Revista Viração - Edição 24 - Fevereiro/2006

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Projeto social impresso sem fins lucrativos · Ano 4 · N o 24 · Fevereiro de 2006 · R$ 4,00 · www.revistaviracao.com.br

V iRAÇÃO Mudança,

atitude e

ousadia jovem

Encontro GLOBAL

Conheça a atuação política de jovens de outros países

VOZ da

PERIFERIA

Você na

Rap e política: galera entrevista Rappin´ Hood

Telona Como o cinema representa o jovem

E D IN R B

Cartão-Postal QUE FIGURA! Sepé Tiaraju


Venha e Vire Você Também! C Arquivo Viração

omemorando três anos de existência a Viração realizou o I Encontro Nacional de Virajovens. O evento, que contou com a participação de 20 pessoas, entre coordenadores e colaboradores, aconteceu entre os dias 19 e 21 de janeiro, em Embu das Artes (SP).

O Virajovem (Conselho Editorial Jovem) é um núcleo composto por protagonistas juvenis ligados a projetos parceiros da Viração. Esses jovens são responsáveis por avaliar, pautar e produzir conteúdo para a Vira. Você também pode participar!

HOJE, EXISTEM VIRAJOVENS EM 15 CAPITAIS BRASILEIRAS: • BELO HORIZONTE (MG) mg@revistavistaviracao.com.br

• NATAL (RN) rn@revistaviracao.com.br

• BRASÍLIA (DF) df@revistaviracao.com.br

• PORTO ALEGRE (RS) rs@revistaviracao.com.br

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E


Retratos

juvenis A A

Vira entrou no escurinho das salas de cinema para entender como o jovem vem sendo visto pela Sétima Arte. Filmes como o polêmico Cidade de Deus, o clássico Juventude Transviada e o popular Harry Potter são exemplos de adolescentes representados na telona. A reportagem é assinada pela galera do NDA!, projeto experimental de conclusão do curso de Jornalismo de alguns jovens que se formaram no ano passado. Ao longo dos anos, o cinema criou diversos estereótipos dos adolescentes, como o do rebelde sem causa, que nem sempre condizem com a realidade juvenil. Outra imagem que se tem dos jovens é a de que eles são alienados; não se envolvem com os problemas do seu país. A pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: participação, esferas e políticas públicas, coordenada pelos Instituto Polis e Ibase, mostra que esse papo é furado. O jovem se preocupa, sim, em exercer a sua cidadania. E esse interesse é fundamental, especialmente neste ano eleitoral. Os integrantes dos Virajovens, presentes em 15 capitais, são um bom exemplo de protagonismo juvenil. Eles são responsáveis pela produção e avaliação de conteúdo da Vira, nas versões impressa e digital. Em janeiro, virajovens de todo o Brasil se reuniram pela primeira vez para trocar idéias e planejar o trabalho de 2006, quando a Vira completa três anos de vida.

Apoio Institucional

Arquivo Matraca

Editorial

Unir profissionais da comunicação, adolescentes, jovens e organizações que atuam pelos direitos da infância tem sido a síntese da ação da AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INFÂNCIA MATRACA desde sua criação, em setembro de 2002, em São Luís do Maranhão. A Matraca valoriza a participação em articulações políticas, como fóruns, redes e grupos temáticos. Além disso, a organização desenvolve projetos de comunicação baseados em dois eixos: o trabalho com profissionais da área e o trabalho direto com adolescentes e jovens. A Matraca também promove, todos as anos, em parceria com a Rede Amiga da Criança e o Unicef, o Seminário Mídia, Infância e Adolescência no Maranhão. A agência é parceira da Viração, na articulação do Conselho Editorial Jovem (Virajovem) da capital maranhense, sob a coordenação de Marcelo Amorim. AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INFÂNCIA MATRACA Rua Isaac Martins, 63 – Centro – 65010-690 São Luís (MA) – Tel./Fax: (98) 3254.0210 E-mail: agencia@matraca.org.br Home-page: www.matraca.org.br Virajovem São Luís: ma@revistaviracao.com.br CONHEÇA OS VIRAJOVENS EM 15 CAPITAIS BRASILEIRAS: • São Luís (MA) – ma@revistaviracao.com.br • Belo Horizonte (MG) – mg@revistavistaviracao.com.br • Brasília (DF) – df@revistaviracao.com.br • Campo Grande (MS) – ms@revistaviracao.com.br • Curitiba (PR) – pr@revistaviracao.com.br • Fortaleza (CE) – ce@revistaviracao.com.br • Goiânia (GO) – go@revistaviracao.com.br • Maceió (AL) – al@revistaviracao.com.br • Manaus (AM) – am@revistaviracao.com.br • Natal (RN) – rn@revistaviracao.com.br • Porto Alegre (RS) – rs@revistaviracao.com.br • Recife (PE) – pe@revistaviracao.com.br • Rio de Janeiro (RJ) – rj@revistaviracao.com.br • Salvador (BA) – ba@revistaviracao.com.br • São Paulo (SP) – sp@revistaviracao.com.br

VIRAÇÃO é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pelo Projeto Viração da Associação de Apoio a Meninas e Meninos da Região Sé de São Paulo, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo; CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52; Inscrição Estadual: 116.773.830.119; Inscrição Municipal: 3.308.838-1

ATENDIMENTO AO LEITOR Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 3 Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 e (11) 9440-7866 HORÁRIO DE ATENDIMENTO das 9 às 13h e das 14 às 18h E-MAIL REDAÇÃO E ASSINATURA redacao@revistaviracao.com.br assinatura@revistaviracao.com.br


RG Conselho Editorial Cecília Garcez, Ismar de Oliveira e Izabel Leão (Núcleo de Comunicação e Educação – ECA/USP), Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet, Marcus Fucks e Valdênia Paulino Equipe Pedagógica Aparecida Jurado, Auro Lescher, Isabel Santos, Márcia Cunha e Vera Lion Diretor Paulo Pereira Lima Editora Juliana Rocha Barroso Redação Daniela Landin, Felipe Jordani e Marcela Mastrocola Colaboradores Ana Lucia Pires, Ana Paula Corti, Ana Rogéria Araújo, Boris Tadashi Morokawa, Camila Crosso, Carmen Franco, Carlos DaHora, Carlos Gutierrez, Carol Coimbra, Cínthia Almeida, Cleidson Viana da Silva, Danilo Gomes, Eduardo Santarello, Elaine Leonora, Érika Santana, Fabiana Salviano, Filipe Vilicic, Gabriel Gonçalves, Gabriel Mitani, Giorgio D’Onofrio, Ionara Talita Silva, Jean Canuto, Jeniffer da Silva, José Manoel Rodrigues, José Ramos “Macunaíma”, Juliana Lanzarini, Juliana Mendes, Juliano Fleck, Larissa Roberta, Lentini, Leonardo Valença, Lucas Carreira, Maíra Soares, Marana Borges, Marcelo Amorim, Marciano Karaí, Marcio Baraldi, Mariana Cacau, Nádja Bium, Natália Forcat, Novaes, Nina Nazario, Ohi, Paloma Klisys, Paulo Gonçalo, Rafael Silva, Roberto Hunger, Robson de Oliveira, Rogério Santos Costa, Rosemeire Santos, Rubens Jesus, Sérgio Rizzo, Suéllen Cristina, Susana Piñol Sarmiento, Tathiane Cavalcante e Vinícius Bondezan Consultor de Marketing Thomas Steward Relacionamento Institucional Equipe J5 Projeto Gráfico IDENTITÀ Adriana Toledo Bergamaschi Marta Mendonça de Almeida Fotolito Digital SANT’ANA Birô Impressão Editora Referência Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300 Divulgação Equipe Viração Administração Miguel W. da Silva E-mail Redação e Assinatura redacao@revistaviracao.com.br assinatura@revistaviracao.com.br PREÇO DA ASSINATURA ANUAL Assinatura Nova R$ 40,00 Renovação R$ 35,00 De colaboração R$ 50,00 Exterior US$ 35,00

MAPA

da

Maíra Soares

mina • COMUNICAÇÃO E CULTURA 20 Alunos das escolas do Ceará produzem jornal em sala de aula e colocam a boca no trombone

Integrantes do Virajovem de São Paulo (SP) visitam o Museu da Imagem e do Som (MIS) • O ADOLESCENTE NA TELONA 14 A partir do personagem de cinema Harry Potter, que chega à adolescência na série de filmes que protagoniza, saiba mais sobre a relação entre o jovem e a Sétima Arte • TRISTE CONFLITO 18 Em Campo Grande, região administrativa do Rio de Janeiro, há uma grande contradição: a de possuir a maior população infantil e o menor índice de iniciativas sociais e atenção à criança

• SUJEITO HOMEM 22 O rapper Rappin’ Hood falou com o pessoal do Consórcio Social da Juventude “Geração Cidadã” sobre rap, sua carreira, periferia e política • JUVENTUDE QUE PARTICIPA 26 Pesquisa desmente lenda de que jovem é alienado e comprova que ele é engajado, sim • MIL E UMA REFLEXÕES 28 História de vida de quem resiste às ameaças cotidianas do crime organizado na periferia de Belo Horizonte (MG)

Sempre na Vira DIGA LÁ ENTRE ASPAS QUE FIGURA! VIRATUDO TESÃO VIRA OU NÃO VIRA

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ECA TODOS OS SONS REVELE-SE TURMA DA VIRA DESAFIO VIRAÇÃO SOCIAL

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DIGA LÁ

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ESPECIAL AIDS Aureliano Biancarelli São Paulo (SP)

P

!

arabéns pelo trabalho. A revista surpreendeu. Fiquei feliz de ter participado das suas reportagens, abraços.

(Aureliano colaborou com o texto e as fotos da reportagem Namoro em tempo de aids, da Edição Especial Aids e Juventude)

!

G

ostaria de informações sobre mudança, atitude e ousadia jovem. Mudanças sobre comportamento, DST e aids. Gostaria que vocês me enviassem uma revista sobre aids.

Redação Responde Aureliano, sua participação foi muito importante para a realização do projeto. Ficamos felizes que o resultado tenha agradado. É sempre importante lembrar que houve a união de muitas pessoas para produzir essa edição, assim como todas as outras da Vira.

Redação Responde Francisco, será mera coincidência ou você já sabia? A nossa última edição foi um especial sobre aids! Pode deixar, assim que possível, enviaremos um cópia como cortesia.

SITE NOVO! Mariana de Paula Batista Uberlândia (MG)

O

lá, o site está ótimo, muito criativo!

GALERA,

!

Que bom que você gostou, Mariana! A revista semanal digital está quase no ponto, só faltam alguns acertos finais. A seção Diga-lá já tem versão online, num espaço para debater questões da atualidade e promover a conversa entre os jovens. Vale a pena visitar. O endereço da nossa revista digital é: www.revitaviracao.com.br

OPS!

Essa não foi uma pisada na bola, foi uma bola fora na cara Erram do gol: a capa da Edição os 22 saiu com o acento no lugar errado! O certo é Heróis de Zumbi. A capa passou pela aprovação da revista da diagramação e dos mais de cem virajovens que participam do grupo de e-mails e ninguém percebeu!

Redação Responde

PESSOAL, Outra pisada de bola: na edição do Especial Aids e Juventude, na reportagem Sexualidade em alta, o nome da proposta do G.T.P.O.S. ao invés de Transe essa Rede é Trance essa Rede.

árc io Ba ral

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões serão bem-vindas!

M di

FALA AÍ !

Francisco Silva São Paulo (SP)

Escreva para nosso endereço: Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 03 Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 ou para o e-mail: redacao@revistaviracao.com.br Aguardamos sua participação!


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Do local ao global

COLABORARAM: CARLOS DAHORA, VINÍCIUS BONDEZAN, ROSEMEIRE SANTOS, ÉRIKA SANTANA, LARISSA ROBERTA, GABRIEL GONÇALVES, ELAINE LEONORA, JENIFFER DA SILVA, JOSÉ RAMOS “MACUNAÍMA”, JULIANA MENDES, RUBENS JESUS, SUÉLLEN CRISTINA, do Consórcio Social da Juventude Geração Cidadã e fotos: Maíra Soares

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006 é ano de eleições. Escolheremos nossos representantes para deputados estadual e federal, governador, senador e Presidente da República. Nesse contexto, a participação juvenil na política é fundamental para o fortalecimento da democracia, que apesar das imperfeições, ainda se mostra como o projeto político mais eficaz no sentido de tentar dar voz às múltiplas manifestações da sociedade. Entre elas, estão os movimentos juvenis, uns dos mais vulneráveis às falhas das democracias do mundo. Esse foi um dos aspectos levantados nos debates do 1º Encontro Global da Juventude para a Democracia e Participação Política, realizado de 13

a 15 de dezembro de 2005, em Santo André, na Grande São Paulo. O evento reuniu jovens e interessados de diversos países para pensar a atuação da juventude em alguns segmentos da sociedade, proporcionando uma troca de cultura e uma construção de conhecimentos. Durante os três dias, além da presença juvenil na política, discutiu-se também a ação dos jovens na mídia, nos movimentos sociais e religiosos. Para aprofundar o assunto, recomendamos a leitura de O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros, de Arthur José Poerner, que traz mais informações sobre a atuação juvenil na esfera política.

QUAL a participação do JOVEM na democracia no seu país? BERNICE ANG, 25 anos, Cingapura A juventude no meu país é muito apática diante da política, porque o governo usa a mídia para expor a participação política de uma maneira negativa. Eles usam essa técnica para suprimir os movimentos de oposição, não só nos jornais e na mídia impressa, mas também nos discursos do Parlamento.

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

CINGAPURA Superfície: 682.7 km² Capital: Cidade de Cingapura Nacionalidade: cingapurense População: 4.425.720 Localização: Sudeste da Ásia Governo: República Parlamentarista Línguas: Mandarim 35%, Inglês 23%, Malaio 14.1%, Hokkien 11.4%, Cantonês 5.7%, Teochew 4.9%, Tamil 3.2%, outros dialetos chineses 1.8%, outras 0.9% (censo 2000) Religiões: Budismo 42.5%, Islamismo 14.9%, Taoísmo 8.5%, Hinduísmo 4%, Catolicismo 4.8%, outras cristãs 9.8%, outras 0.7%, nenhuma 14.8% (censo 2000) Moeda: Dólar cingapurense


GUATEMALA MARIA JACINTA JUNIOR, 25 anos, Guatemala Uma das coisas mais importantes dos jovens na Guatemala, atualmente, é que eles formam uma geração do pós-guerra. A guerra civil durou 36 anos e acabou em 1996. É uma geração com muitos traumas. Dentro da participação na democracia, eu acho que há ainda muita repressão.

ESTADOS UNIDOS Superfície: 9.161.923 km² Capital: Washington Nacionalidade: estadunidense População: 295.734.134 hab. Localização: América do Norte Governo: República Federal Línguas: Inglês, Espanhol Religiões: Protestantismo 52%, Catolicismo 24%, Mormon 2%, Judeus 1%, Islamismo 1%, outra 10%, nenhuma 10% Moeda: Dólar estadunidense

Superfície: 108.430 km² Capital: Guatemala Nacionalidade: guatemalteco População: 14.655.189 hab. Localização: América Central Governo: República Democrática Constitucional Línguas: Espanhol (60%), línguas ameríndias (40% – 23 oficialmente reconhecidas, como Quiche, Cakchiquel, Kekchi, Mam, Garifuna, e Xinca) Religiões: Catolicismo, Protestantismo, Indígenas Moeda: quetzal (GTQ)

JONAH WITEKAMPER, 31 anos, Estados Unidos O interesse dos jovens é cada vez maior na área política. Há mais jovens se candidatando para ser vereador, prefeito, e isso me impressiona. Mas, se analisarmos historicamente, houve uma grande queda. Nesses últimos 40 anos, o número de jovens que votam caiu progressivamente. E a partir do ano 2000, começou a crescer de novo.

JAPÃO

Os jovens do meu país não participam o suficiente da vida política e da democracia. Eles estão mais interessados em fazer parte de grandes companhias, em ganhar dinheiro e em participar da indústria tecnológica.

RÚSSIA Superfície: 16.995.800 km² Capital: Moscou Nacionalidade: russo População:143.420.309 hab. Localização: Norte da Ásia Governo: Federação Línguas: Russo, línguas minoritárias Religiões: Cristãos (ortodoxos, catolicismo, protestantismo), islamismo, judaísmo, outras Moeda: Rublo

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RYOTA JONEN, 29 anos, Japão

Superfície: 374.744 km² Capital: Tóquio Nacionalidade: japonês População: 127.417.244 Localização: Leste da Ásia Governo: Monarquia Constitucional com governo parlamentar Línguas: Japonês Religiões: Xintoísmo e Budismo 84%, outras 16% Moeda: Yen

ANDREY YUROV, 37 anos, Rússia

Eu acho que estamos numa situação muito complicada, atualmente na Rússia, porque depois das reformas democráticas, a gente está andando para trás, estamos meio presos, enjaulados. A maior parte dos jovens se preocupa mais com suas carreiras e com o desenvolvimento econômico que com participação, democracia e com os direitos humanos.

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BIRMÂNIA ZAWZAW, 30 anos, Birmânia O movimento jovem em Birmânia foi muito ativo de 1988 a 1996. Desde 1988, muitos jovens têm sido forçados a deixar o país, mortos, torturados ou sendo vítima de violência. Os jovens têm sofrido muita opressão do governo militar. Hoje, a gente pode dizer que não existe movimento juvenil pela democracia em Birmânia. Durante esses 10 anos em que ficaram na prisão, os jovens não puderam se manifestar.

MÉXICO Superfície: 1.923.040 km² Capital: Cidade do México Nacionalidade: mexicano População: 106.202.903 hab. Localização: América Central Governo: República Federalista Línguas: Espanhol, línguas maias, Nahuatl e outras línguas indígenas Religiões: Catolicismo 89%, Protestantismo 6%, outras 5% Moeda: Peso Mexicano

KARINA RODRIGUEZ, 28 anos, Paraguai Os jovens paraguaios estão em processo de organização, mas é difícil nos organizarmos pela situação política e econômica do nosso país. Temos muitos desafios como a geração que saiu há mais de 35 anos da ditadura. Está tudo por construir-se.

ZIMBÁBUE Superfície: 386.670 km² Capital: Harare Nacionalidade: zimbabuense População: 12.746.990 hab. Localização: Sul da África Governo: Democracia Parlamentar Línguas: Inglês (oficial), Shona, Sindebele Religiões: Cristianismo 25%, religiões tradicionais 24%, Islamismo e outras 1% Moeda: dólar zimbabuense

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

Superfície: 657.740 km² Capital: Rangoon Nacionalidade: birmanês População: 42.909.464 hab. Localização: Sudeste da Ásia Governo: Ditadura Militar Línguas: Birmanês, grupos étnicos menores tem a sua própria língua Religiões: Budismo 89%, Cristianismo 4% (Batista 3%, Católico 1%), Islamismo 4%, religiões tradicionais 1%, outras 2% Moeda: Kiat

MARCO GOMES, 28 anos, México Eu acho que não há uma cultura de participação. Existe movimento juvenil, mas não com uma eficiência e eficácia que eu gostaria de ver. Existe mobilização, mas não existe um progresso, um avanço.

PARAGUAI Superfície: 397.300 km² Capital: Asunção Nacionalidade: paraguaio População: 42.909.464 hab. Localização: Centro da América do Sul Governo: República Constitucionalista Línguas: Espanhol (oficial), Guarani (oficial) Religiões: Catolicismo 90%, Mennonite e outras protestantes 10% Moeda: Guarani

TAPERA KAPUYA, 25 anos, Zimbábue No Zimbábue, o desafio de democratizar o país está nas mãos da juventude. Mazelas como desemprego, falta de oportunidade e pobreza têm tido um efeito maior sobre os jovens e eles vêem a solução desses problemas na democratização do país.


...

MARCIANO KARAÍ, de Viamão (RS) Novaes

Sepé Tiaraju

QUE FIGURA

Guerreiro das luas

A

pesar de ser jovem, a dor no meu coração é inacreditável. Esta dor fica ainda maior quando os anciãos relatam o sofrimento do passado visto por eles. Este pequeno relato sobre o maior guerreiro indígena brasileiro, o Sepé Tiaraju, eu ouvi de um ancião que faleceu em 2003 aos 157 anos. Nas Missões dos Sete Povos (povoados organizados pelos jesuítas no século 17 para evangelizar os indígenas da região onde hoje é o Rio Grande do Sul), os missionários espanhóis tiraram a autonomia dos povos Guarani. Tiaraju, que na língua materna se chamava Araju, era muito ambicioso e sempre estava por dentro das fofocas. Em uma tarde de uma lua (em uma tarde de um mês), Araju chegou quieto, e todos perceberam sua tristeza. Todos se aproximaram e perguntaram o que se passava, e ele com um olhar fixo respondeu: “Nhanderu nhande mbopya guatchu paveipe” (A força que Deus mandou todos têm). Ao dizer esta frase, todos sabiam o desafio que deveriam enfrentar juntos. A tensão se espalhou e todos se prepararam rápido. Uma semana antes do combate todos se reuniram em uma mata. Todos os guerreiros falaram da importância de defender o território que o Criador deixou para os Guarani usufruírem. O ancião relatou isso aos seus netos, bisnetos e outras pessoas, com muitas lágrimas.

Nesse dia, uma mulher encorajou todos os homens jovens, inclusive um dos guerreiros que faria a frente, mas disse também que um desses guerreiros daria a vida lutando, e completou: “Enquanto esse guerreiro não tombar, terão a força divina!”. Antes do combate, as crianças procuraram um refúgio não muito distante. A tensão era muito grande. Na batalha, se um dos guerreiros tombava, Araju se encarregava de continuar a luta. Mas uma lança traiçoeira o atingiu por trás, e ele caiu do cavalo. Nos dias seguintes, algumas famílias indígenas foram dominadas pelos exércitos, muitas fugiram pelos campos, muitas sem pai e sem seus irmãos. O pai do ancião fugiu com seu grupo e, no decorrer de suas andanças, viu morrer sua mãe e seus irmãos. Mas, ele se comprometeu em ver várias luas e várias plantações, curando pessoas. Um dia, o espinho cravado em seu coração o matou de tanta agonia. Os relatos de muitos caciques, os chefes religiosos que são os karaís, estão renovando a força na atualidade. Com muita tristeza, consegui resumir um pouco esse grande fato. Caros amigos leitores, eu peço muita atenção sobre o povo Guarani, que é tão diferente da maioria das etnias do mundo. Marciano Karaí, 16 anos, da aldeia do Cantagalo, em Viamão (RS)

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Divulgação

ÉRICA E SEUS CAMINHOS DE AMOR Érica tem 12 anos e está passando por inúmeras transformações: de pré-adolescente e menina, para adolescente e mulher. Ao longo da história, a jovem vai descobrindo o mundo e a si própria, na medida em que enfrentas suas dificuldades. O casamento de seus pais está em crise e ela está tendo os seus primeiros relacionamentos amorosos. Surgem sentimentos de revolta, paixões e dores profundas. Tentando escapar disso tudo, a jovem acaba se envolvendo com drogas. Com uma narrativa ágil, o livro escrito pela professora Lúcia Pimentel Góes trata das aventuras e desventuras que marcam essa fase da vida de Érica, mostrando o seu amadurecimento através da superação dos desafios e a construção de sua personalidade. (Érica e seus caminhos de amor, de Lúcia Pimentel Góes, Editora Paulus)

DNA!

Origem de palavras e expressões

CALCANHAR DE AQUILES O mito de Aquiles é um dos mais ricos e complexos – na “Ilíada” de Homero, ele aparece 292 vezes! Segundo a mitologia,Tétis, mãe de Aquiles, para imortalizá-lo, mergulhou-o nas águas do rio Estige, que tinha o poder de tornar invulnerável o corpo de quem nele fosse banhado. Ao fazer isso, Tétis segurou o filho pelo calcanhar. E assim o corpo de Aquiles ficou todinho invulnerável, exceto no local por onde a mãe o segurou. Anos depois, Páris leva para Tróia Helena, mulher de Manelau, rei de Esparta. Pronto, vai começar a Guerra de Tróia, entre gregos e troianos. Aquiles é convidado para integrar a expedição grega vingadora e aceita.Tétis, que conhece o futuro, previne o filho de que a guerra vai levá-lo a morte. Aquiles não dá ouvidos a mãe, nem mesmo ao seu último conselho: “Aquiles, meu filho, pelo menos bota uma meia”. Aquiles vai a luta e, numa batalha, é morto por uma flechada no calcanhar. Daí a expressão Calcanhar de Aquiles, utilizada para designar um ponto vulnerável de alguém. Extraído do livro A Casa da Mãe Joana – Curiosidade nas origens das palavras, frases e marcas, de Reinaldo Pimenta (Editora Campus)

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

Do contra texto Marcela Mastrocola

Arquivo Pessoal

Dica de Livro

A estudante do ensino médio Joana Angélica de Andrade, 16 anos, é contra a modificação de fotos através do computador. Tanto que ela até criou uma comunidade no Orkut (rede de relacionamento virtual) para expressar sua aversão à edição de imagens através de programas como o Photoshop. Por que você é contra fotos editadas? – Pelo simples motivo de achar que cada pessoa nasce com uma própria beleza. Ninguém precisa se mudar com programas de edição. Hoje em dia não podemos mais conhecer ninguém que more em outra cidade, pela internet, pois ela pode ser totalmente diferente das fotos que mostra. Esse é um dos grandes motivos da comunidade existir. Você acha que a vaidade e a preocupação com a auto-imagem estimularam a “onda photoshop”? – Com certeza. Existem pessoas que até modificam o próprio corpo, como algumas meninas que esticam os peitos para ficarem maior. É um mundo superficial, que não sai da tela do computador. Os jovens estão vivendo um mundo que não existe e, assim, acabam se iludindo com eles próprios. Você lembra de algum caso famoso de alteração de imagem? – Isso não existe somente no mundo dos jovens internautas, no mundo dos famosos existe também e muito. Quem nunca viu um famoso que tem manchas, espinhas ou cravos no rosto e, em uma foto, aparecer com o rosto mais liso do que um pêssego? Alguma participante de reality shows com o corpo cheio de estrias ou celulites e, ao posar nua em alguma revista, aparecer sem defeito algum?


Divulgação

Campanha contra exploração sexual no Brasil

“Melhor é acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão.” Provérbio chinês

“Explore sexualmente uma criança e vá para cadeia. Aqui ou em seu país”. A mensagem, em inglês, está em outdoors e panfletos que começaram a ser distribuídos no dia 11 de janeiro em hotéis e aeroportos de oito capitais – São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Belém e Manaus. A campanha contra o turismo sexual infantil é financiada pelo governo dos Estados Unidos e pela organização não-governamental Visão Mundial. No Brasil, o tema ganha maior atenção principalmente no período de carnaval, quando milhares de turistas visitam o país. Segundo a ONG, o objetivo principal da iniciativa é combater a sensação de impunidade dos estrangeiros envolvidos com a exploração sexual. A entidade afirmou que um dos motivos que a fez trazer a campanha ao país foi a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de que o Brasil, as Filipinas e a Tailândia são responsáveis por 10% do turismo sexual no mundo. Na Tailândia, a campanha já é realizada há dois anos. A Visão Mundial usou como base de seu trabalho no Brasil uma pesquisa feita entre 1996 e 2004 pela Universidade de Brasília (UnB), que identificou 930 municípios onde existe comprovação de exploração sexual infantil – os casos não se limitam a turismo sexual, incluindo outras formas de abuso. O governo dá apoio à iniciativa, por meio do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que terá o telefone para denúncias de exploração sexual divulgado no material de campanha (0800 99 0500). (ANDI)

Escola Aberta fortalece grêmios estudantis

Dica de Site: Virando Globalmente Inspirar, informar e envolver. Estes são os lemas da rede de relacionamento pessoal Taking It Global (Deixando tudo no global). Sua intenção é reunir jovens de todo o mundo que têm interesse em mudar a realidade em que estão inseridos. Essa ferramenta tecnológica permite que se crie comunidades e também páginas pessoais ou das organizações que cada um participa, além de promover espaço para debates e divulgações de todos os tipos de idéia que visam tornar o mundo um lugar melhor. Pessoas do mundo inteiro participam deste projeto, mas os brasileiros ainda são poucos – cerca de mil. O endereço da rede é: www.takingitglobal.org

O Programa Escola da Família, que abre 5.306 escolas públicas nos fins de semana no estado de São Paulo, começa o ano com um novo projeto: implantar e fortalecer os grêmios estudantis nas escolas da rede estadual. O objetivo é mobilizar estudantes da 5a série em diante e aumentar a participação dos jovens na escola e na comunidade. Os grêmios são uma ferramenta de atuação política, que também ajuda na difusão dos valores de uma educação democrática e de cultura de paz. O Programa Escola da Família é executado pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Antes de começar a implantar os grêmios, a Secretaria da Educação fez uma pesquisa sobre o tema em 4.076 escolas da rede paulista. Desse total, 2.511 responderam ao questionário. O resultado é que 82% têm grêmio em funcionamento, 11% não têm e 7% já implantaram grêmio, mas eles ainda não estão funcionando. A UNESCO está trabalhando para construir parcerias entre o novo projeto e ONGs que já têm projetos consolidados de montagem e fortalecimento de grêmios estudantis. (UNESCO)

“Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com sua ignorância.” Galileu Galilei, físico, matemático e astrônomo italiano nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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TESÃO

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JEFFERSON MOREIRA tem paixão pelo que pensa e faz

Fera nos Jefferson Moreira começou a trabalhar em sebo por acaso e, aos poucos, se apaixonou por sua profissão

livros

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oi passando fita adesiva e cola em livros usados e lendo para saber o que se encaixava nas seções de “filosofia” ou de “auto-ajuda”, por exemplo, que Jefferson Moreira tomou gosto pela leitura e pelo seu trabalho em sebo. Vendedor de livros de sebos é aquele profissional que compra e vende livros, discos, CDs, DVDs novos e usados. Quando tinha 18 anos, Jefferson deixou o ramo de calçados e foi trabalhar em um sebo de uma amiga de sua mãe. “Depois de seis meses lá, eu comecei a gostar de livro, não foi uma coisa que eu esperava, mas aprendi a gostar. Antes achava super chato”, conta ele, que, hoje,

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DANIELA LANDIN, MARCELA MASTROCOLA e FELIPE JORDANI

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“Às vezes, uma pessoa quer um livro que, novo, custa R$ 50,00, eu vendo por R$ 20,00 e a pessoa sai feliz da vida. Isso é um tesão!”

com 20 anos, é um dos responsáveis do sebo Canto das Letras, localizado na Rua Augusta, em São Paulo. “Eu adoro vender livro usado. Às vezes, uma pessoa quer um livro que, novo, custa R$ 50, eu vendo por R$ 20 e a pessoa sai feliz da vida. Isso é um tesão!”, explica o vendedor, justificando a sua paixão pelo trabalho que realiza. Jefferson também afirma que gosta muito do que faz porque pode transmitir o que sabe. “É legal passar conhecimento para uma pessoa que está procurando e não sabe como encontrar. Então eu indico uma obra.” Para oferecer sugestões de leitura aos seus clientes, Moreira precisa estar sempre por dentro dos lançamentos e também conhecer obras clássicas. Mas como não é possível ler todos os livros, ele conversa com as pessoas sobre determinadas obras. “Assim, eu pego o que alguém me contou e passo para uma pessoa que esteja interessada em comprar o mesmo livro. Eu vou lendo e perguntando. A melhor coisa que tem é perguntar”, explica o comerciante, que diz adorar conversar com idosos por “terem muita coisa para contar”. Jefferson guarda todas as informações que consegue nas suas conversas com os clientes, bem como os nomes de todos os livros de seu sebo sem a ajuda de um computador. “Minha memória é um absurdo. Não anoto nada, guardo tudo na cabeça.” Além disso, no seu cotidiano, ele também precisa comprar os livros, avaliá-los e cuidar do espaço. A funcionária do sebo Fátima Maria Jorge, 45 anos, confirma a paixão de Jefferson pelo seu trabalho, pelos livros e por essa troca de informações. “O Jefferson ama sua profissão de um jeito especial. A gente que convive com ele acaba absorvendo isso”, diz. Ela também ressalta o empenho de Jefferson em seu ofício. “Ele é super interessado, lê todas as sinopses e os comentários que saem em revistas, tem um poder de absorção e uma memória excelentes”, conta Fátima.

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Um dia com um profissional para ajudar você a escolher sua carreira

Dentista BORIS TADASHI MOROKAWA, de São Paulo (SP)

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meu dia foi muito especial e diferente de qualquer outro dia, pois tive a oportunidade e o prazer de conhecer o dentista Fabio Bibancos, formado pela Universidade Estadual de São Paulo, em Araçatuba, especializado na área de Odontopediatria, Ortodontia, mestrado em Odontologia e em Saúde Coletiva. Recentemente, ele publicou um livro chamado Boca, que fala Daniela Landin sobre a higiene bucal, cuidados e métodos para ter dentes mais bonitos e saudá-veis no dia-a-dia, além de falar sobre o relacionamento entre dentistas e pacientes e a qualidade de vida. Eu tinha um conhecimento sobre o que um dentista exercia, mas não pensei que poderia existir essa relação tão íntima entre o dentista e o paciente. Eu pensava que os dentistas apenas mexiam nos dentes de seus pacientes para combater problemas existentes causados por cáries, placa bacteriana e defeitos naturais que vão surgindo com o tempo. Conversei com o doutor Fabio sobre vários temas da área da Odontologia, alguns positivos; outros negativos. Ele me falou que é muito difícil O dentista Fabio e o estudante Boris: ingressar em uma faculdade pública, desvendando os segredos da boca pois as vagas são muito disputadas entre os bolsistas, mas depois que a pessoa ingressa na faculdade as coisas ficam mais fáceis. O doutor também me afirmou que, ao mexer nos dentes do paciente, ele também acaba mexendo na auto-estima desta pessoa. É preciso também ter muita dedicação e profissionalismo na área de Odontologia ou em qualquer outra área que a pessoa decidir seguir.

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Boris Tadashi Morokawa, 16 anos, é aluno do 2o ano do Ensino Médio da Escola Estadual David Zeiger, em São Paulo

tá na mão Para saber mais, acesse os seguintes sites: • Site com notícias, enquetes, artigos: www.odontologia.com.br/ • Site da Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo: www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/ pid_0103-0663/lng_pt/nrm_iso


Fotos: Divulgação

A 24 quadrosor psegundo JEAN CANUTO e TATHIANE CAVALCANTE, de São Paulo (SP)

Cidade de Deus, Elefante, Kids, Harry Potter... A VIRA traz reportagem especial sobre a relação entre o cinema e o universo adolescente. Quem assina são dois dos sete jovens da NDA!, projeto experimental de conclusão do curso de Jornalismo do Centro Universitário Sant’Anna, em São Paulo

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uforia geral. Crianças, adolescentes e adultos – alguns até, caracterizados como personagens da série – aguardam na fila do cinema. Devaneiam sobre a existência da escola de magia Hogwarts e como seria estudar lá, mesmo sendo um trouxa (como são conhecidos os que não são bruxos). Na sala de projeção, Harry Potter e o Cálice de Fogo envolve os espectadores num universo de fantasia e, ao mesmo tempo, aborda assuntos do cotidiano dos jovens, que vêem na história a personificação de seus próprios dilemas. A seqüência retrata o momento em que o universo infantil cede lugar à adolescência e seus proble-

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mas. Afinal, Harry, Hermione e Rony cresceram, assim como você. Aliás, este é o primeiro filme da série com censura: 12 anos. O que mostra que Harry Potter deixou há tempos de ser uma saga infantil. Além de participar de uma grande competição de bruxos na qual defende Hogwarts contra outras escolas de magia e enfrentar seu arquiinimigo Lord Voldemort, o assassino de seus pais, Potter ainda precisa conquistar a atenção de Cho Chang e convidá-la para o baile de inverno. “A cena com Voldemort é digna de um filme de terror. Apesar da morte de Cedrico e de estar correndo grande perigo, Harry mostra lealdade ao colega e não

o abandona. Uma lição para todos nós”, explica Lucas Barbieri, 18 anos. O clima é de olhos arregalados e respirações ofegantes a cada etapa do torneio de bruxos. E quantos suspiros no ar na cena em que Hermione aparece de braço dado com Viktor Krum, o campeão mundial de quadribol, no baile de inverno. “A parte do baile foi muito boa. Eu adorei a briga de Rony e Hermione, porque foi a partir disso que eles começaram a descobrir que se gostam, e isso sempre foi esperado pelos fãs da série”, conta Gabriela Gago, 17 anos. Muitos prendem a respiração, boquiabertos e com a pipoca suspensa no ar, nos momentos


POR DENTRO DA LEI Saiba como funciona a classificação indicativa dos filmes no Brasil

N

o Brasil, foram estabelecidos alguns critérios e procedimentos para

obras audiovisuais destinadas a cinema, vídeo, DVD e similares.

O controle é de responsabilidade do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (DJCTQ), do Ministério da Justiça. De acordo com Selva Reis, coordenadora de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, a classificação é aplicada com base no conteúdo das obras. “As distribuidoras encaminham o filme ao Ministério da Justiça e estipulam uma Classificação Pretendida, que na maioria das vezes é

Livre. Uma equipe de jornalistas assiste à obra e analisa o tratamento de temas como sexo, violência e drogas”, explica. Dessa investigação sairá a Classificação Recebida, a oficial, que se divide basicamente em seis categorias: Livre, e Inadequado para menores

de 10, 12, 14, 16 e 18 anos. Visando respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Mi-

Cenas de filmes que retratam variadas facetas da juventude decisivos entre Potter e Voldemort. “O filme ficou bem mais real e emocionante. Respondeu bem às minhas expectativas, apesar de várias partes do livro terem sido cortadas”, diz Gabriela.

nistério da Justiça publicou a portaria 1.597, em 2 de junho de 2004 (revisada em 7 de julho de 2005 sob o número 1.344), assinada pelo Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que regula o acesso de adolescentes a obras cuja classificação é inadequada à sua faixa de idade: adolescentes de 12 e 13 anos podem ter acesso a obras classificadas como impróprias para menores de 14 anos; adolescentes de 14 e 15 anos podem ter acesso a obras impróprias a menores de 16 anos. O mesmo não se aplica a obras classificadas inadequadas para menores de 18 anos, que seguem restri-

JANELA PARA O MUNDO Claro que faz parte do ritual encher a barriga de pipoca e refrigerante durante mais ou menos duas horas, mas o cinema é bem mais que isso. Para o colaborador da Vira e crítico de cinema Sérgio Rizzo, “ele pode representar uma janela para diversos mundos: tanto o que nos cerca, e que ele nos ajuda a compreender melhor, quanto todos aqueles que não temos a oportunidade de conhecer. Por exemplo, sociedades como as asiáticas ou africanas”, explica Rizzo. O crítico Jean-Claude Bernadet dá uma pista para entendermos o complexo mundo do cinema no livro O que é cinema (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, 1980): “O cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela, brigas verdadeiras, amores verdadeiros. Mesmo quando se trata de algo que sabemos não ser verdade, a imagem cinematográfica nos permite assistir a essas fantasias como se fossem verdadeiras.

tas para jovens nessa faixa etária ou superior. Nos dois primeiros casos o acesso só é permitido para quem esteja acompanhado de um adulto responsável e portando autorização por escrito de seus responsáveis legais, pai ou mãe. O documento ficará retido no estabelecimento comercial. Para saber mais sobre as leis de classificação indicativa, vale dar uma navegada no portal do Ministério da Justiça: http:// www.mj.gov.br/classificacao (JC)

No cinema, fantasia ou não, a realidade se impõe com toda a força”. Sérgio completa o panorama: “Esse hábito foi socialmente construído por conta de diversos fatores. O mais importante, talvez, seja o fato de que continuamos, como nossos remotos ancestrais, a gostar que nos contem histórias”. E como a matériaprima dos filmes somos nós, seres humanos, não é de se espantar que as angústias da adolescência ganhassem as telas, em especial a partir dos anos 50.

A poeira da Segunda Guerra Mundial nem bem havia assentado e uma outra já nascia: a Guerra Fria. Com ela, veio a tensão de se viver sob a ameaça de um conflito nuclear. Isso mexeu com os brios da juventude, que indignada com essas paranóias, começou a dar sinais de vida e mudar o seu comportamento. O ETERNO JAMES DEAN Ganhava forma e força um furacão chamado Rock’n’Roll, gênero nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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musical que surgia para chacoalhar as normas estabelecidas da sociedade. Adolescentes e jovens de uma forma geral passavam a nutrir um sentimento de desconfiança e desobediência aos costumes pregados pela “sagrada família” e pelo mundo adulto como um todo. E para toda essa rebeldia efervescente ir parar no cinema foi só um pulo. As questões inerentes à adolescência atraíram a atenção da indústria do filme. Sexo, drogas e música, a falta de sintonia com a sociedade e com a família, a busca incessante pela diversão, entre outros dilemas, foram assuntos que migraram para a sala escura com muita freqüência. O filão era grande e continua sendo explorado até hoje, tanto pelo cinema de arte, que é mais introspectivo, quanto o de entretenimento, em que predominam o interesse pelo lucro das bilheterias, menos história e mais efeitos especiais. O certo é que ambos seguem parindo obras-primas. Talvez, o melhor portador do cartão de visitas disso tudo seja Jim Starks, o eterno adolescente rebelde sem causa do filme Juventude Transviada (1955). O personagem foi imortalizado pelo ator James Dean (ou vice-versa), que morreu precocemente em um acidente de carro aos 24 anos, transformando-se em um mito, símbolo máximo da rebeldia jovem desde então.

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Sérgio Rizzo analisa que “James Dean se tornou, assim como Marilyn Monroe, um ícone da cultura de massa do século 20. Isso não teria ocorrido se a sua figura e brevíssima trajetória não atendessem a certas

demandas do imaginário ocidental a respeito de jovens”. De clássicos como Juventude Transviada, de Nicholas Ray, passando também por produções brasileiras como Pixote, de Hector Babenco,

SEM FICAR DE FORA

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eja o modelo de autorização que corresponde às exigências do Mi-

nistério da Justiça para o acesso a filmes com censura AUTORIZAÇÃO

Eu ________________________________________ (nome do pai ou da mãe), RG no ___________________, residente no endereço:_______________________ ________________, autorizo meu filho____________________________________ ___________________ (seu nome), de ________anos (idade), acompanhado de ___________________________________________________________ (nome do acompanhante), maior e capaz, RG no ______________________, a acessar a obra Audiovisual destinada a (CINEMA, VÍDEO ou DVD) intitulada (título) a ser exibida no _____________________________________________(local), cuja classificação indicativa não corresponde à faixa etária na qual se insere, tendo sido observados os limites de que trata o art. 3o da Portaria no 1.597, de 2 de julho de 2004. Por ser verdade, firmo a presente. _____________________________, ____, ___/___/___ Cidade/UF e data: _______________________________________________________ Assinatura


NDA!, o projeto que sonha virar realidade

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forma do jovem se expressar mudou. A galera está mais antenada,

sabe das coisas e quer descobrir seu lugar nesse mundo globaliza-

do. Foi pensando nisso que a revista NDA! foi idealizada e produzida durante o ano de 2005 como projeto experimental de conclusão de curso de sete formandos em jornalismo do Centro Universitário Sant’Anna (SP): Andressa Alves, Davi Augusto, Jean Canuto, José Brussi, Roberta Maesso, Tathiane Cavalcante e Tatiana Flaith. A NDA! surgiu com a vontade não só de divertir, mas também de ser fonte de informação e esclarecimento da forma mais descontraída possível, como amigos num simples bate-papo. Esperamos que você curta uma pequena amostra do nosso trabalho nesta edição da Vira. Quem sabe a gente se vê por aí em breve... Até mais! (TC)

Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky, e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, os dramas da adolescência continuam firmes a pipocar nas telas. Confira o quadro com algumas sugestões de filmes marcantes que abraçam esta fase turbulenta da vida e que merecem reflexão. Todos eles estão disponíveis em VHS ou DVD no mercado brasileiro de locação ou venda direta ao consumidor. Alguns deles, vez por outra, voltam à sala escura em mostras especiais de cinema, cineclubes ou centros culturais.

Os dramas da adolescencia continuam firmes a pipocar nas telas

COMO VIRAR

DICAS DE FILMES • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Caro leitor (aluno ou professor, jovem ou educador Os Esquecidos (Luís Buñuel, 1950) Sementes da Violência (Richard Brooks, 1955) ou leitores individualmente responsáveis), use a Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955) sua criatividade sem moderação. Veja uma forma de Os Incompreendidos (François Truffaut, 1959) aplicar esta reportagem em sala de aula ou nas reuniões Ao Mestre Com Carinho (James Clavell, 1967) de seu grupo de jovens e repassar a informação. Depois, Laranja Mecânica (Stanley Kubrick,1971) Pixote (Hector Babenco, 1981) conte pra galera da Vira como foi a experiência. Essa é uma Vidas Sem Rumo (Francis Ford Coppola, 1983) forma de promover aulas e encontros inovadores a partir A Hora do Pesadelo (Wes Craven, 1984) do conteúdo da revista e premiar as melhores histórias. Clube dos Cinco (John Hughes, 1985) Curtindo a Vida Adoidado (John Hughes, 1986) Vamos publicá-las nas edições mensal impressa e Conta Comigo (Rob Reiner, 1986) semanal digital da Vira (www.revistaviracao.com.br). Os Garotos Perdidos (Joel Schumacher, 1987) Você pode mandar por mensagem eletrônica Sem Licença Para Dirigir (Greg Beeman, 1988) Akira (Katsuhiro Otomo, 1988) ou pelo correio, para a redação: Diário de um Adolescente (Scott Kalvert, 1995) VIRAÇÃO Kids (Larry Clark, 1995) Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conjunto 3 Trainspotting – Sem Limites (Danny Boyle, 1996) Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky, 2001) Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP) Harry Potter e a Pedra Filosofal (Chris Columbus, 2001) Tel.: (11) 3237-4091 Harry Potter e a Câmara Secreta (Chris Columbus, 2002) E-mail: redação@revistaviracao.com.br Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002) Elefante (Gus Van Sant, 2003) Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Alfonso Cuarón, 2004) Harry Potter e o Cálice de Fogo (Mike Newell, 2005)

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Desigualdade que vem do

JULIANA LANZARINI, do Virajovem do Rio de Janeiro (RJ)

berço

Fotos: Divulgação

Mesmo com a maior população infantil, Campo Grande, no Rio, tem o menor número de creches e projetos sociais, segundo pesquisa

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cena é comum: uma jovem de baixa renda está grávida. Ela mora em Campo Grande, região administrativa que possui o maior índice de mortalidade infantil do Rio de Janeiro. O que ela não sabe é que as chances de que seu filho cresça com saúde e educação são bem menores do que a de uma criança pobre nascida em Botafogo ou em qualquer outro bairro da Zona Sul do Rio. Isso acontece porque enquanto a região administrativa de Campo Grande possui apenas uma organização dedicada à população infantil – entre ONGs e creches – para cada 22 mil crianças de 0 a 14 anos, a região de Botafogo (formada pelos bairros de Botafogo, Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Humaitá e Laranjeiras) possui uma instituição para cada 4.424 crianças. Só no ano passado, 143 bebês morreram em Campo Grande antes do primeiro ano de vida. Já na região administrativa de Botafogo, o número foi bem menor: 32 óbitos. A constatação foi feita a partir do cruzamento de informações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), da Pesquisa de Unidades Escolares, divulgada pela prefeitura do Rio de Janeiro, e dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde. Muitas organizações não-governamentais que trabalham com


crianças e adolescentes, no entanto, não estão incluídas no registro realizado pelo CMDCA. A Cooperativa de Dinamizadores de Arte e Cultura, localizada em Santa Cruz, é uma delas. A instituição realiza atividades de arte-educação com crianças de 6 a 16 anos que moram em comunidades localizadas em Santa Cruz. Segundo informações do CMDCA e dados do IBGE, existem no bairro apenas 6 ONGs e 57 mil crianças. De acordo com um dos coordenadores da cooperativa, Luiz Vaz, muitos projetos sociais estão sendo desenvolvidos em bairros da Zona Oeste, mas não conseguem obter visibilidade e, por isso, têm dificuldade de conseguir financiamento: – Realmente o número de ONGs por crianças na Zona Oeste do Rio de Janeiro é pequeno. Mas muitos dos trabalhos não chegam a ser divulgados. Nós estamos aqui pra somar – diz. Algumas organizações, no entanto, estão localizadas na Zona Sul, mas desenvolvem trabalhos na periferia da cidade. A sede administrativa da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), por exemplo, fica em Botafogo, mas os projetos sociais são realizados na Baixada Fluminense. Segundo informou a assessoria de comunicação da FASE, a ONG, além de realizar atividades na Baixada, não atende crianças no Rio, mas apenas em outras cidades. Ainda assim, a organização está registrada no CMDCA porque a sede administrativa fica na capital. A ONG People’s Palace Project é uma das organizações que estão situadas em Botafogo. A coordenadora pedagógica do Projeto Mudança de Cena, desenvolvido pela ONG, Alexandra Britto, conta que a maioria dos jovens atendidos pela instituição moram na Zona Oeste. – Nós também trabalhamos com meninos de Parada de Lucas e Vigário Geral, desenvolvendo oficinas de teatro nas próprias comunidades. Residente em Campo Grande, Betinho é um dos adolescentes

ONGs na Zona Sul do que na Zona Oeste. A Secretaria Municipal de Assistência Social também não se manifestou sobre o assunto. DE OLHO NA RUA

atendidos pela People’s Palace Projects. Aos 19 anos, ele tem uma filha de 2 anos e cumpre medida de semi-liberdade. – É muito difícil arrumar emprego lá onde eu moro. Não conheço nenhuma ONG ou creche em Campo Grande para a minha filha. A condução que leva Betinho até Botafogo é paga pela ONG. Ele espera que outros jovens que desejam trilhar um novo caminho tenham a mesma oportunidade que ele está recebendo agora. – Queria deixar um recado pra quem quer mudar de vida. Tem que seguir em frente, não desistir. Um dia você vai chegar lá. É só acreditar na sua capacidade e lutar. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Daise Gravina, não pôde responder as perguntas da Vira sobre o registro realizado pela entidade, nem sobre a constatação da existência de mais

Segundo informações do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (CMDCA) existem cerca de 500 organizações dedicadas à população infanto-juvenil. Mas a Vira constatou que apenas 13 instituições – entre ONGs e projetos da prefeitura – trabalham hoje para que essas crianças saiam das ruas. As informações são da Rede Rio Criança, grupo que reúne projetos desenvolvidos com a população infantil que vive nas ruas. Segundo o registro oferecido pelo CMDCA, as demais ONGs trabalham com outros tipos de crianças socialmente marginalizadas. A secretária executiva da rede, Márcia Gatto, informou que não existe uma pesquisa quantitativa atualizada com informações exatas sobre o número de crianças que estão atualmente nas ruas do Rio. – Este público é muito flutuante, mas trabalhamos com uma estimativa de cerca de 1.500 crianças e adolescentes morando nas ruas do Rio de Janeiro.

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Juliana Lanzarini faz parte do Virajovem do Rio (rj@revistaviracao.com.br) nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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na ESCOLA Arquivo Cumunicação e Cultura

jORNAL

Com orgulho, jovens exibem fruto do próprio trabalho

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Galera que participa do Comunicação e Cultura produz jornais escolares e tem os professores como grandes aliados ANA ROGÉRIA ARAÚJO, de Fortaleza (CE)

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jornal Cria Nossa chega à Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Maria, localizada num bairro da periferia de Fortaleza, Estado do Ceará. Uma publicação com quatro páginas, feita a partir de textos e desenhos dos próprios alunos e diagramada pelos professores, aumenta a euforia na hora do recreio. Todos querem ver o jornal que fizeram, fruto do projeto Primeiras Letras. Voltado para o Ensino Fundamental,

o projeto tem como proposta dinamizar o processo de ensinoaprendizagem por meio da produção de jornais escolares. A experiência se repete em 915 escolas cearenses e em outras 50 pernambucanas, onde o projeto já está implementado. O município de Santarém, no Pará, acaba de aderir. “A idéia é criar uma rede de jornais escolares, socializar conhecimentos e novas formas de apropriação do jornalismo escolar, constituindo

“A gente fica mais atento e mais informado. Eu gosto de ver meus textos publicados, gosto de saber que posso estar fazendo alguma coisa útil e que alguém vai ler aquilo que escrevi.”


uma comunidade de aprendizagem”, afirma Daniel Raviolo, coordenador geral da organização não-governamental Comunicação e Cultura, responsável pelo Primeiras Letras. Tendo como base o pensamento de educadores como Paulo Freire e Celestin Freinet, o projeto Primeiras Letras faz do jornal escolar uma ferramenta para desenvolver nos alunos senso crítico da realidade em que vivem, além de tornar as aulas mais prazerosas e estimular o interesse dos alunos. Entusiasmo não falta. “É muito bom porque muitas vezes você não tem coragem de falar, aí escreve. Acho que o jornal mudou muita coisa na escola. Tem gente que não dá muita atenção, mas quando vê que outras pessoas participam, quer entrar também”, conta Juliane Rodrigues, 15 anos, estudante da escola Santa Maria. A aluna Dayane Henrique, 14 anos, afirma que escrever para o jornal escolar faz com que os alunos fiquem mais criativos e espertos: “A gente fica mais atento e mais informado. Eu gosto de ver meus textos publicados, gosto de saber que posso estar fazendo alguma coisa útil e que alguém vai ler aquilo que escrevi”.

CIDADÃOS CRÍTICOS Os professores são fundamentais nessa dinâmica de ensino-aprendizagem. Atuando como “editores” dos jornais escolares, eles trabalham, em sala de aula, o material que será transformado em texto para as publicações. Consciente dos problemas do ensino público brasileiro, a vicediretora Lucineide Araújo de Andrade afirma que, embora existam professores resistentes, a maioria tem adotado o projeto com muita vontade. “Precisamos entender que aquilo que é bom para o aluno, também é bom para o professor. Esse crescimento conjunto faz parte do nosso dia-a-dia”, salienta. Pioneira no projeto, a professora Marluce Maia, que desde 1995 vem trabalhando com o jornal escolar na Escola Paroquial do Trilho, situada numa região carente de Fortaleza, ressalta os benefícios para os alunos: “Os meninos não têm medo de ser críticos. Eles chegam e dizem o que querem, reivindicam seus direitos”, afirma a professora. Ela destaca ainda o alcance da publicação. Há algum tempo, conta, um esgoto a céu aberto em frente à escola era freqüentemente citado nos textos dos jornais. “De tanto o jornal cobrar providências do prefeito, o buraco foi tapado.

Toda edição que sai a gente manda para a prefeitura e para as secretarias de educação do estado e dos municípios”, diz Marluce. Acreditando nas escolas como espaços geradores de discussões e de formação de opinião, o projeto Primeiras Letras lançou, em parceria com o Instituto Sertão, com sede em Fortaleza, o concurso “Jornais Escolares contra a Desertificação”. O objetivo é levar o assunto para debate em sala de aula e, depois, abordar o tema nos jornais escolares. Neste concurso serão premiadas as melhores reportagens. Mais de 75% da região Nordeste está sujeita à desertificação, o que interfere diretamente na qualidade de vida dos habitantes. O assunto requer muita discussão, sobretudo em termos de políticas públicas efetivas para reverter esse quadro. Muitos jornais escolares estão trazendo informações sobre a convivência com o semi-árido, sobre os meios para evitar o desmatamento e apontando os riscos da desertificação. “Como os jornais circulam não só nas escolas, mas também nas comunidades, acreditamos que as pessoas estão realmente sendo informadas sobre o problema”, comenta Raviolo. Ana Rogéria Araújo faz parte do Virajovem de Fortaleza (CE) (ce@revistaviracao.com.br)

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Protesto na GALERA REPÓRTER

O rapper não pode fugir das raízes. Tem que ter um compromisso, ser fiel ao propósito, que é falar da pobreza, da desigualdade social. Falar pelo povo oprimido

veia

Rappin’ Hood explica por que o rapper que se preza tem de ser fiel às suas raízes e defender o povo oprimido

A

ntônio Luiz Junior, mais conhecido como Rappin’ Hood, teve uma infância humilde. Nasceu no Bairro do Limão, na cidade de São Paulo, onde freqüentava desde missas a terreiros de candomblé. Participou de banda de fanfarra e coral. Foi por intermédio da dança de rua, o break, que rolava nas galerias, bailes e no metrô São Bento que conheceu o rap. Na cidade de São Caetano (SP), subiu no palco para cantar pela primeira vez, mas foi a partir do grupo PosseMente Zulu que ficou conhecido no cenário musical. Hoje em dia, Rappin’ Hood transforma e recria o rap em parcerias com outros ritmos musicais e mostra que este estilo também é música popular brasileira. No novo CD, Sujeito Homem 2, ele traz também uma grande mistura de gêneros com a participação de gente de peso, como Fundo de Quintal, Exalta Samba, Jair Rodrigues, Dudu Nobre, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Zélia Duncan e o grupo estadunidense Living Colour. Você realiza shows gratuitos na periferia e também em lugares mais fechados. Por quê? – Eu me sinto à vontade em todo lugar. É sempre mais gratificante tocar para o povo mais pobre, em um evento de graça, pois é dali que a gente veio. É como se a gente estivesse vendo a gente mesmo ou as pessoas de onde a gente morou, entende? Eu me reconheço ali, naqueles rostos. Eu me sinto bem. Pode ser aqui ou no Olímpia (casa de shows num bairro nobre de São Paulo). É claro que quando tocamos para o povo e vemos o brilho no olhar de um garoto ou recebemos o carinho de uma irmã, de uma tiazinha mais coroa, de um pai que tem um filho que curte rap, é sempre da hora. Na verdade, todo mundo trabalha pra ter esse reconhecimento. Eu espero continuar sendo digno de estar tanto no “up” como no “underground”. Quero ser digno de fazer essa parada por mais, no mínimo, uns quarenta anos. O que mudou desde que começou a cantar? – O rap mudou. Quem cantava rap há uns anos atrás era chamado de bandido. Teve gente que

CÍNTHIA ALMEIDA, 19 anos; ÉRIKA SANTANA, 16 anos; JOSÉ RAMOS “MACUNAÍMA”, 23 anos; LARISSA ROBERTA, 17 anos e SUÉLLEN CRISTINA, 18 anos fotos: SUÉLEN CRISTINA

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“Ninguém falou que seria fácil, mas temos que lutar. Então, levanta e anda, porque a vitória é nossa.” Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24


morreu porque cantava rap. Hoje em dia, isso mudou porque o rap tem mais exposição, toca nas rádios e todo mundo sabe o que é. Mas o rapper não pode fugir das raízes. Tem que ter um compromisso, ser fiel ao propósito, que é falar da pobreza, da desigualdade social. Falar pelo povo oprimido. Rappers têm preconceito com a mídia ou estão conseguindo conciliar a questão da fama? – Já disseram que a revolução não será televisionada. O Hip Hop é revolucionário, por isso não existe uma junção do rap e da mídia. O que queremos falar, dependendo do que for, não vão querer mostrar. Interessa mais mostrar o rap comercial do que o rap que mostra a realidade nua e crua. O rap é contra a mídia, mas não só contra a mídia, é contra todos aqueles que oprimem o povo. Somos jovens em busca de formação para conseguir um primeiro trabalho. Como você vê a situação do primeiro emprego? – Acredito que 99% das chances é de dar errado e 1% de dar certo. Toda juventude tem que acreditar nesse 1%, pois é neste 1% que Deus opera. Nossa vitória é mais difícil, mais árdua, mais dura, porque a gente vem de condições de baixo. Não é simples, não é fácil, mas a gente tem que vencer. É batalhar, batalhar, batalhar e quando estiver cansado, continuar batalhando. Vocês têm que acreditar nos seus sonhos, vocês vão ser vitoriosos, é só acreditar. Há alguns meses, os jovens da periferia da França fizeram aquele protesto irado. Você acha que o Brasil pode, um dia, chegar a ter esse tipo de manifestação? – O Brasil é o país do Carnaval, do futebol. Aqui a gente não fala

muito de revolução. A UNE (União Nacional dos Estudantes), que era um órgão revolucionário há muito tempo atrás, hoje é um negócio que não está nas mãos dos caras revolucionários. É um órgão meio que controlado. Eu não acredito em revolução armada no nosso país. Mas eu acredito no Brasil, que ainda pode ser um país de primeiro mundo. Têm uns caras “apetitosos”, por exemplo. Respeito o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pra caramba, respeito mesmo, pois os caras não estão brincando, os caras morrem pelo barato. A conversa é séria, não é brincadeira não. Sei também que têm uns malucos homem-bomba. O Brasil gosta muito de festa, não temos essa tradição revolucionária. Até gostaria que tivesse, falta um pouco dessa rebeldia para o povo brasileiro. Mas acredito também que não seria bom porque a gente ainda não tem força, não tem organização. Então eu acho que é preferível falar para meus irmãos: vai estudar e se informar para, quem sabe, na próxima eleição ter uma noção básica para votar, saber questionar, saber quem é o vereador da quebrada dele, para poder falar sobre leis. Isso é o mais importante.

povo. Para mim, era um pilantra que roubou todo mundo. Depois, veio o Fernando Henrique Cardoso, que governou durante 8 anos vendendo o nosso país, loteando tudo o que o povo conquistou. Agora estamos com o Lula, o primeiro cara que veio do povo e conseguiu chegar a esse cargo. Não acredito em partido, vou acreditar em um homem e votarei nele novamente. Eu não vou entregar o país na mão do Serra (José Serra, prefeito de São Paulo), nem do Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo). Se depender de mim, vão morrer tudo à míngua, porque eles estão roubando há vários anos. O que aconteceu com o meu avô foi culpa desses caras, o que a minha mãe sofreu foi culpa desses caras. Mesmo com essa história de mensalão, mesmo com tudo isso, esse trouxa aqui vai dar mais um voto pro seu Luiz Inácio Lula da Silva. Eu ainda acho que é o único representante que nós temos lá. Cara pobre, que veio da periferia e chegou onde chegou e eu ainda

A UNE, que era um órgão revolucionário há muito tempo atrás, hoje é um negócio que não está nas mãos dos caras revolucionários. É um órgão meio que controlado

O que você espera dos políticos, da política nestas eleições? – Do político eu não espero nada. Da política eu espero muito porque ela governa a nossa vida, porque todas as decisões que eles tomam lá em cima influem na nossa vida. Este ano vai ter eleição de novo e nós temos que escolher alguém. As eleições diretas começaram quando o Collor ganhou em 1990. Foi o primeiro presidente eleito pelo

QUEM É ANTONIO LUIZ JÚNIOR, O HAPPIN’ HOOD ... é paulista e começou no rap junto com outros grandes nomes do movimento Hip Hop, como Thaíde, Dj Hum e os Racionais, mas por conta da ousadia que deu certo – misturar rap com samba – demorou mais a aparecer. Em 2001, sem sair da banda Posse Mente Zulu formada por ele no início dos anos 90, grava o primeiro CD solo, Sujeito Homem, com uma mistura de gêneros como samba, reggae e rap tradicional. Seu nome artístico é uma homenagem ao legendário personagem Robin Hood.

nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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JOVENS PRODUZEM MÍDIA

E

sta entrevista com o rapper Rappin’ Hood

foi realizada por jovens que participam da Ofi-

cina-Escola de Comunicação do Consórcio Social da Juventude “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). O “Geração Cidadã” é um dos 23 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério doTrabalho e Emprego (MTE), que tem por objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de 30 dos 2 mil jovens atendidos pelo “Geração Cidadã” participam da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da parceria com a Viração. Eles são responsáveis pela produção de um jornal impresso mensal, um jornal mural, uma rádio comunitária que funciona no Centro da Juventude (em Embu das Artes) e pela atualização da página na internet (www.geracaocidada.org.br), além de criarem for-

O rap brasileiro pode fazer sucesso no exterior? – Pode. Qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa que quiser, depende da luta da pessoa, de acreditar em Deus. O rap e qualquer outro estilo musical pode fazer sucesso no exterior. Mas tem que ser feito com qualidade, com bom nível. Você cantava no coral da igreja, não é? – Cantei quando moleque, era legal, eu gostava. Tinha o conteúdo da fé. Na verdade, quando a gente é criança, a gente é anjo. E eu fazia parte desse coral de anjos e era muito bom. Às vezes, tenho vontade de voltar a ter aquela ingenuidade, aquela pureza. Mas não dá mais. Hoje em dia, a gente sabe de muita coisa, coisas de mais, mas a gente tenta.

mas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio.

E como foi a experiência de gravar um clipe no quilombo de Ivaporanduva? acho que é melhor – Foi uma experiência do que aqueles outros bem legal conhecer a safados. É o cara que realidade dos quilombos pode ainda fazer alguma e do povo deles. Visitei coisa por nós, porque os quilombos de os outros não vão fazer Ivaporanduva, Cafundó, nada. Eu não sou bobo. Anastásia e Cassandoca Não ponho minha mão (no interior de São no fogo pelo Lula, só Paulo). Foi bom poder pelo Martin que é meu ver a luta, que ainda hoje filho, mas ainda acho eles lutam e resistem que ele é o melhor. pelas terras que deveEssa é a minha verdade. riam ser deles há muito tempo. Os quilombos Qual a mensagem que assimilam o rap e se você costuma passar identificam com ele Rappin´Hood e a galera do “Geração Cidadã”: para os jovens que também. Quis fazer Larissa, “Macunaíma”, Suêllen e Érika assistem aos seus o clipe no quilombo para shows? que queremos, é só a gente lutar. mostrar essa realidade para as – O que eu tenho para falar não Ninguém falou que seria fácil, mas pessoas do urbano, das ruas. é só pra juventude, mas para as temos que lutar. Então, levanta pessoas de qualquer idade que vêm e anda, porque a vitória é nossa. E o grupo PosseMente Zulu? da periferia, que vêm do gueto, Você continua nele? que estejam passando dificuldade. Como foi gravar a música, que – A gente está preparando um Para um irmão que, de repente, faz parte do novo CD, com o seu solo do Jhonny Mc e um disco remix esteja em um barraco fumando filho Martin? do PosseMente. E o Posse também pedra ou que esteja desempregado, – Escrevi a música para meu filho, vai virar uma fundação em 2006, não vendo saída, ou que esteja mas nunca esperava gravar com ele. uma entidade com o objetivo de vendendo droga numa boca por desenvolver a comunidade e dar Espero que quando meu filho aí, é que existe saída, existe vitória. alternativa para a molecada da crescer ele entenda a mensagem quebrada. Então a gente continua Tem que acreditar em você mesmo que quis passar, entenda a letra e em Deus. Nós podemos tudo o da música. atuando, a gente não pára não.

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Direito à à

DE OLHO NO

ECA

revolução

Ivo Sousa

PALOMA KLISYS, de São Paulo (SP)

V

Len t

ini

erão, férias, água fresca, céu azul. Você anda curtindo o vento na cara? O sol na cabeça? Os rolês com a galera? Conhecendo lugares diferentes e trocando idéias com gente que não conhecia? Ouvindo música? Jogando bola? Beijando na boca? Nas baladas? Calma, isso não é um teste de figurante para propaganda de cerveja. Pode parecer tiração de sarro, mas ouvir as respostas a essas perguntas é um jeito de descobrir se você está ou não exercendo os seus direitos. Direito a ser feliz, a ter acesso à saúde, ao lazer, à cultura, a tudo o que é preciso para viver de uma maneira tesuda. Tesão não é um lance apenas sexual. Um dos tesões da adolescência é saber que você tem direitos e os mais divertidos são os que garantem a liberdade, o respeito e a dignidade. Está tudo no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

que, sim, é um conjunto de leis escritas de um modo não tão simples, e que pode ser apenas mais uma coisa chata, sem graça e de difícil acesso, mas só se você não entrar na onda de contribuir para que elas “saiam do papel”. Para apimentar as reflexões sobre o protagonismo juvenil como um caminho para transformar o ECA em realidade, vale lembrar Henry David Thoreau, filósofo, professor e escritor estadunidense do séc. XVII. Ele acreditava na necessidade de resolver alguns problemas não só na teoria, mas também na prática e, por isso, defendia o direito à revolução, ou seja, “o direito de não se conformar e de oferecer resistência”.Thoreau discordava de que a sociedade devia ser organizada por um Estado, foi um dos mentores do anarquismo e exerceu influência sobre os conceitos de resistência pacífica, desenvolvidos por Gandhi, famoso pelas suas atitudes afinadas com o princípio da não-agressão e das formas não-violentas de protesto. Mas, afinal, a quê devemos resistir? Acontece que resistir não é mais suficiente. O desafio que se apresenta é o de superamos um modelo de desenvolvimento baseado na grana, no consumo, nos mecanismos de alienação em massa, mudar os cenários que nos aprisionam ao invés de impulsionar nosso potencial de desenvolvimento. Hoje em dia, as formas não-

Saiba sobre seus direitos e deveres, garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente

violentas de protesto exigem articulação, criatividade, movimento. O Estado ainda faz parte da configuração atual do mundo, e é possível utilizá-lo a favor de nossos interesses, assumindo nossos papéis como cidadãos portadores de direitos, que incluem: ir e vir, ter e expressar opiniões, ter liberdade de crença, autonomia, valores, idéias, participação na vida comunitária e política. O discurso do filósofo, apesar de ser considerado radical, é cheio de proposições de rupturas na estrutura social vigente a partir da mudança de postura individual. Entre suas obras, destacam-se: Desobediência Civil, Walden e A vida nos bosques. Vale a pena conferir. Uma pulga saltou de trás da orelha de Thoreau, atravessou quatro séculos, e agora está brincando de telefone sem fio, dizendo: “se cada um de nós expressar o tipo de mundo capaz de ganhar o nosso respeito, estaremos mais próximos de construí-lo”.

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Paloma Klisys é escritora, autora de Drogas: Qual é o barato e Do Avesso ao Direito nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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Juventudes na ficha

Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: participação, esferas e políticas públicas revela que está furado o papo de que os jovens brasileiros são alienados

Paulo Pereira Lima

grupos de música ou na militância em partidos e sindicatos. Esse resultado converge em certa medida com os dados da etapa quantitativa, que, em São Paulo, indicaram um percentual de 32% de jovens engajados em grupos. Há predomínio dos religiosos (48%), esportivos (33%) e culturais (25,3%). Quando discutiram a participação política mais institucionalizada nos partidos, sindicatos, movimentos sociais, conselhos de direitos, os jovens reconheceram que trata-se de um caminho importante e essencial para a conquista de melhorias para a vida dos jovens. Mas criticaram a lentidão e a burocracia dessas instituições como algo que os afasta. GRUPOS DE JOVENS

ANA PAULA CORTI, de São Paulo (SP)

A

pesquisa nacional Juventude Brasileira e Democracia: participação, esferas e políticas públicas, coordenada pelos Instituto Polis e Ibase, mapeou através de metodologia inédita os valores, sentidos e as tendências da participação política entre os jovens brasileiros. Houve duas fases na pesquisa: uma quantitativa e uma qualitativa chamada “grupos de diálogo”. A metodologia canadense, adaptada à realidade brasileira, entende que a opinião é formada através das relações e do diálogo entre as pessoas, e da posse de informação mínima a respeito do assunto em questão. Por isso, a pesquisa colocou os jovens frente a frente para uma conversa e troca de experiências sobre os rumos do Brasil e o papel de cada um deles nesse processo. Disponibilizou, ainda, um caderno de trabalho com dados e informações sobre três caminhos participativos existentes na realidade brasileira. Na região metropolitana de São Paulo este trabalho foi coordenado pela Ação Educativa (www.acaoeducativa.org.br) e reuniu 105 jovens, de 19 municípios diferentes e várias classes sociais. O resultado surpreendeu. Grande parte dos jovens já tinha experiência prévia de participação em atividades voluntárias, grêmios estudantis,

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

O trabalho voluntário foi bastante valorizado, mas não como ação individual isolada, e sim como uma ação grupal voltada à melhoria comunitária. É um caminho que tem como ponto forte a concretude e rapidez dos resultados, o controle que as pessoas possuem sobre a sua ação e a valorização de todas as experiências e habilidades dos envolvidos. Mas este caminho pode cair na armadilha de desresponsabilizar o governo e de fornecer serviços públicos de má qualidade, na medida em que o trabalho voluntário não pode sofrer exigências e cobranças, pois não é remunerado. Além disso, esse tipo de trabalho não atinge a raiz dos problemas, mas atua somente nas suas conseqüências. O caminho participativo dos grupos juvenis foi valorizado por ser


Paulo Pereira Lima

um instrumento de livre expressão dos jovens na sociedade, contribuindo para que tenham espaço para elaborar idéias autônomas e partilhar experiências. Mas os grupos de jovens ainda são pouco reconhecidos e valorizados pela sociedade, por isso ainda possuem pouco impacto político. A maioria dos jovens (85,9%) afirmou que tem o hábito de se informar sobre o que acontece no mundo, e o veículo mais utilizado para isso é a televisão (84,8%). A abertura à participação ficou evidenciada quando 88% dos jovens responderam afirmativamente à afirmação: “É preciso que as pessoas se juntem para defender seus interesses”, e 82,3% concordaram com a frase: “É preciso abrir canais de diálogo entre os cidadãos e o governo”. O estereótipo do jovem alienado, desinteressado e consumista não se sustenta diante deste quadro em que os jovens manifestam opiniões, críticas e demandas e demonstram um forte envolvimento com a situação de diálogo. Alguns deles, depois da pesquisa, passaram a desenvolver ações comunitárias. Portanto, os jovens mostraram-se abertos a participar de forma ativa na vida do país, mas para isso acham que precisam ter mais informações a respeito, mais oportunidades de conhecer os diferentes espaços, movimentos e grupos em que podem se engajar. Aproximar-se das instituições democráticas, conhecer melhor seu funcionamento também é necessário. Afinal, para se envolver nos processos políticos e de participação é preciso que as gerações mais novas tomem contato com as bandeiras e conquistas das gerações anteriores, com o acúmulo que vem desde muito antes deles, mas que só pode se sustentar no tempo com a entrada dos novos cidadãos nesse processo. Oxalá essa entrada não só sustente como renove e revitalize os espaços públicos e políticos. Os jovens parecem estar abertos a isso.

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Ana Paula Corti é coordenadora de projetos de Ação Educativa e co-autora de O encontro das culturas juvenis com a escola nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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Enquanto

o p m e t é

Papo-cabeça de quem sobreviveu e resiste às ameaças cotidianas do mundo do crime

CLEIDSON VIANA DA SILVA, de Belo Horizonte (MG)

O

crime é um circo que se você coloca os dois pés nele é difícil sair. Vou contar um pouco da minha experiência pessoal. Tudo começa quando alguém te oferece algum tipo de droga. Se você aceita, ali é o começo do estrago da sua vida. A pessoa usa vários tipos de drogas, mas quando não vira dependente químico ainda é fácil sair. Esse é o pior caminho, porque, sem ver, a pessoa perde muita coisa. Primeiro a confiança, depois o caráter, a dignidade e, o pior, a família. A maior parte da sua família te abandona, mas a única que não desiste é a mãe. Por mais que ela sofra, o amor que ela sente é infinito. Mas o crime tem vários caminhos: o traficante, o ladrão, o sete um. Todos têm caminhos diferentes, mas o demônio oferece para todos a mesma coisa: dinheiro, poder, fama, carros e bens. Tudo isso te é oferecido e é fácil você querer. E a maioria aceita e acaba se perdendo, quando vai ver está todo envolvido. Uns até se dão bem, outros quando não morrem são presos, mas, para todos, um dia a casa cai. Porque do mesmo jeito que o demônio te dá ele te toma.

Ilustração de Roberto Hunger

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Só existem três finais: morte, prisão, cadeira de rodas. O demônio me financiou várias coisas ruins – bem poucas foram as boas: drogas, violência, crime e sofrimento. Não pensava em nada, zoava a noite inteira. Várias pessoas tentaram abrir meus olhos, mas eu não quis. Hoje estou aqui, refleti muito, pensei e cheguei a uma conclusão: o crime não compensa. Com dezesseis anos de vida já passei por muita coisa. Perdi pessoas que me amavam, mas Deus abriu meus olhos. Minha família está me dando força para eu me recuperar e, agora, eu estou abraçando a oportunidade que é a vida, que Deus está me oferecendo mais uma vez.

Então, para todos que estão e que não estão no crime pensem na sua mãe e nas pessoas que te amam, aprendam a dar valor enquanto você os têm, porque quando você se dá conta e enxerga, já era. Saia enquanto pode, pare um momento e pense em Deus. Não falo isso da boca para fora, mas falo o que sinto, o que já passei. É que eu mudei, e vou conseguir, Deus vai me ajudar. Eu acredito na recuperação do ser humano. Aqui quem fala é mais um sobrevivente da vida do crime.

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Cleidson Viana da Silva, 16 anos, é integrante do Virajovem de Belo Horizonte (MG) (bh@revistaviracao.com.br)

A maior parte da sua família te abandona, mas a única que não desiste é a mãe


Vozes do sudeste: Céu, Paula Santoro e Isabella Taviani reafirmam a feminilidade da música popular brasileira

É

na MPB

impossível para a turma que já passou dos 35 anos nada sentir ao ouvir as canções Ronco da Cuíca, Sem Fantasia ou Atrevida, respectivamente, canções dos compositores: João Bosco/Aldir Blanc, Ivan Lins/Victor Martins e Chico Buarque. Elas, entre tantas outras, retratam um período de nossa história entre o fim dos anos 1960 e meados dos anos 1970, aquele período que chamamos de “Anos de Chumbo”. Pois bem, três jovens cantoras de nossa canção estão com CDs lançados agora neste final de ano, em que recriam esses clássicos. Cada uma com suas características próprias, suas referências, suas preferências, suas gravadoras e seus produtores, mas todas mergulhadas no que há de melhor no universo da música popular brasileira. São elas: Céu, Paula Santoro e Isabella Taviani, cantoras e compositoras que só vêm reafirmar que o Brasil é um país de voz feminina. Nossa musicalidade é repleta de feminilidade. O que de inquietante essas cantoras trazem em seus CDs/DVDs é o mergulho em nossa história recente. Quando nosso cancioneiro popular traz qualidade, nossas crianças e jovens sentem-se estimulados à leitura e à composição, e é assim que a gente faz um país. Pois com composições pobres e fáceis a gente desconstrói e até mesmo apaga da memória o que de bom já foi criado. Se quiser trocar idéias sobre estes CDs, será bem bacana: paulogoncalo@uol.com.br • Céu Paulistana de 25 anos, nome de batismo Maria do Céu Whitaker Poças, traz, em seu álbum de estréia, inúmeras e surpreendentes canções de sua própria autoria e recria de maneira magistral Ronco da Cuíca, de João Bosco

e Aldir Blanc. É para lá de necessário, uma audição apurada. Pensam que parou aí? Que nada! Tem Bob Marley, ConCrete Jungle, estupendo e fabuloso. • Paula Santoro Mineira há muito tempo na estrada, esteve recentemente no Festival da TV Cultura, defendendo a canção Um samba a dois, de Eduardo Neves e Mauro Aguiar. O CD saiu pela gravadora Biscoito Fino e traz a participação especial do cantor e compositor Chico Buarque em duo comovente na canção Sem Fantasia. No mais, ela passeia pelos mares mais profundos, abrindo literalmente o CD com a música Se você disser que sim, de Moacir Santos/Vinícius de Moraes e, assim segue, por canções de Milton Nascimento, Djavan, Vitor Ramil, Cacaso, Moacyr Luz com Aldir Blanc e do grande Seu Jorge em parceria com Robertinho Brandt. • Isabella Taviani A carioca, que diz ter em Dalva de Oliveira e Maria Callas sua inspiração para o cantar, está lançando CD/DVD de um show gravado ao vivo no Rio de Janeiro, que traz toda sua força e mostra que ela é da linhagem das damas de voz firme e forte de nossa canção popular. Presta uma homenagem às divas da MPB Simone e Maria Bethânia, recriando da primeira a canção Atrevida, composta por Ivan Lins e Victor Martins nos anos de 1970. Vale conferir tudo!

TODOS OS SONS

Gente nova

PAULO GONÇALO, de São Paulo (SP)

As três jovens cantoras recriam clássicos das décadas de 1960 e 1970

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nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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REVELE-SE Rogério Santos Costa

!

Onde estão? J

uventude... Para onde foi aquele olhar que tremia os canhões Aqueles jovens que moviam e comoviam multidões Aquela força de cantar, sonhar e ousar Aquele brilho que iluminava o luar No mesmo compasso cantavam sonhos de amor Um mundo novo de esperança, sem temor Sonhos de criança, sonho-pandorga voador Construtores da Civilização do Amor Corações que aqueciam o Sol Olhares cheios de lágrimas-estrelas Emoções de um amor bem maior Vencendo medos e quebrando fronteiras Onde estão? Onde foram? Estão alienados? Acomodados? Não? Então, onde estão? Juliano Fleck – Ijuí (RS)

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

Rogério Santos Costa, 22 anos, participou e documentou um dos momentos da ocupação Chico Mendes (Taboão da Serra – SP), realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)

Esta charge de Leonardo Valença, Rio de Janeiro (RJ), participou do 5o Salão Nacional de Humor de Brasília


Hipnose coletiva

Mudança, atitude e ousadia jovem

CUPOM DE ASSINATURA anual e renovação 10 edições É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA

Lucas Carreira, São Paulo (SP)

SUA REVISTA VIRAÇÃO

N

esta semana, lá vou eu comprar um liqüidificador no hipermercado. Percorro as fileiras de exposição de produtos, nas quais aparelhos de barbear, ferros de passar roupa, tostadeiras, DVDs e aspiradores de pó disputam seu espaço. Enquanto aguardo a emissão da nota fiscal, com certa impaciência, reparo no garoto que está em pé atrás de mim. A sessão de eletrodomésticos, vazia, é preenchida pela cara de satisfação deste menino. Seu olhar está vidrado nas televisões que exibem um desenho animado japonês. Não consigo identificar precisamente por qual aparelho ele acompanha o programa, pois são mais de 30 televisores ligados, dispostos em três prateleiras, formando um grande paredão magnético que irradia muita luz. A moça do caixa me estende o cupom e agradece a compra, pedindo desculpas pela demora. Eu desvio minha atenção da cena e retribuo sua gentileza, desejando bom trabalho.

Ao sair da loja, me deparo com um home theatre enorme, bem na entrada do hipermercado, e percebo que os personagens mudam, mas os acontecimentos são idênticos: na telinha, o show da Britney Spears cativa os clientes, que reservam uma parcela do seu tempo para observar sua performance no palco. Vou pra casa pensativa. Meu novo liquidificador ficará alegre ao ganhar lugar de destaque em minha cozinha, sendo o único responsável por meus sucos e vitaminas naturais. Poderá reinar soberano, longe da hipnose coletiva que uma tevê ligada é capaz de provocar. Nina Nazario, São Paulo (SP)

Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor de PROJETO VIRAÇÃO. 2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BRADESCO – Agência 126-0 Conta corrente 82330-9 em nome de PROJETO VIRAÇÃO OBS: O comprovante do depósito também pode ser enviado por fax. 3. VALE POSTAL em favor de PROJETO VIRAÇÃO, pagável na Agência Augusta – São Paulo (SP), código 72300078 4. BOLETO BANCÁRIO (R$2,95 de taxa bancária) nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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NOME _________________________________________________________________________________ SEXO ______ EST. CIVIL _______

R$ 40,00 R$ 35,00 R$ 50,00 US$ 35,00

ENDEREÇO ____________________________________________________________________________ BAIRRO ______________________ CEP _________________________________________ FONE (RES.) ___________________ FONE (COM.) ___________________________ CIDADE ______________________________ ESTADO _________DATA DE NASC. __________ E-MAIL ____________________________

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

PREÇO DA ASSINATURA

R. Fernando de Albuquerque, 93 Conj. 03 – Consolação 01309-030 – São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091

Cheque nominal Depósito bancário no banco ___________________________________ em ____ / ____ / ____ Vale Postal Boleto Bancário

FORMA DE PAGAMENTO:

Revista Viração

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

TIPO DE ASSINATURA:

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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

Márcio Baraldi é cartunista, ilustrador e colaborador da Revista Viração www.marciobaraldi.com.br – mbaraldi@spbancarios.com.br


DESAFI f

...

Palavras Cruzadas Diretas 1) Quando Alice entrou na Floresta do Esquecimento, ela esqueceu seu nome e o dia da semana. Nessa floresta existiam alguns habitantes estranhos: O Leão que mentia segunda, terça e quarta e falava a verdade nos outros dias da semana; e o Unicórnio que, por sua vez, mentia nas quintas, sextas e sábados e falava a verdade nos outros dias. Num certo dia, Alice encontrou o Leão e o Unicórnio descansando debaixo de uma árvore. Os dois disseram-lhe o seguinte: – Leão: Ontem foi um dos meus dias mentirosos. – Unicórnio: Ontem também foi um dos meus dias mentirosos. Então, Alice deduziu, a partir das afirmações, o dia da semana. Qual foi esse dia? 2) Alice ainda está na Floresta do Esquecimento e continua sem saber seu nome e o dia da semana. Lá está o Leão novamente – lembrem, ele mente nas segundas, nas terças e nas quartas e fala a verdade nos outros dias da semana. Com um grande rugido, o rei dos animais faz dois pronunciamentos: – Primeiro: Eu menti ontem. – Segundo: Eu mentirei novamente dois dias após amanhã. Qual é o dia desse encontro? 3) Quatro cientistas sentam-se para jantar. Os nomes são Suellen, Fernando, Carlos e Mel. Os quatro colocam cartas na mesa com apenas o seus sobrenomes: Oliveira, Silício, Estevez, e Bário. Você é capaz de descobrir os nomes completos dos cientistas com estas pistas? – 1a pista: Nenhum cientista tem no sobrenome a letra inicial do primeiro nome; – 2a pista: O sobrenome de Carlos é, também, um elemento químico; – 3a pista: O primeiro nome de Silício contém um R.

1) Os dois animais não falam mentira ao mesmo tempo. Um deles está mentindo, o outro não. Se o Leão mente de segunda a quarta e fala a verdade a partir de quinta, ele só poderia dizer que mentiu no dia anterior, na segunda e na quinta. Como o Unicórnio nunca poderia afirmar que mentiu no domingo, pois na segunda sempre diz a verdade, a resposta é quinta-feira; 2) O único dia em que poderia acontecer esse encontro é na segunda-feira. Nesse dia ele poderia mentir e dizer que não tinha falado a verdade. E poderia mentir novamente dizendo que na quinta-feira (dois dias depois de amanhã e um dia em que sempre fala a verdade), mentiria novamente; 3) Carlos Bário (1a e 2a pistas), Fernando Silício (3a pista, por exclusão da primeira solução), Mel Estevez (1a pista, por exclusão da 2a e da 3a) e Suellen Oliveira (1a pista, por exclusão da 2a e da 3a).

Envie suas sugestões e idéias para a seção DESAFIO através do nosso e-mail: redacao@revistaviracao.com.br

RESPOSTAS:

Colabore

nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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Filipe Vilicic

VIRAÇÃO SOCIAL R

Controle a telinha abia que cada vez mais as crianças preferem

S

programas de estímulo à leitura. Todo ano, em

a companhia de um programa televisivo à

parceria com escolas, ONGs, mídia, empresas,

dos pais? Aliás, os jovens brasileiros são

entre outros, ocorrerão sete dias de arte, instrução,

campeões em frente à telinha (por volta de 4 horas

esporte e conscientização para distanciar o público

diárias, só passam mais tempo dormindo e supera

do televisor. “As pessoas descobrem que as opções

o dedicado à escola). Vale o tempo dedicado à Xuxa,

fora da TV são mais gostosas. Para a criança,

Ratinho, Malhação e afins? Ou seria mais saudável

é muito mais gratificante brincar, ficar com os pais

o jovem conviver mais tempo com pais, amigos,

e outras atividades fora da telinha”, afirma Ana Lucia

educadores e praticando esportes?

Villela, que coordena o projeto juntamente

Frente a esse cenário surgiu o Desligue a TV,

com Marcos Nisti.

.

projeto da ONG Instituto Alana baseado na internacional TV Turnoff

FIQUE LIGADO!

Network. A idéia é conscientizar a opinião pública sobre o impacto negativo do excesso de influência da televisão na vida moderna. Não visa banir essa mídia, mas

a TV estará pela primeira vez no Brasil.

Ao mesmo tempo, ocorrerá em diversos paí-

discutir sua utilização e elaborar

ses, como Canadá, Estados Unidos, Itália e

atividades alternativas a ela.

México. Para conhecer e participar dessa

Sem fins lucrativos, o movimento promove dois projetos principais: a Semana Desligue a TV e

34

D

e 24 a 30 de abril, a Semana Desligue

Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24

idéia, acesse www.desligueatv.org.br ou ligue (11) 3472-1831.


Aquela travessura incontrolável que escapa de dentro de você

Pop Up nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO

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1 Camiseta R$ 15

2 Camisetas R$ 25


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