IURI SARMENTO
Barroco pop As exuberantes criações de Iuri Sarmento, brilhantes e delicadas, sutis e vibrantes ao mesmo tempo, se nutrem de um rico amálgama simbólico que nos leva ao universo do barroco, mas um barroco revigorado por novas leituras e memórias, que o aproximam da linguagem pop. Em pinturas e objetos, em relevos, sobreposições e perspectivas, o artista brasileiro, natural de Montes Claros (no Estado de Minas Gerais), também convida a um passeio por elementos que compõem o imaginário da sua terra natal. Assim, iconografias tropicais encontram o bordado, vitrais de inspiração cristã deixam-se emoldurar pela renda e uma fauna fantástica de pássaros multicolores ou peixes com ares de querubins se reúne para constituir verdadeiras colagens. Suas composições pop-barroco, um elogio do excesso e da saturação, traduzem um exercício de criação onde um caleidoscópio de cores e texturas reverencia a história da arte. Azulejos, bordados e porcelanas emergem, reelaborados, da experiência pessoal de Iuri que hoje vive e trabalha em Salvador, na Bahia, a partir da azulejaria branca e azul do barroco português e com inspiração em ícones da pintura universal. Esta exposição é o resultado de anos de pesquisas e de experiências diversas, inclusive no campo da moda, pelas quais passou o artista, depois de sua estreia no Museu de Arte Moderna da Bahia, onde expôs pela primeira vez, em 1999. O abundante e delicado bordado de suas criações, a variedade de texturas e formas orgânicas e geométricas harmonizadas de forma surpreendente refletem um modo singular de apropriar-se de elementos plásticos que dialogam em um rico marco de possibilidades, do mosaico ao pontocruz, e criam um excepcional vocabulário pictórico. Solange Farkas São Paulo. Junho. 2014
Aquário Acrílica sobre tela 200 x 200 cm Ano 2013
O paraiso resiste “Ate agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou ferro; nem lha vimos, contudo a terra em si é de muito bons ares, frescos e temperados como os de Entre-Douroe-Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se à nela tudo; por causa das águas que tem! (...) Contudo o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.” Carta de Pero Vaz de Caminha
Diante do território conhecido o artista manipula os fragmentos de imagem, pequenos recortes pintados que transformam o ato pictórico numa inteligente brincadeira com o conceito do todo e das partes, ironizando o princípio acadêmico da composição e afirmando a pintura como suporte e técnica adequada às inquietudes da arte contemporânea. O paraíso tropical a cada dia se dilacera pela mão e pela ganância humana que agride e destrói a paisagem e transforma sonhos em pesadelos cotidianos vociferados pela ignorância e pelo atraso. Há, em cada um de nós, um universo de sentimentos contraditórios, tristeza, culpa, vergonha: ao longo de quinhentos anos não soubemos cuidar do nosso paraíso. Falamos que somos cordiais, mas apenas destruímos, queimamos, humilhamos, escravizamos e matamos a nossa terra, as nossas belezas naturais, a nossa gente. Nesse contexto povoado por emoções em tons de cinza, a pintura, repleta de cores, de Iuri Sarmento é um acalanto. Ela reúne nossos cacos, lambe nossas feridas e em meio à algazarra ela sussurra com delicadeza em nossos ouvidos que nem tudo está perdido, que ainda há de existir o amanhã e que ninguém largue a mão do outro para que possamos, em meio à tragédia, dançar a ciranda da beleza, da comunhão e da fé.
As palavras e olhares dos primeiros viajantes sobre o Brasil é de encantamento com a paisagem e curiosidade com o gentio. Diante das obras de Iuri Sarmento recuperamos esse fascínio sobre a terra onde vivemos, trópicos sem pecado, encruzilhadas de vários saberes e várias culturas. Diferentemente dos primeiros viajantes, o nosso olhar identifica e reconhece elementos da nossa história, da nossa fauna e flora. E percebe neles até mesmo a lascívia, a melancolia e o medo. Em meio a profusão de elementos que povoa cada tela do artista, o olhar percorre a superfície pintada de maneira inquieta, registrando e se encantando com tudo aquilo que vê e com tudo aquilo que descobre. É esse cenário, esse palco, esse theatrum sacrum, que aproxima o drama barroco do cinismo que embasa os conceitos da arte pop. A visualidade não é linear e nem retilínea e seu dis- Marcus de Lontra Costa curso poético é constituído através de fragmentos, São Paulo. Fevereiro. 2019 cacos, pedaços, lapsos de tempo que encontram abrigo na reminiscência e na nossa memória.
O Vaso - Série Jardim Acrílica sobre tela 192 x 150 cm Ano 2007
Saudade, essa palavra tão característica da língua portuguesa orienta os nossos sentimentos diante da pintura de Iuri Sarmento. “Todo Porto é uma saudade de pedra” ensina Pessoa. E todo azulejo é o espelho dessa saudade. Por isso há nessas imagens uma identificação natural, um reencontro com aquilo que nos pertence e que, projetados em outro tempo, acentua o lado kitsch, popular, convencional. Porém o que seria da existência se os primeiros olhares não fossem os inimigos da poesia. Ver é rever e ver de novo é ver diferente.
S/título Acrílica sobre tela 230 x 160 cm Ano 2016
Urso Acrílica sobre tela 200 x 200 cm Ano 2020
Objeto - porcelanas Ano 2015
s/título Acrílica sobre tela 160 x 160 cm Ano 2010
S/título Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2012
Série As meninas Acrílica sobre tela 175 x 160 cm Ano 2013
S/título Acrílica sobre tela 130 x 130 cm Ano 2019
Série As meninas Acrílica sobre tela 175 x 160 cm Ano 2013
Salve Jorge Acrílica sobre tela 170 x 170 cm Ano 2009
S/título Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2019
S/título Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2019
S/título Acrílica sobre tela 180 x 165 cm Ano 2010
S/título Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2021
Chá das horas Acrílica sobre tela 145 x 200 cm Ano 2015
Objeto Porcelanas Ano 2019
Oxossi Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2021
S/título Acrílica sobre tela 160 x 160 cm Ano 2014
S/título Acrílica sobre tela 180 x 160 cm Ano 2014
S/título Acrílica sobre tela 160 x 160 cm Ano 2015
S/título Acrílica sobre tela 138 x 190 cm Ano 2020
S/título Acrílica sobre tela 140 x 140 cm Ano 2014
IURI SARMENTO SILVEIRA
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
FORMAÇÃO Escola Guignard- Belo Horizonte/ MG
1992 1999 2000 2008 2014 2015
MOSTRAS COLETIVAS 1991 XXIII Salão Nacional da Arte do Museu de arte Moderna BH/MG Utopias Contemporâneas e Ícones da Utopia- Palácio das Artes BH/MG Litogravuras Centro Cultural de BH/MG 1993 O inconsciente Freudiano e o nosso BH/MG 1994 I Salão MAN Museu de Arte Moderna Salvador/BA 1997 IV Salão MAN Museu de Arte Moderna Salvador/BA (Premiação) Exposição Coletiva Oito- Centro Cultural de BH/MG 1998 V Salão MAN Museu de Arte Moderna Salvador/BA Tropicália 30 anos Museu de Arte Moderna Salvador/BA 1999 Contemporânea Baiana - Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães Recife/PE 2000 Biombos Portugueses no Brasil Comemoração dos 500 anos do descobrimento MAB Salvador/BA Bahia Ahora Coletiva Projeto Lamar de Músicas (Espanha) Projetos Resumos Culturais Exposições São Paulo, Pelotas, Brasília, Belo Horizonte. I Projetos Rumos Visuais (investigações ) Pintura: repertórios alternativos São Paulo Itaú Cultural 2001 Pintura Contemporânea Brasil Portugal, Leiria-Portugal. Terceira Edição Bienal do Mercosul Porto Alegre 2002 Pintura Baiana na Casa Arvore Porto- Portugal 2003 Exposição Coletiva ¬– Posições. 02 Goethe Institut 2005 Projeto Bahia e Buenos Aires BA e BA Museo de Bellas Artes de la Boca “Benito Quinquela Martin”
2006 2007 2008 2009 2010 2012
Projéteis Contemporâneos Redes Nacional de Artes Visuais EMERGÊNCIAS FUNARTE Museu Capanema Rio de Janeiro Coletiva Olhar Contemporâneo Galeria Paulo Darzé Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio de Janeiro Barroco Reinventado – Individual Capela do MAM Salvador França – Brasil Centro Cultural dos CORREIOS Brasil – França Atelier Gronard – Paris
MOSTRAS INDIVIDUAIS 1992 Sala do Corpo de Exposição BH/MG 1999 Museu de Arte Moderna Salvador/BA 2000 Galeria Celma Albuquerque BH/MG 2008 Barroco Reinventado MAM Salvador
EXPOSIÇÕES COLETIVAS 1991 1992 1993 1994 1995 1995 1997 1998
1999
2000
2001
O Imaginário do Rei Curadoria Bene Fonteles - Museu Rodin – Salvador - Brasília - Rio de Janeiro – Museu de Belas Artes - SP arte São Paulo - Rioart Rio de Janeiro
2003 2005
OBRAS EM ACERVO Museu de Arte Moderna Salvador/ BA Governo do Estado da Bahia Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia Fundação Cultural do Estado da Bahia Coleção Gilberto Chateaubriand
Belo Horizonte MG Individual, na sala corpo de Exposição. Salvador- BA Iuri Sarmento pinturas no MAM/BA Belo Horizonte - MG Individual na Celnia Albuquerque Galeria Salvador - BA – MAM Salvador Paris – França – Barroco POP – Galerie Agnes Monplasir Rio de Janeiro - RJ – Laura Marsiag Galeria
2009 2010 2011 2013 2014 2015 2016
Belo Horizonte - MG - Litogravuras no Centro Cultural de Belo Horizonte Belo Horizonte - MG - 23° Salão de Arte Contemporânea Belo Horizonte no MAP Belo Horizonte - MG – Utopias Contemporâneas na Fundação Clovis Salgado Palácio das Artes Belo Horizonte - MG – O inconsciente Freudiano e o Nosso, na Minas Centro Salvador - BA – 1° Salão MAM Bahia de Artes Plásticas, no MAM /BA Belo Horizonte - MG – Oito na UFMG Centro Culturais Salvador - BA – 2°Salão MAM - Bahia de Artes Plásticas no MAM/BA Salvador - BA – 4° Salão MAM - Bahia no MAM/BA Salvador - BA – Um Brinde ao café, no Cafelier – Atelier Maria Adir. Porto (Portugal) – Pintura Contemporânea Baiana na Cooperativa Arvore Salvador - BA – 5° Salão da Bahia, no MAM/BA Salvador - BA – Pintura Contemporânea Baiana no MAM/ BA Salvador - BA – Tropicália 30 anos- 40 artistas baianos, no MAM/BA. Belo Horizonte - MG – Rumos Itaú Cultural Artes Visuais – Pinturas repertórios alternativos, na Galeria Itaú Cultural Brasília - DF – Rumos Itaú Cultural Artes Visuais – Pintura: repertórios alternativos, na Galeria Itaú Cultural Penápolis - SP - Rumos Itaú Cultural Artes Visuais – Pintura: repertórios alternativos, na Galeria Itaú Cultural Curitiba - PR - Arte Salvador 450 anos, na Fundação Cultural de Curitiba Solar do Barão Recife - PE - Pintura Contemporânea Baiana MAM Rio de Janeiro - RJ – Arte Salvador 450 anos no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro Salvador - BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra Salvador - BA - 6° Salão da Bahia, no MAM /BA Cartagena (Espanha) – 5 Artistas Contemporâneos, no Centro Cultural Ramon Alonso Luzzy Salvador - BA – Beth Souza, Caetano Pias, Iuri Sarmento, Paulo Pereira, na Galeria da Associação Cultural Brasil Estados Unidos São Paulo - SP – Investigações Rumus Visuais I, no Itaú Cultural Leiria (Portugal) – 14 Fragmentos Contemporâneos – artistas portugueses e brasileiros na Galeria 57- arte Contemporânea Porto Alegre - RS – 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, no Santander Cultural Salvador - BA – Beth Souza, Caetano Dias, Stella Carrozzo, Paulo Pereira, Iuri Sarmento na Galeria da Associação Cultural Brasil Estados Unidos Salvador - BA – 14 Fragmentos Contemporâneos – artistas portugueses e brasileiros no MAM/BA Recife - PE – Salão da Bahia 1994-2002 na Fundação Joaquim Nabuco Rio de Janeiro - RJ – Projeteis Redemergências – Palácio Capanema Rio de Janeiro Salvador - BA – Centro Cultural dos Correios Open Art Brasil França Paris – França – Exposição Open Art Brasil França Galeria Grognard Premio PIPA – Vencedor Online Paris-França – FIAC – Grand Palais Rio de Janeiro - RJ – Novas Aquisição – Coleção Gilberto Chateaubriand AM/RJ Paris – França – Galerie Agnes Monplasir Curitiba - PA – Bienal de Curitiba