CARMEN MIRANDA
A PEQUENA NOTÁVEL
SAMBA E CARNAVAL COMO DINÂMICAS E NARRATIVAS SOCIAIS Luiza Lopes & Victor Chagas
SUMÁRIO 5 9 13 17 21 29 30 32
O SAMBA A PEQUENA NOTÁVEL O QUE É QUE A BAIANA TEM? A VIDA PRIVADA PRODUTOS PROPOSTA DE ESTAMPAS ESTAMPA 1 ESTAMPA 2
O SAMBA O Samba tem como principal origem os antigos “batuques” trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil, no século XIX. Essas batidas eram geralmente associadas à celebrações religiosas, que misturavam música, dança e movimentos do corpo. Com a junção de diferentes culturas no Rio de Janeiro, capital do Império, outros ritmos foram se juntando e ajudando a formar esse estilo musical. Neste cenário começam a aparecer então as primeiras rodas de samba. Inicialmente o samba era visto como a voz dos pobres e dos excluídos, devido suas origens, mas com o passar do tempo foi ganhando força e tomando seu lugar na cultura nacional, se tornando um dos principais símbolos, se não o principal, de brasilidade.
gros da época; Pixinguinha era a exceção da exceção” - Hugo Sukman, curador do Museu da Imagem e do Som Em 1936, Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, funda a Rádio Nacional com seu projeto de “nacionalização do país”, e o samba, por ser o estilo musical predominante da época, é ainda mais difundido e acaba se tornando um ícone d e brasilidade. Com o samba já então enraizado na cultura brasileira, surge Carmen Miranda, que será a principal figura a popularizar o ritmo pelo mundo afora.
“Na época do Donga (autor de Pelo Telephone, considerado o primeiro samba), o samba era coisa de iletrados ou de semiletrados, como eram os ne5
A PEQUENA NOTÁVEL Carmen Miranda, nascida em 1909, portuguesa de nascença, chega no Rio de Janeiro com menos de um ano de idade. Apelidada de A Pequena Notável (devido seus 1,52m de altura), chegou a ser a mulher mais bem paga do show business americano, recebendo em 1944 o equivalente a 9 milhões de reais atuais. Com ajuda do governo de Getúlio Vargas, que estava interessado em investir na imagem do país nos exterior, a cantora se mudou para os EUA, onde se tornou um fenômeno de cultura de massa. “Meus queridos amigos, sigo para Nova York, onde vou apresentar a música da nossa terra. Às vezes tenho medo da responsabilidade. Lembrem-se de mim que eu nunca os esquecerei.” Carmem Miranda, 1939
“Enquanto a população norte-americana ia assistí-la para esquecer da guerra, os brasileiros se sentiam aceitos (ou reconhecidos) diante da representante nacional no cinema estrangeiro.” Eliane Raslan - PUC-RS
A cineasta Helena Solberg diz em entrevista ao Diário de Pernambuco que Carmen “foi muito rejeitada pela elite brasileira da época, porque o samba era coisa do povo, não era nenhuma produção acadêmica ou clássica. Ironicamente, além de ser branca de olhos verdes, ela era europeia. O racismo existia e se manifestava de outras formas, como a tentativa de tirar os negros da banda. Isso eles conseguiram. Quando Carmem chega aos Estados Unidos, também sente isso. Em certa ocasião, o compositor Synval Silva foi para Los Angeles encontrá-la e, quando andava ao lado dela, no carro, as pessoas a paravam para perguntar se estava tudo bem.”
Synval Silva 1937
9
O QUE É QUE A BAIANA TEM? Durante sua juventude trabalhou em lojas ajudando na montagem de vitrines, atendimento a clientes e ajudando na costura e fabricação de chapéus. Esta familiaridade com a produção de vestimentas ajudou Carmen a desenvolver seu próprio estilo junto aos figurinistas dos estúdios de Hollywood. Devido sua baixa estatura, 1,52 metros, a atriz fazia constante uso de sapatos plataformas e turbantes, com o objetivo de aparentar ser mais alta. Sua grande quantidade de adornos era marcante, tendo preferência em usar bijuterias à joias, buscando a utilização de bastante cores e brilhos. Além de sempre estar alegre e radiante, um sinônimo de brasilidade, na época, a atriz e cantora mantinha um sotaque latino, apesar de sua fluência no inglês, para exaltecer seu “exotismo”. Isso, uma sugestão dos produtores de Hollywood.
13
A VIDA PRIVADA Esta imagem “comercial” exibida para o mundo acabou criando um esteriótipo da mulher brasileira: sempre alegre e radiante. Porém a vida de Carmen Miranda não se resumia apenas a aquilo que a artista mostrava ao público, esta constante necessidade de se mostrar desta forma acabou interferindo diretamente em sua vida privada. Carmem, devido sua vida extremamente agitada, começou a depender de remédios para dormir e estimulantes para acordar, prática extremamente comum entre celebridades de Hollywood, como Marilyn Monroe, por exemplo. Carmen Miranda chega a voltar para o Brasil por 4 meses, sob depressão, porém no ano seguinte, em 1955, após a participação em um programa de TV, a atriz e cantora sofre de um colapso cardíaco em casa e morre.
17
PRODUTOS Esta sua originalidade visual fez com que Carmen Miranda fosse uma figura marcante não só em sua época, mas também nos dias atuais, devido sua forte representatividade cultural. Dentro do mundo dos produtos, a atriz/cantora esteve e está presente não apenas através de suas vestimentas peculiares com elementos da fauna e flora brasileira e adornos extravagantes, mas também através de sua própria imagem como uma personalidade icônica da cultura brasileira. A seguir estão alguns exemplos da presença e influência de Carmen Miranda no mundo dos produtos.
21
PROPOSTA DE ESTAMPAS
MOODBOARD
29
ESTAMPA 1
30
ESTAMPA 2
32
BIBLIOGRAFIA http://lounge.obviousmag.org/vitor_dirami/2012/02/carmen-miranda-a-explosao-brasileira.html Acessado em 29/11/2016. http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2015/08/05/internas_viver,590690/60-anos-sem-carmen-miranda-o-legado-da-eterna-pequena-notavel.shtml Acessado em 29/11/2016. BESERRA, Bernadete - “Sob a sombra de Carmem Miranda e do carnaval: brasileiras em Los Angeles” - Cadernos Pagu (28), janeiro-junho de 2007:313-344. NEIRA, Luz García - “A invenção da moda brasileira” - Caligrama, Revista de Estudos e Pesquisas em Linguagem e Mídia, 2008. http://www.meusonhovintage.com/2013/09/conheca-carmen-miranda.html Acessado em 06/12/2016.