Hard Rock dos Dollar Llama, nacionais e lisboetas. Mais uma vez, coube ao vocalista a tarefa de animar a festa e de levar o rubro o entusiasmo da jovem assembleia. A marcar a sua ambição, estava a palavra juggernaut, que figurava por baixo do nome da banda, no palco. Seguiram-se os por demais conhecidos Ratos de Porão. João Gordo faz jus à sua alcunha, mas não deixa que o seu avantajado tamanho o impeça de vibrar no palco e de arrastar consigo quem quer que se ponha diante deste. Apesar de o seu género musical estar longe das nossas preferências, temos de render homenagem a este veterano, que nunca desilude os seus fãs e consegue chamar para a sua zona de influência alguns dos que ainda não se renderam à sua mestria. Os Masterplan, uma banda de Power Metal sobejamente conhecida, concorrente de Helloween, atuou a seguir (embora devesse ter passado primeiro, se não se tivesse atrasado devido a problemas de transporte). Teve direito à sua cota-parte de entusiasmo, já que o género a que se devotam é particularmente festivaleiro. Após uma pequena espera diante de um palco decorado para a apresentação de «1755» (Napalm, 2017), o público impaciente pôde finalmente assistir ao concerto de Moonspell. Infelizmente, não se repetiu o êxito dos espectáculos no Hard Club do Porto e no Teatro Aveirense (ambos em novembro do ano passado e com reportagem na Versus), porque o som estava muito mau e a atuação foi interrompida pela primeira falha de energia da noite. Apesar do desconforto gerado por este incidente e do facto de o concerto ter acabado por ser mais curto do que o previsto (para não prejudicar a banda que se seguia), os fãs não arredaram pé, aplaudiram incessantemente a banda e não deixarem de juntar as suas vozes à de Fernando Ribeiro, em “Alma Mater”, a canção que encerrou o set. Vieram a seguir os Converge, uma “velha” glória do Hardcore americano, que mudou o ambiente do Vagos e ajudou a ultrapassar as emoções (positivas e negativas) vividas durante o concerto anterior. Após mais um compasso de espera – de mau prenúncio, como acabou por se verificar – subiram ao palco os desejados Cradle of Filth, que também foram vítimas de uma falha de eletricidade e alguns problemas de som. Mas Dani Filth não desarmou e voltou mais feroz do que nunca, para arrasar mesmo! Com a ajuda de um cenário decorado com uma ilustração da capa de um dos álbuns e o logo da banda e apoiado pelos seus músicos e pela voz cúmplice de Lindsay Schoolcraft (também responsável pelas teclas), matou saudades de Portugal e dos fãs nacionais: afirmou que não punha pé nas nossas costas há 20 anos. O líder incontestado de CoF gritou, grunhiu, guinchou, no seu estilo bem característico e inconfundível, e os seus músicos seguiram-no, com Rich Shaw a tocar a sua guitarra ao mesmo tempo que rodopiava, criando um remoinho com as abas da sua casaca. Foi um momento empolgante para todos os que nele participaram. Depois de tanto entusiasmo e com mais sorte no que toca ao som, atuaram os Attic, uma banda da Van Records (uma das editoras parceiras da Versus Magazine), que trouxeram da Alemanha o seu Heavy Metal combinado com influências mais sinistras. Não deixando os seus créditos por mãos alheias, mostraram o que tinham de melhor, com destaque para o seu álbum «Sanctimonious», lançado há um ano atrás. Ficámos com vontade de ouvir mais.

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11 de agosto A jornada abriu com a atuação dos Lost In Pain, vindos do Luxemburgo, mas com um vocalista de origem portuguesa. Apresentaram um Heavy Metal fresco e interessante, que lhes valeu o interesse do público. Ficámos com a sensação de que não tardaremos a revê-los em solo nacional. O mesmo não poderemos dizer dos espanhóis Wicked Inc. Mas, como se trata de uma banda formada em 2016, que ainda só conta com um EP no seu palmarés, podemos dizer que ainda têm muito tempo para crescer e cá estaremos dispostos a acompanhar os seus progressos. Atrás deles vieram os Simbiose, mais uma banda portuguesa, com uma boa discografia e contando com bastantes “adeptos” entre o público do Vagos, a avaliar pelo merchandising ostentado por muitas pessoas que passavam. Num registo bem diferente, entraram em cena os Gwydion. Apesar de se intitular «Thirteen», o seu mais recente álbum (o quarto da banda, lançado este ano e já no verão), não lhes deu azar, antes pelo contrário. A assistência não se fez rogada e ultrapassou largamente tudo o que lhe foi solicitado por Pedro Dias, o seu animado e animador vocalista. O visual adotado – sobretudo no que dizia respeito à pintura facial – fazia lembrar algumas das personagens da popular série “Vikings”. Da exuberância dos portuguese passou-se para a extrema circunspeção dos suíços Bölzer, um dueto incluindo um vocalista/guitarrista e um baterista, que mal olhavam para o público entre canções e apenas falaram uma vez: no fim do concerto, para agradecer. Tal mutismo não desmoralizou o público apreciador de Black e Death Metal, géneros que a banda cruza na sua música. Ficamos à espera de mais concertos e de um sucessor para o seu álbum de estreia: «Hero» (Iron Bonehead Productions, 2016). Pelo caminho, ficou a banda francesa Dagoba (Groove Industrial Metal), impedida de viajar devido a uma greve nos aeroportos e já confirmada para a edição do Vagos Metal Fest de 2019. Sonata Arctica ajudou o público a descomprimir. Os finlandeses eram também esperados por numerosos fãs, que puderam finalmente satisfazer a sua vontade de os ouvir e ver ao vivo. Carach Angren soube recriar no palco a atmosfera sinistra dos seus álbuns, evocando nos seus trajes a capa do último: «Dance and Laugh Amongst the Rotten» (Season of Mist, 2017). Mantiveram o público preso ao palco durante a hora que durou o seu concerto e encantaram-no com o seu Symphonic Black Metal e as bizarrias de Seregor, o vocalista (algumas das quais chocaram algumas pessoas). Mais do que um espectáculo musical, assistiu-se a uma verdadeira representação, que contou a cada um a história que este conseguiu criar na sua mente. Apenas um comentário final: a repetir! Seguiu-se mais uma banda de Power Metal: os poderosos Kamelot. Foi uma hora de fantasia e melodia, bem diferente do Metal tétrico dos holandeses. Foi tal o entusiasmo que até um dos profissionais responsáveis pelo porco no espeto aproveitou o ritmo da banda para tornar mais enérgico e alegre o exercício do seu mister. Quando soou a última nota e o vocalista Tommy Karevik agradeceu em nome da banda, sentiu-se que o público estava a sair de uma bolha que o preservava do mundo real. É bom sonhar de vez em quando – e que não sejam pesadelos. E, com Enslaved e o seu «E» (Nuclear Blast, 2017), caiu-se novamente no extremo oposto. O lado encantatório da música e da voz criou magia no palco – mas muito diferente da dos seus predecessores – mas, infelizmente, o som não esteve à altura, o que impediu o público presente de apreciar devidamente a prestação dos consagrados noruegueses.

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12 de agosto Ao chegar ao recinto, nesta última jornada do festival, logo constatámos que o som estava estridente, como já tinha acontecido em momentos dos dias anteriores. A situação melhorou, quando Ross the Boss deu início ao seu concerto, mas não o suficiente, para não o perturbar. Mesmo assim, o “boss” brilhou, fazendo valer a sua voz e brilhar a sua música, que permite recordar a sua importante passagem por Manowar. A apoteose surgiu no último tema –“Hail and Kill” – em que o público cantou juntamente com Ross. Seguiu-se Integrity, veteranos do Hardcore. Talvez por isso, o seu concerto pautou-se por dois fenómenos concordantes: energia e muito mosh. Dando seguimento ao “desfile” de bandas norte-americanas, subiram ao palco os consagrados e muito esperados Municipal Waste. O seu enérgico Thrash Metal, apresentado num grande concerto, fez levantar ainda mais pó, não dando descanso ao público e, consequentemente, aos seguranças, que queriam manter os fãs fora do palco. Talvez por ser o último dia, também os Ensiferum tiveram direito a mosh pit, apesar de se tratar de uma banda de Epic Folk Metal vinda da Finlândia. É ainda de referir que o seu concerto foi em formato acústico, devido ao extravio dos instrumentos da banda durante a viagem. Retomando o trilho perdido, regressou-se ao Thrash Metal norteamericano, agora representad pelos Suicidal Tendencies, cabeça de cartaz do quarto e último dia do Vagos Metal Fest de 2018. A presença de Dave Lombardo na bateria e a boa forma de Mike Muir, vocalista da banda, ajudaram à festa. Mais uma vez, a energia patente no palco contaminou o público, uma parte do qual se envolveu num frenético mosh pit, acabando por invadir o palco, embora de forma pacífica, respondendo a um convite da própria banda, quase no final do concerto. Encerrámos a nossa cobertura do Vagos 2018 regressando a território nacional e à década em curso, com o concerto dos Rasgo, que nos brindaram com o seu Thrash Metal muito pesada, desencadeando um novo episódio de moshada, apesar de estar a cair uma chuvinha incómoda, que, no entanto, depressa parou. O que nos fica deste Vagos Metal Fest 2018? Sem dúvida, uma grande vontade de voltar em 2019, para assistir a uma impressionante amostra do que se faz pelo mundo atuamente, no que diz respeito ao Metal e aos vários subgéneros que esta designação abrange. Mas também a esperança de que sejam feitos alguns ajustamentos por parte da organização. A coexistência dos dois palcos será um desses aspetos. Perturbou a bandas (visto que não se podia fazer o soundcheck num deles sem incomodar quem estava no outro e também porque criou uma espécie de hierarquia – frequentemente artificial, já que algumas bandas, por motivos logísticos, acabaram por não atuar no palco que lhes tinha sido inicialmente destinado), o público (que, inicialmente, andava a correr de um palco para o outro e depois acabou por desistir, vencido por algum cansaço e pela necessidade de satisfazer várias necessidades fisiológicas entre as quais, muito simplesmente, descansar um pouco) e até os comerciantes (cujas barracas foram menos procuradas que em anos anteriores, devido à falta de intervalos entre os concertos). Ficámos também com a sensação de que as falhas de energia - que “vitimaram” Moonspell e Cradle of Filth, apesar de ambas terem ultrapassado elegantemente o mau momento, graças à sua longa experiência e ao apoio dos fiéis presentes – derivaram de sobrecarga gerada por esta opção assumida pela organização do festival para este ano. Também seria pertinente rever a questão do som, que nem sempre foi o mais adequado aos concertos. Já agora renovamos o apelo relacionado com a necessidade de prever a possibilidade de haver pessoas que não possam comer e/ou beber o que é vendido nas barracas do recinto, quer promovendo a presença de opções alternativas, quer autorizando a entrada no recinto com comida ou bebida para situações especiais, mediante a apresentação de um documento comprovativo do problema. Mas nada disto desanimou os festivaleiros, o que foi comprovado pelo habitual “dogbanging” (sempre destacado nas nossas reportagens), que, desta vez, contou com a concorrência de um animal não identificado (aparentemente um cruzamento entre uma cabra, um dragão e um dinossauro) de cor verde e não menos entusiástico. Em suma, ficámos com saudades do Vagos Metal Fest de 2018 e já estamos a sonhar com o de 2019

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Depois de na edição do último ano se ter estreitado a relação com as diversas tonalidades da música rock, em 2018 o Laurus Nobilis Music assume-se como festival dedicado ao heavy metal e seus sub-géneros, não esquecendo os parentes próximos do punk rock e do hardcore. A receita do festival parece estar definitivamente encontrada, dado a satisfatória afluência de público e que terá sido, sem dúvida alguma, a maior de todas as edições. A organização é atenta, trabalhadora e está a fazer crescer este festival de forma sustentada. Depois deste sucesso encabeçado pelas sinfonias dos Septicflesh, assertividade sueca dos Dark Tranquillity e dos clássicos nacionais Tarantula ou Mata-Ratos, resta-nos ansiar pelas novidades sobre a próxima edição…que por esta altura já aí andam. Fotos e Reportagem: Emanuel Roriz

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26 de julho O primeiro dia do evento já tem como tradição ser de entrada livre e com concertos no Palco Estrella Galicia. Neste palco que se mistura com a praça da alimentação, é uma alegria constatar o ambiente de descontração partilhado entre festivaleiros, alguns curiosos e gentes locais. Neste aquecimento estiveram presentes as bandas Atreides, Booby Trap, Cruz De Ferro e Infraktor.

27 de julho O regresso dos gregos Septicflesh a terras lusas mostrou ser dos momentos mais aguardados do festival. Seth Siro Anton encarou, como sempre, o seu papel de mestre de cerimónias e não se cansou de procurar empolgar o público, tendo sido mais amistoso e menos provocativo do que em visitas anteriores. O público respondeu positivamente a um alinhamento que visitou as composições mais populares do grupo enquanto iam mostrando o mais recente «Codex Omega». Contudo, este espetáculo ficou aquém do memorável. O facto de as orquestrações e vozes melódicas aparecerem sempre sobre a forma de gravação, reduziu a característica de autenticidade do concerto dos Speticflesh. A isto soma-se por vezes o desequilíbrio de volumes entre as gravações e a música a ser criada em palco. Algo que poderia ter corrido melhor, mas que foi mais do que o suficiente para cativar os presentes. Para bem de todos nós, surgiram de seguida a fechar o palco principal, os icónicos Mata-Ratos e a sua listagem extensa de hinos punk. A moldura humana não seria tão numerosa como no concerto dos gregos, mas a agitação da plateia foi indubitavelmente maior! Não precisaram de mais do que a fórmula simples guitarra, baixo, bateria e Miguel Newton com o micro sempre bem seguro. Muitos refrões entoados em coro, saltos e braços ao ar. A verdadeira festa tribal e os Mata-Ratos a espalharem vitalidade no Palco Porminho. Esta primeira noite que terminou ao som dos dinossauros do thrash nacional WEB, foi crescendo de intensidade durante a tarde com os concertos de Sotz, In Vein e Nine O Nine no palco Estrella, até que culminou com o “gesso” já bem conhecido dos sadinos Hills Have Eyes e dos portuenses Equaleft…e sim no final houve húngaros para quem se chegou á frente.

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28 de julho

Pela tarde do terceiro dia de festival volta-se a repetir o ajuntamento inicial junto ao Palco Estrella Galicia. Enquanto ali ao lado, no mini palco “Faz a tua cena”, iam-se ouvindo coisas bastantes díspares chegando até ao rap/hip-hop. Os portugueses Low Torque iam mostrando como muito bem fazer esta mescla de rock/metal stoner. Na bagagem já trazem 3 discos, e pela qualidade dos temas espera-se que comecem a pensar num quarto disco. Mas primeiro há que fazer render assim o mais recente «Chatper III». Antes da pausa para jantar os Revolution Within trataram de nos forrar o estômago com o seu aperitivo de rapidez e agressividade com que atiram de palco as suas malhas. O efeito na plateia foi imediato. A banda agradeceu e deixaram no ar o sabor a missão cumprida. Longe vão os tempos de «Diesel Dog Sound» mas foi bom constatar que os The Temple ainda cá andam, e que o mais recente trabalho, «Serpentiger», lhes tem proporcionado oportunidade de espalharem energia em cima de palco. Abrir um palco, por vezes, não é tarefa grata, pois ainda há ajustes a fazer. Contudo, os The Temple continuam fortes e agressivos, isso constatou-se facilmente. De espanha chegavam os thrashers Crisix e com eles o grande momento de festa do Laurus Nobilis Music 2018. Andam a tocar um pouco por todo o lado a promoverem o disco «Against All Odds» mas também para proporcionar diversão aos presentes. Após várias canções do mais recente trabalho e de temas que já estão bem difundidos pela plateia, levam-nos a uma viagem, em jeito de medley, por vários riffs de clássicos reconhecidos à primeira nota. “Hit The Lights”, “Walk”, “Run To The Hills” ou “Killing In The Name Of” foram alguns deles. A interação com o público foi simpática e constante. Marc Busqué [guitarra] espantou os presentes com as suas incursões pelo mosh pit de guitarra em punho continuando riff atrás de riff em correria pelo meio da plateia. Seguiram-se os históricos Tarantula! Apesar de a máquina não ter entrada a todo o vapor, aos poucos, a força do colectivo nacional foise consolidando até que atingiram o seu pleno em momentos de heavy tradicional como os Tarantula bem sabem fazer. Talvez tenha faltado aqui ou ali um tema mais rápido. Mas, o coro de vozes que se formou em “You Can Always Touch The Sky” encheu-nos os corações. Respeito. O palco tornou-se mais escuro, e foi pelo meio das sombras que os strobs permitiam que os Dark Tranquillity avançaram em direção aos presentes com toda a sua atitude! O concerto ainda bastante apoiado no mais recente álbum «Atoma», teve também momentos representantes das várias facetas dos suecos. “Monochromatic Stains”, “Final Resistance”, “ThereIn” ou “Misery’s Crown”, a fechar, provam que a dinâmica está na genética do grupo, e a forma como intercalam todos estes momentos, sem hesitações, passa-lhes o atestado de grandes senhores do death metal melódico originally made in sweeden. Depois de tudo isto a festa que é o Laurus Nobilis ainda continuou no Palco de acesso livre com o regresso dos filhos da terra The Godiva seguido ainda de Dj set. Laurus Nobilis é música, é festa e recomenda-se.

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