Versus Magazine #35 Junho / Julho '15

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BY

FIRE

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A F I N A C, O ES

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R E P ORTAGE M :

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ENEM Y

Nยบ 35 Jnnho / Julho 2015

TRI AL

BTBAM BETWEEN THE BURIED AND ME

UM COMA COMO MAIS NENHUM MAIS

PARADISE LOST WEB VIRGIN STEELE DEATH ALLEY BONJOUR TRISTESSE

ESTADOS ALTERADOS





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D IR E C Ç Ã O

DEVOÇÃO… E VOA! M a i s u m a e d i çã o d a V E R S U S , co m gr ande e s f o r ç o e d e d i ca ç ã o a e sta c a u sa. Por entre a lg u m a s d i f i c u l d a d es c á e sta mos par a vos a pre s e n t a r u m a mão c h e i a d e e n trevistas, a r t ig o s e o p i n i õe s so b re o q ue m elhor se passa n a c e n d a m e ta l ei ra , i nte r na c i on al e nacional. O s BT BA M f a ze m a c a p a c o m o álbum a ser e s t re a d o n o di a 7 d e Ju l ho . E m gr ande destaque t e m o s t a m b é m p ara vo s o fe rec e r um a excelente e n t re v i s t a d e D a vi d D eF e i s d o s Vir gin Steele e do s P o r t u g u e se s WE B . A ce rca d o m etal nacional é c o m a g r a d o q ue ve j o mui tos músicos e bandas a a p re s e n t a rem o se u trab al ho p ar a divulgação e pro m o ç ã o à V E R S U S . A l g un s vão sem resposta po rq u e n ã o t emo s te mp o p ara tu do, fazem os o qu e p o d e m o s mas o n o sso p essoal é pouco – por iss o e s t a m o s à p ro c u ra d e c o l ab or adores. Desde já p e d i m o s d escu l p a p or nã o c o nseguir abarcar t o do s o s p e d id o s, n ó s sa b emos que é im por tante e u m a f o r m a d e moral i za r o p essoal que tanto t ra b a l h a e m p rol d a músi ca . A V ERSUS conta c o m a l g u m a s co l ab oraç õ e s p aralelas e desde já o n o s s o a g r a de c i me n to a o Mi g uel Ribeiro e Nuno Ka n i n a . D e v o l ta à c o l ab oraç ã o está, tam bém , Er n e s t o M a r t in s, fi l h o p ró d i g i o d esta “casa” – u m a g r a d e c i m en to mui to e sp ec i al. Falta um m ês pa ra o Va g o s O p e n A i r, o mel ho r festival por t e rr a s l u s a s , e ste a n o c o m um excelente car taz e a lg u m a s e s t rei as a b sol uta s. A n ão perder ! \m / Eduardo Ramalhadeiro

Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins

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Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Ernesto Martins, Hugo Melo, Jorge Ribeiro de Castro, Ruben Chamusca, Paulo Guedes, Victor Hugo, Miguel Ribeiro (Hintf) e Nuno Kanina (Hintf)

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I´ N D I C E Nº33 JANEIRO / FEVEREIRO 2015

38 CON T EÚ D O 08 09 12 14 17 34 56

N O T Í C I A S V E RS U S T R I A L B Y F I RE AFINAÇÕES D AV I D FI T T MOSH IGNORÂNCIA G EO R G E K O L L I AS

10 18 20 26 30 32 36 42 46 50 52 54 58 60

BETWEEN THE BURIED AND ME UM COMA COMO MAIS NENHUM

ABNORMAL THOUGHT PATTERNS

A D H O MI NEM B O NJ O U R TR IS TES S E D EATH A LLEY K EN MO D E KHAOS DEI MYTHOLOGICAL COLD TOWERS

WEB R O TEM S ATU R NIA N MIS T S H A P E O F D IS PA I R SP EED EMO N TALES FOR THE UNSP O K EN

VIR G IN S TEELE

2 2 FLA S H R EV IEWS 6 4 A LB Ú M D O MÊS # ATP -

Altered States of Consciousness

6 1 C R ITI C A V ER S US 6 7 P LAY LIS T V ER S US 7 0 LI V E V ER S U S # # # # # #

Arch Enemy Blame Zeus Web Satanic Warmaster Aesthetics of Hate Thrashing Iberia 7 / VERSUS MAGAZINE


NOTICIAS

YES

STEVEN WILSON O MESTRE EM PORTUGAL

O ROCK PROGRESSIVO FICOU MAIS POBRE

Como indiscutível figura de proa e homem dos mil talentos do rock progressivo moderno, o britânico STEVEN WILSON já tem pouco a provar e, ainda assim, o seu quarto álbum solo afirma-se como uma aconchegante reafirmação dos valores base que têm dominado a sua carreira desde que, no final dos anos 70, começou a fazer música. Em contraste com as histórias de fantasmas vitorianos exploradas no muito elogiado «The Raven That Refused To Sing (And Other Stories)», editado em 2013, a novidade «Hand. Cannot. Erase.» revela-se um álbum enraizado na modernidade espiritual e sónica, evitando em grande parte os clichés do prog mais tradicional em favor de uma fusão altamente criativa e desafiante de paisagens sonoras de natureza industrial, tão sombrias como melancólicas, apoiadas na prestação robusta e musculada por parte dos virtuosos músicos que acompanham hoje o multi-facetado guru do som inglês. Menos jazzísticos que o material contido no seu antecessor, temas como «3 Years Older», «Home Invasion» ou «Happy Returns» reúnem tudo aquilo que de melhor o músico tem vindo a fazer ao longo da sua ilustre carreira, dando origem a um compêndio de temas de qualidade superior e a um sério candidato a melhor álbum de 2015 no espectro da música progressiva.

Chris Squire, co-fundador da banda de rock progressivo Yes e reconhecido baixista, morreu aos 67 anos. Squire, que formou os YES com o cantor Jon Anderson em 1968, tinha sido submetido a um tratamento para leucemia aguda (um caso raro de cancro do sangue e medula óssea) na sua cidade natal, Phoenix, Arizona. Num comunicado divulgado pela banda, os restantes companheiros dos YES descrevem Squire como um baixista fenomenal e o “elo” que mantinha o grupo unido. Chris Squire faleceu pacificamente faleceu na sua cidade natal em Phoenix, Arizona, no dia 27 de Junho.

GATES OF HELL GA T E S O F H ELL A PRESEN T A RÃ O N O VO VO CA LI ST A N O PRÓ X IM O S INGLE Os Gates Of Hell juntaram-se à Raising Legends para iniciar a gravação de um single que apresentará o seu novo vocalista, após Rui Alves (a.k.a “Raça”), também vocalista dos Revolution Within, ter anunciado a sua saída depois da participação no concerto Vagos Open Air 2014. A banda de thrash/ death/hardcore garante que as novidades, a revelar já este mês, são “bombásticas”, ao que André Matos reforça: “Não posso revelar o futuro frontman dos Gates Of Hell, mas posso dizer que vai surpreender muita gente”. Em Dezembro, a banda afirmou: “Estamos de volta à parte que mais gostamos de fazer: a composição para o nosso próximo álbum. Vai ser muito trabalhoso, cansativo e desgastante, mas com calma tudo se consegue e é esse o nosso objectivo”. A banda tem lugar assegurado no 22º Mangualde Hardmetalfest que decorre a 9 de Janeiro de 2016 no Centro Cultural Santo André com os italianos Bulldozer, os checos Malignant Tumor, os finlandeses Lord Vicar, os austríacos Disastrous Murmur, os espanhóis Aposento e os nacionais Decayed, Booby Trap, Clockwork Boys, Tales For The Unspoken, Skinning e Hiperion.

HEAVENWOOD HEAVENWO O D COM M A I S U M A P A R T I CI PA ÇÃ O N O N O VO T RA BA LH O Os Heavenwood, em Janeiro anunciaram a preparação do novo álbum “The Tarot Of The Bohemians”, com edição pela Raising Legends, e agora confirmam uma participação feminina, Sandra Oliveira (professora de canto, promotora e vocalista dos Blame Zeus) que segundo André Matos – produtor do disco – esta “é sem dúvida das melhores e mais versáteis vozes femininas do panorama nacional”, irá participar no tema “The High Priestess”. Este é o terceiro nome confirmado, após os bateristas Franky Constanza (Dagoba) – para os temas «The Lovers» e «Wheel Of Fortune» - e Daniel Cardoso (Anathema) – em «Redemption» e «Abyss Masterpiece». O lançamento de «The Tarot Of The Bohemians» está previsto para finais de Setembro. A bateria foi captada na Ultrasound Studios, em Braga, com Pedro Mendes (Sullen, W.A.K.O) e o restante trabalho será concluído por André Matos na Raising Legends, no Porto. Este álbum será composto por dozes faixas mais material bónus. A banda considera este álbum como “uma experiência musical e lírica única, carregada de sabedoria, simbolismo e humanismo”. Conceptualmente é inspirado em Gerard Encausse, também conhecido como Papus, um físico e hipnotista franco-espanhol que popularizou o ocultismo e fundou a corrente moderna do Martinismo. A formação dos HEAVENWOOD é hoje composta por Ernesto Guerra na voz, Ricardo Dias na guitarra e voz, Vítor Carvalho na guitarra e Ricardo Oliveira no baixo, depois da saída do guitarrista Bruno Silva em 2013. Em Julho de 2014 os HEAVENWOOD divulgaram a nova faixa «The Juggler» acompanhada de um vídeo (abaixo) baseado em imagens do filme mudo de horror «Häxan», de 1922, que aborda a Inquisição e a caça às bruxas no século XV. 8 / VERSUS MAGAZINE


TRIAL BY FIRE P R O - PAIN

PAR A D I S E LOS T

A R C TU R U S

The Plague Within (Century Media) MÉDIA: 3,6

Voice Of Rebellion

(Steemhammer) MÉDIA: 3,5

Arcturian (Prophecy Productions) MÉDIA: 4,1

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

S T E V E ‘N’ SEAGULLS

C.R.O.W.N.

Farm Machine (Spinefarm Records) MÉDIA: 3,9

D I A B O LI C U M

Natron (Candlelight) MÉDIA: 3,7

Ia Pazuzu (Code666) MÉDIA: 1,5

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

BONG

DEW-SC ENTED

O S S I C LES

Intermination (Metal Blade) MÉDIA: 2,3

We are, we were and we will have been

(Ritual Productions) MÉDIA: 4,5

(T h e A b yss O f The S had ows)

Mantelpiece ( Karisma Records ) MÉDIA: 3,0

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

WEB

Everything Ends (Raising Legends) MÉDIA: 3,5

C A R L O S F.

Obra - Prima Excelente Esforçado

EDUARDO R. HUGO M.

Esperado

ADRIANO G.

Básico

ERNESTO M.

9 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“…ESTA CANÇÃO [“NOCTURNAL HAVEN”] PEDIA EXACTAMENTE ALGUÉM COM O ESTILO DO TOMMY ROGERS”

ABNORMAL THOUGHT PATTERNS ESTADOS ALTERADOS D E P O I S D U M A E ST REIA BRILHANT E EM 20 1 3 , O Q U E MAI S S E P O D ER I A ES P ER A R D ES TA FO R MA Ç Ã O D E TA L E N T O S D A BAY AREA SENÃO OUT RA DO S E DE MÚ S I C A CA PAZ DE NO S DEI X A R DE Q U EI X O C A Í DO . O N O V ÍS SIM O ÁLBUM , «ALT ERED STATES O F C O NSC I O U S NESS », É TUD O I S S O E MUI TO MA I S , I NC L U IN D O D E S TA VEZ A PART ICIPAÇÃO DE UM VAS TO LEQ U E D E NOMES S O NANTES, ENTR E O S Q U A I S S E D E S TA C A M MICHAEL M ANRING, JEFF LOOMI S E TO MMY R O G ER S . PAR A P ER C EB ER O Q U E LEV O U O C O L E C T I V O A J U N TAR TANTAS EST RELAS N UM SÓ D I S C O , A V ER S U S MAG A ZI NE CH EG O U À FALA C O M O GUITA R R I S TA JA S U N TI P TO N. Por: Ernesto Martins

« A LTER E D S TATES OF C O N SCIO U S NE SS » DESTACAS E DE SD E L OG O PELO NÚM ERO S I G N IF ICATIV O DE M ÚSICOS C O N VIDA D O S Q U E PARTICIPARAM N A S G R AVA Ç Õ E S. POR QUE MO T IVO DE CID IR AM CONVIDAR TA N TO S MÚ S IC O S ? 1 0 / VERSUS MAGAZINE

JASUN TIPTON: Eu comecei por convidar o Jeff Loomis para contribuir com alguns solos no tema “Nocturnal haven”. O Troy ficou todo entusiasmado quando lhe disse que o Jeff tinha aceite o meu convite e ele próprio decidiu convidar o Michael Manring e o John

Onder para participar no “Synesthesia”. E os convites foram-se somando uns atrás dos outros… A dada altura já estávamos a pedir ao Stefan da Lifeforce Records para nos pôr em contacto com o Tommy Rogers dos Between The Buried and Me. O último que convidei


“O MICHAEL [MANRING] E O JOHN [ONDER] SÃO DUAS DAS MAIORES INFLUÊNCIAS DO TROY” foi o Tim Roth dos Into Eternity. No final das gravações não podíamos estar mais contentes com o resultado.

PA R E CE Q U E F OI O TROY QUE T E V E A IDE IA DE CONVIDAR O T O M M Y R O G E RS PARA CANTAR NO “ N O C TU R NA L H AVEN”. PORQUÊ O TOMMY? Bem, nós somos grandes fãs dos Between The Buried and Me e por isso a escolha do Tommy foi natural. Gostamos muito de outros vocalistas mas esta canção pedia exactamente alguém com o estilo do Tommy Rogers. E foi fantástico trabalhar com ele. O Tommy escreveu e gravou as suas partes em apenas três semanas. O que ouves no “Nocturnal haven” é exactamente o que ele nos enviou. JASUN TIPTON:

P O R QU Ê INC L UIR NO ÁLBUM UM A V E R S Ã O INSTR U M ENTAL DESTE ME S M O “NO C TU RNAL HAVEN”. N Ã O P O D E RÁ S O AR UM POUCO R E D U ND A NTE ? TIPTON: No formato instrumental o ouvinte tem uma perspectiva diferente da estrutura do tema. Nesta versão os solos do Jeff Loomis, do Tim Roth, do Troy, do Jason Montero e os meus são todos um pouco mais longos. O Matt Spall da PowerPlay Magazine disse-nos que o “Nocturnal haven” na versão instrumental é o seu tema favorito. O Rob da Progressive Music Planet indicou a “Delusions” como a sua faixa de eleição. Cada tema tem a sua própria identidade e cada uma das versões do “Nocturnal haven” tem os seus pontos fortes. JASUN

O M EU TE MA FAVORITO É O “ S Y NES TH E SIA ”. É UM AUTÊNTICO S H O W D E G U ITARRA BAIXO! C O MO É QU E F OI JUNTAR TRÊS B A I X ISTA S DE G R A NDE CATEGORIA – M I CH A E L MA NR ING, JOHN

ONDER E T R O Y T IP T O N – PA R A COLABORA R N E S T E T E M A ? TIPTON: O “Synesthesia” também é uma das minhas favoritas. O Michael e o John são duas das maiores influências do Troy no que diz respeito à guitarra baixo. Além de serem dois baixistas brilhantes são também pessoas fantásticas. Já vimos o Michael a tocar ao vivo em várias ocasiões, e nestes contactos ele foi sempre muito fixe com o meu irmão. O Troy contactou depois o John dizendo-lhe que era um fã dele e pediu-lhe para gravar alguns solos neste tema. A estrutura básica do “Synesthesia” foi toda escrita pelo Troy. Eu fiz apenas alguns arranjos. Penso que o tema ficou muito bom. JASUN

O TEU ES T IL O D E T O C A R R E V E L A INFLUÊN C IA S C L A R A S D E A L G U N S DOS M A IS FA M O S O S G U ITA R HEROES. S AT R IA N I E M A L M S T E E N SÃO DOIS N O M E S Q U E S A LTA M À M ENT E . R E C O N H E C E S E S TA S INFLUÊN C IA S ? QUE OUTROS GUITARR IS TA S C O N S ID E R A S C O M O INFLUEN T E S ? T I P T O N : O Satriani e o Malmsteen são de facto grandes guitarristas. Mas sintome inspirado e influenciado por muitos mais. David Gilmour, Pat Metheny, Jason Becker, Marty Friedman, Paul Gilbert, Shawn Lane, Gary Moore, John Sykes, Neal Schon e Buckethead contam-se entre as minhas maiores fontes de inspiração. JASUN

O PR E S S - R E L E A S E QUE ACOM PAN H A O Á L B U M IN D IC A O RICHARD S H A R M A N C O M O S E N D O O SEGUNDO G U ITA R R IS TA D A B A N D A . NO ENTA N T O , A C T U A L M E N T E , ESSE SEG U N D O G U ITA R R IS TA É O JASON M O N T E R O . A F IN A L O Q U E ACONTEC E U A O R IC H A R D ?

no álbum «Manipulation Under Anesthesia» (o nosso primeiro álbum lançado pela Lifeforce Records) foram executadas exclusivamente por mim. O Jason Montero só se juntou aos Abnormal Thought Patterns assim que o primeiro álbum foi lançado, em 2013, tendo acompanhado a banda na digressão que fizemos como suporte aos Into Eternity. Neste novo álbum o Jason já contribuiu com muitos solos e é hoje uma parte importante desta banda. Por isso fico surpreendido por saber que ele não é referido no press-release.

O S N O M E S D A S M Ú S ICAS E O T ÍT U L O D O Á L B U M S U G EREM UM T E M A C E N T R A L O U U M CON CEI TO S U B J A C E N T E . Q U E T E M A É ESTE? É algo relacionado com as alterações da mente. Uma condição muito diferente do estado cognitivo normal beta de vigília. A música inclui mudanças constantes; é algo dinâmico que se altera com frequência. Os nomes atribuídos às faixas estão em sintonia com o estado mental que a música pretende sugerir. JASUN TIPTON:

PA R A T E R M IN A R , S E R Á QUE O N O M E D A B A N D A T E M ALGUM A R E L A Ç Ã O C O M O Á L B U M DOS D E AT H « IN D IV ID U A L THOUGHT PAT T E R N S » ? O meu irmão é que inventou o nome da banda e ambos somos de facto grandes fãs dos Death. Penso que o nome Abnormal Thought Patterns exprime com rigor o nosso som e estilo musical. JASUN TIPTON:

Todas as partes de guitarra no nosso primeiro registo, o EP «Abnormal Thought Patterns», bem como JASUN TIPTON:

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ARTIGO VERSUS

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AFINACOES , NUM DOS NÚMEROS PASSADOS, SE BEM SE RECORDAM, ENTREVISTEI DAVE LOMBARDO E NESSA ENTREVISTA FALOUSE UM POUCO DE TUDO. UM DOS ASSUNTOS FALADOS FOI A AFINAÇÃO DO PEDAL – TEMA ABORDADO NO ARTIGO ANTERIOR – E AFIN AÇÃO DA BATERIA. MAIS UMA VEZ PARA QUEM PERGUNTA “QUEM É ELE?” BEM, SÓ VOS POSSO DIZER QUE NÃO SOU ALGUÉM IMPORTANTE, SEI LER MÚSICA MAS NÃO PAUTAS DE BATERIA – NESSE ASPECTO SOU AUTO -DIDACTA – NÃO TENHO ENDORSEMENTS, ISTO É, APOIOS POR PARTE DAS GRANDES MARCAS, SIMPLESMENTE TOCO BATERIA HÁ MAIS DE VINTE ANOS EM BANDAS DE GARAGEM – COM MAIS OU MENOS CO NCERTOS. Por: Eduardo Ramalhadeiro

AO PERGUNTAR AO DAVE LOMBARDO COMO AFINAVA A BATERIA, ELE RESPONDEU-ME QUE ERA COMPLICADO ESTAR A EXPLICAR. DE FACTO, TAL COMO NA AFINAÇÃO DO PEDAL É ALGO QUE É PESSOAL E DEPENDE DE BATERISTA PARA BATERISTA. No entanto, o primeiro instrumento que devem adquirir será uma chave para afinar. Existem 3 tipos principais: A mais simples, a “memo key” ou a “drum dial”. 1 2 / VERSUS MAGAZINE

A chave mais simples, não tem qualquer ar tefacto que nos ajude a afinar, é o ouvido que nos manda parar – é barata. A “memo key” é uma

chave com uma mola, onde poderemos ajustar a sua “força” para atingir o nível de tensão pretendido. A desvantagem neste tipo de chave é que, muitas vezes, os parafusos poderão não estar bem lubrificados ou os

aros empenados. Neste caso a “memo key” não é precisa. É um bom ponto de partida mas no fim, o “ouvido” e a chave simples terão que complementar e ajustar a afinação final – é mais cara que a chave simples, deverá andar à volta dos 35E. O “Drum dial” já é um instrumento profissional e bastante preciso para afinar


ARTIGO VERSUS

a tensão na pele. Não é preciso o “ouvido”, somente uma chave simples e afinar a tensão no mesmo valor pretendido – é cara pois custa acima dos 100E. Vistos os principais instrumentos para afinar outra questão “polémica” que se levanta é: que tom “dar” às peles? Bem, tal como os pedais e as diferentes técnicas de tocar, também, as afinações são diferentes. Se tentarem pesquisar pela rede verão que há diversas opiniões – se forem um pouco mais curiosos e virem o filme “Whiplash” o professor manda afinar a tarola em Si bemol. O grande problema é que mais de 90% da malta que toca bateria não sabe o que é um Si bemol. Há ainda os bateristas que afinam os diversos timbalões,

partindo da tarola em Mi. Por exemplo, se virem um vídeo no youtube sobre Tico Torres, baterista dos Bon Jovi, ficam a saber que não é ele que afina a bateria mas sim o roadie; Terry Bozzio tem uma bateria absolutamente monstruosa afinada numa escala cromática de um lado e outra diatónica do outro. Sendo assim, para nós, comuns mortais que tom “dar” à bateria? Afinar com notas? Escala? Bem... depende. Por exemplo a minha tarola que já é um modelo antigo, com um som predominantemente metálico, afinei-a com a pele bem esticada, de forma a “disfarçar” esse som. Depende de vós, do vosso kit, do vosso gosto, da vossa sonoridade. Se tiverem o

“Drum dial” é pacífico – “o algodão não engana”. O resto necessita do ouvido “educado” e isto conseguese com práctica. Haverá mais algumas coisas a abordar, qual a pele que se afina primeiro, qual a pele que deverá ficar mais esticada, etc. … pois isto influencia na forma como o conjunto vai ressoar. Mas isto fiará para a próxima edição.

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ENTREVISTA

“[…] O MEU CONHECIMENTO DA ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA MODERNA É MAIS LIMITADO, SOBRETUDO PORQUE JÁ NÃO TEM UM AR TÃO ARREPIANTE COMO AS GRAVURAS ANTIGAS.”

DAVID FITT OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DA REALIDADE E I S U M T E R M O T É CNICO DA ÁREA DA INVESTI GA Ç Ã O EM EDU C A Ç Ã O Q U E ME PAR EC E D ES C R EV ER A FO R MA COMO DAVID FITT DESCONSTRÓI A REALIDADE, OBSERVANDO-A EM SI OU À SUA REPRESENTAÇÃO POR OUTROS ARTISTAS, E, DE SEGUIDA, A RECONSTRÓI, PONDO NA SUA ARTE A SUA PERSPETIVA SOBRE O QUE OBSERVOU. Por: CSA OLÁ, DAVID. GOSTARIA DE SABER QUAL É A TUA NACIONALIDADE. ÉS FRANCÊS? BRITÂNICO? NENHUM DOS DOIS? DAVI D F I TT : Sou Francês, nascido

e criado em França.

OS TEUS TRABALHOS APARENTEMENTE FOCAM-SE MUITO NA FOTOGRAFIA. COMO OS FAZES? F I TT : A fotografia é realmente a minha atividade e DAVI D

1 4 / VERSUS MAGAZINE

paixão principal. Trabalhar nesse domínio é algo absolutamente natural para mim. Aliás, até me parece que não estou a recorrer o suficiente à fotografia na minha arte. É muito difícil trabalhar com ela na cena do Metal extremo, porque, na sua maioria, as bandas são muito mais atraídas pelo desenho feito à mão. CURIOSAMENTE, DOS TEUS TRABALHOS A QUE TIVE ACESSO, O

QUE ME CHAMOU MAIS A ATENÇÃO FOI A CAPA DE «REBELION», DE DECLINE OF THE I. COMO FIZESTE AQUELE DESENHO FANTÁSTICO? (SE NÃO É UM DESENHO, PARECE.) D AV ID F ITT : Não é um desenho,

mas sim uma fotografia que eu tirei. Depois alterei-a, recorrendo ao Photoshop, de forma que ficasse a parecer-se com uma fotografia analógica com um estilo “arranhado”. Na minha ideia, um processo desta


“PORTANTO, AS IMAGENS QUE CRIO SÃO INFLUENCIADAS PELO USO DA COR QUE É FEITO NESTES CAMPOS ARTÍSTICOS. […]” natureza tem tudo a ver com a ilustração. POR QUE USASTE A IMAGEM DE UM RATO PARA A CAPA DESTE ÁLBUM? É ALGUMA ALUSÃO AO FACTO DE O SEU TEMA ESTAR RELACIONADO COM EXPERIÊNCIA S CIENTÍFICAS EM QUE FORAM US ADOS RATOS DE LABORATÓRIO? Lembro-me de falar com o Judicael (A. K.) e de ele me ter explicado pormenorizadamente o conceito subjacente aos álbuns de Decline of the I. A banda é principalmente influenciada pelos trabalhos de Henri Laborit, que procurava explicar os vários tipos de reações a uma agressão a partir do comportamento de ratos. Esse conceito e também o facto de que ele queria ratos na arte do álbum estiveram na origem desse meu trabalho! DAVI D

F I TT

:

SABES ALGUMA COISA SOBRE ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA? A TUA ILUSTRAÇÃO PARA A CAPA DO ÁLBUM FAZ PENSAR NESSA TÉCNICA, QUE PERSISTE, DADO QUE APARENTEMENTE OS COMPUTADORES AINDA NÃO CONSEGUEM FAZER TUDO. DAVI D F I TT : Tenho feito muita

pesquisa no universo da ilustração anatómica, mas recorro sobretudo a gravuras antigas. O meu conhecimento da ilustração científica moderna é mais limitado, sobretudo porque já não tem um ar tão arrepiante como as gravuras antigas. ONDE APRENDESTE A ARTE GRÁFICA? DAVI D F I TT : Estudei

fotografia em Paris, durante dois anos. Tudo o resto veio mais tarde, já que aprendi a maioria do que sei sozinho, através da experiência. Se tiver ideias que não souber exprimir, arranjo uma maneira de chegar lá. Observar e estudar o trabalho de outros artistas parece-me a melhor forma de aprender.

Mas precisas de formular para ti próprio as questões adequadas, de conseguir compreender por que gostas daquele trabalho em particular e por que te parece tão bom. CONSIDERAS QUE TENS ALGUMAS INFLUÊNCIAS ESPECIAIS? D AV ID FITT : Não posso negar

que fui influenciado pelo artista francês que usa o nome de Metastazis. Foi ele que me fez desejar criar arte. Tal aconteceu quando comprei o grande álbum de Antaeus intitulado «Blood Libels», que me levou a perceber que um desenho gráfico elegante, refinado mesmo, podia perfeitamente combinar com Metal. Esse trabalho ajudou-me a definir os padrões que pretendo atingir nas minhas próprias criações. Mas se te estás a referir ao aspeto estilístico, limitei-me a combinar tudo aquilo de que gosto: design de inspiração ocultista, obscuro e elegante.

CONSEGUES VIVER DA TUA ARTE? OU PRECISAS DE TER OUTRO TRABALHO? F ITT : Apesar de ser difícil, vivo da minha arte. Há já um ano que sou totalmente freelancer. Ainda é difícil, porque nunca sabes o que vai acontecer a seguir. Mas trabalhar arduamente é sempre a chave do sucesso e as coisas estão a ficar melhor para mim. É apenas um processo muito lento. D AV ID

SE PUDESSES SER UM ARTISTA FAMOSO, QUEM QUERERIAS SER? E PORQUÊ? D AV ID F ITT : Talvez Jeff Koons ou

Terry Richardson, para chatear as pessoas vivendo de fotos do meu próprio pénis. W W W. D AVI DFI TT.C OM W W W. FA C E B O O K . C O M / D AV I DFI TT.A RT

ANDEI A FOLHEAR O TEU PORTEFÓLIO E CONSTATEI QUE TRABALHAS SOBRETUDO PARA BANDAS FRANCESAS. POR QUE ACONTECE ISSO? D AV ID FI TT : Como eu próprio

sou Francês, é mais fácil conhecer pessoas dessa nacionalidade. Normalmente, se os meus clientes não são meus amigos, pelo menos temos amigos em comum. Além disso, são pessoas que posso encontrar facilmente em concertos, aproveitando para me apresentar. É um processo natural: começas sempre por trabalhar a nível local e nacional, antes de atingires uma craveira internacional. QUE PROJETOS TENS EM MÃOS, NESTE M OMENTO? D AV ID FITT : Um vídeo musical

para King Dude e a arte para o próximo álbum de Temple of Baal.

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“[…] O MEU CONHECIMENTO DA ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA MODERNA É MAIS LIMITADO, SOBRETUDO PORQUE JÁ NÃO TEM UM AR TÃO ARREPIANTE COMO AS GRAVURAS ANTIGAS.”

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REPORTAGEM NO PASSADO DIA 30 REALIZOU-SE A PRIMEIRA EDIÇÃO DO IN HEAVEN & HELL METAL FEST, UM EVENTO QUE PRETENDIA SER UMA CELEBRAÇÃO DO QUE DE MELHOR SE FAZ POR ESTA TERRA. O OBJECTIVO ERA SIMPLES, UMA NOITE BEM PASSADA ENTRE COPOS, TERTÚLIAS E CLARO, O NOSSO ADORADO ESTILO. POIS BEM, O ESPÍRITO ESTAVA LÁ, AS BANDAS ESTAVAM LÁ, OS AMIGOS, AS AMIGAS… ENFIM, O NORMAL EM DIA DE CONCERTOS, OU DE FESTA. Pode-se dizer que, em ter mos organizativos e em ter mos quantitativos, o evento esteve à altura e, até se pode dizer que para uma primeira vez não esteve mal. Por um mesmo palco passou o sangue, quase literal, dos Frost Legion, o Stoner dos Low Torque e a boa disposição dos Shadowsphere, entre outros grandes, e bons momentos. O que faltou, então? A resposta é simples: pessoas!

Os motivos para a ausência poderão ser vários, o Salamandra em Chamas

pode ter levado algumas pessoas até lá, apesar de, na minha opinião, o cartaz ser mais fraco, mas, não vamos estar a alimentar polémicas, pois, decerto, que também por lá o publico escasseou (não sei, indago). Porém, a grande questão aqui é que o pessoal não se mexe. Se estes mesmos eventos fossem há 10/15 anos atrás, decerto que ambos os recintos estariam cheios ou, pelo menos mais compostos. Depois, é claro que chateia, porque depois voltamos a ouvir as conversas do «não se passa nada», «não há concertos» …. Desculpem, isso para mim são desculpas de quem não se quer mexer! Sim, vocês que são os novos velhos do Restelo. Porque

MOSH POR: NUNO KANINA (HINTF) as coisas acontecem e, na grande maioria dos casos, vocês, publico, não aparecem e, é por isso, que as coisas depois não acontecem e, aí sim, depois não se faz nada. O ditado diz que quem corre por gosto não cansa… talvez, mas vaise cansando. Onde está a união? Onde está o underground? Sabemos que a oferta é, talvez, um pouco maior que a procura… (ou será o contrário?!) mas, acho que existe muita falta de vontade por parte de um público que alega união e essas coisas todas!

Os eventos só se podem fazer, ou manter, se o público existir, por isso, o público tem de fazer a sua parte e comparecer, fazer-se ouvir e, pelo menos no caso do In Heaven & Hell e Salamandra em Chamas, entre outros, apoiar o nosso metal. A questão não é «E o Pessoal, pá?!», mas sim… «Bora lá Pessoal».

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ENTREVISTA

“[…] A ÚNICA COISA QUE PRETENDIA ERA MUDAR O CÉREBRO DAS PESSOAS QUE NÃO PERCEBEM NADA DO QUE SE PASSA À SUA VOLTA.”

AD HOMINEM UMA ESTRANHA FORMA DE ECUMENISMO PAR EC E-N O S U M A B O A F OR M A D E D ES C R EV ER A MI S S Ã O D ES TA O NE MA N BAND FRAN C ES A , Q U E C O M B I N A O ATAQ U E À S TR ÊS G R A ND ES R ELIG I Õ ES MO NO TE ÍSTAS COM A R EF LE XÃ O SO B R E G R A N DE S FLA G ELO S Q U E ATA C A M A H U MA NID A D E ATUAL – POR S U A C U LPA – U S A N DO U M B L AC K META L TÃ O A R R A S A D O R Q U A NTO MELODIOSO. A PRO M E S S A E ST Á CU M P R I DA : C Á T EMO S O Q U INTO Á LB U M D E A D H O MINEM, LANÇADO PELA O S M O S E, U M A E DI T O R A M U I T O C O NH EC ID A NO MU ND O D O META L U ND ER G ROUND. Por: CSA VAMOS COMEÇAR POR UMA PEQUENA RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA. NO TEXTO SOBRE A TUA BANDA, OSMOSE EXPLICA QUE ERA TUA INTENÇÃO EXPRESSA LUTAR CONTRA CERTAS CARACTERÍSTICAS DO BLACK METAL. QUE ASPETOS QUERIAS COMBATER? SENT ES QUE FOSTE BEM-SUCEDIDO NESSE TEU INTENTO?

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K A IS ER : Quando criei Ad Hominem, a

maior parte das bandas apenas atacava o cristianismo, que, na realidade é a religião menos perigosa para o homem livre. Assim, apenas quis alterar as regras do Black Metal atacando também os dois outros dogmas. De facto, o meu intento concretizouse, porque a banda adquiriu uma bela reputação desde o primeiro álbum. Como é óbvio, isto dá origem a polémicas. Mas eu sei muito bem onde quero ir e a única coisa que pretendia

era mudar o cérebro das pessoas que não percebem nada do que se passa à sua volta.

POR QUE ESCOLHESTE K AISER W PARA SER O TEU PSEUDÓNIMO? INDUBITAVELMENTE A FRANÇA NÃO TEM UMA BOA RECORDAÇÃO DESSA PERSONAGEM HISTÓRICA DO SÉC. XX.


“[…] OS FANÁTICOS DO “TRUE BLACK METAL” […] VÃO INDIGNAR-SE, MAS AS PESSOAS VERDADEIRAMENTE CONHECEDORAS VÃO VER NELE O DESEJO DE EVOLUIR. […]” KAI SER : Provavelmente, estás a pensar

em Guilherme II, mas o meu nome artístico não tem nada a ver com ele. Mas também não tenho nada a ver com o que a França pensa dessa personagem histórica ou de qualquer outra. Escolhi este pseudónimo, porque queria um nome que conotasse a força e o despotismo. Kaiser vem de César e significa “Imperador”. Mas isso é algo que todos sabem.

NÃO TENS SAUDADES DO TEMPO EM QUE AD HOMINEM ERA UMA ONE MAN BAND? KAI SER : Mas continua a ser uma one

man band! Sempre compus tudo sozinho e depois tocava todos os instrumentos e arranjava um baterista de sessão. Só usei uma máquina no primeiro álbum da banda…

AD HOMINEM É UM NOME ESTRANHO PARA UMA BANDA DE BLACK METAL, NÃO TE PARECE? KAI SER : Estou a ver que ficas baralhada

com todos os nomes que escolhi (risos)! Não acho esse nome mais estranho e mais ridículo do que os de todos esses grupos famosos que escolheram nomes tirados dos romances de Tolkien. E quando descobres que Dimmu Borgir significa “castelo negro”, ficas com a ideia de que nenhum nome de banda pode ser pior… “Ad Hominem” é uma locução latina que significa “relativo ao Homem”. É usada habitualmente para designar um argumento que rebaixa o Homem. Ainda achas que é um nome inadequado para o meu projeto?

QUE QUERES HUMANIDADE?

FAZER

PELA

KAI SER :

Que Humanidade? Não sou um político, sou um músico. Se passares 5 minutos a ler os meus textos, encontrarás a resposta a essa pergunta…

PELO CONTRÁRIO, O TÍTULO DO ÁLBUM NÃO PARECE SURPREENDENTE. QUE ASPETOS DO TEU TRABALHO QUERES SUBLINHAR, PARA MOSTRAR A SUA ORIGINALIDADE? É PRECISO DIZER QUE SE TRATA DE UM ÁLBUM NOTÁVEL. KAI SER : Obrigado pelo cumprimento

(e aconselho-te a fazeres uma boa review!). Para já, o álbum destaca-se pelo seu lado rock and roll. Os fanáticos do “true Black Metal” bem underground vão indignar-se, mas as pessoas verdadeiramente conhecedoras vão

ver nele o desejo de evoluir. Além disso, é uma obra muito diversificada, com passagens muito diferentes umas das outras. Enquanto «Climax of Hatred», que dura 35 minutos, parece rebarbativo, um álbum de 53 minutos como «Antitheist» parece mais curto. Pensa, por exemplo, numa faixa como “Before You Turn Blue”. Corresponde a algo que eu nunca fiz antes e que vai surpreender muita gente: 7 minutos de Black Metal extremamente lento. Para mim, é a estrela do álbum.

QUE PAPEL DESEMPENHOU MÚSICO EM «ANTITHEIST»?

CADA

K A IS ER : Como já referi, eu compus tudo

(incluindo a programação). G. Krusher tocou bateria e Jim the Blaster (com quem partilho o projeto Punishment Systems2) propôs-me uma série de incríveis intros e interlúdios. Os dois outros guitarristas – Milite K. e D. N. – só participam nos concertos.

DEHN SORAH – QUE JÁ ENTREVISTEI PARA A SECÇÃO DA VERSUS MAGAZINE CONSAGRADA AOS ARTISTAS GRÁFICOS – FEZ UMA ILUSTRAÇÃO FANTÁSTICA PARA A CAPA DO ÁLBUM. QUE PAPEL DESEMPENHASTE NA SUA CONCEÇÃO?

O QUE SERIA PRECISO AC ONTECER, PARA QUE VISSES ESTE ÁLB UM COMO UM GRANDE ÊXITO? K A IS E R : Para mim, já o é. Não espero mais de Ad Hominem do que o que já fiz. Prosseguir com o projeto é já uma vitória em si. Há demasiada gente supostamente bem pensante a querer estragar-nos a vida, pelo que nunca podemos participar nos principais festivais. E o facto de a minha banda aparecer em revistas e listas de distribuição importantes é tudo o que eu queria.

TENS PLANOS PARA O PROMOVER? EM PORTUGAL, GOSTAMO S MUITO DE BLACK METAL FRANCÊS DE EXCELENTE QUALIDADE. K A IS E R : Sei bem disso. Participei no SWR em 2009 e não me importava nada de participar novamente. Para já, não temos nenhuma data prevista em Portugal. Mas, a bom entendedor…

K A IS ER : Estou plenamente de acordo

contigo. D. S. é um artista extraordinário, o artwork [deste álbum] é simplesmente perfeito. Tinha-lhe pedido que fizesse um layout predominantemente branco, despojado, moderno. Ele encarregouse do resto. À primeira vista, interrogueime sobre se esta capa era uma boa representação visual do álbum. Mas, depois, concluí que estava 100% satisfeito com este trabalho. O seu simbolismo é muito forte e apropriado, está muito longe da capa clássica de um álbum de Black Metal…

OS TÍTULOS SELECIONADOS PARA ALGUMAS DAS MÚSICAS DO ÁLBUM LEMBRAM O OBJETIVO ATEÍSTA SUBJACENTE A ESTE. OUTROS EVOCAM FLAGELOS QUE AFETAM A SOCIEDADE DO SÉC. XXI. QUE TENS A DIZER SOBRE ESTE MEU COMENTÁRIO?

“[…] O SEU SIMBOLISMO [ D A C A PA ] É M U I T O F O RT E E APROPRIADO, ESTÁ M U I T O L O N G E D A C A PA CLÁSSICA DE UM ÁLBUM DE B L A C K M E TA L … ” W W W. FA C E B O O K . C O M / A D H O M I N EMO FFI CI AL

K A IS ER : De facto, pretendia atacar os

três grandes dogmas monoteístas que estão a arruinar o mundo. Quanto ao resto, foi mais ou menos improvisado. Por exemplo, a ideia para «Go Ebola» veio-me à cabeça, quando estava em férias em Málaga (Espanha), Vi lá um outdoor sobre uma campanha contra o Ébola. Foi como um flash.

H T T P S : / / Y O U T U . B E / O VV 3-K NHQI W

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ENTREVISTA

“[...] OS ESCRITOS DE ÉLUARD SÃO FASCINANTES, PORQUE SÃO, SIMULTANEAMENTE, TRISTES E ENCORAJADORES. [...] É ASSIM QUE EU QUERO QUE SEJA ESTA BANDA DE BLACK METAL [...]”

BONJOUR TRISTESSE DA DEPRESSÃO COMO UMA FORÇA P O R M UI TO ESTRANHA QUE TAL ID EIA P O S S A PA R EC ER , É ES T E O C O N C EIT O Q U E M OVE BONJOUR TRISTE SSE ( UMA B A N D A A LEMÃ , A P ES A R D O N O ME FR A N C Ê S ) E O SEU ÚN ICO ÁL BUM ( ATÉ A O MO MEN T O ! ) LA N Ç A D O O R IG IN A LM E N T E EM 2011, C OM UMA NOVA E DIÇ Ã O ( D IFER EN T E) EM 2 0 1 5 . IMP ER D Í V E L ! Por: CSA POR QUE ESCOLHESTE O TÍTULO DE UM FILME COMO NOME PARA A TUA ONE MAN BAND? M ATTH IAS: O nome da banda siau de um poema intitulado“À Peine Défigurée” escrito por Paul Éluard, um comunista francês e membro da Resistência (durante a II Guerra Mundial). Este poema tem uma atmosfera obsessivamente bela e melancólica – sem cair na lamechice. Lê-lo é uma experiência maravilhosa, porque tem 2 0 / VERSUS MAGAZINE

um significado muito profundo. Era assim que eu queria que fosse a música de Bonjour Tristesse. De um modo geral, os escritos de Éluard são fascinantes, porque são, simultaneamente, tristes e encorajadores. Este autor afirmou que é importante para os escritores elevarem as suas vozes contra as más ações, gritar, assinalar problemas que existam no nosso mundo e exprimir a esperança. É assim que eu quero que seja esta banda de Black Metal – e a música em geral. Há outras canções que também

receberam títulos inspirados neste e noutros poemas de Éluard. Este enquadramento torna claro o facto de que eu – enquanto anarquista – penso que é importante tomar posição contra o Black Metal nazi e ideologias fascistas, racistas e de direita, de um modo geral. Há demasiados músicos de Black Metal que consideram

ADOREI O TEU «PAR UN SO URIRE»: É UMA OBRA DE ARTE MARAVILHOSA, NO UNIVERSO DO BLACK METAL. SEI


“[A CAPA] É UMA IMAGEM DEPRESSIVA [...] UMA CRÍTICA [...] À FORMA COMO O HOMEM ATUAL E A SUA FORMA DE VIDA DESREGRADA DESTROEM CADA PARCELA DO NOSSO PLANETA.” QUE HÁ UMA PRIMEIRA VERSÃO DE 2011 E TAMBÉM QUE PREPARASTE ESTA NOVA EDIÇÃO PARA SAIR EM 2015. O QUE TE LEVOU A TOMAR ESTA DECISÃO? M ATTH IAS: Na realidade, dei Bonjour Tristesse por terminado nessa altura. Escrevi este álbum no âmbito desse projeto e não pretendia fazer mais nenhum, porque andava muito ocupado com as minhas outras bandas e um tanto dececionado com a cena Black Metal. De repente, recebi uma mensagem da MDD Records, que elogiava imenso a banda e afirmava querer lançar novamente o álbum. Foi quando eu pensei: Por que não?! Assim, pus-me a ouvir as antigas músicas, escrevi algumas linhas de guitarra novas, gravei-as e mandei remixar e remasterizar o álbum. Afinal, posso dizer que estou encantado com o resultado obtido.

ISTO SIGNIFICA QUE BONJOUR TRISTESSE VAI LANÇAR UM NOVO ÁLBUM EM BREVE? ESPERO QUE SIM. M ATTH IAS: Não sei se haverá um novo álbum em breve, apenas te posso dizer que tenho a intenção de fazer um novo longa duração. Na realidade, já acabei de escrever o segundo álbum de Bonjour Tristesse. Talvez lance um split antes de pôr cá fora este álbum. Mas afianço-te que vai haver material novo desta banda num futuro próximo.

ESTÁS EM DUAS BANDAS E AMBAS ESTÃO UM TANTO DESATIVADAS DESDE 2011. O QUE ACONTECEU? M ATTH IAS: De facto, não estamos inativos de modo algum. Thränenkind passou de ser uma one man band a funcionar como uma verdadeir banda, com cinco membros, escrevemos o nosso primeiro álbum e um EP de 7” EP e fizemos imensos concertos, incluindo duas digressões e participações em alguns festivais. A propósito, neste momento, estamos a gravar o segundo álbum, que será uma mistura de Black Metal, Post Rock e Hardcore Punk. No que toca a Heretoir, é que és capaz de ter razão. Fizemos muitos espetáculos no ano passado e digressões na Alemanha. Mas os fãs continuam à espera do segundo álbum. Ainda não gravámos nada, mas o álbum está quase pronto e vamos entrar no estúdio no outono. Portanto, temos muito que fazer, apesar de parecermos um tanto adormecidos.

AS CAPAS DAS DUAS VERSÕES DE «PAR UN SOURIRE» SÃO MUITO DIFERENTES. O QUE TENS A DIZER SOBRE ISTO?

MAT T H IA S : Queria que a segunda versão tivesse uma nova capa, porque acabou por se converter numa espécie de novo álbum. Muitas coisas (tais como melodias de guitarra, estruturas de canções, samples, etc.) mudaram de uma versão para a outra, logo era lógico que a capa também fosse diferente.

“ [ … ] PA R A J Á , N Ã O M E V E J O N U M PA L C O C O M BONJOUR TRISTESSE.” WWW.FACE BOOK.COM/BONJOURTRISTESSEOFFI CI AL

H T T P S : / / Y O U T U . B E / Z Y254YW TR OE

ESTA CAPA PARECE REPRESENTAR UM MONTE DE LIXO, MAS É ASSUSTADORAMENTE BELA. QUEM A FEZ? QUE SIGNIFICADO LHE DÃO? MAT T H IA S : Sascha Voss de writteninblack.com fez um trabalho maravilhoso e conseguiu incluir nele todas as minhas ideias. Mostra uma serpente a matar um corvo. Ambos os animais são símbolos da natureza e lutam em cima de um monte de resíduos, folhas, ramos. As duas criaturas representam a luta quotidiana pela sobrevivência. Devora e sê devorado. A serpente tem duas lâminas da barba espetadas no seu corpo, que simbolizam a Humanidade que se destroi a si própria, assim como ao planeta e a todas as criaturas vivas. É uma imagem depressiva, que contém em si uma crítica à civilização industrial e à forma como o Homem atual e a sua forma de vida desregrada destroem cada parcela do nosso planeta.

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VAIS PROMOVER ESTE ÁLBUM? E COMO E ONDE O VAIS FAZER? MAT T H IA S : A MDD Records vai lançar uma versão digipak, um LP em vinil e uma edição especial para colecionadores, com um invólucro e um patch. E é tudo. Bonjour Tristesse é uma one man band e assim ficará para já. Portanto, não temos nenhuns concertos planeados, de momento. Talvez no futuro isso possa acontecer, mas, para já, não me vejo num palco com Bonjour Tristesse.

JÁ VIESTE A PORTUGAL? ALGUMA VEZ PENSASTE EM VIR CÁ DAR A CONHECER A TUA BANDA AOS METALHEADS PORTUGUESES? TEMOS UMA COMUNIDADE DE FÃS PEQUENA MAS FIEL.

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MAT T H IA S : Nunca estive em Portugal. Gostaria muito de ir ao vosso país e fazer alguns concertos, mas, como já disse, para já, não tenho planos dessa natureza para Bonjour Tristesse. Obrigado pela entrevista e pela oportunidade de falar da banda e do seu enquadramento.

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FLASH REVIEWS AEZH M ORVARC’ H

«Mare Humorum» (Emanations) Publicado pela primeira vez de forma independente, em 2013, em CD, vê agora a reedição no velhinho formato de cassette (!). A estética do dueto francês é toda construída em torno da figura do lendário cavalo Morvarc’h, do folclore da antiga Bretanha, e os quatro temas que compõem este EP de estreia são totalmente interpretados em Bretão e Celta antigo. A música é uma amálgama de Black e Pagan Metal, essencialmente genérico mas muito competente e até com alguns momentos melódicos salientes. [ 7,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

APOPHYS

«Prime Incursion» (Metal Blade) Com a possibilidade de todos irmos desta para melhor graças ao asteroide chamado “Apophis”, que nas estimativas iniciais iria colidir o nosso planeta em 2029, estes Neerlandeses lembraram-se de criar esta atrocidade de álbum. Gente esta, relacionada com nomes como God Dethroned ou Prostitute Disfigurement, sabem do que se fala quando se fala em Death Metal. A brincadeira tornou-se séria e este trabalho dá-nos um bom álbum de Death, sem redefinir o género, mas com muita garra. Recomendado apenas aos fãs do género. [ 7,0 / 10 ] ADRIANO GODINHO

CAM EL OF DOOM

«Psychodramas: Breaking the Knots of Twisted Synapse» (Voice of Azram) Um verdadeiro achado este obscuro projecto a solo de Kris Clayton (Imindain e live line-up dos britânicos Esoteric): fusão de Doom e Stoner alicerçada em riffs poderosos e serpenteantes, altamente aditivos, intercalados por longas passagens atmosféricas recheadas de elementos psicadélicos (incluindo melodias em saxofone) reminiscentes dos anos 70. Este segundo álbum, em versão revista do mesmo disco homónimo lançado em 2012 em edição de autor, tem tanto de pesado como de trippy e tanto de belo como de retorcido. [ 8,5 / 10 ] ERNESTO MARTINS

INQUISIT ION

«Ominous Doctrines of the Perpetual Mystical Macrocosm» (Season of Mist)

Para completar a reedição de todo o fundo de catálogo desta formação norte-americana, aí está o registo (o 5º, originalmente lançado em 2011) que mais os aproxima dos noruegueses… Immortal. Estamos a falar, obviamente, de uma sonoridade caustica e maléfica feita de riffs abrasivos como serras rombudas disparados sem misericórdia, ganchos torcidos em tremolo, alguma melodia na mistura e um registo vocal igual ao crocitar de… Abbath, pois tá claro! Mas não se iludam com a comparação que não pretende ser depreciativa. O que falta aqui em originalidade há de sobra em competência técnica.

[ 9,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

PROFUNDAE LIBI D I NES «El Viaje Definitivo» (Emanations)

Conceptualmente isto parece ser muito ambicioso (e até pretensioso): as temáticas vão desde a magia branca japonesa aos mitos do folclore mesoamericano, com interpretações em japonês na primeira parte, e em francês e espanhol na segunda. Infelizmente a música - black metal sujo e depressivo com grande diversidade vocal - só raras vezes (quatro temas de entre os dez) se mostra à altura de tão elevado propósito criativo, devido a uma composição genericamente pobre e a um excesso de idiossincrasias que acabam por comprometer seriamente o resultado final do trabalho.

[ 6,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS 2 2 / VERSUS MAGAZINE


FLASH REVIEWS T RIBULAT ION

«The Children Of The Night» (Century Media) Tribulation não é uma banda simples de enquadrar e muito menos de catalogar. As bases e traço mais forte do seu carácter pode-se dizer, sem medo de errar, que é o som obscuro proveniente do death ou black, ou até música mais erudita. Nada disto ajuda a compreender o som que se ouve em «The Children Of The Night» pois é uma descrição bastante incompleta. Há um travo profundo de rock possuído, enegrecido, um som mais sofrido. Por vezes há momentos mais aclarados, com guitarras a lembrar deep purple ou ruídos do fundo de uma floresta da Suécia longínqua. [ 7,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

ROT EM

«Nightmare Forever» (Rotem Records) Neste mais recente EP temos o Sr. de Rotem a orientar a sua música num caminho mais inclinado para o Death Metal. Não deixa de haver por aqui algumas toadas Black Metal, mas é a brutalidade que se destaca com pitadas de Thrash, tudo misturado num condimento progressivo. Em comparação com o «Dehumanization» a produção está diferente, talvez mais virada para o estilo que o músico quis explorar. Esperem momentos interessantes de Death, Thrash e solos de guitarra. [ 7,5 / 10 ] VICTOR HUGO

M OANAA

«Descent» (Independente) Estes polacos criaram nada de novo na sua estreia por conta própria. Um shoegaze ambiental com linhas melódicas a tecer o pesado e gutural de um Sludge – um equilíbrio interessante que nos remete imediatamente para o universo dos Isis. Até agora nada há a favor destes Moanaa. Contudo, o que se houve no «Descent» é bom e bem feito. Os apreciadores deste género ficarão agradados, embora com bastantes reminiscências e sem grandes espantos de maravilhas. [ 6,5 / 10 ] VICTOR HUGO

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ENTREVISTA

“NA MINHA OPINIÃO A NOSSA MÚSICA É POUCO CONVENCIONAL: NÃO ESTAMOS RESTRINGIDOS A UM ESTILO ÚNICO, UMA ÚNICA ÉPOCA MUSICAL, OU AO QUE QUER QUE SEJA.”

DEATH ALLEY THE ROCKING DUTCHMEN O RO CK ES TÁ VIVO! DA HOLAN DA CHE GA M -N O S O S D E AT H A L L E Y. E S TA B A N D A É I N F L U ENCIADA POR ES TILO S QUE VÃO DE SDE O PROTOP U N K A O M E TA L , M I S T U R A M T U D O C O M U M A P I TADA DE PSIC ADÉLICO, E COM O RESULTADO OF E R E C E M -N O S U M A V E R S Ã O R E V I TA L I Z A D A E M U S CUL ADA DO “BOM VEL HO ROCK ´ N ´ R O L L ” . E N E R G I A M A D E I N A M S T E R D A M . Por: Ivo Broncas QUANDO E U VISITE I O V O S S O S IT E O FIC IA L DEPARE I-ME COM UMA D EFIN IÇ Ã O MU IT O DETALHADA SOBRE O VOS S O S O M. C O N T U D O , O QUE MAIS ME CHAMOU A AT EN Ç Ã O FO I U MA ÚNI CA F RASE DE BAIXO DO N O ME D A B A N D A Q U E DI ZI A PURA E SIMPL E SMEN T E: “ P R O T O P U N K W I TH A HINT OF PSYCHE D ELIC S ” ( P R O T O P U N K COM UMA PITADA DE PS IC A D ÉLIC O ) . C U RT O E DI RE TO. E MBORA N IN G U ÉM A P R EC IE CATALOGAR A MÚSICA Q U E T O C A O U A Q U E OUVE, SE TIVE SSE M QUE D ES C R EV ER O V O S S O ESTI LO A AL GUÉ M QUE N U N C A V O S O U V IU , SERI A E SSA A DE F INIÇÃ O Q U E U S AVA M? E PORQUÊ ?

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Isso dependeria muito de com quem eu estivesse a falar. Se tivesse de explicar a alguém cujos gostos musicais me são desconhecidos, e se não soubesse se aprecia ou não um estilo de música mais “agressivo”, iria sempre responder que se trata de rock ‘n’ roll. Rock ´n´ roll pesado. Porque no fundo, a essência é essa. Caso contrário, considero que “protopunk” é um termo muito adequado. Eu não tinha ouvido falar do mesmo até ao momento em que alguém catalogou o nosso Ep dessa forma (Ep “self titled”, gravado nos Motorwolf studios em Novembro de 2013 com Guy Tavares), e descreveu-o como Blue Öyster Cult sob o efeito de esteroides”. E considero que ainda hoje essa definição

abrange muito bem o que fazemos, isto porque o que temos em comum com as bandas que contruíram os alicerces para o estilo que se veio a tornar no punk rock, bandas como MC5, Iggy Pop, Pink Fairies, é a intensidade, a energia e a sensação de perigo que transportamos para forma como tocamos a nossa música. Mas também gostamos muito de nos deixar levar pelo envolvente som psicadélico que conhecemos das criações de (Jimmy) Hendrix ou de Hawkwind. Porém, e embora tenhamos todas estas influências clássicas, acho fulcral dizer que pegámos nelas, colocámo-las numa máquina do tempo, transportámo-las para o aqui, e o agora. Nós não queremos ficar


“A HISTÓRIA DA NOSSA CRIAÇÃO É, EM SI, O EXEMPLO PERFEITO DE QUATRO CAMINHOS QUE SE CRUZARAM NO MOMENTO CERTO E COM A ENERGIA CERTA.” presos na década de 70 “man”, nós somos uma banda de rock moderna.

O QUE MAIS ME CHAMOU A AT EN Ç Ã O Q U A N D O OUVI AS VOSSAS MÚSICA S P ELA P R IMEIR A VEZ FOI O FACTO DE ASSEMELH A R EM À Q U ELA S FEI TAS PE L AS GRANDE S B A N D A S D E R O C K DA VE L HA E SCOL A, MA S C O M U MA N O VA ABORDAGE M QUE AS TO R N A S AT U A IS . H Á ALGUMAS INF L UÊ NCIAS B EM V IS ÍV EIS E I NCLUSIVAME NTE ASSUM ID A S P O R V Ó S D E BANDAS DOS F INAIS DOS A N O S 6 0 E A N O S 70. POR ISSO GOSTAVA D E S A B ER S E A REVI TAL IZ AÇÃO DE STE S O M “ O LD S C H O O L” FOI UM OBJE TIVO CL A R O D A B A N D A , O U ACONTE CE U NATURAL MEN T E Q U A N D O S E REUNI RAM? Nesse aspeto a atitude “protopunk” da banda entrou em ação: o som devia ser intenso! Considerando que prestamos homenagem às bandas a que te referes, não se trata de uma cópia. Eu acho que a homenagem é ainda maior quando mostras que esses conjuntos te conseguem inspirar em fazer algo novo da tua autoria, e não apenas ouvir com atenção e tocar algo muito semelhante. Na minha opinião a nossa música é pouco convencional: não estamos restringidos a um estilo único, uma única época musical, ou ao que quer que seja. Não há nada que nós idolatremos religiosamente. Desde a essência agitada do punk até aos coros do estilo de Crosby Stills Nash & Young, nós reunimos tudo aquilo que gostamos, digerimos da forma que nos parece mais adequada, e depois tocamos o nosso próprio rock ‘n’ rol, que é o resultado de tudo isto que foi descrito.

PARA AL É M DE SSAS R EFER ÊN C IA S J Á REFERIDAS, HÁ AL GUM A S B A N D A S MA IS RECENTE S QUE VOS INSP IR A R A M D E A LG U MA FORM A? Sim, muitas bandas contemporâneas inspiram-nos bastante, e de diversas formas. Vejamos o caso dos The shrine, ou Dirty Fences por exemplo; a forma como eles dominam o palco e dedicaram as suas vidas às suas extraordinárias bandas é por si só muito inspirador. Sem dúvida que ter estado em tour com eles teve um impacto muito grande em todos nós. É difícil resumir uma lista de influências, mas aquilo que mais me inspira é sem dúvida o entusiasmo que há relativamente a novos projetos que vão surgindo, o público estar cada vez mais ávido por música, e o facto de este fenómeno estar a acontecer em ambos os lados do Atlântico. Conjuntos como Lecherous Gaze e Danava (“man”, nem me deixes começar a falar nestas duas bandas!) há uns anos atrás não tocavam em Amesterdão. Agora, eles tocam para uma plateia cheia e muito entusiástica, inclusivamente a dias de semana.

EU A C H O Q U E O P Ú B L I C O S E N T I U FA LTA D O ES T ILO D E S O M Q U E A P R E S E N TA M , E I S S O É O Q U E V O S FA Z D I F E R E N T E S D E T O D A S A S O U T R A S N O VA S B A N D A S Q U E C O M E Ç A M A S IN G R A R N O M E I O . V O C Ê S T Ê M E S TA D O E M TOUR, A TOCAR MUITO AO VIVO, POR ISSO D IG A M- ME: T Ê M G O S TA D O D A F O R M A C O M O O P Ú B LIC O T E M R E A G I D O À V O S S A M Ú S I C A ? Sim “man” tem sido muito bom mesmo (“really fucking cool” foram as palavras exactas) tocar para uma audiência completamente nova e que não faz a mínima ideia do que esperar dos nossos concertos. Nós vemos frequentemente o seguinte padrão: durante as primeiras duas canções o público costuma ficar no fundo da sala, curioso e expectante em relação ao que se vai passar. Na terceira música, volto-me e vejo que metade das pessoas já se colocaram mesmo à frente do palco. No final do concerto as pessoas então a dançar, a gritar, a aplaudir… E o melhor de tudo é que vemos raparigas (Girls, girls, girls….) a “rockar” tanto como os durões do punk, mesmo em frente aos “metaleiros”, que por sua vez estão muito próximos dos tipos de longas barbas grisalhas. É muito gratificante ver que a nossa música, para além de fundir muitos géneros musicais, também consegue agradar a uma audiência com gostos muitos abrangentes. Tal como expliquei antes, embora oiças que somos inspirados por muitas bandas de um estilo em particular, não estamos limitados a esse mesmo estilo musical. Mas essa afirmação está aparentemente muito ligada àquilo que que os Death Alley são na realidade. As pessoas ouvem na nossa música aquilo que querem ouvir. E é essa a razão por que os punkers, os metaleiros, os stoners e outros “rockers” estão lado a lado nos nossos concertos.

N Ó S S A B EM O S Q U E V I E R A M D E D I F E R E N T E S B A N D A S , N O M E A D A M E N T E T H E D E V I L’ S B L O O D , G EWA P EN D B E T O N E M Ü H R , M A S I N F E L I Z M E N T E N Ã O S A B EM O S M U I T O M A I S S O B R E A H I S T Ó R I A D O S D EAT H A L L E Y. P O D E M E L U C I D A R - N O S U M P O U C O MA I S S O B R E A V O S S A H I S T Ó R I A , E C O MO ES T E P R O J E T O V I U A L U Z D O D I A ? Se tivesses feito essa pergunta ao nosso baixista, Dennis, terias uma resposta completamente diferente. Não necessariamente mais ou menos verdadeira, apenas a mesma história vista de uma outra perspetiva. Mas aqui vai a minha versão dos acontecimentos: Oeds, Ming e eu tocámos juntos nos Gewapend Beton desde os nossos 13 anos e durante mais de uma década. Nós crescemos juntos musicalmente (e não só obviamente), mas o talento musical do Oed cresceu exponencialmente e foi convidado para tocar nos The Devil´s Blood. Durante esse período não houve grandes progressos com os Gewapend Beton. Não apenas porque Oeds tinha menos tempo, mas também porque nos indagávamos até onde esta banda nos poderia levar. Contudo, e apesar desta situação, a nossa motivação era enorme e agressiva (no bom sentido) – Nós queríamos mais! Então, de repente, os The Devil´s Blood anunciaram o fim da banda. Uma vez que o Oeds tinha agora muito mais tempo disponível, vimos nesta situação uma oportunidade para conseguirmos singrar no meio, mas não com a antiga formação. Oeds, Ming e eu demos por nós motivados, excitados e à procura de um novo baixista. O Oeds tinha feito umas jam-sessions com o Dennis durante algum tempo, mas nunca passou disso mesmo, nenhum projeto nasceu daquelas sessões. Por isso havia muito pouca

(se é que houve mesmo alguma) dúvida em relação a quem deveríamos fazer uma audição. Depois de tocarmos literalmente duas canções, as quais provavelmente nem as terminámos, olhámos uns para os outros e soltámos uma gargalhada. “Temos banda!” Deu a sensação que desde o primeiro instante que nos juntámos, e tornou-se imediatamente visível quando começámos a tocar, que nos inspirámos mutuamente ao ponto de, em poucas semanas, não se sentir que éramos uma colagem de uma banda e meia. Os Death Alley eram mais do que a soma das partes.

PRIMEIRO LP + N O VA C OMPANHI A D I S C O G R Á F I C A = G R A N D E S MUDANÇAS. S U P O N H O Q U E E S T Ã O B A S TA N T E EXCI TADOS C O M E S TA FA S E D A V O S S A C A R REI RA E QUE I S S O S E R E F L E T E N A M Ú S I C A Q UE CRI AM. E S T O U C E RT O ? Ah sim! Absolutamente! Estamos muito satisfeitos pelo resultado final das gravações, e profundamente entusiasmados por ter sido lançado pela TeePee Records. Nós fomos ambiciosos desde o início, mas nunca esperei que o nosso álbum de estreia soasse desta forma, nem que que fosse lançado internacionalmente por esta editora em particular.

T O D O S N Ó S , D E V E Z E M Q U A N D O, OLHAMOS PA R A T R Á S E P E N S A M O S : “ P R O VAVELMENTE P O D I A T E R F E I T O I S T O O U A Q U I LO DE UMA F O R M A M U I T O M E L H O R . ” A L G UMA V EZ F I Z E R A M E S T E E X E R C Í C I O E TENTARAM M E L H O R A R A L G U M A S S I T U A Ç Õ E S Q UE, NA V O S S A O P I N I Ã O , N Ã O C O R R E R A M TÃ O B EM C O M O G O S TA R I A M N A S B A N D A S À S Q UAI S P E RT E N C I A M A N T E S D E S E F O R MAREM OS D E AT H A L L E Y ? C A S O T E N H O A C O N T ECI DO S ERÁ Q U E P O D I A M , P O R FAV O R , PA RT I L H AR A LGUNS EXEMPLOS? Sabes, é claro que podemos sempre olhar para trás e atribuir uma conotação menos boa ao que se passou, contudo, de uma certa forma, eu sou um admirador da forma natural como as coisas se desenrolam e te levam a um determinado lugar. Tudo o que consegui atingir até hoje é o resultado de talvez cinco decisões e intenções tomadas conscientemente que se depararam com a oposição de mil coincidências, consequências não desejadas e erros, tudo isto combinado e fertilizado com muitos elementos desconhecidos. Por isso, embora eu pudesse arrepender-me de eventos passados, ou pudesse desejar que tivesse agido de outra forma, na realidade não queria que nada se tivesse alterado. Talvez o exemplo mais concreto é o de que nós podíamos ter terminado a nossa banda anterior, os Gewapend Beton, dois anos antes de o termos feito, pois estávamos a enfrentar algumas dificuldades e perdemos durante algum tempo a inspiração para fazer música. Mas eu não tenho a certeza que, se tal acontecesse, os Death Alley não teriam surgido da forma como surgiram. Aliás, neste momento tenho a certeza que tal não teria acontecido. A história da nossa criação é, em si, o exemplo perfeito de quatro caminhos que se cruzaram no momento certo e com a energia certa. Por isso eu dou valor aos acontecimentos passados pois permitiramme (não só a mim, como a todos nós) atingir este patamar. Agora, consigo pegar nas experiências que tive anteriormente, e aplicar o conhecimento que me proporcionaram no presente, e no futuro.

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ENTREVISTA

PODEM E XPL ICAR-NOS CO MO S E D ES EN R O LA O PROCE SSO DE COMPO S IÇ Ã O D A S V O S S A S M ÚSI C AS? TE M INÍCIO NA S LET R A S ? C O MEÇ A NORM A L ME NTE COM UM R IFF D E G U ITA R R A ? A SECÇÃO RÍTMICA É QUE T O MA A IN IC IAT IVA ? OU É A L GO DO GÉ NE RO “VA MO S T O C A R E LO G O VÊ O Q UE ACONTE CE ”? Um pouco de tudo na realidade, mas habitualmente é a última hipótese. Nós não temos uma “fórmula” para escrever canções. Eu acho que todos nós somos muito recetivos ao que os outros elementos criam, e tudo nasce daí. O que me dá mais prazer é quando começamos a tocar, e, de repente, criamos algo. Há uma energia positiva quando isso acontece, e como tal, é o meu método de composição preferido. Mas às vezes um dos guitarristas chega ao ensaio e diz: “Oiçam este riff! Vamos fazer alguma coisa com isto.” Não há um compositor principal nesta banda, porque mesmo que um de nós crie alguma coisa em casa, todos juntos desenvolvemos a ideia e tornamo-la melhor. Um dos momentos mais memoráveis de composição de músicas para este álbum aconteceu quando o Oeds disse: “Ainda nos falta uma canção como….” E então começou a tocar o riff da música “Supernatural Predator”. Todos nós acompanhámo-lo e a canção nasceu assim. Para além de alguns arranjos adicionais, a música em si praticamente não mudou nada desde aquele momento.

O FACT O DE SE RE M DE AMES T ER D Ã O A LG U MA VEZ VO S F E Z SE NTIR QUE ES TAVA M “ FO R A D O RADAR” DA MAIORIA DAS ED IT O R A S ? E S E FO I ESSE O CASO, COMO ULT R A PA S S A R A M ES S A DI FI CUL DADE ?

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Não, nem por isso. Como sabes, se as coisas não correm da forma como gostaríamos, podemos sempre culpar as circunstâncias. Eu tenho perfeita consciência que o que vou dizer pode parecer pretensioso, visto que já assinámos com a TeePee records, mas não acho que a nossa cidade natal tenha sido uma desvantagem. Na realidade Amesterdão não é uma má cidade para uma banda de rock estar sediada! Além disso nós estamos perto de grandes países nos quais podemos fazer digressões (Alemanha, Áustria e países Escandinavos estão já aqui ao lado). Há muita coisa a acontecer à nossa volta. Tenho de admitir que Holanda pode por vezes ser um bocadinho enfadonha, mas quando estamos em palco, ou na nossa sala de ensaios, estamos na nossa “Black Magick Boogieland”, e como tal, o que nos rodeia não nos impede de sermos quem nós queremos ser.

ano e meio desde que formámos os Death Alley. Todas as músicas foram criadas de forma espontânea e representam a nossa jornada. E ao invés de ser um conceito pensado de antemão e para o qual fomos trabalhando, foi apenas no final de todo o processo que percebemos que, por onde temos andado e tudo o que temos vivenciado enquanto banda pode ser chamada a “Black Magick Boogieland”. E dela (Black Magick Boogieland) fazem parte a sedução da própria música, a boa sensação que é conseguir fazer com que as raparigas que estão à frente do palco abanem as suas ancas, mas também um lado mais duro, negro e perturbante. Também representa para mim, a forma como gosto de encarar a minha vida: Deixar o futuro emergir das sombras do passado, aceitar a incerteza e sentir-me entusiasmado pelo seu encanto arrebatador.

QUANDO SOUBE QUE ERAM DE AMESTERDÃO, ES TA B ELEC I I M E D I ATA M E N T E U M PA R A L E L I S M O EN T R E O NO M E D O Á L B U M “ B L A C K M A G I C K B O O G IELA ND ” E A C I D A D E E M S I . PA R E C E U ME H AV ER I A A L G U M A R E L A Ç Ã O . F O I S Ó IMA G IN A Ç ÃO M I N H A ? H Á A L G U M A H I S T Ó R I A P O R D ET R ÁS D O Á L B U M E D O S E U N O M E ?

C O M O D E S C R E V E R I A M A C E N A ROCK/META L N A H O L A N D A ? N A V O S S A O P I N IÃ O ES TÁ A C R E S C E R , O U P R E C I S A D E A L G U M I NC ENTI V O?

Sim, há uma história por detrás do nome, mas não tem muito a ver com a nossa cidade natal. Não quer isto dizer que quem oiça o disco não possa ter a sua própria interpretação acerca do que é, ou o que é falado em “Black Magick Boogieland”. Para mim, esta música que dá nome ao álbum é a conclusão perfeita do mesmo. Estão incluídas neste trabalho muitas histórias, tanto pessoais, como do grupo em si, que ocorreram durante o último

Como já tinha dito, há atualmente muita coisa a acontecer. Basta olhares para as outras bandas que também assinaram pela Teepee records para perceber como o rock ´n´ roll ainda é muito relevante e respeitado. A Holanda tem muito para oferecer, tanto em termos de bandas que cá tocam (ou têm tocado nestes últimos anos), como pelo público que estas atraem. Eu penso que a cena está em alta neste momento. Há muita atividade no meio, as pessoas estão mais curiosas e cada vez mais ávidas por música, o que faz com que o Rock e o Metal na Holanda estejam a crescer por mérito próprio.


“AS PESSOAS OUVEM NA NOSSA MÚSICA AQUILO QUE QUEREM OUVIR. E É ESSA A RAZÃO POR QUE OS PUNKERS, OS METALEIROS, OS STONERS E OUTROS “ROCKERS” ESTÃO LADO A LADO NOS NOSSOS CONCERTOS.” QUAI S SÃO AS BANDAS Q U E C O N S ID ER A M DAS MAIS SUBVAL ORIZ A D A S D E T O D O S O S TEM POS? Pentagram. Não são completamente desconhecidos, obviamente, mas na minha opinião podiam, e deviam, ter sido tão grandes como os Black Sabbath.

AGORA DE SAF IO-VOS A RES P O N D ER EM A D U A S PERGUNTAS, E AGRADE CIA Q U E C A D A U M D E VÓS P UDE SSE RE SPONDE R À S MES MA S . J Á I RÃO PE RCE BE R PORQUÊ .

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1. POR FAVOR COMP LET EM A FR A S E: “M ORRE RIA F E L IZ SE PUD ES S E PA RT ILH A R O PALCO COM…. ” DOUW E : Captain Beyond, se eles tocassem o seu álbum homónimo na íntegra.

M I NG: Eu nem preciso de palco, eu só quero tocar bateria com o Ginger Baker.

OEDS: Ozzy Osbourne. Isto é, se eu fosse o

guitarrista da sua banda, e se tocássemos o álbum “Blizzard of Ozz” na íntegra.

DENNI S :

Já fiz coros para os Dirty Fences. Sou um homem feliz.

2. QUAL É A PE RGUN TA Q U E N IN G U ÉM AI NDA VOS F E Z , E SE MPR E D ES EJ A R A M Q U E VOS T IVE SSE M F E ITO? E C LA R O , Q U A L É A RESPOSTA. DOUW E :

Não é necessariamente uma resposta a uma pergunta, mas mais uma opinião. Eu considero que de todas coisas que o ser Humano conseguiu produzir com o seu intelecto, engenho e imaginação, as artes, e a música em particular, são o único produto verdadeiramente belo.

OEDS: “Com quem queres partilhar o palco antes de morrer?” E já te disse a resposta.

M UI TO OBRIGADO PE L A VO S S A C O LA B O R A Ç Ã O . BOA SORTE PARA VOCÊS . ES P ER O V Ê-LO S BREVEME NTE E M PORTU G A L. T EMO S B O M TEM PO, BOM VINHO, BOA C O MID A E MU LH ER ES BONI TA S. E U SE I QUE VÃO G O S TA R D IS T O A Q U I. Concordo plenamente.

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2 7 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“(...) QUISEMOS FAZER COM QUE COM AS COISAS SE MANTENHAM EMOCIONANTES NA MESMA; ENTÃO PORQUE NÃO TENTAR LEMBRAR-NOS DO QUE À PARTIDA NOS FEZ QUERER TER UMA BANDA?”

KEN MODE O SUCESSO DE SE ENCONTRAR A SI PRÓPRIO PA R A E S T E N O V O T RABALHO CHAM ADO «SU C ES S », O S KEN MOD E DEC I D I R A M V O LTA R EM-SE PA R A O S O M Q U E O U V I A M E OS INFLUENCIOU. É COMO OU V I R O RO C K EMER G ENTE D O S PALC O S EM NY C D E ’ 8 8 MA S N O C O N T E X T O ACT UAL. O QUE EVOLUI U PAR A O I NDI E, O NOI S E O U ATÉ O S H O W G A ZE. É V O LTA R ATR Á S M A S “ S A B ENDO O QUE SEI HOJE” . FA LA MOS C O M O V O C A LI S TA J ES S E MATTHEW S O N QU E N O S D E U A IN D A M AIS RAZÕES PARA OUV I R E G O S TAR DES TE NO V O CO NCEI TO DE SU C ES S O . Por: Adriano Godinho

COM O JÁ O DISSE STE , E S T E N O V O T R A B A LH O LEVA-NOS ATÉ ÀS VOSSAS O R IG EN S . Q U A L É A I DEI A POR DE TRÁS DE SSA IN T EN Ç Ã O ? JESSE

MATTHE WSON: Essencialmente, pretendemos alcancar aquela emoção que sentíamos quando a música era algo de novo e de muito entusiasmante para nós; mostrar uma exuberância juvenil mais matura. Passamos por muito nestes últimos 16 anos na banda e quisemos fazer com que com as coisas se mantenham emocionantes na mesma; então porque não tentar lembrar2 8 / VERSUS MAGAZINE

nos do que nos fez à partida querer ter uma banda? Temos vindo a sentir-nos alienados pelas pessoas tentarem nos enquadrar em categorias já existentes, quando nunca encaixamos em nenhuma. Portanto para este trabalho quisemos dar um passo em direcção oposta aos géneros metal ou hadcore.

C O MO V ÊS O S K E N M O D E H O J E ? U M A B A N D A MAI D I S P O S TA E M C R I A R U M A V I S Ã O A LT ER N AT IVA / F U T U R I S TA D A M Ú S I C A O U M A I S O R IEN TA D O À S O R I G E N S ?

JESSE

M AT T H E W S O N : Apenas queremos criar música que seja inspiradora para nós e que nos dê gozo tocar; não temos um objectivo fixo com esta alteração de conceito para este trabalho. Até pode o próximo ser algo completamente diferente deste, algo post-punk, um festival de riffs electro fuzz! Quem sabe o que nos irá inspirar entre duas digressões? C O M PA R A N D O “ S U C C E S S ” C O M “ ENTR ECH”, O S O M PA R E C E - M E M A I S C O N V E N C I ONA L. ESTO U E R R A D O ? TA LV E Z M E N O S “ I N Y O U R FACE”?


“UMA PARTE DESTE NOSSO “REGRESSO ÀS ORIGENS” NASCEU DE ALGUMA AMARGURA EM RELAÇÃO AO FACTO DE SERMOS ASSOCIADOS À CENA METAL GENÉRICA.” JESSE MATTHE WSON : Não estás errado em

dizer que soa mais convencional. Foi uma decisão reflectida de compôr músicas mais catchy para este trabalho, pois foi mais este estilo de músicas que temos apreciado mais ultimamente. No entanto não diria que a música é menos “in your face”, é apenas menos influenciada por metal ou hardcore. Acho que a voz e as letras estão mais antagónicas e o som dos instrumentos estão ainda mais agressivos porque soam mais crus e verdadeiros do que antes. Passamos muito tempo a conseguir este som, dado que íamos trabalhar com o mestre da captura do som: Steve Albini.

HÁ ALG UMA DIF E RE NÇA E S T R U T U R A L EN T R E A M ÚSI C A DE “SUCCE SS”? N A FO R MA C O MO FO I COM POSTA OU NAS ME L O D IA S U T ILIZA D A S ? É UM SOM MAIS PE SSOAL ? JESSE

MATTHE WSON: Nunca tivemos assustados de incluir melodia nas nossas músicas, mas para este álbum deixamos a coisa fluir livremente. Sempre fui fascinado por o que bandas como Jawbox ou Chavez conseguem ter tanta melodia em músicas tão ruidosas; é algo que nos tem influenciado há muito tempo, simplesmente nunca fomos tão claros nisso quanto neste álbum. Estruturalmente falando quisemos que este fosse um álbum de rock e as músicas seguem essa ideia como nunca o fizemos. Quis poder ser possível ter uma estrutura verus e refrão para terem o mais possível de factor catchy; e também trabalhei muito na voz e letras para conseguir alcançar o objectivo, mantendo o todo mesmo assim desafiante. AS NOVAS MÚSICAS FO R A M ES C R ITA S DURANTE AL GUMA DIGR ES S Ã A O O U FO R A M ESCRI TAS NUMA ALTURA MA IS C A LMA ? JESSE MATTHE WSON: O álbum foi totalmente

escrito em período calmo, entre duas tours em 2014. Tínhamos acabado uma tour com os Russian Circles, Inter Arma e Helms Alee em Março 2014, o Scott Hamilton juntou-se a nós (no baixo) e começamos imediatamente a compôr novas músicas desde Abril até Agosto 2014, quando começou a nova digressão. Foi uma altura em que estávamos mesmo concentrados na composição, em que conseguimos gravar uma demo e retrabalhar uma e outra vez partes de músicas num gravador analógico de 4 pistas que a meu ver conseguiu destacar o melhor nestas composições. Estávamos melhor preparados para as gravações em Novembro do que alguma vez estivemos.

ALGUMA VE Z E SCRE VE ST E A LG U MA MÚ S IC A QUE N ÃO F ICOU COMO Q U IS ES T E E N U N C A CHEGOU A E NTRAR E M NEN H U M Á LB U M? JESSE MATTHE WSON : Já houve riffs que não

ficaram bem na altura, só depois de conseguir juntas peças e fazerem sentido, para soarem a algo que faça sentido. Temos trabalhado em riffs para ”Book od Muscle” desde o “Mennonite”, mas só depois do álbum ter saído é que encontramos as ideias certas. Tivemos outra música sem título que temos andado a trabalhar desde o «Venerable» que simplesmente nunca conseguiu ser terminada porque não encaixava com o resto das músicas. Geralmente concluímos os riffs muito tempo antes de acabar a música ou retrabalhamos as ideais para que tudo seja coerente numa perspectiva geral do álbum. “Dead Actors” do álbum «Success» era bem

diferente quando começou a ser escrita e só mesmo uma parte da música é que sobreviveu desde a ideia de origem.

FO I V O S S A D E C I S Ã O T R A B A L H A R C O M S T E V E A LB IN I? Q U A L F O I A S U A I N F L U Ê N C I A N O P R O D U T O FI N A L ? T E R I A S I D O M U I T O D I F E R E N T E S E T IV ES S E M G R AVA D O S O Z I N H O S E M C A S A ? J ES S E MAT T H E W S O N :

Claro! Escolhemos todos os engenheiros com quem trabalhamos e o Steve esteve sempre na nossa lista das pessoas com quem gostaríamos de trabalhar. Quem conhece a nossa história e influências sabe que esta foi uma união inevitável e estou muito contente de o ter finalmente conseguido. A sério, Steve fez o que o Steve faz; configura os micros, faz-te tocar e trabalha na mesa de mistura. Ele não é um produtor, ele não te diz como compores as tuas músicas, ele apenas captura o som da banda e fa-lo melhor do que qualquer um. Se outra pessoa o tivesse feito, as músicas em si teriam sido as mesmas, claro, mas não acredito que teriam acabado com um sentimento tão reais e honestas como estão neste álbum.

T ÊM A LG U M C O N V I D A D O PA R A E S T E T R A B A L H O , C O MO O FIZ E R A M N O S A N T E R I O R E S ? J ES S E

MAT T H E W S O N :

Sim, convidamos Natanielle Felicitas, que toca violoncelo nas faixas “Blessed” e “The Owl” que também trabalhou conosco em “Entrench”; convidamos Dylan Walker dos «Full of Hell» para o ruído em “Blessed” e temos vozes adicionais em “Blessed” por Eugene Robinson dos «Oxbow» e em “These Tight Jeans” por Jill Clapham.

D ES D E Q U E O “ E N T R E N C H ” S A I U , H Á D O I S A N O S , J Á M U I TA C O I S A A C O N T E C E U . M U I TA G EN T E C O NH E C E U K E N M O D E , D A S D I G R E S S Õ E S O U D A S CR Í T I C A S P O S I T I C A S D O S Ú LT I M O S T R A B A LH O S. . . I S T O T U D O C A U S O U A L G U M IMPA C T O N A B A N D A ? . . . O U N A M Ú S I C A ? E S TA D EC IS Ã O D E V O LTA R A O S I M P L E S F O I A L G U M A R EA C Ç Ã O A I S S O ? J ES S E MAT T H E W S O N: Uma parte deste nosso

“regresso às origens” nasceu de alguma amargura em relação ao facto de sermos associados à cena metal genérica. Nunca encaixamos na cena metal ou hardcore, muitas vezes mais importante para pessoas de outras bandas, do que para o público em geral. É certo que confrontamos-nos algumas vezes com a ignorância de alguns fãs desses sub-géneros durante estes últimos anos. Talvez este álbum seja uma forma de protexto contra a indústria musical no geral. Sinto que apesar de termos algum reconhecimento, continua a ser uma batalha para nós tentarmos “navegar” nesta indústria musical.

A S LET R A S E M “ S U C C E S S ” S Ã O M U I T O D IFER EN T ES D O S Ú LT I M O S Á L B U N S ? Q U A I S SÃO OS TEMAS? CONTINUAS A PROCURAR A PA RT E C Ó M I C A N O H O R R Í V E L D A S C O I S A S ? J ES S E MAT T H E W S O N: As letras em “Success”

giram em torno de conceitos ocidentais altamente relativos sobre termos e conceitos do que é o sucesso. É uma análise e crítica cómica à pressão que as pessoas sofrem e como uma existência sciente nos vê encaixados neste palco universal. Na verdade passamos a visão cómico do

horrível nas coisas, onde grande parte das letras neste trabalho foi escrita com sarcasmo e humor negro. A maior diferença na escrita das letras para este álbum é que houve muito mais participação dos outros elementos da banda. Nos trabalhos anteriores, as minhas letras sempre foram muito pessoais e sinceramente é a única fonte de inspiração para escrever letras. Para “Success” fui guardando um registo de combinações de palavras que ia achando interessantes, conversas do dia-a-dia entre nós, e assim consegui criar letras concisas para as músicas. Outro elemento novo nas letras deste trabalho é que eu procurei mais as rimas do que anteriormente; algo que nunca me interessou mas que quis agora por causa da componente “agarradora” da prosa rimada. Por causa disto, somado com a forma como Steve Albini capturou as vozes, conseguiu-se a forma vocal mais crua e honesta que alguma vez consegui.

S A B E M O S Q U E P E D I S T E A R A N D Y ORTI Z PARA T R A B A L H A R N O V O S S O G R A F I S M O , COMO É QUE F U N C I O N O U ? Q U E TA L C O R R E U ? S ÃO I DEI AS Q U E PA S S A M E D E I X A M O A RT I S TA CRI AR ALGO AT R AV É S D E A U D I Ç Õ E S D A V O S SA MÚ SI CA? E S T Ã O S AT I S F E I T O S C O M O R E S U LTADO? J E S S E M AT T H E W S O N: Esta foi a primeira

vez onde o artista começou a trabalhar no grafismo antes de começarmos a gravar as músicas, e ele esteve presente desde os primeiros momentos de concepção do álbum. Discutimos as ideias com o Randy muito antes de começar e ele surgiu com ideias gráficas que todos nós achamos que eram exactamente o que pretendíamos. Não poderíamos estar mais satisfeitos com o resultado, assim como já há muito tempo queríamos trabalhar com ele, pois ele ajuda a extrair toda a escência do conceito. Randy também é um artista a tempo inteiro, um bom amigo, familiar com o estranho combate que é tentar sobreviver fazendo arte num estranho sítio como o é Winnipeg, MB, Canada.

J Á F I Z E R A M V Á R I A S D I G R E S SÕ ES P ELA E U R O PA E P E L O S E S TA D O S U N I D O S (E C ANADÁ, C L A R O ) , C O N S E G U E M I D E N T I F I C A R A LGUMA D I F E R E N Ç A E N T R E O S D O I S P Ú B L I C OS? J E S S E M AT T H E W S O N : Em termos de público,

achamos que a nossa recepção é mais calorosa nos estados unidos, provavelmente pelas digressões mais visíveis que lá fizemos mas também a nossa capacidade em tocar lá inesgotavelmente. Temos tentado marcar presença na Europa, especialmente agora em 2015 com uma quantidade de festivais em que vamos participar mais umas pequenas digressões em torno destas. Espero que tenhamos algum retorno, até porque acho que não fomos muito bem representados aí nos passados anos.

T Ê M P L A N O S PA R A O Q U E S E G U E ? J E S S E M AT T H E W S O N: Alguns festivais este

verão, uma pequena digressão com os nossos amigos Fight Amp em Junho e uma enorme digressão nos meses seguintes até ao novo ano. Gostaríamos de tocar nos estados unidos, Europa e depois Australia. Veremos como corre! W W W. K E N - M O D E .C O M H T T P : / / W W W. R ES T LES S C E L L IS T.C O M / H T T P : / / D A MN TH E D E S IG N .C O M / H T T P S : / / W W W. FA C EB O O K .C O M / F IG H TA M P H T T P S : / / Y O U T U . B E/ O E M AWG N S K V 0 2 9 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“QUEM NOS DIAS DE HOJE AINDA MORRE PELOS SEUS PRINCÍPIOS A NÃO SEREM OS SOLDADOS?”

KHAOS-DEI O SOM ENCONTRADO EM CAMPO DE BATALHA KHAOS-DEI É UM PROJECTO QUE REFLECTE O QUE SE VIVE EM ÁREA HOSTIL DE COMBATE. ESTE TRIO FRANÇÊS MOSTRA-NOS A MÚSICA QUE CRIARAM EM «TELL THEM LUCIFER WAS HERE», INFLUENCIADOS POR ALGO QUE POUCOS CONSEGUEM COMPREENDER; UM TRABALHO TAMBÉM INFLUÊNCIADO PELO BLACK METAL QUE OUVIRAM E NÃO ACREDITAM QUE AINDA EXISTA. FALAMOS COM O FABRICE E O PATRICK SOBRE O QUE SIGNIFICA PARA ELES KHAOS-DEI. Por: Adriano Godinho PODES N OS FA L A R S O B R E O S K H A O S DEI , O Q UE VOS U N I U E Q U A IS FO R A M O S VOSSOS PL A N OS I N I CI A LM EN T E? FABRI CE: Foi um amigo que nos apresentou no final de 2013. O Patrick veio a minha casa e começamos a trocar impressões e experiências de vida, os nossos objectivos. Deixamos a nossas almas falar e pensamos que estava tudo feito e acabado no mundo

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do black metal. Ainda agora não sabemos no que vai dar. O Damian juntou-se a nós para finalizar o conceito Khaos-Dei, porque a sorte não existe. PAT R IC K: Sem sorte, sentimos que poderíamos dar-nos bem em muitas coisas, de qualquer forma.

Q U A IS S ÃO A S V O S S A S INF L U Ê NC IA S PA R A ES TE A L B U M PA R A A M Ú S IC A E PA R A A S L E TR A S ?

FA B R I C E: Não pensamos em influências quando estávamos a compôr, apenas deixamos sair a raiva que estava em nós. Certamente somos todos influenciados musicalmente mas acho que Khaos-Dei tem a sua própria identidade. PAT R I C K: Nada desde que Jon Nödtveidt morreu. Quem nos dias de hoje ainda morre pelos seus princípios a não serem os soldados? No que toca às letras elas vão em direcção ao que é o black metal. Com isto, não posso ser


“NUNCA PENSAMOS QUE SERIA POSSÍVEL ALGUMA VEZ IR A UM ESTÚDIO GRAVAR O QUE INICIALMENTE ERA SÓ PARA NÓS.” mais claro.

PORQUE D I Z E M (POD E- S E O U V IR N O ALBUM ) Q UE N I N G UÉ M A C R ED IT O U Q U E PODERI A M TE RM I N AR ES T E T R A B A LH O , NEM VÓS P RÓPRI O S? FO I A LG O MU IT O COMPL I CADO F O RM A R A B A N D A E G R AVA R ESTE D I S CO? FABRI CE: Sim, dito pelo Patrick surpreso durante a gravação. É verdade que fizemos isto sem acreditar que fosse possível, mas felizmente há pessoas que acreditaram em nós, incluindo o Hervé (Osmose Production) e hoje Khaos-Dei saiu da sombra. PATRI CK: Sim, parece que este álbum vive duas vezes em nós. A primeira numa atmosfera muito especial durante a gravação e agora desta vez, seis meses depois. Nunca pensamos que seria possível alguma vez ir a um estúdio gravar o que inicialmente era só para nós. Por isso sim, pareceu-nos impossível um dia conseguir, mesmo parecendo ter sido fácil.

VOCÊS VI V E M E M FR A N Ç A , O N D E A ME U V E R A CON T EC E M U IT O EM MOVIM E N TO S MAIS U N D ER G R O U N D (COMPARATI VAM E N TE COM OUTROS PAÍSES ), ACHAM QUE FO I A LG O FÁ C IL FORMAR A B AN DA, EN C O N T R A R U MA EDI TORA, G RAVAR U M Á LB U M E T O C A R AO VI VO N O VOSSO PA ÍS ? A LG U MA V EZ SENTI R AM A N E C E S SI D A D E D E MU D A R EMSE PA RA A C API TAL O U O U T R A G R A N D E CIDADE PARA C ON SEG U IR EM O Q U E QUERI A M ? FABRI CE: : Bem, é fácil começar uma banda mas é difícil encontrar quem seja consistente e corresponda à tua personalidade. Encontrar uma editora é outra história, nos dias de hoje. As editoras têm um pé atrás e não tomam riscos; algumas têm algumas dificuldades com bandas francesas que supostamente não vendem... ou então preferem manter-se nas tendências ou modas e assinar unicamente bandas comerciais. ...e mudar-me para Paris??? Para quê? Eu estou feliz no meu sul e detesto essas enormes cidades. Ir até lá para concertos é na boa, mas mais do que isso, que se lixe. PATRI CK: Tenho estado fora de tudo há quase 15 anos. Procurar para descobrir que não tem havido grande evolução não me agrada muito, principalmente no black metal. Fiquei preso a uma época, com pessoas que acreditam realmente na mensagem do black metal. Estamos muito satisfeitos com a Osmose Productions, em parte também por o que já fizeram no passado. Da minha parte tenho de ir a Paris porque sou guitarrista nos concertos dos Diapsiquir, mas como o Fabrice, sou do sul e não suporto as grandes cidades.

Q U A N T O TE M P O D E M O R O U A C O M P O R A S M Ú S I C A S D E S TE A L B U M ? F O I U M P R O C ES S O S IM P L E S ? C O M O C O R R E U O P R O C ESS O D E C O M P O S IÇ Ã O ? Q U E R O D IZER , A LG U É M TR A Z U M A ID E IA E O S O U T R O S D E P O IS C O M P L E TA M O U É D IFER EN T E? FA B R IC E: Gravar guitarras e baixo foi muito rápido, em casa, demorou três fins-de-semana, se bem recordo. Para as gravações embebedávamos-nos para mergulharmos numa nublina e não nos arrependemos do resultado. Após terminar as gravações apenas perdemos tempo com a masterização, feita por nós mesmos; é algo que não pode ser improvisado. PAT R IC K: Pessoalmente não acho que tenhamos pré-calculado como fazer o álbum, no estado em que estávamos não teríamos conseguido masterizar as pistas. Passemos os detalhes sórdidos das nossas sessões de gravação.

D EV O D IZE R Q U E A FA IX A “L E C H A NT D ES M A R A IS ” É A L G O P E RTU R B A NTE ; OS SAMPLES USADOS COM OS C Â N T IC O S DA VERSÃO F R A NC E S A D A M Ú S I C A D E P R O TE S TO C H A M A D A “ P EAT BO G S O L D IE R S ” ( C O M P O S TA P O R P R ISIO NE IR O S D E U M C A M P O D E C O N C EN T RA Ç Ã O NA Z I) , U S A D A P E L A LEG IÃ O FRA NC E S A . É U M A R E F E R E NC Ê NC IA M U IT O IN TE R E S S A NTE , P O D E S NO S D IZ E R O Q U E S IGNIF IC A PA R A V Ó S ? FA B R IC E: “Le Chant des Marais” tem um significado muito profundo para nós e cantamo-la muitas vezes nos paramilitares. Para mim representa a liberdade e a honra de seremos seres livres. Livres de pensar por nós-mesmos, livres de fazeres o que quiseres sem que outros interfirem, seja nas nossas vidas seja na música. PAT R IC K: Por outro lado é uma música muito obscura, cantada por pessoas que não têm nada a perder. Como nós. Isto pode ser entendido de duas formas.

S E N Ã O M E E NG A NO , P E NS O Q U E O PAT R IC K É M IL ITA R E E S TE V E E M M IS S Ã O A N T ES D A S G R AVA Ç Õ E S . D E S C U L P E M P O R P ER G U N TA R M A S P O D E M NO S D IZ E R M A IS S O B R E IS TO ? P E NS O Q U E S E R Á U M A EN O R M E I NF L U Ê NC IA NO Q U E P O D E M O S O U V IR NE S TE TR A B A L H O . C O M O É C O M B IN A R U M A C A R R E IR A M IL ITA R E M U S IC A L?

coisas... PAT R I C K: Não antes, mas durante. Na verdade apenas gravamos os intrumentos e depois tive de ir embora. Regressei seis meses depois e comecei a trabalhar nas letras e nas vozes. Sim, influencia-me imenso, faz parte da minha vida, assim como KhaosDei portanto ambos são importantes para mim. Khaos-Dei começou a pedir mais tempo de nós, por isso não temos muito tempo livre. É muito emocionante pensar que não haverá segundo álbum, tudo depende como irão correr as coisas no futuro; é uma questão de balanço, um não vive sem o outro.

NO F INA L D O D IS C O P O D E -S E OUVIR UM D E V Ó S D IZ E R Q U E S E L IX E IST O T UDO, IS TO S IG NIF IC A Q U E É U M PROJECT O PA R A U M S Ó D IS C O ? FA B R I C E: Album terminado, é o fim! Isto é o Khaos! Nada mais importa…até ao próximo! PAT R I C K: Oh sim, por acaso estava a falar com dois bons amigos com quem partilho muito. John e Eric são dois irmãos. Fui principalmente eu que bazei por causa de uma gravação não estar a sair bem. No contexto dos Khaos-Dei significa que uma página foi virada e que foi algo de necessário. Este álbum pediu muito de nós, questionamosnos imenso e no final conseguimos. Acabou. Não, isto não é um projecto de apenas um trabalho. Khaos-Dei é a nossa vida.

“FIQUEI PRESO A UMA ÉPOCA, COM PESSOAS QUE A C R E D I TA M R E A L M E N T E NA MENSAGEM DO BLACK M E TA L . ” WWW.FACE BOOK.COM / KHAOSDEI WWW.OSMOSE PROD UCT I ON S.COM HTTPS://YOUTU.BE /S CBLAA_ ULEM

FA B R IC E: Reformei-me da carreira militar há uns anos mas o Patrick ainda está activo…Khaos-Dei é um grupo com uma verdadeira ideia e valores profundos que apenas algumas pessoas conseguem compreender. Temos uma história e vivemos coisas que poucos conhecem, percebem ou simplesmente experienciaram. Trata-se de um algo carregado de horror e mais 31 / VERSUS MAGAZINE


REPORTAGEM NA MINHA HABITUAL DISCRIÇÃO, DE QUEM SÓ FAZ DISCORRER ALGUNS RACIOCÍNIOS QUANDO A CONSCIÊNCIA APELA A ALGUM DESENFADO (SÉRIO, NÃO OBSTANTE), CONSTRANGE-ME OBSERVAR QUE MAIS UMA ÉPOCA VERANEANTE SERÁ PASSADA À BEIRA DE UMA BARRAQUINHA, DEVIDAMENTE MUNIDA DE CERVEJA, BEBIDAS ESPIRITUOSAS, PETISCOS (E ALGUMA ÁGUA TAMBÉM), ENQUANTO O PANO DE FUNDO SERÁ PINCELADO DE MÚSICA CUJA SERVENTIA ARTÍSTICA ALINHA-SE COM UMA ASSUSTADORA DUBIEDADE A NÍVEL CULTURAL.

A esta al tura, j á assum i t odos os estereóti pos do pont o de vi sta do comenta dor de bancada que se sente lesado: afi nal de contas, a hi stór ia, os comentári os, os moralism os, repetem-se ano após ano. Do outro l ado, o grosso que ador a este status quo j á nem buf a de aborreci mento. Já nos t om a por uma mi nori a i nofe nsiva e desvai rada que só cospe t olices e cuj a massa ci nzenta se

decompõe de tanta asnice (e inveja). De qualquer das formas, ainda se acredita que se vive num estado democrático. Sob esta feliz ilusão, digo sem qualquer tom blasfemo que o que o por aí vem de entretém balnear é nada mais nada menos do que o triste espelho de uma sociedade de consciência anémica, provocada por todo um sistema educacional que privilegia a falta de intelecto, ambição e cultura. Esta missiva serve sobretudo para Portugal. Sim, aquele país cheio de potencialidades mas tendencialmente débil e ingénuo. O país onde o Governo fomenta a estupidez em prol de uma tirania camuflada, mas muito fácil de exercer. Mas o quem têm os meros festivais de Verão que ver com toda esta pretensiosa retórica? Já dizia Lobo Antunes: “A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.” Mensagem. Recordo com grande saudosismo os tempos em que ouvir música extravasava o mero exercício auditivo. A arte é isto mesmo, um veículo para o pensamento erudito. O amor que a música mainstream apregoa seria algo de rejuvenescedor, caso alguém não se aproveitasse da 3 2 / VERSUS MAGAZINE

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O PAIS ONDE A IGNORANCIA E CHIQUE NUNO COSTA (SOUND(/)ZONE) apatia que esse mesmo amor gera para combater a podridão que alastra a nossa sociedade. É paradoxal que com tanta sugestão musical ternurenta (ou mesmo sem ela, apenas som), este país continue tão turbulento. Guerra não deve ser combatida com guerra, mas parece uma inevitabilidade que o langor e a prostração que a música actual transmite (sim, porque o heavy metal é “desordeiro”) é invariavelmente um passo para o conformismo e o aproveitamento perverso por parte de quem tem poder constitucional. Que melhor altura do que esta para difundir uma mensagem de calma e abafar todas as formas de arte que se insurgem contra o absolutismo e a opressão? Reitero: todas as formas de arte são legítimas e é a capacidade de respeitarmos a liberdade individual que nos constitui como povo civilizado. Todavia, o momento não é o de consentir o facilitismo e a subserviência. A arte é a melhor forma de superação e de

fomentar a justiça. E repito, superação. Ao constatarmos que a criatividade aparenta atravessar um momento estanque - em todos os géneros musicais -, não é isso que deve permitir que se baixe os braços e se ordene uma filosofia de entropia intelectual. Sujeito que estou a partir de agora a muito hate mail, deixo as perguntas (é que não sei mesmo responder): sobre que versa a música electrónica, os DJs, o kizomba e o pimba? Que luz traz para a mente e o corpo as bandas de covers (a forma mais reles de reciclagem)? Sei que o heavy metal nem sempre é “católico” (mas na pior das hipóteses vejamos a coisa como um qualquer filme de terror que todos gostam de ver), mas comparando o pressuposto de exigência, rigor e versatilidade, estou quase certo que os “santos” estão trocados no altar. Ao fim de todos estes anos orgulho-me ainda muito desta “casa” e “família” que é o heavy metal.



ENTREVISTA

“[…] O NOME DA BANDA REFLETE NOSSA ADMIRAÇÃO E INTERESSE POR TEMAS SOBRE CIVILIZAÇÕES ANTIGAS E SEUS VESTÍGIOS. […]”

MYTHOLOGICAL COLD TOWERS DE UMA ANTIGUIDADE MODERNA SENDO O BRASIL UMA JOVEM NAÇÃO, É CURIOSO O FASCÍNIO QUE OS MYTHOLOGICAL COLD TOWERS SENTEM PELA ANTIGUIDADE, AGORA REPRESENTADA PELOS MONUMENTOS QUE MANTÊM VIVA A SUA MEMÓRIA. DISTO NOS FALA FÁBIO CAMPOS (GUITARRISTA DA BANDA) NA SEGUNDA ENTREVISTA DADA À VERSUS MAGAZINE. Por: CSA e Ernesto Martins CSA – SATISFAZ A MINHA CURIOSIDADE, POR FAVOR: EM QUE SE INSPIRARAM PARA ESCOLHER O NOME PARA A BANDA? QUE SENTIDO LHE ATRIBUEM? FC: Saudações amigos portugueses! O nome da banda reflete nossa admiração e interesse por temas sobre civilizações antigas e seus vestígios. Mistérios de antigas raças que construiram megalíticas e colossais cidades de pedra e ouro. Sagas de vastos impérios esquecidos que, outrora, governavam raças de gigantes. Fortalezas e torres que exibiam sua esplendorosa magnificência em tempos imemoriais. 34 / VERSUS MAGAZINE

C S A – ES T E « M O N V M E N TA A N T I Q VA » É U M Á LB U M MU I T O P E S A D O . E S TA C A R A C T E R Í S T I C A É IN T EN C ION A L ? O U R E S U LT O U D O E S P Í R I T O

QUE ANIMAVA A BANDA NO MOMENTO? FC: Em nossa concepção, o Doom Metal é um estilo que enfatiza não só o andamento lento, como também seu aspecto extremamente pesado. Com a experiência que adquirimos através da nossa longa trajetória e dos álbuns anteriores, sentimos a necessidade de criar algo que priorizasse essa caracaterística do Doom, além de satisfazer nosso gosto por música pesada e marcante.

EM – APESAR DE SER CLARAMENTE UM ÁLBUM DE DOOM METAL, APRESENTA UMA FACETA GÓTICA MAIS SALIENTE DO QUE O ANTERIOR. COMO EXPLICAS ISSO? F C: Sem dúvidas, este novo álbum também teve alguma inspiração pela música gótica por conta de algumas bandas que gostamos muito, como, por exemplo, Dead Can Dance e Lycia. São inspirações que vem desde o nosso primeiro álbum. No entanto, transpareceu mais nesse novo álbum, devido a uma atmosfera de mistério e frieza que a própria temática sugere.


“[…] ESTE NOVO ÁLBUM TAMBÉM TEVE ALGUMA INSPIRAÇÃO PELA MÚSICA GÓTICA […] DEVIDO A UMA ATMOSFERA DE MISTÉRIO E FRIEZA QUE A PRÓPRIA TEMÁTICA SUGERE.” EM – PELO QUE PUDE PERCEBER, O NOVO DISCO É UM TRABALHO CONCETUAL QUE ASSENTA NUMA PERSPETIVAÇÃO POÉTICA E ALGO TRANSCENDENTE DAS RUÍNAS DE MONUMENTOS ANTIGOS. DE ONDE VOS VEM O FASCÍNIO POR ESTE TEMA? FALA-NOS UM POUCO SOBRE ISTO. FC: Diferente dos álbuns anteriores, a concepção do «Monvmenta Antqva» reflete o nosso fascínio pelo mundo clássico e sua magnífica arquitetura. Cada música transmite nossa contemplação a monumentos grecoromanos antigos que, ainda hoje, exibem sua beleza e onipotência. A visão deslumbrante desses vestígios e ruínas que marcam o berço da civilização ocidental.

CSA – ESSE FASCÍNIO PODERÁ TER ALGO A VER COM O FACTO DE A BANDA SER ORIUN DA DO BRASIL, UM PAÍS SUL-AMERICANO MUITO INFLUENCIADO POR UMA CULTURA DA VELHA EUROPA – A PORTUGUESA? FC: Há alguma relação pois, nós brasileiros, herdamos essa cultura lusitana em vários aspectos, o que faz com que ainda estejamos conectados com o velho mundo, de alguma forma.

CSA – ADOREI A CAPA DO ÁLBUM, QUE ME PARECE TRADUZIR BEM A VETUSTEZ DOS MONUMENTOS. ERA ESSA A IDEIA? FC: Exatamente. Através da imagem da capa, pretendemos transmitir o efeito contemplativo dos monumentos clássicos, delineados pelos traços envoltos de beleza, visualizando sagas épicas e tragédias.

CSA – PODES DAR-NOS ALGUMA INFORMAÇÃO SOBRE O ARTISTA GRÁFICO QUE A FEZ?

FC: A Cyclone Empire fez seu ótimo trabalho com o lançamento do «Immemorial». No entanto, decidimos desfazer o contrato. Tudo ocorreu de forma tranquila.

EM – A NUKTEMERON PRODUCTIONS É UMA EDITORA OPERADA POR MEMBROS DA BANDA? POR QUE OPTARAM PELO LANÇAMENTO DO NOVO DISCO ATRAVÉS DESTA EDITORA? FC: Sim, A Nuktemeron Prod. existe há 10 anos, lançamos alguns materiais em formato tape e CD. Decidimos lançar o «Monvmenta Antiqva» por nós mesmos, para termos mais controle sobre as vendas e cuidar de todo o processo de divulgação da banda. Felizmente, as coisas estão acontecendo de forma correta e pretendemos relançar nosso primeiro álbum ainda este ano.

CSA – QUERES DEIXAR ALGUMA MENSAGEM ESPECIAL AOS LUSÓFONOS DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO?

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FC: É um imenso prazer participar novamente do Versus Magazine e esperamos voltar a bela Portugal algum dia para rever velhos amigos e aliados. Abraços.

“[…] CADA MÚSICA TRANSMITE NOSSA CONTEMPLAÇÃO A MONUMENTOS GRECOROMANOS ANTIGOS QUE, AINDA HOJE, EXIBEM SUA BELEZA E ONIPOTÊNCIA. […]” W W W.FA C EB O O K . C O M/ O FFI C I A LMY T H O LO G I C A LC O LD T O W ER S

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FC: O nome dele é Beto Martins e trabalha connosco desde o álbum «Remoti Meridiani Hymni», lançado em 2000. Ele soube absorver nossas intenções e proposta de forma absoluta.

EM – NÃO É VERDADE QUE O CONTRATO COM A CYCLONE EMPIRE PREVIA O LANÇAMENTO DE MAIS DISCOS ALÉM DO «IMMEMORIAL»? (LI ISSO NA VOSSA PÁGINA DO FACEBOOK, PENSO). POR QUE RAZÃO A BANDA NÃO SE MANTEVE COM ESTA EDITORA?

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ENTREVISTA

“ACHO QUE O FACTOR MAIS IMPORTANTE É A MELODIA, DEDICAMOS-NOS IMENSO Á MELODIA PARA ESTE ÁLBUM”

BETWEEN THE BURIED AND ME UM COMA COMO MAIS NENHUM O LANÇAMENTO DESTE ÚLTIMO «COMA ECLIPTIC» DOS BTBAM PODIA SER A PENAS MAIS UM ÁLBUM ENTRE TANTOS, NESTE PROLÍFERO 2015. MAS A VERDADE É QUE DESDE O «ALASKA» EM 2005 QUE ESTE PROJECTO DÁ MUITO QUE FALAR E EM CADA LANÇAMENTO CONSEGUEM IR SEMPRE MUITO MAIS LONGE. TÊM MANTIDO UMA LINHA CONSTANTE DE EVOLUÇÃO, UMA APTIDÃO INCRÍVEL PARA CRESCEREM EM QUALIDADE. SÃO UM NOME ASSOCIADO À COMPOSIÇÃO MUSICAL COMPLEXA E À MIXÓRDIA DE ESTILOS, GÉNEROS E INFLUÊNCIAS. APROVEITAMOS PARA FALAR COM O TOMMY (VOZES) SOBRE COMPOSIÇÃO, COMO TRABALHAM, AS SUAS INFLUÊNCIAS E QUAL O OBJECTIVO DESTE COMA ECLÍPTICO. ESTA É A VERSÃO 2015 DOS BTBAM. Por: Adriano Godinho & Eduardo Ramalhadeiro HTTPS://WWW.FACE BOOK.COM /BTBAM OFFI CI AL HTTP://WWW.M E TAL BL ADE .COM / BT BAM / HTTPS://VIME O.COM / 127734366

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“SOMOS UMA EXCELENTE EQUIPA, NÃO PODERIA PEDIR UMA MELHOR EQUIPA COM QUEM COMPOR MÚSICA.” QUAIS FORAM AS PRIMEIRAS IDEIAS OU ACÇÕES QUE LEVARAM À CRIAÇÃO DESTE “COMA ECLIP TIC”? TOMMY: Começamos a escrever a música primeiro, sabíamos que queríamos fazer um álbum conceptual e desde o primeiro dia sentimos algo diferente em relação a este trabalho, com uma componente mais obscura; quisemos criar uma história que funcionasse bem com isso. A minha ideia foi perguntar-me “se tivesse de escrever mini histórias, do que falaria?”; com isto consegui começar a trabalhar no conceito. Esta foi a terceira ou quarta história que me veio à ideia e acho que encaixa bem na música. Gosto muito dela porque permite-me ser criativo sobre os mundos na história, dá-me mais liberdade do que alguma vez tive anteriormente, com álbuns conceptuais.

ENTÃO A MÚSICA CRIADA É A INSPIRAÇÃO PARA O CONCEITO DO ÁLBUM. TOMMY: Sim, a partir da música começo a encaixar as minhas letras, tudo depende da música e varia de música para música.

DO QUE TRATA ESTE ÁLBUM? TOMMY: Este álbum é sobre um homem que se induz voluntariamente em coma para encontrar uma melhor forma de vida; esse coma fá-lo viajar por suas vidas passadas, em cenários e mundos estranhos. No final ele percebe que tudo foi em vão, na realidade esteve em coma e deixou um mundo magnífico que perdeu, ao mergulhar em coma, onde viveu pesadelos e mentiras. Acorda para apenas dar conta disso e morrer.

POR ISSO A PALAVRA “ECLIPTIC” EM “COMA ECLIPTIC”, PELOS CICLOS DAS VIAGENS NAS VIDAS PASSADAS? TOMMY: Sim, porque viaja por entre os diferentes mundos da sua vida passada.

QUAL A MAIOR DIFERENÇA ENTRE ESTE ÁLBUM E O QUE FOI PREVIAMENTE FEITO PELOS BTBAM?

T O M MY: Bem, no que toca à composição é bastante parecido com o que fazemos, é muito orgânico, natural, inspiramo-nos uns aos outros, é exactamente o que quisemos compor naquele momento...e é a forma como trabalhamos a nossa música. Acho que é mais focado, realmente mais melódico; tivemos mais atenção á estrutura das músicas desta vez, penso que de uma forma mais tradicional. Parece mais coerente...e acho que o factor mais importante é a melodia, dedicamo-nos imenso á melodia para este álbum. As variações entre os momentos altos e baixos estão mais dramáticos, a música está mais dramática e gostamos do resultado final.

SIM, FOI O QUE ME PARECEU AO OUVIR O ÁLBUM, SOA A BTBAM MAS HÁ ALGO DE DIFERENTE DE ALGUMA FORMA, NÃO SEI COMO EXPLICAR. T O M MY: Sim, sim, é o que gosto neste trabalho. Quando paras para ouvir, no final de contas continua a soar a BTBAM e isso é importante para nós. Sabes, quando entramos no estúdio com Jamie King para apenas gravar os primeiros esboços de vozes para este álbum, para ver como ficava, tentamos ter algo que fosse reconhecível como sendo nosso. Gravámos uma música com ele, penso que foi a “Coma Machine” e o resultado final é uma música diferente, como que uma evolução do que somos, mas que soa a BTBAM. A partir daí houve muito mais confiança para trabalhar nas músicas restantes.

ESTE TRABALHO TEM MUITO MAIS SONS DE TECLADOS E SINTETIZADORES, FOI ALGO PREMEDITADO LOGO DE INÍCIO OU SURGIU NO EVOLUIR DAS COMPOSIÇÕES? T O M MY: Não fizemos nada de muito intencional, apenas usamos uma outra forma de chegar ás músicas e calhou ser através de teclados. Muitas das partes de teclas foram compostas pelo Dan (n.t. Dan Briggs – Baixo, teclas e segundas vozes) e muitas das ideias que ele teve foram inicialmente compostas em teclas, por isso uma grande parte do que ele trouxe para a banda teve origem em teclados.

Também há uma pequena música electrónica que compus, a primeira música de todas dos BTBAM que não tem guitarras, que acho que encaixa tão bem no álbum, num momento da história que coincide com uma viagem e faz todo o sentido.

É SEMPRE ASSIM QUE COMPÕEM? PRIMEIRO A MÚSICA E DEPOIS AS LETRAS? TO M M Y: Sim, gosto de trabalhar nas letras depois dos factos. Porque sou muito exigente no facto da letra encaixar nas músicas, no ambiente e na melodia. Porque, sabes, as nossas músicas mudam e passam por momentos diferentes, que deixam uma sensação tão diferente...e eu, quando escrevo histórias, gosto que a letra bata certo com a história e a música. Para conseguir isso tenho de ouvir a música primeiro e criar algo que flui com os sons.

LI NUMA ENTREVISTA ANTERIOR QUE TODOS OS MEMBROS DOS BTBAM PARTICIPAM NA COMPOSIÇÃO DAS MÚSICAS. COMO FUNCIONA, CINCO PESSOAS COM FORTES OPINIÕES SOBRE O QUE FAZEM, JUNTAREM-SE E TRABALHAR NA MESMA MÚSICA? TO M M Y: Nós trabalhamos muito bem juntos, não sei, é muito diferente de música para música... algumas são compostas por apenas dois membros, outras já pode envolver todos. Depende de muita coisa; ...somos pessoas que já fazemos isto há muito tempo, compreendemo-nos e apenas queremos conseguir a melhor música e o melhor álbum possível, modéstia à parte. Se compomos algo que gostamos mesmo, não ficamos obcecados com o que conseguimos. Há muitas partes que são retiradas ou incluídas, se uma parte de algum de nós é retirada, não há qualquer problema porque todos sabemos que não estava a resultar. Somos compreensíveis, todos temos os nossos pontos fortes e fracos, ajudamo-nos uns aos outros. Somos uma excelente equipa, não poderia pedir uma melhor equipa com quem compor música.

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ENTREVISTA

“EM CADA ÁLBUM PUXAMOS POR NÓS MESMOS MUSICALMENTE E TECNICAMENTE FALANDO. HÁ MOMENTOS CRIADOS POR UNS QUE TORNAM AS COISAS MAIS COMPLEXAS PARA OUTROS, MAS ISSO FAZ-TE MELHORAR”

CONSIDERAS A FAIXA “FAMINE WOLF” TUDO O QUE GOSTAS DE BTBAM NUMA ÚNICA MÚSICA. POR QUE DIZES ISSO? TOMMY: Acho a música muito fixe! Tem um ambiente muito agressivo e heavy metal, mas também tem partes muito melódicas. Tem reviravoltas e passa por partes muito diferentes... não sei se consegue mostrar mesmo todos os aspectos da banda, mas definitivamente mostra muitos. Acho-a mesmo muito limpa. Não sei se será a minha música favorita... nem sei se tenho alguma...gosto do álbum todo, mas sim, esta música mostra bem a nossa vertente mais heavy metal e a versão 2015 do que são os BTBAM.

E O FINAL DESTA FAIXA É UMA DAS MINHAS PARTES PREFERIDAS DESTE ÁLBUM, COM ARPÉGIOS PERFEITOS AO ESTILO NEO-CLÁSSICO. É A VOSSA FAIXA MAIS CLÁSSICA, NÃO? TOMMY: Neste trabalho? Sim! É o Paul! O Paul é muito bom a compor estas partes; “Ants in the Sky” do “Colors” tem muitas partes dessas 38 / B T B A M

também, é a cena dele.

ACREDITO QUE NÃO DEVE SER MUITO FÁCIL PARTICIPAR NUM PROJECTO COMO BTBAM, SEMPRE A PUXAREM OS LIM ITES UNS DOS OUTROS, EM TERMOS DE COMPOSIÇÃO E DE PERSPECTIVAS. É ALGO DIFERENTE PARA ESTE ÁLBUM? PENSO QUE MUDARAM UM POUCO O MODUS OPERANDI? T O M MY: Não, penso que apenas procuramos compor as melhores músicas que podemos. Através dos anos aprendemos tanto sobre compor e sobre música. Em cada álbum puxamos por nós mesmos musicalmente e tecnicamente falando. Há momentos criados por uns que tornam as coisas mais complexas para outros, mas isso faz-te melhorar. Há momentos em que se bloqueia, não se consegue avançar, tanto tecnicamente ou nas letras, mas isso são problemas bons de se ter. Acabas sempre por aprender com isso e tornar-te melhor.

E A VOSSAS MÚSICAS SÃO BEM COMPLEXAS, CHEIAS DE RITMOS E COMPASSOS COMPLEXOS. PENSO QUE TRABALHAM POR PARTES QUE ENCAIXAM PARA FORMAR UMA MÚSICA COMPLETA, ESTOU ERRADO? COMO FUNCIONA? TO M M Y: Depende mesmo da música. A questão aqui é que as nossas músicas não nos parecem estranhas, são mesmo naturais para nós. Vai muito do trabalhar juntos, todos sabemos o que os outros comporam. Dan, por exemplo, é muito bom a decorar todas as partes das músicas, consegue saber o que encaixa nas partes de quem, guarda um blueprint das músicas. No que toca a ritmos e transições o Blake é muito bom nisso, por isso traz muita ajuda nessa área. É muito diferente de música para música, nada é forçado. Se algo não está a resultar é que há uma razão e não há problema em deitar fora e recomeçar de novo outra vez.

HÁ MUITAS IDEIAS QUE SÃO DEITADAS FORA?


ENTREVISTA ...o céu é o limite..

JÁ QUE ESTAMOS A FALAR DE INSTRUMENTOS, HÁ ALGUM NOVO INSTRUMENTO NESTE ALBUM? TO M M Y: Na verdade não, são basicamente os instrumentos do costume; guitarras e teclas... apenas tivemos uma forma diferente de chegar ao resultado final, o que é normal.

AGORA QUE ESTÁ TUDO GRAVADO, QUAL É, DE UMA FORMA PREMATURA, O MOMENTO DESTE NOVO TRABALHO QUE MAIS APRECIAS?

“APRENDEMOS AO LONGO DOS ANOS QUE CERTAS PARTES DIFERENTES PODEM REALMENTE ENRIQUECER A MÚSICA E ATÉ FAZER SOBRESSAIR OUTRAS PARTES MAIS “NORMAIS”. FOI ALGO QUE FOMOS APRENDENDO, TRABALHANDO EM DIFERENTES CAMADAS E TONALIDADES...O CÉU É O LIMITE.”

TOMMY: Oh sim! Tenho pastas e pastas de material que não foi aproveitado. Nós gravamo-nos a nós próprios antes da gravação em estúdio. Depois de ter a música mais ou menos feita, há partes que são alteradas, outras retiradas... É um longo processo.

JÁ AGORA, QUANTO TEMPO VOS DEMORA A COMPOR UMA MÚSICA? TOMMY: Bem, depende. Algumas músicas...2 dias.

2 DIAS!? TOMMY: Sim (risos), bem, depende. A forma como procedemos para este álbum foi: de segunda a quarta trabalhávamos para compôr as músicas e o resto da semana para analisa-las. Por isso, mais ou menos uma semana por música, à volta disso. Mas depois pode haver mais alterações...e a parte das vozes e letra também demora mais algum tempo. Por isso, em geral diria duas semanas por música.

E QUANDO TOCAM AO VIVO, COMO FAZEM PARA NÃO SE PERDEREM?

USAM ALGUM CLICK? T O M MY: Sim, tocamos os concertos todos com o som do click. Sim, até tenho pena do Blake porque ele não consegue mesmo fazer asneiras.

OUTRA COISA MUITO INTERESSANTE NAS VOSSAS MÚSICAS SÃO OS SONS QUE SE OUVEM NAS MÚSICAS, POR EXEMPLO O RUÍDO DE UM BAR EM “ANTS OF THE SKY” OU DE FORMA DIFERENTE, NA NOVA FAIXA “THE ECTOPIC STROLL” ONDE SE OUVEM SONS DE SINTETIZADORES BEM DIFERENTES. QUAIS SÃO AS VOSSAS INSPIRAÇÕES PARA INCLUIR ESTES MOMENT OS QUE REFRESCAM OU ALTERAM A MÚSICA? T O M MY: Trabalhamos por partes e conseguimos perceber o que cada secção precisa ou poderia ganhar com outros sons. Aprendemos ao longo dos anos que certas partes diferentes podem realmente enriquecer a música e até fazer sobressair outras partes mais “normais”. Foi algo que fomos aprendendo, trabalhando em diferentes camadas e tonalidades

TO M M Y: Ui, isso é difícil de responder... Gostei imenso de gravar a “The Ectopic Stroll”, foi muito divertido para mim. Porque acho que a música sobressai mesmo. Mas no geral não acho que tenha uma música preferida, gosto do álbum todo.

SOUBEMOS QUE O TEU FILHO VOS AJUDOU A DAR O NOME A UMA DAS FAIXAS DO ÁLBUM ANTERIOR, ELE AJUDOU-VOS EM ALGUMA COISA PARA ESTE? TO M M Y: Ele ajuda-me e influenciame em tudo, no que me diz respeito. Esteve comigo na cidade onde gravamos e acompanhou-me durante o processo. É uma grande componente daquilo que faço.

FAZ AGORA DEZ ANOS QUE ESTA FORMAÇÃO TRABALHA JUNTA, CINCO ÁLBUNS FORAM GRAVADOS. QUAL É QUE ACHAS QUE FOI A EVOLUÇÃO DA BANDA? MUDOU A VOSSA FORMA DE COMPOR E DE OUVIR MÚSICA? TO M M Y: Penso que nos tornamos melhores, espero. Conseguimos perceber melhor o que raio estamos a fazer (risos). Tem sido uma aventura fantástica, adoro compor com esta malta, aprendemos tanto. Cada álbum é uma lição, nada é forçado, crescemos juntos...agora temos mulher e filhos, estamos mais velhos, sim, mas são coisas que também nos motivam para criar um legado ainda maior e escrever melhor música.

39 / B T B A M


ENTREVISTA

[...] “A MORTE DO DAVID FOI ALGO QUE MUITO NOS AFETOU, MAS AINDA HOJE SOMOS CINCO EM PALCO ELE ESTÁ SEMPRE PRESENTE”.

WEB NEM TUDO ACABA MAL S Ã O U MA D A S M AIORES INST IT UIÇÕES DO SO M ETERNO LU S O . CA R R EG A M ÀS C O S TAS P R ATI CA MEN T E TR Ê S D É C A D A S D E BOM M ETAL E JÁ NADA TÊM A P R O VAR , A NÃO S ER A S I P R Ó P R I O S . ESTÁ -LH ES N O S A N G U E FA Z E R M AIS E M ELHOR. GOSTAM DE S ER CO NDU ZI D O S PELA MÚ S I C A , S EM S A B ER ON D E ES TA P O D E R Á L E V Á -L O S. SOBRE EST ES ASSUNT OS E O U TR O S MAI S , CO M ENFO Q U E NO EX C ELENTE TE R C EI R O Á L B U M, “ E V E RY THING ENDS” , FALÁM OS COM FER NANDO MA RTI NS, V O C A LI S TA E B A I X I S TA DO S W EB . Por: Dico OS W EB SÃO UMA BANDA A S S U MID A MEN T E THRASH ME TAL , MAS “ EV ERY T H IN G EN D S ” REVELA , AINDA MAIS DO Q U E O A N T ER IO R “DEVI A NCE ”, UMA MA IO R A B ERT U R A ESTI LÍ STICA. O THRASH C LÁ S S IC O C O N T IN U A A PRE DOMINAR, MAS N U MA A B O R D A G EM ATUAL, QUE POR VE Z E S TA MB ÉM FA Z LEMB R A R O POWE R ME TAL AME RIC A N O . O U V IMO S A Q U I UM A E XPL ORAÇÃO MAIS R EFIN A D A D E O U T R A S ABORDAGE NS MUSICAIS, C O MO O D O O M, O THRASH MODE RNO COM G R O O V E O U MES MO O GOTHI C ME TAL . E STA AMPLIT U D E ES T ILÍS T IC A FOI NATURAL , COMO PA RT E D O P R O C ES S O EVOLUTIVO DA BANDA , O U Q U IS ER A M EXPLORAR MAIS A F UNDO O U T R O S 40 / VERSUS MAGAZINE

S U B G ÉN ER O S ? FER N A N D O M A RT I N S : Assumidamente tivemos

de encontrar um género em que pudéssemos ser catalogados sem dificuldade. As nossas raízes são o Heavy, o Thrash e o Doom (embora com predominância para o Thrash, em termos de composição), mas foi o Thrash que permaneceu enquanto identidade musical. “Everything Ends” é realmente distinto do “Deviance”, assim como este o é em relação ao “World Wild Web”. Cada um dos nossos álbuns apresenta as características próprias da época em que foi composto e de quem o compôs. Já no “Deviance” temos mais o estilo que nos define, e que em “Everything Ends” se torna

mais vincado, é um facto. No entanto, tudo isto nos é natural. Não forçamos seja o que for no processo de composição. Todos temos as nossas influências e é isso que se nota em cada tema do álbum. Na essência, todos estes temas são Web.

APESAR DAS MÚLIPLAS VA RI ANTES E S T I L Í S T I C A S O S W E B A L C A N ÇA M NES TE ÁLBUM UMA HOMOGENEIDADE S ONORA I N V E J Á V E L , M A N T E N D O D O I S ELEMENTO S H I S T O R I C A M E N T E P R E S E N T E S NA VOSSA M Ú S I C A : P E S O E M E L O D I A . É I N S T INTI V O PARA A B A N D A M A N T E R E S TA F Ó R M U L A O U D URANTE O P R O C E S S O D E C O M P O S I Ç Ã O D ESCARTAM I D E I A S Q U E P O S S A M N Ã O E N C A I X A R NA


ENTREVISTA

SONORIDADE DOS WE B? FERNANDO MARTINS: Nada é descartado

quando compomos. Se gostamos fica, se não gostamos sai. É assim que gostamos de trabalhar. Peso e melodia são características inatas da nossa música, não o fazemos porque sabemos que as pessoas estão à espera disso. Fazemo-lo porque é assim que gostamos, é assim que nos sai. Faz parte do nosso ADN enquanto banda.

GRAVARAM O ÁL BUM NO S R A IS IN G LEG EN D S STUDI OS COM O AN D R É MAT O S . Q U E DI FERE NÇAS E NCONTRAM EN T R E O P R O C ES S O DE EST ÚDIO DE STE ÁL BUM E D O «D EV IA N C E», QUE GRAVARAM NOS SO U N D V IS IO N C O M O PAULO L OPE S? FERNANDO MARTINS: Não podemos comparar.

Foram duas situações muito diferentes. Com o Paulo Lopes foi um processo exaustivo dois meses metidos no estúdio, trabalhando quase todos os dias. Tanto a captação como a mistura e masterização fizeram-se lá. Com o André, o processo foi muito mais longo mas estivemos menos tempo em estúdio. As captações aconteceram realmente no Raising Legends Studios com o André, tendo a mistura e a masterização ficado a cargo do Christian Svedin nos Studios Haga, na Suécia.

PRETENDIAM ATINGIR OBJET IV O S ES P EC ÍFIC O S EM TERMOS DE SOM AO T R A B A LH A R C O M O CHRI STIAN? FERNANDO MARTINS: O Christian surgiu como

“plano b” e revelou-se uma aposta ganha. Ele é muito disponível, profissional, e, acima de

tudo, percebeu a forma como pretendíamos soar neste álbum - mais frescos e potentes, sem nunca perder a nossa identidade e som próprios.

N ES T E Á LBU M É N O T Ó R I O Q U E A L G U M A S PA S S A G EN S D E D E T E R M I N A D O S T E M A S EX IG IR A M UM A A B O R D A G E M V O C A L D I F E R E N T E ( C O MO “ EV E RY T H I N G E N D S - PA RT I ” ) , O Q U E S E R EFLET IU N U M A M A I O R A M P L I T U D E D A T U A V O Z. Q U Ã O D E S A F I A N T E F O I PA R A T I E S TA R EA LID A D E E N Q U A N T O I N T É R P R E T E ? FER N A N D O M A RT I N S : Essa parte de que falas

foi de facto muito desafiante, nunca tinha feito nada igual. Já o tema “The Journey”, do «Deviance», começa com um som bastante mais limpo do que costumo fazer, mas é quase falado, com pouca melodia. No “Everything Ends - Part I” tive mesmo que dar um pouco de melodia à minha voz limpa. Tinha de ser assim, foi assim que ouvi a letra na minha cabeça quando a escrevi.

N ES T E ÁLBUM TEMOS DOIS TEMAS C O N C EP T U AI S - A S D U A S PA RT E S D E “ EV ERY T H IN G E N D S ” - , E X T E N S O S , Q U E S E O R G A N IZA M E M C I N C O PA RT E S . E S TA S E R Á U MA T EN D Ê N C I A A M A N T E R N O F U T U R O ? FER N A N D O M A RT I N S : Nos WEB tudo está em

aberto. Não recusamos ideias só porque não é o que “normalmente” fazemos. Como disse, se gostamos fica, se não gostamos sai. A base deste tema partiu do Filipe [Ferreira, guitarrista], que mesmo antes de termos os riffs prontos e estruturados nos disse que tinha imaginado um tema com cerca de 20 minutos. Não ficou com 20 mas com cerca de 21, dos quais para o álbum só gravámos 17.

O S W E B J Á S E E N C O N T R A M A RO DAR ESTE Á L B U M N A E S T R A D A , T E N D O U M A AGENDA R A Z O AV E L M E N T E PREENCHIDA. EXI STEM A L G U M A S D ATA S P L A N E A D A S F O R A DO PAÍ S O U V Ã O M A N T E R U M P E R C U R S O E S TR I TAMENTE NACIONAL? F E R N A N D O M A RT I N S : Neste momento estamos

concentrados na promoção do álbum a nível nacional, mas não descartamos datas fora do país. Os contactos já estão a ser feitos e brevemente poderão surgir novidades!

E M O U T U B R O D E 2 0 1 6 O S W E B FA Z EM 30 A NOS D E AT I V I D A D E , A O L O N G O D O S Q U A I S TI VERAM D E U LT R A PA S S A R FA S E S E S P EC I ALMENTE D I F Í C E I S , C O M O A D O E N Ç A E A MORTE D O D AV I D . O L H A N D O E M R E T R O S PETI VA , QUE B A L A N Ç O FA Z E S D A V O S S A C A R R E I RA? F E R N A N D O M A RT I N S : Fazer o que gostamos,

com quem gostamos, resulta sempre num saldo positivo, mesmo contando com algumas fatalidades e adversidades que fomos tendo ao longo do caminho. A morte do David foi algo que muito nos afetou, mas ainda hoje somos cinco em palco - ele está sempre presente.

H Á A L G O D E Q U E S E A R R E P E NDAM, Q UE G O S TA S S E M D E T E R F E I T O D E O UTRA FORMA O U Q U E G O S TA S S E M D E A I N D A AT I NGI R? F E R N A N D O M A RT I N S : Sim, claro, se dissesse

que não estaria a mentir. Gostaríamos de ter lançado o primeiro álbum mais cedo e de ter promovido mais o nosso trabalho lá fora. No passado fomos mais recativos que proativos, mas esse é um aspeto que mudámos. Temos 4 1 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

consciência de que poderíamos ter sido mais reconhecidos se a promoção fosse mais intensa e frequente.

O NORT E SE MPRE DE U BAN D A S EX T R EMA MEN T E RELEVANTE S AO UNDE RGR O U N D N A C IO N A L E O CENÁR IO QUE AGORA SE VI V E N Ã O É D IFER EN T E. COM O ANAL ISAS E STA RE A LID A D E? FERNANDO MARTINS: No Norte, Centro, Sul

e Ilhas! Todo o Portugal está cheio de boas bandas a fazer boa música, desde sempre. Da parte dos Web vai um grande abraço para todas as bandas e pessoas que nunca baixaram os braços e continuam a lutar pelo nosso Underground.

[ . . . ] “ N O PA S S A D O F O M O S MAIS REACTIVOS QUE P R O AT I V O S , M A S E S S E É U M ASPETO QUE MUDÁMOS”.

W W W. WEB TH R A S H META L. C O M H T T P S : / / YO U TU . B E/ H C 6 O Q P I P L3 M

42 / VERSUS MAGAZINE



ENTREVISTA

“[…] QUIS, TAL COMO UM PINTOR, REPRESENTAR O MAIS FIELMENTE POSSÍVEL O QUE EU VEJO COM O SOM E AS LETRAS QUE FAÇO, PARA QUE O OUVINTE POSSA REFLETIR. […]”

ROTEM RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM A O L E R A N O TÍCIA BIOGRÁFICA DA “A LMA” DE RO TEM, VEI O -NOS À I DEI A O T Í T U LO D E S T E C É L E B R E ROM ANCE DE JAM ES JO Y C E, MA I S C O NHEC I D O P ELO S EU “U LI S S ES ” . E S P E R A M O S P O DER UM DIA – DAQUI A UNS ANOS – ENTR EV I S TAR NO VAMENTE B R U N O R O D R IG U E S , PARA VER COM O EVOLUI U ES TE R ETR ATO Q U E A Q U I V O S D EI X A MO S . Por: CSA

GOSTEI B A S TANT E DEST E P R I M E I R O Á L B U M DE ROT EM . O S O M A G R A D O U - M E M UIT O. Q U E T Ó P IC O S ASSOCIAS A « D E H U M A N I Z AT I ON»? Bruno Rodrigues: Associo-lhe principalmente a decadência do Homem, tanto moral, como espiritual, devido à sociedade em que vivemos e também aos males que isso nos traz, como 44 / VERSUS MAGAZINE

a guerra – alimentada por motivos monetários e pela procura de oportunidades de lucro e também religiosos – e a corrupção política.

ESCREVESTE O Á LB U M PORQUE TE SENTES V Í TI MA D E DESUM ANI ZAÇ Ã O ? OU QU ER ES APRESENTAR UMA REFLEX Ã O SOBRE UM TEMA TÃO PR ES ENTE NA SOC I ED A D E ATUA L?

Bruno Rodrigues: De certa forma, acho que todos nós nos sentimos vítimas dos tempos em que vivemos. Apesar do álbum apresentar a minha visão pessoal das coisas que ocorrem na sociedade atual, eu quis, tal como um pintor, representar o mais fielmente possível o que eu vejo com o som e as letras que faço, para que o ouvinte possa refletir. E pôr o ouvinte a refletir foi, sem dúvida, o


“A CAPA PRETENDE ILUSTRAR A FRIEZA QUE VIVEMOS NESTA SOCIEDADE QUE SÓ VIVE DE APARÊNCIAS. […]” principal objetivo «Dehumanization».

de

Q U E M V Ê S C O MO ORIGEM DO TE U S O M? Bruno Rodrigues: É difícil dar exemplos, porque são muitas as influências que tenho acessíveis a um clique do rato. Mas posso afirmar, sem dúvida, que uma delas é Death, não tanto musicalmente, mas em termos líricos: teve um grande impacto, especialmente no que toca à forma como o Homem é encarado. Musicalmente, se bem me recordo, tive inspirações de Slayer, Celtic Frost (daí a cover), Nader Sadek, At The Gates e um tanto das bandas escandinavas de Black Metal. No entanto, creio que Rotem tem conseguido criar um som próprio e eu tenho trabalhado imenso para isso, porque acredito que, em termos artísticos, devemos sempre tentar elevar a fasquia e desenvolver algo que seja fresco ou fora do habitual

FAZES MESMO TUDO EM ROTEM? TA MB É M É S O RESPONSÁVEL P E L A PA RT E G R Á FICA? Bruno Rodrigues: Sim, é tudo é feito por mim com a exceção de algumas colaborações: no tema “God Complex”, tive Pedro Moreira a solar; o Barros Onyx contribuiu com vocais adicionais; o Jorge Oliveira participou na mixagem e masterização do álbum. Para além de ser músico, também sou um artista visual, logo grande parte da arte foi feita por mim como, por exemplo, o logo do projeto e a capa. Mas também tive colaboração da editora nos layouts do booklet e na adição de mais alguns elementos nos fundos, etc.

Q U E I D E IA P R E T ENDE A CAPA D O Á L B U M T R A N S M IT IR? Bruno Rodrigues: A capa

pretende ilustrar a frieza que vivemos nesta sociedade que só vive de aparências. Por isso, está lá esta figura que sabemos que é humana, mas que, ao mesmo tempo, nos causa desconforto, porque não conseguimos ver o seu rosto humano e aproximar-nos dela. A máscara protege-a do mal que rodeia a humanidade e que é gerado por ela própria.

POR Q U E LA NÇA S TE O TEU ÁLBUM NU MA ED I TO R A C U J O NOM E FAZ REFER ÊNCI A A SO NS ET ÉREOS ? VÊS ALG U M LA D O ET ÉREO NA TUA MÚ S I C A ? Bruno Rodrigues: É simples. O álbum foi lançado pela Ethereal Sound Works, porque foi das primeiras que demonstraram interesse pela minha música. O seu principal objetivo é lançar exclusivamente trabalhos de artistas portugueses e isso agrada-me imenso. Em relação ao lado etéreo e apesar da referência da editora a sons etéreos, considero a música que fiz para o «Dehumanization» é o contrário disso, ou seja: é agressiva, crua, direta e feia. E é assim que deve ser, para refletir a temática abordada no álbum.

este mês lanço o segundo trabalho de Rotem, que é um EP intitulado «Nightmare Forever». Sai no dia 11 de Junho, pela minha editora: Rot’em Records.

Q U A L É O TEU MAI O R S O N H O NESTE MO MENTO ? Bruno Rodrigues: O meu maior sonho – pelo menos em relação a Rotem, até porque tenho outros sonhos – é continuar a lançar trabalhos, tentando sempre superar o anterior e criar algo original ou, pelo menos, com novas influências. estivesse a cantar do ponto de vista da velha alma dentro da segunda parte agonizante de um gémeo siamês.

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T ENS C O NSEG U I D O FA ZER CONCERTO S PAR A DAR A CO NHEC ER ES TE TEU T RABALHO ? Bruno Rodrigues: Não. Rotem ainda não fez um único concerto pelo simples facto de ser uma one man band. Não é que me oponha a tocar ao vivo, mas, de momento, é impossível e também não é o objetivo principal do projeto.

JÁ ESTÁS A TRA B A LH A R NU M NOVO ÁLB U M?

ANUNCIA AQUI

Bruno Rodrigues: Sim, já estou a trabalhar no segundo álbum. De momento, estou na fase de composição e arranjos. Aliás, 4 5 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“SOMOS OS MÚSICOS MÍSTICOS BIZARROS, QUE FAZEM O QUE É INTERDITO ATÉ OS OUTOS NÃO TEREM OUTRA OPÇÃO SENÃO ACEITAR O INEVITÁVEL […]”

SATURNIAN MIST A UNICIDADE NA DIVERSIDADE É ESTA A I D EIA QU E A BA N DA PR ETEND E EX P R I MI R ATR AV ÉS D E «C H A O S MAGICK» , QUE, LO G O N A C A PA, L I GA E N TR E S I V Á R I A S R ELI G I Õ ES / C R ENÇ A S / C O R RE NTE S FILO S Ó F I C A S E E S O T É R I CA S E M QU E O H O MEM P R O C U R A U M S ENTI D O PA R A A VIDA. Por: CSA A FINLÂNDIA NÃO É CERTAMENTE O PAÍS MAIS CONHECIDO NO QUE TOCA AO BLACK METAL, EMBORA SEMPRE TENHA SIDO UMA ESPÉCIE DE PARAÍSO PARA A MÚSICA EXTREMA. QUE PAPEL DESEMPENHA SATURNIAN MIST NA CENA METAL FINLANDESA? FRA Z E TE CK:

Somos os músicos místicos bizarros, que fazem o que é interdito até os outos não terem outra opção senão aceitar o inevitável e mesmo autorizarem-no, porque nós não saímos daqui. Por outras palavras, fazemos o que nos apetece e acontece que

46 / VERSUS MAGAZINE

isso vai contra o status quo estabelecido. No que diz respeito à cena Metal… Pouco visível? Não estou nada de acordo. A Finlândia tem uma das cenas Black Metal underground mais fortes no mundo, se não for mesmo a mais forte. E penso que os nossos nomes sonantes desempenharam um papel de destaque na construção do que o Black Metal é hoje em dia. Barathrum, Beherit, Archgoat, Impaled Nazarene, não te dizem nada?

ESTE ÁLBUM TEM UM TÍTULO QUE PODE SER FACILMENTE RELACIONADO COM O SATANISMO. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS IDEIAS DO CONCEITO

SUBJACENTE DURAÇÃO? F R A Z E TE C K :

AO

VOSSO

LONGA

Este álbum fala da procura da luz, da verdade e dosentido da vida, tudo tópicos subjacentes ao conceito de magia do caos. Trata-se de um movimento e ideologia ocultista, com o qual podes relacionar escritores como Aleister Crowley, J. Carroll, Kenneth Grant, William S. Burroughs, etc. As suas ideias influenciaram-nos muito, tanto que fizemos este álbum. É o conceito de base do álbum, mas impregnado da nossa ideologia fortemente ligada ao caminho da mão esquerda e ao satanismo. A magia do caos em si não tem nada a ver com


“ESTE ÁLBUM FALA DA PROCURA DA LUZ, DA VERDADE E DO SENTIDO DA VIDA […]” Satanismo, mas nós encarregámo-nos de criar essa ligação.

PODES LEVAR-NOS NUMA VISITA GUIADA AO VOSSO ÁLBUM? POSSO PEDIR-TE QUE COMENTES O TÍTULO QUE ESCOLHERAM PARA CADA UMA DAS FAIXAS? FRA Z E TE CK:

Sim, mas serei breve. Não quero estar a dizer aos ouvintes que sentido devem dar a cada canção. Nunca o faço, porque penso que a arte, a música, etc. estão abertas a inúmeras formas pessoais de as apreender e não quero estragar esse prazer a ninguém. A intro chama-se “612”, que é um valor alfanumérico para o caos na numerologia da gematria, tal como 666 é o número do Diabo; Em “The Heart Of Shiva”, queria concentrarme na divindade Shiva, que é um arquétipo de Satã da mitologia hindu. Também se refere ao chacra “Anahata”, que é o do coração. Trata-se alegadamente de um centro de energia situado perto do coração. “The True Law”. Para perceber esta, basta ler a letra. “Do What Thou Wilt Shall Be The Whole Of Law – I am / You Are the True Law”. “Root Of The Coiled Serpent”. Refere-se ao chacra Muladhara também chamado “Chakra-Raiz”. Os chacras supostamente estão ligados ao “Kundalini”, que fica situado na medula espinal e é designado pela expressão “Coiled Serpent”. Quer gostem, quer não, quer seja coincidência ou não, a “Serpente” é o símbolo do Diabo, na mitologia europeia. “Chaos Unchained”. Como o álbum se chama «Chaos Magick», a perda de controle e a necessidade de se livrar de todos os obstáculos que limitam o corpo, a mente e a alma são ideias que o atravessam todo. Temos aqui uma espécie de prelúdio para a canção que corresponde ao título do álbum. “The Third Eye Contemplation”. Aqui não vejo qualquer simbolismo. “Bloodsoaked Chakrament”. Chakra, Sacrament. As religiões do mundo têm todas a mesma origem. A verdade é a mesma para todos e oculta-se atrás das palavras e dos termos. “Chaos Magick”. “Somos filhos dos Deuses? Ou são os deuses que são nossos filhos?” “Voodoo Satan”. A principal razão pela qual temos percussionistas na banda é porque somos muito inspirados pelo Voodoo. Os sacerdotes do voodoo têm tambores rituais que tocam para atingir o transe através de uma espécie de frenesim e não através da contemplação silenciosa, típica dos Cristãos. “Martial Theosis”. Esta canção foi escrita por um convidado, um bom amigo meu: Artifex IC, da banda IC Rex. Foi ele que escolheu o título, portanto eu não o vou comentar. Mas a canção foi escrita tendo em conta o conceito do álbum, logo deve haver uma boa razão para fazer parte dele. “Evoking God”. Quando era mais novo, ouvi falar de um método esotérico para realmente ver Deus. Experimentei-o e constatei que funcionava. Até hoje, continua a ser uma das experiências mais fantásticas que vivi. A canção fala desse método. “White Void Of All-Being”. Também convidei um amigo para escrever a letra desta canção: Johannes Nefastos, que é um autor ocultista muito conhecido na Finlândia e já publicou muitos livros sobre esta temática. Escrevemo-la a meias e refere-se ao estado que te permite passar pelo Sahasrara-chakra, dito “Chacra-Coroa”, o último estádio antes

da iluminação. Tenho de dizer que TODAS as canções deste álbum foram escritas de modo a corresponderem a Chacras, Sefiras, Runas, símbolos astrológicos e pretendem provar que vão dar todos ao mesmo, apenas decorrem de culturas diferentes. Mas o objetivo das canções não é falar deles. Eles são apenas os ingredientes que nos permitem fazer uma boa “história”, já que todos simbolizam aspetos da realidade quotidiana. “Yoga, Hate, Fuck”. Não vou comentar esta. Se tiveres apreendido a mensagem do álbum, vais certamente ter facilidade em compreendê-la.

A CANDLELIGHT ELOGIOU A VOSSA HABILIDADE PARA COMBINAR VÁRIOS GÉNEROS DE METAL PARA CONSTRUIR O VOSSO PRÓPRIO ESTILO. O QUE PODEMOS OUVIREM «CHAOS MAGICK»? FR A ZET ECK :

Não misturamos esses géneros intencionalmente, Tal como já referi, fazemos o que nos apetece e deixamos as canções fluir através de nós. Não nos preocupamos em encontrar etiquetas ou categorias que o nosso som deva respeitar, queremos criá-lo e fazer com que ele exprima o que queremos dizer, Não me sinto capaz de responder da forma mais adequada, mas, além de Black Metal, acho que vais encontrar Death Metal, Thrash Metal, Heavy Metal e, se alguém disser que se pode mesmo encontrar algumas influências de Hardcore Punk/Hard Rock, não sou eu que vou negar.

DO PONTO DE VISTA MUSICAL, QUAL É A TUA CANÇÃO FAVORITA NESTE ÁLBUM? VÃO FAZER ALGUM VÍDEO PARA ELA? FR A ZET EC K :

É difícil dizer, porque eu vejo o álbum como um todo e não consigo pensar nele desse modo. Mas, quando tocamos ao vivo, as minhas favoritas são “The True Law” e “Root of the Coiled Serpent”. Fizemos um vídeo para “The True Law”, que foi dirigido aqui por este teu criado. Foi lançado como um single, antes do álbum sair.

QUEM ESCOLHERAM PARA FAZER A MAGNÍFICA CAPA DESTE ÁLBUM? PODES EXPLICAR O SEU SIGNIFICADO AOS NOSSOS LEITORES? FR A ZET EC K :

Foi feita por mim e pelo pintor/ artista finlandês Vesa-Antti Puumalainen, que também “pintou” a capa do nosso álbum de estreia, pelo que nos pareceu normal continuar a trabalhar com ele. V-A fez o sigil de dez pontas e eu encarreguei-me do resto. Também usámos o nosso símbolo Sol-Omega, redesenhado por “Eld”, de acordo com uma ideia original minha. Queria uma capa que incluísse todos os principais elementos simbólicos referidos no álbum, portanto eles figuram todos nela de forma mais ou menos aparente.

F R A Z E TE C K :

Por que havia de haver? Já fizemos muitos concertos e continuaremos a fazer, se calhar cada vez mais. Posso mesmo dizer que não há ocasião em que sejamos melhores que quando estamos no palco, porque aquilo que queremos transmitir não pode ser compreendido apenas a partir das palavras, tem de ser experimentado, tem de ser sentido.

QUE PLANOS TÊM A BANDA E A CANDLELIGHT PARA PROMOVER ESTE ÁLBUM? FRA

Z E TE C K : Entrevistas, críticas, concertos, anúncios. Os meios habituais. Por outro lado, recentemente, um monge tibetano confirmou que eu sou a reencarnação de Aleister Crowley. Penso que isso também vai ajudar. De qualquer modo, a editora faz o seu trabalho e nós, o nosso. Estamos a planear uma digressão europeia, mas não sei se vamos passar por Portugal. Portanto, se algum promotor português ler esta entrevista, já sabe o que pode fazer!

CONHECEM ALGUMA BANDA METAL PORTUGUESA COM QUEM GOSTASSEM DE PARTILHAR O PALCO? F R A Z E TE C K :

Não muitas, mas não me importava de o fazer com Moonspell!

VOCÊS – HOMENS DA “TERRA DOS MIL LAGOS” – JÁ VISITARAM O “PAÍS À BEIRA-MAR PLANTADO” (C OMO NÓS CHAMAMOS A PORTUGAL)? F R A Z E TE C K :

Não posso falar pelos outros. Eu não, infelizmente. Só cheguei a Espanha. Uma vez, alguém quis chamar-nos para tocar aí, mas houve um problema qualquer. Mas vamos esperar que desta vez vai tudo correr bem e que, em breve, Saturnian Mist estarão a dar o seu concerto de estreia no “país à beira-mar plantado”!

“[…] QUERIA UMA C A PA Q U E I N C L U Í S S E T O D O S O S P R I N C I PA I S ELEMENTOS SIMBÓLICOS REFERIDOS NO ÁLBUM, […] FIGURAM TODOS NELA DE FORMA MAIS OU M E N O S A PA R E N T E . ”

W W W. FA C E B O O K . C O M / S AT URNI ANMI ST H T T P S : / / Y O U T U . B E / F M O-D MN1KPY

NÃO HÁ ALGUMA CONTRADIÇÃO ENTRE A VOSSA SIMPATIA PELO SATANISMO E A IDEIA DE FAZER CONCERTOS AO VIVO? 4 7 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] DEMORÁMOS ALGUM TEMPO A PÔR TUDO EM ANDAMENTO, MAS MAIS VALE TARDE QUE NUNCA.”

SHAPE OF DESPAIR UMA NOVA PERCEÇÃO DA VIDA É O M AIS RECE N TE M EM BRO D A AT U A L F O R M A Ç Ã O D E S H A P E O F D ESPAIR, O NO VO VOCAL I STA DA BAN DA, M A S F O I A E L E Q U E C O U B E A HONRA DE DEFENDER AS CORE S DA MESMA N E S TA E N T R E V I S TA À V E RSUS. NAS S UAS PALAVRAS, PE RPASSA UM A N O VA V I S Ã O – P O S I T I VA – D A D E T E S TA D A M O N O TONIA. Por: CSA

E S TE Á L B U M APARECE 11 A N O S D E P O I S DO VOSSO A N TE R I O R L O N G A DURAÇÃO. O QUE ACONTECEU? HENRI KOIVULA: Bem, aconteceram muitas coisas à banda. Muitos dos membros têm outras bandas que lhes ocupam tempo e não sentimos a necessidade de andar a 48 / VERSUS MAGAZINE

correr. Também houve uma grande mudança na formação da banda, quando o anterior vocalista saiu, porque queria concentrar-se nos seus próprios projetos. Eu vim substituí-lo, ao fim de algum tempo, e começámos a ensaiar e a compor músicas para este álbum. Demorámos algum tempo a pôr tudo em andamento, mas mais vale

tarde que nunca.

H Á A LG U MA R ELA Ç Ã O EN T R E ES TE Á LB U M E O S P LI T Q U E FI ZER A M C O M B EFO R E T H E R A I N, EM 20 1 1 ? P O D ES E CO NSI D ER A R QU E ES S E LA NÇA MENTO FO I U MA ES P ÉC I E DE PR EPAR A Ç Ã O PA R A «MONOTO NY FI ELDS »?


“[…] PESSOALMENTE, VEJO-A [A MONOTONIA] COMO ALGO QUE DESPERTA OS NÍVEIS MAIS PROFUNDOS DA CONSCIÊNCIA. […]” HENRI KOIVULA: Não, não me parece. A canção que SOD interpretou nesse split era uma cover de «Lycia». Tenho a impressão de que nessa altura Pasi [Koskinen, anterior vocalista] já não fazia parte da banda e eu ainda não tinha chegado. As faixas para «Monotony Fields» foram escritas com os membros da nova formação. As primeiras canções que fizemos foram rapidamente descartadas, porque eram provavelmente demasiado diferentes do som familiar de SOD. Reparámos que as mais lentas nos agradavam muito mais e só deixámos no álbum as que gostávamos de tocar.

C O N S I D E R A M A M ONOT ONIA C O M O U M I N IM IGO? OU, PELO C O N T R Á R IO , É A LGO QUE VOS AGRADA? HENRI KOIVULA: Nem uma coisa, nem a outra. De facto, depende do ponto de vista. Pessoalmente, vejo-a como algo que desperta os níveis mais profundos da consciência. Por exemplo, ouvir repetidamente um dado som ou pensamento ou qualquer outra coisa durante longos períodos de tempo altera a perceção e leva-te a ver as coisas de forma diferente. É por isso que – pelo menos para mim – o Doom Metal, o Dark Ambient, etc. são poderosamente inspiradores. A tua mente começa a ir à deriva e tu podes acabar em algum lado onde nunca tinhas estado antes.

V E E M -S E C O MO UM A BANDA N E G AT I VA ? O U PRET ENDEM MO S T R A R QUE A VIDA TA MB É M É F E I TA DE COISAS ME NO S A G R A D Á VEIS COM O O D E S E S P E R O E A MONOT ONIA? HENRI KOIVULA: É óbvio que nos situámos em paragens mais tenebrosas no que toca à música. A vida é o que é,

tem de haver uma razão para gostarmos de fazer este tipo de música. Apesar de ser francamente negativa, também é muito compensadora. As pessoas que apreciam este tipo de música normalmente dizemme que encontram uma espécie de alívio nestas canções, que sentem que conseguem estabelecer uma relação com elas.

COMO CONSEGUEM RELACIONAR A CAPA D O Á LB U M CO M O CONCEITO DE MO NOTO NI A? HENRI KOIVULA: Trata-se de uma interpretação pessoal do artista que a fez. Mas, pela parte que me toca, não me foco muito no termo “monotonia”. Penso mais no conteúdo do álbum, nas suas canções e, francamente, não consigo imaginar uma capa melhor do que esta para o nosso trabalho. É abstrata e ligeiramente ominosa. Também gosto muito do facto de o artista ter usado tendencialmente cores quentes.

PENSARA M EM C O NVI D A R O PEDRO DA NI EL (A K A P H O B O S ANOM A LY ), O BA I X I S TA DA BANDA PO RTU G U ES A BEFO R E T HE RA I N PAR A FA ZER A CAPA D O VO S S O ÁLB U M, UMA VEZ QU E ELE É TAMBÉM UM TALENT O S O ARTI STA GR Á FI C O ? HENRI KOIVULA: Vi alguns trabalhos do Pedro e tenho uma excelente opinião acerca da sua arte. Mas SOD tem contactado o mesmo artista já há algum tempo e tencionámos continuar a trabalhar com ele no futuro.

ALGUM A V EZ V I ER A M PORT UGA L? C O NHEC EM NOSSA CENA METAL?

the Rain.

ES TÃ O A PR EPAR A R A LG U MA D I G R ES S Ã O PAR A P R O MO V ER ES TE ÁLB U M? SER I A M C A PA ZES D E CO NSI D ER A R A HI P Ó T ES E D E I NC LU Í R EM P O RTU G A L N A V O S S A LI S TA D E PAÍ S ES A V I S I TAR ? HENRI KOIVULA: Provavelmente, vamos apenas fazer alguns concertos aqui e ali., não penso que venha a ser uma verdadeira digressão, porque fazê-lo com esta banda é muito complicado. É claro que estamos abertos a todo o tipo de convites, mas logo se verá. E de facto, gostaria muito de ir a Portugal com Shape of Despair.

D I Z TRÊS CO I S A S SEM A S Q U A I S NÃ O PO D ES PAS S A R . HENRI KOIVULA: Ar, café, água. álbum, que consigamos chegar a mais pessoas e até – quem sabe – ir tocar a Portugal.

“[…] AS PESSOAS QUE APRECIAM ESTE TIPO DE MÚSICA NORMALMENTE DIZEMME QUE ENCONTRAM UMA ESPÉCIE DE ALÍVIO N E S TA S C A N Ç Õ E S [ … ] ” WWW.FACE BOOK.COM/SHAPE OF DE SPAI ROFFI CI AL

H T T P S : / / Y O U T U . B E / E V V2JSLNZQM

A A

HENRI KOIVULA: Não, infelizmente nunca estive em Portugal. Só conheço Moonspell e Before 4 9 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

SPEEDEMON À VELOCIDADE DO DEMO O AT R IB U L A D O INÍCIO DE CARREIRA CO MO O Q U E O S S P EED EMON EXP ER I MENTAR A M AT É U M PA S S A D O MU IT O RECENT E BASTARIA PARA QU E MUI TO S O U TR O S G R U P O S B A I X A S S EM OS B R A Ç O S . N O E N TA N T O , O QUART ET O DE VILA FRA NCA D E X I R A É FEI TO D E U MA FI B R A À P R O VA D E A Ç O ( ? ) E E N C O N T R A-SE EM VELOCIDADE DE CR U ZEI R O . CO M O B A I X I S TA R U I MAR U J O A V ER S U S FA L O U S O B R E O EP DE EST REIA, “ FIRST BLO O D ”, A S AVENTUR A S QU E A BA NDA TEM VI V I D O E ATÉ S O B R E U M FUT URO ÁLBUM . E SIM, O NO S S O I NTER LO C U TO R TI NH A MU I TO PAR A D I ZER . Por: Dico O VOSSO E P DE E STR E I A , “ FIR S T B LO O D ” , TINHA D ATA D E L A N ÇA M EN T O P R EV IS TA MUI TO AN TE RI O R ÀQU ELA Q U E V EIO A VERIF I CAR-SE . U M A DA S S IT U A Ç Õ ES Q U E CERTA M E N TE ATR ASOU O P R O C ES S O FO I O ABA N DON O DO BATE R IS TA A LEX A N D R E BRANC O, Q UE N O E N TA N T O A IN D A G R AV O U O TEMA « R OADS TO MA D N ES S ». O LU ÍS MECO D E U -VOS O A UX ÍLIO N EC ES S Á R IO PARA Q UE P UDE S SE M T ER MIN A R A S GRAVA Ç ÕE S D A B ATE R IA , M A S N ES S A ALTUR A N ÃO PODI A C O MP R O MET ER - S E COM A BAN DA, PE L O Q U E T IV ER A M D E RECRUTA R U M N OVO H O M EM D A S P ELES , NA PES SOA DO HUGO P O T E. T O D AV IA , O 5 0 / VERSUS MAGAZINE

HUGO NÃO CHEGOU A AQUECER O LUGAR, T EN D O - S E O M E C O C O M P R O M E TID O A A S S EG U R AR A F U NÇ Ã O D E B ATE R IS TA C O M O MÚ S IC O D E S E S S Ã O . FA L A -NO S D E T O D O E S TE P R O C E S S O . A F INA L O Q U E É Q UE S E PA S S A C O M O S V O S S O S B AT ER IS TA S ? V O C Ê S B ATE M -L H E S ? R U I MA R U J O :

Não lhes batemos, mas às vezes parece que dá vontade! A sorte deles é que não somos pessoas violentas, nem temos mau feitio [risos]! Não foi um processo fácil, é verdade. Tanto assim foi que, mesmo em relação aos temas que acabaram por surgir no alinhamento do EP, as coisas ficaram ligeiramente diferentes do que

estava planeado. Tudo estava mais ou menos delineado para gravarmos cinco ou seis temas, mas para não deixarmos arrastar o processo durante muito mais tempo decidimos ficar pelos quatro que acabaram por sair. Diversos factores contribuíram para esta situação, começando pelo período em que o Bruno [vocalista/guitarrista] adoeceu e foi obrigado a respeitar um longo período de repouso, a que se seguiu um novo arranque, limando e oleando os temas que estivemos sem tocar durante todo esse tempo. Quando finalmente começamos a registar alguma música, o Alexandre (baterista) saiu, o que nos lançou novamente para uma situação de estagnação e obrigou-nos não só a adiar todos os planos, mas também nos colocou na complicada posição de ter que encontrar o


“O ÁLBUM ESTEVE ‘NO ESTALEIRO’ DURANTE MUITO TEMPO E SENTIMOS QUE FIZEMOS O QUE PRETENDÍAMOS FAZER (…) ALGO GRANDE, AVENTUREIRO, PESADO.” substituto ideal. Apesar de termos começado a trabalhar com o Meco para a gravação do EP, continuámos a procurar um baterista permanente. Chegámos mesmo a um bom momento com o Hugo, que fez connosco o concerto no Side B, com os brasileiros Imminent Attack e Claustrofobia, mas tal como quem anda nisto sabe bem, as dinâmicas de banda e os diferentes métodos de trabalho são por vezes difíceis de conciliar, motivo pelo qual as coisas acabaram por não resultar. Mas sem qualquer tipo de drama, foram decisões ponderadas e pensadas tendo em vista o que seria melhor para cada elemento individualmente e para a banda como um todo. Posto isto, voltámos a falar com o Meco.

sobrando. Vamos avançando mais num caminho de improvisação do que com uma estratégia delineada. No que toca à realização de concertos estamos sempre disponíveis, desde que não surjam imprevistos como recentemente [risos]!

O QUE É QUE M U DOU PA R A Q U E O MEC O POSSA A GORA A SSE G U R A R FU N Ç Õ ES N A BANDA ? SE N D O E L E M Ú S IC O D E S ES S Ã O SIGNI F I CA QUE P ON D ER A M A MÉD IO PRAZO E N CON TR AR U M B AT ER IS TA DEFIN I TI V O?

R U I M A R UJ O :

RUI M A RUJO :

Além da partida do Hugo, o próprio Meco viu-se com um pouco mais de disponibilidade para poder trabalhar connosco, coisa que anteriormente se previa ser complicado. Ainda assim, temos sempre que gerir muito bem as agendas de todos, mas tudo se leva tranquilamente. Ainda não falámos nessa questão do baterista definitivo, mas provavelmente não vamos dedicar muito do nosso tempo e esforço nessa empreitada. Pode ser que apareça alguém no futuro, nunca se sabe. Para já, queremos apenas fazer o melhor que conseguirmos com o Meco a assumir o posto, quer seja em termos de concertos ou composição.

ENTRE TAN TO , A PAR D A S A LT ER A Ç Õ ES DE FO RM A ÇÃO, O S Ú B IT O P R O B LEM A DE S AÚDE Q UE A COM ET EU O B R U N O OBRIGOU-VOS A CA N C ELA R A LG U N S CONCE RTO S. N E S TE MO MEN T O A B A N D A JÁ SE E N C ON TR A A PTA A R ET O M A R A ATI VIDADE N O RM A L ? RUI M ARUJO :

Pois é, o Bruno pregounos outra partida e teve que ser internado, mas agora está tudo bem. Não só ele está recuperado, como a banda já retomou os ensaios e estamos a preparar o próximo concerto, no final deste mês (Junho) no festival Sardinha de Ferro. Daqui para a frente vai ser sempre a levantar paralelos [risos].

PARA OS M E S E S Q UE S E S EG U EM O Q U E É QUE P O DE M OS E SPE R AR D O S S P EED EMO N EM TE R M O S D E CON CE RT O S E P R O M O Ç Ã O EM G E R AL ? HÁ A LG O ES P EC ÍFIC O DELIN E A DO? RUI M A RUJO

: Não existe um plano estruturado, por assim dizer. Tentamos fazer com que toda a informação e a própria música chegue ao maior número de pessoas, seja através do contacto directo com fanzines, webzines, programas de rádio, promotores, etc., ou através das redes sociais. Mas como não temos uma pessoa inteiramente responsável pela parte da promoção, cada um de nós vai tentando chegar onde pode, dentro da disponibilidade que lhe for

A PA R EN T EM E NTE , É C O M NATU R A L ID A D E Q U E A B A ND A A L IA P E S O , M E L O D IA E B R U TA LID A D E . S E ND O O P R O C E S S O C R IAT IV O NO S S P E E D E M O N B A S TA NTE D EM O C R Á TIC O , D E Q U E F O R M A C O NJ U G A M A S C O N T R IB U IÇ Õ E S D E C A D A E L E M E NTO N O S V O S S O S TE M A S ? Tentamos que exista uma espécie de consciência colectiva sobre o que podemos aproveitar ou não. Ou seja, apesar de tentarmos trazer diversas influências para a nossa música, a ideia é que exista uma sonoridade que seja facilmente associada aos Speedemon e que, dessa forma, todas as ideias possam ser aproveitadas, a favor so melhor resultado final possível. Essas ideias podem vir de um grande leque de possibilidades, seja de coisas tão fulcrais como um riff de base ou detalhes como uma transição, uma paragem, uma frase para uma letra. Todos temos carta aberta para lançar sugestões para cima da mesa. Sabemos quase de imediato quando uma ideia resulta para quilo que pretendemos fazer. Nessas situações, ficamos entusiasmados como se fôssemos miúdos no recreio [risos].

E N O Q U E S E R E F E R E À S INF L U Ê NC IA S D E C A D A E X E C U TA NTE ? NO ATO D E C O M P O R E V ITA M D E IX A R TR A NS PA R E C Ê LA S O U DE IX A M A C R IATIV ID A D E F L U IR LIV R EM ENTE , S E M IM P O R E M R E S TR IÇ Õ E S A O P R O C E S S O C R IATIV O ? R U I M A R UJ O :

Julgo que não colocamos muitas barreiras quando se trata de compor. As influências pessoais de cada um acabam por encontrar o seu caminho, de uma forma ou de outra. Essa situação até pode ser interessante, em termos de resultado final, uma vez que cada um de nós pende mais para determinados campos da música pesada (e não só), pelo que a manifestação dessas influências pode originar coisas boas. Tentamos que a espinha dorsal esteja dentro desse universo Speed/Thrash Metal, mas existe sempre espaço para as influências mais clássicas do nosso guitarrista Jorge (Heavy Metal/Hard Rock) ou para algum Thrash mais moderno do Bruno. Não planeamos a forma como dado tema vai soar. Conjugamos as diferentes ideias, venham elas de onde vierem, e montamos as peças para ver se conseguimos chegar ao final com um bom tema entre mãos.

EMB O R A E S TE J A M A G O R A NATU R A L M E NTE C O N C EN T RA D O S NA P R O M O Ç Ã O A “F IR S T B LO O D ” S A B E -S E Q U E J Á S U R G IR A M NOVOS RIFFS QUE PODERÃO DAR FORMA A FU T U R O S TE M A S . Q U E D IR E Ç Ã O P O D E R Á T O M A R O TR A B A L H O S E G U INTE ? P O D E M O S ES P ER A R U M L O NG A -D U R A Ç Ã O ?

podemos, a pouco e pouco, orientar as coisas em termos de pré-produção, ir registando algumas ideias, trabalhando algumas coisas de temas mais antigos e que não chegaram a ser gravados para o EP, etc. Ainda estamos na fase de escolher algumas sementes para depois começar a trabalhar a sério na colheita...

D A D O O E X C E L E NTE M O M E NT O QUE O M E TA L NA C IO NA L ATR AV E S S A , QUER EM NÚ M E R O E Q U A L ID A D E D E E S PET ÁCULOS E D E B A ND A S , B E M C O M O D E ÓRGÃOS DE C O M U NIC A Ç Ã O S O C IA L U ND ERGROUND, P O D E R ÍA M O S J U L G A R Q U E T EMOS AS C O ND IÇ Õ E S NE C E S S Á R IA S PA RA QUE A C E NA L U S A S E TO R NE U M A R E FERÊNCIA A NÍV E L E U R O P E U . P O R É M , TA L AINDA NÃO S E V E R IF IC A . NA TU A O P INIÃ O, O QUE É Q U E NO S FA LTA , A P E S A R D O C ONT RIBUT O D E B A ND A S C O M O O S M O O NS PELL OU OS H O L O C A U S TO C A NIB A L ? RUI MARUJO

: Esse campo de opinião é bastante diverso e, se colocares essa questão a dez pessoas, podes acabar com dez respostas diferentes. Não é certamente por uma questão de falta de qualidade das bandas nacionais, como o provam os diversos lançamentos que têm saído nos últimos anos. Actualmente temos inúmeros projectos e bandas a tocar e a gravar excelente música, nos mais variados géneros e com potencial suficientemente sólido para vingar lá fora. Tens os exemplos de Switchtense, Process of Guilt, Midnight Priest ou Corpus Christi, quatro bandas cujas armas surgem de ambientes diferentes, com excelentes lançamentos, magníficas prestações ao vivo e com o olhar naquilo que existe além-fronteiras. E existem mais casos assim. Saber por que motivo as bandas nacionais ainda não são consideradas uma referência a nível europeu é uma dúvida que vai subsistir. Talvez seja um misto entre falta de exposição, pouca dinâmica ou visão para além das zonas de conforto entre-fronteiras, sinceramente não sei... Existe qualidade, existe esforço e dedicação por parte de muita gente, mas talvez exista um ingrediente secreto ainda por descobrir. Honestamente, em especial para as bandas com os olhos postos para além dos limites do burgo lusitano, penso que a cena Punk/ Hardcore nacional é um exemplo a seguir desde há vários anos atrás, pois não é raro saber de bandas nacionais a embarcar em tours europeias ou a receber convites para tocar em festivais. Agora, saber o que é que difere nos métodos de trabalho de promoção e divulgação de uns e de outros, se é uma questão puramente musical ou de personalidades, isso já me transcende.

W W W. FA C E B O O K . C O M / S P E E DEMON.BAND

R U I MA R U J O :

Já se vai falando nisso, mas para já ainda é prematuro. Não estamos a delinear uma linha temporal para que isso venha a acontecer a curto prazo, mas vamos começando a pensar de que forma 5 1 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“A RAZÃO POR QUE DECIDI LANÇAR ESTE ÁLBUM FOI, EM PRIMEIRO LUGAR, PORQUE OS FANS O PEDIRAM.”

GEORGE KOLLIAS ESTREIA INVICTA É U M D O S M A IS P R OEM INENT ES BAT ERISTAS E TEC NI CI S TAS NA S ENDA D O D EATH META L. I NC R I V ELMEN T E R Á P ID O E C O M U M EST ILO M UIT O PART ICULA R GEO R G E KO LLI A S I NI C I O U -S E NU MA CA R R EI R A A S O LO C O M « IN V I C T U S », UM ÁLBUM BRUTAL E EXP LO S I V O . PAR A OS AMANTES DA BATERI A (E N Ã O S Ó ) K O L L IA S R E S P O NDEU A ALGUM AS PERGUNTAS DO MI G U EL RI B EI R O PAR A A HI NTF E VER S U S MA G A ZI N E Por: Miguel Ribeiro A PRIMEIRA QUESTÃO TEM NECESSARIAMENTE QUE SER, PORQUÊ GRAVAR UM ÁLBUM A SOLO E COMO TE SENTISTE COM O RESULTADO FINAL? A razão por que decidi lançar este álbum foi, em primeiro lugar, porque os fans o pediram. Lancei algumas músicas no Youtube dos meus primeiro e segundo DVDs de bateria e as pessoas entraram na música rapidamente. Em pouco tempo começaram a pedir-me um álbum, que finalmente decidi fazer mas levou algum tempo porque eu escrevia e gravava nos intervalos das tournées. Começou por

5 2 / VERSUS MAGAZINE

ser um projeto engraçado e ainda é, mas agora é uma das minhas prioridades porque as pessoas gostaram e apoiaram. Ainda encaro como algo que faço por diversão por isso é que escolhi ser eu a escrever todas as músicas e a tocar todos os instrumentos. Quanto ao resultado, estou extremamente feliz e satisfeito. Adoro a produção, adoro as músicas, os convidados eram exatamente aqueles que eu queria também. Tenho uma excelente editora por trás deste projeto e os fans adoraram o álbum, por isso tudo é perfeito para mim. Não podia estar mais feliz, a sério!

QUANDO FALAMOS EM PROJETOS A SOLO NORMALMENTE PENSAMOS

NU M M Ú S IC O Q U E C O NV ID A O U T ROS PARA A PA R E C E R O U PA RTIC IPA R NO ÁLBUM, NO E NTA NTO TU L E VA S TE O TE R M O “ A SOLO” M A IS A L É M , TO C A ND O E GRAVANDO TO D O S O S INS TR U M E NTO S . P ORQUÊ ESSA OPÇÃO? Porque era divertido e um “real” projeto meu e não uma segunda banda para vender mais alguns discos. Este projeto e este álbum foi algo que fiz para minha satisfação pessoal e que queria partilhar com os faz. Por isso queria que fosse “100% George”, queria que


“A N. K. V. D. ERA A POLÍCIA SECRETA DOS SOVIÉTICOS […] UMA ORGANIZAÇÃO CRUEL, DAÍ USARMOS A SIGLA PARA DESIGNAR A BANDA.” os fãs também ouvissem o que eu consigo escrever. Ser baterista é uma coisa, contribuis sempre para a banda mas normalmente pouco para as músicas e com este projeto eu quis ir mais além e exprimir-me através da música.

TIVESTE ALGUNS CONVIDADOS PARA O ÁLBUM. COMO ELES APARECERAM? Sim, tive alguns convidados a fazer alguns solos de guitarra e de violino. Tive Rusty Cooley, Yiannis Papadopoulos, Karl Sanders, Dallas Toler-Wade, Theodore Ziras, George Emmanuel, Mike Papadopoulos, Andreas Trapalis e Bob Katsionis que contribuíram com solos e também o Efthimis Karadimas que cantou numa bónus track e o Mike Breazeale que fez o discurso de introdução do álbum. Estou extremamente honrado por ter estes fantásticos músicos no meu álbum e cada um deles fez um trabalho fabuloso. Era muito importante para mim ter alguns dos meus músicos favoritos e que são também meus amigos. Não queria apenas usar grandes nomes, queria também alguém que eu admirasse e todos eram meus grandes amigos, exceto um guitarrista do qual eu sou um grande fan mas que não conheço muito bem pessoalmente a quem eu pedi para fazer um solo mas acabou por não resultar porque ele estava bastante ocupado por isso não entrou.

QUAL O CONCEITO POR TRÁS DE “INVICTUS” E ONDE FOSTE BUSCAR INSPIRAÇÃO PARA A S MÚSICAS? Na realidade não existe nenhum conceito, apenas peguei na guitarra e escrevi umas músicas, meti-lhe uns vocais e bateria e as canções apareceram. O único “conceito”, se assim se pode chamar, era que fosse uma banda de um homem só. Era a única coisa que tinha em mente. Liricamente, o álbum tem uma grande variedade, todas as músicas são pequenas histórias que criei na minha cabeça. Normalmente faço isso ao contrário, primeiro arranjo um titulo e depois crio a história à volta disso. Não sou grande fan de “álbuns-conceito”, acho que demoram bastante tempo e depois tornamse aborrecidos por volta da quarta ou quinta música, eu gosto de mais variedade, gosto de viajar com quem está a ouvir para diferentes lugares e não de prende-los demasiado.

QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE TRABALHAR NUM ÁLBUM A SOLO E GRAVAR COM UMA BANDA COMO NILE? Para mim são duas coisas completamente diferentes, exceto as pistas da bateria que em ambos são semelhantes porque ambos são “extreme metal”. Tudo o resto é completamente diferente. Em Nile normalmente trabalho com pistas só com guitarra ou por vezes com algo básico de bateria que o pessoal faz usando programas para isso e eu depois trabalho com isso e faço a minha parte da bateria. Normalmente começo com uma estrutura básica e faço o principal, depois trabalho os detalhes e finalizo. Claro que trabalhamos como equipa por isso por vezes sugerem algumas alterações e fazem-se modificações em geral pelo que o meu trabalho é tentar que a bateria encaixe o melhor possível na música., No

meu projeto, a bateria é quase secundária, primeiro escrevo alguns riffs e a música, no entanto a bateria já está na minha cabeça, depois vou para o meu estúdio e gravo algo básico de bateria para completar a música. Depois trabalho nos pormenores tal como as intros, as pausas, as letras, etc. A responsabilidade é muito maior trabalhar sozinho numa música do que com uma banda, não diria mais difícil, pois para mim foi muito mais divertido. Gosto de começar do zero e ter controlo total de tudo mas apenas neste projeto, quando há mais gente envolvida gosto de partilhar este processo criativo com eles e claro que é muito mais divertido também. Como disse, são duas coisas diferentes. Cada situação tem momentos espetaculares e adoro ambos por razões diferentes, especialmente do trabalho em equipa porque é algo que eu acho que nasci para fazer, o meu projeto a solo é algo stressante e ao mesmo tempo relaxante por isso são situações diferentes.

QUAL FOI A REAÇÃO DA BANDA EM RELAÇÃO A ESTE PASSO NA TUA CARREIRA E AO ÁLBUM PROPRIAMENTE DITO? Eles sabiam que o lançamento estava para breve mas depois que ele saiu ainda não falamos sobre isso porque estivemos ocupados com o novo álbum de Nile. Quando acabei de gravar a bateria eu deixei os Estados Unidos e fui para casa e eles começaram a gravar as guitarras, por isso quando saiu o primeiro teaser e os singles toda a banda estava super ocupada com o álbum e eu andava ocupado a fazer entrevistas por causa do “Invictus”. Eles sabem que é um projeto pessoal que faço por gozo e que não vai atrapalhar com Nile por isso acho que estão na boa com isso.

DO QUE ESTÁS À ESPERA COM ESTE ÁLBUM? JÁ TIVESTE ALGUM TIPO DE REAÇÃO DA PARTE DOS FANS OU DOS MÉDIA? A reação dos fans e dos média foi simplesmente fantástica, foi melhor do que eu poderia esperar e fiquei muito feliz. Parece que toda a gente gostou e encarou como um álbum completo e não apenas uma “cena de baterista”. Quer dizer, dá a sensação que é algo que vais ouvir que até parece que vale a pena arranjado por um baterista que toca todos os instrumentos e depois de ouvir te esqueces disso e estás a ouvir uma banda completa. É o tipo de reação que tenho obtido e tem sido fabuloso. As minhas expectativas para este projeto não sou muito altas, tenho sempre os pés na terra e sei onde estou. Quero os fans felizes, quero que as pessoas gostem do que estão a ouvir. Eu também quero que a minha editora fique feliz e continue do meu lado para que eu possa continuar este projeto. Este projeto é parte de mim e quero continuar a trabalhar nele enquanto puder, ou melhor, enquanto os fans o quiserem.

ÉS UM DOS BATERISTAS MAIS CONHECIDO DO DEATH METAL, COMO É QUE VÊS ESTE GÉNERO NOS DIAS DE HOJE? É como sempre foi, algumas grandes bandas

outras nem por isso, algumas grandes músicas outras nem tanto… o normal. Tento encontrar o que os meus ouvidos gostam e apoio, penso que é o que toda a gente devia fazer. É simples: gostas de algo, compras. Não gostas, deixas ficar. Infelizmente vemos muito dramatismo com os fans a criticar cada coisinha que uma banda faz menos bem e isso não é bom, é muito frustrante tocar e estar sempre a ser criticada por todas as coisinhas que possas imaginar em vez de teres aqueles poucos fans que realmente gostam e te dizem “bom trabalho”. Mas eu não tenho razões de queixa, tive algum apoio na minha carreira e se ouço algo negativo isso não me afeta em nada. Estou a falar de uma maneira geral, o que vejo é que aqueles que não gostam da tua música são aqueles que têm demasiado tempo livre e uma ligação à internet, ahahahah. Vejo muitos talentos por aí e algumas grandes músicas embora os mais fortes sobrevivam sempre… Sei que este género vai perdurar e iremos fazer força para isso também.

QUAIS FORAM AS TUAS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS NO INÍCIO DA TUA CARREIRA? ALGUMA VEZ ESPERASTE ATINGIR ESTE TIPO DE RECONHECIMENTO? As minhas bandas favoritas, Metallica, Sepultura, Kreator, Slayer, etc. Esta será de qualquer forma sempre a razão por que toco um instrumento. Eu comecei a tocar porque a sentia muito enquanto fan e isso não mudou até hoje. No que diz respeito ao reconhecimento estou muito feliz onde estou e com o que faço na música. Estou muito orgulhoso de maior parte das coisas que fiz em todas as bandas que toquei assim como no meu projeto a solo e as minhas atividades relacionadas com bateria assim como os DVDs e os livros, embora sinta que é algo muito natural, não o vejo como nada grande para ser honesto. Eu acredito que as bandas vêm e vão, o objetivo é que enquanto cá estejas faças grandes coisas e deixes algum tipo de legado.

É “INVICTUS” O INÍCIO DE ALGO OU APENAS UMA EXPERIENCIA ? QUE TE FALTA FAZER ENQUANTO MÚSICO? É o início de algo que sempre quis fazer, sempre quis sentar-me e escrever/compor um álbum completo. Faço por satisfação pessoal e gosto disto como ninguém e continuarei a fazer enquanto puder. É diferente mas não é nenhuma experiência. Quero dizer, não pode ser uma banda ao vivo embora possas ver ao vivo, espero que se isto acontecer que seja algo muito especial por isso vou trabalhar o mais possível. Muitas coisas ainda estão por fazer enquanto músico, isso felizmente nunca acaba, ahahah. Já tenho quatro ou cinco coisas grandes na minha cabeça, apenas tenho que arranjar tempo para as fazer e quando as fizer será algo novo e realmente diferente daquilo que as pessoas estão habituadas que a gente faça. A música é uma viagem divertida que nunca acaba!! Gostarias de acrescentar alguma coisa ou ficou alguma coisa por dizer? Apenas gostaria de relembrar que “Invictus” está também disponível grátis no meu sítio da internet (www.georgekollias.com). Todos podem visitar e descarregá-lo, é a versão base sem as pistas de bónus claro, mas podem ouvir e decidir se as querem também ou não. É um álbum com 15 canções, feitas com muita paixão e acho que vai valer o vosso tempo.

W W W. G E O R G E K OLLI AS.COM H T T P S : / / Y O U T U . B E / S U L 3 MLQW I 1M 5 3 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] A BASE DO SOM É CRIADA SEMPRE PELO MIGUEL E PELO NUNO KHAN, QUE SURGEM COM IDEIAS PARA LEADS DE GUITARRA. […]”

TALES FOR THE UNSPOKEN MELODIA TÓXICA PA R E C E M S E R E STAS AS PALAVRAS QUE MELHO R DES C R EV EM O NO V O ÁLB U M D O S TA LES F O R T H E UNSPOKEN, SIGNIFI CATI VAMENTE I NTI TU LA D O «CO 2 ». D A CA PA A P O C A L Í T ICA ÀS LET RAS RELAT IVA S A PR O B LEMAS ATUA I S , PAS S A NDO PELA MÚ S I C A P ES A D A E C HE I A D E M E L O DIA E GROOVE, NÃO FALTAM MOTI V O S PAR A O LEI TO R D A V ER S U S S E S ENTI R T EN TA D O A OUVIR O SEGUNDO LONG A DU R A Ç Ã O DES TA BA NDA NA C I O NAL! Por: CSA O QUE ANDARAM OS TFTU A FAZER DURANTE OS QUATRO ANOS QUE SE PASSARAM DESDE A MINHA ANTERIOR ENTREVISTA CONVOSCO PARA A VERSUS? MARCO F R E S CO :

Antes de mais, é com muito gosto que voltamos a participar nesta revista, que penso que seja uma referência a nível nacional do underground. Muitos parabéns por continuarem com o projeto. Respondendo à tua pergunta, desde a nossa última conversa, no verão de 2011, os Tales 5 4 / VERSUS MAGAZINE

For The Unspoken estiveram praticamente 2 anos a apresentar o «Alchemy» pelo país fora. Conseguimos a nossa primeira data no estrangeiro e tentámos divulgar o álbum o máximo que conseguimos. A partir de 2013, começámos a tocar menos – apesar de não termos estado parados – para nos concentrarmos na criação do «CO2». Devido às nossas agendas pessoais, tivemos mesmo de fazer as coisas deste modo, porque o tempo que tínhamos para nos juntar era aos fins de semana e era impossível compor o álbum a tocar nos mesmos. Durante esse período de tempo, também conseguimos o contrato para lançamento deste álbum, que era algo que procurávamos, porque não

queríamos continuar a trabalhar com a Casket. Foram dois anos estranhos para nós, porque estávamos habituados a um andamento de concertos e tivemos de reduzir bastante, mas, por outro lado, foi muito bom, para nos juntarmos como banda a criar algo de raiz.

AINDA ESTÃO A ESTU DAR EM COIMBRA? OU JÁ ULTRAPASSARAM ESSA FASE DAS VOSSAS VIDAS? MARCO FRESCO :

Neste momento, infelizmente (hehehe), ninguém na banda


“[…] TANTO UM ÁLBUM COMO NO OUTRO, OS NOMES SÃO METÁFORAS. […] NO «CO2», O NOME PROVÉM DA POLUIÇÃO MENTAL DO SER HUMANO […]” estuda. Já todos acabaram os cursos que estavam a tirar em 2011 e agora somos só mesmo músicos profissionais (heheheh). Não é bem assim, mas gostávamos! Neste momento, precisamente por causa dos nossos empregos, a nossa disponibilidade para a banda já não é aquela que tínhamos na altura em que estávamos a estudar. Mas continuamos a dar o máximo de empenho que podemos e temos conseguido conciliar bastante bem as duas atividades.

surgem com ideias para leads de guitarra. Depois o som vai passando por todos, que acrescentam sempre alguma ideia, até termos o som final. Quando o Nuno entrou para a banda, tínhamos praticamente todos as leads de guitarra feitos. Ele meteu o baixo ao gosto dele, sendo já uma peça importante na construção do «CO2». Quando o som estava feito, eu fui tentando que a métrica vocal fosse do gosto de todos.

VEJO QUE MUDARA M A FORMAÇÃO DA BANDA. O QUE MOTIVOU A SAÍDA DO GUILHERME?

PARECEM MUITO LIGADOS À QUÍMICA, JÁ QUE PASSARAM DE «ALCHEMY» PARA «CO2». HÁ ALGUMA LIGAÇÃO CONCETUAL ENTRE OS DOIS ÁLBUNS?

MARCO F R E S CO :

M A R C O FRE S C O :

A saída do Guilherme é um pouco confusa de explicar. Ele estava com outro projeto, (espetacular, diga-se de passagem), que são os grandes Destroyers of All. Na altura, o projeto estava a começar e ele precisava de lhe dedicar mais tempo. O fator profissional também interferiu: deixou de ter tanto tempo para dedicar a duas bandas. Na altura, nós sabíamos que ele tinha de deixar uma das duas bandas para segundo plano e estávamos numa fase crítica, a começar a criar o «CO2». Sabíamos também que, a nível de estilo, Destroyers of All era mais a onda dele. Então, de mútuo acordo, achámos que o melhor seria ele sair, porque ia estar a prejudicar uma ou as duas bandas, se insistisse em continuar nos dois projetos. Foi com pena, porque ele era um dos cinco pilares de Tales For The Unspoken e um irmão para todos nós. Mas, felizmente, foi tudo a bem. Continuamos amigos como éramos e ele já veio tocar connosco ao vivo. A prova disso foi a surpresa que os Destroyers nos fizeram, quando, num concerto, convidaram o novo vocalista para cantar uma música surpresa e fizeram uma cover da “Possessed” do nosso primeiro álbum. É tudo malta boa onda e somos todos amigos, que é o mais importante.

COMO ENCONTRARAM O SEGUNDO NUNO? MARCO F RE S CO :

Já todos nos o conhecíamos do tempo em que ele ajudou os Terror Empire. Tinha substituído o Sérgio Alves, numa altura em que ele foi estudar para Itália e nos acabámos por fazer umas datas com os Terror Empire e por ficar amigos dele, na altura. Quando o Guilherme saiu, metemos um anúncio no Facebook a dizer que procurávamos um baixista. O Nuno era guitarrista e, como tal, nem falámos com ele para a vaga. Entretanto, começámos a receber vídeos (era um dos requisitos) a tocar músicas nossas e, quando vimos os vídeos dele a tocar o nosso som, ficámos logo a pensar nele. De todas as propostas que recebemos, ele era, sem dúvida, o melhor e, além disso, era já nosso amigo. Não foi muito difícil escolher o Nuno e, até hoje, estamos muito contentes com ele, porque se enquadrou no nosso esquema rapidamente, tendo já participado na criação do novo álbum.

COMO É QUE CADA UM DOS MEMBROS DA ATUAL FORMAÇÃO CONTRIBUIU PARA CRIAR «CO2»? MARCO F RE S CO :

Nós trabalhamos em conjunto, sendo que a base do som é criada sempre pelo Miguel e pelo Nuno Khan, que

Por acaso é engraçada a pergunta. Tanto num álbum como no outro, os nomes são metáforas. No «Alchemy», era uma alquimia de estilos e culturas num álbum apenas. Já no «CO2», o nome provém da poluição mental do ser humano, que é basicamente o tema das letras deste álbum: desde o rapto, tráfego humano, o extremismo religioso, etc... Falamos um pouco de todo o mal que o ser humano faz entre si, para tentar ter frutos usando o mal dos outros como arma. Muitas vezes, as pessoas não têm noção do mal que fazem em prol de algo que frequentemente não vale a pena.

E COMO RELACIONAM A TESSITURA MUSICAL DOS DOIS? O QUE TÊM DE SEMELHANTE? EM QUE SE DIFERENCIAM? M A R C O FRE S C O :

Este álbum é bastante diferente do anterior, tanto a nível de composição, como de estrutura. Foi gravado com guitarras de sete cordas, o que lhe dá maior peso e groove. Temos músicas mais pesadas, mas sempre a manter uma certa melodia, que é um pouco a nossa imagem musical. As letras estão mais diretas que as do anterior. A gravação deste álbum foi muito mais exigente do que a do anterior e isso nota-se. O que têm de semelhante é o nosso tipo de composição. Tentamos sempre não ser muito repetitivos e que os temas sejam diferentes uns dos outros. De resto, é um álbum bastante diferente do outro. No geral, acho que está mais maduro que o anterior e mostra a nossa evolução como banda. Tentámos fugir um pouco à mistura de raízes que temos na banda, neste álbum. Foi todo foi feito pela banda atual. No anterior, tínhamos músicas feitas antes de eu entrar, que foram adaptadas à minha voz. Neste já foi tudo feito com os membros atuais.

A ARTE DO ÁLBUM FOI FEITA POR TI OU CONVIDARAM ALGUÉM EXTERNO À BANDA PARA A FAZER? SE OPTARAM POR ESTA ÚLTIMA HIPÓTESE, DIRIA QUE DERAM ALGUMAS INSTRUÇÕES AO ARTISTA, PORQUE O ESTILO DESTA CAPA É SEMELHANTE AO DA CAPA DE «ALCHEMY». M A R C O FRE S C O :

Para este álbum, eu apenas fiz a montagem da capa. O artwork foi feito pelo Samuel Lucas, um artista português que já trabalhou com bandas como Shadowsphere, Revolution Within, Moonspell, etc. A ideia surgiu num concerto

que demos no Metal Point. Antes do gig, estávamos a falar de como gostaríamos de ver a nossa capa e foi aí que surgiu a ideia de uma pessoa no meio de um mundo destruído pela própria humanidade, como se fosse dos poucos sobreviventes. Queríamos algo apocalítico, sombrio, mas, ao mesmo tempo, nada muito gore. Queríamos tristeza na pessoa e penso que o Samuel acertou na mouche. Estamos bastante felizes com o resultado final.

O QUE EXPRIME? NÃO DEVE SER FÁCIL TRADUZIR ALGO COMO CO2 EM IMAGENS. MARCO FRESCO :

Como sabem, o CO2 é um gás muito tóxico. Quisemos fazer uma analogia a todo o mal que existe do mundo. Assim, a capa do álbum mostra um mundo destruído, que, basicamente, é para onde caminhamos. Se não fizermos nada para mudar isso, tememos que a direção para onde caminhamos todos os dias seja o princípio do fim.

HÁ ALGUM PARENTESCO ENTRE ESTA CAPA E UMA BD D E ÍNDOLE APOCALÍTICA? MARCO FRESCO :

A BD foi uma questão que foi decidida quando considerámos quem nos iria fazer a capa. Já conhecíamos o trabalho do Samuel e sabíamos que, ao optar por ele, teríamos um capa deste estilo. Como queríamos esta ideia para a capa, teria de ter este tipo de impacto: um mundo em destruição, uma pessoa inocente a lutar pela sobrevivência. Por isso, a capa evoca realmente uma BD de índole apocalíptica.

COMO PREVEEM PROMOVER «CO2» NOS PRÓXIMOS TEMPOS? MARCO FRESCO :

Neste momento, o nosso objetivo é tentar correr o país inteiro a promover o álbum. Já começámos a nossa tour de lançamento e vamos tocar pelo país todo: Coimbra, Leiria, Aveiro, Porto, Lisboa, Paços de Ferreira, etc. Estamos também em alguns dos festivais de metal nacionais: Hard Metal Fest, Hell in Sintra, Casainhos, etc. E, no próximo ano, vamos tentar invadir os palcos internacionais, estando neste momento a ver a viabilidade de poder tocar além-fronteiras. Temos tido uma boa receção aos novos temas, que era algo de que já sentíamos falta: tocar novos temas. Até agora, tem sido espetacular. Queríamos deixar uma mensagem a todos os leitores, para continuarem a aparecer em peso nos eventos de bandas nacionais. Felizmente, neste momento, o movimento está saudável, com muitas bandas boas a percorrer o país de cima abaixo! Obrigado, malta!

“ E S T E Á L B U M É B A S TA N T E D I F E R E N T E D O A N T E R I O R , TA N T O A NÍVEL DE COMPOSIÇÃO, COMO DE ESTRUTURA. […]” WWW.FACEBOOK.COM/TALESFORTHEUNSPOKEN H T T P S : / / Y O U T U . B E / Y J TVMBES10W 5 5 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“QUERIA FAZER UM ÁLBUM MUITO ORGÂNICO, COM UM SOM MUITO NATURAL. (...) PESSOALMENTE, SOU UM GRANDE FÃ DE ÁLBUNS COMO O «PHYSICAL GRAFFITI» DOS LED ZEPPELIN (...) E DE TUDO O QUE OS QUEEN FIZERAM.”

VIRGIN STEELE © Axel Jusseit

VIRGIN STEELE (NADA) VIRGENS AOS 32 SÃO UM DOS “PESOS PESADOS” DO METAL E TÊM UMA CARREIRA RECHEADA DE ÁLBUNS QUE INFLUENCIARAM MU I T O S D O S A RT I STAS DEST E NOVO M ILÉNIO. SE OU V I R EM, PO R EXEMPLO , O MEG A PR O J EC TO DE T O B I A S S A M M E T, AVA N TASIA, CEDO PERCEBERÃO DE O NDE V EM GR A NDE PARTE D E TO D O A Q U ELE P O W ER META L MELÓDICO. APÓS CINCO ANOS DE INTERREGNO EIS QUE OS VIRGIN STEELE SE PREPARAM PARA REDIMIR DE UM N Ã O M U IT O B E M SUCEDIDO «T HE BLACK LIG H T BA C C H A NALI A ». EU ATÉ A C H O QU E CO NSEG U I R A M… Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ, DAVID! ANTE S DE MA IS , PA R A B ÉN S POR ESTE NOVO ÁL BUM. PA R EC E-T E Q U E «NOCT URNE S OF HE L L F I R E & D A MN AT IO N » ESTÁ A SE R BE M RE CE BID O P ELO S FÃ S ? DAVI D DE F E IS: Muito obrigado pelas tuas

amáveis palavras! Fiquei muito sensibilizado. Sim, a reação ao novo álbum tem sido muito positiva e ainda nem sequer foi lançado. As pessoas ainda só ouviram uma pequena parte do álbum e já se mostram muito entusiasmadas por ele. É um momento muito feliz para nós…

VOCÊS SÃO UMA DAS BAN D A S MA IS N O T Á V EIS NESTE GÉ NE RO E M PARTIC U LA R – E TA MB ÉM 5 6 / VERSUS MAGAZINE

DE UM MODO GERAL. TENHO ANDADO A R EV IS ITA R U M P O U C O A D I S C O G R A F I A D E V IR G IN S T E E L E E F I Q U E I C O M A I M P R E S S Ã O DE QUE O VOSSO ÁLBUM ANTERIOR É UM DOS MEN O S B EM S U C E D I D O S ( T O D A S A S B A N D A S T ÊM U M O U D O I S A S S I M … ) . S E R Á Q U E «N O C T U R N E S O F H E L L F I R E & D A M N AT I O N » É A VOSSA “DESFORRA” EM RELAÇÃO A «THE B LA C K LIG H T B A C C H A N A L I A » ? D AV ID D EFE I S : Não se trata propriamente de

uma desforra, mas este álbum provavelmente tem um som mais próximo do que eu ouço na minha cabeça, quando estou a compor, que o anterior. A maior parte do álbum foi feita num estúdio que não me era familiar e nunca

me soou como lá, quando o tirei desse estúdio. Estava mais familiarizado com o equipamento do estúdio onde fizemos o «Nocturnes», portanto consegui fazer com que soe sempre mais ou menos da mesma maneira, independentemente de onde o ponha a tocar… o que calhou mesmo bem. Queria fazer um álbum muito orgânico, com um som muito natural. Queria que soasse como um álbum ao vivo… Pessoalmente, sou um grande fã de álbuns como o «Physical Graffiti» dos Led Zeppelin e… de todos os álbuns (e especialmente os dois primeiros) e de tudo o que os Queen fizeram. Adoro o som poderoso de todas essas Obras. Procurei dar a este álbum um som mais semelhante ao de um concerto ao vivo do que ao de algo


ENTREVISTA feito no estúdio. Queria captar o suor e o barulho de quando as canções saem com toda a sua força. Queria tentar captar paixão e um sentimento de necessidade e trazer ao cimo a essência do que estas canções me diziam. Queria magia como a do voodoo, dos comedores de fogo, etc.

POR QUE DE IXARAM PA S S A R C IN C O A N O S ENTRE E STE S DOIS ÁL BUNS ? O Q U E A N D A R A M A FAZE R NE SSE INTE RVALO ? DAVI D DE F E IS: Quando assinámos com a

SPV, em 2010, tínhamos estado envolvidos numa intensa campanha para relançar todos os álbuns de VS e estávamos a faze-lo de uma forma muito organizada, sistemática e atempada. Cada um dos álbuns que relançávamos continha uma grande quantidade de material bónus. Algumas dessas faixas bónus eram canções novas escritas especialmente para esses álbuns ou então covers de músicas de outros artistas, cujo trabalho nós respeitámos, que nós tínhamos reescrito, rearranjado ou ainda versões ao vivo de canções nossas. Fazer esse material demorou bastante tempo, tanto mais que remasterizámos tudo de novo, incluindo o conteúdo original de cada álbum. Se deres uma boa vista de olhos a todas essas reedições, verificarás que o material novo corresponde a um longa duração… Infelizmente, a maioria das pessoas não se apercebeu disso. Tenho a esperança de que, agora que vamos lançar um álbum novo, os nossos fãs venham a ouvir com atenção o que pusemos nessas reedições. Por exemplo, na reedição do «Invictus», temos um álbum acústico ao vivo de longa duração, que intitulámos «Fire Spirits». É um álbum verdadeiramente incrível. Espero que as pessoas o ouçam, assim como todo o material bónus em reedições como a de «Age of Consent». Por exemplo, a faixa “Another Nail in the Cross” é mesmo boa, assim como a “Under a Graveyard Moon” e estes são apenas dois exemplos… E, para além disso, eu já tinha escrito cerca de 40%/50% do material dos próximos dois álbuns de Virgin Steele e já tínhamos gravado também. Portanto, fizemos imensas coisas depois do lançamento do álbum anterior. E, por termos produzido muito material, resolvemos pôr muito material, pelo que incluímos imenso material neste álbum que está para sair… A versão digipack tem 29 faixas, Pensei com os meus botões… somos capazes de o gravar, portanto deixamo-lo como está, é melhor divulgar já este material… sabe-se lá o que pode acontecer depois… posso morrer na próxima semana ou no próximo mês… é fazer agora…

ÉS UM ADMIRÁVE L CONTA D O R D E H IS T Ó R IA S E JÁ O PROVASTE . « NO H & D » É MES MO U M ÁLBUM CONCE TUAL ? DE A C O R D O C O M O Q U E LI SOBRE E L E , HÁ UMA “ LIN H A ” Q U E U N E A S FAI XAS. ISSO NOTA-SE NAS LET R A S ? DAVI D DE F E IS: Obrigado pelo comentário

simpático… fico muito contente! Não é um álbum concetual no sentido de as músicas estarem alinhadas de forma linear de forma a formarem uma intriga, que tu tens de seguir do ponto A ao ponto Z, como o «House of Atreus». É mais uma coleção de canções que ficam bem juntas, em termos musicais e atmosféricos, e têm uma ligação que estabelece relações entre elas e na qual as várias faixas se integram. O álbum trata fundamentalmente de relações e do que acontece quando alguém entra em contacto com o estilo de vida, a química, a esfera,

a órbita… aura… esse tipo de coisas… de outra pessoa. Também trata da relação que cada um de nós mantém consigo próprio… de todos os nossos amores de desamores… dos nossos desejos mais íntimos, paixões, obsessões… Também fala de ligações entre entidades… entre todo o tipo de seres, não forçosamente humanos… entidades como deuses e deusas, como se pode ver nas canções “Persephone” e “Devilhead”, por exemplo, até os espíritos, os elementos, etc. foram incluídos. Mas, para ser breve, o álbum trata sobretudo das relações entre pessoas. Tem em conta os seus variados sistemas de crenças, os seus deuses e deusas… e não me estou apenas a referir à sua espiritualidade… mas… também aos seus desejos… obsessões… filosofia de vida, substâncias químicas e outras que injetamos nos nossos rituais diurnos e noturnos. Em suma, é sobre a complexidade de tudo o que nos conduz, faz de nós o que somos e o que não somos… que nos leva onde podemos ir… ou onde não devíamos ir. É sobre a noite negra da alma e as variadas maneiras que os humanos têm de se envolverem e destruírem… portanto, o título do álbum traduz o espírito de tudo o que dele faz parte, tal como os títulos «Noble Savage» ou «Age of Consent» traduziam a essência dos álbuns a que foram dados. O título [de um álbum] proporciona ume enquadramento, mas cada canção é realmente algo único. A propósito de obsessões, a canção “Glamour” é sobre o encantamento. É uma daquelas canções que te levam logo a pensar “pois, deve estar a falar sobre uma mulher… sobre alguma relação que tem ou teve”… e pode realmente ser isso, mas, se a observares de mais perto, constatarás que estou a falar da minha relação com a música, do que ela me fez, fez por mim… o bem, o mal e as coisas desagradáveis… é a minha paixão… a minha obsessão…

V IR G IN S T E E L É U M A B A N D A C O N H E C I D A P E L O P ES O D A S U A M Ú S I C A E P O R U M A AT M O S F E R A Q U E C O MB I N A B A R B Á R I E E R O M A N T I S M O – É A V O S S A IMA G E M D E M A R C A . N O E N TA N T O , E S T E N O V O Á LB UM É V E R S Á T I L , VA R I A D O , M U I T O A PA IX O N A D O . E S T E T I P O D E “ S E N T I M E N T O S ” – A G R ES S I V I D A D E , M E L A N C O L I A , I R A , E T C . – ES T Á IN T IM A M E N T E L I G A D O À S L E T R A S ? D AV ID D EFE I S : Sim, as minhas letras também

falam de coisas pessoais e, neste álbum, isso acontece mais do que nunca… portanto, sim, estas letras são pessoais… por vezes, mesmo muito pessoais… mas… eu escrevo de tal forma que o ouvinte se pode ver a si próprio nas minhas letras e dar-lhes o seu significado pessoal. Não vão ficar fechados no meu universo, porque não o conhecem intimamente… poderão certamente relacionar o que eu escrevo com a sua realidade e encontrar o seu próprio caminho na minha música, que é o que eu pretendo. O tom das músicas é planeado para combinar com as letras, por isso é que esta é alternadamente agressiva ou melancólica, terna ou bombástica. Tentei captar uma vasta variedade de dinâmicas e atmosferas, em termos musicais e líricos.

O N D E VA IS B U S C A R A S I D E I A S PA R A E S C R E V E R A S LET R A S ? L Ê S L I V R O S , VA I S A O C I N E M A ? Q U A IS S Ã O A S T U A S F O N T E S D E I N S P I R A Ç Ã O ? D AV ID D EFE I S : Encontro a minha inspiração

na loucura que me rodeia… na vida que levo, com o seu caos, os seus altos e baixos e os momentos intermédios. É claro que adoro a literatura e leio tanto quanto posso e procuro

aprender coisas nas minhas leituras. Ando muito interessado no paganismo e na História antiga… que, aliás, andam juntos… Também gosto muito de ver filmes e de ir ao teatro. O meu pai sempre fez peças e continua a fazer… tenho vivido rodeado pelo teatro desde muito cedo. Teve sempre uma parte muito importante na minha vida.

D I S S E S T E Q U E « N O H &D » P O D I A S ER O ÁLBUM Q U E P O D I A S T E R F E I T O L O G O A S EGUI R A « N O B L E S AVA G E » . E N T Ã O , P O D E M O S DEDUZI R Q U E E S T Á S A R E G R E S S A R À S T U A S RAÍ ZES? D AV I D D E F E I S : Sim, em parte é um regresso

às nossas raízes e o álbum também contém elementos dos que vieram depois desse, além de um espírito novo que se tem andado a introduzir sub-repticiamente na minha escrita. Trata-se daquilo a que eu chamo os Gothic Blues, um estilo que é representado pelas canções “Haunted Wolfshine”, “Glamour”, “Delirium” e mais algumas. Para fazer este álbum, quis criar algo que tivesse muita substância, muitas camadas, mas que pudesse ser facilmente compreendido à primeira audição, embora devesse ser também profundo e suficientemente intenso para revelar novos segredos a cada vez que se aprofundasse a sua exploração, se ouvisse, se imergisse nele…

E S T E N O V O Á L B U M VA I S A I R EM TR ÊS F O R M AT O S D I F E R E N T E S . ( A L É M D O VI NI L) A G R A D O U - M E M U I T O A V E R S Ã O Q UE COMBI NA C D + B Ó N U S C D C O M U M G R A N DE LI VRO A A C O M PA N H A R . R E V E L A S T E U M A G R A N D E A M B I Ç Ã O A O FA ZERES U M Á L B U M C O M C AT O R Z E C A N Ç Õ ES E QUASE 8 0 M I N U T O S . H O J E E M D I A , Á L BUNS A SSI M T Ã O L O N G O S S Ã O R A R O S . P O R Q U E I NCLUÍ STE N E L E TA N TA S C A N Ç Õ E S ? D AV I D D E F E I S : Porque surgiram juntas, de

forma rápida e natural, e também porque queríamos regressar com algo estrondoso e mostrar a todos as várias cores e aspetos da experiência musical que é Virgin Steele. Como já referi, pensei para mim próprio: “Para quê guardar canções… chegou o tempo de as dar a conhecer… vamos a isso.”

O C D B Ó N U S , A Q U E N Ã O T I V E A CESSO, TEM Q U I N Z E C A N Ç Õ E S , E N T R E A S Q U AI S «BLACK S A B B AT H » E « I M M I G R A N T S O N G » , COVERS DE D U A S C A N Ç Õ E S B E M C O N H E C I D A S. QUE MA I S PODEMOS ENCONTRAR NELE? D AV I D D E F E I S : O Disco 2 começa com um

medley de seis canções que eu intitulei “The Samhain Suite” e que inclui temas de Black Sabbath, Bloodrock, e Led Zeppelin, sendo a primeira o “Halloween Theme” do filme de John Carpenter sobre Michael Myers, o miúdo assassino… (sempre adorei essa canção e tive vontade de a refazer ao estilo de Virgin Steele). No meio de toda essa insanidade, aparece uma peça do compositor clássico Vladimir Rebikov, intitulada “The Witch in the Forest”. Fiz arranjos para todos esses trabalhos e reescrevi algumas secções, acrescentando ideias musicais ou letras. É algo empolgante, para ser ouvido e experimentado de uma só vez. O resto do álbum é muito eclético… Apresenta sinais da nova tendência que anda a manifestar-se no nosso som… Já falei disso… é uma coisa que combina Metal puro e duro e blues, que eu chamo Gothic Blues e que é representada por canções como “Haunted Wolfshine”… ou “Riderless Horse”… também há uma faixa

5 7 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

VIRGIN STEELE © Axel Jusseit

acústica tocada ao vivo no estúdio chamada “Great Burning of Innocence”, para a qual já fizemos um vídeo… Aparecemos apenas eu e o Edward (Pursino) a fazer o nosso número habitual… Estas filmagens estavam todas no arquivo em casa e mostram um lado bem porreiro dos bastidores. No segundo disco, também há uma canção épica e sombria intitulada “West of Summer”. É uma faixa muito grande que, na minha opinião, é o nosso “Stairway to Heaven”… Tem belas partes de bateria a cargo do Franck e montes de guitarra – acústica e elétrica – produzidos pelo Edward e o bom baixo do Josh. Começa de uma forma mais ou menos calma e vai seguindo num crescendo até a um clímax… antes de desaparecer no éter. Há faixas muito enérgicas, como “The Devil Drives” e “Anger Never Dies”, um par bem interessante… semelhantes a “Funeral Games” e “The Plot Thickens”… o Disco 2 termina com uma espécie de “Sky Hymn” talvez semelhante a “The Spirit of Steele” chamada “The Birth of Beauty”… é uma faixa muito emotiva… Todos os aspetos, tendências, cores de Virgin Steele são exibidos neste álbum. Ficou muito completo.

PRECI S O DE TE FAZ E R ALG U MA S P ER G U N TA S SOBRE TRÊ S ÁL BUNS QUE , N A MIN H A O P IN IÃ O REPRESE NTAM GRANDE S MO MEN T O S D A VOSSA CARRE IRA: « THE M A R R IA G E O F H EAV EN AND HEL L » ( PART I E PART II) E «IN V IC T U S ». NUM N ÚME RO ANTE RIOR D A V ER S U S , ES C R EV I UM A CRÍTICA SOBRE « T H E MA R R IA G E … » E DEI-L HE S 10/10. S Ã O FA N T Á S T IC O S ! CONCORDAS COM A MIN H A ID EIA D E Q U E ESSES TRÊ S ÁL BUNS F ORA M G R A N D ES PA S S O S NA VOSSA CARRE IRA?

5 8 / VERSUS MAGAZINE

D AV ID D EF E I S : Muito obrigada por essa

crítica tão positiva!!! Sim, concordo contigo, quando dizes que esses álbuns representam grandes saltos na nossa carreira. Estava muito inspirado, quando fizemos os álbuns «Marriage». Nessa altura, tinha regressado à universidade e começado a estudar música muito a sério, incluindo composição, orquestração e até História da Música. Portanto, esses álbuns e tudo o que se lhe seguiu resultaram da espécie de Big Bang que ocorreu na minha cabeça. Ainda ando a seguir esse cometa… essa verdadeira supernova…

A O Q U E PA R E C E , T E M - S E D I S C U T I D O S E «IN V IC T U S » É O U N Ã O A Ú LT I M A P E Ç A D E U M A ES P ÉC IE D E T R I L O G I A . É V E R D A D E ? D AV ID D EFE I S : Sim, é o último capítulo e a conclusão da saga «Marriage».

FALEMOS AGORA DE ALGO UM POUCO DIFERENTE: «T H E MA R R I A G E … » F O I R E E D I TA D O E M 2 0 1 4 . Q U A IS S Ã O A S P R I N C I PA I S D I F E R E N Ç A S E N T R E ES TA ED IÇ Ã O E A S D E 9 4 / 9 5 ? O S O M M U D O U ? FIZER A M N O VA S M I S T U R A S ? O U F I C O U TA L E Q U A L C O MO O O R I G I N A L ? D AV ID

D E F E I S : Remasterizei todas as faixas originais, diretamente a partir das masterizações originais. Felizmente, soa melhor… não sei bem como se define melhor neste caso… quero dizer que ficou mais claro… mais limpo, com um pouco mais de energia. São as mesmas misturas… apenas remasterizadas… aproveitei para acrescentar algumas faixas bónus.

P O D E M O S C O N TA R C O M N O VA S R EEDI ÇÕES N U M F U T U R E P R Ó X I M O ? P O R EXEMPLO, « I N V I C T U S » O U « T H E H O U S E O F AT R EUS»? D AV I D D E F E I S : «Invictus» foi reeditado no ano

passado, junto com os álbuns «Marriage». Penso que mencionei numa das respostas anteriores que continha um longa duração bónus intitulado «Fire Spirits», composto essencialmente por versões acústicas tocadas ao vivo de faixas clássicas, e ainda incluía uma canção nova intitulada “Do You Walk With God?”… O próximo álbum a ser reeditado será «The House of Atreus», provavelmente como um digi-pack com três CDs, incluindo «Act I» e «Act II» num só pacote.

E A G O R A , PA R A T E R M I N A R : V I RG I N S TEELE T E M 3 2 A N O S . L A M E N TA S A L G O Q UE TENHAS F E I T O … O U Q U E N Ã O T E N H A S F E I TO ? D AV I D D E F E I S : Esforço-me sempre por não

lamentar nada. Mas talvez lamente não ter decapitado certas pessoas, que estavam mesmo a precisar de uma execução sumária.

QUAL FOI O MEMORÁVEL?

VOSSO

C O N C E RTO

MAI S

D AV I D D E F E I S : Houve muitos, para dizer a

verdade… cada país tem a sua maneira especial de dar as boas vindas a uma banda e adorei visitar todos os países e sítios onde estivemos. Mas há uma visita que se destaca na minha mente… Quando chegámos à Grécia pela primeira vez, vindos de barco de Itália… Supostamente, a viagem demoraria dez horas, mas foram dezoito, devido a uma greve no lado grego. Não pudemos


ENTREVISTA

VIRGIN STEELE © Axel Jusseit

desembarcar no sítio previsto. Quando o nosso barco finalmente apareceu no porto, a primeira visão que eu tive da terra foi ao nascer do sol… estava no exterior… e senti a Magia… Até gritei: “Estamos na pátria dos deuses!!!” Foi um momento muito especial para mim… senti-me como se tivesse regressado a casa. No que toca aos concertos em si… foram absolutamente incríveis. Onde quer que tocássemos, os promotores não nos queriam deixar sair do palco! Estavam quase sempre no palco connosco, a gritar… mais, mais… é sempre fantástico, mas, dessa primeira vez, foi realmente demais.

HÁ ALG UMA BANDA COM Q U EM G O S TA S S EM D E PARTI LHAR O PAL CO? E PO R Q U Ê? DAVI D DE F E IS: QUEEN com o Freddie vivo

e de boa saúde e o John no baixo. Adoro essa banda, foi uma incrível inspiração para mim, desde a minha adolescência. Álbuns como «Queen II» e »«Sheer Heart Attack», por exemplo, ajudaram-me a ver claramente como uma banda devia ser. Queen e Led Zeppelin são realmente as minhas bases e ajudaram-me a levantar-me e a ser o que sou hoje.

COM O DE SCRE VE RIAS A TUA EX P ER IÊN C IA C O M AVANTA SIA DO TOBIAS SA MMET ?

faixas e eles gostaram e usaram tudo. Foi divertido, fácil e agradável. A reação, quando o álbum saiu, foi muito, muito positiva. Sintome feliz por ter participado. O Tobias é um gajo simpático… e eu apreciei muito essa experiencia.

MU IT O O B R I G A D O P O R E S TA O P O RT U N I D A D E D E T E EN T R E V I S TA R . G O S T Á M O S M U I T O D O V O S S O Á LB U M E E S P E R O Q U E S E T O R N E N U M ÊX IT O ES T RO N D O S O . AT É À P R Ó X I M A ! D AV ID D EF E I S : Muito obrigado por tanta

gentileza, Eduardo. Agradeço todas as tuas Nobres perguntas e a conversa agradável… Fica bem. A proteção dos deuses para ti e para os teus leitores!!! Saudações!

“ S I M , E M PA RT E É U M R E G R E S S O ÀS NOSSAS RAÍZES E O ÁLBUM - «NOCTURNES OF HELLFIRE & D A M N AT I O N » - TA M B É M C O N T É M ELEMENTOS DOS QUE VIERAM DEPOIS DESSE, ALÉM DE UM ESPÍRITO NOVO QUE SE TEM ANDADO A INTRODUZIR ”

DAVI D DE F E IS: Na realidade, não trabalhei

diretamente com ele iu alguém que esteja nesse álbum. Mandaram-me as faixas e eu cantei/gravei a minha parte durante um dia de folga, quando andava a fazer o álbum «The House of Atreus»… Em suma, limitei-me a abrir a boca e a gritar do princípio ao fim, interpretando as letras que ele me enviou à minha maneira habitual. Depois, reenviei as

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ALBUM DO MES

ABNORMAL THOUGHT PATTERNS « ALTERED STATES OF CONSCIOUSNESS » (Lifeforce Records)

Depois do brilhante álbum de estreia «Manipulation Under Anesthesia», lançado em meados de 2013, os talentosos gémeos Jasun e Troy Tipton (guitarra e baixo, respectivamente) juntamente com o extraordinário Mike Guy (bateria; os três foram em tempos a espinha dorsal dos progsters Zero Hour) apresentamnos mais um disco maravilha, que inclui desta vez o contributo de outros tantos virtuosos da praça: os guitarristas Jeff Loomis (Arch Enemy, Nevermore) e Tim Roth (Into Eternity) e os baixistas Michael Manring (Spastik Ink, Attention 6 0 / VERSUS MAGAZINE

Deficit) e John Onder (Joey Taffola, Artension, MSG). Estes dois últimos dominam e enriquecem “Synesthesia” com as suas contagiantes texturas jazzísticas, protagonizando aqui um dos melhores momentos do disco. Tommy Rogers dos Between the Buried and Me regista magistralmente em “Nocturnal haven” o primeiro tema cantado dos ATP, proporcionando uma fuga refrescante ao formato puramente instrumental pelo qual a banda Californiana é conhecida. Este mesmo tema volta a aparecer mais à frente na sua versão instrumental, uma redundância (?) que deixa agora mais a descoberto as piruetas acrobáticas e melódicas nas seis cordas de Loomis, Roth e

Tipton que, diga-se, evidenciam a cada passo, e não só neste tema, claras influências de tudo o que é guitar hero: desde Satriani a Malmsteen a Macalpine. «Altered States of Consciousness» saldase assim como um segundo disco do calibre do primeiro, mantendo portanto os padrões elevadíssimos de qualidade a que este prodigioso trio de músicos já nos habituou. Uma delicia para os ouvidos, que se recomenda a quem procura algo mais do que o Metal costumeiro. [ 9,5 / 10 ] ERNESTO MARTINS


CRITICA VERSUS A R C T U RUS Arcturian (Prophecy Productions) A espera foi longa (dez anos!) mas os primeiros minutos de «Arcturian» sugerem de imediato que valeu bem a pena uma vez que este é o disco mais criativo e eclético de sempre da banda norueguesa. Pessoalmente não o considero qualitativamente superior a «The Sham Mirrors» (2002), mas tenho de reconhecer que «Arcturian» é muito mais arrojado nas fronteiras criativas que transpõe, lançando os Arcturus sobre territórios sónicos nunca antes explorados. Tudo isto feito com uma espontaneidade e fluência no mínimo desconcertantes! A composição é tão extravagante, psicadélica e, por vezes, esquizofrénica com antes, mas aqui tem a musicalidade e a abundância em momentos memoráveis que faltaram em «Sideshow Symphonies». Os traços mais agressivos continuam lá, inclusive as ocasionais blast beats, mas tudo isso é complementado com uma miríade de devaneios progressivos, arranjos orquestrais, violinos e elementos electrónicos que conferem a «Arcturian» um profundidade sem precedentes na história do grupo. Como sempre são as teclas de Steinar “Sverd” Johnsen que, em primeiro plano, comandam toda a música aqui presente, embora isso não oculte o contributo brilhante dos restantes músicos, em particular a excelente prestação na guitarra solo de Knut Valle. ICS Vortex é, no entanto, o elemento extraordinário a assinalar. A sua versatilidade vocal é um espectáculo só por si e um dom que lhe permite funcionar com igual eficácia quer no registo agressivo do black metal quer no tom anasalado que lhe é característico e nas melodias vocais em reviravoltas onde chega a fazer lembrar o ex-Fates Warning John Arch. Quem conhece minimamente os Arcturus já sabe que um novo disco é tudo menos uma reciclagem de glórias passadas. «Arcturian» é isso mesmo: um disco inteligente e criativo para quem procura algo de excepção.

[ 9,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS BE TWE E N T H E B U R IED A N D ME

Coma Ecliptic (Metal Blade) Uma pessoa que se induz voluntariamente em coma para fugir da vida que leva, para procurar outra vida melhor, este é o tema do novo álbum dos BTBAM. A vontade para este trabalho foi de dar um passo em frente ao que já conseguiram no passado. Como o diz Tommy na nossa entrevista, esta é a versão 2015 deles mesmos, onde procuraram uma outra forma de construir uma obra, sem

perder a sua identidade. É verdade que se reconhece imediatamente o som BTBAM, a diferença não está à superfíce, é preciso ouvir e sentir a evolução de que somos testemunhas. O álbum foca muito mais na melodia, há uma enorme atenção ao detalhe (como sempre houve), os teclados de Tommy e Dan estão muito mais presentes, criando um envolvimento às músicas que nos convence, nos leva mais para dentro da história. Há temas que são os fortes destaques do álbum, apesar de todo ele ser muito forte e conciso: “The Coma Machine”, o single de estreia tem uma melodia e uma presença muito forte e representa bem o álbum no seu contexto; a faixa “Dim Ignition” com uma atmosfera muito espacial é a primeira dos BTBAM alguma vez composta sem guitarras; e claro, as composições mais aprofundadas como “Famine Wolf”, “The Ectopic Stroll” (com grandes delírios de sintetizadores) ou “Memory Palace” são faixas que estão à nossa espera para maturarem e crescerem em nós. BTBAM é hoje considerado um nome muito importante no que se faz hoje de mais eclético, melódico, técnico mas também arrojado e experimental. Dez anos já, desde o Alaska, sempre a provar-nos que o céu é o limite...

[ 9,0 / 10 ] ADRIANO GODINHO

B I ZA R R A LO C O MOTI VA Mortuário (Rastilho Records) Verdadeira instituição do rock industrial português com uma carreira que já passou as duas décadas, os Bizarra Locomotiva acabam de nos presentear com aquele que é o seu disco mais explicitamente rendido à estética Metal. Em parte a culpa deve ser atribuída a Thomas Eberger (Rammstein, Opeth, Amon Amarth) cuja masterização confere à sonoridade do álbum a pujança que a banda ostenta habitualmente em palco. Mas o importante, obviamente, é o material em oferta, que coloca este sétimo registo de originais muitos furos acima de discos como «Homem Máquina» ou «Ódio». Entre os 14 temas pouco há que não nos perturbe ou não nos faça pensar. Muito pelo contrário. Musicalmente tudo é mais intenso, especialmente as guitarras e a bateria. Os riffs, rasgados e monolíticos mas da maior eficácia, convidam à agitação. Ouçam-se os viciantes “Hecatombe” ou “Último aceno da carne” que têm tudo para se tornarem hits live, ou o arrepiante “Sudário de escamas” que inclui urros guturais e tudo. Às sonoridades frias e maquinais sempre omnipresentes (electrónica, samples...) junta-se agora uma generosa dose de experimentação cujos frutos resultam especialmente notáveis na interpretação em português do original de 1980 “Intruder”, de Peter

Gabriel. As falas de Rui Sidónio são mais viscerais e furiosas do que nunca e ao mesmo tempo mais expressivas e perturbadoras, particularmente nas partes sussurradas, como em “Fogesme em chamas” ou “O incal hermético”, que nos recordam a faceta mais ambiental e negra da banda. Em suma, este é o álbum mais sólido e consistente de sempre dos Bizarra Locomotiva. Um disco imperdível sobretudo para quem sempre apreciou mais o lado Metal do colectivo de Lisboa.

[ 9,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

CO A L CH A MBER Rivals (Napalm Records) «Rivals» é o quarto longa duração dos californianos Coal Chamber mas, mais importante que isso, é o disco que marca o regresso da banda aos discos, treze anos depois de «Dark Days» e da separação por motivos, mais ou menos, conhecidos. A banda foi, ao lado de bandas como Korn, Limp Bizkit, pioneiros do que se chamou de Nu Metal, um dos géneros mais odiados dentro do espectro Metálico, no entanto a banda sempre se tentou afastar do género, não só em termos de imagem como de conceito lírico ou estético e «Rivals» é o regresso de uma banda que deixou saudades e que, ao que parece, o tempo apagou os problemas. «Rivals» é um disco de recados, não só para dentro como, também, para fora. É um registo que, parece querer colocar um ponto final em torno de todas as polémicas, basta ouvir temas como «I.O.U Nothing», «Suffer in Silence» ou «Rivals» para se perceber que Dez Fafara tinha ainda umas coisas a dizer. É óbvio que existem momentos, em que o malfadado Nu Metal vem à tona, porém, são apenas momentos e que, no geral, não prejudicam em nada «Rivals». Poderá existir quem veja neste registo mais uma reunião de bandas que tiveram um passado luminoso e o futuro dirá de que lado estará a razão, mas parece que os Coal Chamber vieram para ficar. Como conclusão, podemos dizer que os californianos estão de regresso e que «Rivals» é, acima de tudo, um disco consistente, adulto e será, porventura, o mais equilibrado da banda. Não é, de todo, um regresso do Nu Metal pois, como os já referidos Deftones, a banda não estagnou no tempo e revela um crescimento, fazendo dela não uma banda deste ou daquele género, mas sim uma banda de Metal.

[ 8,0 / 10 ] NUNO KANINA

DEATH ALLEY Black Magick Boogieland

(TeePee Records) 61 / VERSUS MAGAZINE


CRITICA VERSUS Quantas vezes ouvimos dizer que o rock está morto? Nada disso! Há bandas com vontade e capacidade de o manter em boa forma, e inclusivamente de o revitalizar. Uma dessas bandas são sem dúvida os Death Alley. Ouvir este seu álbum de estreia remetenos de imediato para a década de 70. Contudo, as suas músicas estão longe de ser uma cópia dos clássicos da altura. As influências em bandas como MC5, Iggy Pop, Pink Fairies são evidentes e assumidas, mas o seu rock ‘n’roll transcende-as. Conjugam um som muito “protopunk”, com, aqui e ali, umas pitadas de psicadélico, melodias, e riffs que nos fazem lembrar Black Sabbath ou mesmo Motörhead. E embora tudo isto pareça em papel uma colagem forçada de vários estilos de música, felizmente, na prática tal não se verifica. Não apresentam músicas repetitivas, quebradas ou com passagens forçadas. Há uma hegemonia entre todos os sons que introduzem, sendo natural a passagem de uma secção psicadélica para um riff pesado, passando por outras que nos recordam Jimmy Hendrix. O que obtemos é um rock ´n´roll moderno, quase que uma evolução natural do género. Algo que nos dias de hoje é muito bem-vindo. É um álbum enérgico do início ao fim, divertido de se ouvir, e que ao englobar as mais diversas influências consegue também agradar aos públicos mais díspares. Embora muito bem conseguido, é um álbum de estreia com tudo o que isso significa, ou seja: apesar da originalidade da música, ainda não se conseguiram descolar completamente das suas influências. Torna-se assim inevitável estabelecer algumas comparações. Porém, tal não compromete o bom trabalho que fizeram. Por estarem, e bem, a dar uma nova roupagem ao rock ´n´roll, e ajudá-lo a voltar a ter o seu espaço dentro do panorama musical atual, quem ainda vibra com os clássicos deve sem dúvida conhecer os Death Alley e a sua Black Magick Boogieland.

[ 8,0 / 10 ] IVO BRONCAS

E N T R A I LS Obliteration (Metal Blade) Entrails é uma banda com uma história nao muito comum. A formacao inicial mesmo sem sequer conseguir gravar uma demo separa-se após quatro anos a tentar. Cada um vai para seu lado e trabalham nos seus projectos. O vocalista Jimmy Lundqvist continua mesmo assim a compor músicas mas também encosta o projecto em 98, por falta de meios para continuar. Dez anos depois o projecto é relancado, depois de Lundqvist encontrar velhas gravacoes que o deu vontade de 6 2 / VERSUS MAGAZINE

reavivar os Entrails, onde duas demos sao rapidamente gravadas (ambas em 2009). Depois veio um contrato com editora alema FDA e é lancado o primeiro album “Tales From The Morgue” em 2010. Desde entao o som dos Entrails bebe na fonte do death metal suéco, influenciados por nomes como Entombed, Dismember ou Grave. Os albums seguem-se a muito bom ritmo, em 2011 sai o segundo longa duracao “The Tomb Awaits”, em 2013 chamam a atencao da Metal Blade e assinam nesse ano, onde sai o álbum “Raging Death”, trabalho que agarrou a nossa atencao aqui na Versus pela energia e qualidade das músicas. Em 2014 saiu um “Demo Collection” com o nome “Resurrected From The Grave”. Neste novo trabalho “Obliteration” encontramos uns Entrails no seguimento do “Raging Death” mas com mais cuidado nas composicoes, nos arranjos. A energia continua presente, as guitarras sempre bem afiadas, um trabalho que consegue dar um passo mais á frente dos anteriores. Destaques para a “Epitome of Death” que tem melodia em forca, mas também “Midnight Coffin” ou “Skulls”. A faltar, apenas acusaria a semelhanca entre faixas, que tornam a audicao do album completo demasiado linear. demasiadamente centrada na voz e tudo o resto é secundário. Outra coisa que não gosto e passa um pouco pelo gosto pessoal é a utilização dos sintetizadores, algumas partes enervam e até acho que ficam despropositadas. Pela biografia houve algum trabalho – 5 anos – na criação dos temas – de certo não foi a tempo inteiro – e o álbum é produzido a meias por John Greatwood e James Martin e conta com uma série de músicos convidados, entre os quais: Daniel Palmqvist (Xorigin), Alessandro Del Vecchio (Hardline) ou Robert Sall (Work of Art), entre outros. Há um coro de vocalistas convidados onde se incluem Pete Newdeck (In Faith/Tainted Nation), Matt Black (Fahran) e Michael Kew (Vega), no entanto, como já

[ 7,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

FALL OF CA RTH A G E Behold

(MDD Records) Este é um novo projecto que nasceu na Alemanha, trata-se de um trio composto por Arkadius Antonik (membro fundador dos Suidakra e lá activo há mais de 20 anos) na guitarra, Martin Buchwalter (também ele membro fundador mas da banda de power metal Personal War, banda também com uma longevidade significativa) e Sascha Assbach que tem aqui o seu primeiro projecto. Esta mistura de sangue novo com experiência provada dá traz uma textura especial à música que os Fall of Carthage nos entreguam. O primeiro

contacto é energético, com uma voz melódica com algo de diferente na colocação, no timbre. Este trabalho trata-se de um longa-duração, com onze faixas de duração média, até aqui, nada de revolucionário. Nem na música irão encontrar elementos de revolução, sendo o intuito da banda outro. A intenção é atingir o ouvinte com música simples e energética, mas com ingredientes de criatividade sufuciente para aguçar o interesse ao longo das faixas. Se na primeira faixa se nota mais a componente melódica, com uma intenção clara de criar um refrão agarrador, na segunda faixa que responde ao nome de “Degeneration” o contexto é diferente, sentindo-se mais a descarga energética, momentos que nos dá vontade de aumentar o volume da aparelhagem (sim, ainda tenho aparelhagem; sim, ainda compro CDs). A fórmula do denominado “power trio” responde bem aqui nesta faixa, onde os instrumentos e a voz mostram ser uma configuração bem poderosa nos géneros rock e metal. Recomendado a fãs de metal sem especial etiqueta, energético com toques de melodia e voz limpa.

[ 7,0 / 10 ] ADRIANO GODINHO

NATI VE CO NST R U C T Quiet World (Metal Blade) Embora a elaboração de um álbum conceptual não seja novidade, a forma como os Native Construct o fizeram é algo digno de registo. Estes estudantes da prestigiada escola de música de Berklee conseguiram elevar a fasquia em relação a este estilo de trabalhos. Quiet World conta-nos uma história de um rapaz mudo e estranho que se apaixona. Por não ver retribuído o seu amor, refugia-se num mundo imaginário. A melhor maneira de descrever o conjunto de músicas que conta esta narrativa é: ópera de metal. Recorrendo a programações feitas pelo próprio guitarrista e compositor da banda, este álbum apresenta uma diversidade de sons absolutamente arrebatadora: desde piano, violoncelo, saxofones, e até de sons instrumentos tribais. Toda esta panóplia de estímulos auditivos surge com um objetivo: permitir que através dos mesmos possamos quase que visualizar a narrativa, e diga-se que cumprem brilhantemente o seu propósito! Para além dos músicos serem excelentes executantes, conseguiram encaixar, de uma forma fluida e quase natural, toda esta diversidade de sons numa linha condutora de metal progressivo, na qual se baseia o álbum. Surgem não apenas como um complemento da música, mas sim como uma parte integrante das mesmas e indispensáveis para narrar a história em si. Ouvem-se guitarras


CRITICA VERSUS com distorção seguidas de um piano, ao qual depois se junta um violino, regressa-se a riff mais agressivo, e de repente passa-se para uma sonoridade jazz. Desta forma, através de músicas que embora, ecléticas, apresentam uma coesão assinalável, conseguem transmitir com mestria as emoções dos personagens, os conflitos com que se deparam, e até o ambiente em que se encontram. De notar que a produção ficou a cargo do próprio guitarrista à exceção das vozes. Por fazerem num álbum de estreia o que muitos nunca conseguiram numa carreira inteira, Quiet World é uma obra quase obrigatória para os fãs do género.

[ 9,0 / 10 ] IVO BRONCAS

PA R A D ISE LOST The Plague Within (Century Media) O anúncio de que Nick Holmes gostaria de voltar a rosnar novamente não foi surpreendente depois de seu trabalho com os Bloodbath muito contribuiu para que «The Plague Within» dos Paradise Lost seja o seu álbum mais pesado e mais escuro desde o «Shades of God» de 1992. «The Plague Within» é uma combinação do peso sinistro do seu primeiro álbum «Lost Paradise» acompanhado pelo toque gótico de «Icon» e «Draconian Times» com uma abordagem moderna como «In Requiem». Além do desempenho de Nick Holmes, Mackintosh é o único que parece roubar-lhe o protagonismo com os seus riffs memoráveis após riff memorável, enquanto cria uma atmosfera triste e sombria. Podemos ter aqui o álbum mais memorável na discografia dos Paradise Lost. Quanto a faixas a destacar? Difícil não mencionar nenhuma faixa; «The Plague Within» tem um potencial enorme e pode ser mencionado ao lado de nomes como “Forever Failure”, “Gothic” ou “Hallowed Land” no futuro. Podem sentir que a banda se apresenta dentro da sua zona de conforto regressando às suas origens, não indo por novos caminhos como chegou a fazer em álbuns anteriores. «The Plague Within» é um retorno a uma era onde Paradise Lost governou o mundo do metal e influenciou muitas bandas. É um marco devido à sua qualidade e pelo facto de que os Paradise Lost conseguiram lançar um dos seus melhores álbuns de toda a sua discografia 27 anos após a sua formação! [ 10 / 10 ] MIGUEL RIBEIRO

S AT Y R ICON Live at the Opera

(Napalm Records)

Satyr deram as cartas e baralharam tudo de novo. Sendo uma das bandas pioneiras de Black Metal, os noruegueses sempre se mantiveram focados no que é importante: a música. Como que a celebrar o quarto de século o duo decidiu pegar no Coro da Orquestra Nacional da Noruega e fazer um espectáculo que acabou por originar este disco. Ao mesmo tempo, este acaba por ser uma prenda de Satyr para ele próprio, sendo este espectáculo descrito pelo próprio como «o seu sonho mais grandioso». Ao longo da sua carreira os Satyricon nunca esconderam o seu gosto e a sua aproximação à música clássica e derivados, como tal, este é um registo que acaba por não ser uma surpresa. No entanto, o que causa maior estupefacção é o resultado final e verificar a intensidade que as canções adquirem com a adição das vozes. Sem adquirir o formato best of. O disco surpreende pela escolha das canções e alinhamento, encaixando como uma luva. Basta colocar a rodela a girar e depressa somos levados para outra esfera, «Now Diabolical» é o mote e, a partir desse momento, todo o nosso corpo fica inerte e num frenesim louco, «The Infinity of Space And Time» é outro desses momentos em que o calor do coro norueguês desfaz o gelo sonoro da banda. Como é óbvio, canções como «K.I.N.G», «Mother North» ou a poderosíssima «Die By My Hand» que aqui ganha contornos ainda, mais sinistros. Numa banda que não tem nada a provar e que tem o toque gélido de Midas, os Satyricon provam que a sua música não tem. Um disco obrigatório para qualquer melómano e qualquer apreciador de Metal.

[ 10 / 10 ] NUNO KANINA

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sem ar; quando já estão perto do limite têm hipótese de dar uma golfada de ar fresco... e é só! Depois fazem o mesmo, catorze vezes! É isto, aqui não temos quase tempo de absorver o tema, pois já estamos a levar com outro! Os Napalm continuam a ser uma das mais brutais e ferozes bandas, aliando uma suprema e coesa técnica e velocidade; genuínos e sempre conduzidos por uma feroz inteligência. As letras continuam, como sempre, incisivas e críticas relativamente à agitação política, questões sociais, etc. «Apex Predator -Easy Meat» é brutal e inteligentemente... Napalm! Quem não ouvir, bem... “Metaphorically Screw You”. [ 9,0 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

T H E N E A L M O RSE BAN D The Grand Experiment (InsideOut Records) Para quem escreve sabe que às vezes a inspiração custa a aparecer. Nas reviews temos alguns factos, opiniões, gostos pessoais, etc e porque não, alguma inspiração. No que a mim me diz respeito, tento fazer passar para o leitor uma “imagem” daquilo que estou a ouvir, usando palavras. Isto é, ao lerem o que escrevo espero que fiquem com uma ideia da música. Às vezes podemos dizer tudo, sem dizer nada e mesmo assim, vocês conseguem ter uma ideia de quão bom (ou mau) é um determinado álbum, artista ou música e com base na minha “imagem” criada decidem se vão ouvir ou não. Há reviews que custam a escrever, as palavras são escolhidas e apagadas, as ideias não saem e a inspiração custa a aparecer. Por outro lado, há outras que se escrevem de uma forma tão natural como o respirar. Escrever uma review de Neal Morse é das coisas mais naturais do mundo, porque a música para este Sr. é algo de inato e intrínseco à sua existência. Sobre este álbum, posso dizer tudo sem dizer nada ou então, posso apresentar só os músicos: Mike Portnoy na bateria – com um trabalho muito sóbrio mas de enorme classe! - ou Randy George no baixo, ou então, dizer que The Neal Morse Band já tem mais de vinte álbuns, incluindo espetáculos ao vivo ou então, dizer que demorei cerca de dez minutos a escrever estas palavras ou então, que parece não haver um fim para a criatividade, paixão e magia na musicalidade que flui da mente e mãos de Morse ou acabar por dizer que ouvir The Neal Morse Band é uma grande, grande experiência!

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[ 9,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

Se há coisa que o duo conhecido como Satyricon sempre fez foi arriscar, ao longo da sua extensa carreira Frost e

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CRITICA VERSUS

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PLAYLIST VERSUS C A R L O S F I L IP E

ER NESTO MA RTI NS

KING DIAMOND

«Live Lullabies»

VA N H A L E N « W o m e n a n d C h i l d r e n F i r s t »

NILE «At the Gates of Sethu»

A B N O R M A L T H O U G H T PAT T E R N S « A l t e r e d S t a t e s o f C o n s c i o u s n e s s »

STEVE ‘N’ SEAGULLS «Farm Machine»

ARCTURUS (toda a discografia)

TEMPEL «The Moon Lit Our Path»

JETHRO TULL «Songs from the Woods» N AT I V E C O N S T R U C T « Q u i e t W o r l d »

ED U A R DO R A MA L H A DEIRO

I V O BR O NCA S

BTBAM

N AT I V E C O N S T R U C T

«Coma Ecliptic»

JETHRO TULL «Thick as a Brick»

MACHINE HEAD

PORCUPINE TREE

FAITH NO MORE

«The Incident»

STEVEN WILSON «Hand. Cannot. Erase.»

«Quiet WorldEcliptic»

«Bloodstones and Diamonds» «Sol Invictus»

MASTODOON «Once More ’Round the Sun» M E TA L L I C A « K i l l ’ e m A l l »

A D R I A NO G O D IN H O

C R I S TI NA SÁ

BTBAM

BONJOUR TRISTESSE «Par Un Sourire»

«Coma Ecliptic»

D I A M O N D H E A D « W h a t ’ s i n Yo u r H e a d ? »

AD HOMINEM «Antitheist»

KEN MODE «Success»

CROWN «Natron»

PA R A D I S E L O S T « T h e P l a g u e W i t h i n »

S AT Y R I C O N « N i g h t a t t h e O p e r a » S AT U R N I A N M I S T « C h a o s M a c i c k »

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VAGOS OPEN AIR 2015 M AIS UM ANO MA I S UM FES TI VAL.

Nos dias 7, 8 e 9 de Agosto teremos a oportunidade de assistir ao VOA e tal como no ano passado o festival mantém-se com três dias. Este ano será um dos melhores cartazes encabeçados pelos Within Temptation, Black Label Society e Bloodbath. Alguns velhos conhecidos do VOA também marcarão presença com destaque para os Overkill e Amorphis. Com grande expectativa aguardam-se as actuações dos australianos Ne Obvliviscaris – que fazem a sua estreia absoluta em terras lusas – e dos Orphaned Land. O metal nacional também está muito bem representado com os Filli Nigrantium Infernalium, Ironsword ou Moonshade.

PO D EM C O NSU LTA R

o cartaz completo e todas as informações que precisam para chegar à Quinta do Ega no sítio do festival: HTTP://WWW.VAGOSOPENAIR.EU/INDEX.HTML ou no sítio da Prime Artists: HTTP://WWW.PRIMEARTISTS. EU/INDEX.PHP/AGENDA/48-VOA15



LIVE VERSUS

ARCH ENEMY + UNEARTH + DRONE PARADISE GARAGE – LISBOA 21.05.2015

Foto © Sérgio Melo

ARCH ENEMY UMA GUERRA ETERNA COM INIMIGOS A ALTURA No dia 21 e 22 de Maio de 2015 os Arch Enemy marcaram o seu regresso aos palcos Portugueses no Paradise Garage em Lisboa e no Hard Club no Porto. Além da apresentação do último disco “War Eternal”, lançado em 2014, estas datas marcaram também as primeiras datas no nosso país dos novos membros de Arch Enemy, com a vocalista Alissa White-Gluz (ex-The Agonist) e o guitarrista Jeff Loomis (ex-Nevermore e Conquering Dystopia). Em Lisboa, os concertos tiveram início às 20h30 com Drone a abrir as hostilidades, ainda com o recinto a meio gás. Nada que impedisse o vocalista Moritz Hempel e os seus companheiros de proporcionar um bom espectáculo ao público Português nos seus trinta minutos de actuação. Músicas como “Welcome to the Pit” e “Hammered, Fucked & Boozed” arrancaram da plateia mosh pits e momentos de interacção entre alguns presentes na plateia e Moritz com este a propor “beber uns copos” após a atuação da banda com algumas das pessoas no recinto. Seguiram-se os Unearth, banda já algo conhecida no nosso território e que 6 8 / VERSUS MAGAZINE

instintivamente gerou um circle pit assim que subiu ao palco. Os Unearth lançaram também um novo disco em 2014, mas apenas apresentaram dois temas desse mesmo registo. A actuação da banda foi intensa e calorosa, tal como o ambiente dentro da sala Lisboeta, e terminou com os dois guitarristas da banda a tocar o último tema da sua actuação em cima de um dos balcões do bar do Paradise Garage, mostrando assim a cumplicidade que os Unearth têm com os seus fãs mais fiéis. Com a sala lotada e o calor a aumentar, subiram finalmente, ao palco os Arch Enemy. A actuação começou por volta das 22h00 da noite com um alinhamento escolhido essencialmente para mostrar o novo disco da banda aos seus fãs. A actuação foi bastante energética e competente, com Alissa a puxar constantemente pelo público. Não só mostrou que tem uma voz poderosa e que não fica nada atrás dos vocalistas anteriores como comunicou bastante com a plateia e viu como resposta a energia do público presente ao longo de toda a atcuação.

Houve vários mosh pits, circle pits, cantorias, headbangs, saltos, aplausos e até mesmo “crowdsurfing”. Por entre temas do novo disco, como “War Eternal”, “No More Regrets”, “You Will Know My Name” e “Stolen Life” ouviram-se também temas dos discos anteriores como “Nemesis”, “My Apocalipse”, “Ravenous”, “Never Forgive, Never Forget”, “Dead Eyes See No Future” entre muitos outros numa actuação bastante energética, onde a voz brilhou desde o começo, bastante emblemática e sem qualquer sinal de cansaço e sem deixar qualquer dúvida sobre a qualidade da actual formação dos Arch Enemy.

Reportagem: Ruben Chamusca Fotografia: Sérgio Melo


LIVE VERSUS BLAME ZEUS

/ THE 7RIOTS / HEAD:STONED HARD BAR – OLIVEIRA DO BAIRRO 30.05.2015 A L M A A C O N CH E GA D A !

A noite estava amena e VERSUS respondeu ao convite da Sandra para assistir ao concerto dos Blame Zeus, no Hard Bar. Após duas “jolas” e alguns “dedos” de conversa, o ambiente lá foi aquecendo com os Head:Stoned. A banda do Porto como é seu timbre, proporcionou um espectáculo cheio de energia, muito bem liderados pelo vocalista Vítor Franco. Com os “motores já quentes” e após mais umas “jolas” eis que os The 7Riots subiram ao palco descarregando o seu Hard Rock com muita irreverência. Esta irreverência estendese à frontwoman Érika Martins, de uma forma ainda mais vincada e cheia de personalidade. Apesar de não ser um estilo totalmente original, os The 7Riots elevaram ainda mais o nível de energia e contágio. No entanto, os cabeças de cartaz eram os Blame Zeus. A sala não estava cheia, muito antes pelo contrário. Porém, este facto não impediu que Sandra Oliveira e seus pares aquecem-se o ambiente, o corpo e a alma de uma forma aconchegante. O som estava impecável e os Blame Zeus tocaram grande parte do seu último álbum «Identity»: “Sick of You”, “Shoot Them Now” ou “The Apprentice” foram só algumas pérolas que tivemos a felicidade de ouvir. Aproveitando a partilha do palco com os Head:Stoned, o público

Está a correr muito bem, os concertos têm sido cada vez melhores. Só temos pena de nem sempre termos casa cheia, mas isso é uma questão de oportunidades, muitas vezes. Há sempre concertos a acontecer e mesmo assim há pessoal que teima em ficar em casa, o que é uma pena. Mas tenho esperança que isso mude.

ainda teve direito a um “brinde”… Vítor Franco subiu ao palco para dividir o tema “Crazy” com Sandra Oliveira. A boa disposição e cumplicidade reinaram em palco. De resto, a qualidade e presença em palco dos músicos é excelente, profissionais e competentes a 110%. Os Blame Zeus merecem… e merecem muito mais! No fim, ainda tivemos a oportunidade de falar com a Sandra sobre o concerto e outras coisas que tais: Antes de mais parabéns pelo concerto. Vocês são excelentes e acima de tudo grandes profissionais! Reparei que vocês tiveram uma grande cumplicidade com as bandas convidadas, especialmente os Head:Stoned. É sempre assim nos vossos concertos? Sim, tentamos que seja, pelo menos. Parte da diversão é convivermos com os nossos colegas e apoiarmos também os outros concertos. É importantíssimo fazer amigos no meio e valorizar essas amizades. Além disso, 2 membros de Head:Stoned participaram directamente no nosso álbum «Identity»: o Augusto foi responsável pelo design e o Vitor deu a sua voz na nossa «Crazy». Como está a correr a vossa digressão?

A sala não tinha muita gente mas vocês encheram e enriqueceram-na por completo com o vosso profissionalismo. A vossa forma de tocar e presença em palco é a mesma quer esteja a sala cheia ou meia vazia? É verdade, mas isso não nos demove. Quem lá está pagou bilhete e merece todo o nosso empenho, portanto não interessa se estão 10 pessoas ou 100. Neste concerto o público estava tão envolvido na música que sinceramente me senti a tocar para 1000! Quais são os próximos concertos da digressão? Confirmados temos o concerto de dia 19 de junho no TOCA, em Braga com Deserto e Cinemuerte, e dia 4 de julho no Cave 45 com Head:Stoned e Nethergod. Há algumas confirmações pendentes que iremos anunciar atempadamente. Sandra, obrigado pelo convite! Não demos o nosso tempo como perdido, muito antes pelo contrário. (Gostei e não parti nada no bar…!)  Nós é que agradecemos pela vossa presença, a Versus é sempre bem-vinda! You rock!!!

Reportagem e Fotos: Eduardo Ramalhadeiro e Bruno Manarte

WEB

/ EQUALEFT / TALES FOR THE UNSPOKEN / CLAIM YOUR THRONE METALPOINT – PORTO 23.05.2015 O R EG RE SS O D O S V E T E RA N OS D O META L P O RTU G U ÊS

No passado Sábado, dia 23 de Maio, celebrou-se no Metalpoint o lançamento do novo álbum dos veteranos Web, “Everything Ends”. Uma noite de festa com a companhia de Claim Your Throne, Tales for the Unspoken e Equaleft. Claim Your Throne abriram o evento, cheio de peso. Uma banda que promete evoluir bastante e deixou todo o público com cada vez mais vontade de ouvir a finalidade do novo álbum, que será lançado no final do ano, pela Raising Legends. Com um vazio na frente, os membros “ameaçaram”, em tom de brincadeira, o público que caso não avançassem teriam de ser eles a descer do palco, e iria se pior. Então os espectadores assim o fizeram, e iniciaram a primeira mosh da noite. Os Claim Your Throne foram a melhor escolha para iniciar o primeiro concerto desta Tour. Tales for the Unspoken regressaram ao Porto, um ano depois do lançamento de “Adapt & Survive” dos Equaleft. A banda foi recebida de bom grado, e aproveitou para apresentar o novo álbum, “CO2”, lançado em Abril. A abertura ficou encarregue de “Soul for a Soul”, presente no novo álbum tal como: “I, Claudius”, - com a

SATANIC WARMASTER HARD CLUB – PORTO 26.06.2015 N O R EI N O DA S SO M B R A S !

Pelas 21h, abriram as portas da Sala 2 e bem depressa a primeira banda entrou em palco. O ar dos seus membros dava vontade de perguntar se não tinha havido algum engano, porque os jovens em questão bem poderiam fazer parte de uma banda de Indie Rock. Mas, como nem sempre o hábito faz o monge, depressa o público presente percebeu que se tratava mesmo de uma banda de Black Metal, que poderíamos classificar de atmosférico. Apesar de terem vocalista, a sua prestação pautou-se pela parcimónia, já que a música era essencialmente instrumental. Assim, este músico usou sobretudo a sua guitarra, para criar uma atmosfera interessante, para a qual contribuía também um vídeo com imagens de uma floresta, que ia acompanhando o ritmo da música. Seguiu-se a atuação de Dolentia, cujos elementos – por falar de hábitos – vinham todos vestidos de monges. Desta vez, o público, que ia aumentando progressivamente – talvez por ser sexta e muita gente ainda vir do trabalho – acolheu os músicos com a atitude habitual nestas circunstâncias, parecendo familiarizado com o seu estilo. Luctus e seus companheiros proporcionaram a todos um momento de verdadeiro “recolhimento musical”.

participação de Miguel Inglês dos Equaleft - “Burned Alive” e “Mental Strength”; mas também se pôde ouvir malhas do primeiro álbum: “Possessed”, “Say My Name” e “Ntakuba Wena”. A prestação da banda foi, sem dúvida, extraordinária e conseguiram pôr toda a gente a mexer do início ao fim sem parar. Os Equaleft também tiveram presentes e causaram o caos no Metalpoint; uma banda que não necessita de apresentações, fez a festa toda com “We Are… The Chamelons” iniciaram a prestação da banda portuense. Com uma setlist dedicada ao álbum “Adapt & Survive” - “Tremble”, “Humans e “Invigorate” – os Equaleft recordaram “Erased” do demo “As The Irony PreVails” e ainda tocaram “Mortal Soul”, um cover dos Web, dedicando a Victor Matos e David Duarte (fundadores dos Web), com a ajuda de Fernando Martins, o atual vocalista da banda veterana; este cover surpreendeu toda a gente presente, deixando toda a plateia a cantar, todos os que estavam na primeira fila formaram um headbang sincronizado. Com Equaleft foi a festa total, como era de esperar, e como sempre não desiludiram… Para fechar, subiram ao palco os esperados Web com uma setlist maioritariamente focada no álbum de apresentação

com “Taking the world”, “Vendetta”, “All turns to Dust”, “Death My Enemy” e “Everything Ends pt. 1”. Mas também “viajamos no tempo” até aos álbuns anteriores da banda – 1995, ano de “World Wide Web” e até “Deviance” (2005) para ouvirmos “(In)sanity” e “Mortal Soul” (mais uma vez). Os veteranos do Heavy Metal Português provaram que quando se faz algo por paixão e esforço, fazemo-lo bem e os Web mostraram isso em palco. O momento que se destacou foi a Wall of Dance, em que a banda dividiu a sala em dois lados – igualmente à famosa Wall of Death – e pôs toda a gente a dançar ao som de “False Prophet”. Epic Moment of the Night. Uma noite memorável para todos que estiveram presentes. E esperamos receber mais álbuns deste calibre em trabalhos futuros dos grandes Web.

Reportagem e Fotos: João Fitas

/ INTHYFLESH / DOLENTIA / NEVOA

E depressa se chegou à terceira banda da noite – Inthyflesh – que impressionou bastante o público com o seu Black Metal bem clássico, mostrando que a ideia de fazer acompanhar o cabeça de cartaz finlandês por três bandas portuguesas tinha sido excelente. A prestação foi discreta, mas marcada pela grande qualidade esperada, com uma boa interação entre o Sataere, o vocalista, e uma parte do público. A “estrela” primou pelo grande contraste com todos os seus antecessores, começando por uma entrada muito dramática: ao som de uma música solene, os vários elementos da banda foram ocupando os seus lugares no palco, sendo Werwolf o último a entrar. Fiquei a pensar como era curioso que os únicos nórdicos da noite fossem os artistas mais exuberantes, contrastando com a ideia feita que atribui aos latinos – de que nós fazemos parte – o gosto pelo espetáculo. Tudo no frontman de Satanic Warmaster chamava a atenção do público, desde a indumentária – bastante fantasista – até à atitude em palco – bem longe do ar taciturno que estamos habituados a ver em bandas de Black Metal. Ficámos a saber que não é boa ideia apostar em estereótipos. Foi tal a exuberância do conhecido vocalista que a parte

mais jovem da assistência acabou por se envolver num animado mosh, talvez levada pelo notório groove da música que ia saindo do palco, em que se ouvia um Black Metal bem temperado por Rock. Pela atitude do público, quando as hostilidades foram encerradas, deduzimos que – independentemente dos gostos de cada um dos presentes – que iam desde jovens fãs, provavelmente ainda pouco conhecedores do género, até pessoas que vinham rever as bandas convidadas (à exceção de Nevoa) – deu por bem empregue o tempo gasto no Hard Club, nesta noite de início de verão.

Reportagem e fotos: CSA

69 / VERSUS MAGAZINE


LIVE VERSUS AESTHETICS OF HATE FEST METALPOINT – PORTO 14.06.2015

No dia 14 Junho, a Bulldozer ON Stage voltou com mais uma edição de Aesthetics of Hate Fest, desta vez em forma de matiné de Domingo, uma tarde acompanhada de bom Underground Português com: Happy Farm, Ashes & Waves, Punchdown, The Last of Them. Happy Farm uma banda formada por dois membros: Tiago Cardoso nos vocais e Nuno Pereira na guitarra e um iPod com gravações de bateria. Uma estreia no palco do Metalpoint, para a banda de Grindcore, que começaram recentemente, e ganharam alguns fãs com os temas musicais sobre Quintas e tudo relacionado à mesma. Ashes & Waves foi mais uma estreia, mas esta banda deu o seu primeiro concerto e com muita força. Apesar do curto tempo que tiveram em palco (ou pelo menos pareceu, pois surpreendeu bastante, pela positiva) ouvimos “Cancerous Fate”, “Soul”, “Survey” entre outros temas que banda escolheu partilhar connosco. Acreditamos que esta banda tem potência para se integrar perfeitamente no Metal Underground Nacional. Punchdown continuaram a festa com Nu/Thrash Metal e aproveitaram para apresentar o EP que será lançado brevemente juntamente com um videoclip do tema “Long Road Down To Hell”, tocado no evento tal como: “Turn

TERROR EMPIRE

METALPOINT – PORTO 05.06.2015

it Out”, tema este que teve ajuda de Dan, dos Sotz’. A banda promete estrear-se em grande no panorama Underground com este EP. The Last of Them, uma banda já com alguma reputação tendo uma discografia contida por três EPs: “Slow Motion Chaos” (2008), “Glamorous Chaos” (2009) editado pela Covil Productions e “At No One’s Mercy” (2013) gravado na Mstudio. A prestação desta banda foi extraordinária, tanto para quem conhecia banda como para os restantes que não os conhecia. Os The Last of Them foram recebidos em grande com muitos mosh pit’s a acompanhar temas como: “Deny & Reject”, “Murder Circus” ou mesmo “Kronic Impulse”. Uma tarde que os artistas não esperavam ver tanta gente numa tarde de Domingo, e ficaram bastante agradecidos porque todos os fãs presentes “poderiam ter combinado outras coisas, e ao contrário disso, preferiram aparecer no Metalpoint e curtir”.

Reportagem e Fotos: Ricardo Moreira (Bulldozer ON Stage)

/ SOLDIER / IN VEIN

TH R A S H ING AL L NIGHT L ONG

Durante 5, 6 e 7 de Junho, a Mosher organizou o Thrashing Iberia, com convidados como Terror Empire, Soldier, Strikeback e In Vein, passando por Vigo, Porto e Coimbra. Na passagem pelo Porto vieram Terror Empire, Soldier e In Vein – substituir Destroyers of All. A festa começou com In Vein, uma banda que está a começar uma carreira e deu o seu melhor em palco. Conseguiram mostrar o espírito certo para a noite que tivemos em frente. A banda conseguiu pôr todo o público a abanar a cabeça. Os seguintes foram os espanhóis Soldier, que deram um concerto pela primeira vez fora do seu país. Uma banda com um thrash espetacular, e já contam com 2 álbuns: Gas Powered Jesus (2012) e The Great Western Oligarchy (2015). Para além de temas como: Stand Your Ground, Corrupted (Sex in Prison) e Christoholic, ainda pudemos ouvir Holy Wars (Megadeth) e Cowboys from hell (Pantera). Os Soldier mostraram bastante experiência, e deram origem a várias mosh pits. A última banda a subir ao palco foram os Terror Empire, de Coimbra, com “The Empire Strikes Black” lançado

recentemente, aproveitou para fazer a sua apresentação no Metalpoint. Os conímbrigos trouxeram uma setlist bastante recheada com malhas como: “The Servant”, “Skinned Alive”, “Strings of Rebellion”, “Redemptive Punishment” – do álbum anterior, “Face the Terror” - e “Break the Cycle”. A banda foi recebida de braços abertos, com uma grande performance, e apesar de não estar lotação esgotada, o público ajudou e cantou junto com a banda. Foi uma noite cheia de Trash Metal, e esperamos voltar a ver estas bandas na nossa cidade brevemente. Melhor sorte para os artistas, e obrigado à Mosher por nos ter aceite neste evento. \m/

Foto: Retirada da página de Terror Empire

.PT

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