Live Versus#47

Page 1

Drusuna

+ Azagatel

Scott Kelly & John Judkins

Sean Riley & The Slowriders Jarboe + Father Murphy Napalm Death

Ben Frost Moonspell

Under the Doom Mão Morta Dying Fetus Epica + VUUR


8 / VERSUS MAGAZINE


UNDER THE DOOM 30/11/2017 - 02/12/2017 - Lisboa ao Vivo

Por motivos múltiplos não foi possível estar no dia Zero do evento, no entanto, os relatos dizem-nos que foi uma «noite porreira». Talvez.

Reportagem e fotografia: Nuno Lopes Entre os dias 30 novembro e 2 Dezembro realizou-se a 5ª edição do Under The Doom. Este ano a organização estendeu o festival a 3 dias e viu o seu espectro alargado, tendo sido o evento realizado em duas salas, o Lisboa ao Vivo e, claro, a casa-mãe, o RCA. Vendo os nomes que constava m do cartaz percebeu-se que o Under The Doom veio para ficar. E veio mesmo ! O segundo dia do evento começa com os Inhuman que, após um ligeiro atraso, lá começou a actuação. Não existe muito a dizer sobre o concerto da banda. A qualidade e intensidade da banda mantém-se e tem o efeito de reunir alguns espectadores para a boca de palco. Foi um concerto bom de se ver, porém, a partir de certo momento começa a ser demasiado. Um aquecimento demasiado extenso. Depois veio Cellar Darling e a estreia de Anna Murphy a solo em Portugal após a saída dos Eluveitie. A toada mantém-se. Anna Murphy mostra-se confortavel em palco, mesmo quando tem de se agarrar ao seu hurdy-gurdy. É um som gélido mas afavél. Doce mas amargo. Há muito de Eluveitie em termos sonoros, pois não existe uma grande diferença entre os dois trabalhos. Foi uma actuação que, no mínimo, nos permite a curiosidade. Algo que os The Foreshadowing trouxeram foi isso mesmo. Após no dia anterior ter actuado no RCA, osa The Forshadowing aparceram em palco como se nada fosse. O vocalista é um «senhor» em palco e esta é, de facto, a primeira banda do Festival. Sem comparações são possiveis no imaginário, os The Foreshadowing são o Nick Cave ou The National do Doom. Uma banda que ganhou novos seguidores por cá, certamente. Com os animos a subirem, era chegado o desafio. Com a chegada do derby vinha o desafio de perceber o impacto no festival. Para os que ficaram assistiram a uma actuação devastadora dos :green Carnation, em estreia em Portugal, mas com uma carreira que já leva duas décadas de existência. É um concerto intenso e pujante que desaba naquela que uma das actuações da noite. O mesmo não se pode dizer de Liv Kristine, pois a fórmula de ter uma loura sexy, a cantar e com um bom punhado de temas se desgasta ao fim da terceira, quarta canção. Para quem esperava mais foi uma desilusão. Ficaram os temas de Theatre of Tragedy e pouco mais. No entanto, o melhor estava para vir e quand os Lacuna Coil se apresentam em palco, é já uma multidão que se encontra em frente ao palco. Confesso que não conheço a banda a fundo, no entanto recordava uma actuação há uns anos no Coliseu com Moonspell. E o que se vê, desde logo, é que estes meninos, e menina, estão grandes. Com uma imagem arrojada a banda leva-nos a uma história de horror, ou talvez não, pois atrás de um cenário duro, os italianos revelam em temas «Die & Rise», «Ghost in the Midst» ou «My Demons». Quando o cansaço se começa a impor, a banda coloca, de forma sábia «Enjoy the Silence» (versão Depeche Mode) e o público acordou para «Nothing Stands in Our Way» e, claro, «Naughty Christmas». «The House of Shame» vem coroar uma actuação inesperada e com força suficiente para não deixar ninguém indiferente. 9 / VERSUS MAGAZINE


1 0 / VERSUS MAGAZINE


O terceiro e último dia de UTD arranca com mais uma estreia em Portugal, falamos de Gold, o colectivo holandês que sobe ao palco vive numa sombra frágil, na figura de Milena Eva, figura frágil mas cuja imagem é determinada e simples. As canções da banda deixam-nos num lugar sombrio e os temas em catarse. Com um guitarrista que toca como se não existisse o amanhã, cuja voz vai, diversas vezes ao encontro de Eva. Este foi, principalmente, um concerto em que se entendeu o burburinho. Quando os norte-americanos November's Doom, também em estreia, é como se o UTD fosse ao encontro de si mesmo. Os November's Doom apresentam-nos o seu Doom pesadão e, em alguns momentos vem a saudade de Type O Negative. Com um setlist eficaz não faltaram temas como «Just Breathe» ou «Autumns Reflection», num concerto simples mas intenso. Intensidade essa que não abrandou com os Process of Guilt. Como sempre a banda esteve num palco revestido de negro, em que os músicos nada são perante a música. A banda está já bastante confiante nos temos do mais recente (e bem recebido) «Black Earth». Existe algo de sombrio, ao mesmo tempo, de esperança na música dos Process of Guilt, principalmente em temas como «Feral Ground» ou «Faemin». Pelo público que se juntava na frente do palco percebemos que os Process of Guilt já têem o seu público. Mas nada nos preparou para o que veio a seguir, os Acherontas o Black Metal até ao UTD. De cara tapada os gregos mostraram no palco porque são um dos fenómenos do Black Metal e, mesmo parecendo uma banda demasiado rigida, a banda suporta a sua actuação de forma bruta, cruel, em tons vermelho sangue. Lembram-se dos Anathema por alturas de «Serenades» e misturem uma imagem de John Tardy. Assim parecem ser os Ahab, colectivo alemão que, sendo uma estreia no nosso território, acabou por, talvez ser demaisado longa, não que o seu Funeral Doom seja mau ou mal tocado, nada disso. Entre canções mais ou menos semelhantes, o público ia entrado nas profundezas e na obscuridade, levados por uma estranha música que entoava. Mas a noite precisava de algo mais e esta foi a noite em que os In The Woods… tocaram em Portugal. Lamenta-se alguma falta de público, mas isso apenas eleva mais o culto em torno destes noruegueses, senhores de uma carreira cuja longevidade passa por si. Com um setlist equilibrado e onde existiu espaço para todos os sucessos da banda. O público esse deliciava e retribuía para uma banda que foi mais do que isso. Ao fim de três dias o Under The Doom deixa a imagem de um festival cuja data está marcada e, indo já na terceira edição, podemos talvez pedir mais numa sexta edição. Percebe-se o caminho.

11 / VERSUS MAGAZINE


1 2 / VERSUS MAGAZINE


13 / VERSUS MAGAZINE


1 4 / VERSUS MAGAZINE


MÃO MORTA 09/12/2017 - Cineteatro António Lamoso – Sta. Maria da Feira Reportagem e fotografia: Eduardo Ramalhadeiro Um quarto de século. Os Mão Morta encheram o Cineteatro António Lamoso para comemorar as bodas de prata do álbum que os catapultou para a ribalta. «Mutantes S.21» é de facto um álbum de referência, não só na discografia dos Mão Morta, como na música portuguesa em geral. «Mutantes S.21» foi o primeiro álbum conceptual da banda e a ideia foi retractar várias cidades europeias, através dos seus crimes mais comuns. O concerto foi como sempre: Adolfo Luxúria a espalhar a sua habitual irreverência e (algum) discurso político. Por vezes, a sonoridade quase perfeita espalhava uma arrebatadora vertiginosidade sob uma chuva de emoção. O público, esse, foi devagarinho caindo no abismo emocional, sendo o pináculo desta criação festiva, a ovação final e o contentamento suado. O álbum aniversariante não foi tocado de “fio a pavio” mas intercalado com laguns temas como “Cair”, “Velocidade Escaldante” ou “Maria Oh Maria”. O público sorveu a tudo e clamou por mais… por isso gritou pelo “Tiago Capitão”, não se fez de morto e ainda foi levado pela “Bófia”, acabando a festejar o dia dos mortos.

15 / VERSUS MAGAZINE


JARBOE + FATHER MURPHY 02/12/2017 - Galeria Zé dos Bois Reportagem e fotografia: Frederico Figueiredo

1 6 / VERSUS MAGAZINE


No seguimento da recente atuação dos Swans em Lisboa, Jarboe, ex vocalista da seminal banda, regressou à Galeria Zé dos Bois para apresentar o mais recente single colaborativo com o duo de música experimental italiana, Father Murphy. O início do evento esteve entregue aos mesmos, tendo estes se apresentado em palco como curadores de um delírio figurativo sobre o conceito de culpa e expiação cristãs. Com batinas a varrerem o chão ao som de um miasténico minimalismo de compasso narcoléptico, o duo de guitarra e percussão pouco conseguiu fazer para subverter a opacidade da aura que os envolvia, apenas aligeirada pela inflamada auréola de luz vermelha que pairava ominosamente sobre o palco. O “empréstimo” da genialidade de Tony Conrad, fezse notar com grande desalento nas sustidas notas a pautar a marcha para o cadafalso, com uma contraparte cénica muito pouco sugestiva e incapaz de suprimir a lacónica pungência que se esperaria da expressão conceptual da banda. A performance foi longa, deixando porém, o espírito sedento de mesmerização. A entrada de Jarboe em palco revestiu-se de uma desconfortável ambivalência, conflituando o inerente carisma da decadente lividez da sua figura – incandescente na negra densidade do palco – com o porte de um saco de compras indiscretamente colocado a seus pés, num ato de despropositada salvaguarda dos seus bens. A transparência da veste que a trajava sugeria algo entre um sudário e um robe de banho, acentuando a cadavérica sensualidade da sua presença. A atuação abrangeu, ao contrário da prévia presença na Galeria ZDB, uma reinterpretação da sua própria discografia, olvidando o catálogo dos Swans. A desadequada mudança de indumentária pela banda de suporte, sugerindo uma superficial mudança de persona, desfalcou o ambiente criado pela intérprete. Desta forma, o esforço colaborativo revelou-se mal integrado na sua dimensão física. A colaboração, por sua vez, tal como a pálida apatia da protagonista, que poderá ser lida equivocamente, fezse sentir residual, tépida e pouco inventiva, tendo a atuação, de uma notável brevidade, sido encerrada com a faixa “Nothing is Here to Stay”, marcando apropriadamente o desvanecimento de uma ausência.

17 / VERSUS MAGAZINE


SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS 04/11/2017 - Teatro Aveirense Reportagem: Eduardo Ramalhadeiro (& Elsa Mota) Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro Agradecimento especial: AFirma [ Marta Faca]

1 8 / VERSUS MAGAZINE


Nós, aqui na Versus, somos uma equipa com um gosto musical muito ecléctico ...e como nem só de Metal vive o Homem não podia, de forma alguma, deixar escapar esta efeméride. Os Sean Riley & The Slowriders​celebram o décimo aniversário do seu primeiro disco, «Farewell» com uma digressão pelo país com algumas salas esgotadas - Porto, Aveiro, Coimbra ou Leiria. Os concertos recriam um ambiente mais informal, quase intimista e muito próximo da digressão original e neles terão a oportunidade de ouvir o álbum na íntegra. Uma das coisas que me dá mais gozo e satisfação, é tentar passar por palavras a imagem que se forma na mente da música que ouço e dos sentimentos que desperta. Ouvir a música de Sean Riley & The Slowriders num acolhedor e esgotado Teatro Aveirense foi uma sensação única. A música envolve-nos como num reconfortante e quente abraço maternal - e como eu gostei da ternura de «Lights Out», «Motorcycle Song» ou «Marble Arch» «Farewell» tem sensivelmente 40 minutos mas este grande e ternurento abraço passou mesmo rápido... o concerto foi complementado por mais três temas dos restantes álbuns: “Dili”, “This Woman” e “Everything Changes”. Com tanta mediocridade na música portuguesa sabe tão bem... mas tão bem... ouvir música honesta... ouvir música que nos deixam satisfeitos e com aquela sensação de libertação. Atreveria-me a dizer que os Sean Riley & The Slowriders nasceram no país errado para a música, porque este pessoal merece mais... merece muito mais. PARABÉNS!

19 / VERSUS MAGAZINE


DYING FETUS + PSYCROPTIC + BEYOND CREATION + DISENTOMB 12/11/2017 - Lisboa ao vivo Reportagem e Fotografia: Nuno Lopes

Enquanto o frio se instalava no exterior da sala, lá dentro o calor fazia-se sentir, pois foram muitos os que já se aninhavam junto ao palco para a actuação dos australianos Disentomb, por isso, quando a banda começou a tocar o público soltou as amarras e a banda, que anda promover «Misery», o seu disco de estreia, mostrou credenciais suficiente e argumentos qb para aquecer o público e o quarteto teve, assim, uma estreia auspiciosa no nosso país. Já com os Beyond Creation existia akguma ansiedade quase palpável, sendo que ao longo da noite se foram recolhendo impressões e concluímos que muitos eram os metalheads que se deslocaram à sala para ver os canadianos. As expectactivas não foram em vão e a banda, liderada por Simon Girard, mostrou o motivo pelo qual são uns dos nomes maiores do Brutal Death Progressivo e demonstrando que ao vivo a banda mantém os mesmos niveis de intensidade e qualidade como em disco. Numa actuação baseada, essencialmente, em temas de «Earthbron Evolution», a banda teve sempre o público na mão e foi responsável pelas primeiras movimentações «a sério» na plateia. Espera-se um regresso em nome próprio. O mesmo se poderá dizer dos Psycroptic, banda australiana que, tal como os seus congéneres, aproveitaram o momento para mostrar o seu Death Metal, percorrendo alguns dos melhores temas dos seus seis discos. Com um frontman assumidamente rebelde, os australianos souberam aquecer, ainda mais, o ambiente que, verdade seja dita por esta altura já ansiava pelos cabeças-de-cartaz, no entanto os Psycroptic deram boa conta do recado e fizeram esquecer o tempo de espera. Até que chegamos aos Dying Fetus, eles que são já veteranos na cena Deth Metal e que traziam na bagagem um dos discos mais poderosos do ano, falamos claro de «Wrong One to Fuck With». Com um palco vazio de nada, apenas duas lonas, os norte-americanos levaram à loucura as centenas de fans e o circle pit e mosh foram uma constante ao longo da actuação. Em pouco mais de uma hora a banda destilou o seu deth Metal, com especial destaque para os novíssimos «Fixated on Devastation», «Induce Terror» ou, como não podia deixar de ser «Wrong One to Fuck With» (esta já mais para o final da actuação. Porém, o que fica deste concerto é que, de facto, não é preciso muito para dar um grande concerto e, não é preciso um manancial de equipamento para partir uma sala de concertos. Claro que não podiam faltar temas como «One Shot, One Kill», «Subjected to a Beating» e, já a fechar e com John Gallagher a dizer que no dia seguinte era dia de trabalho, ou de escola, «Kill Your Mother, Rape Your Dog» que encerrou o concerto de forma divina. Numa altura em que tanto se «inventa» e «complica» é bom perceber que os Dying Fetus são fieis ao conceito e, fazem-no bem feito. Este foi mais um grande concerto de 2017. Vibrante, pesado. Nunca um titulo de disco asentou tão bem a uma banda. Não se metal com eles.

2 0 / VERSUS MAGAZINE


2 1 / VERSUS MAGAZINE


2 2 / VERSUS MAGAZINE


BEN FROST 12/12/2017 - Teatro Maria Matos. Lisboa Reportagem: Frederico Figueiredo Fotos: José Frade Após passagem pelo Teatro Maria Matos em 2015 com o álbum “Aurora”, Ben Frost encontrou-se de regresso ao palco com o seu mais recente trabalho “The Center Cannot Hold”, contando mais uma vez com a colaboração visual de Marcel Weber, mentor do projecto MFO. Com a sala praticamente esgotada, as primeiras vibrações segregadas pelos dispositivos eletrónicos que ocupavam o púlpito, cedo evidenciaram a belicosa estridência das condições acústicas, que pouco ajudaram à imersividade que se esperava do espetáculo. O palco contava com uma gargantuana tela, qual translúcida pálpebra, que respondia em êxtase pulmonar aos beliscões estroboscópicos instigados por guitarradas taquicárdicas. O estertor de eletricidade, em sonorizações contorcidas, estimulava o sono vitrificado na onírica oxidação do plano de fundo, numa sexualidade de realidades em curto circuito. A ansiedade luminosa, a par da odorífera neblina que ofegava do palco, evidenciava Ben Frost como um náufrago ante uma intempérie de luz. Entre a plasmática mucosidade das oscilações da tela de fundo e o duelo da multiplicidade dos feixes de luz, avolumava-se o grave protagonismo do galeão de som, como um delírio sacrificial para a exaltação dos elementos. A excentricidade luminosa de pulsações eletrónicas cruzava-se com a térmica gravitação de contemplativos interlúdios, pontuados com a voluptuosa sugestividade de imagens de nebulosas condensações, em variações cromáticas de azul, na lustrosa membrana que perscrutava o palco. O estupro sonoro dos graves, a arranhar a contundência de uns Sunn O))), alternava e altercava com a aquosidade de notas ao estilo de Mark Snow, num turbilhão cinemático que incluia embrionários poltergeist a tentar furar os vasos sanguíneos do palco. Com esta epiderme permeável à frieza silábica que respirava em interstícios de linguagem residual, o concerto atingiu o climax com a aproximação pulsante de uma madrugada eminente.

23 / VERSUS MAGAZINE


2 4 / VERSUS MAGAZINE


DRUSUNA + AZAGATEL + URZE DE LUME 08/12/2017 - Associação Cultural Mercado Negro – Aveiro Reportagem: CSA Fotografia: Eunice Pinho

Este ano o Mercado Negro brindou Aveiro com um minifestival intitulado Portões do inverno, aproveitando o feriado do dia 8 de dezembro. Os primeiros a subir ao palco foram os nortenhos Drusuna, apresentados como autores de Ritual Pagan Folk, que começaram a “aquecer” os fãs com a sua música apoiada em instrumentos bem conhecidos (guitarras e violino) e outros menos usuais (ligados à percussão e ao sopro incluindo a galaica gaita de foles). No que toca aos vocais, ficaram-se por uma voz masculino, usando samples para as vozes femininas. Ao que parece, não eram conhecidos da generalidade do público presente, mas deixaram uma impressão bem boa, pelo que não será certamente a última vez que os vamos ver nas terras banhadas pela célebre ria. Seguiu-se a banda da casa – Azagatel – que funcionou como um chamariz para atrair o público a este evento, já que são muito conhecidos (sem desprimor para as outras bandas). A sua atuação consistiu essencialmente na apresentação de canções de um novo álbum, cuja saída está prevista para o início de 2018, ocorrendo provavelmente ainda em janeiro. Será o terceiro longa duração da banda aveirense, sucedendo a «LuxCitanea», que já foi lançado em 2012. Cantado em Português e aludindo a tradições do norte do país, agradou francamente aos presentes, fazendo-se ouvir aplausos entusiásticos a cada paragem para mudar de tema. Lembra algumas canções dos primeiros lançamentos de Moonspell, como “Trebaruna” e “Alma Mater”. A Versus Magazine fica a aguardar a oportunidade de entrevistar a banda sobre este seu novo trabalho. O evento encerrou com a atuação dos Urze de Lume, que vêm do sul – onde se radicaram – mas são oriundos do norte. Apresentaram o seu Dark Folk acompanhado por instrumentos tradicionais, alguns bem conhecidos (gaita de foles e percussão), outros quase desconhecidos dos presentes na sala como a rabeca e a guitarra campaniça (ambos de cordas), outros ainda construídos pela própria banda (por exemplo, a partir das hastes de um cervídeo ou de um rudimentar cajado – feito de um ramo de árvore e decorado com elementos capazes de produzir som). Levados pela sua música, os presentes foram viajando por tradições lusitanas, quase esquecidas e que urge reavivar. E assim se passou um bom momento numa sala que já deu tantas alegrias aos aveirenses e seus visitantes: o auditório do Mercado Negro, recentemente remodelado.

2 5 / VERSUS MAGAZINE


MOONSPELL + BIZARRA LOCOMOTIVA 10/11/2017 - Teatro Aveirense – Aveiro Texto: CSA Fotos: Eunice Pinho “Está tudo bem, mas a terra… treme!” esta frase retoma um verso (bem irónico, por sinal) da faixa “Abanão” do álbum «1755» que os Moonspell vieram apresentar a Aveiro no âmbito da Iberia Tour. Não sei se a terra tremeu. Mas o Teatro Aveirense levou um belo “abanão”, apesar de uma boa parte dos metalheads presente ter tido de ficar confinada às respetivas cadeiras. Mesmo assim, a sala – tão cheia que até parecia mais pequena – vibrou de prazer e emoção ao som das dez canções do décimo terceiro álbum dos veteranos portugueses, que só tem dado sorte – a eles e aos seus fãs!!! O ciclo começou com a entrada da banda ao som de uma versão gravada de “Em Nome do Medo” e fechou com a mesma canção interpretada ao vivo. Outros pontos altos do concerto foram a interpretação de “In Tremor Dei” – com a presença incontornável de Paulo Bragança, como no concerto do Porto – e da cover de “Lanterna dos Afogados” dos brasileiros Os Paralamas do Sucesso. Já no encore, é de destacar a interpretação do clássico “Alma Mater”, em que todo o público se juntou a Fernando Ribeiro, convertendo a poderosa canção de «Wolfheart» num verdadeiro hino à portugalidade, E que melhor abertura para o concerto de Moonspell que a presença dos convidados Bizarra Locomotiva, cuja cumplicidade com os anfitriões é sobejamente conhecida? Como sempre, Rui Sidónio e companhia souberam envolver o público e Fernando Ribeiro “ajudou à festa”, juntando a sua vez à do parceiro, enquanto muitos fãs dançavam à volta deles e os restantes músicos, no palco, davam o seu melhor para manter toda aquela animação. A relembrar o concerto de Bizarra na primeira edição do Vagos Metal Fest!!!

2 6 / VERSUS MAGAZINE


2 7 / VERSUS MAGAZINE


2 8 / VERSUS MAGAZINE


SCOTT KELLY & JOHN JUDKINS 26/01/2018 - Sabotage Club. Lisboa

Reportagem e Fotografia: Frederico Figueiredo A mais recente digressão de Scott Kelly, membro fundador da banda de hardcore experimental Neurosis, celebra a colaboração com John Judkins, profícuo instrumentalista de Rwake e Today is the Day. O lineup ofereceu versões de álbums como “The Wake” e “The Forgiven Ghost in Me”, bem como uma calorosa adaptação do tema “Cortez the Killer” de Neil Young. Devido, residualmente, à limitada capacidade do espaço de acolhimento desta solene atuação, cedo se evidenciou a influência que Kelly, enquanto representante dos veneráveis Neurosis continua a exercer no panorama musical atual. Bastará recordarmo-nos da última edição do saudoso Amplifest e da multidão congregada para comemorar os 30 anos de carreira da banda. Desta vez, em registo intimista, o compositor e o seu invernoso registo vocal, vergastava a plácida nudez dos riffs que ecoavam de uma guitarra acústica. O acompanhamento em slide guitar procurava suavizar os ângulos da consternação que vertia das palavras, engrandecendo a veemência da atuação. Atrás de pálpebras cerradas, emoções eram acamadas, recolhidas na serena sintonia do sono, conduzindo o silêncio que unia a plateia em magnânime contemplação. Os fantasmas evocados dançavam em sonâmbulas coreografias, num festim de “dark americana” onde as entrelaçadas raízes do folk, country, blues e rock, lutavam por romper o seu leito sepulcral. Pontos altos como o tema título “The Forgiven Ghost in Me” e “We Burn Through the Night”, este último sob a forma de encore dedicado às famílias dos presentes, apaziguaram a exaustão existencial contida na sacralidade das memórias que esse calor enrrugou.

2 9 / VERSUS MAGAZINE


NAPALM DEATH - DEATHRITE - BESTA 10/12/2017 - Hard Club - Porto

Reportagem: Bruno Manarte (& Eduardo Ramalhadeiro) Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro

3 0 / VERSUS MAGAZINE


Em bom calão português: Mas que puta de jarda! Quer se goste ou não, os Napalm Death são uma referência, senão, a maior referência no que diz respeito ao Grind Core. Para uma banda extrema, duas bandas extremas: A noite abriu com os Portugueses Besta e neles tudo soava a extremo e brutal, desde a voz de Paulo Rui até ao restante instrumental, uma descarga furiosa e distorcida de decibéis. O público, esse, começou o tímido aquecimento para aquilo que viria a ser a desgraça da noite – A sala ainda não estava composta. Mas a noite começou muito bem. A calamidade sonora continuou com a “perda da inocência” no nosso país dos Deathrite. Uma mistura intensa de Grind, Doom e Death Metal que teve o condão de “sossegar” um pouco as almas perdidas na sala 2 do Hard Club, até à altura em que a negritude e soturnidade deram lugar ao Death Metal e aí, o público como acordou da aparente letargia e fez-se à “dança”. Mas… chegou à altura da do “esmagamento” sonoro e das dores de pescoço. Os Napalm Death chegaram sem misericórdia e descarregaram uma “bigorna” sobre as almas já meias esfaceladas. O pandemónio foi ficando completo com a “moshada”, stage diving e crowd surfing – sempre com o máximo de respeito pela banda. A malta pode ser metaleira mas é educada… A “dança” no Mosh Pit era constante enquanto os Napalm descarregavam com assertiva e selvática fúria alguns temas do seu mais recente álbum - «Apex Predator – Easy Meat». «Silence Is Deafening”, “When All Is Said and Done”, “Smash A Single Digit”, “Stunt Your Growth” e “Stubborn Stains”. Como é óbvio em toda e qualquer “matança” liderada por Barney e Ca não podem faltar os clássicos e a “carnificina” humana lá continuou com alguns temas de «Scum» e «From Enslavement to Obliteration». A «escumalha» já estava por esta altura completamente “obliterada” e nem o discurso antifascista, antiguerra ou consumista fez acalmar as hostes sedentas de mais “porrada”. A noite foi memorável, assim como memoráveis foram as dores no pescoço!

31 / VERSUS MAGAZINE


3 2 / VERSUS MAGAZINE


EPICA + VUUR + MYRATH

A noite muito glamour. De facto, não é todos os dias que o Hard Club recebe, num só concerto, duas das 22/11/2017 – Hard Club - Porto mais belas vozes do Metal. A noite começou bem alegre com os Franco-Tunisinos Myrath. Esta banda Reportagem: Elsa Mota (& Eduardo Ramalhadeiro) é dotada de uma sonoridade e filosofia musical algo Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro original, onde mesclam melodias típicas da Tunísia com elementos melódicos mais pesados. Aqueceram e alegraram muito bem a noite. De seguida, os VUUR entraram em palco liderados pela bela e super talentosa Anneke van Giersbergen. Os Holandeses vieram apresentar o seu álbum de estreia - «In This Moment We Are Free – Cities». Para quem está habituado ao estilo mais melancólico ou Folk de Anneke, os Vuur podem parecer estranhos, já que é um projecto mais pesado e progressivo que os álbuns anteriores da carreira a solo. O concerto foi excelente e foi como que um perfeito “aperitivo” para os outros Holandeses. Por esta altura já o Hard Club estava praticamente cheio e os Epica entraram imponentemente, também liderados por uma bela e excelente vocalista. Tal como os VUUR, os seus conterrâneos Epica, vieram apresentar o seu mais recente longa duração, “The Holographic Principle” e começaram logo com seis temas, intercalados por “Wheel of Destiny” e “The Obsessive Devotion”. A magnificência terminou com «Unchain Utopia» e o inevitável “Cry For the Moon”. Estávamos na fase do encore e esse aconteceu com “Sancta Terra”, “Beyond the Matrix” e terminar com “Consign to Oblivion” é quase uma religião. O som estava do melhor que se viu nesta sala e o jogo de luzes foi verdadeiramente magnífico, adornando de uma forma verdadeiramente épica esta noite excelente.

33 / VERSUS MAGAZINE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.