Versus Magazine #01 Agosto '09

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editorial A/C Joel Costa VERSUS MAGAZINE Rua Adriano Correia Oliveira 153 1B 3880-316 Ovar Telem.: 933 454 462 Web: www.versus-magazine.com E-Mail: geral@versus-magazine.com Blog: versus-magazine.blogspot.com MySpace: myspace.com/versusmagazine Twitter: twitter.com/versusmag Hi5: versusmagazine.hi5.com PUBLICAÇÃO MENSAL Download Gratuito DIRECÇÃO Cátia Cunha Joel Costa EDIÇÃO Cátia Cunha Joel Costa GRAFISMO Cátia Cunha Joel Costa | ELEMENTOS À SOLTA, LDA REDACÇÃO Cátia Cunha Joel Costa COLUNISTAS Cátia Cunha Joel Costa FOTOGRAFIA Cátia Cunha Disponibilizado pelas Bandas PUBLICIDADE geral@versus-magazine.com ASSINATURAS geral@versus-magazine.com Todos os direitos reservados. A VERSUS MAGAZINE está sob uma licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-ComercialNão a Obras Derivadas 2.5 Portugal. O utilizador pode: copiar, distribuir, exibir e executar a obra Sob as seguintes condições: Atribuição. O utilizador deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante. Uso Não-Comercial. O utilizador não pode utilizar esta obra para fins comerciais. Não a Obras Derivadas. O utilizador não pode alterar, transformar ou criar outra obra

Para muitas pessoas, Agosto é sinónimo de férias, de praias escaldantes e bebidas frescas. Para a equipa da VERSUS MAGAZINE, é sinónimo de trabalho, horas a fio atrás de uma secretária a promover extensivamente esta publicação e claro, bebidas frescas! A par do que acontece na minha outra publicação, HEADZUM.ORG, a VERSUS visa também dar especial atenção ao meio underground Português. Muitas vezes me dizem que não seria má ideia atribuir uma pontuação a uma review. A isso, eu respondo que não! Porque não é nosso objectivo rotular bandas com um número nem fazer um pódio com elas. Isto porque somos ouvintes, com gostos diferentes e o nosso gosto pode não corresponder ao que o álbum em questão realmente representa. No nosso país, a crítica é algo que está muito mal construído. Em todas as revistas que encontramos à venda nos quiosques, passa-se o mesmo: movem-se por gostos pessoais sem dar uma segunda oportunidade a algo que de imediato não lhes agrade. Não somos ninguém para menosprezar o trabalho de A ou B, para dizer que X é melhor que Y

DE 0 A 10 e que Z lançou um trabalho horrível. O facto de estarmos num dia não, pode condicionar em muito a nota que atribuímos a determinado álbum e com isso perder algo que nos custa muito a ganhar: respeito! Mas percebam-me: não estou a querer dizer que temos medo de falar mal. Simplesmente não é essa a nossa vontade. Queremos sim, explorar o lado bom de cada banda e mostrar ao público Português aquilo que o nosso Portugal tem para oferecer de bom. Incentivamos, claro, a discussão entre a VERSUS e os nossos leitores. Se acham que certa review fala de algo completamente oposto à vossa opinião pessoal, sintamse livres para nos fazer chegar o vosso ponto de vista. Ninguém vos garante que estejamos certos, por isso lanço aqui o apelo: não tomem por garantido tudo aquilo que possam ler nas nossas edições. Leiam a nossa opinião, comprovem por vocês mesmos, avaliem e depois aí sim, podem-nos julgar! Ficaremos à espera dos vossos e-mails, para nos ajudarem a construir algo melhor. Cumprimentos! EDITOR | Joel Costa

indice 03 noticias 04 headstone 08 urban war 09 square 10 the dead silent 13 ivo conceicao 19 gwydion 23 enchantya 25 mind overflow 26 after hate 27 dismal

28 dense red drops 29 marco rosa 30 reviews 32 audiovisuais 33 concertos 35 agenda


THANATOSCHIZO EM GRAVAÇÕES

No passado dia 22 de Julho, os ThanatoSchizO iniciaram as gravações do seu quinto álbum. Neste registo, a banda vai dividir-se entre o Teatro de Vila Real e os seus Blind & Lost Studios (Santa Marta de Penaguião). Pela primeira vez na sua carreira, o grupo vai assumir a produção da gravação que contará, ainda, com a preciosa assistência técnica de Pedro Cabral e Paulo Almeida. Guilhermino - guitarrista da banda - confidencia que é chegado o tempo do grupo se emancipar em termos de trabalho em estúdio, assumindo colectivamente a produção deste álbum. “Actualmente sentimo-nos maduros o suficiente para aceitar mais este desafio que se coloca na nossa carreira e é também uma forma de completarmos um círculo que foi iniciado em 1998, quando registámos a nossa demo - ainda enquanto Thanatos - em Vila Real. Desde aí temos vindo a trabalhar com o Luís Barros e aprendemos imenso ao longo das gravações de 4 CDs e um EP, mas agora é altura de caminharmos sozinhos.” Este registo, a ser editado pela Major Label Industries, será constituído por remakes acústicos de temas dos quatro álbuns da banda, com incursões étnicas e electrónicas e terá a participação de alguns convidados que a banda anunciará em devido tempo.

GWYDION EM GRAVAÇÕES

Os Suffochate, banda de Death / Trash Metal proveniente de Matosinhos, disponibilizou para escuta no MySpace, um dos temas que vai figurar no alinhamento do EP «No Mercy In His Eyes». A música chama-se «Killing Machine» e é o primeiro single retirado do EP, que será lançado no dia 1 de Setembro. Este registo discográfico contará com o seguinte alinhamento: 1-Introdution 2-Killing Machine 3-Face Your Destiny 4-Human Sacrifice 5-Fearing For Their Lives (feat. Miguel “Inglês” dos Equaleft)

Gwydion contam com uma nova formação pelas saidas do Vitor e do Morg. Com a nova formação a banda encontra-se em preparação do 2º album de originais que irá ser gravado ainda este ano. Em breve haverá muito mais informações,por agora ficam as datas dos próximos concertos e o endereço do myspace onde pode ser comprado todo o merchandising da banda.


Oriundos da cidade do Porto, HEADSTONE é um nome do Trash Metal Português em plena expansão. A VERSUS MAGAZINE esteve à conversa com o vocalista, Vítor Franco, cuja voz deliciou a nossa equipa e fez dos HEADSTONE uma banda a não esquecer! Como surgiu a ideia de construir o fenómeno que é «HEADSTONE»? Bom, a ideia inicial foi mesmo apenas a de criar uma banda muito dentro da onda do thrash, e partiu do Pedro Gouveia (ex-vocalista e actualmente nos Final Mercy), juntamente com o Augusto Peixoto - elementos que já tinham trabalhado juntos, uns bons anos antes, nos Dove. A parte do “fenómeno” - agradecemos a achega - é que ainda estamos para ver... mas também não é coisa que nos preocupe muito! Ao ouvir o vosso EP, constatei que não se limitam ao óbvio. Como construiram toda essa versatilidade presente em «Within The Dark»? Acho que posso dizer que essa versatilidade assenta em dois ou três factores: experiência, liberdade de ideias e muita descontracção e gosto no que fazemos. Se não estou em erro, eu devo ser o “novato” na banda e, mesmo assim, já vou com treze anos desta coisa de bandas. Imagina o resto dos elementos! Isto tem de contar para alguma coisa. Há muita maturidade na nossa maneira de fazer as coisas e creio que isso se torna notório, mesmo nos pequenos grandes detalhes.

Por outro lado, tudo é feito sem o mínimo de pressão. Posso mesmo dizer que o ambiente dos ensaios, regra geral, é de autêntica cavaqueira! Quando o ambiente de trabalho é bom, o produto final vai ser, na pior das hipóteses, igual. A qualidade da gravação está simplesmente perfeita! O trabalho de estúdio foi complicado? Da nossa parte, creio que não. Isto é, no que toca à captação, tudo correu muito bem, tendo em conta que há sempre pormenores técnicos que nos ultrapassam e que implicam um grande “knowhow”. Mas esse é o departamento do Paulo... um dos! O outro, a produção, esteve quase inteiramente a seu cargo, salvo uma ou outra sugestão nossa. Mas, mesmo durante esse processo (pelo menos ao que pudemos assistir), tudo foi feito sem grandes atritos e, como não podia deixar de ser quando estamos presentes, em ambiente de grande borga! O que não quer dizer que seja um trabalho fácil mas, isso sim, que o Paulo está extremamente à vontade naquilo que faz. Penso que a vocalização dos temas está muito bem conseguida. Não é nada ortodoxa e foge às banalidades já conhecidas do Metal. A maneira de cantar foi algo previamente pensado? Pelo contrário, acho que a vocalização até é bastante ortodoxa - leia-se “tradicional”. O que tem vindo a acontecer, quanto a mim, foi que a excepção se tem vindo a tornar a regra. As grandes bandas que fizeram parte da escola de quase todos nós (pelo menos do pessoal da nossa geração), os grandes nomes do heavy e do thrash,


“Chega a ser triste destacarmo-nos, mesmo que pela positiva, apenas por eu fazer algo tĂŁo... normal!â€?


podiam ter vozes mais ou menos agressivas, mais ou menos melódicas, mas em todas elas havia um timbre de voz distinto. Havia um mínimo de preocupação na colocação da voz e isso traduzia-se numa vantagem para cada uma dessas bandas, no sentido de a tornar única. Entretanto, os registos vocais dos estilos mais extremos começaram - se assim se pode dizer a “invadir” parte da corrente mais tradicional do metal. A meu ver, isto acontece por uma questão de facilidade; é, obviamente, muito mais fácil e imediato abrir a goela e deixar sair uns berros ou uns grunhos (ainda que, mesmo esses registos não sejam para qualquer um). Chega a ser triste destacarmo-nos - mesmo que pela positiva - apenas por eu fazer algo tão... normal! Mas não há qualquer tipo de premeditação no tipo de voz que faço. Tal como qualquer outro instrumento na banda, o que sai apenas tenta acompanhar a dinâmica de cada música. Se puxar para o heavy/thrash, a voz sairá melódica, se puxar para o death (e isso acontece), sairá grunho! Alguns dos membros de «HEADSTONE» constam no line-up de outra banda, «Cycles». Quais são as principais diferenças entre estes dois nomes do Metal Português? Os Cycles caminham por um campo assumidamente mais heavy/doom. Os HEADSTONE também vão buscar, ocasionalmente, elementos a esse campo, mas num contexto diferente, mais agressivo. Os Cycles conseguem criar muito mais espaço para a melodia de voz e/ou guitarras, tudo numa cadência bem mais lenta. O tipo de «Trash Metal» que tocam faz-me lembrar vários nomes conhecidos do panorama internacional. Quais são as vossas principais influências? Para mim, o thrash nem é dos estilos mais patentes nas minhas preferências. Mas nesse estilo tenho que referir, pelo menos, Testament e Forbidden - muito pelas vozes! Quanto ao resto do pessoal, não queria estar a meter o pé na poça ao arriscar-me a dizer aqui umas bacoradas mas, falando assim por alto, se mencionar nomes como Slayer, Carcass ou Coroner, não devo estar muito longe da verdade. De qualquer forma, o processo de composição apenas é sujeito a essas influências através da catalização dos gostos de cada um. Quando passas anos a consumir um certo tipo de música, a tua contribuição para a construção dos temas vai, obviamente, reflectir os teus gostos, é inevitável! Mas apenas isso. Nada é feito com o intuito de soar a isto ou àquilo. Apesar da simplicidade, gostei da essência do vídeo da «Will It Take Madness». Quem foi o responsável pelo produto final? Bom, a ideia do vídeo começou um pouco na “desportiva”. É claro que, a partir do momento em que nos envolvemos num processo de criação, tentamos dar um mínimo de qualidade e segui-

mento a isso. Mas o espírito foi mesmo o de “vamos captar umas imagens, fazer umas caretas, e ver o que se pode fazer daqui”. Sacrificamos duas ou três tardes de ensaio, armamos o “estendal” com o material que temos na sala, e “põe a maquineta a gravar”! As primeiras gravações foram feitas pelo Gusto, que depois nos mostrou um pouco da edição que ia fazendo em casa. Isso também ajudou o resto da banda a perceber a direcção que a coisa estava a tomar. Depois calhou-me filmar as partes do Gusto (salvo seja!!!!!) e, como ele gostou de alguns planos que eu obtive, encomendou-me a tarefa de filmar também o Carlos. O resto foi muito trabalhinho, muitas horas de edição em casa (e muito bom gosto) da parte do Gusto. Assim como o vídeo, vocês também têm uma linha gráfica muito bem cuidada. Acham que a imagem é algo indispensável para a boa divulgação de um projecto? Como o Gusto já teve oportunidade de dizer noutra entrevista, na pior das hipóteses as pessoas vão, pelo menos, recordar-se do nosso EP pelo formato. Com uma edição assim, é muito difícil o EP “perder-se” numa qualquer pilha de outros lançamentos em formato tradicional. O EP «Within The Darkness» encontra-se à venda. Qual a vossa opinião relativamente ao download? Não vou estar aqui a pregar contra isso porque eu próprio acabo, muitas vezes, por ter acesso a novidades ou a trabalhos que simplesmente não se encontram por cá, através de trocas de mp3 na net. O que te posso dizer é que, depois de ouvir esses álbuns, gostando deles, é uma questão de tempo até comprar os originais. Pessoalmente, tenho gosto em possuir o produto completo quando a música me agrada. Só me resta esperar que as pessoas sintam o mesmo, se for o caso, com o nosso trabalho. É uma questão complicada... É muito bonito condenar os downloads por estes prejudicarem as bandas, mas quando vês um cd à venda por cá a 20euros, suponhamos, e o mesmo cd se calhar está lá fora a 12 ou a 13, e se pensares que desses 20euros, a margem que calha à banda é quase insignificante, faz-te pensar duas vezes! Há demasiados intermediários a fazer dinheiro no meio e são sempre esses a insurgir-se contra os downloads. No nosso caso, a receita reverte inteiramente para nós, excepto se for comprado na Fnac, por exemplo. Há quem ache caro - dado não seria, de certeza! - mas essas pessoas nem sempre param para pensar no trabalho e despesas que estão ali envolvidos. Há sempre uma “portuguesidade” muito curiosa nestas situações; se se pede 5 ou 10 euros por um ep ou até um álbum, é caro! Mas se este for oferecido nos concertos de promoção, por exemplo, é ver o pessoal a levá-los às mãos cheias, para o irmão, para a prima e para a tia. Ou, pior, a atirá-los à própria banda, como aconteceu aos Demon Dagger, há uns anos no Hard Club. Moral da história: quando


te sai do bolso, dás valor! Mas continuo a achar que, a um nível amador ou semi-profissional, é mesmo com as actuações que as bandas facturam. Os downloads, do mal o menos, contribuem para a divulgação. Um pouco como as cassetes há coisa de quinze ou vinte anos atrás. Já tocaram com algumas bandas Major, entre elas os «Onslaught». Como foi partilhar o palco com os “grandes”? Foi, sobretudo, uma grande oportunidade para projectar a banda! Não houve grande interacção com eles, muito por uma certa timidez nossa. Mas correu tudo muito bem, foi uma ocasião que tínhamos o dever de aproveitar; fizemo-lo e recordamo-lo com muita satisfação. Assim como aconteceu, mais recentemente, com os Ramp, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. Para quando estão a prever lançar um registo de longa duração? Andamos numa fase de “banho-maria”, no que toca a concertos, exactamente para tentarmos compôr temas novos. Isto porque andamos a planear, ainda que sem grandes projectos, gravar um álbum durante 2010. Trata-se de um objectivo mais ou menos claro mas, como é nosso hábito, o que vier a acontecer, será de forma muito natural, sem grandes pressões. Para finalizar, alguma mensagem que queiram deixar aos vossos fãs? Até há bem pouco tempo, os nossos “fãs” não passavam dos nossos companheiros de copos! Pessoal amigo que já nos conhecia, independentemente da banda. Entretanto, com toda esta projecção, admito que essa base se comece a alargar um pouco... o que é bom sinal! Para o pessoal que começa agora a ouvir falar de nós, espero que nos encontremos por aí e que se divirtam connosco! Entrevista Joel Costa

Fotografia HEADSTONE


Tive a grande oportunidade de conhecer o trabalho dos Urban War através da recepção do EP «Who’s Watching You». Um álbum pesado, marcante e sem falhas, que mereceu toda a minha atenção. Estivemos à conversa com a banda. Vejam como foi:

A busca pelo vocalista, foi o mais difícil para darem como formados os Urban War? De facto foi o mais complicado. Pretendíamos uma voz muito versátil que se enquadrasse no nosso projecto, e foi preciso muito tempo e muitas experiências até encontrarmos a voz que a banda procurava. A partir daí, o processo de criação começou a surgir naturalmente. No começo, um DJ figurava no vosso lineup. Qual foi a razão da sua saída? Com a entrada do vocalista e com a criação de novos temas, fomo-nos apercebendo que nos íamos afastando da sonoridade mais electrónica, e caminhávamos para uma vertente mais explosiva e determinada. O DJ começou a ficar desenquadrado e assinamos uma “rescisão amigável”. (risos) Porque é que nunca procuraram um novo substituto para esse cargo? A “rescisão amigável” não foi apenas com o nosso DJ. Foi mais um “divórcio” ou “extinção de posto de trabalho”... (risos) A saída do DJ foi motivo para que alterassem todas as músicas antigas. Como vêm essa mudança? Foi algo positivo? Inicialmente pensámos em alterar as músicas antigas, mas mais tarde elas acabaram por ser abandonadas e foram criados novos temas de raiz. Actualmente, apenas a “Vulto” é que se mantém desde essa altura, com algumas alterações. Com estas mudanças amadurecemos e evoluímos bastante em direcção a um som mais forte e personalizado.

Gravaram o vosso EP o ano passado. Passado este tempo, há alguma vontade de gravar algo novo? Alguma vontade?!?! (risos) Depois da excelente experiência do E.P. “Who’s Watching You?”, já estamos neste momento a trabalhar para a gravação de um álbum!!! Não é muito usual ver uma banda a apoiar alguns meios de comunicação social como vocês fazem. Como vêm a publicidade às bandas underground, feita por meios de comunicação também eles underground? É essencial que neste meio exista uma entreajuda entre os meios de comunicação e as bandas. As bandas “alimentam-se” dos media e vice-versa. Se esta relação se realizar em grande escala, seremos mais a sair da garagem... Sentirem-se apoiados por estas “forças” da internet é fulcral para a boa continuação do vosso projecto? É com estas novas “forças” que nos temos conseguido dar a conhecer, divulgar o nosso trabalho e sobretudo obter um feedback de quem nos ouve e vai aos nossos concertos. São muitas dessas opiniões que nos dão vontade de continuar a fazer mais e melhor. «Life Form» é um dos meus temas favoritos. De que nos fala essa música? A “Life Form” fala de falsas amizades e das relações com pessoas em quem confiávamos e que, por um ou outro motivo nos decepcionaram e marcaram. Fala de uma “Forma de Vida” de alguém profundamente afectado pela maldade

e falta de carácter de outros, e todas as consequências que isso acarreta. Alguma razão especial para a presença do Português na letra? Por vezes é com o uso da nossa língua mãe que conseguimos transmitir a nossa mensagem com mais força e marcar pela diferença. O uso do português é já uma característica nossa e certamente que continuará a ser em futuros trabalhos. Já têm daquelas histórias engraçadas que acontecem nos concertos? Querem partilhar alguma? Já nos aconteceram diversas peripécias durante os concertos. Uma das mais marcantes foi o facto de termos partido literalmente o palco num concerto no Metalpoint no Porto. Tivemos que tocar grande parte do concerto com um enorme buraco no palco... mas sobrevivemos todos... (risos) Para concluir, algo que queiram dizer aos leitores da Versus? Queremos, antes de mais, agradecer à revista Versus pela oportunidade de nos podermos mostrar ao mundo e esperamos que os vossos leitores continuem a apoiar esta revista e este tipo de iniciativas. Aproveitamos também para convidar os leitores da Versus a visitar o nosso “MySpace” (http://www.myspace.com/ urbanwarmusic) e a comparecer nos nossos espectáculos ao vivo. Não podemos deixar de agradecer aos nossos fãs pelo seu incansável apoio! Entrevista: Joel Costa Fotografia: U.W.


Square é um projecto musical que ambiciona elevar o seu patamar. De momento encontram-se empenhados na gravação do álbum, que se espera um trabalho digno, repleto de empenho e evolução. O disco de estreia sairá no Outono/Inverno deste ano e servirá de complemento à promo que se pode ouvir no MySpace da banda. Eis Square:

em Inglês na maior parte das nossa liricas pois queremos levar a palavra a outros locais onde as pessoas se identificam com esses mesmos problemas mas, esse tem em questão “Dead Inside” fala um pouco do quanto é espezinhado, enganado, burlado o povo português pelos politicos e parece que está tudo morto por dentro. O povo português está em coma, não reage, não se manifesta... Neste tema cantamos o refrão em português num apelo ao não voto (não é votar em branco é mesmo não ir votar) para que toda a gente entenda qual a posição de SQUARE perante aquilo que se passa no nosso dia-a-dia. Já deram um concerto em França. Qual é a principal diferença entre tocar lá fora e em Portugal? São coisas diferentes. É bom dar a conhecer a nossa música noutro local em que não nos conhecem tão bem. Mas é também muito bom sentirmo-nos acolhidos na nossa “casa”. Foi uma experiência espectacular e que havemos de repetir se possível em breve e com mais datas. Os Square já contam com alguns anos de existência. Como tem sido a vossa evolução desde o dia em que decidiram formar a banda até aos dias de hoje? Fomos amadurecendo, tanto como pessoas e como músicos. Penso que isso se reflecte no nosso trabalho. Ao contrário da maior parte das bandas, SQUARE formou-se por elementos que não se conheciam de lado nenhum. Então este tempo todo serviu para a criação de laços de amizade e descobrir aos poucos com quem estávamos, conhecendo-nos uns aos outros e sendo que somos todos diferentes temos um ponto comum que é o gosto musical.

Para começar, devo-vos dizer que fiquei fascinado com o vosso som. Como se dá o vosso processo de composição? É algo que surge com naturalidade ou é mais complexo que isso? A composição dos nossos temas partem, na maior parte das vezes, de uma ideia base do Pedro (guitarra) ganhando forma com as opiniões dos restantes membros da banda, sendo este um processo bastante natural, uma vez que estamos já habituados à forma como cada um de nós encara a música. Sabemos o que queremos e obrigamo-nos constantemente a maior esforço para atingir-mos os nossos objectivos. A fasquia sobe em cada tema que compomos.

Cantam alguns versos em Português, que assentam muito bem na parte instrumental. Qual a importância de cantarem, ainda que pouco, na vossa línguamãe? É importante na medida em que nos liga muito ao nosso público e facilita a compreensão da mensagem que queremos transmitir. Para além de que as liricas de SQUARE falam muito dos problemas sociais que abrangem todo o mundo incluindo o nosso país, e sendo assim a nossa maior preocupação tem haver com Portugal, com o nosso publico, com as nossas familias e portanto essas palavras não faziam sentido serem em outra língua que não a nossa. Claro que cantamos

Pelo que li na vossa biografia, têm sido bastante rápidos quer na composição de temas originais, quer na gravação dos mesmos. Acham que os prazos apertados condicionam a vossa criatividade ou funcionam melhor assim? Funcionamos melhor assim. Os prazos, de certa forma, trazemnos maior responsabilidade e dedicação, é sob pressão que trabalhamos melhor. Aquando a nossa ida a Ajaccio tínhamos 2 temas prontos e 1 mês antes o guitarrista saiu da banda. Entre entrada de novos elementos e composição de temas conseguimos fazer o espectáculo com cerca de 1 hora.

bros. Como viram todos estes acontecimentos? Acham que todas as mudanças são para serem boas? As mudanças foram apenas no início da banda em que estivemos sujeitos ao processo de conhecimento e adaptação. Desde então a banda tem-se mantido sólida. Acho que é um sinal positivo e de equilíbrio entre nós.

Voltando aos primórdios da vossa existência: Porquê o nome «Square»? Na formação da banda éramos 4 elementos o que representava os 4 lados do “SQUARE” unidos num só. Ao mesmo passo o “SQUARE” representa as 4 paredes da prisão em que vivemos, também o início de SQUARE foi com conversas efectuadas no El Rock bar que frequentamos aqui em Guimarães, que se situa na Praça S. Tiago (S. Tiago’s SQUARE). Estas são as razões da escolha do nome para a banda mas acredito que para cada pessoa possa ter um significado único e especial... isso fica a cargo de cada um. Têm tido alguns problemas no que toca às mudanças de mem-

Para finalizar, o que podemos esperar dos Square para os próximos tempos? Espero que brevemente surja o álbum. Que seja algo digno do nosso trabalho, do nosso empenho e evolução. Somos ambiciosos e como tal, queremos elevar o nosso patamar.Por isso aguardamos muito tempo para decidirmos a melhor altura para a gravação do mesmo, pensamos que chegou a altura e tudo leva a crer que pelo Outono/Inverno sairá o album de estreia de SQUARE que servirá de complemento à promo que se pode ouvir no nosso myspace.

Entrevista: Joel Costa Fotografia: SQUARE


Não é difícil ficarmos encantados com «The Dead Silent». As três músicas que trazem consigo na bagagem (MySpace) são o suficiente para ficarmos boquiabertos e à espera de mais. Muito mais. Directamente da Ilha da Madeira, eis «The Dead Silent»!

A formação dos «The Dead Silent» parte de uma fusão de membros de outras bandas. Como se deu a criação da vossa banda, tal como a conhecemos hoje? Eurico - The Dead Silent começou em Janeiro do ano 2006 com três membros, Joe na Bateria, Saúl na guitarra e Eurico na guitarra. Todos tínhamos pertencido a bandas regionais anteriormente, por uma ou outra razão as bandas anteriores não continuaram, marcouse uma jam e o Saúl já trazia uma data de riffs e ideias e começamos a escrever a nossa música. Um ano e meio depois entrou para a banda o Dário( Baixo) que por acaso é irmão do Joe. Também já havia tocado em outras bandas. Em relação a vocalista tivemos o Dieter ( dd Peartree) na voz dos temas que temos na internet. Passados três anos e meio cá estamos, entre horário de trabalho a ensaiar e a criar temas. Joe - Exacto, eu e o Saúl (guitarra) já tocamos juntos há bastante tempo, ambos somos parte do que eram os Drawned in Tears e os Blue Sound Traffic, o Dieter (voz) também fez parte dos Blue Sound Traffic, entre outros projectos fora da área do metal, mas não menos interessantes. O Eurico fez parte dos Perfect Sin e Insania, banda do qual o Dário era membro fundador, por sua vez o Dário toca também guitarra com os Outerskin, por isso de uma forma ou outra os nossos caminhos já se haviam cruzado várias vezes. Depois da gravação dos temas que estão no nosso Myspace o Dieter decidiu seguir outro caminho, neste momento tem o seu próprio projecto com uma sonoridade bastante diferente da nossa. Após algum tempo ensaiando sem qualquer vocalista, fomos experimentando alguns, e encontrámos o Emanuel que tem um registo que se enquadra bastante bem com aquilo que fazemos. Ainda não contam com nenhum registo discográfico e no entanto, os temas que figuram no MySpace possuem uma qualidade arrebatadora. Para quando um

EP ou um trabalho full lenght? Eurico - Obrigado pelo reconhecimento. Temos planos para gravar até porque temos algumas músicas novas. Não posso adiantar datas ao certo por inúmeras razões. Todos trabalhamos e a banda prossegue no tempo disponível. Não há dinheiro para estúdios, até aqui sabemos que arranjar os meios para dar forma a um trabalho será por nossa conta. Gravar um EP seria bom, um álbum ainda melhor. Joe - Esperamos poder registar o que temos até ao momento, porque como o Eurico referiu, temos bastante material novo, e é importante registar esta fase da banda numa gravação. Até porque são temas que na minha humilde opinião merecem ser ouvidos. Penso que o que gravarmos será sempre mais do que um EP, porque temos material para isso, mas isso é algo a decidir entre todos obviamente, mas o mais importante, e penso que falo por todos quando digo isto, é o objectivo de fazer ainda melhor do que na última vez que gravámos. Vocês exploram o Metal de uma maneira não muito usual. É algo comum na Madeira ou partiu de vocês? Eurico - Não sei se é usual ou não aqui na ilha.Há bons projectos e ultimamente mais bandas a começar. Claro que a originalidade procura-se sempre. Na banda cada um tem a sua forma de tocar e ser. Penso que isso no fundo é que faz sair a música como ela é. Penso que o Joe e o Saúl trazem consigo um estilo muito próprio e grande influência, tanto que ambos já tocam juntos há muito tempo, depois as ideias trocam-se com o Dário e comigo e o som aparece, sem que se saiba se é usual ou não. Joe - Eu não sei a que te referes propriamente como sendo não usual, porque no fundo vivenciamos todos a música de formas distintas. De qualquer forma, terá certamente a ver com o que o Eurico disse. Cada um tem a sua forma particular de se expressar, além disso entre todos temos um leque vastíssimo de musica que gostamos de ouvir, por isso até o simples acto de citar influências seria algo bastante complicado de fazer. Nas gravações que fizemos com o Dieter, por exemplo, a voz dele acaba por ser um dos aspectos que poderá ser visto como não usual em uma banda deste género, porque embora o metal faça parte


também do que ele gosta, o registo natural dele não será genérico desse estilo. Tudo isso acaba por fazer com que tenha uma abordagem diferente do que um vocalista típicamente do metal teria, o que até acaba por ser bom, mesmo que por vezes obrigue a uma certa habituação. Provavelmente com o registo que temos agora teremos outras caracteristicas que nos distinguem, vejo isso como algo de positivo, é sinal de que temos uma personalidade própria que nos distingue do resto. Em termos de bandas na Madeira, sempre houve bastante variedade, se são bandas com abordagens usuais ou não, penso que é bastante subjectivo. Tocar em Portugal Continental não fica de todo barato. Mas para quando prevêm umas datas para estes lados? Eurico - Não há planos para tocar ao vivo para já. Ainda não tocamos ao vivo com esta formação porque não nos foi possível. De futuro espero que seja possível. Seria bom ir a Portugal continental ou a qualquer outro lado fazer alguns concertos. Joe - Neste momento não temos qualquer previsão. Para tal será necessário conciliar uma série de aspectos de forma a podermos aproveitar a experiência sem que ninguém saia prejudicado com isso. Tocar é algo que todos adoramos, tocar para outros públicos e sentir a reacção das pessoas é sempre bastante gratificante, mas como deves certamente saber, conciliar a vida pessoal com a banda nem sempre é fácil, até porque a música não é o ganha pão de nenhum de nós. «My Own Disease» foi um dos temas que me acompanhou na vida desde o seu lançamento na compilação da HEADZUM.ORG «Beneath». De que nos fala essa música? Joe - A letra para esse tema foi escrita pelo Dieter, logo ele seria o melhor para responder a essa pergunta. Mas intrepreto-a como uma canção que pensa sobre a nossa relação com a nossa própria vida (a nossa doença), com o sítio onde vivemos, com as lutas que todos travamos internamente. Vejo a My Own Disease como uma doença pessoal que tentamos tornar melhor por vezes, outras vezes somos nós próprios que criamos condições para que os sin-

tomas se agravem. Já estou a divagar, mas essa é a minha interpretação pessoal de uma forma bastante resumida (risos). Penso tratar-se a exemplo de outras que escreveu, de temas com um conteúdo bastante pessoal, com o qual podemos facilmente identificarmo-nos porque de uma forma ou outra vamos experimentando sentimentos parecidos. Como têm corrido os ensaios e as buscas por novos temas? Eurico - Os ensaios ultimamente têm sido passados a ensaiar temas novos e a criar mais material para possivelmente gravar. Às vezes é difícil criar algo novo, outras vezes é fácil. São fases tal como na vida, a música acaba sempre por aparecer. Joe - Temos tocado muito os temas que temos feito até aqui, incluindo os que estão já gravados, também porque o vocalista é outro e algumas adaptações são necessárias, além da composição da parte vocal para os temas mais recentes. No fundo estamos constantemente a melhorar o que temos e a trabalhar para que a nossa interpretação seja a melhor possível. Em termos de composição existem fases mais produtivas que outras, mas, tendo em conta a quantidade de material que temos penso que será crucial neste momento registar este material que representa uma fase da vida dos The Dead Silent. Interessa também divertirmo-nos nos ensaios, já que funcionam também como escape para todos nós, que gostamos de música e de tocar. Para concluir, falem-nos um pouco do que o futuro reserva aos «The Dead Silent». Eurico - Futuro... continuar a tocar, criar, registar, tocar ao vivo, procurar oportunidades e ideias, sobretudo fazer da música aquilo que nos renova o espírito no fim do dia. Joe - O que nos reserva não faço ideia, não tenho maneira de o saber, e se calhar até é melhor assim. Mas espero podermos continuar a tocar enquanto pudermos e que seja algo que nos enriqueça como pessoas. Pessoalmente, espero ainda aprender mais e aprender a expressar-me ainda melhor através do instrumento que toco, porque os bateristas também têm sentimentos (risos). Obrigado pelo interesse, e um grande abraço directamente do Funchal! Entrevista: Joel Costa




Quem, nos dias de hoje, não conhece o mítico Power Ranger Azul Português? Ivo Conceição é um nome de relevo no panorama musical português e conta com uma discografia invejável. Líder dos «Comme Restus» e mais conhecido recentemente pela sua participação em projectos como «Kalashnikov» e «Noidz», a VERSUS viu-se na obrigação de contactar esta figura de topo e conversar um pouco com o Homem por trás da máscara. És uma pessoa com multi-talentos cujas origens acabam por ser um tanto misteriosas, uma vez que estás envolvido em inúmeros projectos, todos eles diferentes uns dos outros. Como é que ingressaste no mundo da música? Como cresceu este Ivo Conceição que conhecemos agora? A trade mark “Ivo Conceição Experience” é o resultado de 25 anos de evolução de um ser humano que nasceu e cresceu em Setúbal. Cedo foi estimulado para a música e para as artes, mas o futebol era o seu maior interesse até ao dia em que recebeu uma guitarra e um amplificador da feira da ladra e tudo mudou... Cresci com férias brilhantes em Grândola e no Algarve e fui o típico adolescente de headphones e chato, com borbulhas na cara e cabelo pelo ombro. Podia então ter tido uma brilhante carreira na área da investigação científica ou mesmo na área da medicina, ao invés é uma espécie de terrorista do audiovisual.

A verdade é que me orgulho bastante do meu curriculum, quer musical, quer televisivo (Homens da Luta, Vai Tudo Abaixo, etc.. – Sic Radical), quer no futebol de sete. Cedo tentei arranjar bandas em Setúbal e ingressar no meio mas as pessoas não estavam muito viradas na altura para Black Metal e afins. Era um bocadinho chato para elas! Tive que imigrar, aos 16 anos já tocava com os Corpus Christii, então na altura Nocturnus Horrendus, e Ignis Nox. Na altura do “The Fire God”, formei a minha própria banda, os Nephtys, que são 90% da actual formação dos The Firstborn, mais um guitarrista e foi então que apareceram os Comme Restus. “Daí” até ao dia de hoje tem sido tudo tão rápido e arrisco mesmo a dizer surreal, nunca pensei que alguém com tão pouco talento pudesse fazer o que já fiz, too old too cold...


Conhecite pelo nome de “Maxado El Rosa”, numa altura em que um tema dos Comme Restus saiu numa compilação da revista “Rock Sound”. Como é que surgiu a ideia para a criação desse fenómeno que foram os Comme Restus? Não sei. Lembro-me dessa edição, grande Daniel Macosh – RockSound (Rip). Maxado El Rosa foi um dos muitos heterónimos que tive. Sou uma espécie de Fernando Pessoa rasca e com um volvo v40. Lembro-me que estava num bar em Setúbal a actuar com os Nephtys e de ser abordado por um indivíduo de passado e raízes duvidosas: “Queres cantar numa banda?”, aceitei prontamente, até porque na altura estava de férias da escola. Ele deve ter feito alguma espécie de casting e viu potencial em mim, ou neste caso falta dele. De facto, o monstro que foi criado não sei explicar muito bem e muito dificilmente acredito nos vídeos que vejo das actuações e afins. Ainda a semana passada fui contactado para ceder os direitos das letras para serem publicadas em livro por um professor universitário do Porto, que fez uma tese sobre a música portuguesa com António Variações, Zeca Afonso, e outros... Foi de facto uma viagem de foguetão espacial de Setúbal com paragem em Coina! Foi com muito pesar que vi todos os elementos dos Comme Restus a morrerem na Praia da Coina. Alguma vez pensaram em gravar um segundo álbum? O vosso regresso é algo com que os fãs podem sonhar? Por acaso só estavamos três nesse dia. Tive que simular as dos outros, portanto andam aí dois gajos vivos! Claro que sim, mentiria se dissesse o contrário. Já pensei até em fazer um filme! Já tive abordagens de empresas de audiovisuais para o concretizar com orçamentos milionários... Pensei em fazer um “comeback” nas estações do metro de Lisboa, na Praça da Alegria, ou seja, tudo ideias de merda. Mas penso que sim, a entidade Comme Restus é grande demais para não voltar à vida. O monstro está só adormecido. Ou não. Os Kalashnikov têm passado por sítios e mais sítios, e, contra algumas expectativas, têm assumido um papel bastante importante no panorama musical Português. Alguma vez pensaste que os Kalashnikov chegariam onde chegaram? As unicas espectativas que têm sido contra Kalashnikov são as dos indivíduos com cotovelite aguda, gente sem interesse, sem cérebro, sem opinião válida e que merecia ser trocidada por um BusAir127. Tenho notado muita inveja por acaso ultimamente a este nível, não sei o que as pessoas têm contra o sucesso alheio, estamos tranquilos. A resposta é não e sim, um nim ou um são. Nunca pensei que um sketch televisivo se tornasse numa coisa tao séria. Num mês estávamos a tocar no Coliseu dos Recreios com Moonspell, no outro nos EUA, no outro no festival Optimus Alive em directo para todo o país.


Foi assombroso... fruto do nosso trabalho intenso, sangue, suor e lagrimas num país onde este tipo de coisas não são muito fáceis de fazer e onde lutas contra tudo e todos... A parte do “já estava à espera” deve-se ao facto de acreditar no meu trabalho e de acreditar na altura nas pessoas envolvidas e no potencial das suas ideias e vontades. Foi um trabalho de equipa muito eficaz! Sei que nem toda a gente vos leva a sério e li numa entrevista que até há quem se recuse a tocar convosco. Como encaras tudo isto? Nem nós nos levamos a sério. As melhoras para quem se leva a sério na vida e especialmente na música em Portugal. Sim é verdade, há duas vertentes: uma que se “mata” para ter uma oportunidade para tocar connosco, outra que é “trve” demais e invejosa ao ponto de dizer que “não toca com A ou B”, really get a brain. Eu encaro isto com naturalidade, ligo pouco, senão me contassem por A mais B nem sabia que isto existia. Na verdade estou um pouco desligado disto tudo. Quem não percebe a banda ou a sobrevaloriza deveria na, minha opinião, beber um daqueles cocktails de vitaminas e suster a respiração durante três horas e meia. A vossa ida ao Texas e os pedidos para tocarem fora de Portugal foi uma prova de que os Kalashnikov estão de pés bem assentes no chão. Qual é a diferença entre tocar em Portugal e no estrangeiro? Não estamos com os pés acentes no chão. Senão não tínhamos ido a Austin no Texas tocar às “nossas” cinco horas da manhã com seis viagens de avião temas como “George Bush Bin Laden One Love One Family” ou mesmo “Warriors of the Hezbollah” com gajos no público armados... Lá podes ter uma arma facilmente. Uma das condições para a usares na rua é têla à mostra. Pensei que a qualquer momento seria atingido muito sinceramente. Era uma morte muito Dimebag Darrel eu sei. Preferia ser atacado por um tubarão da Malásia no novo Oceanário do Porto. A unica diferença que eu vejo entre tocar em

Portugal ou no estrangeiro, é que no “estrangeiro” as pessoas não sabem falar muito bem português. De resto é tudo muito similar, uma grande seca. Que novidades podemos esperar para o futuro dos Kalashnikov? Não faço ideia, está nas mãos dos manos Duarte. Eu sinceramente gostaria que Kalashnikov continuasse enterrado. A evolução da conjuntura económica mundial o dirá. Tens andado a preparar algumas novidades musicais. Falanos um pouco dos “Felattio”. Sim, é verdade! Os Felattio são o meu segredo mais bem guardado. Juntas o meu compositor nacional preferido (Renato Sousa – Felattio, Goreganta Funda, Monogono, Lobo, etc) que até é meu vizinho em Setúbal, e um dos meus vocalistas preferidos (Bruno Fernandes – Felattio, Peacefull Until) que por sinal também é meu vizinho, e tens uma mistura de Tom Waits, Faith No More, Sex Pistols, Beatles, enfim... tudo o que eu sempre quis! Arranjamos uma formação estável, gravamos um álbum ainda por sair e filmamos três videoclips com o meu camarada de armas do “Vai tudo Abaixo”, o Ricardo Reis, e fez-se um MySpace manhoso por enquanto. Já ganhamos imensos prémios com os vídeos e com as músicas. Tivemos imensas propostas para tocar em todo o mundo mas ainda não é a altura certa. Acho que o mercado e o circuito em Portugal neste momento está sobrelotado como a ponte 25 de Abril em hora de ponta, então porquê lançar um cd/dvd só por lançar? A seu tempo. Quando os anúncios de Noidz começaram a passar pela TV, sempre achei que fosse um projecto Português e que até fosse do Karkov (ex-Blasted Mechanism). Qual não é o meu espanto ao verificar que era um projecto que englobava membros de todo o mundo e que estavas por trás disto. Como se deu a tua participação em Noidz? Não me posso alongar muito sobre Noidz devido ao próprio carácter “masked” da banda. Posso garantir que até á data nada tem a ver com o Rui (Karkov)... Fui


convidado, apresentaram-me o projecto, excelentes executantes, uma excelente equipa e objectivos bem delineados. Estamos neste momento a promover mundialmente o álbum e com grandes planos para o futuro. Fiquem atentos. O público tem aderido bem a este projecto? Sim, mesmo muito. Temos tido públicos delirantes mesmo. Eu sabia que era uma fórmula vencedora, mas nunca pensei que o público a nível mundial estivesse tão receptivo a bandas e formatos novos. Se reparares nos tops e afins, são sempre as mesmas múmias. As pessoas não gostam de mudanças, não lhes é cómodo arriscar e ver ou ouvir uma nova banda quando já há dinossauros institucionalizados. Para além das bandas que estamos a falar aqui, tens ainda uma forte presença em muitas outras. Faz-nos uma breve apresentação de cada projecto teu. Para além de Comme Restus, Kalashnikov, Felattio e Noidz... mantenho apenas no momento os Infernal Overkill no activo como projecto pessoal de Black Metal. É a minha primeira banda de sempre, neste momento a solo e em versão estúdio. Tenho semi adormecidos os Goreganta Funda, os reis do gore/grind/porn português, os Bio Genetic Sun, projecto a solo onde exploro outras sonoridades mais worldmusic. Os HORRIVEL contam também com uma formação de elementos estrangeiros de bandas como Carpathian Forest, etc, sendo sem dúvida uma banda para dar um concerto de ano a ano sendo que estes concertos são os mais extremos de sempre a nível auditivo, isso vos garanto que nunca foi feito nada assim. Tenho mais umas quantas participações chatas em N projectos e bandas aqui e ali, nada de muito mais consistente. Fiz muita coisa no passado como músico de estúdio/ sessão.. gravei com Ethereal, Arcaine Wisdom, Celtic Dance, Neoplasmah, etc... Tenciono um dia destes poder explorar a minha vertente mais acústica e calma, e também recenciar-me. Depois de ver o Fernando (Emplastro) a ser incluído nas gravações dos “Homens da Luta”, isso deixa-me a pensar: no futuro, será ele incluído num projecto musical teu? Isso é de facto uma ideia genial! Ter o Nando num projecto musical é uma ideia que só por si me arrepia no bom sentido. Esse episódio com o Nando nos “Homens da Luta” foi expontâneo e místico, arrisco a dizer. O fenómeno “emplastro” é mal compreendido pela grande maioria das pessoas. É, de facto, um dos actos mais geniais, arriscados e engraçados que pode haver. O Nando é mais do que um “lunático” a aparecer na TV... mas também não vou ser eu a fazer as pessoas mudarem de ideias. Vou pensar muito sinceramente sobre isso.

Costumo visitar o teu canal do youtube frequentemente, não só para te ver nas notícias a comer pipocas junto ao banco assaltado em Setúbal, mas também para ir vendo as novidades que tens por lá. O que me trouxe mais curiosidade, foi o facto de estares envolvido num projecto com o Rodrigo Leal. Como se deu a tua participação no mesmo? É simples. Tal como todos os outros projectos, há a abordagem, o convite, por aí. O Rodrigo é meu amigo e companheiro de outros projectos e actividades. É responsável também e principal compositor das músicas da TVI, TVI24, Morangos com Açucar, etc.. Convidou-me para participar no projecto, não hesitei, até porque já passei com ele um dos dias mais fixes da minha vida. Um dia que tocamos em Coimbra na TVI em que foram lançados ao ar 50 000 (?) balões numa iniciativa qualquer atrasada mental. Agarramos uns quantos e tentamos descobrir se o hélio que enche os balões realmente nos modifica o tom de voz, e não é que modifica mesmo? Foi muito bom, podia passar dias a fazer isso, divertimo-nos imenso. Mais um projecto em cheio! O que pensas do actual panorama musical Português? Achas que houve alguma evolução de há uns anos para cá? Não penso nada. Não sei se houve evolução. Ultimamente tenho estado muito ligado ao futebol de sete e à minha evolução enquanto desportista. Não tenho prestado muita atenção. Mas acho que se ouve muito fado. A pergunta inevitável: com tantos projectos teus, tens algum que consideres o teu favorito? Ou pelo menos aquele no qual te empenhas mais? São todos favoritos, caso contrário não os teria. Mesmo ainda não tendo sido pai, é a tal pergunta “se se perguntar a um pai qual dos filhos gosta mais...”. Todos eles estão inseridos em alturas distintas da minha vida, cada um deles tem um significado que lhes atribuo (ou não), todos eles têm um “cheirinho” a palco, rostos, intensões diferentes. Empenho-me a 101% em todos eles, caso contrário não valeria a pena perder tempo com eles, ia para a praia comer Supermaxi´s e tirar macacos do nariz. Para concluir, há alguma mensagem que queiras deixar aos leitores da HEADZUM. ORG? Nada de especial, sejam felizes!

Entrevista: Joel Costa Fotografia: Ruben Viegas, Pedro Roque, Cameraman Metálico, Carina Martins



Gwydion para mim foi novidade. Não são muitas as bandas de Viking Metal que conheço ou que ouvi atentamente. Conheci toda uma nova vertente com esta banda, que conta com uma forte presença na Europa. A VERSUS MAGAZINE quis conhecê-los e não se arrependeu! Um dos vossos temas figurou numa compilação da «Metal Hammer». Como foi viver essa experiência e saber que milhares de pessoas em todo o lado vão poder ouvir Gwydion? Foi uma experiência gratificante, pois recebemos feedback positivo de vários países dos 4 cantos do mundo. A Metal Hammer é uma revista mundialmente conceituada dentro do metal, logo é sempre bom saber que 80.000 pessoas vão ouvir Gwydion e ficar a conhecer a banda. Têm assinado alguns contratos relativos à promoção da banda. A promoção é algo que conseguiriam fazer sozinhos? Como foi dar este passo na vossa carreira? Sozinhos era algo mais difícil para podermos ser ouvidos um pouco por toda a Europa. Assim temos várias distribuidoras a actuar por país e uma promotora a trabalhar connosco para podermos divulgar o nosso trabalho ao maior número de pessoas. Foi um passo muito importante este, que nos tem ajudado a obter bons resultados. Temos feito a promoção por nós próprios até agora, mas chegou a um ponto que já não temos tempo suficiente para dedicar a este aspecto importantíssimo numa banda. Conseguimos estabelecer uma parceria com alguém que tem uma experiência enorme nesta área, a Marjo Verdooren da Metal Revelation, que trabalhou 18 anos com grandes bandas como por exemplo Manowar. Esperamos assim conseguir divulgar a nossa banda por um número muito maior de pessoas a nível mundial. O mês de Agosto vai ser em grande no que toca a concertos na Europa. Já tinham saído do país por tanto tempo?

Se olharem para o nosso ano transacto teriam visto que fizemos uma tour de 18 concertos pela Europa fora com bandas como Týr, Hollenthon, Alestorm e Svartsot em 9 países diferentes. Logo esta tour de Agosto vai ser um pouco mais curta com 14 concertos em 17 dias. Vão visitar países diferentes de dia para dia. Temem o cansaço ou tocar dá-vos toda a adrenalina de que precisam para não se submeterem às inconveniências das diferenças de hora? As diferenças de hora não variam mais que 1 hora ou 2 horas no caso dos países de leste, logo não creio que seja por aí que possa causar algum transtorno. Quanto ao cansaço é bastante suportável pelo que presenciamos no ano passado até porque, como dizes, vamos estar com a adrenalina em alta pois vamos fazer o que mais gostamos. Como é que juntaram o colectivo dos Gwydion e chegaram ao produto final que hoje conhecemos? Gwydion já tem alguma história no metal português. Já lá vão cerca de 14 anos de banda com muitas trocas de elementos, o que tem vindo a moldar a nossa sonoridade ao longo dos tempos. Já passámos por alturas muito complicadas, com dificuldade em “acertar nos elementos certos”, mas com muito esforço e sempre com muita dedicação, conseguimos chegar a uma formação coesa. Temos o Dani nas Teclas, que é o nosso suporte melódico - sempre foi!; e o Rúben (Voz), ele cresceu muito neste trabalho - “Ynys Mön” - ,surpreendeu-nos cada vez mais com a sua capacidade de vocalizações, sempre muito bem estudadas e colocadas na música... Estes dois elementos são os fundacom qualidade que não ficam nada a deverde


Kaveirinha já entrou depois, colocando mais alguma vertente melódica, o Abreu (bateria) que quando entrou, veio dar uma lufada de ar fresco à banda... ele é bastante inovador, tem sempre coisas novas para pôr em prática, o João Paulo (Guitarra Ritmo) tem a secção de suporte rítmico sempre muito forte e directa e finalmente, o Zé no baixo, complementando todo o ritmo. Os Gwydion, acima de tudo, são todos amigos, e isto é o que nos faz funcionar bem! Passaram por algumas mudanças de line-up. De que forma os novos membros contribuíram para uns melhores Gwydion? Em primeiro lugar, contribuíram para que continuássemos a cumprir com aquilo que estava agendado em termos de concertos e isto foi particularmente crítico na altura em que o João Paulo começou a tocar connosco. Isto aconteceu pouco tempo antes da tour em Outubro que fizemos o ano passado pela Europa. Apesar disso, a entrada oficial do JP na banda foi apenas em Novembro, altura em que o Victor teve de sair por razões pessoais, mas a participação na tour foi fundamental para iniciarmos a nossa projecção lá fora. De resto, ficámos bastante satisfeitos com a prestação dele. O Zé entrou no início deste ano e tem-se mostrado bastante activo e disponível para todo o trabalho em torno da banda, e por isso tem sido uma mais-valia para nós. Vocês são uma banda com quase 15 anos de existência. Como descreveriam a vossa evolução desde 1995 até aos dias de hoje? Bem...foram 14 anos de muitos sacrifícios mas a lutar por algo que nos move e continuará a mover, que é fazer metal! Tivemos muitos momentos difíceis que nos abatem, mas depois olhando para os bons momentos que passamos e todas as dificuldades que já ultrapassamos só nos podemos orgulhar de nós próprios. Partilhámos palcos com bandas excelentes, guardamos excelentes recordações de todos estes 14 anos, e... se pudesse faria tudo de novo sem hesitar. Que venham mais 14! E o que mudou no Metal Português desde então? Quando começamos o dificil era conseguir obter uma boa gravação, daí existirem as já “extintas” demo-tapes que tanto orgulho davam a uma banda de garagem! Era muito complicado na altura os meios de divulgação pois era muito mais difícil fazer chegar o nosso trabalho a tanta gente como hoje em dia se faz em minutos com o apoio das novas tecnologias. Na altura recorria-se à distribuição de flyers e ao “passa palavra” e estar presente nos concertos underground! Hoje em dia creio que existem mais eventos, maior publicidade e maior número de bandas com qualidade que não ficam nada a dever a bandas de fora, acho que está um pouco mais facilitado conseguir dar os passos certos na evolução de uma banda, embora con-

tinue a ser difícil singrar como músico, mas com muita paciência consegue-se obter bons resultados. O que ainda não mudou eventualmente é a mentalidade de por vezes as pessoas pensarem que o que se faz lá fora é que é bom. Felizmente com o trabalho que todas as bandas nacionais têm feito, temos conseguido mudar isso aos poucos e já conseguimos obter uma maior aceitação dos portugueses. Só com este apoio e esforço em conjunto conseguiremos elevar o nosso país a outro patamar no panorama do metal internacional. Temos uma excelente montra que por vezes só precisa de ser exportada. Como se inspiram para compôr temas de Folk e Viking Metal? Este género musical foi algo que sempre fez parte de vocês ou foi surgindo? Em primeiro lugar, é importante dizer que a maior parte das vezes as letras são escritas somente durante ou após a composição de cada música. Primeiro, a inspiração vem do sentimento que a melodia sugere e em seguida na projecção desses sentimentos em algum aspecto da cultura Viking ou Celta. Portanto muito frequentemente há sempre algum tipo de base histórica para as letras, no entanto não é muito mais do que uma base! Quer dizer, após a ideia inicial o Ruben deixa a sua imaginação seguir qualquer caminho que a música lhe mostre, e por vezes não se baseia apenas em factos históricos concretos… Nós sempre tivemos influências celtas e viking (começando pelo nome da banda), já dava para notar nalguns temas da última demo “Augmentation”. Este “boom” de bandas viking/folk começou a surgir mais nos fins dos anos 90 e no inicio de 2000 e foi algo que nos começou a cativar juntamente com as influências que tínhamos para trás que ainda as temos! Logo foi um processo natural ou nem tanto de juntar uma parte de black mais melódico com sonoridades viking/ folk. Muito sinceramente é algo que acho que se mistura muito bem! Que outros temas procuram abordar nas letras para além da religião? Ao longo da nossa existência termos escrito algumas letras sobre religião, mas o nosso foco principal foi sempre a mitologia e cultura celtas, pela qual partilhamos todos um grande interesse. Em Ynys Mön também introduzimos algumas influências nórdicas, nomeadamente Vikings. No nosso próximo trabalho vamos seguir esta tendência e continuar a explorar a mística, história, bravura e espírito deste povo que teve um grande impacto em toda a Europa. Claro que nem todo o álbum será sobre os vikings, e temos algumas surpresas, que só iremos revelar na altura do lançamento. Ynys Mön foi muito bem recebido pela crítica. Foi algo que esperavam ou alguma vez temeram a recepção do mesmo por parte da crítica? Temos tido reacções muito boas, o que foi


uma agradável surpresa sendo este um primeiro álbum de uma banda que demora sempre um pouco até começar a ser mais falado e divulgado, mas as críticas que tivemos até agora superaram as nossas expectativas o que é sempre positivo. Quais foram as principais diferenças entre gravarem as demos por “conta própria” e gravar o vosso álbum através de uma editora? A gravação em si já estava num estado avançado quando recebemos o convite da trollzorn para lançar o álbum Ynys Mön, portanto nessa parte pouca coisa mudou. O que foi totalmente diferente foi a projecção que o álbum conseguiu alcançar pela editora, algo que dificilmente conseguiríamos alcançar sozinhos. O vosso álbum de estreia apresenta várias diferenças relativamente às demos, não só na qualidade mas no próprio desenvolvimento dos temas. A que se deveu esta mudança? Nos finais dos anos 90 surgiu um pouco o “boom” das bandas Viking/Folk e como sempre nos fascinou a mitologia nórdica e gostamos das sonoridades apresentadas por essas bandas, começámos aos poucos a integrar esse tipo de som com o black mais melódico que fazíamos na altura, e a partir daí tudo aconteceu naturalmente e pessoalmente acho que os dois estilos musicais encaixam muito bem. O EP First Channelling já continha algumas referências nesse sentido e isso ficou ainda mais vincado no EP seguinte, “Augmentation”, tendo tudo isto culminado de uma forma mais concludente no álbum “Ynys Mön”. Para finalizar, que podemos esperar dos Gwydion para este ano? Os nosso objectivos até ao fim deste ano são essencialmente dois, que é a continuação da divulgação do nosso trabalho em Portugal e também no resto da Europa, e a gravação daquele que será o nosso próximo álbum. É com grande prazer que este mês de Agosto estamos de volta aos palcos europeus, e vamos visitar muitos países pela primeira vez, principalmente na europa de leste. Depois disso, nos últimos meses do ano, vamos dedicar-nos quase exclusivamente à gravação e produção do próximo álbum, com um ou outro concerto esporádico. Para nós a preparação deste álbum vai ser muito mais

exigente do que o anterior, e vai ser bastante mais demorada, porque queremos sobretudo que o resultado final seja mais profissional e que vá ao encontro nas nossas expectativas, que neste momento são bastante altas. A composição das músicas está também mais diversificada, mas ao mesmo tempo mais coesa do que no álbum anterior, e tecnicamente estamos a explorar algumas áreas que até aqui tínhamos deixado de parte. Se tudo correr como prevemos, pensamos que para quem já conhece o nosso trabalho , e para os apreciadores de folk, viking, e metal no geral vão apreciar bastante esta evolução. Entrevista: Joel Costa Fotografia: GWYDION



Para saber definir Enchantya é preciso ouvir. Este colectivo Gótico chega-nos de Lisboa, uma cidade repleta de história musical que vê nos Enchantya uma forte descendência daquilo que é o Metal lisboeta. Há muito para dizer da banda, mas o que se segue, na voz de Emanuel, já diz tudo: Ao ouvir as vossas músicas, notei certas influências dos Nightwish. O vosso estilo de música é propositado para se assemelhar a eles ou poderemos, futuramente, ver a banda a reproduzir músicas melódicas mas sem se assemelhar tanto à banda em questão? Não, de todo. Provavelmente, e apenas no inicio da banda, poderá notar-se um pouco as influências de Nightwish nas nossas composições, até porque o timbre da Rute assemelha-se um pouco ao da Tarja. Mas com o passar do tempo e algumas mudanças de line-up, músicos diferentes com estilos e influências diferentes acabaram por conferir às nossas canções uma identidade própria de Enchantya. Recentemente criaram um Twitter, hoje em dia muito comum nas bandas. Qual o vosso objectivo ao criarem estes “blogs” e qual o nível de promoção que pretendem alcançar? Nos dias que correm toda a divulgação é sempre pouca. O próprio mercado da música mudou imenso na última década, em que muito pouca gente compra CD… E apesar de tudo, a vinda da internet, da partilha mais ou menos desregrada de músicas, não trouxe apenas coisas más. E é nisso que as bandas têm de apostar, para darem a conhecer o seu trabalho. Como tal, Twitter, Myspace e afins, tudo vale para fazer rodar o nome e o nosso som um pouco pelos quatro cantos do planeta. Ao ver as vossas fotos, reparei que têm um estilo próprio de se apresentarem. Apercebi-me de certas peças um tanto incomuns, como a saia. Acham que o vestuário é algo essencial para passarem a vossa imagem? Bom… honestamente acho que sim. Seja em que género musical que se fale, a imagem hoje em dia é quase tão importante como a própria música em si. Vivemos numa era que o nos salta aos olhos é sempre a primeira impressão que fica, daí ser importante ter uma imagem que se coadune com a mensagem que queremos passar para quem nos ouve ou vê. Falando no nosso caso em específico, desde cedo que fomos ‘rotulados’ de metal gótico, ou pelo menos, com influências góticas. E vendo e ouvindo bem o que

fazemos, faz algum sentido. O género gótico é provavelmente dos mais ‘exigentes’ do ponto de vista da indumentária, pelo que impunha-se que criássemos alter-egos ou personagens em palco, que traduzissem de certa forma a personalidade e o estilo de cada um de nós. E já agora, só um aparte. :P Não é uma saia, mas sim um kilt. Em 2007, ganharam o concurso “Bandas Procuram-se”. Qual a sensação de ficar em tal privilegiado lugar? É sempre óptimo sentirmos que o nosso trabalho e esforço são reconhecidos, embora o que nos interessa mais acima de tudo, e primeiro mesmo do que a opinião dos outros, é a nossa própria opinião. Seja como for, ganhar um concurso é sempre uma sensação de dever cumprido. E tendo em conta que competíamos com bandas de todos os estilos, alguns deles ditos mais comerciais, apenas fez com que a vitória tivesse um sabor ainda mais especial. Além disso, serviu para abrir algumas portas que mais tarde deu-nos a possibilidade de estar neste momento a gravar o nosso álbum de estreia. Vi no youtube alguns vídeos de concertos que já realizaram. Qual é, para vocês, a sensação de estar em palco? A melhor possível. E nisto, acho que falo por mim e pelo resto do pessoal. Claro, é importante e recompensador todo o tempo que passamos juntos a compôr, a montar um tema ou a organizar ideias, e tudo o que envolve o processo de criação. Mas nada bate a sensação de liberdade e adrenalina que é subir a um palco e tocar para alguém. E quando percebemos que o público está contigo, que cantam as letras, que fazem headbanging, que vibram tanto ou mais do que tu em cima do palco… todo o esforço, chatices e todos aqueles problemas que se passaram para chegar ali parecem insignificantes comparados com a sensação de dominar um palco. O que pretendem alcançar com os concertos que dão? Primeiro que tudo, gozo pessoal. Só assim vale a pena tocar para alguém. Se há coisa que me irrita especialmente em algumas bandas, embora felizmente sejam apenas algumas excepções, é sentir


myspace.com/enchantya que um músico ou uma banda estão a fazer um frete em cima do palco. É quase obsceno, tendo em conta que muitas outras bandas dariam tudo para terem a mesma oportunidade para tocar. Mas de certa forma, o concerto é o ponto alto do trabalho. Mais do que gravar, compôr… o que no fim conta a sério, é a experiência de se tocar ao vivo. É a perfeita união com os fãs ou com alguém que simplesmente está a gostar de ouvir. Não há melhor cartão de visita duma banda do que os fãs verem e apreciarem um concerto. Reparei que a Rute tem uma voz bastante melódica e cativante. Existem pessoas que “nascem a cantar” e outras que aprendem a cantar. Qual destas opções se aplicou a ti? Respondendo pela Rute, e conhecendo-a bastante bem como conheço, o caso dela é que nasceu para cantar. Não é daquele tipo de cantoras que se meteu nisto pelo estilo ou pela pinta de estar à frente duma banda, ou outro motivo fútil qualquer. Sempre cantou desde pequenina, e sem grande formação académica do ponto de vista de quem canta, consegue usar a sua voz duma forma quase única, conseguindo oscilar dum registo de voz melódica quase operática para um gutural profundo e masculino. Não tenho a mínima dúvida que nasceu para cantar. Quando poderemos ver novidades musicais da banda? O mais breve possível! O álbum está perto de estar terminado, e depois de limar algumas arestas do ponto de vista do lançamento, editoras, dis-

tribuição, deverá estar cá fora lá para o Outono, correndo tudo como esperado. Entretanto, contamos igualmente voltar aos palcos em breve, e fazer algumas datas como ‘aquecimento’, antes mesmo do CD estar cá fora. Quais as expectativas para o futuro? Julgo que são comuns a quase todas as bandas que andam por aí. Depois deste álbum sair, obviamente não ficar por aqui e partir para um segundo, terceiro… vigésimo quarto… Importa é não parar e continuar sempre a evoluir, como músicos e como banda principalmente. Além de gravar, que são sempre jornadas enriquecedoras e de aproximação entre nós todos, tocar ao vivo é sempre importante. Portanto, esperamos e perspectivamos muitos e muitos concertos aqui e além fronteiras, e que nos deixem ir até nos for possível ir… Entrevista: Cátia Cunha Fotos: Enchantya


«The Rising» foi uma excelente escolha para tema de apresentação do vosso álbum de estreia. Como se deu a composição do mesmo? Foi algo complexo? Valter: Não foi complexo. A composição da música foi uma evolução natural da banda, na altura foi o curso natural das coisas. Bill: Sim, é verdade, foi também o primeiro tema mais “mainstream” que tivemos após mudarmos um pouco o nosso estilo. Depois dos anúncios do lançamento do vosso álbum, proporcionou-se a gravação de um vídeo e uma tour por terras espanholas. Vamos por partes: como foi a experiência de gravar um vídeo musical? É fácil ter uma camara como público? Irina: È bastante estranho devo dizer! Todo o processo das filmagens foi algo novo para nós, pois nunca tínhamos estado em frente a uma camara num sítio no meio do nada.. Até me senti uma verdadeira Rockstar (risos). Ora, todo o processo de parar para retocar maquilhagem, recompôr o cabelo, etc, isto durante muitos takes, pois o Valter não se conseguia manter sério um minuto (risos). Penso que falo em nome de todos quando digo que foi bastante divertido mas também muito cansativo. A voz da Irina é espectacular. Adoro ver uma voz feminina numa banda de Metal. Como se deu a presença dela na formação dos Mind Overflow? Bill: Bem... pelo que sei a Irina saiu numa promoção quando o Diogo andava às compras pelo hipermercado (risos).

Mas para te ser sincero Joel, queráamos uma vocalista e queríamos ser diferentes do que se vê hoje em dia. Diogo: E a Irina foi uma escolha natural já era nossa amiga de longa data. Irina: Ei.. Ei.. Promoção?? Hipermercado?? (Risos) Vocês até me acharam a melhor coisa que vos aconteceu naquela altura! Atenção que tenho gravações como provas! (Risos). Quanto à tour em Espanha, qual é a sensação de tocar num país que não Portugal? É a mesma coisa? Bill: A sensação é muito boa Joel, quando vais para outro país mostrar o teu trabalho e no fim de o mostrares tens pessoal a perguntar onde o pode adquirir porque gostou bastante, é uma sensação muito reconfortante. De início, os Mind Overflow eram só compostos por baixo e bateria. Como é que chegaram ao que conhecemos hoje da banda? Tiveram necessidade de constituir o line up habitual em vez de se aventurarem por outros caminhos? Bill: Bem Joel, tudo tem a sua evolução e nós não somos excepção à regra... e ainda bem. No início o Diogo tinha em mente a ideia de construir um projecto experimental, mas em consequência das nossas influências e do rumo que queriamos dar aos Mind Overflow inevitavelmente chegou-se à formação que temos hoje.. Irina: Aliás, o projecto começou a mudar com a entrada do Bill como guitarrista, seguido de mim nos Vocais e do Valter na Bateria. Assim chegamos ao Line-up que temos hoje! Valter: Epa oi.. o que é um line up?

(Risos Gerais) O som que praticam é bastante melódico. Tenho sempre curiosidade em saber como se dá o processo de composição das bandas. Como é o vosso? Como é o ambiente dos ensaios? Irina: Bem.. o processo criativo normalmente surge com uma malha, normalmente feita pelo Bill, ou de “encomenda” vá.. eu explico-lhe/mostro-lhe por alto as ideias que tenho para a voz e ele trata de construir uma base. A partir daí, tudo se desenvolve nos ensaios e todos contribuíem para o processo criativo. Já se depararam com alguma situação menos boa nos vossos concertos? Valter: Infelizmente já. Lembro-me que na Quinta do Conde não chegámos a subir ao palco e ainda nos atiraram pedras para o mesmo, devido à má organização do concerto, pois eram para actuar umas crianças antes de uma banda de metal (nós) a dançar a Floribela. Óbvio que quando os papás irados chegaram houve confusão.. (risos) mas como sempre digo, tudo é experiencia e é bastante bom por vezes levar “Baldes de Àgua fria” destes. Aprendemos muito ao longo deste tempo. Que podemos esperar dos Mind Overflow para este ano? Bill: Este ano acabámos finalmente a construcção do nosso estúdio, o “Garage Estudio” juntamente com o nosso Produtor o Carlos Medeiros, por isso este ano é aqui que passaremos grande parte do nosso tempo a preparar o já tão anuciado álbum de estreia. Irina: Sim! este ano teremos o nosso menino cá fora.

Entrevista: Joel Costa Fotografia: MIND OVERFLOW

Numa pesquisa pelo YouTube, deparei-me com este excelente projecto musical, ao ver o vídeo da música «The Rising». A voz feminina e a bem-conseguida linha de bateria foram as coisas que mais me cativaram e me fizeram contactar a banda para a entrevista que podem ler aqui:


myspace.com/soundafterhate

A entrevista com os After Hate foi a primeira a ser filmada, pelo que poderão ver a entrevista completa no nosso site, dia 9 de Agosto. Foi uma experiência bastante positiva, não só transformar a conversa num meio audiovisual, mas estar pessoalmente com a banda a falar não só de After Hate mas de música no geral. Uma banda bem disposta e divertida que se encontra em plena expansão e ainda dará muito que falar. Acreditem em mim! Como surgiu a ideia de criar o projecto? Vocês já se conheciam todos? Miguel: Já, eu sou irmão ele (Ricardo). (risos gerais). Bruno: Estes gajos, o Miguel, o Luís, que não está aqui e o Manel, que era de outra banda nossa, começamos a tocar e a ensaiar e eu apareci lá por arrasto. Entretanto a banda acabou e eu e o Miguel ficamos desempregados, depois o fundo de desemprego acabou e começamos a dedicar-nos a After Hate. Vocês lançaram um EP em 2008. Dado que possuem diversos temas, foi complicada a escolha das músicas a figurar na tracklist? Marco: Era o que havia (risos gerais). Bruno: Na altura que começamos a gravar não tínhamos muitas mais. Miguel: Eram as mais fáceis, mais especiais... Bruno: Eram as primeiras! Nós tínhamos pouco tempo quando começamos a gravar aquilo. O trabalho de estúdio foi algo complicado? Miguel: Foi um bocado porque tínhamos pouca disponibilidade de ir para lá (Dark Studio dos Anonymous Souls), ficava no cu de judas... Bruno: Cu de judas... à esquerda! Marco: E não ficou feito à primeira. Bruno: Não foi complicado. Foi demorado. Foi só aquele senão de gravar a bateria em formato digital, porque queres acrescentar uma coisa ou outra e torna-se difícil. Foi demorado. Quando tocaram no Art7 o Marco confessou-me que antes de subir ao palco sentia o estômago às voltas. Isso é comum em todos ou acontece só a ele? Bruno: Padecemos da mesma doença. Miguel: O Bruno vai para aí 30 vezes à casa de banho com os nervos urinar. Para quando um trabalho completo? Bruno: Quando o porco tiver cheio!

Miguel: Quando o Benfica for campeão! Bruno: Então pronto, é para o final deste ano! Pretendem disponibilizar o vosso próximo registo para download como fizeram com o EP ou pretendem vendêlo? Miguel: Não, não. Eu pelo menos não penso assim. Bruno: Nem o EP fizemos com a intenção de vender. É mesmo para divulgar, dar a amigos... Raramente o pusemos à venda e quando o pusemos não tivemos sorte nenhuma (risos). E a nível de influências? Bruno: Vemo-nos muito no género de Metal mais antigo. Somos mais influenciados por sons mais old school. Claro que há novos projectos que são muito bons mas continuamos a dar mais valor aos verdadeiros. Nós ouvimos muita coisa diferente mas não nos vemos tanto na cena hardcore ou aquele som mais recente tipo metal-core. Gostamos de... Marco: Tokyo Hotel... Ricardo: Já estragaste a entrevista toda (risos)! O que podemos esperar de After Hate a curto prazo? Marco: Nada (risos gerais). Bruno: Acho que nós é que estamos à espera. Estamos queríamos gravar mais qualquer coisa porque, volto a dizer, o EP está um bocado desactualizado relativamente ao tipo de som que fazemos agora. Miguel: Queríamos gravar algo também com o novo guitarrista (Marco)... Marco: Até porque as nossas novas músicas já não se enquadram muito bem com aquelas que temos no EP. Acho que estamos a ir para uma cena diferente. A evolução que tivemos não é perceptível no EP. (Continua dia 9 de Agosto, online.) Entrevista: Joel Costa


No dia 10 de Julho, dirigi-me à «SALA A», em Vigo, Espanha, para assistir a um concerto da banda liderada por Max Cavalera, Soulfly. A banda de abertura surpreendeu-me pela positiva e superou qualquer expectativa que criei em torno de um nome, na altura, desconhecido. Originários de Pontevedra, os Dismal são hoje um nome que não vou esquecer, pois terei sempre comigo a recordação do fabuloso concerto que proporcionaram e da extrema qualidade e criatividade que mostraram a mim e a todos os presentes na «SALA A». Falei com Jose Barros, o vocalista deste colectivo que ainda vai dar muito que falar. Os Dismal foram a primeira banda de Metal Espanhol que ouvi e depois do concerto na Sala A, em Vigo, fiquei bastante surpreendido. Como é a cena de Metal em Espanha? Há muita diversidade? Olá. Primeiro, gostaria de agradecer pelo vosso interesse na banda. Sobre as bandas Espanholas, sempre houve muitos grupos novos, mas creio que o maior problema é a falta de um caminho próprio a seguir, e não copiar as bandas que vêm da Europa ou América. Há ainda o factor de muitas delas cantarem em Espanhol, pois é mais difícil que sejam ouvidas fora do país. De qualquer maneira, há muitas boas bandas de Metal. Mas o melhor é que cada um as descubra por si mesmo. Creio que tocar com Soulfly é algo impressionante. Tenho razão? É sempre emocionante tocar com bandas que admiras e das quais és seguidor. Contudo já temos tocado com muitas bandas internacionais, pelo que já não é uma coisa nova. Como surgiu o convite para tocar com os Soulfly? Simplesmente foi o nosso manager que chegou a um acordo com o gerente da Sala A, que já nos conhecia. A presença do teclado é algo essencial para o vosso projecto. Faz-vos diferentes e bastante bons. O teclado sempre esteve na vossa mente na altura da criação da banda?

Eu sempre gostei de música com muita atmosfera, tanto que desde a nossa primeira gravação, comecei a inserir teclados nos temas e decidimos continuar a fazê-lo, já que nos permite explorar sons que com as guitarras não poderíamos. Reparei que possuem algumas influências de Punk, certo? Sim (risos). Realmente temos uma atitude um pouco punk, já que andamos desde pequenos pela rua em busca da vida. Musicalmente também ouvimos grupos de punk Espanhol. Eu sempre ouvi muito Slayer, que para mim é um grupo metaleiro mais punk. Os Soulfly comentaram o vosso concerto? Nos camarins o baixista veio-me dar os parabéns e disse-me que gostou muito da nossa actuação e que tínhamos muita força. Também disse que queria voltar a tocar na Europa para poder tocar connosco. Como escrevem os vossos temas? O produto final é algo fácil de se alcançar? Cada um terá o seu método. Para mim, o mais importante, é a essência como criação única que tem que ter cada música. Simplesmente há que se deixar levar e escutar o interior de nós mesmos e deixar sair o que sentes de verdade. Depois é só questão de moldar um pouco isso

e já está. Também depende da inspiração que tens no momento em que estás a trabalhar numa música. Sobre as letras, só escrevo se tiver algo para dizer, se não prefiro não fazer nada. Têm algum plano para o futuro? O primeiro, é tocar o máximo possível. Também temos bastantes temas novos e gostaríamos de poder gravá-los. Mas é algo que está no ar, pois de momento estamos sem editora. Para concluir a nossa conversa, há algo que queiras dizer aos fãs de Dismal de Portugal? Porque nesse dia foram alguns Portugueses ver-vos a abrir para Soulfly. Muito obrigado pelo vosso tempo e iremos a Portugal quando tivermos a oportunidade, já que para nós é um sítio muito especial.

Entrevista: Joel Costa Fotografia: DISMAL

Os Dismal irão actuar nos Açores, na Ilha Terceira, no «Angra Rock 2009». Uma banda a não perder se tiverem a possibilidade de assistir ao concerto.


Dense Red Drops é um grupo proveniente da Ucrânia. Sinónimo de Hardcore, este colectivo Ucraniano esteve à conversa com a Versus Magazine, na voz de Jimmy, o guitarrista da banda. Chegar aos «Dense Red Drops» não foi difícil. Escolhemos um país através de sorteio e foi das bandas que mais nos chamaram a atenção. Conheçam-nos aqui.

Vocês foram a primeira banda Ucraniana que a nossa equipa ouviu. Como se encontra o estado do Metal no vosso país? Todos os anos aparecem bandas de Metal na Ucrânia. O método da gravação de som tem uma nova qualidade surpreendente. A vossa música é muito hardcore. Que influências possuem? Gostamos de bandas como: As Blood Runs Black, Attack Attack!, In Fear And Faith, Parkway Drive, Protest The Hero, The Devil Wears Prada, All Shall Perish, Killswitch Engage, Winds Of Plague, Veil Of Maya, Settle The Sky, In Flames, Blessthefall, Chiodos, A Day To Remember, Dance Gavin Dance, Underoath, Drop Dead, Gorgeous, The Medic Droid, A Skylit Drive, From First To Last, and I See Stars. A formação dos Dense Red Drops foi sempre a mesma? Como é que vocês se conheceram? Os nossos membros encontram-se a mudar. Inicialmente conhecemo-nos na escola. Quatro de nós estudaram juntos. Os outros conhecêmo-los pela internet. Actualmente somos constituídos por: Mike na voz, eu na guitarra , Stitch na guitarra e segundas vozes, Seth nos teclados e na voz, Kirill no Baixo e The King na bateria.

De momento encontram-se a gravar um álbum. Como vai ser? Podem-nos dizer o que têm em mente? Vai ter muita diversidade. Irá englobar muitos estilos de músicas e vai soar algo com mais técnica. Quando ouvires o álbum vais pensar em coisas diversas como “Estou numa pista de dança?” ou “Chegou a minha hora?” (risos). Quando é que teremos a possibilidade de ouvir o vosso disco? Terão a possibilidade de ouvir o nosso álbum no Outono deste ano. Não temos uma data definida ainda. Este disco será algo novo e explosivo e deverias ouvi-lo! Pelo que pude constatar, vocês não cantam na vossa língua-mãe. Porquê o Inglês? Cantar em inglês deve-se ao facto de ser uma língua muito mais internacional e as pessoas de todo o mundo conseguem entender as nossas músicas. Como é que vocês são ao vivo? Apresentam muitas diferenças entre tocar ao vivo e tocar em estúdio? Alguns de nós encontram-se a estudar na universidade, mas alguns de nós trabalham no duro. Todos nós trabalhos para juntar dinheiro para a gravação do álbum pois não temos qualquer tipo de patrocínio ou apoio. Não temos grandes

diferenças a apontar entre tocar ao vivo e em estúdio, mas damos bons concertos em palco. Do you know any metal band from Portugal? Não, não conhecemos. Mas vamos tratar disso! (risos). Para concluir, há algo que queiram dizer aos leitores Portugueses? Se têm um sonho, devem persegui-lo! Porque quando envelhecem, têm uma esposa ou um marido amoroso, filhos pequenos, um trabalho bem pago, tudo isso vai ser aborrecido. Vão olhar para trás e fazer a pergunta inevitável para vocês mesmos: “E se...?”.

Entrevista: Joel Costa Fotografia: DENSE RED DROPS


Marco Rosa, violinista dos Ashes e baterista dos X-Tigma, foi considerado pela nossa equipa, o músico do mês. Conversamos um pouco com este músico multifacetado e descobrimos um pouco mais sobre a arte de tocar violino. Os espectadores estão habituados a ver uma banda onde existe um baterista, um ou mais guitarristas, um baixista e um vocalista e nos Ashes és o violinista. Porquê o violino? Porquê? Ora, porque é o instrumento que toco, pois claro (risos). Falando a sério, a minha entrada na banda surgiu através de um convite do Ricardo, na altura baixista da banda. Isto por volta de finais de 2003, inícios de 2004. Embora alguns elementos também “curtissem” a ideia, ainda não tinha sido posta em prática. O meu primeiro ensaio à experiência fez crer a todos os elementos da banda que este tipo de mistura clássico/alternativo ficava muito bem. E assim, juntei-me à banda e por lá continuo. Com quantos anos começaste a tocar? Com seis/sete anos de idade. Já ouvi muitas vezes dizer que o violino é um dos instrumentos mais complicados de se aprender a tocar. É verdade? Quanto tempo demoraste até começares a tocar “bem”? Sim, é verdade e deve-se ao facto de, entre outras coisas, o violino não ter trastes como uma guitarra ou um baixo. Por exemplo, um espectáculo ao vivo implica ao violinista “apanhar as notas” de ouvido, enquanto para outros instrumentos essa tarefa já está facilitada. Sem ouvido, é impossível aprender a tocar violino; com outros instrumentos não digo que seja fácil, mas não é impossível. Quanto tempo demorei até tocar “bem”? Ora bem, isso já depende do que se considera “bem” (risos). Não sou nenhum “pró”, apenas tirei o Quinto Grau de Violino. Há por aí muitos violini-

stas com curso superior que tocam muito melhor que eu certamente. Mas acho que estudar o instrumento desde os seis aos catorze anos já deu para aprender umas coisinhas (risos). Quais as principais técnicas para ser um bom violinista? Para se ser um bom violinista é necessário essencialmente estudar muito. Muitas horas por dia. Não parar de tocar é fundamental. Depois de ter dito isto não me considero mesmo um bom violinista (risos). Qual a diferença entre o violino acústico e eléctrico? Para além da óbvia (um é acústico e o outro é eléctrico (risos)), o violino eléctrico permite uma melhor captação de som e a adição de efeitos. Com o acústico torna-se mais complicado. Mas o som de um acústico é bastante mais puro. Tens alguma influência de violinistas? Gosto bastante de Nicolo Paganini, é um génio. Também sempre me senti bastante influenciado por Nuno Flores (Corvos). O facto de me ter dado aulas fez-me ver o violino numa perspectiva mais alternativa. Mas tenho bastante mais influências sem ser necessariamente violinistas, que vão desde Bob Marley a Goa Gil, ou Max Cavalera a Kurt Kobain, Beth Gibbons a Bjork, enfim, músicos com muita alma e “feeling”. Normalmente quando vejo alguém a tocar violino vejo bastante movimento, quase como uma dança. Existe sempre uma forte transmissão de vontade e amor pelo instrumento.

Quando tocas, qual é a sensação? Sensação? Puro transe. Nos Ashes tocas violino, nos Xtigma tocas bateria e ainda és DJ. São três coisas algo diferentes. Qual é a tua preferência? Não consigo escolher uma preferida. Gosto de todas por igual. Fazem parte de mim e não consigo viver sem elas. Por isso, que “ venha o diabo e escolha” (risos). Algum conselho para quem estiver disposto a aprender a tocar violino? Muita força de vontade na fase inicial. Pois nessa altura, o violino nem parece um instrumento, parece uma máquina de fazer ruído irritante (risos). Depois claro, como todos os outros instrumentos, nunca parar de tocar. Entrevista: Cátia Cunha Fotografia: MARCO ROSA “Bom, sobre o meu instrumento… que hei de dizer (risos). Para começar, é um instrumento de cordas, 4 cordas, sendo elas da mais grave para a mais aguda, Sol, Lá, Ré e Mi (tal como o cavaquinho). A produção do som é feita através de um objecto chamado arco (que faz lembrar os arcos dos índios, mas mais pequeno (risos)), composto por uns “fiozinhos” extraídos de crina de cavalo a que se dá o nome de cerdas, que em contacto com as cordas do violino produz som. Ao contrário do cavaquinho ou guitarra, o braço do violino não contem trastes, o que obriga o músico a saber as notas de ouvido de modo a não desafinar. E bom, não sei mais que diga, a não ser que gosto muito do instrumento que toco, e aconselho a experimentarem, sem medo (risos).”


ASSASSINNER Other Theories Of Crime EP 2008 «Other Theories Of Crime» dá-nos três temas directos e crus. Um Trash Metal sem precedentes que chega aos nossos ouvidos como algo vindo de outro Mundo. A versatilidade está presente em todos os três temas do EP. Uma excelente aposta e um nome a ter em conta AFTER HATE After Hate | EP 2008 Acreditem quando vos digo que After Hate é um monstro em crescimento. O EP, intitulado com o nome da banda, peca apenas pela curta duração que apresenta. São quatro temas, que ainda assim, nos parecem novos cada vez que os ouvimos. Já tive a oportunidade de os ver ao vivo e acredito THE9THCELL Unlock | EP 2009 O espaço de texto que disponho para escrever é demasiado curto para falar de The9thCell e do EP «Unlock». Para quem já conhecia os trabalhos anteriores do mentor, David Pais, conheceu com «Unlock» uma nova presença e uma nova força indestrutível que nos encanta de uma forma bastante ASHES Ashes | EP 2007 O EP já não é muito recente, mas é tão viciante e bem construído que é impossível deixá-lo de lado, apenas porque tem quase dois anos de existência. Não é gratuito, mas vale a pena adquiri-lo pela modesta quantia a que está à venda. «Ashes» tem tudo: uma voz incomparável, um violino dramático que

para o futuro. O registo é curto mas é saudável. Em momento algum ficamos à espera de mais, pois aquilo que os Assassinner nos mostram, é o suficiente para ficarmos de barriga cheia, pelo menos por algum tempo. A qualidade de gravação é que podia ser melhor, mas talvez sejamos recompensados num trabalho que venha a ser desenvolvido pos teriormente. Uma banda

merecedora de toda a nossa atenção. Procurem-nos e deixem os Assassinner fazer parte das vossas vidas.

que tenha sido bem complicado chegar a um consenso final sobre quais os temas que iriam integrar o EP. Tem qualidade, tem presença, tem ritmo, tem futuro! Este colectivo de jovens proveniente de Ovar, pode orgulhar-se do resultado final de «After Hate» e do que alcançou com o lançamento do mesmo. Um registo imperdível, de criar água na boca e chorar por mais. Não

sei para quando virá um registo completo, mas não serei o único a desejar que seja para breve. Sem dúvida que a banda chegará longe, desde que mantenha ou supere a genialidade deste EP. Um disco a não perder!

complexa e inimaginável. A parte instrumental é autêntica e invejável, assim como a voz que preenche os instrumentos, todos eles tocados por David Pais. Este EP é sinónimo de liberdade, até porque foi lançado no dia 25 de Abril, o que não terá sido coincidência nenhuma. «Unlock» é um preview daquilo que será o próximo full lenght the The9thCell, ainda sem data marcada de lan-

çamento. Com este registo podemos ter uma noção daquilo que nos espera: algo intenso, directo e ao mesmo tempo complexo, que irá deixar uma marca inapagável na nossa memória. O EP encontra-se disponível para download gratuito, pelo que digo que não ouvi-lo, é um crime imperdoável.

cria as mais belas melodias que podemos imaginar, guitarras que distorcem até à exaustão, um baixo marcante e incontornável e uma bateria que actua sem cessar. Considerado por muitos como o melhor trabalho underground de 2007, opinião essa que eu possuo de igual forma, «Ashes» é um EP de oito temas que nos dá uma melhor percepção da vida. As letras são bem construí-

das e os temas abordados dizem-nos sempre algo de novo. Resta-me agora esperar pela chegada de um novo disco dos Ashes, que ao que parece, está para breve. Fiquem atentos e juntem uns trocos para comprar o álbum. Não se vão arrepender!


HEADSTONE Within The Dark EP 2009 HEADSTONE é um projecto único que marca um impacto estrondoso pela sua versatilidade. A banda prova que consegue fazer de tudo um pouco com rigor e muita criatividade. A qualidade do EP está muito próxima da perfeição, quer em termos de produção, quer ANONYMOUS SOULS Agony | 2009 «Agony» é o segundo trabalho dos Anonymous Souls, que vem dar continuidade ao registo anterior, editado no “longínquo” ano de 2005. Uma mudança de vocalista foi o suficiente para atrasar todo o processo de gravação, uma vez que a voz teve que ser re-gravada na sua totalidade. Este álbum marca ENDAMAGE Apotheosis | EP 2008 Arrisco dizer que «Apotheosis», o EP de estreia da banda proveniente de Braga, foi um dos melhores EPs de underground a ser lançado em 2008. A construção de todos os temas é cuidada e impecável. O profissionalismo é de admirar visto que a banda é jovem e não deve ter muita experiência de es-

no grafismo do mesmo. Os temas assemelham-se um pouco ao que o metal característico de «Bay Area» nos deu a conhecer., não se limitando, no entanto, às influências das bandas que tão bem conhecemos. Em «Within The Dark», a banda procura mostrar o seu profissionalismo e um espírito perfeccionista, o que não é de admirar visto que alguns membros da ban-

da já andam no mundo da música há vários anos. É um registo discográfico, com temas muito bem construídos. Uma banda em expansão que cria as melhoes expectativas possíveis quanto a um futuro álbum. Um dos melhores que passou pelas minhas mãos nesta edição.

pela diferença, uma vez que tem algo que, nos dias de hoje, não é muito comum: teclados. As melodias que acompanham as guitarras eléctricas e a voz são maravilhosas e assentam como uma luva neste álbum. A presença de um teclista no grupo é, sem dúvida alguma, uma mais-valia para a banda, que vê em «Agony» um trabalho repleto de qualidade e riffs poderosos.

Um trabalho longo e apaixonante com o qual não devemos ficar indiferentes. A banda, que na minha opinião superou em larga escala o trabalho anterior, tem agora uma excelente oportunidade de subir uns valentes degraus no patamar musical Português.

túdio. Apesar disso, os Endamage mostram-nos que não andam aqui a brincar e que procuram estabelecer-se no panorama musical Português como um projecto sério e a ter em conta. «Apotheosis» maravilhoume em todos os sentidos. Tem em «The Search For Redemption» um dos mais poderosos temas de Metal que alguma vez ouvi na vida. «Aeons» não lhe fica

nada atrás, assim como o quarto e último track do EP, «Of Truth and Wisdom». Um registo perfeito, que me cativou a atenção de início ao fim e um dos meus favoritos de sempre. Uma banda revelação que merece toda a nossa atenção e acompanhamento. Este registo encontra-se à venda pela modesta quantia de 4€. Vale bem a pena!

TOP 10 catia cunha editora 01 Scar for life The bleeding Gun 02 ashes mind down 03 nameless the overcome 04 headstone will it take madness 05 after hate blood tears

06 crossfire stormin a sunny day 07 Hyubris fadas 08 desert mind down 09 eak flapem 10 wako eternal spiral


Mind Overflow - «The Rising»

Um excelente tema com um bom suporte audiovisual a acompanhar. Um dos melhores das escolhas para este mês. Um vídeo com ritmo, marcante pelos efeitos de pós-produção, que fazem com que o vídeo tenha um sabor bem especial. Tags: mind overflow the rising

Headstone - «Will It Take Madness?»

O vídeo é simples mas não deixa de estar interessante. São filmagens curtas e directas dos membros da banda sob um fundo escuro. O único problema é o atraso entre a imagem e o som, que não ficou bem coordenado. Vale a pena ver nem que seja pelo excelente tema vocalizado por uma das vozes mais sonantes do Underground Português. Tags: headstone will it take madness

Cycles - «World Of Sand»

Mais um vídeo com algumas figuras já conhecidas de Headstone. O vídeo apresenta algumas imagens de guerra, juntamente com uma actuação ao vivo da banda. Um tema de criar água na boca onde podemos testemunhar uma actuação exímia da parte da banda. A não deixar de ver. Tags: cycles world of sand

Civic - «Running With Scissors»

De todas as nossas escolhas, este vídeo é o único que realmente nos conta uma história, que para ser compreendida necessita de ser vista. Uma performance musical surpreendente com um bom vídeo, feito por estudantes, a acompanhar. Algo a ser visto! Tags: civic running with scissors


concertos 10 de Julho de 2009 DISMAL + SOULFLY Sala A - Vigo, Espanha Pela segunda vez, tive a oportunidade de ver a banda liderada por Max Cavalera, Soulfly. Desta vez fora de Portugal, em Espanha. O espectáculo começou com Dismal, uma banda proveniente de Pontevedra, Espanha. A banda de abertura superou todas as expectativas que criei em torno deles. Bem dispostos e sempre a puxar pelo público, conseguiram o que muitas bandas de abertura infelizmente não conseguem em Portugal: cativar um público que anseia pela chegada de alguém maior. A presença de teclados neste projecto faz a banda assemelhar-se a algo como Fear Factory, o que resulta em algo bastante complexo, bem construído e ao vivo é maravilhoso! A banda, que ora cantava em Inglês, ora cantava em Espanhol, deu entrada a Soulfly sem antes se despedirem com um dos melhores temas que causou uma revolução na audiência «Vivo Aparte!». Eis então que chega o mo-

mento esperado da noite. A introdução de «Blood, Fire, War, Hate» invade as instalações da Sala A, o público vai ao rubro e daí até ao final da noite foi uma devastação total. Max Cavalera procurou sempre comunicar com o público, sendo que a presença mais calorosa, como já se tem tornado habitual, é a do baixista Bobby Burns. Apesar de os Soulfly serem uma grande banda com um histórico invejável, continua a ser notório o ponto alto dos concertos, que é nada mais nada menos, quando Max anuncia algum tema dos Sepultura. Quem conhece a Sala A sabe que não existem as condições necessárias para se fazer bom Mosh, quanto mais um já habitual «Wall Of Death». No entanto, o público desfrutou do espectáculo à sua maneira e teve o prazer de ver um dos melhores guitarristas do Mundo a fazer a sua arte. Marc Rizzo conseguiu pôr a plateia em silêncio, sinal de respeito, para ouvir algum Flamenco. Como todas as coisas boas, acabou rápido de mais.


23 de Julho de 2009 NOIDZ + MOONSPELL Maiact - Maia, Porto Ver Moonspell ao vivo vale a pena nem que seja para tomar conhecimento dos seguidores que a banda tem. Mas comecemos pelo início. Noidz abriram este dia do festival e desde logo puxaram por um público, no qual a sua maioria, era a primeira vez que via este projecto. Noidz tem ritmo, tem atitude, tem técnica e tem personagens altamente contagiantes, que nos captam toda a atenção. Temas como «Sonic Boom», «Root Sounds From Earth» e a inesperada cover de Marilyn Manson «The Beautiful People», foram os temas que mais cativaram a atenção do público e o fez manifestar de modo a fazer um aquecimento para a banda que viria a seguir. Moonspell deitaram, literalmente, a casa abaixo. As instalações encheram de um modo impressionante e foram muitos os que não conseguiram entrar e ficaram lá fora, à espera de uma oportunidade de ver Fernando Ribeiro e companhia. Tocaram vários temas de «Night Eternal» que fizeram o público saltar, gritar e rodopiar num salgueiral de mosh nunca antes visto. É certo que o recinto era grande e o concerto foi gratuito, mas a quantidade de público que se juntou para ver Moonspell foi assustadora. Não se viu um espaço vazio em toda a imensa multidão. Foi surpreendente ver um projecto Português chegar a este nível e lamento apenas que o público não tenha pedido um Encore da parte dos Noidz, pois imediatamente após a última música, gritaram desalmadamente por Moonspell, que devido à excelente decoração e meios audiovisuais que acompanharam a banda de Ivo Conceição, demoraram a ter um palco à sua medida e a proferir as canções que o público tanto ansiou por ouvir. Foi lindo de se ver. Comentários: Joel Costa

Fotografia: Cátia Cunha


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