Bahia de todas as Linas

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Bahia de todas as Linas



equipe Anne Karolyne Santos

17774969

Camila Chiconato

18720490

Felipe Pires

18052605

Letícia Zerati

18052837​

Victoria Viana

17063843​

Wesley Alves

17749177

orientador Marlon Paiva

disciplina AC - Viagem de Estudos a Salvador outubro 2021



Índice

Resumo da Abordagem

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Análise Urbana

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As mudanças do século XX (p.14) Lina Bo Bardi em Salvador (p.15)

Análises Projetuais Casa do Chame Chame (p.23) Solar do Unhão (p.35) Casa do Benin (p.55)

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Restaurante Coati (p.68)

Referências Bibliográficas Fotografias e arquivos arquitetônicos (p.83) Bibliografia (p.85)

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Resumo da Abordagem Nessa edição vamos retratar um pouco dos processos históricos que marcaram o desenvolvimento urbano da cidade de Salvador, utilizando como referencial de leitura o importante trabalho desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi, nos processos de restauro e criação de novos projetos para a cidade.

Bahia de todas as Linas | Resumo da Abordagem

A revista também apresenta a leitura e a análise de quatro projetos que ajudam a contextualizar diferentes períodos de ocupação da malha urbana de Salvador, sendo eles: a Casa do Chame Chame, o Solar do Unhão, a Casa do Benin e o Restaurante Coati, no intuito de ressaltar o importante levante cultural estabelecido pela arquiteta Ítalo-brasileira na cidade, ao resgatar diversos elementos de expressão popular que representam e consolidam a identidade cultural brasileira, sem abandonar as novas técnicas construtivas que estavam sendo exploradas naquele período. Possibilitando assim, a consolidação histórica, cultural e o desenvolvimento técnico-construtivo dentro de sua atuação no território.

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Análise Urbana A cidade de Salvador teve seu início como capital da Colônia em 1549, como uma cidade fortaleza implantada em uma escarpa a beira mar, dentro dos moldes das fortificações portuguesas, configurando desde seu surgimento uma divisão territorial e social dada as relações topográficas. Uma cidade baixa, que concentrava uma população de baixa renda junto as relações econômicas e portuárias, e a cidade alta, que concentrava as principais edificações da família portuguesa e os centros administrativos. Esse desenho surgiu com o intuito de proteger e estabelecer a Coroa Portuguesa em território sul-americano, servindo como fonte de riquezas através da exploração do pau-brasil, cana de açúcar e do fumo, por meio das relações comerciais estabelecidas com o continente Africano e Europeu, consolidando esse território como importante posto marítimo da colônia portuguesa.

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Após a implantação e consolidação do porto de Salvador, como importante articulador econômico para o comércio transoceânico, a cidade teve um crescimento considerável chegando a dobrar sua ocupação até o início do século XVII, com sucessivas intervenções e aprimoramentos das estruturas de defesa da cidade, ampliação e fortificação dos muros e construção de novos fortes ao longo da costa, acompanhando de certo modo o avanço das ocupações que se davam além dos muros, estimuladas principalmente pelas ordens religiosas do Carmo e dos Beneditinos.

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Esse período de prosperidade e segurança chegou ao fim com a invasão holandesa em 1624. Conflito que resultou em um grande abalo estrutural a cidade, tanto no conflito da invasão quanto na reconquista do território pelas tropas hispano-lusitanas, com importantes edificações destruídas e inúmeras baixas de soldados brasileiros, índios e negros.Após a reconquista do território a cidade de Salvador passou por um longo período de paz e de prosperidade para a Coroa, se estabelecendo como principal colônia portuguesa, com o papal decisivo de intermediar a chegada e a distribuição de negros africanos pelo território, e das especiarias e produtos europeus, além de ser responsável pela saída e controle dos produtos internos, como açúcar e fumo.


croqui feito à mão pela equipe


esquema feito pela equipe


Assim, Salvador além de cumprir com sua função administrativa e defensiva cumpria incisivamente sua atribuição portuária concentrando recursos advindos do comércio de açúcar, fumo e escravagista, de tal maneira que, se tornou a segunda cidade do império português e o porto mais movimentado de todo Atlântico Sul. Nesse período de estabilidade e desenvolvimento, foram realizadas construções, reformas e ampliações de parte significativa do patrimônio arquitetônico da cidade, estabelecendo construções de diversos padrões estilísticos que serviam ao Estado, como prédios públicos e de lazer, a defesa da cidade, como fortes e muros e os agentes religiosos com conventos e igrejas.

No final do século XVII com a descoberta de metais e pedras valiosos (ouro

e diamantes) na capitania de Minas e a disputa comercial externa do mercado do açúcar, as economias movimentadas pelo ciclo canavieiro tiveram gradativa diminuição, situação que desencadeou a mudança da capital da colônia para o Rio de Janeiro em 1763, de forma a concentrar a produção mineralógica em um único porto.

A partir do século XIX, com as tendências econômicas internacionais vinculadas as inovações tecnológicas, como a inauguração do Canal de Suez em 1869 e a criação do Canal do Panamá em 1914 que voltaram as atenções econômicas nacionais para o porto de Recife que, geograficamente se encontrava mais próximo desse novo desenho das rotas marítimas, e as pressões políticas da Inglaterra para o fim da escravidão, culminaram no continuo decaimento do prestigio político e econômico da cidade.

Esse período foi marcado por inúmeras rebeliões escravas que resultaram na

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Esse acontecimento de grande relevância política, marcava o início do declínio econômico de Salvador, contudo a cidade ainda detinha uma relação portuária muito ativa como entrada dos negros escravizados no território. Contudo os acontecimentos políticos e econômicos que sucederam a esse movimento da Cora portuguesa, acabaram por caracterizar o início da decadência econômica da cidade de Salvador após a chegada da família real em 1808 e a independência do Brasil em 1822.

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diminuição da mão de obra no campo, dando prejuízos significativos para a lavoura, além do aumento da população urbana por meio da inserção desses ex-escravos que migraram do campo para cidade. Essas transformações redirecionaram os investimentos do Estado para ações que melhor se enquadravam nesse cenário moderno, como investimentos em transporte público, áreas comerciais, imóveis e instituições bancárias. Dessa forma, mesmo com a instabilidade econômica e política de um Brasil recém independente, a cidade de Salvador passou por uma expansão urbana dada as novas instalações de serviços de transporte público que levaram a uma separação territorial das classes sociais, estabelecendo a parte sul como a parcela ocupada pela população mais abastada, enquanto as classes mais baixas se instalaram na porção norte do território. Construindo uma condição social de classes que ia além da configuração primeira da cidade alta e da cidade baixa.

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Nesse processo de expansão urbana a cidade expandiu tanto linearmente sentido norte e sul pelo litoral, quanto em expansão radioconcêntrica, estabelecendo ocupações mais a leste onde hoje se encontra o bairro de Brotas. Essa expansão e divisão sócio territorial acabaram por desvalorizar gradativamente o centro histórico da cidade que não foi contemplada pelos novos sistemas de transporte público, passando por um empobrecimento da área.

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O início do século XX trouxe para a cidade de Salvador outras grandes intervenções modernas. Com um sistema econômico fundamentado no comércio as transformações que se estabeleceram eram movidas pelos grupos comerciais que exigiam a construção de novos escritórios e centros comerciais, acompanhados de um redesenho urbano motivado pelas reformas ocorridas em Paris (séc. XIX) e Rio de Janeiro (início do séc. XX), que culminaram na abertura da avenida Sete de Setembro entre outras obras de higienização, de verticalização nas áreas centrais, modernização do porto e contínua melhoria no transporte com a instalação de bondes elétricos.Além dessas ações motivadas por estímulos externos, a criação do Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador (EPUCS) em 1942, possibilitou o início de uma série de discussões e análises para o planejamento da cidade, situação que consolidou as ocupações litorâneas dentro de novas estruturas viárias e edificações, mas ainda detinha o miolo do território pouco ocupado.


croqui feito à mão pela equipe


As mudanças do século XX

Em meados do século XX, alguns eventos e planos a níveis nacionais causaram alterações nas dinâmicas econômicas da Bahia, e consequentemente, mudanças em suas dinâmicas sociais e urbanas. São exemplos desses eventos a descoberta de Petróleo em Lobato, em 1939 e a criação da Petrobrás em 1953, instalando em 1954, no Recôncavo Baiano, locais para extração e refino dessa matéria prima. Tais mudanças indicam o início de um processo que se consolidaria posteriormente com a criação do Centro Industrial de Aratu (1967) e do Complexo Petroquímico de Camaçari (1978). Assim, Salvador entra em um novo período urbano-industrial, marcado pela atração de capitais industriais de base, nacionais e internacionais, consolidação como polo atrativo de fluxos migratórios e consequente aumento de sua população, nova dinâmica espacial, marcada pela presença de industriais e habitação na metrópole, ampliação do espaço urbano e formação de novas centralidades, com formas “mais modernas”, além da criação de uma demanda para produção imobiliário da classe média e alta na cidade. Posteriormente, outros acontecimentos ajudariam a consolidar essa dinâmica, como a criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) em 1959, que dispôs uma nova via de financiamento para o desenvolvimento local, a criação do BNH e a criação das regiões metropolitanas, deslocando a atividade industrial do eixo Rio-São Paulo. A evolução urbana de Salvador, provocada por essas mudanças sociais e econômicas, trouxe equipamentos modernos, como emissoras de televisão e universidades públicas e privadas, como a UFBA, em 1946 e a UCsal, em 1956, bancos, etc… Além do aumento da frota de automóveis e a integração do planejamento urbano as correntes de pensamento de um urbanismo moderno. Dessa forma, ainda é possível observar diversos acontecimentos em nível intraurbano, reveladores das transformações pelas quais passavam a cidade, como obras de infraestrutura, nova produção habitacional, e projetos de reestruturação urbana. A implantação da Petrobras na região levou ainda a uma renovação do quadro social da capital, principalmente com o surgimento de uma classe média,

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proporcionado pela grande massa salarial paga pela empresa àqueles que compunham quadros técnicos especializados. O surgimento dessa classe média, leva também a uma nova oferta de espaços de habitação, escritórios, comércios e consultórios, estimulando a construção civil na região, provocando o surgimento de construtoras e incorporadoras. As novas edificações resultantes desse processo são de perfil moderno. A nova geração passou a exigir também novas ofertas de cultura, mais erudita e sofisticada, sendo essa demanda atendida em sua maioria pela Universidade, que apresentará espetáculos de dança, teatro, música, exposições de arte, etc.

Lina Bo Bardi em Salvador

A trajetória da arquiteta no Brasil, se iniciaria com sua vinda ao país, em 1946, quando tinha 32 anos, junta ao marido Pietro Maria Bardi. Os primeiros anos de Lina Bo Bardi no Brasil se dariam principalmente em São Paulo, onde junto a seu cônjuge, desenvolveu atividades no recentemente inaugurado Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em 1958 Lina é chamada pelo reitor Edgar do Rego Santos para ministrar um curso de três semana sobre Teoria da Arquitetura, na Universidade da Bahia

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É esse o cenário que Lina Bo Bardi vai encontrar no primeiro período em que atuará - e viverá - em Salvador: um generoso caldo de cultura propício às experimentações e aos rompimentos. Um terreno fértil, portanto, ao surgimento de novas propostas de comportamento, de produção cultural e de busca de alternativas de desenvolvimento político-econômico, que terminará, como se verá adiante, por influenciar e re-direcionar os rumos da sua prática profissional e da sua poética arquitetural.

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(MEYER, 2019). Esse primeiro contato com o território levaria a uma longa estadia, entre idas e vindas a São Paulo, que terminaria apenas em 1964. Após o curso, Lina Bo ainda foi chamada pelo governador do estado para dirigir o Museu de Arte Moderna (MAM), instalado em um primeiro momento no Teatro Castro Alves; restaurou o antigo Solar do Unhão, uma construção colonial à beira mar, para ser a nova sede do MAM e do Museu de Arte Popular; institui atividades pedagógicas nos museus; e colaborou com o diretor de teatro Martim Gonçales na montagem de duas peças (idem, 2019). Segundo Meyer, 2019 Lina “descobriria uma liberdade que até então desconhecia, mas que a obrigaria a passar por situações inesperadas, encaminhando-a para diferentes formas de autodescobrimento que a levariam a questionar muitas das suposições sobre seu trabalho em São Paulo”. Nesse período na Bahia, Bo Bardi entraria em contato com intelectuais e artistas levando a uma inflexão em sua visão política, artística e cultural. Lina se tornou mais ousada, se desprendendo da tradição obtida pelos estudos do modernismo europeu e abraçando as vanguardas históricas (MEYER, 2019). Lina se impressionou profundamente com as influências da África na cultura brasileira, e pela riqueza da arte e da cultura negra, chegando a afirmar “Eu acho que o Brasil não faz parte do Ocidente. É África!” (BARDI, apud, MEYER, 2019). Segundo define Meyer, 2019: “ A antropologia desafiou sua atitude diante da forma, da materialidade e do corpo”.

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Na Bahia, também travou conhecimento da cultura do nordeste, especialmente aquela estabelecida no interior e da extrema pobreza desses territórios, se interessando pelas culturas e, principalmente, pelo artesanato criado naquelas condições de penúria (idem, 2019). As atividades de Lina na Bahia, assim como as de toda a cena cultura instituída ali, se encerrariam em 1964, com a ascensão da direita autoritária ao poder no golpe militar de primeiro de abril.

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imagem 1.1


Análises


Projetuais


imagem 2.1- fotografia da Casa Chame Chame


CASA DO CHAME CHAME


croqui feito pela equipe


Contextualização Histórica O projeto da residência Chame Chame, se deu a convite do advogado e deputado estadual da época Rubem Nogueira, sendo iniciada em 1958 a 1964 sendo interrompida algumas vezes pelo golpe militar. Lina, propõe duas versões para a casa sendo a primeira de planta quadrada 12x12 possuindo três pavimentos e se localizava na parte mais alta do terreno. Parcialmente composta por pilotis com a jaqueira se destacando juntamente com um pilar em formato de tronco que sustenta a laje do primeiro pavimento.

imagem 2.2 - Uma das propostas à mão de Lina para a Casa Chame Chame

Bahia de todas as Linas | Casa do Chame Chame

A segunda versão consistia em forma orgânica levando a casa ter contato direto com o solo. O primeiro estudo leva um formato de ‘S’ e o segundo tendo uma forma mais controlada em ‘C’, nelas a jaqueira ganha um lugar significativo na residência sendo incorporada ao meio da marquise central.

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Inserção Urbana

imagens 2.3 e 2.4

Morro do Cristo

A casa leva o nome de uma antiga favela existente em Salvador, com ruas de traçado orgânico e topografia acidentada, que abrigava diversas casas de candomblé. Com a expansão de Salvador na década de 50, surge um novo bairro na imediações da favela destinado a classe média alta chamado Jd. Salvador. O bairro foi inspirado nas cidades jardins, tendo como premissa baixa densidade, respeito à topografia local, cuidado com a natureza, etc.

Bahia de todas as Linas | Casa do Chame Chame

A residência se localizava no encontro das ruas Plínio Moscoso e Ary Barroso, o terreno continha características que chamaram a atenção da arquiteta, possuindo uma topografia acidentada com desnível de 7 metros, um pé de jaca que Lina decide apropriar ao projeto e vista para o mar. Ela possuía um muro de arrimo curvilíneo que envolvia e gerava movimento a edificação, sendo envolvida por uma densa vegetação.

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Rua Plínio Moscoso

Rua Ali Barroso

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acesso serviço acesso serviço

acesso social

1. garagem 2. serviço 3. dorm. serviço 4. banheiro 5. lavabo 6. hall 7. estar 8. biblioteca 9. jantar 10. cozinha 11. terraço

imagem 2.6 - planta térreo

1. dormitórios 2. banheiros 3. closets 4. terraço imagem 2.7 - planta superior

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A versão final da Chame Chame, possui o formato em ‘C’, mais fechado onde através dele se dá o acesso principal a casa sendo levado ao hall de entrada com uma escada curva sendo elemento central da casa. O térreo está organizado em dois eixos, sendo um na extremidade da garagem onde seu acesso se dá por uma rampa curvilínea contornada pelos muros de arrimo localizada na parte mais alta do terreno, juntamente com a área de serviços. E na outra extremidade está localizada a cozinha e a parte social da casa. No pavimento superior, está localizado o setor íntimo da residência e ao contrário do que está acostumado Lina desloca o corredor, fazendo-o descontínuo do pavimento térreo para que dessa forma consiga uma melhor orientação solar nos dormitórios. Nele se encontra um grande terraço que dava para ao mar ao longe. Os materiais utilizados na residência de acordo com Oliveira (2006), eram simples e naturais. As parede externas da casa eram chamadas de rusticas e ásperas por serem revestidas de seixos, cacos de azulejos, brinquedos, conchas marítimas e utensílios domésticos sendo conhecida como “casa de pedras”. Apesar de suas características, isso não a impediu de ser vítimas de assaltos por possuir muros baixos levando a considerar que esse talvez tenha sido o motivo de sua demolição em 1984.

Bahia de todas as Linas | Casa do Chame Chame

A parte interna possuía materiais modestos, como taco de madeira nos pisos, paredes com reboco pintadas de branco. Apenas os degraus da escada se distinguia sendo revestidos por cacos de azulejos remetendo a parte externa da casa.

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Bahia de todas as Linas | Casa do Chame Chame

imagem 2.8 - corte AA

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imagem 2.9 - corte BB


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Referências Nacionais Durante a exposição Bahia Ibirapuera, Lina se debruçou na cultura acarretando grandes referências em suas obras. Por estar localizada em uma área onde a presença do candomblé é marcante, ela trás no exterior da residência característica que remetem a religião como a prática de incrustação de elementos na fachada que de acordo com Oliveira (2006), é comum encontrar nas casas baianas pois, retém a herança africana e a rituais ligado a marcha da vida e incorporado as paredes podem serem vistos como metáforas de ex-votos.

Também faz parte da religião o culto às árvores principalmente as pré

existentes visto que, são elas que consagram o local escolhido para o terreiro em especial as frutíferas como a jaqueira já implantada no terreno, elas de acordo com o candomblé brasileiro representam cura, saber, fertilidade e ascensão símbolos indispensáveis para os orixás.

imagem 2.10 - Terreiro de candomblé cultuando uma jaqueira, árvore sagrada

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Referências Internacionais A casa Chame Chame, possui diversas características de obras de arquitetos internacionais como, a casa Thugendhat, (1930) casa Curutchet, (1949) do Mies van der Rohe, entre outros arquitetos que faziam parte do movimento surrealista em suas edificações. No entanto a pesquisadora Oliveira (2006), conta que as maiores referências arquitetônicas para Lina nessa residência seria Antoni Gaudí e Frank Lloyd Wright, pois ambos trabalharam com arquitetura orgânica tendo como princípio a natureza. As principais características da Chame Chame com as obras de Gaudí, seria na materialidade das paredes externas e internas com o uso de fragmentos de objetos remetendo aos mosaicos do arquiteto e os pilares inspirados nos troncos de árvores tendo como referência a Cripta de Güell.

imagem 2.11 - Casa Thugendhat

Bahia de todas as Linas | Casa do Chame Chame

Com Wright, as referências seria na sua forma orgânica que se adequa ao terreno, como por exemplo a casa Jester na década de 30 e Herbert Jacobs em 1944, ambas de plantas curvilíneas na qual se adequa ao terreno e possuíam elementos circulares internos, fluidez espacial e uso de madeira em seu interior.

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imagem 3.1 - fotografia do Solar do Unhão


SOLAR DO UNHÃO


croqui feito pela equipe 34


Contextualização Histórica A casa do Benin é resultado das propostas de intervenção de requalificaçao do centro histórico proposto pelo prefeito Mário Kertész na década de 80 em conjunto com o governo de Benin, país onde foram retirados de forma violenta inumeros negros para serem escravizados durante o século XVIII. A casa localizase no centro histórico de Salvador, conectando o Largo do Pelourinho à Baixa dos Sapateiros, bairro do Comércio e Santo Antônio Além do Carmo. O projeto visava um intercâmbio entre os dois países, tendo a Casa do Benin em Salvador e a Casa do Brasil em Benin aproximando as duas culturas.

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

O caráter cultural do projeto é admirável, pois Lina queria que as pessoas que fossem visitar mergulhassem na cultura africana. Nele foi instalada uma residência diplomática, alojamento estudantil, exposições e restaurante de comidas africanas.

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Inserção Urbana

imagens 3.2 e 3.3

Bahia Marina

O Solar do Unhão se localiza na porção sudoeste do município de Salvador, às margens da Baía de Todos os Santos na Avenida do Contorno. A proposta da obra da Avenida do Contorno em 1962 ameaçou as estruturas do antigo edifício, mas felizmente, Diógenes Rebouças conseguiu propor um traçado que contornava o Solar, de forma a não comprometê-lo.

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

O conjunto de edifícios fica entre duas praias, a Prainha do Solar do Unhão, conectada ao projeto por meio da passarela proposta por Lina, e a Praia da Gamboa, que mantém uma relação visual com o solar.

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Prainha do Solar do Unhão

Solar do Unhão

Av. do Contorno

Praia da Gamboa

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Na planta do pavimento térreo conseguimos ver o pátio central (5), acessado pela rampa de acesso principal. Esse pátio permite ao andante uma relação dos três edifícios principais, são eles a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (3), o edifício de exposições (1) e o edifício das oficinas do Unhão (2).

imagem 3.5 - planta térreo

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Na planta conseguimos perceber a estrutura dos edifícios centenários, grossas, expressivas e com aberturas pequenas devido às técnicas dominadas na época, provavelmente taipa de pilão e pedra. Ainda neste nível o visitante possui o acesso à passarela que leva à Prainha do Solar e à rampa que leva ao Solar (4).

acesso praia

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

acesso principal

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No pavimento superior além da planta dos edifícios, que são quase idênticas a do pavimento térreo, podemos ver completamente a passarela que leva até a prainha e a Avenida do Contorno, que leva à rampa de acesso principal.

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

acesso a prainha do solar

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acesso principal

imagem 3.6 - planta superior


Também podemos ver o outro acesso ao solar pela lateral esquerda, este acesso também leva à Praia da Gamboa. À direita conseguimos ver a estrutura que se comporta em arcos em elevações, que sustenta a própria Avenida neste trecho.

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Em corte conseguimos ter a relação de pé direito do edifício de exposições, seus três níveis possuem três diferentes sensações de pé direito. Também podemos notar a intervenção central no edifício, a escada helicoidal que leva ao nível superior.

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imagem 3.7 - corte AA

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Podemos notar também a espessura das paredes do antigo edifício, e a modulação presente nos pilares antigos e dos arcos no nível inferior.

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3,5 Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

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Intervenções ESQUADRIAS As esquadrias de Lina compõem uma intervenção marcante, mas ao mesmo tempo, extremamente respeitosa em relação a preexistência. O contraste dos elementos vermelhos com os edifícios brancos deixa claro a presença de um projeto que leva em consideração as características únicas do Solar, ao mesmo tempo que permite vislumbrar a personalidade da arquiteta.

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

Essa proposta confere ao conjunto uma unificação por meio da linguagem, ao adentrar o Solar pelo portão frontal, nos deparamos com um belo pátio conformado pelos três edifícios do conjunto, a capela, o museu e o grande edifício da antiga oficina do Unhão. A vista deste pátio permite o expectador associar imediatamente a unidade do conjunto por meio dos elementos vermelhos.

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imagem 3.9 - Entrada do edifício de exposições


imagem 3.10 45


imagem 3.11


Intervenções PASSARELA A passarela foi proposta por Lina com a intenção de conectar o complexo com a prainha do Solar da Unhão. Construída em madeira e utilizando o terreno rochoso da encosta, a passarela se conforma com desenho natural do litoral. A passarela é inteiramente construída em madeira, desde a estrutura que se apoia em um muro de pedra, ao guarda corpo e as ripas no piso. Sua largura varia conforme o percurso, se mantendo no intervalo entre 1,5m e 2,2m.

imagem 3.12 - Vista sobre a passarela

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

Com sua forma sinuosa ela leva as pessoas a experimentar um passeio entre o mar e a grama, configurando uma promenade contemplativa.

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Intervenções ESPAÇO INTERNO DE EXPOSIÇÕES Para ser utilizado como espaço de exposições, o edifício além de passar pelo restauro da estrutura antiga visando conservá-la, Lina ponderou os elementos que poderiam ser removidos e substituídos, como foi o caso da escada. Também foram instalados painéis no interior do edifício para preservar a integridade das paredes e esquadrias durante as exposições do Museu, como podemos ver na comparação das fotografias ao lado.

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

O espaço interno do Museu se configura em um grande vazio, sem paredes internas fixas, com iluminação fixada à estrutura e a escada helicoidal em madeira proposta pela arquiteta. As divisórias que crias os espaços de exposição são móveis, podendo ser realocados e removidos com facilidade sem causar qualquer dano ou interferência no edifício original.

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imagem 3.13 - Vista do espaço interno do Museu sem os painéis de exposição


imagens 3.14 e 3.15


imagem 3.16


Intervenções ESCADA A escada que se localiza no edifício de exposições do Museu, confere uma proposta delicada e marcante ao espaço interno. Ao se inserir na malha de pilares existentes do edifício, a intervenção expõe uma coerência impressionante. Feita inteiramente de madeira, a escada se configura em forma helicoidal, e se conforma em um retângulo de 4,1x4,68m (Ver planta térreo página x) sendo parafusada no interior de quatro pilares da construção antiga. Lina utiliza como método construtivo os encaixes vistos nos antigos “carros de boi” e traz uma forma contemporânea ao centro do antigo edifício.

imagem 3.17 - Escada em construção

Bahia de todas as Linas | Solar do Unhão

Apesar da modernidade da forma chamar a atenção em relação ao contexto antigo, ainda desperta a sensação de coerência em quem observa a cena, explicitando a maestria da intervenção de Lina Bo.

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imagem 4.1 - fotografia da Casa do Benin


CASA DO BENIN


croqui feito pela equipe


Contextualização Histórica A casa do Benin é resultado das propostas de intervenção de requalificaçao do centro histórico proposto pelo prefeito Mário Kertész na década de 80 em conjunto com o governo de Benin, país onde foram retirados de forma violenta inumeros negros para serem escravizados durante o século XVIII. A casa localizase no centro histórico de Salvador, conectando o Largo do Pelourinho à Baixa dos Sapateiros, bairro do Comércio e Santo Antônio Além do Carmo. O projeto visava um intercâmbio entre os dois países, tendo a Casa do Benin em Salvador e a Casa do Brasil em Benin aproximando as duas culturas.

Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

O caráter cultural do projeto é admirável, pois Lina queria que as pessoas que fossem visitar mergulhassem na cultura africana. Nele foi instalada uma residência diplomática, alojamento estudantil, exposições e restaurante de comidas africanas.

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Inserção Urbana

imagens 4.2 e 4.3

Igreja N. Sra. do Rosário dos pretos

Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

A casa do Benin está localizada no Largo do Pelourinho, cujo nome oficial é Praça José Alencar, no bairro do Pelourinho um dos lugares mais antigos de Salvador. Próximo a ele estão implantados, a Portas do Carmo, Terreiro de Jesus e a Igreja N. Sra. do Rosário dos Pretos.

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imagem 4.4 0

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imagem 4.5 - planta térreo

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A casa do Benin é composta por dois sobrados implantados na esquina com um jardim interno entre eles. Antes da Lina fazer sua intervenção no edifício em 1988, ele passou por um incêndio na década de 70 passando pelo seu primeiro restauro, tendo suas estruturas de madeiras substituídas pelas de concreto.

Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

Lina mantém a fachada dos edifícios, fazendo sua intervenção apenas em seu interior. Ela mescla componentes da arquitetura moderna e contemporânea com a cultura africana e baiana. No qual cobre os pilares com palha de coqueiro traçada e utiliza pré fabricados para estruturas, paredes e as lajes são isostáticas em módulos de 67x67 fundidas em concretagem in loco e placas duplas corrugadas nas paredes. Esses elementos foram feitos pela Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC), coordenado pelo Lelé.

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Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

imagem 4.6 - planta segundo pavimento

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imagem 4.7 - planta terceiro pavimento


O sobrado localizado na esquina, ficou responsável pela Casa do Benin. O projeto da casa, unifica os pavimentos desde o térreo ao terceiro pavimento através de uma abertura. No pavimento térreo está implementado as exposições, no segundo pavimento localiza-se a biblioteca, banheiros e administração e no terceiro pavimento alojamentos para estudantes. A fachada, que faz frente com a Rua das Flores, recebeu a residência diplomática do Benin distribuído em dois pavimentos. O jardim que liga os dois sobrados, foi batizado de Jardim do Benin sendo projetado com as técnicas construtivas africanas, nele está localizado o Restaurante do Benin. O restaurante recebeu uma planta elíptica sendo construído de barro com estrutura de madeira e cobertura de palha.E ao lado do sobrado menor implantouse uma praça de uso público.

imagem 4.8 - planta quarto pavimento

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trechos demolidos da estrutura

paredes do edifício original

imagem 4.9 - corte único

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Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

estrutura executada na administração precedente

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Estrutura por Lelé O projeto estrutural do restaurante do Benin, foi realizado pelo Lelé e coordenado pela Lina, através de uma forma modular sendo construído pela tecnologia de elementos pré-fabricados executado pela Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC), na qual os módulos foram distribuídos de diferentes sentidos. Essa forma arquitetônica, possibilita o fechamento da construção tendo como referência os Tata Sombas, construção vernacular originada do povo Batammariba que utilizam matérias primas presente na região como, barro, madeira e palha. A forma oval remete a fortificação que possibilita tanto a habitação como a segurança dos mantimentos durante os conflitos de colonização.

Bahia de todas as Linas | Casa do Benin

Na imagem ao lado pode-se vê a miniatura estrutural desenvolvida pelos arquitetos para o restaurante e fabricado pela FAEC. A miniatura foi desenvolvida em 2019 na “Oficina-mutirão de arquiteturas impossíveis”.

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imagens 4.10 e 4.11 65


imagem 5.1 - fotografia do restaurante Coati


RESTAURANTE COATI


Contextualização Histórica O restaurante Coati, está localizado na Ladeira da Misericórdia fazendo parte do Plano Piloto da Ladeira da Misericórdia (PPLM). A convite do prefeito Mário Kertész na década de 80, Lina entrou para a equipe juntamente com outros arquitetos como: Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki e Lelé. O plano tinha a premissa de trazer novos usos aos casarões e terrenos abandonados, como serviços, comércio, cultura e moradia para pessoas de baixa renda. O restauro manteve as fachadas dos edifícios mas, seus interiores foram modificados utilizando elementos pré-moldados produzidos na Fábrica de Equipamentos Comunitários da Prefeitura de Salvador (FAEC), sendo coordenada pelo Lelé. Nos terrenos abandonados, foram projetados o Restaurante Coati e o Bar dos Três Arcos, dessa forma consolidava a ladeira voltando-se à baía evitando vazios na paisagem.

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Devido ao momento político de Salvador, o plano foi logo implementado acarretando um distanciamento da população com o projeto tendo consequências futuramente.

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imagem 5.2 - Ladeira da Misericórdia antes da intervenção (1986)


croqui feito pela equipe


imagem 5.3


Em 1989, três anos após o início das obras, houve mudança de gestão na prefeitura de Salvador e o prefeito eleito rompeu o projeto suspendendo os recursos para a finalização do PPLM. O projeto estava na fase de acabamento e com a suspensão das obras acabou sendo invadido e ocupado pela população carente causando sua depredação. Infelizmente o Plano Piloto da Ladeira da Misericórdia (PPLM), nunca foi concluído, voltando para seu estado de abandono. Entre as décadas de 1990 à 2000, a ONG Onda Azul se instalou em alguns edifícios realizando reformas que descaracterizou a linguagem projetual do local e o Coati que inicialmente tinha uso proposto de um restaurante e por alguns anos recebeu a boate Zanzibar, com a saída da ONG logo fechou e o local voltou ao seu estado de abandono. Atualmente a Ladeira da Misericórdia, continua abandonada e isolada da população tendo sua rua fechada por portões pela prefeitura que utiliza o local como acesso a sua sede e para uso da guarda municipal.

imagem 5.5 - 2017: Portão de isolamento instalado pela prefeitura na Ladeira da Misericórdia

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imagem 5.4 - 1989: Estágio final da recuperação do Conjunto de imóveis do Plano Piloto da Ladeira da Misericórdia

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Inserção Urbana

imagens 5.6 e 5.7

Elevador Lacerda

A Ladeira da Misericórdia é um dos pontos mais antigos da cidade e está atrelada a história da cidade alta e baixa desde o século XVI era um dos principais acessos ao centro de Salvador. Por estar localizada na área central, alguns edifícios e monumentos importantes estão implantados próximos como, o Elevador Lacerda, Monumento da Cruz Caída, Museu da Misericórdia e a Praça Municipal.

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imagem 5.8 - Elevador lacerda visto da Ladeira da Misericórdia, em frente ao restaurante Coati

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Casa do Carnaval da Bahia

Ladeira da Misericórdia

Monumento da Cruz Caída

Museu da Misericórdia

imagem 5.9 0

25

50

100 m


imagem 5.10 - planta térreo

imagem 5.11 - planta pavimento inferior

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imagem 5.12 - Janela do Coati vista de fora

imagem 5.13 - Janelas do Sesc Pompeia vista de fora

imagem 5.14 - Janela do Coati vista de dentro

imagem 5.15 - Janela do Sesc Pompeia vista de dentro

Seu interior é composto pela planta circular pensada para envolver a árvore

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O restaurante Coati, foi implantado em um terreno baldio tendo uma mangueira presente que foi incorporada ao projeto e um reservatório de água. O exterior do restaurante causa estranhamento pela sua plasticidade e tecnologia utilizada, e suas aberturas remetendo ao Sesc Pompéia (1982), por onde pode-se avistar o Elevador Lacerda à cidade baixa.

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existente, o pavimento térreo abriga o bar, restaurante, cozinha e banheiros e depósito no subsolo. O uso dos cheios e vazios se faz presente com um jogo de luz e sombra. A luz é filtrada pelas treliças das envasaduras irregulares e o vazio na cobertura que abraça a mangueira ilumina o palquinho presente.

imagem 5.16 - Interior do restaurante

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O terraço e a saída por uma escada externa lateral, não faziam parte do projeto original, sendo incorporado ao decorrer da obra para valorizar o terraço, dele pode-se ver o Forte São Marcelo que acredita-se ser uma das inspirações de forma para o restaurante.

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A função estrutural ficou encarregada pelo Lelé, na qual coordenou as vedações, revestimentos utilizando placas plissadas para compor a estrutura do restaurante.

imagem 5.17 - Revestimento interno


imagem 5.18


Em corte é possível perceber o jogo de níveis criado para poder ajustar o projeto ao contexto existente, tendo a Mangueira como peça principal do desenvolvimento do edifício, que a abraça em seu interior.

2,97

3,40

imagem 5.19 - corte único

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escadarias de acesso à rua

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Bahia de todas as Linas | Referências Bibliográficas

Fotografias e arquivos arquitetônicos

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ANÁLISE URBANA imagem 1.1 - https://live.apto.vc/lina-bo-bardi-biografia-e-obras/ ANÁLISES PROJETUAIS CASA DO CHAME CHAME imagem 2.1 - https://www.archdaily.com.br/br/01-135915/classicos-daarquitetura-casa-do-chame-chame-slash-lina-bo-bardi imagem 2.2 - http://www.institutobardi.com.br/obra_lina. asp?Pagina=5&categoria= imagens 2.3, 2.4 e 2.5 - produzidas via Google Maps pela equipe imagens 2.6 e 2.7 - https://docomomo.org.br/wp-content/ uploads/2020/04/110693.pdf - redesenhado pela equipe imagens 2.8 e 2.9 - http://www.institutobardi.com.br/obra_lina. asp?Pagina=5&categoria= - redesenhado pela equipe imagem 2.10 - https://revistasenso.com.br/zrs-edicao-16/terreiros-decandomble-espacos-do-axe/ imagem 2.11 - https://www.archdaily.com.br/br/01-106899/classicos-daarquitetura-villa-tugendhat-slash-mies-van-der-rohe SOLAR DO UNHÃO imagem 3.1 - https://www.archdaily.com.br/br/778186/classicos-daarquitetura-solar-do-unhao-lina-bo-bardi# imagens 3.2, 3.3 e 3.4 - produzidas via Google Maps pela equipe imagens 3.5, 3.6, 3.7 e 3.8 - http://www.andrevainerarquitetos.com.br/ projetos/?cat=9&id=56&pagina=10/Reforma-do-Museu-de-Arte-Moderna---BA%28em-construção%29.html - redesenhado pela equipe imagem 3.9 - www.nelsonkon.com.br/solar-do-unhao/ imagem 3.10 - https://www.archdaily.com.br/br/778186/classicos-daarquitetura-solar-do-unhao-lina-bo-bardi# imagem 3.11 - https://www.fragatasurprise.com/2012/12/salvador-uma-tardeno-solar-do-unhao.html imagem 3.12 - street view por Google Maps imagem 3.13 - https://artebrasileiros.com.br/arte/entrevista/pola-ribeiroassume-direcao-do-mam-ba-e-diz-que-e-preciso-recuperar-a-alma-do-museu/


imagem 3.14 e 3.15 - street view por Google Maps imagem 3.16 - www.nelsonkon.com.br/solar-do-unhao/ imagem 3.17 - ZOLLINGER, Carla Brandão. O Trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi. In: ANAIS DO 7° SEMINÁRIO DO_ CO.MO, 7., 2007, Porto Alegre. imagem 4.1 - pelourinhodiaenoite.salvador.ba.gov.br/index.php/24-ondevisitar/museus/473-museu-casa-do-benin imagens 4.2, 4.3 e 4.4 - produzidas via Google Maps pela equipe imagens 4.5, 4.6, 4.7 e 4.8 - plantas redesenhadas pela equipe imagem 4.9 - https://arquitecturaviva.com/works/centro-cultural-casa-dobenin-4 - editado pela equipe imagens 4.10 e 4.11- https://issuu.com/memoriassituadas/docs/casa_do_benin_ na_bahia RESTAURANTE COATI imagem 5.1 - https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/lina-bobardi-consagrada-premio-leao-de-ouro-bienal-veneza-2021/ imagem 5.2 - CONSTANTI, Andressa Pinheiro. Intervenção em Sítios do Patrimônio Histórico: Projeto-Piloto da Ladeira da Misericórdia em Salvador. Dissertação de Mestrado. UnB, 2020. imagem 5.3 - https://www.archdaily.com.br/br/917357/restaurantecoati-projetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuelsa/5ce2b5f4284dd1a1c90000c1-restaurante-coati-projetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa-foto imagem 5.4 - https://www.archdaily.com .br/br/917357/restaurante-coatiprojetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa imagem 5.5 - onte: https://www.archdaily.com .br/br/917357/restaurante-coatiprojetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa imagens 5.6 e 5.7 - produzidas via Google Maps pela equipe imagem 5.8 - onte: https://www.archdaily.com .br/br/917357/restaurante-coatiprojetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa imagem 5.9 - produzida via Google Maps pela equipe imagens 5.10 e 5.11 - https://www.larchitecturedaujourdhui.fr/archi-aparteguinee-potin/aa-plan-restaurant-coati-lina-bo-bardi/ - redesenhadas pela equipe

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imagem 5.12 - https://www.archdaily.com.br/br/917357/restaurantecoati-projetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuelsa/5ce2b67d284dd1a1c90000c6-restaurante-coati-projetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa-foto imagem 5.13 - https://www.flickr.com/photos/wiccaverna/8068552453 imagem 5.14 - https://www.portalrosachoque.com.br/noticias/8223/lina-bobardi-e-tema-de-poesia-visual-em-londres imagem 5.15 - https://linabobarditogether.com/2012/08/03/the-making-ofsesc-pompeia-by-marcelo-ferraz/ imagem 5.16 - https://www.archdaily.com.br/br/758645/classicos-daarquitetura-ladeira-da-misericordia-lina-bo-bardi imagem 5.17 - https://www.ibahia.com/se-essa-rua-fosse-minha/detalhe/ noticia/salvador-pelo-olhar-de-lina-bo-bardi/ imagem 5.18 - https://www.archdaily.com.br/br/917357/restaurante-coatiprojetado-por-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa imagem 5.19 - https://www.larchitecturedaujourdhui.fr/archi-aparte-guineepotin/aa-plan-restaurant-coati-lina-bo-bardi/ - editado pela equipe

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Bibliografia Centro Cultural Casa do Benin. Disponível em: <https://arquitecturaviva.com/works/centro-cultural-casa-dobenin-4#lg=1&slide=15 pelourinhodiaenoite.salvador.ba.gov.br/index.php/24-onde-visitar/museus/473-museu-casa-do-benin>. Acesso em Outubro de 2021. FARES, Lucas; LAGO, Lucas. Casa do Benin na Bahia: Projetos, memórias e narrativas. Editora Corrúpio. Salvador, 2021. Clássicos da arquitetura: Solar do unhão de Lina Bo Bardi. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/778186/classicos-da-arquitetura-solar-do-unhao-lina-bo-bardi#>. Acesso em Outubro de 2021. Reforma do Museu de Arte Moderna. Disponível em: <www.andrevainerarquitetos.com.br/ projetos/?cat=9&id=56&pagina=10/Reforma-do-Museu-de-Arte-Moderna---BA-%28em-construção%29. html>. Acesso em Outubro de 2021. Rehabilitacion del Solar do Unhão. Disponível em: <https://arquitecturaviva.com/works/rehabilitacion-delsolar-do-unhao-0>. Acesso em Outubro de 2021. Patrimônio de Influência Portuguesa. Disponível em: <https://hpip.org/pt/heritage/details/1176>. Acesso em Outubro de 2021. IPAC. Disponível em: <http://www.ipac.ba.gov.br/noticias/o-mam-ba-e-peca-chave-da-atuacao-de-linabo-bardi-na-bahia-diz-especialista-do-parana>. Acesso em Outubro de 2021. Restaurante Coati. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/917357/restaurante-coati-projetadopor-lina-bo-bardi-e-lele-pelas-lentes-de-manuel-sa>. Acesso em Outubro de 2021. BARDI, Lina Bo. Lina Bo Bardi: Obra construida. OLIVEIRA, Olivia de (ed.). 1ª edição. ed. [S. l.]: Editorial Gustavo Gili, S.L., 2010. Book: 2G Lina Bo Bardi, Obra construida/ Built work. Zanzibar. Disponível em: <https://linabobardi. wordpress.com/2011/11/27/21/>. Acesso em: 22 Oct. 2021. Casa Chame Chame. Disponível em: < https://www.anualdesign.com.br/saopaulo/projetos/1249/casachame-chame/>. Acesso em Outubro de 2021. Clássicos da Arquitetura: Casa Chame Chame. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-

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OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura. São Paulo: Romano Guerra; Gustavo Gili, 2006.

Bahia de todas as Linas | Referências Bibliográficas

135915/classicos-da-arquitetura-casa-do-chame-chame-slash-lina-bo-bardi>. Acesso em Outubro de 2021.

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