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2a capa_apoios_75:Layout 1 22/7/2011 16:32 Page 33
a r i V a z a f m e Veja qu
Sexo e Saúde
pelo Brasil
Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br
Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com
Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br
Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br
Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br
Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org
Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br
Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA - Fortaleza (CE) www.taconectados.blogspot.com
Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com
Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)
Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com
Agência Fotec – Natal (RN)
União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com
Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)
Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.chamadacontrapobreza.org.br
Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br
Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br
Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br
Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br
Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com
Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org
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Conteúdo
a t i r c s e a n r e z a r P A “
riar ssibilita c ue nos po q s gs, ta n e ciais e blo ferram inúmeras s redes so a e c m re o C fe . o s com ulare internet artilhados ção partic ser comp comunica m e e d d s desses o p io m e s m apropria e valore e s s to s n o e it m u nti s. M screveram ideias, se ntes lugare mas que e e re o e p if d e s is a conto dos m crônicas, iversas e idas suas c pessoas d e h n nagens o c r s de perso ra torna a a ri p tó s is o h rs r u rec reve ão. er para Esc cia, têm a pretens de capa L adolescên u m o e g ia a sem muit c rt n o eficaz de e a infâ nossa rep que, desd mo forma s o c ra Confira na v to la x a p te as mo s. e enxerga hábeis com ar pessoa das letras curiosos e o rs e e emocion iv n to u n o e e envolvem im m c u o e q c h s e inar con iculdade m intimidad if d se s is a d d , o o r dentr m Direitos o mund da fica po reportage in desvendar a a n , ê c is e o v v ão, ciclá dados Nesta ediç ateriais re ga, confira ores de m d ro D ta a c m e e N d Tiro , o trabalho rtigo Nem rcotráfico eis; e, no a ldade e na a u g si e d , Descartáv cia bre violên muito, a recentes so judicam, e re p a d in a ! ue mazelas q Boa leitura brasileira. juventude
”
Quem somos A
Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses oito anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300
Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!
Apoio Institucional
Asso
ciazione Jangada
Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Lima Duarte (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org
Com 12 edições anuais, a Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore).
at en dimen t o ao l eit o r Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org
Revista Viração • Ano 9 • Edição 75 03
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8 Vivendo de reciclagem
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Saiba sobre o dia a dia e as dificuldades que enfrentam os catadores de materiais recicláveis
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Rádio-escola
Escola de Maceió (AL) aprende sobre mídia e respeito à diversidade com experiência educomunicativa
Sustentabilidade em questão
João Felipe Scarpelini, consultor do UNICEF, responde às questões da galera sobre a relação das pessoas com o meio ambiente
18
16
Universo das palavras
Sempre na Vira
Manda vê . . . . . . . . . . . . . 06 De Olho no Eca . . . . . . . . 10 Imagens que Viram . . . . . 12 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Parada Social . . . . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Rango da Terrinha . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35
Emos, Otakus, Skatistas, Mauricinhos e Surfistas... Conheça a variedade de grupos e estilos adotados pelos jovens
22
Conheça histórias de escritores desconhecidos do grande público que, desde a infância ou adolescência, mostram ter intimidade com as letras
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Tribos urbanas
Juventude e violência
e problemas sociais Artigo aborda dados recentes sobr ns no Brasil jove e enfrentados por adolescentes
Encantamento Crianças participantes da produção de um jornal mural em Guiné-Bissau ficam fascinadas com a comunicação
26 29
Participação Popular
Conheça o papel dos conselhos municipais no contex to do regime democrático brasileiro
E eu com isso?!
Fique por dentro do debate sobre políticas públicas para a juventude na nova seção da Vira
RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Revista Viração - ISSN 2236-6806 Conselho Editorial Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino
Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira
Conselho Pedagógico Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion
Presidente Juliana Rocha Barroso
Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa
Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento
Direção Executiva Paulo Lima e Lilian Romão
Equipe Adrielly dos Santos, Aleska Drychan, Ana Paula Marques, Bruno Ferreira, Douglas Lima, Elisangela Nunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, Gisella Hiche, Manuela Ribeiro, Mariana Rosário, Sonia Regina e Vânia Correia
Administração/Assinaturas Douglas Ramos e Norma Cinara Padilha
Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão
(Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Cláudia Fabiana), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves) e São Paulo (Ana Luíza Vastag, Damiso Faustino, Sâmia Pereira e Virgílio Paulo).
Colaboradores Antônio Martins, Clarissa Barbosa, Edmar Junior, Johnson Sales, Fernanda Forato, Heloísa Sato, Henrique Parra, Lentini, Márcio Baraldi, Maria Rehder, Natália Forcat, Novaes, Sérgio Rizzo e Tayane Scott.
Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri
Desenvolvimento do Site Orlando Libardi
Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300
Divulgação Equipe Viração
E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org
Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior
R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00
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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.
Fale com a gente! E-mail
Diga lá
@frontelle, via Twitter: Fico feliz que estamos conseguindo (finalmente) desenvolver educomunicação na região. Espero poder contar com a ajuda da galera da @viracao.
E-mail Olá, Viração! Sou professora de História e vou fazer um projeto com o 1° ano do ensino médio e a 8ª série do ensino fundamental, para que eles produzam artigos. Eu estou explicando para eles como funciona a Viração. Gostaria de trabalhar com a revista em que vocês abordam o movimento LGBT, porque trabalho em uma escola onde um homossexual já foi agredido. Ligiane de Meira
Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta! Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao
Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.
Resposta: Ficamos felizes em saber que a semente da educomunicação está sendo plantada em novos lugares! Conte conosco para o que precisar!
Resposta: Gostaríamos de parabenizá-la pela iniciativa de estimular a produção de comunicação entre os seus alunos como forma de entendimento e aceitação da diversidade. A edição que traz uma reportagem a respeito do Movimento LGBT é a de n° 55, disponível em: www.issuu.com/viracao.
Ops! Erramos!
Sinto informar que vocês foram muito infelizes em sua reportagem da edição nº 72 de maio de 2011, com manchete 1 Mega pelo menos. Aqui não temos banda larga, mas a “banda estreita” que temos nos possibilita saber usar um computador, passar e-mail, entrar no orkut, e muito mais. Talvez você não saiba nem em que Região fica situado o Estado do Amapá. Já que tem banda larga aí, não custa nada navegar na net e pesquisar mais sobre os assuntos que vão publicar.
Resposta: Prezado sr. Wandercy, Dentro da realidade brasileira, em algumas regiões com menos infraestrutura, os jovens sofrem ainda mais as consequências da exclusão social. Nosso imenso respeito aos Estados de Roraima e Amapá, nos quais grande parte da população não pode exercer seu direito humano à comunicação. Continue participando, enviando sugestões, ideias e críticas construtivas, pois esse é o formato de comunicação e diálogo no qual acreditamos.
Na seção Manda Vê da edição de maio de 2011 (n°72), publicamos uma foto junto ao depoimento de Rhayner Eduardo que não corresponde com o jovem. Ele já havia dado depoimento para a seção da edição n° 70, na qual está a verdadeira imagem dele. E na nossa última edição (n° 74), esquecemos de creditar Eric Silva, da Redação, como um dos autores da seção Manda Vê. E em vez de creditarmos Rones Maciel, do Virajovem Fortaleza (CE), como um dos autores da reportagem de capa Câmera na Mão, colocamos “Francisco Rones”. Pedimos desculpas pelos erros.
Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!
Wandercy Silva
Parceiros de Conteúdo
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Manda Vê Débora Delgado, Ingridy Almeida, Mariana Pailley, Sandro Reis Silva e Emilia Merlini, do Virajovem Lima Duarte (MG), e Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*
Muitos acreditam que a mídia exerce grande influência sobre os seres humanos. Decidimos abordar esse tema depois do que aconteceu na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. A mídia costuma falar exaustivamente sobre crimes e catástrofes, com apenas a intenção de vender notícias, chegando às vezes a desrespeitar as vítimas e suas famílias, além de poder motivar outras pessoas a cometer crimes semelhantes.
A mídia, por meio das novelas e da publicidade, por exemplo, também pode influenciar a personalidade das pessoas, o comportamento, o conceito de beleza e de estilo, criando padrões a serem seguidos e fazendo com que a realidade de muitos seja um produto vendido na telinha da TV. Por essa razão, buscamos saber a opinião dos jovens perguntando:
“Como você acha que a mídia interfere nas escolhas, na cultura e na violência?”
c Hudson Oliveira, 21 anos, Lima Duarte (MG)
“A mídia, juntamente com a globalização, é a responsável pelas famosas modinhas e disseminação das variadas tribos. A mídia também é diretamente responsável pelas altas taxas de vício devido às propagandas persuasivas. Contudo, não considero a mídia uma vilã, pois por meio dela criamos importantes laços com as pessoas e o mundo.”
06 Revista Viração • Ano 9 • Edição 75
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Adriano Barbosa, 18 anos, São Mateus (ES)
“Atualmente, a mídia é uma ferramenta muito importante para a formação da sociedade, e através dela obtemos grandes informações, que influenciam na vida das pessoas tanto para o mal quando para o bem.”
Tayara Amaral, 23 anos, Lima Duarte (MG)
“A mídia exerce influência por meio da audiência e repercussão de todo seu material. Ela funciona como reflexo de comportamentos da sociedade, podendo mobilizar para causas relevantes e levantar discussões acerca do comportamento humano. Um exemplo é a Lei Maria da Penha, cuja discussão foi levantada após a exibição de uma novela. O poder da mídia é filtrado por seus consumidores. É preciso senso crítico dos telespectadores, ouvintes e leitores da notícia.”
* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org e mg@viracao.org)
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Rubilane Rodrigues, 23 anos, São Mateus (ES) Raphael Verly, 21 anos, São Mateus (ES)
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a para avés ções, s
“Hoje, a mídia e as redes sociais estão totalmente integradas com o meio social e cultural do mundo, facilitando as pessoas a adquirir um produto sem precisar sair de casa. Fazendo um bom uso das mídias, podemos ampliar o nosso conhecimento, mas pessoas usam a internet para marcar briga entre times e grupos sociais.”
Isabel Evangelista, 29 anos, Lima Duarte (MG)
“A mídia interfere muito em nossos costumes e até mesmo em nossas escolhas, sem falar na violência que propaga diariamente e que, muitas vezes, é imitada pelos cidadãos. Infelizmente, esta interferência acontece de maneira exagerada. A mídia dita as regras e a população tenta acompanhar. Para tentarmos combater um pouco esta interferência exagerada seria preciso que nossa sociedade fosse capaz de formar cidadãos mais conscientes.”
“A mídia sempre teve uma grande influência sobre o comportamento da sociedade, e com a cultura e a violência não poderia ser diferente. Hoje, a mídia tem um grande alcance podendo levar qualquer tipo de informação a um grande número de pessoas, podendo interferir na vida das pessoas.”
Melaine Thie Takahasi, 14 anos, Terra Roxa (PR) “Ela está sempre presente em nossas vidas e em nossas decisões, o que faríamos sem ela? Interfere em nossos costumes, em como nos vestimos, como comemos. Quando vemos algo na internet ou na TV ou escutamos uma música, acabamos gostando e comprando. A mídia interfere também quanto à violência, quando alguém vê um filme, um jogo de tiro e quer fazer igual. Ela possui um lado ótimo de informar, e um ruim de influenciar coisas erradas.”
Alice Holz Tessinari, 20 anos, São Mateus (ES)
“Hoje em dia, a mídia interfere sim. Muitas pessoas se baseiam em coisas que veem através da mídia para vestir, expressar, comunicar, agir e pensar.”
Não é de hoje Os Estudos Culturais, que surgiram no início na década de 1960, e hoje são referência nos estudos de mídia, passaram a pesquisar a relação desta com os processos sociais, como a cultura. Segundo esta corrente teórica, o receptor das mensagens não é passivo e reelabora as mensagens dentro de si. Apesar disso, verificaram que os meios de comunicação de massa são elementos ativos na construção de modos de vida, que reproduzem e transformam crenças, valores e visões de mundo e, portanto, interferem no sentido que é atribuído à realidade e às identidades.
Um triste exemplo de como a mídia nos influencia é mostrado pelo documentário Criança, a alma do negócio (Brasil) que tem direção de Estela Renner e pode ser baixado gratuitamente pela internet. O filme trata do desejo de consumo de crianças e do papel da publicidade nisso. Mostra meninas que aos cinco anos de idade vão à escola maquiadas e crianças que preferem comprar em vez de brincar.
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i
Direitos descarta veis apresentam Catadores de materiais reciclá
as dificuldades desse trabalho
no dia a dia
Cássia Alves, Veronica Brito e Weder Marques, colaboradores da Vira em Guarulhos (SP)*
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Catador no Bairro dos Pimentas, em Guarulhos (SP)
08 Revista Viração • Ano 9 • Edição 75
oje, no Brasil, existem 500 mil catadores de lixo. Desse total, dois terços trabalham em São Paulo e, em sua maioria, têm entre 40 a 55 anos, segundo informações de Rodrigo Martins, da Agência USP. O trabalho dos catadores consiste em recolher material descartado que pode ser reciclado, como papéis, vidros, metais, etc. Atualmente, a dificuldade em encontrar trabalho após os 40 anos leva algumas pessoas a recorrer ao trabalho de catador como meio de sobrevivência. Em Guarulhos (SP), no Bairro dos Pimentas, esta realidade não é diferente, como contou à nossa reportagem a catadora Joana (nome fictício), sobre os motivos que a levaram a esse trabalho. Ao se separar do marido, grávida, com dois filhos pequenos e sem nenhuma qualificação profissional, Joana encontrou apenas essa alternativa para sobreviver. Quando se mudou para Guarulhos, sofreu muita discriminação pelas suas condições, chegando a passar fome. Quando ganhou uma geladeira velha e a transformou em um carrinho de catador, passou a obter o seu sustento. Em nossa sociedade, podemos perceber que os indivíduos que só possuem sua própria força de trabalho e não encontram emprego têm na coleta de materiais recicláveis uma fonte de sobrevivência. O que para muitos é lixo que não serve mais pra nada, para outros se torna fonte de renda. Esses catadores, além de ganhar a vida coletando e separando materiais recicláveis, ajudam a preservar o meio ambiente. A renda mensal deles é muita baixa, chegando a menos de um salário mínimo. Além da remuneração insuficiente, não possuem direitos garantidos, como carteira assinada, seguro
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veis desemprego, entre outros. O valor do salário deve-se também aos atravessadores que compram os matérias dos catadores por um preço muito baixo e os revendem por um preço mais alto. O trabalho dos catadores é muito insalubre, porque eles ficam expostos ao risco de pegarem doenças. A profissão é arriscada devido ao fato de não possuírem proteção e ficarem vulneráveis à contaminação. Devido a esse grande número de catadores em várias regiões do Brasil, eles começaram a se organizar em cooperativas, local e nacionalmente, reivindicando direitos trabalhistas para esse ofício. Um exemplo dessa organização é o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, que existe há 10 anos e luta por seus direitos promovendo passeatas. Apesar da profissão não ser ainda respeitada, esse é um meio de sobrevivência digno diante do processo de precarização do trabalho formal. Além disso, é um meio de ajudar o meio ambiente contra os efeitos da acumulação dos resíduos produzidos pela população. Por isso, antes de olharmos torto para aqueles que limpam nossa cidade, devemos ter respeito e ajudá-los na transformação dos seus direitos e na responsabilidade com o mundo. V *Texto e fotos produzidas por estudantes da Escola Estadual Maria Aparecida Rodrigues, de Guarulhos (SP). O trabalho resulta de uma oficina realizada pelo projeto de monitoria Ciências Sociais, Linguagens e Tecnologias, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A importância do trabalho de catadores de materiais recicláveis ainda é pouco reconhecida pela sociedade
Tabela de preços de um ferro velho
Revista Viração • Ano 9 • Edição 75 09
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*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).
30 Revista Viração • Ano 9 • Edição 75 10 73
i
U
m conceito é importante quando falamos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes: sua indivisibilidade. Essa ideia destaca que, assim como todos os direitos humanos, os direitos infantojuvenis não existem isoladamente, são tão interrelacionados que é praticamente impossível tratálos como um só. Um jovem que não tem seu direito à alimentação e moradia atendidos, por exemplo, é diretamente prejudicado em seu direito à educação ou à cultura, e vice-versa. E é exatamente porque tais direitos são indivisíveis que se fala tanto em proteção integral de crianças e adolescentes. Uma proteção que garanta a integralidade desses direitos, e não privilegie um ou outro. O ECA expressa esses conceitos quando determina que “a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios” (art. 86). Essa articulação é a ferramenta encontrada para conquistar essa proteção integral e se concretizou com a criação do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA). Mas a única maneira desse sistema funcionar plenamente é mudar a concepção do papel social de cada um desses órgãos. Eles precisam compreender que todos são igualmente importantes e responsáveis para a garantia dos direitos infantojuvenis e, por isso, devem trabalhar com o espírito de equipe.
É preciso que todos os órgãos, governamentais e não governamentais, integrantes desse sistema aprendam a trabalhar em rede e se proponham a compartilhar ideias e experiências e a decidir juntos a melhor solução para os problemas encontrados. Somente com o empenho e a atuação conjunta de todos os integrantes será possível resolver os problemas de maneira rápida e eficaz, restabelecendo a garantia dos direitos violados de uma criança ou um adolescente. Assim sendo, se todos são responsáveis pela solução dos problemas, é essencial que também façam parte do processo de criação e monitoramento dessa rede de proteção em cada município, analisando e discutindo as políticas públicas e os assuntos relacionados ao correto funcionamento da rede, bem como dos órgãos integrantes. V tin
sa ou
Rede de proteção aos direitos
Larissa Pereira Ocampos, do Portal Pró-Menino*
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Ivo S
A C E o n o De olh
Para montar corretamente essa “equipe” que compõe o Sistema de Garantia, o grande Para S aber desafio é a articulação. Essa tarefa é de responsabilidade de toda a sociedade brasileira, Mais que deve auxiliar na identificação e no combate à violação de direitos. Você, como adolescente, pode colaborar, e muito, com essa luta. Os ditos atores não governamentais vão desde entidades mais abstratas, como a comunidade e a sociedade em geral, até a família. E é assim que você pode participar! Ou seja, ponha a mão na massa! Entre em contato com o Conselho Tutelar ou com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de seu município e descubra como você pode ajudar.
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Mídias Livres
Nas ondas do rádio esco
Experiência de rádio-
lar
ciais no ambiente esco
ora as relações so la em Maceió (AL) melh
Roberta Batista, do Virajovem Maceió (AL)*
E
Virajovem Mace
ió (AL)
dgar Roquette-Pinto, o carioca que criou a primeira estação de rádio do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, também idealizou a rádio-escola. Há pouco mais de dois meses, um Primeiro, tem que ter respeito. Tem que pensar em que tá ouvindo”, grupo de alunos da Escola Estadual Geraldo Melo dos Santos, na diz o aluno Diego Santos, um dos operadores de áudio. cidade de Maceió (AL), vem surfando nessas ondas. “Informação é tudo, por isso gosto de ficar na rádio”, O fundador do rádio brasileiro certa vez disse: “Eis uma complementa o estudante Fybelles Verçosa, um dos locutores da máquina importante para educar nosso povo”. A primeira lição que rádio Geraldo News. O colega de Fybelles e de Diego, Marcos essa máquina passou para os estudantes do Geraldo Melo foi o Bernardo, ainda não entrou “oficialmente” para a rádio. Ele verdadeiro significado da palavra respeito. explica que quer participar porque acha legal a interação social: Placa na porta, microfones, mesa de som, amplificador, “Gosto de estar com a comunidade, quero mostrar a verdade computador e um voluntário disposto a ensinar as artimanhas desse que os jornais omitem”. meio de comunicação, essa é a rádio-escola do Geraldo Melo. As Antes, qualquer música que não agradasse gerava chutes na caixas de som ficam ligadas durante 20 minutos, nos intervalos dos porta da rádio. Mas a lição passada turnos matutino, vespertino e noturno. por Messias para quem coloca a O grupo se reveza para que todos rádio no arVtambém tem alcançado possam mostrar serviço. Quem tem aula os outros alunos da Geraldo Melo: a em um horário, vem no outro. As rádio é de todos, e todos os gostos responsabilidades também são dividas, devem ser respeitados. Agora, os tem diretor de programação, repórter, mais exaltados batem à porta e locutor e operador de áudio. pedem as músicas que gostam. Todos aprenderam a tocar a rádio E tem mais gente chegando com o seu Messias, um vizinho voluntário para ajudar. Um projeto de da escola. O grupo é formado por 11 extensão da Universidade Federal estudantes, mas não é a vontade deles que de Alagoas, o Juventude, Educação prevalece. A turma que faz a rádio Estudantes da EE Geraldo Melo dos Santos e Comunicação Alternativa funcionar aprendeu com o Messias que o (Jeca) chegou ao colégio aprendem a respeitar a diversidade com mais importante é fazer a rádio para quem para reforçar a educação feita a experiência da rádio-escola está ouvindo. pela mídia e sobre a mídia. O Jeca é “Eu gosto de rock, mas o professor Messias ensinou que a aquela prancha, a que vai servir para os pequenos surfistas da gente não faz a rádio pra gente, mas para o pessoal que está educomunicação. O mar é aquela máquina da educação idealizada ouvindo. Como tem gente que não gosta, não posso só tocar rock. por Roquette-Pinto. V
* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (al@viracao.org)
Revista Viração • Ano 9 • Edição 75 11
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IMAGENS QUE VIRAM
A arte de congelar o presente Texto: Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)* Fotos: Jéssica Delcarro e Raphael Verly
E
m 19 de agosto se comemora o Dia Mundial da Fotografia, e o Imagens que Viram não poderia deixar essa data passar em branco. Por isso, acompanhamos a rotina do jovem Raphael Verly, de 21 anos, fotógrafo profissional que mora na cidade de São Mateus (ES). Raphael fotografa eventos e pessoas nas mais diversas situações, dedicando-se à arte de congelar o presente para eternizá-lo para futuras gerações. A fotografia é uma arte antiga, ao contrário do que muitos pensam. Ainda no século 16, Leonardo Da Vinci já utilizava recursos de uma câmara escura para captar imagens e depois fazer suas pinturas. Mas a primeira fotografia reconhecida é do século 19, época em que uma foto podia levar cerca de oito horas para ser realizada. Muito diferente da realidade atual, que em poucos segundos conseguimos fazer fotos de qualidade apenas com um celular. V
12 Revista Viração • Ano 9 • Edição 75
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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org)
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a r e l a G
r e t r ó Rep
Meio ambiente vira conversa de bar
Sustentabilidade ambiental se popularizou e já não é mais assunto só de cientistas, afirma o jovem ativista João Felipe Scarpelini Adolescentes e Jovens da Agência Jovem de Notícias, Cidade Escola Aprendiz, Pira na Notícia e Plataforma de Centros Urbanos
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urante o encontro Diálogos sobre Juventude e Comunicação, que rolou no último dia 15 de julho, no Teatro da Vila, em São Paulo, 120 adolescentes e jovens se dividiram em grupos para discutir sua relação com o meio ambiente. Após esse batepapo, puderam formular perguntas para especialistas no assunto. Entre eles, estava João Felipe Scapelini, que respondeu por e-mail às questões elaboradas durante o encontro. Os questionamentos foram muitos e uma tarde não foi suficiente para que todas as dúvidas fossem esclarecidas. João Felipe tem 25 anos, é um ativista e empreendedor social, consultor do UNICEF e representante da América Latina e Caribe no conselho de jovens da ONU-HABITAT. Pelos últimos 12 anos, vem defendendo um engajamento mais significativo da juventude em tomadas de decisões e no reconhecimento como parceira nos esforços de desenvolvimento em todo o mundo.
Confira as respostas de João Felipe a algumas perguntas que não puderam ser respondidas durante o Diálogos sobre Juventude e Comunicação, promovido pela Viração Educomunicação, Associação Cidade Escola Aprendiz e diversos outros parceiros: Viração: Como a cultura pode auxiliar a população a se conscientizar sobre o tema da sustentabilidade e, assim, fazer com que este debate chegue até o poder público? João Felipe: A sustentabilidade, por muito tempo, era tratada como assunto de cientistas e de políticos, e não como uma coisa do dia a dia. Foi justamente através da música, da poesia, do teatro e da literatura que esse mito foi sendo quebrado, e o tema se popularizou. Hoje, grande parte da população entende sustentabilidade como algo que está relacionado com suas rotinas cotidianas, com as decisões e atitudes que tomam e justamente por isso se sentem mais aptos a
Linha do Tempo João começou sua militância quando tinha 13 anos e, desde então, nunca mais parou. Ele vem se engajando em diversas causas, campanhas e movimentos.
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Aos 17 anos, liderou uma campanha para estabelecer o Conselho Municipal da Juventude em Santos e, mais tarde, foi eleito conselheiro de juventude da cidade.
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importante que, além de fazer, todos se preocupem um pouco em também passar as informações e o conhecimento adiante, porque só assim podemos criar uma massa crítica grande o suficiente para realmente ser capaz de mudar alguma coisa. Como um jovem pode criar propostas ou sugestões para o poder público e suas questões serem ouvidas, respondidas e possivelmente solucionadas visando melhorias para o ambiente onde se vive? Primeiro, o jovem tem que buscar entender os processos de decisão de sua cidade, e quais os caminhos de participação já existentes. No geral, o poder público existe para representar o povo e, justamente por isso, os jovens já possuem plataformas de participação como conselhos e comissões municipais, fóruns temáticos e tudo mais. Uma vez que o jovem passa a conhecer melhor quais são os processos em vigor na sua cidade, é preciso se organizar e buscar formas de se engajar. Não existe uma fórmula pronta, nem uma receita de bolo. Como desconstruir a crença de que ser feliz está diretamente ligado ao que consumimos? Hoje, a sociedade vive em função do “ter”, e mais e mais as pessoas acreditam que as coisas que elas possuem são fator determinante de quem elas são. Por isso, o que precisamos é justamente uma mudança cultural. Precisamos resignificar o que entendemos por felicidade, tentando cada vez mais separar a felicidade das coisas materias que possamos vir a possuir. V
“É importante que todos se preocupem um pouco em passar as informações e o conhecimento adiante, porque só assim podemos criar uma massa crítica grande o suficiente para realmente ser capaz de mudar alguma coisa.” João Felipe Scarpelini
oal Arquivo pess
participar de um debate mais amplo, e de questionar as posições, as políticas e as decisões do poder público. Como a mídia pode ajudar e influenciar as crianças e jovens em relação ao meio ambiente? Acho que a mídia precisa assumir uma responsabilidade formadora, de inspirar jovens e adultos com histórias positivas, mostrando que já existem muitas alternativas. E claro, mais do que apenas citar exemplos, é preciso mostrar os processos e motivar mais e mais pessoas a fazer o mesmo. A mídia também tem um papel fundamental de alimentar o debate, de trazer outras vozes, outros personagens e garantir espaço para que eles também sejam ouvidos na arena política e nos processos de decisão. Como o desperdício, o consumismo e o tempo afetam o meio ambiente? O desperdício está diretamente relacionado a essa cultura consumista que cresce a cada dia. Ambos têm um impacto muito grande no nosso meio ambiente. Nos habituamos a jogar fora tudo que não serve pra nós, simplesmente sem pensar de onde é que isso veio, e onde é que vai parar. Acabamos usando muito mais recursos naturais para produzir mais e mais. E como a produção aumenta, aumentam também o desperdício e a produção de lixo, daí temos que expandir nossos aterros sanitários. É como uma bola de neve! E claro, quem perde somos nós e nosso meio ambiente. Como incentivar e conscientizar a sociedade a formar uma nova educação ambiental, começando na educação básica? Nós precisamos mudar nosso discurso. Parar de falar apenas sobre cenários catastróficos e desafios globais, que são enormes e distantes, para começar a falar dos desafios mais concretos que enfrentamos no nosso dia a dia. É preciso resignificar a educação ambiental, justamente para trabalhar desafios atuais como as enchentes, gestão do lixo, falta de água potável e a poluição do ar. Quando as coisas são distantes e muito grandes, faz com que a maioria das pessoas não consiga se identificar como um ser responsável e que tem um poder de transformação. Quais ações poderiam ser desenvolvidas para que as pessoas utilizem seu tempo útil em prol do meio ambiente? Acho que nossa principal ação é a de multiplicar informações. Claro, todas as coisas que eu mencionei até agora são válidas, e acho que cada um precisa e deve buscar a sua própria maneira de contribuir para um mundo melhor. Mas sozinhos, somos muito pequenos para garantir a transformação que realmente precisamos. Por isso, é
Fez parte do processo brasileiro do Tirando Acordos do Papel (Making Commitments Matter), iniciativa que mapeou, comparou e avaliou políticas nacionais de juventude no Brasil.
2004 * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org e redacao@viracao.org)
Desde então, é consultor do UNICEF Zâmbia, onde lidera o programa Unite for Climate Zâmbia
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Que estilo cola
Qual é a sua turma? lheu o seu?
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Existem muitas opções na hora de enco
Tayane Scott, colaboradora da Vira em São Paulo (SP)
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ajudar a acabar com as brigas. “Muitas pessoas não aceitam que seus filhos façam parte de alguma tribo porque criam uma expectativa com relação a eles. Querem que o adolescente siga um modelo específico. Mas é importante que os pais e a sociedade em geral entendam que as tribos fazem parte da vida do adolescente e não é porque, em algum momento, seu filho participa de uma tribo que ele fará parte dela para sempre”.
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EMO O que é: os emos surgiram no Brasil em 2003 junto com o estilo musical emocore, que engloba o som pesado do punk rock com letras que falam de sentimento, emoções. Essa tribo dá preferência a roupas pretas, às listras e ao xadrez. Maquiam os rostos com lápis preto, usam franjas caídas no rosto. São considerados emotivos e sensíveis. Lucas Jordi de Oliveira, de 17 anos, diz que se tornou emo porque acha legal o estilo de vestir da tribo. “Eu acho que o emo é da hora porque ele é carismático e amigável. Muita gente fala que emo só vive chorando, mas isso foi coisa que inventaram”.
Flickr xJasonRogersx
mos, mauricinhos, geeks, surfistas, metaleiros, nerds, micareteiros. A quantidade de nomes é infinita, maior do que a escalação do seu time do coração ou do que os elementos da tabela periódica. Não dá pra contar quantos grupos diferentes existem hoje entre os adolescentes. Cada uma dessas tribos tem um estilo próprio, gírias que só quem é do grupo entende e um jeito único de encarar a vida. Ou seja, tem de tudo para todos os gostos. E mais: você pode escolher uma hoje, outra amanhã, até encontrar aquela em que melhor se encaixe. Escolher quem ser e onde se encaixar é uma necessidade típica da adolescência. É nessa fase que as amizades começam a se tornar mais maduras e os amigos passam a ocupar um lugar de destaque, muitas vezes maior que o dos pais. A psicóloga Olga Tessari, especialista em adolescentes, explica a importância de se sentir parte de um grupo nessa idade: “Como o jovem ainda está construindo a sua própria identidade, ele precisa se sentir inserido em algum grupo até para definir o que ele quer para si, o que ele vai ser no futuro. É como se ele tivesse a necessidade de estar entre iguais para poder interagir com o mundo”. Mas algumas tribos podem trazer problemas no lugar da interação e de novas amizades. São aquelas a favor do racismo, da homofobia ou coisas do gênero e saem tocando o terror por aí. Muitos pais acham estranho o estilo adotado pelos filhos e, nessas horas, podem começar a surgir conflitos dentro de casa. Se isso acontecer, tem que rolar um esforço dos dois lados para resolver a situação da melhor forma. Conversar e tentar entender a cabeça dos pais pode
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SKATISTA
O que é: apaixonados por animes, mangás e cultura japonesa em geral. A tribo vem ganhando força nos últimos anos e tem uma curiosidade. No Japão, ser considerado otaku é uma ofensa, já que esse rótulo é atribuído a pessoas muito viciadas em um determinado assunto. Mas por aqui sentem orgulho em fazer parte desse grupo. Robson Henrique Pedroso, de 20 anos, diz que escolheu fazer parte dessa tribo por gostar de anime e mangá, coisas raras onde mora. “Ser otaku é gostar de assistir anime sem dublagem, no original japonês mesmo, é cantar músicas de anime em japonês. Otaku tem uma forma específica de vestir, falar e agir”.
Flickr miggslives
OTAKU
O que é: o skate chegou ao Brasil na década de 1960, mas só explodiu mesmo na década de 1990, com o crescimento de praticantes e de eventos voltados para este esporte. A tribo dos skatistas é conhecida pelas roupas mais largas e bonés. Lucas Gabriel da Silva, de 18 anos, diz que escolheu ser skatista porque gosta do esporte desde pequeno. “Aprender a levar as coisas com mais diversão, ver o lado bom de tudo e sempre procurar evoluir, não só no skate, mas como pessoa também, e um dia conseguir mudar pelo menos um pouco do padrão do skatista que a sociedade está acostumada a julgar sem conhecer”.
MAURICINHO O que é: grupo de garotos exageradamente bem arrumados e, geralmente, com muito dinheiro. Essa tribo se caracteriza pelas roupas sempre de marca, que vestem para chamar atenção. Adoram a noite e a vida agitada. Thássio Araújo, de 19 anos, conta que gosta de luxo, objetos e roupas de valor. “Ser mauricinho é ter tudo do bom e do melhor: o carro mais caro, a roupa mais absurda de cara, o melhor celular, ter pinta e segurança que você pode comprar tudo”.
SURFISTA Flickr mikebaird
O que é: a tribo já é antiga. Apareceu nos anos 1950 nos EUA e chegou aqui alguns anos depois. Os surfistas, normalmente, não curtem baladas, grifes e vida noturna agitadíssima. Preferem aproveitar o dia na praia, pegando onda e tranquilidade. Leandro Corio, de 20 anos, começou no surf aos 12, quando ia com seus pais para o Guarujá, cidade do litoral de São Paulo. “As meninas se amarram nos surfistas e não tem nada mais prazeroso e relaxante do que ficar horas no mar, esperando o momento certo de pegar a onda. Me faz esquecer os problemas. Outra coisa legal é que a turma de surfista é muito unida”.
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Ler para Escrever a leitura Jovens escritores contam que
o na escrita
é fundamental para o sucess
Texto: Irisbel Correia e Juliana Cordeiro, do Virajovem Curitiba (PR)*, e Bruno Ferreira, da Redação Toy Arts: Ana Paula Marques e Manuela Ribeiro, da Redação
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ser melhorado. Foi quando decidiu fazer um curso para aperfeiçoar a estética do seu texto. “As oficinas serviram para lapidar minha forma de escrever. No início, recebi críticas com relação às rimas existentes. As críticas são bem vindas para sempre melhorar, o problema é que muitos não sabem ou não conseguem aceitá-las”, conta o engenheiro. Fábio, Rita e Ana Lúcia se conheceram durante as oficinas ministradas na Fundação Cultural de Curitiba. Nesse período, o engenheiro publicou o livro Do vinho às emoções, no qual relacionou o vinho com obras de arte. A partir daí não parou mais. Fez oficina de crônicas, seu estilo literário atual. Após o término das oficinas, os três escritores inspirados pela professora que os desafiavam a escrever a partir de um determinado tema ou objeto, decidiram continuar se encontrando para produzir e discutir literatura. A diferença é que eles escolhem os temas de cada encontro e “fiscalizam” a produção uns dos outros. “O melhor da escolha dos temas em grupo é a pesquisa para incrementar o conhecimento”, afirma a administradora Rita Vaz. Fernan
m uma conversa informal, Ana Lúcia de Paulo Superchinumski, Rita Vaz e Fábio Filipini, falam de suas descobertas e desafios no mundo literário. Eles fazem parte de um grupo de seis amigos que, apesar das profissões diferentes, possui um elo em comum: a literatura e o amor pela escrita. Uma vez por mês eles se encontram para ler seus textos uns para os outros. Fazem críticas e, ao mesmo tempo, criam novas tarefas para serem cumpridas durante o tempo que ficam sem se ver. O desafio para quem gosta de se embalar nas viagens literárias é sempre ter a mente aberta, pronta para criar, imaginar e, ao fim, escrever para o outro. “O que eu quero é me comunicar, sem estar presente. Chegar às pessoas que não vou conhecer”. É assim que a estudante de jornalismo Ana Lúcia, de 21 anos, define o objetivo pelo qual escreve. Desde os 10 anos, a estudante visita bibliotecas com o pai e tornou-se uma escritora de histórias envolventes, com enredos que fazem com que seus colegas Rita Vaz e Fábio Filipini a descrevam como sendo uma “máquina de escrever ambulante”. “Ela escreve e não para, o esforço dela é escrever um texto mais curto. A tendência dela é fazer romances. Ela tem facilidade de escrever, criar personagens e fazer diálogos”. É com essa descrição feita por Fábio Filipini e Rita Vaz sobre o perfil de Ana que iniciamos nossa viagem pelo universo desses escritores. Eles que, apesar de não terem o patrocínio de editoras famosas, têm vários leitores, seguidores de seus blogs na internet. O engenheiro Fábio Filipini é um deles. Morador de Curitiba, tem uma rotina diferente durante os finais de semana e nas horas vagas. Além de ter a matemática como sua companheira diária, Fábio escreve crônicas, que são postadas em seu blog. Desde criança, gosta do universo das letras. No entanto, voltou a escrever com maior frequência, após fazer um curso de Sommelier (degustador de vinhos). “Durante as aulas comecei a ter inspiração e relacionava o vinho à arte, escrevia poesias com isso. O vinho se tornou a minha paixão.” Apesar do amor pela escrita, Fábio percebia que seu estilo precisava
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Arquivo pessoal
Escritora desde 2008, Rita já fez diversos cursos para aperfeiçoar a escrita. “O contato com os diferentes profissionais, já que cada um tem uma profissão e não vive da literatura, enriquece o Os amigos Rita, Fábio e Ana conhecimento”, afirma. A escritora encontram-se para tem duas colunas em um jornal avaliarem suas produções local, o Plantão da Cidade: Contos e Crônicas e Em todas as Telas. Além disso, tem cinco contos publicados no livro 50 contos com 14 autores, resultado das oficinas que fez. Para esses escritores, a escrita é a consequência da leitura. Todos sempre foram incentivados pelos familiares a ler. “Para a pessoa escrever, tem que ler. Eu sempre fui motivada a ler, porque meus pais leem, e incentivo meu filho a ler também. As famílias deixaram para a escola a educação geral dos filhos”. Para o professor de Literatura Adízio Gomes de Freitas Junior, alunos que têm uma ótima escrita conseguem êxito por meio de leitura fora da sala de aula. Ainda de acordo com o professor, aqueles que conhecem os benefícios de ler bons livros acabam se tornando incentivadores da literatura. “Adultos que têm o hábito de leitura, influenciam os seus filhos e, desde a infância, os presenteiam com livros”, afirma Adízio. Além da leitura, é preciso ter dedicação e gostar do que faz. “Escrever todo mundo escreve, mas é preciso ter prazer em fazer. Ao escrever, você Jovem memorialista compartilha ideias e pensamentos com as pessoas”, Alfabetizado aos dois anos de idade, o jornalista Fábio Silva afirma Rita. Para Fábio, é preciso ter rigor, além da Gomes, hoje com 23 anos, tomou gosto pela escrita precocemente, capacidade criativa. “Falta disciplina para o cara montar antes mesmo de ingressar no ensino fundamental. Aos cinco anos, o texto. É preciso reler o seu texto e ter autocrítica”. já iniciava a escrita de seus primeiros livros intitulados Um Sonho, Adízio comenta que, em suas turmas, sempre têm A Neve e Rosa Vermelha, lançados quando tinha 12 anos. os que se sobressaem em relação aos outros, porque gostam de ler nas horas vagas. “O problema, hoje em Nascido em São Bernardo do Fábio Gomes ao lado do dia, é que os alunos são mal alfabetizados Campo, maior cidade da região do pai durante lançamento e chegam ao ensino ABC paulista, Fábio sempre foi de um de seus livros fundamental e médio com apaixonado por sua cidade natal. enormes dificuldades de Desde criança, conhece bem interpretação e com erros de praticamente todas as ruas e gramática inaceitáveis”. avenidas do município, bem como Ana Lúcia acredita que os as linhas e os itinerários dos jovens leem mais hoje por ônibus. “Declarar este amor pela causa da internet, mas a escola cidade fez com que diversas das não está sabendo despertar nos minhas obras tivessem sua cara alunos esse gosto. “Ler e fazer prova em cima, sem debater, ou, no mínimo, algo que as desestimula”, opina. Já Fabio caracterizasse como tal. Dos Filipini diz que as escolhas das oito livros que escrevi, três são obras pelos professores não são sobre a história da região”. adequadas. “Jogam um texto Em 2001, Fábio Silva lançou que apavora e afasta o os livros Hino D'América, Sem aluno”, conclui. Limites para Sonhar e Cântico Celeste,
Fernanda Forato
Arquivo pessoal
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Uma viagem pela escrita A paranaense Daiana Geremias, de 23 anos, encontrou na escrita um refúgio. “Eu era aquela aluna da primeira carteira, gordinha, de óculos, que tirava 10 nas provas e que, por isso, não era muito popular. Na falta de muitos amigos, eu passava o tempo dos intervalos dentro da biblioteca. Sempre com algum livro diferente. E, quando chegava em casa, eu escrevia muito”. Daiana, aos seis anos, ganhou o seu primeiro concurso e, desde então, oal não parou mais. “Ganhei várias vezes Arquivo pess e uma das coisas mais legais foi uma carta que escrevi e que a escola decidiu mandar para o Maurício de Sousa. E ele respondeu. Além disso, me enviou um histórico enorme de todos os personagens da Turma da Mônica”, conta. Em 2004, fez o seu primeiro blog, época que passou a ter mais contato com os colegas e professores, que liam e comentavam seus textos; o que lhe rendeu escrever o discurso de formatura dedicado aos amigos. A paixão pela escrita fez Daiana optar pelo curso de Jornalismo, por achar que a literatura e o curso têm o papel de abrir mentes e mostrar o que vai além do óbvio. Durante a vida universitária, a jornalista resolveu criar um blog para divulgar seus trabalhos. “A ideia era expor o que eu pensava, o que gostava de escrever, algumas crônicas, poesias e, claro, relatos cotidianos que eu julgo interessantes”. O blog intitulado Universo Para Lego foi criado em 2009 e recebeu indicação do jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo. Com vontade de conhecer sempre mais, assistiu uma palestra com Mario Prata, Xico Sá,
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Reinaldo Moraes e Matthew Shirts. “Na época, eu estava fazendo meu trabalho de conclusão de curso, que foi um livro de crônicas, e pedi algumas dicas a eles. Escrevi um texto sobre essa experiência e postei no blog. No dia seguinte estava lá: um comentário do Mario Prata. Quase morri do coração!” Com publicações no Jornal do Estado, Folha de Londrina, Revista Conquista, Agenda da Tribo e no livro Panorâmicas Palavras, o seu maior retorno foi quando enviou um texto para o dono do site Bom Dia Hoje e o teve publicado. Recebeu mais de cem e-mails de pessoas de todo o Brasil e alguns até de fora. “A internet tem essa coisa de alcançar um número relativamente grande de pessoas. A gente divulga links no twitter ou em qualquer outra rede social e isso acaba gerando novas visitas e comentários. É difícil conseguir chegar até uma grande editora ou algum jornal ou revista. Mas é relativamente fácil conseguir a leitura daquela pessoa que clica no seu link.” Nessa trajetória, Daiana diz que foi importante ter um suporte para realizar os sonhos e o apoio de sua mãe Cecília foi fundamental na caminhada da escritora. “Se você quer viver disso, basta virar algumas páginas e deixar que seus olhos viagem em todas as A jornalista Daiana Geremias, linhas. É preciso aprender a que ganhou seu primeiro concurso literário aos seis anos amar a leitura. E, para isso, é preciso ler. E só”, finaliza.
Fernanda Forato
publicados pela Edicom. Mas desde 2000, quando tinha apenas 12 anos, é colunista do Jornal LEIA São Bernardo e palestra em escolas com o intuito de passar seu exemplo e vender seus livros. “Comecei também naquele ano o Projeto Origem das Famílias de São Bernardo do Campo e anos mais tarde lancei três volumes, biografando 145 famílias tradicionais e recebendo prêmios diversos”. A escrita da série Origem das Famílias abriu campo para que escrevesse também em outros jornais e revistas, e muitas de suas palestras passaram a ser voltadas à história da região. Escreveu textos para livros por encomenda, tanto de biografias quanto sobre entidades, e profissionalizou-se como memorialista. Jornalista formado em 2009, além de preparar o quarto volume da série Origem das Famílias de São Bernardo do Campo, coordena algumas editorias de um jornal local e apresenta um programa de entrevistas sobre a memória do ABC paulista em uma TV web voltada para assuntos da região.
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Um escritor na biblioteca
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Biblioteca Pública do Paraná oferece oficina de produção de textos
Divulgação
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Biblioteca Pública do Paraná Rua Candido Lopes, 133 – Curitiba (PR) Tel.: (41) 3221-4900 Site: www.bpp.pr.gov.br Fundação Cultural de Curitiba Rua Engenheiros Rebouças, 1732 - Curitiba (PR) Tel.: (41) 3213-7500 e-mail: contato@fcc.curitiba.pr.gov.br Site: www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br
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Nesses anos, a Fundação se tornou o principal centro de cultura da capital, com o principal objetivo de promover a cultura, atuar em várias vertentes no campo da sensibilização, agindo diretamente na formação dos indivíduos e fazendo da arte uma rica fonte de educação e aprendizagem. Ao todo são mais de 1700 eventos com a participação direta da Fundação, entre eles teatro, oficina de literatura, dança, música, cinema, artes visuais e preservação do patrimônio cultural.
Fernanda Fo
A ideia é o primeiro passo para escrever. No entanto, no dia a dia, é preciso praticar para aprimorar o texto. Pensando nisso, a Fundação Cultural de Curitiba e a Biblioteca Pública do Paraná vêm promovendo projetos para ajudar jovens escritores a desenvolver seus textos. Em uma visita ao lugar, nossa reportagem conversou com o jornalista e diretor geral Rogério Pereira, criador do jornal Rascunho. Com o projeto Um escritor na Biblioteca em andamento, Rogério fala da iniciativa de retomar a vinda dos escritores em um bate-papo descontraído com o público, expondo-os como leitores e discutindo as suas relações com as bibliotecas e a importância da leitura. “Um escritor na Biblioteca é uma reedição de um projeto similar, ocorrido nos anos 1980”, conta Rogério. Os encontros deste projeto estão sendo gravados e passam simultaneamente pela Rede TVE Paraná. “O objetivo do projeto é aproximar o leitor do livro, da leitura, mas também é oferecer oficinas de criação àquelas pessoas que têm vontade de escrever e desenvolver uma técnica narrativa, que ocorrem em paralelo às outras atividades literárias”, diz. Com um acervo composto por mais de 530 mil volumes entre livros, revistas e jornais, a Biblioteca Pública do Paraná recebe em média três mil leitores por dia. Rogério prevê a a ampliação desse público, transformando a biblioteca em polo cultural. “A ideia é oferecer mais coisas e não ficar refém só do empréstimo de livro”, diz. Seguindo uma estrutura parecida, a Fundação Cultural de Curitiba oferece cursos para o aperfeiçoamento da escrita. Na década de 1970, foi criada uma política de preservação da cultura da cidade após a inauguração do Teatro Paiol.
*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pr@viracao.org / redacao@viracao.org)
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Nem tiro a g o r d m e n cia, drogas e Uma reflexão sobre crime, violên
o potencial criativo dos jovens
como solução
Edmar Junior e Johnson Sales, colaboradores da Vira em Fortaleza (CE)*
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O crescimento da violência nas duas últimas décadas é, sem dúvida, um dos principais obstáculos para o desenvolvimento sustentável do Brasil. A taxa de homicídios brasileira nos coloca como uma das regiões mais violentas do mundo. O Instituto Sangari, em 2010, apresentou uma pesquisa sobre anatomia dos homicídios no Brasil, encomendada pelo Ministério da Justiça. Segundo a pesquisa, os homicídios na população jovem brasileira entre 15 e 29 anos é de 50,5 por 100 mil jovens deixando-nos em sexto lugar no mundo como País mais violento. O Brasil é cinco vezes mais violento que Argentina (9,4) e Chile (9,1) e tem uma violência quase oito vezes maior que a uruguaia (6,6). Se compararmos tais taxas a de alguns países do primeiro mundo, a diferença é ainda mais espantosa. Comparado ao Canadá (2,6) nossa violência é quase vinte vezes maior. Esse número revela um País com sintomas de desintegração social, de mal-estar coletivo. A violência no Brasil, principalmente a urbana, faz parte do nosso cotidiano e ocupa diariamente as manchetes dos telejornais. E por trás de todo esse cenário ainda existe uma estrutura que se beneficia com toda essa “parafernália midiática”, são chamados “lobbies de segurança”. Podemos até citar alguns: firmas de vigilância, milícias privadas, companhias de seguros, esquadrões da morte, apresentadores de TV que sonham em traçar carreiras políticas, entre outros.
Desigualdade social e desemprego Segundo o relatório anual Tendências Globais de Emprego para a Juventude, feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a taxa de desemprego entre jovens de todo o mundo aumentou significativamente, a previsão era que até final de 2010 o mundo tivesse 81,2 milhões de jovens fora do
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mercado de trabalho. O mesmo relatório revela que a taxa de desemprego entre jovens no Brasil é 3,2 vezes maior que entre adultos, de acordo com dados coletados em 2008. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados no Ceará em 2007, considerando apenas a população em idade ativa, é de quase 475 mil pessoas. Sabemos que é na periferia de nossas cidades que encontramos parte substancial dessa população de desempregados. Esse público, muitas vezes com baixa instrução e qualificação, se torna bastante vulnerável à delinquência. Convivendo com uma subsistência precária e pressionados pelos meios de comunicação de massa, que exaltam o consumismo, induzindo ao desejo de possuir roupas, carros, celulares e produtos que geralmente estão fora do alcance dessas populações de baixa renda, muitos jovens são submetidos a frustrações crescentes numa sociedade polarizada pela coexistência do excesso de riqueza de uma elite riquíssima em contraponto a uma massa miserável sem opções de inserção no mercado de trabalho. Essas frustrações criam em muitos um sentimento de injustiça, e principalmente nos jovens a tentação de ter acesso a qualquer custo ao consumo e isso acaba em alguns casos a forçar o envolvimento com delitos como tráfico, roubo e outras formas ilegais de conseguir dinheiro. Se levarmos em consideração apenas as frustrações crescentes desses jovens e a taxa de desemprego de nosso Estado, o Ceará tem muito trabalho a fazer para amenizar os danos causados à população periférica que não usufrui nem de emprego, nem de capacitação para almejar os empregos oferecidos no Estado. A juventude ainda enfrenta o dilema de não conseguir o primeiro emprego por não ter experiência. E não ter experiência por não conseguir o primeiro emprego.
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Na verdade, o mercado de trabalho não conhece, não se interessa e não valoriza as expertises e os talentos dos jovens, não levando suas capacidades criativas em conta, nas seleções e preenchimentos das vagas de emprego. Até porque os selecionadores não conseguem fazer a relação entre os talentos criativos e as funções desempenhadas pelo trabalho oferecido. E, muitas vezes, essas relações realmente não existem. Essa situação nos leva a pensar em outras estratégias de inserção dos jovens no mundo do trabalho e a economia criativa surge como uma enorme possibilidade a ser explorada.
O Narcotráfico
Ilustração: Gisella Hiche
Nas duas últimas décadas do século passado, o narcotráfico alcançou uma amplitude dramática na América Latina, o Brasil em menos de 25 anos passou de apenas País “trânsito” de cocaína para consumidor. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, os primeiros relatos sobre o consumo de crack no Brasil surgiram em 1989 e em 20 anos se espalhou por todos os Estados, consolidando o mercado da droga em todo o País. O crack já teve o uso identificado entre consumidores das 27 capitais brasileiras, principalmente jovens e pobres, conforme pesquisas do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). A reportagem ainda revela que a droga já aparece entre as preferidas dos usuários no Nordeste. Segundo Dados do Sistema Verdes Mares, dos “1043 homicídios ocorridos na Capital e Região Metropolitana de Fortaleza em 2008, pelo menos 65% desse total tiveram características de crime ordenado pelo tráfico. A maioria absoluta das vítimas era formada por jovens e adolescentes do sexo masculino”. Não podemos mais esperar o aumento dos índices já muito elevados de mortes e prisões de nossa juventude. Precisamos elaborar políticas sociais que construam uma blindagem ao primeiro consumo. Um caminho é combater o ócio juvenil, melhorar os mecanismos de qualificação desses jovens, e acima de tudo apostar em seus talentos para reconstrução do tecido social das comunidades onde vivem. V
*Edmar Junior é coordenador da Embaixada Social, e Johnson Sales é Coordenador de Relações Internacionais do MH2O e Empreendedor Social da Ashoka. Ambos compõem a equipe técnica do Projeto Frentes Criativas de Trabalho para a Juventude e são responsáveis pelo projeto técnico. (mh2odobrasil@gmail.com)
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Quando a educomunicacao encanta
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inzena da Criança Africana em
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Guiné-Bissau
Maria Rehder, colaboradora da Vira em Guiné-Bissau
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udo começou com um convite do Centro Cultural Brasil Guiné-Bissau, órgão ligado à Embaixada do Brasil, em Bissau, capital do país. A proposta era a criação de uma atividade de Educomunicação para marcar as celebrações da Quinzena da Criança Africana, com ênfase na produção de um Jornal Mural, visando promover nas crianças guineenses a conscientização sobre os seus direitos, principalmente do seu direito à comunicação. O desafio: teríamos apenas três horas para realizar o trabalho, cujo produto final seria doado para a ONG Aldeias SOS Crianças Guiné-Bissau para uma exposição posterior, além da apreciação das autoridades que visitariam o Centro Cultural na ocasião das celebrações da Quinzena da Criança Africana. A Embaixada do Brasil disponibilizou todo o espaço, lanche e muito material para a realização da atividade e se empenhou na mobilização das crianças. A Imprensa Nacional da Guiné-Bissau (INACEP) doou o papel pardo em rolo, material indispensável para a montagem do Jornal Mural, entre outros itens. E o UNICEF disponibilizou um Kit Educativo para cada criança comunicadora, que continha um riquíssimo material explicativo sobre Direitos das Crianças, além de lápis e caderno.
Jornal Mural O encantamento que tive ao entrar no Centro Cultural Brasil Guiné-Bissau no dia da atividade é indescritível. Além do colorido e vida da exposição Direitos das Crianças, realizada pela ONG Aldeias de Crianças SOS Guiné-Bissau, o espaço estava
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totalmente voltado para o público infantil. Havia uma sala de leitura totalmente adaptada para a contação de histórias infantis, um cinema, balões, música, pipoca, espaço para desenho, salas para as atividades de comunicação como Jornal Mural e Fotojornalismo-mirim. A sensibilização das crianças guineenses para a língua portuguesa se deu espontaneamente, por meio das diferentes atividades comunicativas. Em meio a toda aquela movimentação, logo chegaram as crianças da Tchada. Todas muito impressionadas por terem saído de
sua comunidade rumo a uma Embaixada. É muito diferente ver a reação de crianças que não contam com o apoio de uma instituição quando participam deste tipo de evento. Pela primeira vez, elas sentiram a sensação de pertencimento e representação de grupo: “somos as crianças da comunidade Tchada”, diziam enquanto também outras crianças que representavam instituições se apresentavam durante as atividades.
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Maria Rehder
Para a minha surpresa, quando sentamos em roda para começar a atividade, uma conversa sobre direitos despertou muito o interesse das crianças. Algumas que já participaram de atividades anteriores realizadas por mim na comunidade logo manifestaram o interesse em “educomunicar”. “Então, como podemos comunicar a importância dos direitos a todas as crianças da Guiné-Bissau?”, desafiei o grupo. “Isso (apontando para o papel pardo no chão) é um Jornal Mural, vamos fazer um bem grande”, disse um dos meninos. Exatamente naquele momento, eu pude perceber que, apesar de eu ter apenas realizado duas atividades pontuais de Educomunicação com aquelas crianças, a semente plantada anteriormente já começa a dar frutos. Mas vale lembrar que além dos pequenos da Tchada haviam outras crianças guineenses e brasileiras no grupo, mais as duas jovens integrantes da Rede de Crianças e Jovens Jornalistas na Guiné-Bissau. Depois da integração inicial, mãos à obra! Um grupo ficou dividido para o desenho, outros para as mensagens escritas e montagem do jornal como um todo. Gostaria de sublinhar que ainda há um grande desafio de gênero a ser enfrentado desde a infância na Guiné-Bissau. As meninas têm dificuldades de se integrar com os meninos na tomada de decisões. Digo isso apenas com base na percepção que tive ao longo da atividade. O meu trabalho de mediação enquanto educomunicadora foi respeitar a vontade das crianças, mas ao mesmo tempo ficar atenta para integrá-las. Grandes talentos para os desenhos e histórias em quadrinhos foram revelados. As meninas da Rede de Crianças e Jovens Jornalistas me ajudaram na mediação. O tempo foi passando, os desenhos foram ganhando cor e o Jornal Mural havia ganhando vida. Depois de três horas, ficou pronto o Jornal Mural Nossos Direitos, que sela o início da parceira entre Brasil e Guiné-Bissau no campo da Educomunicação. Tudo pronto. Demos as mãos e fizemos uma grande roda em torno do Jornal Mural. Aplaudimos e avaliamos. “Muito obrigada por me convidar para participar de uma atividade como essa. Nunca tinha pensado que é possível fazer comunicação tão criativa com crianças de diferentes idades, incluindo as menores”, disse a coordenadora da Rede de Crianças e Jovens Jornalistas da Guiné-Bissau, a adolescente Liliane Alice Resende Costa. Todas as vinte crianças seguraram bem forte e transportaram coletivamente o produto ali produzido para o palco do Centro Cultural Brasil Guiné-Bissau onde, com orgulho, explicaram para o público presente o processo educomunicativo de produção do Jornal Mural e a importância de criarem novas formas criativas de comunicação para disseminarem os seus direitos. O encerramento solene foi marcado pela doação do Jornal Mural à ONG Aldeias Crianças SOS Guiné-Bissau. E o meu dia foi marcado com uma satisfação inenarrável e a certeza de que há muito campo e grande necessidade para um trabalho com Educomunicação na Guiné-Bissau voltado para a participação direta das crianças e adolescentes no processo de desenvolvimento de seu país.
Crianças guineenses exibem com satisfação o Jornal Mural que produziram
País: República de Guiné-Bissau Capital: Bissau População: 1.520.530 Língua oficial: Português
Saiba mais sobre a Rede de Crianças e Jovens Jornalistas de Guiné-Bissau: http://rcjj.webnode.pt/
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Espaços Participativos
cidadania rtunidade da população exercer a opo a um são s ivo pat tici par s aço Previstos na Constituição, os esp
Beatriz Troncone, do Cieds* e da Plataforma de Centros Urbanos
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Brasil vive hoje uma Democracia Representativa, o que quer dizer que grupos ou pessoas são eleitas pelo sistema de votação para representar e tomar decisões no lugar de um povo ou população. A origem desse sistema político remonta à Grécia Antiga, onde os cidadãos gerenciavam as direções políticas que julgavam adequadas, coletivamente. Enquanto na antiga democracia grega a participação no processo democrático era limitada a alguns membros da sociedade, na chamada Democracia Representativa, o voto universal garante uma participação da grande maioria de cidadãos. Porém, seus mecanismos são bastante limitados. A participação da população acaba por se restringir à eleição de representantes em intervalos de quatro anos. Em virtude das escalas de tempo e espaço, o acompanhamento dessas decisões corre o risco de ser insuficiente para legitimar verdadeiramente essa representação.
Com base nisso, a Constituição de 1988 passou a prever, oficialmente, espaços onde a população pudesse se organizar para acompanhar mais de perto e interferir nas decisões com frequência. Na prática, esses espaços foram fruto da luta de grupos já existentes e organizados. Com o fim do regime militar ditatorial, a Constituição de 1988 foi pautada nos princípios de uma democracia participativa. Além das eleições diretas para escolha de representantes para os cargos oficiais do Executivo (prefeitos, governadores e presidente) e Legislativo (deputados, senadores e vereadores), a Carta estabelece direitos para participação da população e certa autonomia aos Estados e municípios, instituindo a criação da Lei Orgânica do Município, que prevê a criação de conselhos compostos por cidadãos, a fim de que todos participem das decisões da cidade.
Lei Orgânica do Município A Lei Orgânica é a Lei que deve gerir o Município e prevê, nesse sentido: Art. 8 - O Poder Municipal criará, por lei, Conselhos compostos de representantes eleitos ou designados, a fim de assegurar a adequada participação de todos os cidadãos em suas decisões. Art. 9 - A lei disporá sobre: I - o modo de participação dos Conselhos, bem como das associações representativas, no processo de planejamento municipal e, em especial, na elaboração do Plano Diretor, do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual; II - a fiscalização popular dos atos e decisões do Poder Municipal e das obras e serviços públicos; III - a participação popular nas audiências públicas promovidas pelo Legislativo ou pelo Executivo.
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Os Conselhos Se, por um lado, é preciso que as organizações civis se antecipem na reflexão e ação sobre seu papel de representantes, por outro, a representação, quando assumida e não eleita, pode ser imperfeita, seus resultados e a própria representatividade passíveis de questionamentos. Nem todo cidadão dispõe de tempo e espaço para se dedicar à representação civil. A parcela de sociedade mais pobre, menos escolarizada e com vínculos precários com o mercado de trabalho são os maiores usuários dos equipamentos públicos. Mas esse espaço de representação não costuma ser destinado a essa parcela da população. Geralmente acaba sendo ocupado por outro grupo, não necessariamente representativo, mas disponível para exercer esse papel. Dessa forma, as decisões oriundas da comunidade, representadas por apenas um terço do conselho, não são efetivadas. V
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Arquivo Viraçã
Entre as atribuições oficiais dos conselhos, está a participação na elaboração do Plano Diretor, Planos Plurianuais e na avaliação das contas do município, orçamento anual e suas diretrizes. Nesse contexto, os conselhos aparecem não só em um sentido fiscalizador, mas também discutindo e direcionando as leis para administração do orçamento. Sua estruturação não é dada por lei, embora haja consenso entre os municípios. Eles, assim como os outros cargos políticos, são representativos. Mas as eleições são livres e processadas de maneiras diferentes. O conselho é construído por três estratos representativos, numericamente proporcionais: um terço de funcionários do Poder Público, um terço de civis indicados pelo Poder Público e somente um terço eleito pela população. Será que, efetivamente, a proporção que decide os direcionamentos desse conselho é a comunidade? Ou o placar final pode ser, em sua maioria, 2 x 1? A inserção da sociedade em espaços participativos por meio de organizações civis visa a inclusão das demandas locais na elaboração e implementação das políticas públicas e, além desses espaços oficiais de participação direta, a sociedade civil se organiza em associações, para assegurar a unidade, a identidade e reforçar a ação dos representantes nesses espaços, que falam em nome de um segmento ou organização.
O Plano Diretor é o conjunto de metas assumidas pelo município, com vigência de dez anos.
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Orçamento anual é o balanço anual das contas do município, a entrada de verbas segundo impostos locais e o repasse federal, os gastos com obras públicas, salários e outras despesas e a Lei de Diretrizes Orçamentárias versa sobre o destino dessas arrecadações, na administração pública municipal.
*Cieds: Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável: www.cieds.org.br
Conselhos municipais, fóruns e conferências são espaços previstos em lei para a população debater e tomar decisões
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E eu com isso?!
Nesta
Vânia Correia, da Redação
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O que é uma Conferência? Conferência é uma ferramenta para promover a participação social na avaliação, planejamento e controle de uma determinada política. É um espaço público que reúne diferentes segmentos da sociedade para debater e formular propostas de políticas públicas.
Vânia Correia
olíticas públicas, participação social, conferência... Essas e outras palavras e expressões parecem, muitas vezes, difíceis e distantes da realidade de milhares de jovens brasileiros. Na verdade não são. Dizem respeito ao dia a dia, ao acesso aos direitos básicos como educação, trabalho, cultura, enfim, à qualidade de vida. É por isso que a Vira está lançando esta seção, um espaço para conhecer, debater e refletir sobre as políticas públicas de juventude no âmbito nacional e, sobretudo, para tratar de caminhos, formas e iniciativas nesse sentido. O momento é bastante oportuno já que em 2011 acontece a 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude (CNPPJ), um espaço importante para discutir, avaliar e incidir sobre as políticas e programas voltados para o segmento. "Esse encontro deve ser um instrumento para o exercício pleno da cidadania, assegurando a participação da juventude na construção de uma política que permita ao jovem 'conquistar direitos e desenvolver o Brasil', como diz o lema da Conferência", advertiu o ministro Gilberto de Carvalho, durante o lançamento oficial da iniciativa, em junho deste ano. A Conferência já está de novo na rua. Essa é a hora para que jovens do Brasil todo se envolvam e apontem os rumos da política nacional de juventude. “É uma grande oportunidade pra chamar os jovens de diferentes lugares e das mais variadas formas de organizações para debater suas demandas, anseios e sonhos. É o espaço onde a gente vai fechar um programa que supere as dificuldades da juventude”, animou o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Gabriel Medina, durante um evento em São Paulo (SP).
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erência Nacional de Juven
Vira aborda a 2ª Conf edição, a nova seção da
Ministro Gilberto de Carvalho fala durante a posse da secretária nacional de juventude Severine Macedo
Como participar A Conferência acontece em diferentes etapas: as livres e as eletivas (municipais, regionais, territoriais, estaduais e federal, além da consulta nacional aos povos e comunidades tradicionais). Fique atento ao cronograma das etapas. Para saber a data exata da conferência no seu município ou Estado, consulte os órgãos de juventude (conselhos, secretaria, coordenadoria). Você pode também entrar em contato com a Secretaria Nacional de Juventude pelo email: conferencia.juventude@planalto.gov.br. V
Acesse o cronograma completo da conferência e os arquivos do regimento, manual e texto base em: www.agenciajovem.org. Para mais informações acesse também: www.juventude.gov.br
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No escurinho
História do Cinema - Parte 6 A cada edição, Sérgio Rizzo traz em capítulos um pouco da história cinematográfica. Uma oportunidade para colecionar e conhecer as diferentes fases que ajudaram a tornar o escurinho da sala de cinema um espaço apreciado por muitos
Da crítica à realização Sérgio Rizzo*, crítico de cinema
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* www.sergiorizzo.com.br
RevistaViração Viração •• Ano 130Revista Ano97• •Edição Edição7552
Divulgação
e todos os “cinemas novos” surgidos nos anos 1950 e 1960, período de grande efervescência jovem no cenário internacional, a Nouvelle Vague ("nova onda") francesa foi a de maior prestígio, que se mantém intocado ainda hoje. Seus principais expoentes se iniciaram como críticos da lendária revista Cahiers du Cinéma, que continua a circular, embora mantenha hoje política editorial muito diferente da que vigorava no momento em que os "jovens turcos" – apelido pejorativo que se referia ao espírito rebelde e provocador do grupo – entraram em cena. Apadrinhados por André Bazin, um dos principais críticos na história do cinema, esses jovens passaram a defender a “política dos autores” – a ideia de que todo filme, a exemplo de um romance, deveria ter um Os Incompreendidos (1959), autor, alguém que o usasse para exprimir sua visão de mundo. Bazin do diretor François Truffaut chegou mesmo a ser uma espécie de figura paterna para um dos cineastas mais populares do movimento, François Truffaut, que recriou a própria experiência nas ruas em Os Incompreendidos (1959), sua estreia “A função do crítico não é trazer numa bandeja de como diretor de longas-metragens. prata uma verdade que não existe, mas prolongar o Para ajudar outro colega da Cahiers, Jean-Luc Godard, foi Truffaut quem máximo possível, na inteligência e sensibilidade dos assinou – embora não o tenha escrito – o roteiro de Acossado (1959), que o leem, o impacto da obra de arte.” primeiro longa do amigo, que se consolidaria como o outro grande símbolo André Bazin da Nouvelle Vague, e que é um dos poucos daquela geração a se manter em atividade até hoje. Os dois trilhariam caminhos bem distintos a partir de “Você não acha que filmes deveriam ter meados da década de 1960, bem como começo, meio e fim?” Louis Malle Henri-Georges Clouzot (Ascensor para o Cadafalso e Os “Claro. Mas não necessariamente nessa ordem.” Amantes) e Alain Jean-Luc Godard Resnais (Hiroshima Meu Amor e O Ano “Para alguns críticos, há bons e maus filmes. A Passado em ideia que eu tinha é que há bons e maus diretores.” Marienbad), cujas François Truffaut carreiras confundiram-se inicialmente com a “Eu disse a Godard que ele tinha algo que eu ascensão da "nova desejava: liberdade. E ele me disse que eu tinha onda" francesa. algo que ele queria: dinheiro.” V Cena de Acossado (1959), Don Siegel de Jean-Luc Godard “Demora muito tempo para aprender a simplicidade.” Louis Malle
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Que Figura!
Suicidado pela ditadura O jornalista Vladimir Herzog foi assassinado pelo regime militar, mas declarado como suicída Fernanda Garcia, do Virajovem Campo Grande (MS)*
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ladimir Herzog nasceu na Iugoslávia em 1937, mas ainda criança, aos cinco anos de idade, veio para o Brasil com os pais, fugindo do regime nazista. A família Herzog era judia. Formado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), escolheu o jornalismo como profissão e chegou a trabalhar na BBC de Londres entre 1964 e 1968. Em 1968, retornou ao Brasil com sua mulher, Clarice, e seus dois filhos, Ivo e André. Em 1975, foi convidado para ser diretor de jornalismo da TV Cultura, onde teve a oportunidade de colocar em prática um jornalismo público, que estabelecesse um diálogo com a população e retratasse os problemas e as mazelas da sociedade. Mas foi em 1975 que Vladimir Herzog tornou-se mártir. Agentes do serviço de inteligência do governo investigavam sobre a possível ligação entre o jornalista e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). No dia 24 de outubro de 1975, Herzog foi intimado a prestar esclarecimentos no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), onde foi brutalmente torturado e terminou assassinado quando se recusou a assinar o depoimento. Seu corpo foi arrastado até uma cela e pendurado a uma grade, simulando suicídio. Na época, era comum que o governo militar divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam morrido por suicídio, o que gerava comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido "suicidados pela ditadura". A morte de Herzog transformou-se em escândalo nacional, gerando uma onda de protestos de toda a imprensa mundial e impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. O episódio paralisou as Redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Em 31 de outubro de 1975, um culto ecumênico foi realizado em memória de Herzog na Catedral da Sé. Oito mil pessoas estiveram presentes no ato que configurou em um protesto silencioso contra o regime militar. Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado.
Direitos Humanos Em certo sentido, a história e os ideais de Herzog continuam por meio do instituto que leva o seu nome. Inaugurado em 2009, 34 anos após a morte do jornalista, o Instituto Vladimir Herzog destina-se a três objetivos: organizar o material jornalístico sobre a história de Herzog, como meio de auxílio a estudantes, pesquisadores e outros interessados em sua vida e obra; promover debates sobre o papel do jornalista e também discutir sobre as novas mídias e, por fim, ser responsável pelo Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que premia pessoas envolvidas no jornalismo e na promoção dos direitos humanos. V
“Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades cometidas contra os outros, perdemos também a ~ de seres humanos.” nossa condiçao Vladimir Herzog
*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ms@viracao.org)
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Parada Social
ia e violação de direitos da juventude
Campanha incentiva o combate à violênc
Sheila Manço dos Santos, do Virajovem Goiânia (GO)*, e Bruno Ferreira, da Redação
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“Pensar, refletir e conversar sobre violência na perspectiva do cuidado e da defesa da vida da pessoa humana e, principalmente, daqueles que têm seus direitos negados e usurpados não é apenas o lugar da solidariedade, mas da compaixão, no sentido mais literal e radical da palavra. Colocar o coração do lado do coração do outro e sentir junto, sofrer junto, alegrar junto, colocar a vida em favor da causa, da luta e da mobilização que pode salvar vidas – vidas da juventude”, diz Alessandra no artigo Sendo o que se é para ser mais, publicado no site da campanha. V Divulgação
untamente com a Casa da Juventude (CAJU) e instituições parceiras, a campanha A Juventude Quer Viver acontece desde 2004 para conscientizar a sociedade sobre os direitos da juventude e discutir o desenvolvimento de ações afirmativas e de políticas públicas que contemplem os jovens e seus direitos. “A campanha é permanente e transversal e surgiu em função do debate sobre a redução da maioridade penal, posicionando-se contra ela, mas com o tempo foi mudando de perspectiva. Hoje, o nosso foco é abordar o extermínio de jovens, muitas vezes vítimas da polícia e do tráfico”, conta Alessandra Miranda de Souza, Campanha busca conscientizar coordenadora da iniciativa. para os direitos da juventude O objetivo é que os jovens se empoderem dos temas que norteiam os direitos da juventude e exponham suas ideias e conclusões em rodas de conversa. Atualmente, a campanha já está presente em todas as regiões do Brasil. Na Casa da Juventude, em Goiânia (GO), as ações vão além do trabalho de conscientização. A ONG recebe denúncias de violação de direitos e as encaminha para o Ministério Público ou para a Secretaria de Direitos Humanos do Estado de Goiás. A campanha procura debater diversos temas que envolvem os direitos da juventude por meio de recursos criativos, como fóruns, oficinas e círculos de cultura. Alguns dos assuntos abordados são: a redução da idade penal, o sistema penitenciário, a prostituição infanto-juvenil, as doenças sexualmente transmissíveis, o tráfico humano e de drogas, a migração internacional, o primeiro emprego, a educação, entre outros.
CAJU Onde atualmente está sediada a CAJU, era um local que abrigava padres que atuavam na Universidade Católica de Goiás. Foi com o padre Albano Trinks, em 1983, que teve início o processo de transformar a casa em um centro de juventude. Em 22 de dezembro de 1984, a CAJU foi inaugurada. Hoje, a entidade é um instituto de formação, assessoria e pesquisa sobre juventude, cuja tarefa é contribuir na construção de “um outro mundo possível” e, para isso, conta com a ajuda de entidades parceiras. A CAJU é filiada à Associação Jesuíta de Educação e Assistência Social (AJEAS), da Companhia de Jesus.
* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (go@viracao.org)
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Sexo e Saúde
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ara esta edição, os virajovens de Recife (PE) e Fortaleza (CE) foram saber as dúvidas da galera sobre sexualidade. As respostas foram dadas por jovens participantes do Projeto Juventude em Cena, que procura educar jovens e adolescentes sobre gravidez não planejada e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e contaram com a orientação da obstetra Edjane Oliveira.
Edneusa Lopes, do Virajovem Recife (PE); e Alcindo Costa, do Virajovem Fortaleza (CE)*
Só consigo me excitar pensando em coisas proibidas, isso é normal?
Meu namorado gosta de carícias nos mamilos, isso é comum?
Depende do que é o proibido. Em geral, se for só uma fantasia, em algumas situações, pode ser normal. Contudo, se a excitação necessitar sempre da mesma imaginação é preciso que se procure ajuda. O nome dessa situação é Parafilia.
É muito normal. Aliás, todo homem e mulher deveriam explorar todo o seu corpo, principalmente nas preliminares, para descobrir que o nosso corpo inteiro é cheio de zonas erógenas, que nada tem a ver com ser homem ou mulher. O importante é ter prazer, seja qual for a parte do corpo.
Há algo que eu possa fazer para acelerar minha ejaculação na hora da relação sexual, ou seja, como fazer pra gozar mais rápido?
Todos os métodos de segurança previnem as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)? Sim, você tem apenas que ter cuidado, pois a maneira que você usar a camisinha, por exemplo, pode não ser a correta causando o risco de pegar uma DST.
anual e renovação 12 edições ++ newsletter É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO
Natália Forcat
Se você aumentar o intervalo entre cada masturbação ou relação sexual, o nível de excitação na próxima relação sobe mais rápido e, por consequência, o gozo vem mais rápido também. Caso contrário, consulte um urologista.
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Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor da VIRAÇÃO. 2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BANCO DO BRASIL – Agência 2947-5 Conta corrente 14712-5 em nome da VIRAÇÃO
Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org
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EST. CIVIL BAIRRO
desde Bolinho de chuva faz parte do cardápio brasileiro
a época da escravidão
Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*, e Eric Silva, da Redação
É
difícil encontrar quem não se lembre da infância ao saborear bolinhos de chuva. O doce, de origem portuguesa, é feito no Brasil desde o século 18. Os bolinhos costumavam levar farinha de mandioca e cará em sua receita, sendo fritos na banha de porco, já que a farinha de trigo era um produto exclusivo da nobreza portuguesa – a ponto de ser chamada de “farinha do reino”. Apesar da receita ser a mesma, o prato já recebeu diversos nomes, como Quero Mais, Quero Quero, Desmamados e Filó de Carnaval, por ser uma comida típica da festa. Como muitas vezes eram preparados por escravas, eram também chamados de Bolinhos de Negra. Os bolinhos tornaram-se “de chuva” por conta das avós que os preparavam durante os dias chuvosos, quando as crianças não podiam brincar nos quintais, como forma de deixá-las mais alegres. Confira a nossa receita! V
Modo de preparo:
2 ovos 1 de xícara (chá) de açúcar 2 colheres (sopa) de manteiga 1 colher (sopa) de fermento em pó 1 xícara (chá) de leite 2 xícaras (chá) de farinha de trigo Óleo para fritar Açúcar e canela em pó para polvilhar os bolinhos
Em uma tigela, misture os ovos, a manteiga e o açúcar. Aos poucos, vá acrescentando leite e farinha de trigo à mistura. Por último, acrescente o fermento e mexa bem. Em uma panela, coloque bastante óleo e leve ao fogo alto para aquecer. Quando este estiver quente, abaixe o fogo. Com duas colheres de sobremesa, modele a massa até adquirir um formato arredondado. Coloque pequenas porções de bolinhos no óleo e deixeos fritar até que fiquem dourados. Reserve os bolinhos em um prato, polvilheos com açúcar e canela e sirva.
* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)
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