Projeto social impresso sem fins lucrativos · Ano 3 · No 22 · Novembro de 2005 · R$4,00 · www.revistaviracao.com.br
V iRAÇÃO Mudança,
atitude e
ousadia jovem
BRASIL ÁFRICA
Encontro discute o racismo na mídia
FUNDEB
em debate
Os entraves do Fundo para a Educação Básica
Os hérois de
Zumbi
Em Pernambuco, no quilombo de Conceição das Crioulas, jovens se engajam na E D conquista de suas terras IN
BR
Cartão-Postal QUE FIGURA!
Prêmio de Cidadania Mundial 2005 · Prêmio de Cidadania Mundial 2005
ganha Prêmio de Cidadania Mundial 2005
É isso mesmo! A Vira está recebendo o Prêmio Cidadania Mundial 2005, concedido pela Comunidade Bahá’i do Brasil. Estamos entre os nove vencedores, escolhidos a partir de 54 finalistas de 23 Estados. Quem ganhou junto com a Vira foi: Alberto Dines (do Observatório da Imprensa), Ângela Basto (do Diário Catarinense), Eugênio Bucci (da Radiobrás), Gilberto Dimenstein (da Folha de S. Paulo), Marcelo Canela (do Jornal Nacional, da Rede Globo) e o cartunista Ziraldo Alves Pinto, na categoria individual e DHNet do Rio Grande do Norte e a TV Educativa, do Rio de Janeiro na categoria institucional. Realizado a cada dois anos, o prêmio sempre enfoca temas atuais que mereçam a atenção da sociedade, contemplando comunicadores e veículos de mídia comprometidos com a defesa das populações vulneráveis. O tema de 2005 foi Mídia Cidadã. A cerimônia de entrega do prêmio será dia 13 de dezembro, em Brasília, no Ministério da Justiça. Os nove premiados de 2005 se juntam a um seleto grupo de Cidadãos Mundiais, do qual fazem parte Lygia Fagundes Teles, Hélio Bicudo e Leonardo Boff.
Prêmio de Cidadania Mundial 2005 · Prêmio de Cidadania Mundial 2005
· Prêmio de Cidadania Mundial · Prêmio de Cidadania Mundial ·
· Prêmio de Cidadania Mundial · Prêmio de Cidadania Mundial ·
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ovembro é o mês da Consciência Negra por excelência, porque celebramos o exemplo de Zumbi dos Palmares, no dia 20. E a Vira comemora junto, mas sempre lembrando que é o ano todo que devemos nos empenhar para acabar com uma das maiores mazelas do Brasil: a discriminação racial. Afinal, somos o segundo país com mais negros no mundo, perdendo só para a Nigéria, na África. Pena que a chamada “mídia grande” só fala da população negra no Dia da Abolição, 13 de maio, e por ocasião do 20 de novembro. Foi isso o que virou denúncia no Encontro Internacional Brasil-Africa – Igualdade Racial: um Desafio para a Mídia, realizado em outubro, na capital paulista. O evento, que contou com a participação de mais de 600 pessoas, entre jovens, educadores, professores e profissionais de comunicação do Brasil e de vários países africanos, foi promovido pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE-ECA-USP), o Instituto Internacional de Jornalismo e Comunicação (IIJC) de Genebra e o SESC-SP. Foi nesse encontro “histórico”, como muitos afirmaram, que os virajovens entrevistaram o antropólogo congolês Kabengelê Munanga para a seção Galera Repórter. Devemos fazer das nossas diferenças uma grande vantagem num mundo rico em diversidade étnica, racial, cultural e religiosa, apontando e lutando contra qualquer situação de discriminação e exclusão. Não neguemos nossas origens. Pelo contrário, vamos abraçá-las!
Apoio Institucional
Arquivo Viração
Editorial ÁFRICA, BRASIL
Parte da galera do Virajovem de São Paulo: Adriano Rangel, Atiely Santos, Carol Lima, Carolina Coimbra, Chindalena Barbosa, Diego Pauli, Diego Pacci, Douglas dos Santos, Fabíola Quadros, Fábio Mallart, Fernanda Tobias, Gisele Palla, Giovana Camargo, Heloísa Sato, Isis Soares, Juliana Martins, Leandro Pena, Pedro Henrique de Araújo, Sálua Oliveira, Sara Araújo, Taluana Brisa,Thayani Pinatti,Tiago de Oliveira,Tiago Luiz Silva, Elisa Fingermann, Rafael Artusi, Roziane da Silva, Camila Paula Macedo, Diego Sierra, Mariana Rosa, OrlandoTonholi, Giorgio D’Onofrio e Nadja Piloto.
VIRAJOVENS PELO BRASIL • Curitiba (PR): Monalisa Stefani, Leonardo Jianoti, Augusto Cuginotti, Paula Batista, Ubirajara Barbosa da Fonseca e Suelen Safiano; • Porto Alegre (RS): Aline Schonarth, Angelo Kirst Adami e Márcia Veiga; • Belo Horizonte (MG): Luana Silva, Mariana, Pedro Henrique Silva, Regina Mendes, Rebeca; • Rio de Janeiro (RJ): Débora Motta, Juliana Lanzarini, Gustavo Barreto, Maria Cecília Leão, Rafael Andrade de Souza e Vitória Aguiar; • Brasília (DF): Ionara Talita Silva, Danuse Silva de Queiroz, Silvia Bertoldo, Julio Osano, Alisson Jeferson e Maria Claudia Barros; • Fortaleza (CE): Cristiane Parente, Verônica Rodrigues, Giovanni dos Santos, Daniela Aureliano, Nágia Leite e Ludovica Duarte; • São Luís (MA): Raimunda Ferraz, Abel Lopes no fundo, Lissandra, Viviane, Marcelo, Leonardo, Silvano,Vanessa, Dayse Rio, Ademar Danilo, colaborador no programa de rádio Atitude Jovem, Jailson Santos, Erica Roberta, Daiana Roberta, Maria Claúdia,Ismael Silva, Rafaela Glleysa e Diego Leonardo; • Manaus (AM): Jhony Abreu e Izabelly Costa
VIRAÇÃO é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pelo Projeto Viração da Associação de Apoio a Meninas e Meninos da Região Sé de São Paulo, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo; CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52; Inscrição Estadual: 116.773.830.119; Inscrição Municipal: 3.308.838-1
ATENDIMENTO AO LEITOR Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 3 Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 e (11) 9440-7866 HORÁRIO DE ATENDIMENTO das 9 às 13h e das 14 às 18h E-MAIL REDAÇÃO E ASSINATURA redacao@revistaviracao.com.br assinatura@revistaviracao.com.br
Conselho Editorial Cecília Garcez, Ismar de Oliveira e Izabel Leão (Núcleo de Comunicação e Educação – ECA/USP), Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet, Marcus Fucks e Valdênia Paulino Equipe Pedagógica Aparecida Jurado, Auro Lescher, Cássia Vasconcelos, Isabel Santos, Márcia Cunha e Vera Lion Diretor Paulo Pereira Lima Redação Carlos Gutierrez, Daniela Landin, Felipe Jordani e Gabriel Mitani Colaboradores Allan da Rosa, Ana Lucia Pires, Camilla Crosso, Carmen Franco, Carlos Alberto de Oliveira, Carol Coimbra, Cinthia Gomes, Cleidson Viana da Silva, Danilo Gomes, Fabiana Salviano, Fábio Mallart, Fernanda Sucupira, Giorgio D’Onofrio, Hilário Dick, Ionara Talita Silva, Izabel Leão, Jô Brandão, José Manoel Rodrigues, Juliana Rocha Barroso, Karliane Alves, Marana Borges, Marcio Baraldi, Mariana Cacau, Marília Almeida, Nádja Bium, Natália Forcat, Novaes, Ohi, Rafael Silva, Rayane Maciel, Robson de Oliveira, Rones Maciel, Sérgio Rizzo, Silas Corrêa Leite, Susana Piñol Sarmiento e Vitón Rayzov. Consultor de Marketing Thomas Steward Relacionamento Institucional Geraldo Virgínio e Luci Ferraz Revisão Andréa Pontes Projeto Gráfico IDENTITÀ Adriana Toledo Bergamaschi Marta Mendonça de Almeida Fotolito Digital SANT’ANA Birô Impressão Editora Referência Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300 Divulgação Equipe Viração Administração Miguel W. da Silva E-mail Redação e Assinatura redacao@revistaviracao.com.br assinatura@revistaviracao.com.br PREÇO DA ASSINATURA ANUAL Assinatura Nova R$ 40,00 Renovação R$ 35,00 De colaboração R$ 50,00 Exterior US$ 35,00
Participe ! Mande suas sugestões, elogios e críticas por carta ou e-mail
Aguardamos sua participação!
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Revista ViRAÇÃO · Ano 3 · nº 22
MAPA Ricardo Teles
da
mina
• HISTÓRIA DE QUILOMBO 12 Em Conceição das Crioulas, no Pernambuco, os jovens participam ativamente da defesa da terra contra a ganância dos brancos e a força do tráfico de drogas
Representante de um dos mais de 1500 quilombos existentes no Brasil, que defendem a regularização de suas terras
• JUVENTUDE ENGAJADA 17 Fique por dentro da Campanha em Defesa da Vida – A Juventude Quer Viver
• TERRORISMO DE ESTADO 18 Correspondente da Vira, em Londres (Inglaterra), conta como os jovens avaliam as leis antiterror do governo Alexandre Praça
RG
• EDUCAÇÃO SEM FUNDO 20 O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) e seus mistérios • BRASIL - ÁFRICA 22 O antropólogo Kabengelê Munanga fala sobre as relações muito próximas entre o Brasil e os países do continente africano
Sempre na Vira DIGA LÁ ENTRE ASPAS VIRATUDO TESÃO VIRA OU NÃO VIRA GALERA REPÓRTER COLUNA VERDE GERAÇÃO CIDADÃ
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QUE FIGURA! NO ESCURINHO TODOS OS SONS REVELE-SE TURMA DA VIRA DESAFIO VIRAÇÃO SOCIAL
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DIGA LÁ
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PEDIDO DE AJUDA Jorge Antonio dos Santos Souza São Paulo (SP)
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ou Educador Universitário junto ao Programa Escola Família, na EE João Amós Comenius, situada no Bairro de Vila Santa Catarina, em São Paulo. Estamos querendo desenvolver aulas de informática junto à comunidade. E já conseguimos a doação dos equipamentos (CPU, monitor, teclado e mouse). As aulas serão dadas pelo corpo de universitários bolsistas do programa acima e, no momento, uma de nossas dificuldades para implantar as aulas é onde instalar estes equipamentos. Quero, por meio desta, solicitar, em nome do Programa Escola da Família, a doação de escrivaninhas para estas aulas, que serão dadas aos sábados e domingos das 9 às 17h. O Programa têm apoio da Unesco, Instituto Ayrton Senna, Instituto Faça Parte, Fundo de Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, Fundo para o Desenvolvimento da Educação, Secretaria da Educação e Governo do Estado de São Paulo. Caso não possa fazê-lo, é possível que você nos indique ONGs que prestam este tipo de serviço? Empresas? Parceiros?
TÁ NA FITA Padre Flávio Novo Hamburgo (RS)
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GALERA,
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ou assinante da revista, inclusive irei renovar minha assinatura. Ela é muito boa e os jovens gostam muito. Continuem com este lindo projeto!.
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Niclaudino Aguiar Dias Coroali (MG)
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Jeckson B. Santos por e-mail
Gostaria de saber se vocês não têm informações sobre associações de prostitutas no estado de Alagoas. Não sou mulher, mas preciso fazer um trabalho de antropologia, o que não deve ser feito falando apenas com as garotas, mas também com alguma organização que trabalha com elas.
árc io Ba ral
Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões serão bem-vindas!
M di
FALA AÍ !
Parabenizo a Vira pelas reportagens e pelo conteúdo muito bom. Creio que a revista pode melhorar muito mais. Que tal divulgar mais reportagens sobre os movimentos sociais, como, por exemplo, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), meio ambiente, fé e política etc.?
OPS!
mais uma pisada de bola. Desta vez com um fotógrafo e colaborador da Vira, o Giorgio D´Onofrio. O crédito da foto da página 11, da edição 19, não é do Virajovem de Curitiba, mas dele. Valeu Giorgio e vai desculpando a mancada.
Escreva para nosso endereço: Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 03 Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP) Tel/Fax: (11) 3237-4091 ou para o e-mail: redacao@revistaviracao.com.br Aguardamos sua participação!
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Filosofia na
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ltimamente, uma onda de Filosofia tem tomado conta das discussões entre amigos, dos programas de televisão e das capas de revistas. O que antes era assunto só para intelectuais, hoje caiu na boca da galera. Mas afinal, o que é a Filosofia? A palavra tem origem grega e significa “amor pela sabedoria”. Ela engloba, na verdade, o estudo e o raciocínio coletivo das dúvidas que cercam o ser humano. É, em linhas gerais, o pleno exercício de questionar, discutir, debater e argumentar.
escola Uma certa polêmica, porém, tem envolvido o assunto. Alguns projetos de lei prevêem o ensino obrigatório da disciplina nas escolas e algumas pessoas são contra. Muito debate ainda tem que rolar para que se chegue à melhor solução. Para abrir a cabeça, confira os livros: Introdução à Filosofia (de Paulo Ghiraldelli Jr. – Editora Manole) e O Mundo de Sofia (de Jostein Gaarder – Editora Companhia das Letras); e assista a: Matrix (de Andy Wachowski e Larry Wachowski – Warner Bros), Dogville (de Lars von Trier – Lions Gate Entertainment / California Filmes) e Neste Mundo (de Michael Winterbottom – Lions Gate Films Inc.).
E VOCÊ, o que acha do ensino de Filosofia na escola? ALISSON JÉFERSON, 19 anos estudante de curso pré-vestibular, Samambaia (DF) Considero a Filosofia muito importante porque é através dela que eu me descubro, que vejo os meus limites. Ela desperta o nosso lado crítico, transforma a nossa visão de mundo e nos instiga a querer saber mais. A forma que é ensinada na escola é muito cansativa e, em vez de estimular a gente a pensar, acaba se tornando uma matéria a mais que tem que ser cumprida. Filosofia não é para ser decorada, é para ser vivenciada.
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THIAGO FIGUEIREDO, 20 anos estudante de Ciências da Computação, Valparaíso (DF) Filosofar é muito bom. Às vezes a gente da uma “viajada cabulosa”, eu me amarro! Acho que a matéria não tem que ser obrigatória nas escolas: é muito chato pensar por obrigação e, muitas vezes, acaba não sendo eficaz. O interesse tem que partir do próprio jovem e a escola só têm que estimular.
COLABORAÇÕES: DANUSE QUEIROZ, SILVIA BERTOLDO e IONARA TALITA (Brasília – DF)
MARIANA ALMEIDA, 19 anos estudante de curso pré-vestibular, São Paulo (SP) A Filosofia está sempre envolvida na nossa vida, está englobada na maioria dos acontecimentos. Ela é aplicada no jeito das pessoas serem e agirem. É bom que a disciplina seja ensinada às crianças desde pequenas, para que elas mesmas se orientem em suas vidas.
Eu acho que a Filosofia é importante na minha vida, é a base daquilo em que acredito e que vivo. Ela pode ser aplicada no nosso bom-senso, nos dá as diretrizes do que é certo e do que é errado. Isso influencia nas nossas ações, no nosso dia-a-dia. É legal que ela seja ensinada na escola porque é uma orientação para o jovem não se abalar com os problemas da vida.
MELISSE GONÇALVES, 18 anos estudante do Ensino Médio, São Paulo (SP) A Filosofia me faz pensar em várias coisas. Para mim, ela serve para pensar na vida, avaliar o que é melhor para as pessoas, nortear nosso caminho. Ela é uma ótima matéria para ser ensinada nas escolas, pois ajuda os alunos a saberem lidar melhor com a vida.
A Filosofia é muito importante na minha vida, pois me ajuda a pensar. A maneira como é ensinada na escola, no entanto, tem que mudar. Às vezes eu não agüento as minhas aulas de Filosofia porque são muito chatas.
JOSÉ AUGUSTO FIGUEIREDO, 16 anos estudante do Ensino Médio, São Paulo (SP)
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MARCIO UEMURA, 15 anos estudante do Ensino Médio, São Paulo (SP)
RENATA OLIVEIRA, 17 anos estudante do Ensino Médio, São Sebastião (DF)
Não sei se a Filosofia é tão importante na minha vida. Eu já li alguns livros, mas não me conecto muito bem com o assunto. Temos que pensar muito sobre coisas que a gente ainda não consegue entender para estudá-la mais profundamente. Acho que a disciplina não deveria ser ensinada nas escolas, e sim em algumas faculdades. O interesse deve partir dos próprios estudantes.
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Dica de Livro
Divulgação
LUANA E AS SEMENTES DE ZUMBI
Galera estudiosa A maioria dos 112 mil alunos do Programa Universidade para Todos (ProUni) tem obtido sucesso nos seus cursos e sentido entusiasmo pelos estudos. “Vários reitores de universidades privadas têm manifestado satisfação com o desempenho desses jovens, que muitas vezes não entravam na universidade por questão de oportunidade”, declarou o ministro interino do MEC, Jairo Jorge. A seu ver, políticas afirmativas como o ProUni e de cotas para alunos de escolas públicas entrarem nas universidades federais constituem um caminho para o país enfrentar a questão da exclusão.
Uma protagonista negra, de trancinhas e com um berimbau mágico. Mais uma maneira para milhões de crianças Brasil afora compreenderem um país de muitas etnias e culturas. “É a primeira heroína infantil negra do Brasil. Ela tem família, mora com o pai, a mãe, o irmãoziLucynei Martins / Rede Rua nho e a avó e tem amigos de diferentes etnias. Joga capoeira e seu berimbau é mágico, que a faz viajar no tempo”, diz o criador da personagem e da série de livros, Aroldo Macedo. No primeiro livro, Luana, a menina que viu o Brasil neném, editado pela FTD, o berimbau, após ser atingido por um raio, adquire poderes mágicos e leva a protagonista à época em que os primeiros navios portugueses aportaram por aqui. No mais recente, Luana e as sementes de Zumbi, a menina de 8 anos encontra Zumbi dos Palmares. Os livros narram O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Reas viagens no tempo e a série de 12 gibis, belo, recebeu em meados de outubro estudantes de as aventuras de Luana contra Fumaça diversas entidades, como o Movimento dos Sem-UniMortal, o vilão que polui o meio ambienversidade (MSU). Eles pediram a aprovação do Projete. As histórias em quadrinhos e o seto de Lei 3627/04, do Executivo, que prevê a reserva gundo livro são editados pela Toque de de, no mínimo, 50% das vagas das universidades púMydas, editora do autor. blicas federais para estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas públicas, especialmente negros e indígenas. Rebelo explicou aos estudantes que, na última reunião de líderes, sugeriu Origem de prioridade para a inclusão da proposta na pauta do palavras e expressões plenário, e que a decisão caberá também às lideranças. Aldo prometeu ainda apoiar todos os projetos que BABACA valorizem o ensino público e o acesso à educação. “No Brasil, a desigualdade é a regra. Começa com a regioNo latim, Balbu significava gago e originou o nal e a social, que impedem o acesso à educação.” verbo balbutiare (gaguejar, falar obscuramente). Em Antonio Milena/ABR português, balbutiare deu balbuciar e balbu virou bobo, porque uma das gracinhas que os bobos da corte faziam era imitar gago. Antigamente, os bobos da corte se destacavam por seu modo de vestir extravagante. Hoje, muitos trajam de terno e gravata e não gaguejam, o que dificulta sua identificação imediata. De bobo veio boboca, com a terminação pejorativa – oca (como em engenhoca). Babaca é uma forma variante de boboca.
Cotas nas universidades
DNA!
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“Se quem ama adivinhasse o mal que o ciúme faz, não daria falso um passo, nem pra frente e nem pra trás.”
DO CONTRA
Provérbio brasileiro
texto e foto MARÍLIA ALMEIDA Felipe Rafael Caczan, 24 anos, é produtor editorial e mora em São Paulo. Não quer nem ouvir falar em dinâmica de grupo.
Por que você é contra a dinâmica de grupo? – Todas as dinâmicas nas quais participei não influenciaram em nada o resultado porque a maioria das pessoas que passam na dinâmica em grupo já sabem da resposta ou fazem as coisas pressionadas só para impressionar a galera que está avaliando. Acho que esse negócio assim de trabalho em equipe é tudo furado, a pessoa tem que saber trabalhar na individualidade. Qual foi a sua pior dinâmica? – Uma vez fui fazer uma em uma escola que era assim: a gente tinha que montar um quadrado com umas peças, só que ninguém podia falar nada e só podia conversar com as pessoas somente por gestos, caras e bocas. Todo mundo queria comandar, liderar a equipe. Foi um negócio nada a ver. No final das contas, todos queriam se mostrar para ganhar um emprego. Como deveria ser o processo de avaliação na sua opinião? – Como vou contratar um jornalista baseado em uma dinâmica de grupo? Nada a ver. Ele tem que mandar um texto dele. No caso do diagramador, tem que ver o portfólio dele, mostrar realmente coisas que assinou. Dinâmica de grupo é balela porque depois você acaba trabalhando, conhecendo as pessoas. O ser humano é diferente, não é programável. Levantamento realizado entre janeiro de 2004 e se-
Armas ilegais
tembro deste ano, pelo Infocrim, a base de dados informatizada das ocorrências policiais de São Paulo, mostrou que, dos mais de sete mil casos registrados de porte ilegal de armas no período, 48,5% envolviam jovens entre 16 e 24 anos. Os homicidas presos e as vítimas são, em sua maioria, também muito jovens, de baixa escolaridade e moradores de periferia. Para o cientista políticoTúlio Kahn, os dados reforçam uma deficiência nos programas de TV veiculados antes do referendo do desarmamento. Segundo ele, o enfoque dos debates ficou centrado nos adultos, chefes de família. “Além do aspecto de insegurança, existe o mito da virilidade ao portar uma arma.
Brasil sem homofobia
Dica de Site: Comunicação e Cultura Conheça a página na internet da Organização Comunicação e Cultura, de Fortaleza (www.comcultura.org.br). A galera trabalha com a formação dos jovens para a cidadania, atuando em escolas e outros espaços de aprendizagem. Promove o protagonismo dos jovens na melhoria do ensino público e das condições de vida nos bairros e nas comunidades onde moram. Por meio de oficinas, o Comunicação e Cultura capacita alunos para a criação de jornais nas escolas, por meio do Programa Escola de Cidadãos. A meta é atingir 1000 escolas públicas e outros espaços de aprendizagem do Ceará, até o final do ano 2005.
O Ministério da Educação vai desenvolver um projeto de capacitação de 80 professores e coordenadores pedagógicos da rede municipal de ensino público em Juiz de Fora (MG) em 2006. O projeto foi criado pelo Movimento Gay de Minas (MGM) e inserido dentro do programa do Governo Federal Brasil sem Homofobia. Diversos temas serão abordados em oficinas por dez especialistas em educação e homossexualidade de todo o país. A intenção é que com a criação do projeto, não apenas diminua o preconceito nas escolas, mas também se crie um terreno onde os homossexuais possam construir sua própria identidade.
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos.” Lao-Tse, filósofo chinês “A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.” Friedrich Nietzsche, filósofo alemão nº 22 · Ano 3 · Revista ViRAÇÃO
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TESÃO
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ALEX FIGUEIREDO tem paixão pelo que pensa e faz
TALENTO musical texto e foto VITÓN RAYZOV
Não há dúvida de que as melhores oportunidades estão no eixo Rio-São Paulo, só que a concorrência também é maior e tem todas as neuroses de uma grande metrópole, diz o músico carioca Alex Figueiredo, que trabalha em Curitiba (PR) Alex Figueiredo dá aulas de percussão: “Disciplina e estudo são fundamentais para se tornar um bom profissional”
A
ssim como o futebol, a música também assume algumas responsabilidades no contexto brasileiro. Devido à imensa diversidade cultural, a música brasileira é muito rica e atinge um status de paixão nacional, fato tal que também seduz milhares de jovens a seguirem carreira. Natural do Rio de Janeiro e formado pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Alex Figueiredo já ostenta seus 15 anos de profissionalismo, atestando que para ser músico é necessário mais do que talento: “Hoje em dia só talento não basta. Disciplina e estudo são fundamentais para se tornar um bom profissional, tanto na música como em qualquer área”, diz ele. Dentre aulas e bares, a rotina de um músico pode ser atribuladíssima ou completamente vaga. Passagens de som, preparação de aulas e ensaios ocupam espaços indefinidos no dia-a-dia, e quem tem tudo isso dá graças a Deus. “É aí que entra a sorte e a localização. Não há dúvida de que as melhores oportunidades estão no eixo Rio-São Paulo, só que a concorrência também é maior e tem todas as neuroses de uma grande metrópole”, analisa. Apesar de tanto esforço individual, a carreira musical é extremamente coletiva. A dependência – nem sempre humana – engloba a parte instrumental como um todo e, se engana quem acha que a voz e os sons corporais não entram nessa dança. É afinação pra um lado, cabo pro outro, tom daqui, acorde acolá, mas tudo com um propósito de despertar algum sentimento, seja ele melancólico ou alegre. Mas alto lá! Imagine se um jogador de futebol só jogasse para o seu time do coração? Alex afirma que apesar do estilo o importante é que trabalho é trabalho: “Toco forró um dia, MPBlack no outro e em seguida em um casamento, por exemplo, mas independente do estilo cada um deve ser encarado com a mesma seriedade”. E para quem realmente quer seguir este caminho, aí vai uma dica: o Conservatório de Música Popular Brasileira é uma ótima pedida, pois, além de ótimos profissionais envolvidos, conta com um preço acessível. Com diversas escolas em todo o Brasil, vale a pena procurar algum na sua cidade. Basta dar uma conferida no guia de sue município. Agora, por favor, me dêem licença, porque a minha aula já está começando...
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Um dia com um profissional para ajudar você a escolher sua carreira
Técnico Agrícola RAYANE MACIEL, KARLIANE ALVES e RONES MACIEL
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Fotos: Catavento
uixeramobim, a cerca de 240 Km de Fortaleza, a capital cearense, tem a sua economia quase toda voltada para as práticas agrícolas. Por isso, tivemos a curiosidade de saber mais de uma profissão, a de técnico agrícola, não muito conhecida, mas que é super comum nas comunidades agrícolas, como no assentamento Muxuré Velho. E quem vai nos ajudar a descobrir um pouco mais sobre essa profissão é técnico agrícola José Leonardo, 31 anos. Ele é funcionário da Prefeitura de Quixeramobim e trabalha no distrito Lacerda. Afinal, o que leva um jovem a passar oito anos fora de casa estudando, e depois retornar para sua comunidade e ajudá-la a se desenvolver? Para começar, vamos saber o que é um técnico agrícola. Segundo José Leonardo, “técnico agrícola é uma profissão que serve pra dar assistência ao homem do campo na área da agricultura e pecuária”. E quem pensa que fazer assistência técnica é só de vez em quando está muito enganado, pois o nosso técnico trabalha todos os dias, sai bem cedo, começa pela manhã por cada propriedade e só retorna para casa no final do dia. Ele deixou bem claro que é um trabalho muito cansativo mas, ao mesmo tempo, muito gratificante. Um técnico agrícola ganha em média dois salários e meio, podendo chegar até a quatro salários mínimos, isso no município de Quixeramobim. Em outros lugares não é muito diferente. Morar no campo, salário mais ou menos, será que há alguma dificuldade? Como em toda profissão, essa tem lá as suas: “No campo, o pessoal ainda mantém velhos hábitos, herança de seus antecedentes, e isso acaba atrapalhando o meu trabalho”. José falou-nos ainda o porquê da escolha dessa profissão. “Sendo filho Rayane Maciel, Karliane Alves entrevistam de agricultor, vi que seria a melhor o técnico agrícola José Leonardo; na outra maneira de contribuir com a minha imagem, Rones Maciel dá uma forcinha comunidade e viver diretamente digitando e editando o texto com o homem do campo e ajudá-lo quando necessário”.
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Rayane Maciel, 14 anos, e Karliane Alves, também da mesma idade, são do assentamento Muxuré Velho, município de Quixeramobim (CE); Rones Maciel 20 anos é estudante de Comunicação em Fortaleza e atua na Catavento Comunicação e Educação Ambiental, parceira da Vira
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Num quilombo fundado só por mulheres, no século 19, os jovens hoje participam ativamente da defesa da terra contra a ganância dos brancos e a força do tráfico de drogas texto e fotos FERNANDA SUCUPIRA, de Conceição das Crioulas (PE)
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uma tarde de sol escaldante, Jocicleide Valdeci de Oliveira, a Kêka, senta-se na varanda de sua casa. As mãos ágeis da jovem de 18 anos transformam a fibra do caroá, planta do sertão nordestino bastante resistente à seca, em uma pequena boneca que representa uma das mulheres mais significativas na história de sua comunidade. Numa casa perto dali, Adalmir José da Silva, 24 anos, por sua vez, confecciona instrumentos de percussão, com madeira e pele de animal, para a tradicional banda de pífanos. Fala com entusiasmo sobre as festas em que a banda toca e pessoas de todas as idades participam do trancelim, dança típica de sua terra, em que todos vão se trançando. Ambos são jovens de Conceição das Crioulas, comunidade quilombola com 4 mil habitantes, que resiste no sertão de Pernambuco há cerca de duzentos anos, apesar das recorrentes tentativas de expulsão da população negra dali. Contam seus habitantes que, no início do século 19, chegaram na região seis crioulas livres que deram início ao cultivo e à fiação do algodão, iniciando a tradição do artesanato na comunidade. Com a venda do produto, compraram o terreno onde viviam e, por muito tempo, tiveram a escritura dele. Aos poucos, Conceição foi sendo invadida e cercada pelos brancos, que hoje detêm as QUILOMBOLAS melhores terras, enquanto os Como são chamados quilombolas se espremem nas os habitantes das coáreas que sobraram e vivem munidades negras do cultivo de feijão, mandioca, rurais, descendentes hortaliças, a chamada agricultura dos quilombos de subsistência. A histórica luta pela posse desse território étnico vem se intensificando nas últimas décadas, o que tem acirrado os conflitos. Mais de vinte lideranças locais
Jocicleide (primeira à direita) é uma das lideranças que atuam na defesa das terras de Conceição já foram ameaçadas de morte pelos fazendeiros, e, no final do ano passado, houve até uma tentativa de incêndio na sede da associação quilombola. FUTEBOL FEMININO Kêka e Adalmir são dois dos jovens que participam do esforço pela retomada da terra de seus antepassados, que mobiliza grande parte dos habitantes do local e coloca Conceição em posição de destaque no movimento quilombola nacional. Há algum tempo, parte da juventude começou a se envolver com essa questão, considerada fundamental para a vida da população negra de Conceição, mas que antes costumava ser assunto apenas das pessoas mais velhas. A escassez de terras traz inúmeros problemas, como a falta de espaço para o jovem cultivar sua própria roça ou para a construção de novas casas quando os mais novos resolvem casar ou iniciar a vida independente da família.
nnº º22 22· ·Ano Ano33· ·Revista RevistaViRAÇÃO ViRAÇÃO
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População sobrevive da pequena agricultura e da produção de artesanato
Tanto Adalmir quanto Kêka, entre muitos outros, fazem parte da comissão de juventude da Associação Quilombola de Conceição das Crioulas (AQCC), contribuem para o resgate da cultura, discutem a situação de seu povo e buscam mais opções de lazer para crianças e adolescentes da comunidade. Ela atua, junto com sua mãe e suas duas irmãs, no movimento de mulheres rurais da região. Foi uma das fundadoras do primeiro time feminino de futebol, o Crioulinhas Futebol Clube, e integra a equipe responsável pela continuidade do artesanato na comunidade, fonte de renda para diversas famílias. Ele faz faculdade de pedagogia e desenvolve projetos ligados a esportes, música e recursos audiovisuais. Há alguns meses, foi ao Rio de Janeiro participar de uma oficina de vídeo para ensinar aos outros PONTO DE CULTURA jovens quilombolas como usar alguns recursos do esperado Iniciativa do Ministério da Cultura em parceria Ponto de Cultura, que será com entidades sem fins criado na comunidade. Eles lucrativos para fomentar são apenas dois exemplos de a cultura e projetos ligaum processo recente em que os dos à cidadania jovens cada vez mais se tornam protagonistas em Conceição das Crioulas e buscam alternativas para permanecer na terra em que nasceram. Mas nem sempre foi assim. Até 1987, grande parte da renda da comunidade vinha do plantio do algodão. Naquele ano, a invasão de uma praga nas lavouras da região fez com que as condições financeiras dos habitantes de Conceição piorassem, e muito. A situação, que já era bastante complicada antes, em especial nos períodos de seca, atingiu níveis desesperadores. A população não enxergava formas de sobrevivência digna, e muitas pessoas, em especial os jovens, viram-se obrigadas a emigrar para a periferia das grandes cidades. A localização de Conceição das Crioulas, dentro do Polígono da Maconha, região no interior de Pernambuco que apresenta largo cultivo da erva, trouxe e ainda traz conseqüências muito negativas, que atingem principalmente os jovens.
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ESTADO AUSENTE A total ausência do Estado nessa época, que não deu nenhuma atenção para o problema, abriu espaço para que o plantio e o tráfico, formas aparentemente fáceis de se obter dinheiro, atraíssem muitos jovens da região. Atentos ao que acontecia, os narcotraficantes começaram a investir mais em Conceição. O desejo de levar uma vida mais parecida com a apresentada pela televisão, com roupas caras, carros, e aparelhos eletrônicos de última geração, despertou como uma necessidade entre uma parte da juventude, que, muito mais sensível a esse tipo de apelo, se tornou alvo certeiro para o grande po-der de sedução do tráfico. A ilusão, no entanto, não durou muito. Em pouco tempo, vários dos envolvidos no crime começaram a ser presos e alguns foram mortos. Nos últimos anos, no entanto, o problema diminuiu bastante em Conceição, o que é atribuído a dois fatores principais: o projeto de educação diferenciada desenvolvido desde então e o crescente envolvimento político dos jovens. “Eu presenciei nessa comunidade um momento em que ou os jovens caíam na luta, no sentido
Projeto de educação procura incluir a cultura e as tradições locais no cotidiano da escola
de melhorar a situação, ou entravam no tráfico. E a gente escolheu a luta”, explica Aparecida Mendes, que hoje é coordenadora executiva da AQCC. Num desses momentos decisivos, ela viu dois meninos assassinados, jogados um em cima do outro, formando uma cruz. Eram dois conhecidos seus, cujo crescimento ela havia acompanhado desde o início. Sabia que eles não dispunham de condições financeiras para sobreviver, o que a entristeceu ainda mais. A mobilização impulsionada por essa situação resultou numa presença bem mais forte do Estado na comunidade, com a implementação de políticas públicas que diminuem os riscos de eles serem seduzidos pelo crime. A SAÍDA NA EDUCAÇÃO Os avanços alcançados na educação, que transformaram Conceição em uma referência para as outras comunidades quilombolas no país, são apontados como um fator essencial para isso. Até 1995, só era oferecido, na própria comunidade, o ensino de 1a a 4a série. Hoje, a galera têm oportunidade de estudar até o Ensino Médio, cerca de trinta jovens estão cursando faculdade em Salgueiro – cidade a 42 km dali, da qual Conceição faz parte – e alguns já estão formados. Antes, quando chegavam aos 16 anos, eles se mudavam para as grandes cidades, em busca de melhores condições de vida. O projeto que está sendo colocado em prática nas escolas de Conceição busca algo pra lá de diferente: incluir a cultura e as tradições locais no currículo e no cotidiano escolar. O processo se iniciou como uma reação natural ao fato de que a escola tal como era apresentada, igual à de Salgueiro, não tinha muito a ver com o dia-adia da comunidade. Uma realidade rural, negra, quilombola, com uma história bastante particular e sabedoria tradicional que não eram valorizados naquele modelo. Todos os textos que são lidos e trabalhados nas aulas de gramática ou escritos pelos alunos, por exemplo, passaram a ser sobre histórias da comunidade, que crianças e adolescentes pesquisam com os habitantes mais velhos. Assim, aprendem ao mesmo tempo os conteúdos previstos no currículo escolar e a origem de Conceição das Crioulas. A partir disso, iniciaram o resgate de suas raízes e a valorização da cultura local que, aos poucos, começaram a surtir efeitos. “Quando eu era mais novo, os jovens não costumavam participar do trancelim porque ainda não tinham despertado para as coisas boas da comunidade, inclusive eu era um dos tais. A gente não achava bonita a dança, nem a banda de pífanos. Só quando fomos estudar em Salgueiro e vimos que a cultura de lá não tinha nada a ver com a nossa, e que a nossa era riquíssima, nós começamos a dar
valor e a participar do trancelim, que é muito contagiante. Quando a gente vê, não consegue mais ficar parado”, diz Adalmir. Hoje, alguns jovens integram até mesmo da banda de pífanos da comunidade. PROTAGONISMO JUVENIL A Associação Quilombola de Conceição das Crioulas foi fundada em 2000 com o objetivo de receber o título de posse do território étnico, mas vem incorporando diversas outras demandas que surgiram ao longo dos anos. Só em 2003 é que foi criada a comissão de juventude, como resultado da crescente mobilização dos jovens, sendo hoje uma das mais atuantes. Eles começaram a realizar debates sobre temas da atualidade, políticas públicas voltadas para eles, drogas e sexualidade. Organizaram um torneio de futebol de salão, com o objetivo de arrecadar dinheiro para comprar o material necessário para fazer os instrumentos da banda de pífanos, iniciaram uma campanha em defesa do meio ambiente, conscientizando os habitantes de Conceição em relação ao problema do lixo, que poderia contaminar o açude da comunidade. nº 22 · Ano 3 · Revista ViRAÇÃO
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OS QUILOMBOS DE HOJE D
esde que os negros começaram a ser trazidos, à força, da África para serem escravizados no Brasil, os quilombos se constituíram como espaços de resistência, onde a população negra consegue manter uma cultura
própria. O mais famoso foi o de Palmares, na Serra da Barriga (AL), comandado pelo herói negro Zumbi, festejado no Dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. Hoje, há 2.228 comunidades quilombolas no país, de acordo com o mais recente levantamento, divulgado em maio deste ano pela Universidade de Brasília. O movimento quilombola, porém, estima que esse número ultrapasse os 4 mil. Ainda que 63% das comunidades se concentrem no Nordeste, elas estão em quase todo o país, com exceção de Roraima, Acre, e Distrito Federal. Vivem nelas cerca de 2 milhões de quilombolas, segundo a Fundação Cultural Palmares, embora o movimento tam•
bém acredite que esse número seja bem maior.
Pernambuco
Quanto à regularização, apesar de o direito à terra das comunidades quilombolas estar previsto na Constituição Brasileira de 1988, a titulação desses territórios vem sendo feita lentamente. Muitas estão em conflito pela posse, tanto com proprietários particulares quanto com o governo, e ameaçadas de despejo. Até agora só foram tituladas 119 comunidades, em 61 territórios, sendo que par-
te delas ainda não conseguiu a posse efetiva de suas terras, porque não houve retirada ou indenização dos proprietários e posseiros. Dezessete anos depois de o direito ser assegurado, apenas 5% das comunidades conhecidas foram regularizadas. Se o ritmo se mantiver, serão precisos mais de três séculos para concluir a titulação.
O grupo de jovens foi se desenvolvendo cada vez mais, até que surgiu a necessidade de se criar um espaço espe-cífico para eles na AQCC. Desde então, a participação deles na luta pelo título definitivo das terras de seus antepassados só aumentou. Atualmente, reivindicam junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a construção de uma quadra poliesportiva dentro de seu território. No entanto, a quadra, que seria uma opção de lazer, ainda depende da regularização da área quilombola. Um grupo grande já faz parte da comissão de juventude da AQCC, muitos têm viajado para participar de cursos e encontros fora da comunidade, e já sentem uma diferença significativa em suas vidas. Kêka, por exemplo, viveu com sua família por muito tempo fora
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de Conceição, primeiro em Salgueiro e depois em Petrolina. Com a morte de seu pai, ela e as outras quatro mulheres – suas duas irmãs, sua tia e sua mãe – decidiram, em 2000, voltar para a comunidade para tentar a vida por lá novamente. Hoje, Kêka considera que a mudança melhorou muito a vida delas porque, quando moravam na cidade, não tinham muitas atividades. Várias amigas dela da época em que vivia em Salgueiro tiveram filhos aos doze anos, prostituem-se, ou não têm nenhuma perspectiva de vida. “Nós nos conscientizamos e crescemos muito desde que chegamos aqui”, avalia. Outro fator que contribui para isso é que, em Conceição, a presença da mulher na luta pela terra, na organização da comunidade e na tomada de decisões é muito forte. A jovem quer trabalhar com o meio ambiente, por isso, gostaria de fazer um curso de especialização fora dali, mas com o objetivo de colocar em prática seus conhecimentos na própria comunidade. Depois de ter morado em Salgueiro, consegue comparar melhor a vida naquela cidade com a que leva no quilombo. “Na cidade, o lugar é desenvolvido, mas nós não nos desenvolvemos. Lá, as pessoas não têm noção de nada, vivem num mundo triste. Em Conceição das Crioulas, o lugar não é desenvolvido, mas nós nos desenvolvemos. A gente passa dificuldades, só que ninguém morre de fome. Aqui, conseguimos lutar pelos nossos direitos, sabemos o que é melhor para a gente”, define Kêka.
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A juventude
Pesquisa revela o que os jovens desejam para o mundo
quer viver HILÁRIO DICK
A
s pesquisas vão gritando, com seus dados, que um dos maiores receios ou medos, também da juventude, é a violência e que um dos sonhos mais bonitos que a juventude carrega é a paz em seu sentido mais amplo. Como contribuir para que uma não exista e que a outra floresça como a rosa mais bonita do jardim da vida? Uma das iniciativas que essa realidade despertou em 2004, através de cartazes, folders, mensagens pela internet, foi a Campanha em Defesa da Vida – A Juventude Quer Viver, promovida pela Casa da Juventude Pe. Burnier (CAJU), de Goiânia (GO), em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), a Pastoral da Juventude Nacional, entre outras entidades. Criada em 1983 e filiada à Associação Jesuíta de Educação e Assistência Social, da Companhia de Jesus, a CAJU oferece formação, assessoria, pesquisa e outros serviços para jovens e adolescentes. No Encontro Nacional da Pastoral da Juventude, por exemplo, em Salgado (SE), a campanha foi assumida em nível nacional e se desdobrou em sondagem entre os jovens a partir de duas perguntas: 1) No Brasil que a gente quer: o que deve ter? 2) No Brasil que a gente quer: o que não deve ter? Participaram da pesquisa jovens de 21 cidades de 6 Estados (Goiás, Amazonas, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul). Os desejos mais fortes deles são, por ordem de importância: educação pública de qualidade, emprego digno ou oportunidades de trabalho, lazer, saúde pública, moradia digna e reforma agrária. Pode-se dizer que “não há novidades”, considerando outras pesquisas. Segundo a pesquisa do Instituto Cidadania (ainda a melhor que temos sobre o tema, no Brasil), os direitos sociais mais importantes são o emprego, a educação, a saúde, a segurança, a moradia e a alimentação. Quanto à segunda questão – no Brasil que a gente quer, o que não deve ter? – os grandes “inimigos” a serem enfrentados, segundo os jovens são: violência, drogas, preconceito, corrupção, desemprego, fome, desigualdade social e prostituição. A sondagem oferece-nos dois mapas que mostram como os jovens são capazes de ver a realidade e sonhar com soluções. Sem querer, o todo aponta para a forma pedagógica e mística que se faz necessária frente ao que se vê e sonha.
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Hilário Dick é sacerdote e coordenador da Casa da Juventude Pe. Burnier (CAJU)
Divulgação
tá na mão • Casa da Juventude Pe. Burnier www.casadajuventude.org.br
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Divulgação
CMI
Liberdade
ameaçada
Em nome da guerra ao terror, governo britânico lança plano que pode ir contra os direitos humanos; os jovens protestam
Jovens ingleses e imigrantes protestam contra a invasão do Iraque e a linha-dura de Tony Blair MARIANA CACAU, de Londres (Inglaterra)
A
vida dos jovens ingleses vem mudando a cada dia que passa. Londres, uma cidade cosmopolita que abriga gente de mais de cinqüenta países e que fala quase quarenta idiomas, está vivendo uma grande ameaça contra a liberdade civil e os direitos humanos devido a uma lei antiterrorista que está sendo criada e que pode ser implantada a qualquer momento na Inglaterra. Em artigo publicado em um jornal inglês no início deste ano, o primeiroministro britânico, Tony Blair, já havia defendido um pacote de medidas que incluía a prisão de suspeitos de terrorismo. Hoje, quatro meses depois dos atentados terroristas em Londres que mataram mais de cinqüenta pessoas, o primeiro-ministro inglês apresentou oficialmente seu projeto de lei que pode dar poderes à polícia de prender um suspeito por até três meses sem nenhuma acusação formal, alegando que a proteção da população contra o terrorismo é sua principal tarefa. Além disso, também estabelece deportar muçulmanos do Reino Unido suspeitos de ligações com grupos terroristas, e ainda fechar locais usados para “pregar o ódio”, como livrarias ou websites radicais. Essa série de medidas gerou bastante polêmica e fortes críticas de grupos ativistas em defesa dos direitos humanos. No entanto, Tony Blair se defendeu dizendo que “se preocupava muito com as liberdades civis no país, mas a liberdade civil mais importante é o direito de viver sem a ameaça de ataques terroristas”.
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JOVENS NA BERLINDA
COMO JEAN CHARLES O estudante Thomas Will, 18 anos, que também integra a SSAW, garante que se ninguém u ca protestar ou expor suas Ca a opiniões, é fácil para o n ia ar governo reprimir as M pessoas. “A liberda-
Alexandre Praça
Com tanta especulação sobre atentados terroristas, jovens ingleses começaram a prestar mais atenção no que está acontecendo no mundo. Eles se interessam pelo assunto, discutem, opinam, fazem blogs e até criam grupos de discussões. Organizaram dezenas de protestos contra a invasão do Iraque e o plano de Blair e criaram novas organizações. Uma delas é a School Students Against War (SSAW – “Estudantes contra a guerra”), fundada em 2003 somente por alunos de escolas da Grã-Bretanha. O movimento é tão organizado que há dois anos conseguiu reunir aproximadamente 50 mil jovens em um protesto nas ruas contra a
Elica Zaerin, 17 anos, da coordenação do grupo, conta que todos os dias jovens a procuram interessados em fazer parte da SSAW. “Temos que protestar contra esses abusos. George W. Bush e Tony Blair são responsáveis pelas 100 mil mortes que aconteceram no Iraque até agora. Eles têm poder suficiente para mudar essa situação e é por isso que não vamos ficar parados.”
A inglesa Manuela Martins, 19 anos, considera a situação muito delicada. “As pessoas aqui estão muito assustadas com o terrorismo e Blair precisa fazer alguma coisa para controlar quem está envolvido em movimentos radicais”, diz a estudante, que concorda em deportar se for preciso. Manuela defende o primeiro-ministro em alguns pontos, mas é contra a guerra. Assim como Manuela, a estudante Shiwley Begum, 19 anos, também concorda em deportar gente que está ligada ao terrorismo. “Sei que é uma situação difícil por causa da liberdade civil, mas acredito que essa lei deve ser colocada em prática desde que saibam exatamente quem está sendo colocado para fora do país”. A vida dos brasileiros residentes em Londres depois dos ataques terroristas também mudou. Há um ano e meio na Inglaterra, o paulista Thiago de Lima, 22 anos, conta que chegou a mudar de vagão no metrô ou descer do ônibus antes de seu ponto porque desconfiou de certos passageiros. “Hoje tudo já voltou ao normal, mas cheguei a mudar de metrô quatro vezes em um mesmo dia por suspeitar de gente estranha”, conta.
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Amigos prestam homenagem ao brasileiro Jean Charles, assassinado à queima-roupa pela polícia britânica guerra no Iraque, e conta até com um websites na internet (www.ssaw.co.uk, em inglês) que dispõe das últimas notícias e futuras campanhas. A maioria dos jovens que fazem parte da SSAW se reuniram na capital inglesa dia 24 de setembro em um protesto contra a presença de tropas inglesas no Iraque. São jovens espalhados por todo o Reino Unido que defendem a liberdade civil, a comunidade islâmica no país e que se reúnem periodicamente para discutir os planos do governo e organizar campanhas contra a guerra. Em entrevista ao jornal inglês Socialist Worker, a estudante Alys
de civil que temos é algo limitado, mas um princípio muito importante”, afirma. “Mesmo que não sofremos diretamente sobre os ataques aos direitos humanos ou que pareçam não ter significado imediato na nossa vida, mesmo assim estão nos atacando, pois qualquer dia um de nós pode ser preso sem nenhum tipo de julgamento.” E serem vítimas como aconteceu com o brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado por policiais, em 22 de julho. O jovem britânico afirma que os ataques de 7 de julho não o impressionaram e acredita que o terrorismo não afeta o governo de Tony Blair, apenas faz com que ele fique ainda mais forte.
tá na mão • Confira a página na internet da organização Estudantes contra a guerra: www.ssaw.co.uk, em inglês
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Educação em pauta
Fique por dentro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb); um palavrão de todo tamanho, mas que tem a ver com a sua vida, bem de perto
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ompromisso de campanha eleitoral do presidente Lula, parte importante de seu programa de governo e uma das quatro prioridades anunciadas pelo Ministério da Educação (MEC) no início da gestão, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) está hoje no centro do debate das políticas voltadas para a educação. Quando aprovado, o Fundo será uma política das mais importantes da educação no país, concretizando o conceito de Educação Básica presente na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que inclui e articula a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Especialistas afirmam se tratar de um avanço importante em relação ao Fundef, fundo hoje em vigor, que focaliza o Ensino Fundamental regular de 7 a 14 anos. Atualmente, são atendidos pelo Fundef 32 milhões de alunos, sendo que com a criação do Fundeb, a previsão é de que sejam atendidos mais de 47 milhões. COMO FUNCIONA A Constituição brasileira traz a conquista de um direito muito importante para a educação no país: a garantia de verbas vinculadas no âmbito da União, Estados e Municípios. Com o Fundeb, assim como ocorre hoje com o Fundef, parte das verbas vinculadas
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CAMILLA CROSO
de Estados e Municípios será destinada a 27 fundos contábeis estaduais. Os recursos retornam aos Estados e aos Municípios conforme o número de matrículas em suas redes de ensino, considerando a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, com base em um valor mínimo de investimento por aluno decretado anualmente pelo presidente da República. Os Estados que não conseguirem viabilizar esse investimento mínimo por aluno a todos os matriculados na educação básica virão a receber uma complementação da União. Portanto, o mecanismo do Fundeb, assim como vem sendo o Fundef, quer promover eqüidade tanto a partir da complementação da União quanto a partir de uma redistribuição dos recursos dentro dos Estados, adotando como critério o número de alunos matriculados por nível de ensino no âmbito de cada rede. A previsão é que, no Márcio Baraldi quarto ano de vigência, haja um investimento público anual de R$ 50,4 bilhões, dos quais R$ 4,3 bilhões provenientes dos cofres do Governo Federal. NÓS CRÍTICOS Apesar dos nítidos avanços que o Fundeb poderia alavancar, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) hoje em tramitação no Congresso apresenta uma série
Congresso já se mostraram bastante favoráveis à inclusão das creches, mas é preciso continuar atento à tramitação da PEC e seguir adiante com a mobilização do movimento. A exclusão das creches é apenas uma das questões críticas. Outra também fundamental é a necessidade de ampliar o investimento por parte da União, sem o qual não podemos vislumbrar um patamar de qualidade para a educação do país. A previsão para o primeiro ano é uma complementação de R$ 1,2 bilhões, o que reduziria o já baixíssimo investide graves limitações. mento por aluno hoje A principal dela é deixar em vigor. Em uma as creches de fora, não versão antiga da PEC, permitindo que estas havia a previsão de possam acessar os eliminar ainda que grarecursos do Fundeb, dativamente – a Desvincomprometendo assim culação das Receitas da o acesso de 13 milhões União (DRU). Esse é um de crianças na faixa meca-nismo posto em etária de 0 a 3 anos. prática pelo governo Da Educação Infantil, federal para desvincular somente está contemparte da verba vinculaplado o financiamento da; a conseqüência para da pré-escola, ou seja, a educação é a perda de crianças de 4 a 6 de mais de R$ 4 bilhões anos de idade. A exclupor ano, no âmbito da são das creches, além União. A eliminação de ferir o conceito de da DRU seria, efetivaEducação Básica, mente, uma forma de impacta a vida de ampliar consideravelMães e filhos protestam contra as exclusão das creches milhões de crianças mente os recursos e mulheres trabalhadoras, particulararticulação que envolve um grande investidos pela União no Fundeb. mente as de baixa renda. número de organizações da sociedaInfelizmente, o Ministério da FazenFoi principalmente a pressão dos de civil, entre os quais a Campanha da pressionou o MEC para retirar secretários estaduais de educação Nacional pelo Direito à Educação, o da PEC esta estratégia. No entanto, que levou à exclusão das creches, Movimento Interfóruns de Educação ainda há tempo de pressionar demonstrando que a educação Infantil do Brasil (Mieib) e a Fundao Congresso para que a PEC volte brasileira está muito longe de ser ção Abrinq. Parlamentares do a contemplar o fim da DRU. regida por um regime de colaboração entre União, Estados e Municípios. A preocupação dos secretários estaduais é que a demanda reprimida por creches, etapa custosa e sob responsabilidade dos secretários municipais, fosse maior que a • DE OLHO NO CONGRESSO demanda por Ensino Médio, etapa A Proposta de Emenda Constitucional sob responsabilidade dos secretáfoi enviada ao Congresso em 14 de rios estaduais, e que de consejunho e está sendo avaliada por qüência, haja uma perda de recurdiversas comissões. Acompanhe sos dos Estados para os Municípios. o assunto pela página na internet A inclusão das creches no Fundeb da Campanha Nacional pelo Direito à tem sido uma das pautas prioritárias Educação: www.campanhaeducacao.org.br do Movimento Fundeb pra Valer, Ação Educativa
Ação Educativa
Organizações sociais precionam parlamentares para rever pontos críticos do Fundeb
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tá na mão
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l i s Bra encontra encontra a África
GALERA REPÓRTER
Nosso país começa a conhecer, reconhecer e entender melhor suas origens e a realidade ao aumentar o diálogo com o continente africano. É o que defenderam mais de 600 pessoas que participaram do Encontro Internacional Brasil-Africa – Igualdade Racial: um Desafio para a Mídia, realizado em outubro, na capital paulista
E
O antropólogo congolês Kabengelê Munanga fala da importância de o Brasil estreitar laços com a África. Segundo ele, o ensinamento de história do continente africano nas escolas já é um bom começo IAGO HAMANN, 14 anos DOUGLAS LIMA, 17 anos BRUNO PEREIRA, 17 anos JUSSANE PAVAN, 18 anos SUSANA SARMIENTO, 23 anos CAROL LIMA, 24 anos FELIPE JORDANI, da Redação fotos NCE/USP
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ntre os dias 12 e 14 de outubro, mais de 600 estudantes, educadores, professores e profissionais de comunicação e intelectuais do Brasil e de nove países da África discutiram a exclusão do negro na mídia durante o Encontro Internacional Brasil-Africa – Igualdade Racial: um Desafio para a Mídia. O evento foi promovido pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE-ECA-USP), o Instituto Internacional de Jornalismo e Comunicação (IIJC) de Genebra e o SESC-SP. Foi nesse encontro “histórico”, como muitos afirmaram, que os virajovens entrevistaram o antropólogo congolês Kabengelê Munanga. Aos 63 anos, Kabengelê está no Brasil há 28, mas possui uma formação que passa por diversas regiões do mundo. É formado em antropologia pela Universidade Nacional do Congo, é mestre pela Universidade de Louvain, na Bélgica, e doutor pela Universidade de São Paulo, onde hoje faz pesquisas e ministra aulas. É autor de Para entender o negro no Brasil de hoje: história, realidades e caminhos, pela editora Global. Nesse bate-papo, Kabengelê trata das relações sociais e culturais entre o Brasil e o seu continente de origem e das importantes políticas de ação afirmativa, como a de cotas para negros e indígenas na universidade. Em relação à questão social, há semelhanças entre o Congo e o Brasil? – Não, as questões sociais dos dois países têm origens históricas diferentes. Os países africanos têm a herança das colonizações, que deixaram uma pobreza praticamente generalizada, que foi aprofundada depois das independências por causa das guerras internas e das condições debilitadas de desenvolvimento. A questão social é muito séria em todos os países africanos. Há cerca de 340 milhões de africanos vivendo com menos de um dólar por dia. Quase metade da população não tem acesso à água potável. Algumas estatísticas dizem que morrem a cada semana, cerca de 200 mil pessoas. Cerca de
10 mil mulheres morrem de parto a cada semana. A maioria das vítimas da aids está no nosso continente, assim como a maioria de crianças órfãs vítimas dela. Dessa forma, é bem difícil fazer uma comparação em termo de questão social. As desigualdades daqui também são profundas, mas possuem origens históricas completamente diferentes. A situação do continente africano é mais calamitosa em comparação com alguns países da América Latina, apesar da questão social ser também muito alarmante aqui. De que forma o Encontro pode contribuir na solução desses problemas? – Não creio que a comunicação resolva, mas sim que ela alerta a consciência das pessoas que não sabem nada das coisas que acontecem nos dois continentes. Os africanos que foram convidados não conhecem o Brasil e depois deste encontro saíram com uma imagem diferente. A imagem que se tem do Brasil na África é a do mito de democracia racial. Eles acham que aqui é o paraíso racial: o único país do mundo onde o negro e o branco convivem sem problema algum. Mas todos vão sair daqui com uma opinião completamente diferente. Como a cultura africana pode ser inserida na grade curricular das escolas? – Precisamos de livros didáticos para fazer isso, pois eles não existem no Brasil. Podemos encontrar nas livrarias alguns livros de história que foram traduzidos, mas não são didáticos. Em várias regiões do país você tem cursos hoje organizados para formar os educadores. Na Universidade de São Paulo, o Centro de Estudos Africanos realiza cursos assim, pelo terceiro ano. Este semestre, por exemplo, eu mesmo estou com a disciplina
EDUCOMUNICADORES MIRINS
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erca de 80 crianças e adolescentes (50 de escolas públicas e 30 do Colégio
São Luís, de São Paulo) produziram mídia durante o Encontro Internacional
Brasil-África. Eles participam de projetos de educomunicação, como o Educom.rádio e a Revista Viração. A galera realizou a cobertura por meio de rádio, televisão e internet e foram capacitados pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE-ECA-USP) e pelo Núcleo de Educação do Museu Afro-Brasil. A cobertura pode ser acessada com visita ao site http://www.saoluis.org/africabrasil/ onde estão armazenados os programas radiofônicos. Na página do NCE, você pode acessar os textos: www.usp.br/nce
Introdução aos Estudos Africanos. No livro que escrevi no ano passado (Para entender o negro no Brasil de hoje), retomo a história da África, situando-a como o berço da humanidade, mostrando o que eram as civilizações africanas antes do tráfico negreiro, antes da partilha colonial, de que regiões foram trazidos os africanos dos quais os brasileiros são descendentes e o que trouxeram para cá enquanto culturas que nós podemos ver no cotidiano brasileiro. Quando eu digo o que trouxeram, estou falando de contribuição, não de influência. Influência é uma palavra feia. É bom falar de contribuições culturais. Também falo da vida desses descendentes de africanos aqui no Brasil: os problemas que eles viveram na escravidão. Faço esse histórico para mudar a cabeça daquele que pensa que o negro era um joão-bobo. O que são ações afirmativas? – Hoje há várias maneiras de trabalhar com políticas de ação afirmativa que são políticas especificas para você atender um setor da população que, por questões históricas e por questão cultural
foi prejudicada. Uma delas é a política de compensação que é uma maneira de você refazer a justiça social, reintegrar esses povos, para que eles possam exercer sua cidadania num plano de igualdade com os demais cidadãos. Não há como você fazer isso só com as políticas universalistas. Mesmo que aprofundadas, elas não resolvem as questões específicas. A questão do homem e da mulher é uma questão social. A questão da discriminação social, também. Mas todas essas questões sociais têm especificidades, tem nome, sexo, religião e endereço. Elas tem de ser trabalhadas em suas especificidades. Embora o negro seja pobre, ele acumula uma outra discriminação, que é racial. Se for uma mulher, acumula três: pobre, negra e mulher. Se for portadora de deficiência, mais uma. Não vamos resolver o problema de um portador de deficiência como se fosse o problema de qualquer pobre de um modo em geral, porque ele tem especificidade. É nesse sentido que a gente fala de políticas de ação afirmativa. São políticas específicas, dirigidas para certo seguimento da sociedade.
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DECLARAÇÃO DE SÃO PAULO
O
encontro internacional produziu um documento final, fruto das discussões sobre mídia e etnias e a re-
pela mídia, visando a promoção de iniciativas voltadas para o combate a toda e qualquer forma de discriminação por
lação Brasil-África. Nele, os participantes fazem algumas recomendações para a relação entre mídia e a igualdade
raça, cor, etnia, gênero, classe e crenças religiosas; • Implementação de programas de capacitação para
racial. Veja alguns trechos: • A expansão e consolidação de programas de coope-
aquisição de know-how sobre novas tecnologias de comunicação, visando a produção de mídia alternativa aos gran-
ração na área da comunicação entre instituições públicas e privadas brasileiras e africanas, visando a maior aproxi-
des conglomerados midiáticos; • O desenvolvimento de programas de estudo sobre a
mação de seus respectivos povos; • O incentivo à realização e divulgação de pesquisas
história da África em todos os níveis de ensino, para afrobrasileiros e instituições africanas;
multidisciplinares e intercontinentais sobre o papel e a responsabilidade da mídia na promoção da igualdade dentro
• A criação de um núcleo disseminador, congregando os participantes africanos e brasileiros, visando sensibili-
da diversidade racial, étnica e cultural; • A elaboração e execução, mediante parcerias entre
zar os povos na África e no Brasil para as questões cruciais que os mesmos se deparam em seus respectivos países e
instituições públicas, a iniciativa privada e o terceiro setor, de programas de capacitação para profissionais da mídia,
as contribuições que possam fomentar para o desenvolvimento mútuo, com capacidade de implementar as reco-
habilitando-as para a promoção da igualdade para além das fronteiras raciais, de gênero, étnicas e culturais;
mendações aprovadas; • As informações resultantes deste Encontro deverão
• O desenvolvimento de programas de cooperação entre países africanos e Brasil, que estimulem o intercâmbio
ser disseminadas em todas as línguas acessíveis na África e no Brasil;
entre pessoas dos dois continentes, dando especial atenção a intercâmbios específicos entre os jovens;
• O encorajamento a que afro-brasileiros busquem suas raízes genealógicas na África, promovendo seu sentido de
• O estímulo às iniciativas que visem reduzir a pouca informação sobre as realidades africanas e brasileiras;
pertencimento às suas origens; • A transformação do Encontro Internacional África-Bra-
• O desenvolvimento de práticas educomunicativas pelas instituições e comunidades educativas, assim como
sil em atividade regular, realizada no Brasil ou em outro país africano.
Quais são as outras ações afirmativas além das cotas para negros e estudantes das escolas públicas? – Além das cotas, você pode trabalhar a questão da diversidade na escola. Isso faz parte da política de ação afirmativa. Há várias fórmulas para a política de ação afirmativa que não se resumem apenas a cotas. Por que trabalhamos com elas? É porque as mentalidades das mudanças são lentas. Sem impor algumas condições, as pessoas não vão fazer. Por isso a cota é importante. Você pode chegar numa empresa e dizer: olha, você não tem engenheiro negro aqui, dá para você contratar alguns? O cara vai dizer: me mostra onde estão que eu vou contratar. Porque não tem negros na medicina e se não mudarmos a história das universidades, nunca vai ter. O vestibular, que é um sistema que se diz de mérito, não tem nenhum mérito. Mérito é você pegar pessoas que tiveram a mesma formação, que vieram da
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mesma classe social e freqüentarem o mesmo cursinho, a mesma sala de aula com o mesmo conteúdo. Aí, sim, você pode dizer que está medindo o mérito. Mas você pegar um jovem que vem de uma escola pública da periferia e comparar com outro que saiu do cursinho para dizer que isso é mérito, está errado; não se trata de mérito. Como dizer que duas pessoas estão em condições iguais, sendo que uma está com um fusquinha e a outra está com um Mercedes, uma BMW? Se vão correr, vamos ver o carro que é mais veloz. Claro que quem tem Mercedes, será mais veloz. Você vai dizer que é mérito? Então é por isso que fazendo a separação, você vai pegar os melhores que saíram das escolas públicas, submeter ao mesmo conteúdo, mesmo se tiraram nota um pouquinho diferente, você vai escolher os melhores daquele lugar. Passaram por mérito, mas a partir de um ponto de equilíbrio da mesma igualdade.
Então as cotas na universidade são uma medida temporária até fazer uma melhoria nas escolas, até colocar todas as escolas no mesmo nível? – Não há um projeto definitivo. Tudo vai depender da evolução da sociedade. Daqui a dez ou vinte anos a sociedade brasileira pode perceber que não precisa mais de cotas, que o nível da escola pública melhorou. O sistema de cotas é multiplicador. Um jovem que passou pelas cotas e entrou na universidade vai ter a possibilidade de, teoricamente, ter acesso a um bom emprego, educar os filhos em uma escola particular, ficando em nível de igualdade com os outros. Se você não fixar uma porcentagem especial para o negro, não haverá como diminuir a desigualdade: 7% de brasileiros que têm diploma universitário são brancos, 1% são orientais, apenas 2% são negros e mestiços.
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Tudo o que você deve saber sobre ecologia
VOCÊ SABIA QUE...
AMAZÔNIA EM PERIGO EDUARDO ROMERO
O meio ambiente é seu ambiente Veja como um gesto simples, como não jogar papel de bala na rua, pode contribuir para salvar a natureza
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esde criança, ouvimos que meio ambiente são os animais e as plantas, a natureza. Esquecemos que a origem da palavra meio ambiente significa o meio onde estamos, o local onde vivemos, trabalhamos, estudamos, enfim, todo e qualquer ambiente onde estejamos inseridos, envolvidos. Isto quer dizer então que todos os locais fazem parte do ambiente e, automaticamente, tudo o que está neste local também deve ser considerado como elemento integrante do meio. Isso quer dizer que eu, minha família e amigos, e tudo o que fazemos está diretamente ligado ao meio ambiente? É isso mesmo. Tudo, sem deixar nada de fora. E nossas ações no dia-a-dia interferem nesse meio, de forma positiva ou negativa. Somos nós quem escolhe o que e como fazer. Sou eu, é você, quem decide se vamos economizar ou desperdiçar água ou energia, por exemplo. Se vamos produzir mais ou menos lixo. Se vamos reciclar, ou jogar na rua. A decisão e a resposta estão sempre nas nossas mãos. É uma pena só lembrar do assunto ambiental quando ocorre uma catástrofe, um acidente. Já corremos o risco de daqui a pouco não termos água boa para beber. Muitas espécies de animais e plantas já entraram em extinção. Mas cada um pode colaborar, e de forma muito simples. Se em casa, no trabalho, na rua, onde quer que estejamos, evitarmos coisas comuns, mas que prejudicam muito a natureza, podemos reverter parte desses problemas. Por exemplo, quantas vezes, até sem perceber, jogamos um papelzinho de bala na rua? Pois é, esse papelzinho é plástico, demora cem anos para se decompor, se desfazer. E ainda por cima vai parar num rio. Isso mesmo, num rio, pois a chuva vai acabar levando-o para lá, e assim prejudicar a vida aquática. Todos podemos colaborar, sem ter que virar ambientalista ou se dedicar só ao meio ambiente basta querer e mudar pequenos costumes e hábitos.
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Agência Brasil
Eduardo Romero é jornalista e arte-educador em Campo Grande (MS)
Assim como a pior seca dos últimos 40 anos, as mais recentes novidades científicas sobre a Amazônia também são ruins. O impacto da ação humana, provocado pelo corte seletivo de árvores, chega a dobrar a perturbação ambiental na área, caso esse processo seja somado aos distúrbios já causados pelo desmatamento tradicional. Os números gerados por uma nova metodologia de pesquisa, que consegue enxergar pelo meio das copas das árvores, são impressionantes. Entre 1999 e 2002, os dados analisados para os Estados do Acre, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima mostram que a área impactada pelo método do corte seletivo variou de 12.075 a 19.823 quilômetros quadrados. Isso equivale de 60% a 123% das áreas identificadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como desflorestadas pelo corte intensivo de espécies de madeira, dentro do mesmo período. CARVÃO ILEGAL No final de outubro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) multou oito siderúrgicas do Pará e do Maranhão em mais de R$ 500 milhões, porque as empresas não comprovaram a origem legal do carvão vegetal e não cumpriram a reposição florestal. Tais siderúrgicas, multadas com base na Lei de Crimes Ambientais e no Código Florestal, usam carvão vegetal no beneficiamento do minério de ferro extraído do Pólo Carajás. As multas resultam do relatório elaborado pela Diretoria de Florestas do Ibama, que com base em dados apresentados pelas próprias siderúrgicas, identificou o consumo de 7,7 milhões de metros cúbicos de carvão ilegal e de 15,4 milhões de metros cúbicos de toras de madeira exploradas sem autorização, nos últimos cinco anos.
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A hora da
Veja como funciona o Consórcio Social da Juventude Geração Cidadã que oferece capacitação profissional a 2 mil jovens
largada
texto CAROL LEMOS COIMBRA e fotos MAÍRA SOARES
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onsórcio Social da Juventude foi criado para incentivar a inserção do jovem no mundo do trabalho, e não apenas no mercado de trabalho. É uma entre tantas ações do Governo Federal através do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na região de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra, o Consórcio adotou o nome fantasia de Geração Cidadã. A entidade-âncora é a Associação
dos Moradores da Região do Jardim Independência (Asmoreji). De novembro a março, o Geração Cidadã oferecerá formação profissional e para a cidadania a 2 mil jovens entre 16 e 24 anos. Além disso, 40% dos jovens beneficiados pelo projeto serão inseridos no mercado de trabalho por meio de parcerias com empresas ou na economia solidária através de cooperativismo, associativismo e empreendimentos individuais ou familiares.
• EMBU DAS ARTES
• TABOÃO DA SERRA
“A demanda que temos na indústria não é suprida por falta de capacitação dos jovens. Sentimos falta de cursos profissionalizantes que e, de certa, forma são um resgate das escolas técnicas.”
“O Geração Cidadã chama a atenção das empresas da região para o jovem, que agora tem a oportunidade de ter uma capacitação e de ser inserido no mercado de trabalho de sua própria região.”
Prefeito de Geraldo Leite da Cruz (PT)
Prefeito Evilásio de Farias (PSB)
• JUQUITIBA “Esperamos que o Geração Cidadã capacite os jovens de acordo com as necessidades do município para que a inserção seja efetiva.” Prefeito Roberto Sinval Rocha (PSDB)
• ITAPECERICA DA SERRA “Acredito que o Geração Cidadã irá integrar os municípios da região, oferecendo oportunidade de emprego aos jovens e, com isso, diminuindo a violência.” Prefeito Jorge José da Costa (PMDB)
• SÃO LOURENÇO DA SERRA “Estamos batalhando para tornar o município uma estância hidromineral. Portanto, a expectativa é que o Geração Cidadã incentive a abertura de empresas de turismo e ecoturismo, gerando empregos nesta área.” Prefeito José Merli (PSDB)
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• EMBU-GUAÇU “Capacitar nossos jovens para o ecoturismo é fundamental, já que nosso município tem a proteção da lei por ser uma região 100% de manancial.” Prefeito Antônio Marques (PTB)
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QUE FIGURA
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CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA e CLEIDSON VIANA DA SILVA
Aleijadinho a alma de um gênio Artista mineiro, que dedicou sua vida as esculturas, foi o maior representante do barroco no Brasil
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onhecido como Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa foi um grande artista, pois dedicava sua vida fazendo belas esculturas. Ele era filho de uma escrava que se chamava Isabel e seu pai era um arquiteto português chamado Manuel Francisco Lisboa. Aleijadinho se espelhou na profissão do pai. Segundo Rodrigo José Ferreira Britas, um historiador estudioso do século 14, Aleijadinho nasceu em 1738 e morreu com setenta e seis anos, em 1814. Ele era uma pessoa de pele escura, tinha voz forte, cabelos pretos anelados, barba grande, beiços grossos e orelhas grandes. Foi responsável por importantes obras nas cidades de Congonhas e Ouro Preto, nas Minas Gerais. Como destaque, temos os 10 profetas da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. As obras de Aleijadinho misturavam diversos estilos do barroco. Ele utilizava como material para suas obras a pedra sabão, matéria-prima brasileira. Foi considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro e seu conjunto de obras tornou-se famoso muitos anos depois. Próximo à idade de cinqüenta anos, Aleijadinho teve uma surpresa muito desagradável: descobriu que tinha uma doença nas articulações e, com o passar do tempo, foi perdendo o movimento das mãos e dos pés. Ele pedia a seu ajudante que amarrasse as ferramentas nos seus punhos para continuar as obras que esculpia e entalhava. Pelo fato de ser pobre e negro, Aleijadinho foi enterrado como indigente. Infelizmente essa é a triste realidade do mundo, cheio de desigualdades e desvalorização dos seres humanos.
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O
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SÉRGIO RIZZO – CRÍTICO DE CINEMA
Neste Mu ndo
s conflitos geopolíticos, especialmente os mais distantes, são traduzidos pelo noticiário internacional em números (de mortos e feridos, mas também de prejuízos materiais), discursos e decretos dos chefes de governo e de Estado. Quase nada a respeito do quociente humano envolvido, o que talvez mais importa, chega até nós: é cada vez mais raro que jornais e revistas (da televisão nem se fala) tratem de gente. Restam a internet e, como sempre, o cinema para nos aproximar da dimensão cotidiana desses conflitos. O cinema de ficção, inclusive, com sua capacidade de envolvimento psicológico e de sedução narrativa. Neste Mundo, do inglês Michael Winterbottom, é um ótimo exemplo, ao tratar do drama de milhares de exilados afegãos que se refugiaram em países vizinhos ao longo das últimas décadas, para escapar, em primeiro lugar, da invasão soviética; depois, da guerra civil que levou o grupo Taleban ao poder; e, por fim, à invasão americana em seguida aos atentados de 11 de setembro de 2001. Quem são esses sujeitos sem país para viver? Winterbottom conta a história de dois deles. No início do filme, eles estão instalados precariamente em um campo de refugiados em Peshawar, no Paquistão. Sonham, no entanto, com a possibilidade de cruzar o Oriente Médio e a Europa, e alcançar, como outros afegãos, a Inglaterra, onde acreditam que possam levar uma vida melhor, ainda que como imigrantes ilegais, executando o “serviço sujo” da sociedade de consumo ocidental. A única maneira de buscar esse imaginário paraíso é acreditar nos agenciadores de viagens clandestinas, que cobram os olhos da cara por uma jornada das mais periclitantes. Na falta de alternativa, os afegãos embarcam nessa canoa furada. “Neste Mundo” acompanha o seu périplo com um registro muito próximo ao do documentário (a história é inspirada em fatos verídicos). E não deixará ninguém indiferente à dor bem concreta do drama afegão.
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Cenas do filme Neste Mundo, que trata do drama dos refugiados afegãos ao longo das últimas décadas
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Fotos: Divulgação
NO ESCURINHO
MOVIMENTO DE ARTISTAS DA CAMINHADA
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cantora e compositora cearense Eliane Brasileiro em seu primeiro CD solo, Brasileira, sim sinhô!, faz um passeio por diversos ritmos de nossa cultura popular. “A grande novidade oje presente em vários Estaestá na criação dos arranjos, que transformam a sonoridade mardos, o Movimento de Artiscante dos batuques em um gingado mais cadenciado para se ouvir tas da Caminhada (Marca) surgiu em qualquer lugar”, explica Eliane, natural de Fortaleza. Mas viaja por vários municipios do Ceará divulgando o seu trabalho. em 1990. Um de seus fundaApesar de este ser seu primeiro trabalho solo, dores, o poeta, cantor e a artista participou de produções de vários amigos compositor cearense e amigas, como do disco Nativo, do cantor Zé Vicente explica que cearense Zé Vicente. Mas não é só o trabalho a idéia não é cada armusical da cantora que é tista ser “uma estrediferenciado. Ela é ligada la, brilhando sozinha”, ao Movimento de Artistas da Caminhada (Marca), que mas defender o brilho reúne artistas de diversas áreas. em constelação. Esses poetas, compositores, artistas plásticos e fotógrafos têm em comum o compromisso com os movimentos sociais e defendem a participação popular nas políticas públicas. “Desejo que o meu canto chegue às pessoas que sonham com um mundo mais justo e, que por algum motivo, não têm voz para gritar isso”, afirma Eliane. “Penso que é esta a minha missão: cantar com a alma, expressar o meu compromisso com o povo oprimido através da arte à qual me dedico.” A preocupação social a levou a participar do disco Plantando Cirandas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em Brasileira, sim sinhô!, somos convidados a desfrutar de estilos como coco de roda, cirandas, boizinho e outros ritmos próprios da música nordestina como o xote e o baião. Segundo a cantora, “foi uma experiência onde provei vários sabores. Eu mesma produzi este trabalho, com paixão, profissionalismo, a eterna preocupação de como o público iria recebê-lo”. Eliane, além de cantora, é também arte-educadora e trabalha com crianças nas Em seu CD, áreas em situação de risco da periferia de Fortaleza. “Em relação a esse trabalho, Eliane defende os quero gravar um CD com as crianças cantando cirandas, com uma pretensão de valores da cultura trazer o sentido das grandes rodas, costume ancestral de nossos povos indígenas.” popular do Nordeste Para o futuro, a artista pensa em se juntar com outros companheiros do Marca e criar uma espécie de Instituto Marca, que seria “um centro produção artística comprometido com a caminhada popular, apoiando a produção, divulgação e distribuição artístico-cultural”.
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Fotos: Divulgação
CARLOS GUTIERREZ
TODOS OS SONS
Brasileira, sim sinhô!
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REVELE-SE
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Vista a Minha Pele Vista a minha pele Você conseguiria? Seja negro só por um dia Seja preto pelo menos por mim Somando todas as minhas cores assim Vista a minha pele Assuma a minha cor Seja você quem for Capture radicalmente a minha dor Bem lá dentro de mim E procure me compreender melhor assim Vista a minha pele Eu sou igualzinho a você Ser Humano, porque Corpo, Mente, Banzo, Coração Então questione racismo e discriminação Vista a minha pele Sou vermelho por dentro E negro sempre cem por cento Afrobrasilis, Afrodescendente Muito além de para sempre Inteiramente ser humano e sobretudo gente Vista a minha pele Vista-se epidermicamente de mim E procure me entender como seu igual assim Seu irmão da humana cósmica raça E sinta tudo o que dentro de mim se passa
Assim você muito bem confere Assim você vai realmente se sentir Lá dentro da minha própria pele Como eu quero ser árvore de leite e florir Como eu quero ser janela de pão e me abrir Como eu quero ser estrada de açúcar e prosseguir Como eu quero o fim de diásporas e sorrir Sem nenhum branco para me ferir E você vai captar essencialmente então A verdadeira pureza do que é primordial E o que eu quero é total libertação E todos iguais na aquarela da coloração Numa brasileiríssima democracia racial Vista a minha pele Seja um pouco eu mesmo um negrão aí Dentro de você – Para você sentir Sou preto brasileirinho Sou negrão e sou negrinho Sou Negro e Ser Humano de igual valor E tenho a África nas moendas e engenhos no meu interior Depois de me vestir e depois de se sair de si Deixando de ser eu negro aí Venha me estender a sua mão E, de coração para coração Abrace-me como um seu completo irmão A pele espiritual sendo uma só então Numa sagrada e sideral celebração. Silas Corrêa Leite – São Paulo (SP)
Viver com arte Em setembro, a Casa da Juventude Pe. Burnier (CAJU) promoveu, em Goiânia (GO), uma exposição de ilustrações de Adriana Mendonça. O objetivo foi trazer, através do lúdico, uma reflexão sobre o universo juvenil, trabalhando as alegrias e conflitos vividos nesta fase. A técnica desenvolvida nas ilustrações é mista, feita com materiais que as crianças utilizam na escola, como cola colorida, aquarela e papel. A mostra faz parte dos Ciclos de Cultura promovidos pela Campanha a Juventude Quer Viver com Arte.
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Ilustrações de Adriana Mendonça
Luciane
Mudança, atitude e ousadia jovem
Todo ousado momento Em que bebo O vinho dos teus olhos sutis Perpasso nele um silêncio Que ludicamente me diz Brincantes verbos sábios Já o pólen dos teus lábios Elo da arte matriz Germina em essência Regenera-se a raiz Quando plana, pousa E negramente me beija.
Ilustrações Allan da Rosa São Paulo (SP)
Silvio Diogo e Marcelo D´Salete
O homem e o mundo O homem é conhecido como um animal racional e que sabe distinguir o bem do mal. Mas vive praticando o mal, fazendo com que a sociedade fique mais amedrontada. O mundo seria bem melhor, quer dizer, perfeito se todas as pessoas tivessem mais amor ao seu próximo. Seria bom também se essas mesmas pessoas lembrassem que tudo o que elas plantam, elas também colhem! O mundo perfeitamente seria se não houvesse inveja, pobreza, droga, desigualdade social, racismo, ganância e outras diversas coisas que estão prejudicando-o. Seria bom também se houvesse o respeito e todos olhassem pra si mesmos e vissem que ninguém é perfeito. Assim, haveria união e mais amor no coração. E todos viveríamos com mais harmonia, paz e alegria. Carlos Alberto de Oliveira Belo Horizonte (BH)
RAÍZES NEGUZ é publicada há três anos pelo artista plástico afrodescendente Robson Salles, em São Paulo. A revista aborda assuntos relacionados à população negra no Brasil, com reportagens, artigos e muitas ilustrações. Mais informações com o próprio editor, que segue a sua aventura quixotesca, em busca de apoio financeiro e patrocínio: neguz@uol.com.br
CUPOM DE ASSINATURA anual e renovação 10 edições É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor de PROJETO VIRAÇÃO. 2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BRADESCO – Agência 126-0 Conta corrente 82330-9 em nome de PROJETO VIRAÇÃO OBS: O comprovante do depósito também pode ser enviado por fax. 3. VALE POSTAL em favor de PROJETO VIRAÇÃO, pagável na Agência Augusta – São Paulo (SP), código 72300078 4. BOLETO BANCÁRIO (R$2,95 de taxa bancária) nº 22 · Ano 3 · Revista ViRAÇÃO
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Revista ViRAÇÃO · Ano 3 · nº 22 Márcio Baraldi
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Márcio Baraldi é cartunista, ilustrador e colaborador da Revista Viração www.marciobaraldi.com.br – mbaraldi@spbancarios.com.br
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1) Branco, pois se trata de um urso polar. Se todas as janelas estão para o sul é que não existe norte. Se não existe norte é porque estamos mais ao norte possível. Ou seja, a casa está no Pólo Norte. – 2) Assim que o guarda dormisse, eu começaria minha travessia. Sei que para atravessar a ponte eu levaria 10 minutos, logo, ao chegar na metade da ponte, o vigilante acordaria. Então, eu, esperta como só eu mesmo, daria um giro de 180º sobre meu próprio eixo e enganaria o guarda. Ele iria pensar que eu estava tentando atravessar para o lado de onde, na verdade, eu estava vindo e me obrigaria a voltar. Eu imediatamente giraria nos calcanhares e obedeceria a autoridade e seguiria meu caminho para o tão desejado lado da ponte. – 3) Escolho qualquer uma delas e digo: “Se eu perguntar à outra mulher qual de vocês duas tem olhos claros, quem ela indicará?”. Se ela responder “Ela indicará a si mesma”, está falando a verdade, pois a outra, mentindo, indicaria a si própria. Logo, falei com a mulher de olhos claros. Se ela responder “Ela indicará a mim”, está mentindo, pois a outra, falando a verdade, indicaria a si própria. Logo, falei com a mulher de olhos escuros. – 4) Os talheres.
Envie suas sugestões e idéias para a seção DESAFIO através do nosso e-mail: redacao@revistaviracao.com.br
Colabore 2) É noite, um homem deseja ir da cidade X para a cidade Y e o único meio de travessia é uma ponte, e o tempo para atravessá-la é de 10 minutos. No meio da ponte há um guarda que passa 5 minutos dormindo e 5 acordado. Esse guarda, sempre que vê alguém atravessando a ponte, manda-o voltar, pois é proibida a travessia à noite. Como o homem faz para atravessar a ponte e chegar na cidade Y? 3) Você está preso e, com você, estão duas mulheres. Uma tem os olhos azuis e a outra, olhos pretos. A mulher que tem olhos azuis sempre fala a verdade. A mulher que tem olhos pretos sempre mente. A você é dada a oportunidade de liberdade se você acertar a cor dos olhos das duas. Para tanto, você poderá fazer apenas uma pergunta somente para uma delas. Que pergunta você faria? 4) O que é que se compra para comer, mas não se come? Divulgação
1) Em uma casa com quatro paredes existe uma janela em cada parede.Todas as janelas são viradas para o Sul. Em uma das janelas aparece um urso.Qual a cor do urso?
Palavras Cruzadas Diretas
Divulgação
Responda
DESAFIf
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Fábio Mallart
VIRAÇÃO SOCIAL R Famílias de sem-teto tentam se virar no meio da rua, após despejo
Acomo rua casa
Q
uanto você pagaria por um passeio no centro da cidade de São Paulo sem notar a presença de moradores espalhados pelas ruas? O governo Alckmin já fez sua aposta. Bateu o martelo em R$ 250,00 mensais e não cede nenhum centavo a mais. Porém, há outra possibilidade. O morador que retornar ao seu Estado de origem leva na mala cerca de R$ 5.000,00. Essas são as opções oferecidas para cerca de 300 moradores sem-teto que ocupam a Rua Mauá, centro de São Paulo, próxima à Estação Luz. No dia 4 de outubro, eles foram despejados do Edifício Paula Souza, localizado na rua de mesmo nome e ocupado pelas famílias desde 2002. A menos de cem metros, na Rua Plínio Ramos, moradores ligados ao Movimento de Moradia da Região do Centro (MMRC) também aguardam providências do poder público. A reintegração de posse ocorreu há mais de dois meses. As duas situações reforçam um dos principais problemas do Brasil hoje: a falta de uma política pública para habitação. Nos grandes centros urbanos, locais em que as desigualdades econômicas e sociais são mais evidentes, moradores lutam por dignidade. Ocupam imóveis abandonados, esquinas e calçadas. Um pequeno espaço embaixo de qualquer viaduto é questão de sobrevivência. Clamam por um direito que está na Constituição
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Federal Brasileira (Art.5o – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade). Tal situação também demonstra falta de vontade política em solucionar o problema. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas, O Direito à Moradia no Brasil: violações, práticas positivas e recomendações ao Governo Brasileiro, na cidade de São Paulo há mais imóveis vazios do que famílias sem casa para morar. Aproximadamente um milhão de pessoas residem em favelas sem infra-estrutura alguma. Enquanto isso, a Prefeitura de São Paulo concentra suas ações no processo de revitalização do centro (Projeto Ação Centro), o grande responsável pelas reintegrações de posse. Nos próximos cinco anos, o programa deverá investir 168 milhões de dólares na região, dos quais 100,4 milhões de dólares financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Um dos objetivos do Projeto é fazer com que o centro seja um local democrático, com justiça social e tenha sua diversidade respeitada. Isso no papel e no discurso, pois o que se vê são ações que confirmam o compromisso do Estado com os interesses de uma minoria privilegiada.
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Aquela travessura incontrolável que escapa de dentro de você
Pop Up POR OHI
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Primeira no ranking
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Vira ficou em primeiro lugar no ranking do Relatório A Mídia dos Jovens, produzido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), que analisou publicações de 2002, 2003 e 2004. Ganhamos de revistas como MTV, Capricho, Todateen e Atrevida. E para você, leitor que ajuda a fazer a Vira, os nossos mais sinceros parabéns. Pedimos a todos que continuem a ajudar na luta para conseguirmos mais assinantes. Só assim poderemos continuar virando e produzindo mídia de qualidade.
RANKING QUANTI-QUALITATIVO DAS REVISTAS POSIÇÃO
REVISTA REVISTA
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Viração Capricho MTV Todateen Atrevida
Média Geral do ano
MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA PONDERADA PONDERADA PONDERADA PONDERADA PONDERADA PONDERADA 2004 2003 2002 2004 2003 2002 0,299696 0,198358 0,145919 0,074137 0,072475
0,288463 0,231970 0,156397 0,080182 0,051663
-----------0,173149 0,162839 0,086245 0,076266
0,158117
0,161735
0,124624 Fonte: Andi
RELEVÂNCIA SOCIAL NAS REVISTAS REVISTA • • • • •
Viração MTV Capricho Todateen Atrevida
2004
2003
2002
2001
VARIAÇÃO (2001-2004)
97,58% 47,29% 17,60% 17,60% 13,33%
89,19% 41,03% 20,30% 14,46% 15,27%
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--21,38% 8,25% 95,55% 74,77% Fonte: Andi