Revista Viração - Edição 45 - Setembro/2008

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V iRAÇÃO Ano 6 · no 45 Setembro/2008 · R$ 5,00 www.revistaviracao.org.br

Mudança,

atitude e ousadia jovem

PACTO pela JUVENTUDE

compromisso com a ação

Fale bem ou se cale! Criada durante a ditadura, lei proíbe professoras/es da rede pública de falarem com a imprensa


Vira pelo Brasil

Veja quem faz a

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) – www.aic.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Ciranda Curitiba (PR) – www.ciranda.org.br

Centro Cultural Bájò Ayò João Pessoa (PB)

Catavento – Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Companhia Terra-Mar Natal (RN) – www.ciaterramar.org.br

Agência Uga-Uga – Manaus (AM) www.agenciaugauga.org.br

Centro de Referência Integral de Adolescentes Salvador (BA) – www.criando.org.br Girassolidário – Campo Grande (MS) www.girassolidario.org.br

Diretório Acadêmico Freitas Neto Maceió (AL)

Fundação Athos Bulcão Rede Sou de Atitude Maranhão Brasília (DF) – www.fundathos.org.br São Luís (MA) – www.soudeatitude.org.br Jornal O Cidadão Rio de Janeiro (RJ)

Virajovem Vitória – Vitória (ES)

Grupo Atitude – Porto Alegre (RS)


Jovens + Sala de Aula = Educação?

O

s dados estão aí, oficializados por órgãos de governo e divulgados massivamente pela imprensa cotidiana. Cada vez mais crianças e adolescentes freqüentam a escola no Brasil. Os números são animadores, é verdade. Mas, motivo de orgulho? Nem tanto. A realidade por trás desses dados oficiais é cruel. Nessa edição da Vira Vira, a difícil missão de mostrar relatos de estudantes e professores de várias partes do Brasil, que convivem com o dia-a-dia desestimulante da educação pública brasileira. Como dizem muitos deles, é difícil não abandonar a sala de aula. Os problemas variam de região para região, mas a falta de estímulo e incentivo é quase sempre a mesma. E a educação vai ficando só no nome, esmigalhando sonhos de tantas/os jovens Brasil afora. Mas, se faltam ônibus, computadores, quadras esportivas e até materiais escolares básicos, não falta nunca a vontade de compartilhar conhecimentos e, principalmente, aprender. Aqui também trazemos para vocês bons exemplos de atitude e superação. Gente que sonha em ver a educação brasileira sendo levada a sério.

Boa leitura! VIRAÇÃO é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pelo Projeto Viração da Associação de Apoio a Meninas e Meninos da Região Sé de São Paulo, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo; CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52; Inscrição Estadual: 116.773.830.119; Inscrição Municipal: 3.308.838-1

ATENDIMENTO AO LEITOR Rua Augusta, 1239 – Conj. 11 Consolação – 01305-100 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-6188 HORÁRIO DE ATENDIMENTO das 9 às 13h e das 14 às 18h E-MAIL REDAÇÃO E ASSINATURA redacao@revistaviracao.org.br assinatura@revistaviracao.org.br

QUEM SOMOS

V

iração é um projeto social de educomunicação, sem fins lucrativos, criado em março de 2003 e filiado à Associação de Apoio a Meninos e Meninas da Região Sé. Recebe apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.revistaviracao.org.br), contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 21 capitais, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses quatro anos estão o Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá’í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, abaixo, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira Lima Diretor da Revista Viração – MTB 27.300 CONHEÇA OS 21 VIRAJOVENS EM CAPITAIS BRASILEIRAS • Belém (PA) – pa@revistaviracao.org.br • Belo Horizonte (MG) – mg@revistaviracao.org.br • Brasília (DF) – df@revistaviracao.org.br • Campo Grande (MS) – ms@revistaviracao.org.br • Cuiabá (MT) – mt@revistaviracao.org.br • Curitiba (PR) – pr@revistaviracao.org.br • Florianópolis (SC) – sc@revistaviracao.org.br • Fortaleza (CE) – ce@revistaviracao.org.br • Goiânia (GO) – go@revistaviracao.org.br • João Pessoa (PB) – pb@revistaviracao.org.br • Maceió (AL) – al@revistaviracao.org.br • Manaus (AM) – am@revistaviracao.org.br • Natal (RN) – rn@revistaviracao.org.br • Porto Alegre (RS) – rs@revistaviracao.org.br • Recife (PE) – pe@revistaviracao.org.br • Rio de Janeiro (RJ) – rj@revistaviracao.org.br • Salvador (BA) – ba@revistaviracao.org.br • São Luís (MA) – ma@revistaviracao.org.br • São Paulo (SP) – sp@revistaviracao.org.br • Teresina (PI) – pi@revistaviracao.org.br • Vitória (ES) – es@revistaviracao.org.br

Apoio Institucional


MAPA da

QUE FIGURA Cartão virtual no portal da Vira: www.revistaviracao.org.br FELA KUTI Conselho Editorial Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

RG

Equipe Pedagógica Aparecida Jurado, Cássia Vasconcelos, Isabel Santos, Juliana Rocha Barroso, Maria Lúcia da Silva, Nayara Teixeira, Roberto Arruda, Robson Oliveira e Vera Lion Diretor Paulo Pereira Lima paulo@revistaviracao.org.br

Administração/ Assinaturas Thays Alexandrina Midiadores da Vira Acássia Deliê (Maceió – AL), Alex Pamplona (Belém – PA), Gardene Leão de Castro (Goiânia – GO), Graciema Maria (Natal – RN), Ionara Talita da Silva (Brasília – DF), Ismael Oliveira (Teresina – PI), Ivanise Andrade (Campo Grande – MS), João Paulo Pontes e Bruno Peres (Porto Alegre – RS), Lizely Borges (Curitiba – PR), Maria Camila Florêncio (Recife- PE), Marcelo Monteiro de Oliveira, Maxlander Dias Gonçalves, Patrícia Galleto, Thiago Martins e Vitor Bourguignon Vogas (Vitória – ES), Niedja Ribeiro (João Pessoa – PB), Pablo Márcio Abranches Derça (Belo Horizonte – MG), Raimunda Ferraz (São Luiz – MA), Gisele Martins (Rio de Janeiro – RJ), Renata Gauche e Clarissa Diógenes (Fortaleza – CE), Scheilla Gumes (Salvador – BA) e Eric Silva e Ubirajara Barbosa (São Paulo – SP) Colaboradores Cristina Uchoa, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Paloma Klysis e Sérgio Rizzo Consultor de Marketing Thomas Steward Projeto Gráfico IDENTITÀ Adriana Toledo Bergamaschi Marta Mendonça de Almeida Fotolito Digital SANT’ANA Birô

• LEI DO SILÊNCIO 18 A ‘Lei da Mordaça’, que impede os professores de escolas públicas de darem informações para a imprensa, encobre os muitos absurdos que fazem parte da realidade da nossa Educação • À MERCÊ DA DISCRIMINAÇÃO 24 Dignidade da pessoa humana e igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Estes são dois dos direitos previstos na Constituição Federal brasileira. Mesmo assim, as/os homossexuais ainda não têm direitos de união estável reconhecidos • MÚSICA E ATIVISMO 30 O nigeriano Fela Kuti foi um forte ativista político e defensor dos direitos humanos, além de músico multi-instrumentalista. A música serviu de arma para Fela lutar contra a corrupta ditadura militar instalada na Nigéria

Legenda

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• MANDA VÊ • GALERA REPÓRTER • MAIS IGUAL

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

• IMAGENS QUE VIRAM

Divulgação Equipe Viração

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Crédito

• ECA

Impressão Gráfica

Preço da assinatura anual Assinatura Nova R$ 48,00 Renovação R$ 40,00 De colaboração R$ 60,00 Revista ViRAÇÃO · Ano · nº 45 Exterior US$650,00

mina

• A GENTE NÃO QUER SÓ BEBIDA 15 Cercados de todos os recursos naturais, os indígenas perderam, com o ato da colonização, muito mais do que o direito à água. Junto com este, perderam o direito à dignidade humana

Equipe Adriano Sanches, Amanda Proetti, Bianca Pyl, Camila Caringe, Carol Lemos, Gisella Hiche, Rafael Stemberg, Rassani Costa, Sálua Oliveira, Vitor Massao e Vivian Ragazzi

• NO ESCURINHO Crédito

E-mail Redação e Assinatura redacao@revistaviracao.com.br assinatura@revistaviracao.com.br

• A HORA DO VOTO 6 Você se sente preparado para escolher quem vai te representar pelos próximos quatro anos? Que características essa pessoa deve ter? Como a sua realidade vai ser afetada com essa escolha?

• TODOS OS SONS • SEXO E SAÚDE • MAIS IGUAL • PARADA SOCIAL • RAP DEZ

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16 28 29 31 17 34 35


GALERA EM SINTONIA CLAUDIA REGINA PASSOS – Abrigo Marly Cury

“A

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chei muito interessante o Projeto Jornal Mural* também para o educador, principalmente pela forma como vocês conduzem a relação com os adolescentes. O grupo da Vira é uma referência para os educadores, que muitas vezes ficam ‘fechados’ na referência do abrigo. Desde já agradeço muito a receptividade e o carinho de vocês! * Projeto desenvolvido nas escolas pela Vira

ODED GRAJEW – Diretor do Instituto Ethos

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oi uma sinalização muito importante da força e do compromisso do nosso movimento para que São Paulo* seja uma cidade justa e sustentável e também para que nossas propostas sejam encaradas com a seriedade que merecem. Juntos poderemos transformar nossos sonhos em realidade! * O Movimento Nossa São Paulo, que contou com a cobertura jovem da Vira, foi desenvolvido pelo Unicef a fim de articular e promover ações, visando uma cidade justa e sustentável.

A Vira entra no debate de gêneros e levanta a bandeira da igualdade, que deve estar também na forma de escrever. Por isso, todas as palavras que tiverem variação de feminino e masculino iremos incluir os dois gêneros, e não somente o masculino. Por exemplo: a/o jovem, o/a professor/a e assim por diante, de forma que contemplaremos a todas e todos!

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ONG CATAVENTO COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO

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ueremos parabenizar a Revista Viração pelo 4o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Com a premiação, a revista mostra mais uma vez o seu compromisso com as questões sociais e a responsabilidade em divulgar à sociedade uma realidade que muitas vezes não é de conhecimento público. Ficamos muito contentes com o resultado e por fazer parte desse projeto tão rico e empolgante!

Mande seus comentários sobre a Vira Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para nosso endereço: Rua Augusta, 1239 – Conj. 11 Consolação – 01305-100 – São Paulo (SP) Tel: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-8166 ou para o e-mail: redacao@revistaviracao.org.br Aguardamos suanº colaboração! 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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Está chegando a hora. Daqui a pouco vamos às urnas para definir quem serão nossos prefeitos e vereadores pelos próximos quatro anos. O processo eleitoral nem sempre é fácil, afinal é muito candidato para pouca vaga, e escolher o melhor é complicado. Por isso a Vira foi às ruas para saber:

KLEBER GUTIERREZ e MAGNA MELO, do Virajovem Campo Grande (MS)* SIMONE NASCIMENTO, do Virajovem São Paulo (SP)* ISMAEL OLIVEIRA QUEIROZ, do Virajovem Teresina (PI)*

Que qualidades você atribui a um bom político e como elas podem modificar a sua realidade?

LUCIANO FERNANDES DE SOUSA SOUSA,, 17 anos – São Paulo (SP)

BRUNA LUCIANER, 20 anos Campo Grande (MS)

“Um bom político deve, acima de tudo, ser honesto e responsável. Sei que pode parecer utopia pensar assim nos dias de hoje, mas é o que se precisa de um político sério, e é o que devemos exigir! Ele não deve se deixar corromper com o dinheiro que se mostra fácil e nem cair num jogo de influências feito pelas grandes mídias do país. Todas as decisões de um político influenciam e mudam a minha vida, sejam elas boas ou ruins.”

ANDRÉA SILVANA BARBOSA 21 anos – Teresina (PI) “Honestidade, uma campanha honesta, com idéias que possam transformar a sociedade como um todo. Uma política digna de ser admirada e não aquela de falsos políticos que existem hoje infelizmente no nosso país. Só através desse perfil é que o Brasil virá a mudar seu método político.”

JULIO CESAR DE SOUSA COSTA COSTA,, 21 anos – Teresina (PI) “Podemos atribuir aos políticos bons algumas qualidades tais como honestidade e respeito à população. Um bom político tem que conhecer sua cidade, seu Estado e seu país, para que ele possa atender bem a população. Estas qualidades vão ajudar a melhorar a vida da população.”

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“Creio que a principal qualidade que um político deve ter, ou melhor, exercer, é a filantropia. Se uma pessoa com notório poder público fosse filantrópica, ou seja, amasse a humanidade, todos os outros possíveis defeitos desapareceriam. O respeito e a admiração pela pessoa em si, seja ela quem for, culmina em um amontoado de novas virtudes, todas elas necessárias para um bom político, face à função que ele exerce (ou deveria exercer).” CÁSSIO DE SOUSA BORGES, 20 anos – Teresina (PI)

“Para mim um bom político é aquele que conhece a realidade e os anseios da população, tendo a capacidade e a vontade de fazer com que isto se transforme em ações que possibilitem uma vida mais digna e justa para todos. Não basta ele ser do povo, mas tem que estar enraizado na luta do povo.”

HELTON VERÃO LOPES LOPES,, 22 anos – Campo Grande (MS) “Acho que uma boa qualidade de um político é conviver com o povo. Esses são mais bem vistos pela comunidade quando estão convivendo com ela, se agrupando e conhecendo seus problemas. Se todos tentassem ser mais próximos do povo com certeza seria um grande passo para eles.”


ANA MARIA DE OLIVEIRA OLIVEIRA,, 19 anos – Campo Grande (MS)

SEM CREDIBILIDADE

“A honestidade dos políticos eu acredito que seja a única coisa que pode mudar uma sociedade inteira. Se você é honesto e não é uma autoridade, isso pode modificar a vida de várias pessoas que estejam a sua volta, mas jamais uma sociedade inteira. Mas, se um político for honesto, ele pode modificar muito mais, abranger muito mais pessoas com essa honestidade dele.”

Pornopolítica Pornopolítica,, Arnaldo Jabor, Ed. Objetiva, 2006. Uma nova coletânea de crônicas em que temas públicos misturam-se ao universo de nossas fixações interiores. Política, sexualidade, miséria, arte, memória, medo. Ao usar o cotidiano como matéria-prima de seus textos, Jabor associa fato e ficção, revelando paixões e taras que talvez preferíssemos ocultar.

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Divulgação

Como não ser enganado nas eleições eleições,, Gilberto Dimenstein, Ed. Ática, 1994. Histórias, depoimentos, reflexões sobre o processo eleitoral no Brasil dão ao eleitor subsídios para votar bem, com conhecimento e responsabilidade.

Divulgação

Não é apenas a confiança nos políticos que tem sido abalada pela onda de escândalos de corrupção e desvio de dinheiro público. Os partidos políticos também têm visto sua imagem ficar cada vez mais frágil. De acordo com o Barômetro de Confiança, 72% dos entrevistados não confiam RAFAEL NEVES BIAZÃO BIAZÃO,, 17 anos – São Paulo (SP) nos partidos políticos. O estudo avaliou 17 instituições “O bom político é aquele que consegue trazer melhorias e tem a intenção de medir o mesmo quando o cenário não lhe é favorável. E grau de credibilidade dos obviamente, os políticos interferem no nosso dia-dia, brasileiros nas instituições pois eu uso o transporte público para ir à escola, ao e órgãos públicos do País. curso, ao trabalho, para passear, e se o preço da A iniciativa partiu da Assopassagem sobe, eu sou afetado. Uso o serviço de saúde ciação dos Magistrados Brapública, respiro o ar poluído que minha cidade tem, vejo o problema de moradia nas periferias, na qual também moro, sileiros (AMB) e foi realizaviolência e tudo mais. Tudo isso está presente em nossas vidas. da em parceria com o InstiEm contrapartida, quando uma escola é construída na periferia ou tuto de Pesquisas Sociais, Poonde quer que seja, vejo as crianças saindo das ruas onde convivem com a líticas e Econômicas (Ipespe), violência e drogas e podem exercer seu direito de estudar.” ouvindo cerca de 1,5 mil pessoas em todo o Brasil, maiores de 18 anos, no período de 29 de JÉSSICA ROSA BARROS BARROS,, maio a 2 de junho de 2008. 19 anos – São Paulo (SP) As instituições mais confiáveis, de acordo com os entrevistados, são: “Um bom político precisa ser auto-crítico, saber reconhecer suas falhas e, principalForças Armadas (79%), Igreja Católimente, se preocupar em mudá-las. Os ca (72%) e Polícia Federal (70%). problemas da realidade da sociedade Estes dados comprovam que, de certa devem ser seu principal alvo, e a educaforma, as pessoas têm se frustrado com ção e a saúde devem ter espaço para se os partidos e os políticos. Porém, deve-se desenvolver. Honestidade e caráter são voltar ao grego para entender o significado do essenciais para qualquer pessoa, quanto mais para termo político. Este é ‘relativo a cidadão, que se alguém que irá representar a população no Senacompõe de cidadãos’ e ‘capaz de viver em sociedo, por exemplo. Se um político não ouvir a dade’. Ter isso em mente fará toda a diferença ao sociedade, não saberá nunca suas reais necessidades e também não será bem aceito.” clicar: CONFIRMA

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A gente não quer CAMILA CARINGE, da Redação

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SUA CARA É A MINHA CARA

Arquivo Pessoal

A moda diferente do Projeto Nossa Cara

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Arquivo Pessoal

Para driblar o desemprego, jovens encontram saídas criativas e empreendedoras, provando que é possível encontrar prazer na profissão

cada vez maior o número de jovens desempregados no Brasil. De acordo com dados divulgados em maio deste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior do que a taxa de desemprego entre os adultos. A inexperiência e a competitividade do mercado de trabalho são algumas das explicações. Mas os jovens não querem mais somente emprego remunerado. Qualidade de vida, satisfação pessoal e realização profissional são coisas importantes a partir da consciência de que só dinheiro não traz felicidade. Trabalho, além de geração de renda, também é fonte de independência, contatos, experiências e conhecimento. Um emprego viabiliza a possibilidade de continuidade dos estudos e novas amizades. Estar em um ambiente positivo, onde se desenvolva tarefas nas quais se acredita, é tão importante quanto ganhar dinheiro. É o que acreditam os jovens dos dois projetos seguir.

Eles começaram discutindo o consumismo entre os jovens. Foi daí que surgiu a idéia de criar uma alternativa que possibilite um estilo próprio, usando serigrafia e bordados, unindo as necessidades à oportunidade de dar vazão a um novo jeito de fazer moda. Depois perceberam que poderiam transformar seu projeto em um empreendimento gerador de renda para o grupo e para os demais participantes que recebessem a formação. A iniciativa foi contemplada pelo Projeto Geração MudaMundo em 2007, promovido pela Ashoka Empreendedores Sociais, e recebeu financiamento para começar. “Tivemos um problema grande por causa da rotatividade dos primeiros componentes, que somavam 14 pessoas”, conta Leonardo Carvalho, integrante do Projeto Nossa Cara desde o começo. E eles estão sempre à procura de parceiros. Atualmente o grupo é formado por Leonardo de Carvalho, Washignton Gabriel, Leila Rosa e Leandro Mello, todos em torno dos 20 anos de idade. Eles têm muita demanda e poucas pessoas trabalhando. Outra dificuldade que enfrentam é a falta de um lugar apropriado para trabalhar. “O próximo plano é capacitar 20 jovens para acelerar nosso trabalho e proporcionar geração de renda para o projeto de estamparia em camisetas”, diz Leonardo. O objetivo é sensibilizar os/as jovens a respeito do consumismo, trabalhando com imagens impressas em roupas, adesivos e outros produtos. O projeto fica na Consolação, bairro do centro da cidade de São Paulo. Leonardo fala sobre a participação social: “Para nós é muito importante perceber que as pessoas se identificam com a nossa proposta.”


só trabalho! ARQUITETANDO SONHOS

As Arquitetas da Comunidade mudam a cara da comunidade

As Arquitetas da Comunidade nasceram da vontade de fazer diferente. Mais precisamente, de mudar a paisagem que os olhos vêem. E elas têm um objetivo em comum: a sensibilização para a questão da falta e precariedade de moradia e o planejamento dos espaços públicos de lazer nas periferias. O que elas fazem é buscar formas de contribuir e trabalhar no enfrentamento dessa questão e, ao mesmo tempo, difundir os serviços de arquitetura a uma população que, historicamente, não tem acesso. O grupo atua na região metropolitana de Campinas (SP) e é composto por Adriana Katsuki, Daniela Zacardi, Joice Genaro e Kátia Sartorelli, todas entre 26 e 34 anos, e começou a estruturar o projeto a partir da experiência com a Expedição Artemísia – Programa de Jovens Empreendedores. “Sentíamos a necessidade de estruturar o projeto para ganhar em escala, pois íamos atendendo sem um planejamento e as ações eram pontuais e esparsas”, conta Kátia. O processo deu a elas ferramentas fundamentais para pensar e efetivar ações, além das questões gerenciais, o que também ajudou com aspectos pessoais muito importantes para o desenvolvimento de projetos sociais. Os serviços são direcionados para o indivíduo e as entidades comunitárias representativas da população, como o Programa Minha Casa – projeto e assessoria técnica para construção, reforma e melhoria de residências e regularização do imóvel junto à prefeitura e o Programa Espaço Vivo – assessoria a associações de moradores, em questões técnicas e legais, além de também desempenhar projetos em instituições (escolas, ONGs, centros comunitários, igrejas etc), sempre com ações participativas. Fora isso elas ainda oferecem um programa de capacitação de mão-de-obra por meio de cursos gratuitos de formação de pedreiros. Kátia diz ainda que “esta é uma ação muito importante, pois os trabalhadores qualificados, além de contribuírem com sua comunidade, podem ampliar as oportunidades de trabalho e obter melhor remuneração, melhorando também a qualidade de vida.” São muitas as dificuldades e o desconhecimento da função do arquiteto pela grande maioria do público que elas buscam atingir. Por isso, a formação da demanda e a viabilização das condições técnicas e financeiras para que as obras aconteçam são de extrema importância. Os planos são de expansão para beneficiar cada vez mais pessoas. “Para contribuir na implementação, todos que compartilhem de nossas idéias e queiram ajudar são bem-vindos, sejam profissionais, estudantes e parceiros da área de construção ou pessoas de outros segmentos”, afirma Kátia sobre o trabalho do grupo. nº 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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o que muda? ALEX PAMPLONA, do Virajovem Belém (PA); MARCOS DONIZETTI e SARA SILVA, do Virajovem Belo Horizonte (MG); DANUSE QUEIROZ, do Virajovem Brasília (DF); KLEBER CLAJUS, do Virajovem Campo Grande (MS); CLARISSA DIÓGENES, do Virajovem Fortaleza (CE); BEATRIZ CAITANA, do Virajovem Goiânia (GO); MARIA CAMILA, do Virajovem Recife (PE) (PE);; NILTON LOPES e VERÔNICA PORTELLA, do Virajovem Salvador (BA); ERIC SILVA, do Virajovem São Paulo (SP) e ADRIANO SANCHEZ, da Redação

Fotos: Adriano Sanches

GALERA REPÓRTER

Pacto pela juventude: C

onselheira do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), Daniella Rocha Magalhães começou sua carreira na Comunicação há 13 anos em movimentos sociais. Foi na Cipó Comunicação Interativa (organização civil que trabalha com comunicação e juventude) que Daniella se especializou no trabalho com o público jovem. Foi coordenadora de Comunicação na Ong Vida Brasil. Atuou também no Conselho Estadual da Criança e do Adolescente como conselheira e participou do Conselho Municipal, da Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong), e de outros status de representação política. A Cipó ampliou seu raio de ação e começou a trabalhar fortemente com a questão da política pública de juventude. Dessa maneira, concorreu no ano de 2007 à cadeira de Comunicação e Novas Tecnologias do Conjuve. Eleita, a instituição apontou Daniella como a pessoa mais indicada para fazer essa representação por conta de seu histórico de vida profissional e de litância. Em entrevista aos jovens de alguns dos Conselhos Jovens da Vira Vira, Daniella fala sobre o Pacto pela Juventude e enfatiza a importância dacomunicação como ferramenta de mobilização jovem na luta por políticas públicas que garantam seus direitos.

“O jovem, como parcela da população maior deste país, carrega as características de estar na idade produtiva e de ser um ativo social estratégico importante. A comunicação é a concretização do direitomi-à democracia. São duas áreas muito importantes para Foi lançado em Brasília, no dia 19 de agosto, o Pacto pela Juventude. O que é esse Pacto? fazermos o Brasil avançar – Passado o processo de grande mobilização da Conferência Nacional de Juventude que aconteceu entre os dias 27 e 30 de abril, onde foram levantadas no nível republicano e milhares de propostas, nós do Conjuve ficamos pensando como dar continuidade e monitorar esse processo de pós-Conferência. Surgiu então a idéia de escrever um democrático.” documento com alguns indicativos do que é uma política de juventude interessante

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CONJUVE O

Legenda e completa e colocar como parâmetros as resoluções e prioridades da Conferência. Isso é o Pacto pela Juventude. Um documento conceitual e indicativo a partir do processo da Conferência com o qual os gestores ou candidatos em ano eleitoral se comprometem. Com o Pacto também vamos poder acompanhar de perto esse processo e fiscalizar no âmbito federal, junto com os ministérios e as secretarias, a concretização destas propostas em políticas efetivas. Como vai se dar esse monitoramento? Vamos procurar ter um diálogo próximo a esses órgãos e ver o que já existe e o que pode ser criado a partir da Conferência. Nós temos buscado dialogar com o que já existe dentro dos ministérios. Por exemplo, na área de trabalho, saíram uma série de indicativos na Conferência e a gente procura colocar isso junto com as políticas que o Ministério do Trabalho já vem adotando. Já nos Estados e municípios, o Conjuve não tem condições de fazer um acompanhamento mais efetivo. Nesse caso, nosso papel é articular estes Estados e municípios para que os atores sociais desses âmbitos façam isso. Uma outra ação que a gente considera importante é o encontro nacional que vamos fazer de Conselhos, justamente nessa tentativa de mapear e tentar estimular e ajudar para que eles efetivem o Pacto nas suas localidades.

De que forma o Conselho Nacional de Juventude avaliou a Conferência? Eu acho que o grande ganho da Conferência foi o assunto Juventude ter entrado na pauta política. É um assunto emergente, que vinha sendo pouco pautado dentro dos governos. A Conferência fez o assunto emergir, e inclusive, uma coisa interessante do Pacto é isso também: quando os candidatos a prefeito e vereador se comprometem com o Pacto significa que naquela plataforma eleitoral o tema Juventude vai aparecer como prioridade, o que até então não acontecia. Como o Conselho vê a questão de políticas de Comunicação para a juventude hoje? A juventude hoje é uma das maiores consumidoras de comunicação, e é também uma grande produtora. Se olharmos para os dados de inclusão digital, uso de internet e produção por meio de novas tecnologias, a juventude sempre é muito protagonista nesses processos. Por outro lado, está mais presente no acesso e na produção do que numa luta do ponto de vista político, de políticas publicas de comunica-

Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) é, junto com a Conferência Nacional de Juventude, um espaço de realização do controle social da Política Nacional de Juventude e de todas as ações vinculadas à ela. Um espaço de diálogo entre a sociedade civil, o governo e a juventude brasileira que tem por objetivo assessorar o governo federal na formulação de diretrizes da ação governamental, por meio da promoção de estudos e pesquisas acerca da realidade socioeconômica juvenil; do reconhecimento dos direitos e das capacidades dos jovens e da ampliação da participação cidadã. O Conjuve é formado por representantes do poder público e da sociedade. Pelo poder público participam 20 membros ligados a ministérios que desenvolvem programas e ações voltadas para a juventude, representantes do Fórum de Gestores Estaduais e da Frente Parlamentar de Políticas Públicas de Juventude e das entidades municipalistas. A sociedade civil é representada por 40 membros e participa por meio de entidades, movimentos sociais, especialistas na temática da juventude, redes de jovens e organizações não-governamentais que trabalham com os mais diversos segmentos juvenis.

nº 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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Legenda

ção. Nesse viés acho que a juventude precisa avançar. Assim como ela luta por outras bandeiras políticas importantes como cultura, educação e trabalho, a comunicação também tem que se tornar uma bandeira política no sentido da incidência, junto ao executivo, ao legislativo. A gente precisa ter políticas de incentivo dessa produção garantindo o que a gente chama de direito humano à comunicação. Nós temos um documento, o Diretrizes e Perspectivas, e o capítulo Novas Tecnologias foi um pequeno ensaio do que seria o direito à comunicação e às novas tecnologias, mas ainda é muito inicial. É a primeira vez que estamos construindo um plano de comunicação, pensando em produtos e estratégias para comunicar o Conselho e ainda refletindo como é que dentro das políticas públicas de juventude a gente inclui também a política de comunicação. E como isso se efetiva nos Estados? Há uma agenda e a gente está acompanhando. Os conselheiros nacionais estão tentando levantar isso dentro de seus Estados em diálogo com outros movimentos e organizações que trabalham com juventude e apoio político, através

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Uma das expectativas da Conferência era que fossem criados mais espaços públicos de juventude como Conselhos Municipais, Estaduais. Houve de fato um aumento desses espaços? Nós tínhamos pouquíssimos espaços públicos de juventude, muito poucos conselhos, coordenadorias e assessorias. Com a Conferência isso mais do que duplicou. Mesmo assim ainda é pouquíssimo. Se você pensar no tamanho do Brasil, nós temos mais de 5 mil municípios, e não chega a 300 órgãos. É muito pouco, mas já é mais que o dobro do que tinha antes da Conferência. Ela ajudou bastante nesse sentido e esse pós-Conferência é importante para evitar que o assunto se dilua.

de material sobre o Pacto. Eu sei que haverá lançamento em São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. Na medida em que os Estados e municípios forem nos informando sobre a concretização do Pacto, nós vamos alimentando o site para o conhecimento de todos. O que há no Pacto em termos de política que já possa ser implementado? As autoridades não precisam efetivar as prioridades e políticas exatamente como saíram na Conferência, mas eles têm essas políticas como parâmetros de acompanhamento para que possam ter elas como balizadoras de algumas ações possíveis. Quando ele assina ou se compromete com isso, aí é que ele vai tentar criar políticas, levando em conta o que saiu da Conferência.

Qual é o papel da comunicação na hora de inserir estas prioridades da juventude na pauta dos governos? A comunicação deveria ter um papel central nesta discussão. Mas, Juventude não é um tema que normalmente aparece na mídia, pelo menos não de uma forma positiva. O jovem aparece na mídia normalmente ou como dano ou como problema. A gente precisa construir esse discurso social público de juventude de forma diferenciada, protagonista, participante, é importante para o País. A comunicação é fundamental pra gente referendar essa outra visão do jovem. Mas é um processo a ser concluído, tanto com a mídia comercial, quanto com a mídia alternativa, comunitária. Eu acho que quem milita com comunicação e juventude tem esse papel, de ajudar, pedagogicamente, a criar uma outra visão dos jovens na mídia. E por outro lado, a criação de políticas públicas mesmo, de comunicação e juventude.

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Integrantes da Agência ViraJovem de Notícias entrevistam participante do Unaids

RAFAEL BIAZÃO BIAZÃO,, do Escuta Soh!*

Diferentes vulnerabilidades são foco do penúltimo dia do Educaids O

número de novas infecções pelo HIV entre 2001 e 2007 caiu 10%. A taxa passou de 3 para 2,7 milhões. Seria motivo de celebração, não fosse a contrapartida: a proporção de mulheres infectadas vem aumentando. É o que mostra um relatório divulgado no final de julho deste ano pelo Programa das Nações Unidas para HIV e Aids (Unaids), além de outras realidades no Brasil e no mundo. Mesmo assim, o avanço foi comemorado na 17a Conferência Internacional sobre Aids (Aids 2008), realizada no México. Otimista, o diretor-executivo do Programa, o belga Peter Piot, lembrou que pela primeira vez há menos gente no mundo morrendo e sendo contaminada pelo vírus. Essas ações só mostram que a luta não para e, com comprometimento e muita força de vontade, essa galera tem tido vitória contra o avanço da doença. Parte dessa luta é o Encontro Nacional de Educadores para a Prevenção das DST/Aids (Educaids), que aconteceu de 11 a 14 de junho, em São Paulo (SP). Fátima Cristina, do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), falou sobre o trabalho realizado na região amazônica, de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Ela comemorou o sucesso da mobilização, mesmo com toda a dificuldade enfrentada por conta da distância e da falta de transporte. O psicólogo Cláudio Picazio trouxe dados sobre a gravidez na adolescência, HIV/aids, entre outros. Depois entrou na questão da vulnerabilidade, e retratou

o que acontece com os jovens: “Com 12, 13 anos de idade, a jovem está passando por transformações. A família muitas vezes não entende essas mudanças. Então aparece um rapaz e chama a garota de linda. Ela já pensa: O quê? E esse rapaz me quer? Demorou!” Ana Roberta Oliveira, educadora do Instituto PAPAI, falou sobre o trabalho que realiza. “A gente tem uma atenção voltada para o público jovem, especialmente os homens. Desenvolvemos ações educativas, capacitações, participamos de conferências, produzimos pesquisas, mas sempre focando essas temáticas: gênero, sexualidade, reprodução”, relatou. Ana participa pela primeira vez do Educaids, e disse que o evento foi muito produtivo para ela, que considera importante poder ouvir outros profissionais e falar também: “É uma grande oportunidade de cruzar e juntar todos os conhecimentos e a força que cada um tem.”

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*Equipe de comunicação formada durante o 2 o Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids, em Salvador (BA), durante oficina da Agência ViraJovem de Notícias nº 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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Notícias ECA do Brasil

DE OLHO NO

PALOMA KLISYS*

N

Lentini

a estrada, escrevendo um livro nômade, coletivo, multitemático, tecido por muitas mãos, olhos e línguas. Em um mês de viagem cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo. No trânsito por pedaços de Brasis tão diferentes a “velha nova” é que ainda são notáveis as dificuldades de colocar o Estatuto da Criança e do Adolescente em prática no cotidiano das juventudes do país. Nas grandes metrópoles, malabarismos, flores, chicletes, pés descalços correndo entre os carros enfileirados nos mega-congestionamentos. Trabalho infantil nos litorais para servir a classe média na praia

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Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 45

no mês de férias. Exploração sexual e oportunidades arriscadas de obtenção de renda através do tráfico de drogas. Na roça da Bahia, alunos de turmas multiseriadas sem material didático. O Brasil é um país laico* mas pelos interiores a Igreja Católica ainda impõe a catequização de crianças e adolescentes sem garantir-lhes o direito à liberdade de crença e, muitas vezes, demonizando o contato com outras religiões. Há poucos quilômetros de Teixeira de Freitas (BA), crianças cujos pais não conseguem exercer o direito à moradia, nem tão pouco conseguir alimentação suficiente e adequada, morrem atropeladas tentando atravessar a BR. Crianças de comunidades indígenas vão aos poucos perdendo as referências de suas línguas maternas, vestem roupas com logomarcas de multinacionais e dedicam-se a caçar passarinhos que vendem a turistas num bizarro esquema drive-thru. A arapuca está armada. O desrespeito ultrapassa qualquer direito ou princípio básico de proteção e prioridade. Manter o otimismo é tarefa árdua dependendo de por onde se passa. Ao mesmo tempo apesar do pesar dos apesares e com todas as desigualdades, contrastes e paradoxos, não é possível ignorar o avanço de propostas e projetos colocados em curso por organizações e movimentos sociais que superam dificuldades e conseguem promover transformações positivas na qualidade de vida de

sa Sou Ivo

Saiba sobre seus direitos e deveres, garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente crianças e adolescentes ao longo de boa parte do território nacional. O desafio de agora em diante, passa pela necessidade de fortalecer através de ações articuladas entre diversos setores, a multiplicação de estratégias que caminham na contramão da aniquilação das possibilidades de desenvolvimento integral. É urgente formar jovens que possam multiplicar conhecimentos em regiões onde o acesso a informações sobre direitos humanos são pouco divulgadas, de modo a colocar novas ações em curso a partir do que cada juventude define como prioridade. Isso só é viável através da organização de redes de multiplicação de estratégias bem sucedidas para afirmação de direitos e políticas públicas. Todas as alternativas, para serem bem sucedidas, apontam para a necessidade de envolver os próprios jovens nesse processo mas não podemos esquecer que a tarefa é inter-geracional e evidencia a interdependência entre governo, ONG´s, e os mais variados atores sociais. Em trânsito, sem rádio, mp3 ou toca-fitas mas mesmo assim vem a lembrança a música notícias do brasil, composição de Milton Nascimento e Fernando Brant: “Aqui vive um povo que é mar e que é rio. E seu destino é um dia se juntar”. Tomara!

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MARCOS BISPO SANTOS, colaborador da Vira*

Esta s conta eção o apoi com o Unice do f

É possível que

Ú

ltima Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000 mostra: são 116 os municípios em todo o Brasil sem rede geral de abastecimento de água. A maior parte deles está situada nas Regiões Norte e Nordeste. Apesar de ter havido uma redução, nestas regiões, do número de municípios sem abastecimento, no período entre 1989 e 2000, houve um aumento de seu peso proporcional: passaram de 50% para 56% no Nordeste e de 21,7% para 23,3% na região Norte, indicando que o investimento aí realizado na expansão da rede geral de abastecimento de água não ocorreu na mesma proporção que nas demais regiões. Faz parte destas estatísticas o relato do educador Marcos Bispo, que faz um desabafo em repúdio à situação de abandono em que se encontra a comunidade indígena da região! Encravado no coração da terra aonde Galdino Jesus dos Santos viveu, Pau Brasil, sul da Bahia, esta unidade de ensino tornou-se estadual e teve o nome cadastrado no Censo Escolar como Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru Paraguaçu. Aqui, o abastecimento de água é feito da seguinte forma: para o consumo, um único carro-pipa da Funasa leva diariamente (quando não quebra) pequenas quantidades que são armazenadas em caixas tradicionais de PVC, inclusive no Colégio, para o gasto geral (banho, limpeza da escola etc.). Dependemos

Marcos Bispo Santos

não haja água em uma aldeia indígena?

do bombeamento de poços artesianos e de reservatórios que distam 500 metros da unidade escolar. São inúmeros os dias em que tivemos que terminar as aulas mais cedo porque não tínhamos água nem mesmo para beber. E o que dizer de uma unidade escolar com 746 estudantes, cadastrados no recém-encerrado Censo Escolar 2008, sem ter água para dar descarga, limpar as salas e lavar os pratos? Há que se sentar à mesa urgentemente, caciques, representantes da Educação Estadual da Bahia, da Funai e da Funasa, para que também as aldeias indígenas possam, de fato, ter os mesmos direitos que qualquer cidadão que vive no século 21, em pleno ano 2008. Afinal, nunca é demais lem-

brar, os indígenas eram auto-suficientes em todos os recursos naturais, inclusive a água, até que chegaram, desmataram, poluíram e após as retomadas (ainda inconclusas) só ‘restaram-lhes os restos’, de tudo. Mas ainda é tempo de devolver-lhes, ao menos, a água, e manter-lhes a dignidade e a vida.

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*Marcos Bispo Santos é professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Rede Municipal e educador em Literatura Brasileira do PreAfro, o préuniversitário para afro-descendentes, ambas atividades em Itabuna (BA); além de diretor do Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru Paraguaçu, PauBrasil (BA) nº 44 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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* DO VIRAJOVEM MARANHÃO

A

exposição fotográfica Filhos da terra – Crianças e adolescentes do semiárido maranhense, realizada pela Agência de Notícias da Infância Matraca, mostra percepções a respeito da realidade vivida naquela região. O interesse pelo semi-árido maranhense, e especificamente pelos municípios selecionados, justifica-se pela adesão do Maranhão ao Pacto “Um mundo para a criança e o adolescente do semi-árido”, um programa em que governos e sociedade civil se propõem a colocar a infância e a adolescência como prioridade. O objetivo é garantir os direitos de crianças e adolescentes que vivem nesses municípios. Dessa forma, a exposição também busca chamar a atenção para os compromissos assumidos pelo governo através do Pacto e que podem contribuir para a superação desses índices de desigualdades e também servir como exemplo para outras iniciativas que visem melhorar a situação da infância brasileira. O retrato de uma infância pertencente a uma rica herança cultural expressa em artesanatos e brinquedos feitos de madeira e talo de buriti, como o pião; e em manifestações culturais. Em boa parte delas, a participação de crianças, além de ser incentivada pelas comunidades, também é indispensável para sua concretização, a exemplo do Reisado Careta e Visita de Cova, ambos em Caxias. As fotos foram realizadas entre os meses de outubro do ano passado e janeiro deste ano nos municípios de Coelho Neto, Codó, Caxias, Lagoa do Mato, Buriti Bravo, Parnarama, Urbano Santos, Nina Rodrigues, Paulino Neves, Barreirinhas, Santo Amaro do Maranhão, Primeira Cruz e Humberto de Campos, pertencentes ao semi-árido maranhense e representativos da variedade cultural dessa região. Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 21 Estados do País Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 45 (ma@revistaviracao.com.br)

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IMAGENS que viram


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Que escola Não existe fórmula mágica para resolver os problemas da educação. Boas iniciativas e criatividade, no entanto, ajudam a reduzir o desânimo de estudantes e professoras/es e o sucateamento das escolas da rede pública.

ACÁSSIA DELIÊ e ARIANA MAURÍCIO MAURÍCIO,, do Virajovem Maceió (AL) (AL),, MARIA CAMILA FLORÊNCIO e RENATA PEREIRA, do Virajovem Recife (PE) RAFAEL STEMBERG e RASSANI COSTA COSTA,, da Redação fotos ????

“Não faço atividades na escola, só assisto as aulas, mas acho que a participação dos alunos é essencial para melhorar a qualidade do ensino, além do esforço dos professores. Acho que seria legal termos palestras e apresentações de pessoas de fora.” Adriana Martins, de 14 anos

Legenda

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queremos? “A escola é boa, o que atrapalha são alguns alunos que querem ser os ‘donos dela’, que querem ‘dominar’ a escola, fazendo bagunça e desrespeitando os professores. Acho que tinha que partir do aluno o respeito pelos professores.”

“Os professores não têm autonomia para dar aula.Aquele cronograma oferecido pelo Estado não é um bom método de ensino.” Paola Thauany Martins, de 17 anos

Luis Fernando Garcia, de 15 anos

O

s desabafos que você acabou de ler são de três adolescentes que estudam em escolas da rede pública de São Paulo, mas que refletem um problema nem um pouco regional: o sucateamento da Educação. Violência pelos corredores, estudantes desinteressadas/os e professoras/es desmotivadas/os com salários que mal dão conta das despesas de casa e conteúdo fraco, são uma realidade que não dá mais para ignorar. O conteúdo ou é fraco ou nem sequer chega a ser trabalhado. Arte, cultura e esportes também ficam de escanteio: muitas escolas não têm quadras esportivas, adolescentes e jovens não têm oportunidade de assistir a filmes ou participar de atividades extracurriculares nas escolas. Outro problema comum nas escolas públicas é o abandono. Em Alagoas, por exemplo, na Escola Municipal Paulo Bandeira, localizada na periferia da capital, Maceió, crianças estudavam e brincavam em meio a entulhos, lixo e uma piscina abandonada. Depois das denúncias, a prefeitura deslocou os estudantes para outra instituição. Na rede estadual, o calendário escolar está tão atrasado, que as aulas do ano letivo de 2008, em muitas escolas, só começaram em maio. “Se queremos fazer uma atividade diferente, não tem sequer ônibus à disposição. Só a vontade de ensinar nos mantém firmes e fortes nas salas de aula”, desabafa Cleide Cabral, professora de Língua Inglesa da Escola Estadual Manoel Araújo Dória. “Eu também trabalho em uma escola municipal no interior do Estado e lá, a situação é muito pior. Infelizmente, não podemos culpar diretores, nem professores e muito menos alunos, que são as maiores vítimas”, diz Cleide. nº 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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A progressão continuada é outra questão que aflige a professora. A recomendação de que as/os estudantes sejam aprovadas/os de série para série, mesmo não apresentando os requisitos necessários para tanto, é preocupante para Cleide. “Geralmente só reprovamos alunos que tiveram mais de 75% de faltas durante o ano, ou que não atingiram as médias nas disciplinas de Língua Portuguesa ou Matemática”, diz. Mas ainda há esperança. Boas iniciativas promovidas por alunas/os e educadoras/es e parcerias com ONGs rendem bons frutos. Na maior parte das vezes, basta boa vontade para trazer mudanças que podem fazer toda a diferença para a comunidade escolar. DIA TODO NA ESCOLA Uma das alternativas que muitas escolas adotaram pelo País para melhorar as condições de ensino foi a educação integral. Rafaela Francisco, de 16 anos, confirma a melhora na escola com período integral e acredita que agora todos têm a mesma chance de competir por uma vaga na universidade. “Eu acho que hoje está melhor, temos até chance de competir com alunos de uma escola privada”, conta Rafaela. A professora de Língua Portuguesa Lenôra Farias, da Escola Estadual Dom Bosco, de Recife, afirma que o período integral não é suficiente. Lenôra acredita que projetos transversais, implantados conforme a necessidade da instituição, ajudam

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no desenvolvimento da escola e no desempenho das/os estudantes. Ela cita o projeto Escola Aberta, do governo estadual de Pernambuco, que promove oficinas de esportes e cultura todos os finais de semana para estudantes e comunidade. Na escola de Lenôra também existe um projeto em parceria com o Reino Unido, no qual 400 estudantes recebem oficinas esportivas, são estimulados a freqüentar a biblioteca e a assistir a filmes e documentários sobre saúde, esporte e cidadania. SEXUALIDADE NA MIRA Ainda em Pernambuco e Alagoas acontece o Proescola, projeto da ONG Bem Estar Familiar (BEMFAM). Confira o que Lúcia Soares, psicóloga e supervisora de projetos sociais da BEMFAM-PE têm a dizer sobre essa iniciativa. Qual é o objetivo do Proescola? Lúcia Soares Soares: O objetivo desse projeto é contribuir para a Saúde Sexual e Reprodutiva de adolescentes e jovens, com ênfase na igualdade de gênero e cidadania, nas cidades de Recife (PE), Natal (RN) e João Pessoa (PB). O projeto capacitou professores e estudantes e sensibilizou pais e funcionários nas temáticas de DSTs/aids, gravidez não planejada, violência de gênero, entre outras. Além disso, disponibiliza preservativos masculinos, serviços clínicos em saúde sexual e reprodutiva (ginecologista e urologista) e cartilhas de apoio para

estudantes e professores/as das escolas envolvidas. A idéia é que os educadores trabalhem dentro do conteúdo programático em cada disciplina as temáticas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva e que estudantes multipliquem as informações para outras/os jovens, familiares, namoradas/os e amigas/os. Há muitas dificuldades no projeto? Lúcia: Sim. Há crenças e valores individuais que ainda dificultam o trabalho de educação sexual. Em muitos casos, professores que participaram do projeto foram compreendendo, durante as atividades, que não precisavam abrir mão de seus valores, mas que precisavam passar informações reconhecidas pelos órgãos oficiais da Educação, Saúde e Direitos Humanos, porque esse é o papel da/o educador/a. A ESCOLA NAS ONDAS DO RÁDIO “Alô, ouvintes! Está no ar o Programa Notícias Populares...”. É assim que começa o programa de rádio produzido pelas/os estudantes da Escola Municipal Professor José Rebouças Macambira, no bairro Jardim Guanabara, periferia de Fortaleza (CE). O projeto “Segura Essa Onda: rádio-escola na gestão sociocultural da aprendizagem”, da ONG Catavento, acontece na capital e no interior do Ceará. É uma forma de democratizar a comunicação e abrir espaço para que todas/os tenham direito de expressar o que pensam, melhorando a leitura e a


escrita, explica Marilac Patrício, coordenadora do projeto. A estudante Vitória Ingrid Oliveira, de 13 anos, diz que o rádio a ajudou a se relacionar melhor com outras pessoas. “Aprendi muitas coisas que ainda não sabia, como por exemplo, o que era mídia, como funciona a comunicação”. A garota, que sonha em se tornar jornalista, afirma que a rádio contribui bastante com a comunicação dentro da escola. O coordenador pedagógico Francisco Ferreira Costa, da Escola Estadual Tomé Gomes dos Santos, em Paramoti, a 100 quilômetros de Fortaleza, fala que a rotina da escola está mais atraente. “Agora os estudantes querem participar de concursos que envolvem técnicas radiofônicas e já produziram alguns programas para outras instituições da cidade”, comenta.

ESTUDANTES DE ESCOLA PÚBLICA VÃO AO CINEMA PELA PRIMEIRA VEZ por Ariana Maurício, do Virajovem Maceió (AL) A atividade é resultado de uma parceria entre a revista Viração e o projeto Escola Vai ao Cinema, do Sesc-AL, envolvendo estudantes entre 11 e 15 anos

E

studantes da Escola Estadual Manoel de Araújo Dória, localizada no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió, foram ao cinema pela primeira vez para celebrar a conclusão do projeto Jornal-Mural na Escola, que teve duração de dois meses e que incentiva a comunicação entre os jovens, educadores, escola e comunidade. Não foi à toa que essa moçada assistiu ao filme Pro Dia Nascer Feliz, no qual o cineasta João Jardim discute as dificuldades das escolas públicas de São Paulo. A midiadora do Virajovem Maceió, Acássia Deliê, fala que, apesar das dificuldades de se trabalhar em escolas públicas, a atividade trouxe bons resultados. “Acredito que possamos ampliar as perspectivas culturais desses garotos, ainda mais quando a gente sabe que a maioria nunca teve a oportunidade de ir ao cinema”. Rodolfo Peres, 13, participante do projeto, adorou a nova experiência. “Fiquei muito feliz quando soube que ia ao cinema. Sempre pedi a minha mãe para ir, mas isso nunca acontecia. Agora estou conhecendo muitas coisas novas”, disse Rodolfo.

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CALA A BOCA, PROFESSOR! Saiba por que funcionários da rede pública não dão entrevistas à imprensa Rafael Stemberg, da Redação

É

como se já houvesse uma frase decorada: “Não gostaria de comentar sobre esse assunto”. Foi assim que disseram três das/os quatro professoras/ es ouvidos pela reportagem da Vira quando perguntados sobre o que acham da lei que restringe funcionários da rede pública de falarem com as/os jornalistas. O quarto educador até topou falar, mas não quis ter seu nome divulgado. Criada em outubro de 1968, pleno auge da ditadura militar brasileira, a Lei do Funcionalismo Público Civil do Estado de São Paulo diz no artigo 242, incisos I e VI, que é proibido a/o funcionária/o dar informações para a imprensa “de forma depreciativa às autoridades constituídas e aos atos da administração, ou apoiar manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição”. Em tese, como a lei data antes da Constituição Federal de 1988, ela deveria ter sido revogada, o que não aconteceu. Como explica a advogada Paula Martins, da ONG Artigo 19, o fato do texto não

ter sido retirado do Estatuto intimida as/os professoras/es de comentarem algo na mídia, já que não existe outro parágrafo garantindo sua integridade no caso de pronunciamento em público. Como a imprensa encontra muitas dificuldades para falar com um educador (é preciso uma autorização da Secretaria da Educação), as/os jornalistas optam por ouvir apenas representantes dos sindicatos da categoria em reportagens sobre educação, fato que faz com que a sociedade deixe de ouvir uma outra opinião. Apesar de não haver registros de professoras/es que tenham sido punidos por não seguirem as orientações do Estatuto, a lei serve como instrumento para intimidá-las/os. Na dúvida do se pode ou não falar, ficar calado é a alternativa escolhida. Procurada pela Vira Vira, ninguém na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo fala sobre o assunto. Por telefone, a assessoria de imprensa se limitou a dizer que “esta gestão não leva em conta

ARTIGO

É

natural: quase toda criança es pera ansiosa pelo seu primeiro dia de aula. Umas começam aos 6 anos. Atualmente, pela nova legislação, essa é a idade obrigatória para entrar no sistema de ensino brasileiro. Outras, se deparam com esse “novo mundo” bem antes, nas creches ou escolas de educação infantil. Até o fim do Ensino Médio, são cerca de 12 anos na escola. Qual o papel da educação na nossa sociedade? Será que ela se resume à função de transmissão de informações? Será que através da escola nos desenvolveremos e nos tornaremos adultos com um futuro promissor? Ou seria muito mais que isso?

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Se analisarmos historicamente os sistemas educativos, perceberemos que nas cidades gregas e latinas, a educação preparava o indivíduo para que este se subordinasse cegamente à coletividade. No século 20, há o esforço para transformá-lo em alguém mais individualista e competitivo. Na Idade Média, a educação era cristã. No Renascimento, possuía caráter mais laico e literário. Desde o século 18, a ciência tende a ocupar o espaço que antes era dedicado à arte. A educação e a escola mais especificamente assumem o papel de formar os indivíduos de acordo com as necessidades da sociedade, compartilhando entre a comu-

por Fernanda Forato, pedagoga nidade escolar aspectos sociais e morais daquele tempo e espaço. Pensemos agora na nossa escola, naquela que eu estudei e na que você estuda. Como ela está estruturada? Como se constitui o espaço físico? Como se dão as relações de poder? O que se prioriza em termos de atitudes e conhecimento? Como as regras são definidas? Como o tempo é dividido? A forma que a nossa escola atual está estruturada tem relação com a forma que a nossa sociedade está estruturada? Acredito que as coisas não são simples coincidências. Por que as atividades criativas, fundamentadas nas artes e no corpo, são sempre deixadas em segundo plano ou realizadas de for-


essa lei. A gente não restringe qualquer declaração de um professor dada à imprensa”. Em 2006, a ex-diretora de escola Isis Longo passou apuros após ter concedido entrevista a uma rádio de São Paulo. De tão pressionada, ela pediu demissão do cargo após denunciar a maneira como estava sendo feita a reforma da escola onde trabalhava. Segunda ela, a construtora responsável não conseguia atender às necessidades do local. Por várias vezes, Isis entrou em contato com os responsáveis, na prefeitura, pela licitação da obra, para falar sobre o problema. Como não foi ouvida, resolveu procurar a imprensa. Por ter “descumprido a ordem” ao falar na mídia sobre a precariedade da reforma, foi aberto um processo administrativo contra Isis Longo. Não agüentando a pressão criada na época, a atual coordenadora pedagógica da rede municipal de São Paulo pediu exoneração do cargo. Com isso, o processo foi arquivado.

ma superficial? Por que a memorização é tão incentivada? Porque os conteúdos nos parece tão fora da nossa realidade e dificilmente temos clareza do por que aprendemos determinadas coisas? Por que, na maioria das vezes, não podemos argumentar ou questionar atitudes das/os professoras/es e/ou da direção, sob o discurso de que mandam são eles? Porque devemos aprender as coisas tão isoladamente se no mundo real se relacionam? Porque não podemos sentir prazer e vontade de descobrir coisas que nos façam crescer como pessoas e aprimorar o nosso intelecto? Se quisermos outra sociedade, mais justa, mais cooperativa, com menos desigualdades, aberta à diversidade, precisamos lutar por uma nova escola, que auxiliará na reconstrução das nossas relações sociais.

BRASIL AFORA

U

m levantamento feito pelo Observatório da Educação, ONG formada pela Ação Educativa, Artigo 19 e o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), concluiu que em 18 Estados do País existe uma lei parecida com a de São Paulo. Inclusive há regiões (Amapá, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará e Paraíba) onde a lei foi promulgada após a Constituição Federal de 1988, o que a torna inconstitucional, já que o 5o artigo da Constituição garante a liberdade de expressão de qualquer cidadão brasileiro. Em janeiro deste ano, o Observatório da Educação entregou ao relator especial da ONU, Vernor Munõz, um dossiê sobre a violação da liberdade de expressão das/os professoras/es. À época, o mesmo documento também foi entregue ao Ministério Público Estadual e à Secretaria da Educação. Segunda a Vira apurou, ao receber o dossiê, Munõz enviou uma carta ao governo brasileiro solicitando explicações sobre a existência dessa lei. Em contato com o Itamaraty, que confirmou a carta, a reportagem ouviu o seguinte da assessoria de Comunicação: “O Itamaraty encaminhou a carta para a Secretaria dos Direitos Humanos e irá acompanhar seu andamento”. O Observatório da Educação pretende realizar uma campanha nacional, ainda este ano, para que a lei seja revogada. “A idéia é criar um blog onde as pessoas poderão se manifestar com depoimentos, mesmo preservando a identidade, além de debates sobre o tema e um abaixo-assinado, conta Mariângela Graciano, da Ação Educativa.

TÁ na MÃO • www.seguraessaonda.org.br • www.bemfam.org.br (sobre a BEMFAM) • www.projovem.org.br (sobre o Projovem e Proescola) • www.aprendebrasil.com.br/legislação/leg (sobre os parâmetros curriculares) • Conheça o Estatuto do Funcionalismo Público do Estado de São Paulo: www.al.sp.gov.br/StaticFile/ documentacao/estatuto_func_publico.htm • Acompanhe o assunto no site do Observatório da Educação: www.acaoeducativa.org.br/portal/

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Amores

LUIZA CAIRES CAIRES,, colaboradora da Vira

reconhecidos

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dith e Abby passaram 30 anos juntas dividindo amor, compa nheirismo e o mesmo teto, até o dia em que Abby falece. Não bastasse a dor da saudade, as questões práticas e o preconceito passam como um trator sobre o luto de Edith. O drama acontece no filme Desejos Proibidos. Embora parta de uma ficção que se passa nos Estados Unidos dos anos 50, não é difícil imaginar uma cena semelhante sendo vivida por um companheiro ou companheira homossexual bem aqui no Brasil, em 2008. Nosso país figura a lista dos Estados que até agora não regulamentaram a união estável entre pessoas do mesmo sexo, deixando à margem de uma série de direitos no mínimo 18 milhões de pessoas. Quando vemos a legislação de outros países, é difícil entender por que o Brasil não se dispõe a regularizar a situação das parcerias entre

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pessoas do mesmo sexo, fundamentando sua posição apenas numa concepção de família já ultrapassada em relação às realidades familiares atuais. Leis que regulamentam a união estável homoafetiva têm sido aprovadas em diferentes países europeus – sendo a Dinamarca a pioneira, em 1982 –, em alguns Estados dos Estados Unidos e, recentemente, no primeiro país latino-americano, a Argentina. O projeto 1151/95 de Marta Suplicy pode ser considerado um marco nas discussões dos direitos das minorias sexuais no País. Em 2001, chegou a estar na iminência de entrar na pauta no plenário da Câmara, mas foi retirado por deputados simpatizantes ao movimento GLBTT, sob a justificativa de que tal lei não passaria pelas barreiras organizadas pelas bancadas religiosas. “O projeto da Marta já passou por todo o processo legislativo, todo

o rito, comissões, debates – está pronto para ser colocado em votação. A grande discussão é a oportunidade, o momento propício.” explica Eduardo Piza, advogado e um dos redatores do PL 1151/95. Mas segundo explica a exDeputada Federal (PT) Iara Bernardi Bernardi, nos últimos anos, as organizações GLBTT e os parlamentares que apóiam esse movimento decidiram tirar temporariamente o foco da luta pela união civil para brigar pela aprovação da lei antihomofobia. Bernardi é autora do PL 5003/2001, que criminaliza a discriminação das minorias sexuais, e atualmente está no Senado como PLC 122/2006. O projeto está na Comissão de Direitos Humanos e tem enfrentado um bombardeio por parte de políticos de grupos religiosos conservadores. “Usam argumentos infundados, de que padres e pastores serão presos por falar mal dos homossexuais, de que serão obrigados a celebrar obrigatoriamente matrimônios e até de uma suposta proibição da publicação da bíblia”, conta Iara.


DIREITOS HUMANOS Nosso país, conhecido mundialmente pela tolerância sexual no carnaval, e por uma suposta democracia racial, não é exatamente bem visto lá fora quando a questão é o respeito aos direitos humanos. No caso específico das minorias sexuais, deparamo-nos com um dos mais altos índices de violência contra homossexuais do mundo. Tudo isso pode nos levar a pensar que a sociedade ainda não esteja pronta para a aprovação da Legenda união civil por estas bandas. Mas Eduardo Piza acredita que a sociedade estar madura não é Fica no ar a indagação de por que um requisito para que o projeto seja certos religiosos continuam a se aprovado. “A sociedade brasileira mobilizar para lutar por uma causa não está madura, por exemplo, para que, a rigor, nem deveria ser deles. pagar imposto, por isso tanta “É curioso refletir por que algumas fiscalização nos casos de sonegação. pessoas se sentem incomodadas Não está madura para banir a com a homossexualidade dos violência, e é por isso que tem tanta outros! Eu parto do princípio de que, polícia nas ruas. Isso é uma questão se você está confortável com sua de direitos fundamentais, direitos sexualidade, não precisa se preocuhumanos, diz respeito à individualipar com a dos outros.”, resume Lula dade, à privacidade e à dignidade da Ramires, educador e coordenador pessoa humana, e não podemos de projetos sociais do Corsa. negociar com este tipo de direito.” SAÍDAS TEMPORÁRIAS Os direitos fundamentais citados por Piza constam na Constituição Federal como garantias previstas Alguns gays, já com certa idade, para todos os cidadãos, e têm não podem mais esperar, e saem do inclusive sido usados pelos juízes país para casar, mesmo que simbolipara suplantar a falta de leis mais camente, já que o mais provável é específicas no caso de processos que uma certidão estrangeira não que envolvam casais do mesmo será considerada válida por aqui. sexo. Mas para quem fica no Brasil, – Princípio da dignidade da existem alternativas para regulapessoa humana. (Título I, mentar a situação do casal para Artigo 1º, inciso III). fins práticos. Uma delas é pedir o – Igualdade de todos os cidadãos reconhecimento de Sociedade de perante a lei (Capítulo I, Artigo 5º). Fato, que pode ser firmada entre duas pessoas independentemenA QUESTÃO RELIGIOSA te dos sexos. Outra maneira é fazer O discurso do fundamentalismo como Lula e seu compareligioso das igrejas neopetencostais nheiro Guilherme Nunes e católica é talvez um dos principais Nunes. Orientados pelo obstáculos que precisa ser enfrentaadvogado, colocaram do. É bom lembrar que nenhum algumas contas em movimento em defesa do casamento nome de um e gay pede autorização para o casaoutras em nome do mento religioso, já que cada doutrioutro, para ajudar a na pode criar suas próprias regras. documentar a Luta-se apenas pela autorização do residência conjuncasamento civil, aquele reconhecido ta; possuem pelo Estado. declarações de

amigos confirmando a união dos dois; e fizeram uma declaração de união estável registrada em cartório, onde constam aspectos tais como a divisão dos bens, a possibilidade de um cuidar do outro no caso de internação hospitalar, entre outros. A escritura pública da união estável pode valer como prova numa eventual ação judicial, como explica o advogado Eduardo Piza: “Apesar de não ter lei que reconheça diretamente a união de pessoas do mesmo sexo, existe a instrução normativa do INSS para conceder pensão a companheiros do mesmo sexo, existe a lei Maria da Penha que reconhece este tipo de família na proteção contra a violência, então juntamos os documentos e construímos nossa argumentação. Mas ainda falta o principal, a proteção legal explícita e sob todos os aspectos a duas pessoas do mesmo sexo que se unem.”

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Agora é LEANDRA BARROS e MARLY RODRIGUES, do Virajovem Vitória (ES)*

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“mas é só isso”, completa. Josué não quis dizer se o ECA Estatuto da Criança e do Adolescente, famoso já o ajudou em alguma situação, mas falou que mudaria ECA, nasceu dia 13 de julho de 1990 e, esse ano, uma coisa no estatuto se tivesse essa oportunidade: ficou ‘de maior’. “Gostaria que existisse uma lei que fizesse com que as As comemorações estão rolando desde o dia 10 de crianças e adolescentes fossem melhor tratados onde julho, quando foi apresentado, no Salão Nobre da Câmara ficam presas e se eu pudesse, libertaria todos os que dos Deputados, o documento “Estatuto da Criança e do estão presos. Mas que esta lei realmente funcionasse”. Adolescente: 18 anos, 18 Compromissos – A criança e o adolescente no centro da gestão municipal”. André, de 17 anos anos, disse que não conhece A idéia é que esse documento sirva para as organio ECA, mas gostaria de conhecer, “porque se todos zações que atuam na defesa dos Direitos da Infância e respeitassem as leis desse documento as crianças e Adolescência apresentarem aos candidatos a prefeito e adolescentes seriam melhor tratados, mais felizes”. vereador em todos os municípios brasileiros nas próximas Apesar de não conhecer, ele imagina que no Estatuto eleições, como propostas a serem colocadas em prática. deve estar escrito que “todas as crianças e adolescentes A comemoração também inclui o lançamento de uma têm o direito de ter moradia, saúde, lazer... campanha publicitária com logomarca, slogan, cartazes, curtir uma gata e muito respeito!” spots para rádio, vídeos para TV e tudo o que pode ser utilizado por todos que quiserem ajudar a divulgar. Lucas, de 13 anos, e Vítor, de 14 14, só ouviram falar Mas o que será que estão comemorando? do ECA. Eles explicaram que não entendem sobre os Bem... muita coisa melhorou, na verdade. Desde 1990, direitos, mas têm interesse de conhecer sobre eles. segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Além dos meninos do abrigo, o Virajovem Vitória foi (IBGE), a mortalidade infantil diminuiu 48,7%; 95% de atrás das idéias de outras crianças, adolescentes e pais. crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, passaram a Se liga o que eles pensam sobre o assunto! freqüentar o ensino fundamental; os índices de analfabetismo entre meninos e meninas de 10 a 14 anos caíram de 14,4% para 0,3%. Esses dados foram colhidos só onde o IBGE alcançou, são bons motivos para comemorar, é claro, mas ainda há muito o que melhorar. Com certeza as crianças que sofrem com trabalho infantil e violência sexual, por exemplo, não têm festejado tanto assim. Mas será que todas as crianças, adolescentes, jovens e pais de crianças e adolescentes Sara Cortes Meireles, 10 anos, estudante conhecem e utilizam o ECA? Fomos procurar saber e veja o que rolou. Para início de conversa, lembrando que quando se fala de ECA, muita gente associa a meninos e meninas em situação de rua ou de risco social. Fomos saber o que alguns meninos abrigados numa casa de ressocialização da Grande Vitória* tinham a dizer. Josué, de 16 anos, disse conhecer o estatuto, mas não profundamente. “Sei que existe umas leis que defendem as crianças e adolescentes”, explicou. Para garantir seus Jonathan Nascimento Dutra, direitos ele contou que fala o que pensa e se defende das situações que pode, 18 anos, estudante

“Eu conheço o ECA sim. Já fiz trabalhos da escola sobre. Para conseguir meus direitos, eu respeito meus pais e não mexo com coisas erradas. Acho que o ECA nunca me ajudou, e também nunca me atrapalhou, para falar a verdade.”

“Eu já ouvi falar do ECA e concordo com ele porque a pessoa tem que ter responsabilidade diante da educação de seus filhos e o Estatuto dá esse suporte. Mas eu não tenho feito nada para garantir esse direito.”

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‘de maior’! “Não conheço nada do ECA, nunca ouvi falar. Mas eu queria saber, sim o que devo e o que não devo fazer porque sou criança. Eu acho que toda criança e adolescente tem direito a brincar, estudar e respeitar os mais velhos.” Murilo Souza Santana, 10 anos, estudante

“Eu conheço e concordo com o ECA porque dá segurança às crianças e aos adolescentes, e porque é um meio de defesa no caso de adolescente infrator. Só que eu não tenho feito absolutamente nada para garantir esses direitos.” Nariany da Cunha Rangel, 17 anos, estudante

Vimos que muita gente não conhece o ECA, e os que conhecem fazem pouco ou nada para ajudar a garantir seus direitos. Então já deu para perceber que é importante conhecer, mas não dá para parar por aí, né? E você? Conhece? O que tem feito para ajudar a colocá-lo em prática? A gente tem que se unir e fazer! Que tal pesquisar mais sobre esse assunto e pensar maneiras de se mover da próxima vez que usar a internet? Já tem muita coisa legal sendo feita por aí. É só procurar! Nós jovens não podemos deixar de exercer nossa cidadania e cobrar de nossas autoridades o cumprimento das leis. Bote a mão na massa e boca no trombone!

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TÁ na MÃO • Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente www.forumdca.org.br Jimena Grignani – secretária-executiva Tel.: (61) 3323-6992 / 6444 (falar com Selma) • Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) – www.fnpeti.org.br Tel.: (61) 3429-3880 • Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) www.unicef.org.br Mário Volpi – oficial de projetos Tel.: (61) 3035-1947 – Alexandre (assessor de imprensa) • Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) Carmen de Oliveira – subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente Tel.: (61) 3429-9805 – Assessoria de Comunicação

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SÉRGIO RIZZO, crítico de cinema Fotos: Divulgação

NO ESCURINHO

De olho

na vida dos outros

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om o fim da II Guerra Mundial, a Alemanha foi repartida, por razões geopolíticas de interesse dos EUA e da extinta URSS, em dois países: a República Federal (RFA), que conhecíamos como Alemanha Ocidental, alinhada ao bloco capitalista, e a República Democrática (RDA), a Alemanha Oriental, que integrava o bloco socialista do leste europeu, na órbita soviética. A divisão se manteve até a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o desmoronamento da URSS. Em 1990, os dois países já estavam reunificados. O capítulo final dessa história, a derrocada da Alemanha Oriental, foi recriada de maneira leve e bem-humorada em Adeus, Lênin (2003), de Wolfgang Becker. Na trama, ambientada no lado oriental de Berlim, um jovem (Daniel Brühl) tentava convencer a mãe (Kathrin Sass), militante socialista em estado grave de saúde, a acreditar que a reunificação com a Alemanha Ocidental – notícia que ele escondeu o máximo possível – representava uma vitória sobre o modelo capitalista. A situação é outra, bem mais sombria, em A Vida dos Outros, que recebeu o Oscar de filme estrangeiro em 2007, além de diversos outros prêmios internacionais. Aqui, a trama se ambienta na RDA em 1984, ainda sob o regime autoritário liderado, desde 1971 e até a reunificação, por Erich Honecker. Os serviços de inteligência cabiam à Stasi, a polícia secreta (embora todos os adultos e até mesmo crianças soubessem de sua existência e atividades) do regime. Um de seus profissionais com maior experiência (interpretado por Ulrich Mühe, falecido pouco mais de um ano depois do lançamento) supervisiona a vigilância de um escritor bem-sucedido (Sebastian Koch) cuja namorada, uma atriz teatral (Martina Gedeck), é cobiçada por um alto funcionário do governo. Ao explorar uma trilha que não interessava tanto a Adeus, Lênin, A Vida dos Outros permite compreender os mecanismos de controle empregados pelos países do bloco socialista durante a “guerra fria”. Além disso, ganha força ao mostrar os dilemas morais de um policial incomodado por executar missão que não está alinhada com seus princípios e obrigações. O que fazer em uma situação

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como essa? O diretor e roteirista estreante Florian Henckel von Donnersmarck demonstra, ao juntar uma coisa com a outra, que as esferas pública e privada de qualquer sociedade necessariamente se confundem.

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GIZELE MARTINS MARTINS,, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*

U

TODOS OS SONS

Reciclaom s

Materiais reciclados viram música numa das maiores favelas do Rio de Janeiro: o Complexo da Maré

uma música. “Depois disso vemos se há necesm novo som surge no Complexo da Maré, sidade de pôr mais instrumentos, se ela vai ficar Rio de Janeiro. O grupo Reciclasom, legal, a gente edita a música. E tocamos de tudo, formado por jovens das comunidades fazemos uma mistura de ritmos”, completa. da Maré, traz como grande novidade a elaboração Do projeto Reciclasom nasceu a oficina Reciclade seus próprios instrumentos, inclusive com junior. “Para conseguirmos patrocínio teríamos materiais reciclados. Começou como uma oficina que construir uma oficina, daí fizemos o Reciclana Casa de Cultura da Maré em 2005 e hoje é junior. Os ensaios deles são todas as segundas uma banda. Reinaldo Gaia, de 27 anos, instrutor e quartas das 16 às 18h. Ensaiam pessoas de e um dos integrantes, fala sobre os materiais diversas idades: crianças e adultos”, diz o intereciclados. “A idéia da reciclagem é ótima porque grante do grupo Jonatas Rocha, de 19 anos. aproveitamos muitas coisas, diminuímos os custos. Às vezes os projetos não vingam por * Gizele Martins, do Virajovem causa do orçamento alto”, afirma. Gaia diz que Rio de Janeiro (RJ), um dos Conselhos a maior finalidade do grupo não é formar Jovens da Vira músicos, mas fazer com que os alunos presentes em 21 se envolvam, buscando a união. Estados do País “O processo de construção dos instrumentos é muito legal, além de produtivo e econômico, pois somos nós que construímos os instrumentos”, diz Fernanda França, de 22 anos, aluna do projeto há um ano. E afirma: “Sinto um orgulho Oficina imenso, ainda mais porque as pessoas do Som não acreditam que de uma garrafa PET pode sair algum instrumento e a gente acaba conseguindo provar isso”. Taissa Machado, de 29 anos, também instrutora da banda, revela os objetivos do grupo: “Pretendemos nos apresentar em outros lugares. E ainda que o projeto um dia acabe, se os alunos quiserem, procuraremos outro lugar para ensaiar. Assim, continuaremos trabalhando e nos apresentando”. Este ano o grupo pretende gravar um CD. Antes eles tinham apenas músicas instrumentais e atualmente algumas delas já são cantadas. “Já tocamos em São • Reciclasom Paulo, no Circo Voador, na Lona Casa de Cultura da Maré Cultural, em Nova Iguaçu, em Ritmando Alegria Rua Guilherme Maxwell, 26 – Caxias, no Centro, em diversos Rio de Janeiro – RJ lugares. Sempre quando temos a oportunidade nos apresentamos”, diz Rodrigo de Souza. Tel.: (11) 3868-6748 Segundo Rodrigo, outro ponto importante no Reciclasom é o respeito aos gostos musicais entre todos. As músicas surgem quando um começa a tocar determinado ritmo, daí o outro vai acompanhando até sair

Renata Silva

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Fotos: Divulgação

TÁ na MÃO

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QUE FIGURA

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RASSANI COSTA COSTA,, da Redação

Fela Kuti

embaixador da África

Considerado pai da música africana, Fela Kuti foi símbolo de luta e resistência contra a opressão

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nigeriano Fela Anikulapo Ransome Kuti foi músico, criador do Afrobeat, além disso, foi forte ativista político e defensor dos direitos humanos. Nascido numa família de classe média, sua mãe foi atuante no movimento anti-colonial e seu pai pastor protestante e diretor de escola. Fela foi para Londres no ano de 1958 aprender música. Nessa época ele cria a banda Koola Lobitos. O estilo musical é uma fusão de jazz estadunidense com Highlife, estilo originário de Ghana, Serra Leoa e Nigéria além de funk, letras em ioruba, percussão africana e crítica social sendo essência nas canções. O som serviu de arma na luta contra a ditadura na Nigéria, suas canções causavam furor nos militares, pois ele começou a se tornar popular. No ano de 1969 Fela Kuti e sua banda vão para os Estados Unidos e lá descobrem o Black Power, movimento criado por

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Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 45

negros de vários lugares do mundo, e os Panteras Negras, partido revolucionário dos Estados Unidos. Esse contato de Fela com o movimento influenciou de tal forma sua visão política que ao retornar à Nigéria, ele muda o nome da sua banda para Nigeria 70. e cria a república Kalakuta, uma comuna, um estúdio e uma casa para simpatizantes da sua banda, mais tarde a declara independente da Nigéria. Graças aos protestos, Fela Kuti e a república Kalakuta passam a ser perseguidos fortemente pelo governo. No ano de 1974, a polícia tentou armar uma emboscada ocultando um cigarro de maconha como se fosse de Fela. Ele percebeu e engoliu o cigarro. Após ser levado sob custódia e solicitado exame de fezes, Fela trocou suas fezes com um companheiro de cela e não foi incriminado. O relato deste episódio se deu no lançamento do álbum Expensive Shit. Com o sucesso Zombie em 1977, fazendo ataques a soldados nigerianos e descrevendo-os como “zumbi”, Fela enfurece o governo que responde com um pesado ataque à República Kalakuta. O cantor foi espancado, sua mãe arremessada por uma janela, o que causou a morte da mesma.

O cantor conseguiu se salvar graças a intervenção de um oficial e a resposta ao massacre foi mandar o caixão da sua mãe para um quartel em Lagos e escrever duas canções, Coffin for Head of State e Unknown Soldier, sobre o inquérito relatando que a comuna foi destruída por um soldado desconhecido. No ano de 1978 Fela casou com 27 mulheres, para marcar o ataque na República Kalakuta, formou seu próprio partido e o chamou de Movimento do Povo. Em 1979 se candidata a presidente, mas sua candidatura foi recusada, nessa fase ele cria a nova banda Egypt 80. Em 1984 foi quando atacado pelos militares, foi acompanhado por vários grupos de direitos humanos e, após vinte meses, foi libertado pelo General Ibrahim Babangida. Na sua libertação ele divorciou-se de suas doze esposas restantes, alegando que “casamento traz ciúmes e egoísmo”. No mês de agosto de 1997, vítima de parada cardíaca, dentre outras complicações que surgiram por conta da síndrome de imuno deficiência adquirida, morreu uma figura insubstituível e de presença duradoura no mundo do jazz e da militância social.

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SEXO E SAÚDE NIEDJA RIBEIRO, MARIA APARECIDA PORTE FERREIRA e ANA PAULA DA SILVA, do Virajovem João Pessoa* SÁLUA OLIVEIRA OLIVEIRA,, da Redação

A galera dos Virajovens João Pessoa (PB) e São Paulo (SP) entrevistou a enfermeira Maria Ione Soares Maia, de João Pessoa, especialista em saúde da família; e a ginecologista e sexóloga Dra. Cíntia Pereira, do Hospital e Maternidade São Camilo, em São Paulo (SP). Confira este mix!

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Não tenho uma vida sexual ativa. Por que quando aperto meus seios sai um líquido? Independentemente de estar com vida sexual ativa é importante fazer uma avaliação da saída de secreção pela mama por um médico ginecologista, pois isso pode ou não representar um problema.

Em que consiste o abuso sexual? Abuso sexual ocorre sempre quando alguém é forçado a fazer algo que não está de acordo. A relação deve ser boa em todos os aspectos para os dois, e ninguém pode obrigar ninguém a fazer o que não lhe agrada.

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Por que tenho espinhas se não como chocolate? Existem alimentos que podem interferir no aumento de acne, mas o fato de evitá-los não significa que você não vá ter problemas com ela, pois outros fatores como idade, perfil hormonal, genética, entre outros, também atuam na característica da pele.

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Tenho a sensação de estar sempre molhada, porque será? É importante saber que a vagina não é seca e que, de acordo com a fase do ciclo menstrual, esta secreção se apresenta de aspecto diferente. A umidade vaginal pode ser normal ou não. Por isso, é importante você se conhecer e saber se algo diferente está interferindo na secreção da vagina, como por exemplo: mudança de cor, cheiro, ardência, coceira – o que pode indicar que você está com uma infecção vaginal. O importante aí é procurar um médico ginecologista para orientação de tratamento, caso isso esteja acontecendo.

Ilustrações: Niedja Ribeiro

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Pode haver relação sexual sem penetração? A relação sexual pode acontecer de várias maneiras, portanto, a penetração pode ou não acontecer. Isso vai depender das escolhas do casal.

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Por que na transa só meu namorado goza? É importante que você converse sobre este assunto com seu namorado e jamais finja o que não sente. O orgasmo feminino, muitas vezes, leva mais tempo que o masculino para acontecer. Cabe aos dois procurar a melhor maneira. Desta forma, ambos irão se sentir mais satisfeitos com a relação.

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Se eu prender o gozo posso ter problemas de saúde? Você quer dizer que a relação é conduzida de forma a levar mais tempo para que ocorra o orgasmo? Se for isso, não tem problema não. Você verá que o orgasmo acontece apenas quando você permitir.

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Quando termino de transar o meu esperma é expulso da vagina. Isso é problema de saúde? Não. É normal que, após a relação, a mulher elimine por alguns dias uma mistura de secreção vaginal e ejaculado.

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Qual a diferença entre sexo e sexualidade? Desde que estamos na barriga da mamãe já vivemos nossa sexualidade, ou seja, a sexualidade é vivida e experenciada no decorrer de nossas vidas. Isso ocorre tendo relação sexual ou não.

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*Niedja Ribeiro, Maria Aparecida Porte Ferreira e Ana Paula da Silva são integrantes do Virajovem João Pessoa, um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 21 Estados do País nº 45 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

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VIRA R ARTE

Poluição Adriano Sanches, da Redação

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s alunos da escola de Ensino Médio da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes*, em São Paulo, se reuniram para conversar sobre a situação da sociedade e do mundo em que vivem e através dessa discussão criaram artigos e poesias que mostram o que a galera pensa. Paz e Meio Ambiente foram os dois assuntos principais!

O meio ambiente em que vivemos O termo meio ambiente não é tão presente em nosso dia a dia. Existem pessoas que sabem do problema e jogam lixo em locais proibidos, e claro que tem os que não sabem, poucos, e praticam esse mesmo ato. Todos reconhecem que o meio em que vivemos encontra-se em estado crítico. Indústrias, carros e humanos poluem o mundo em alta escala e a falta de áreas verdes faz o tempo da terra diminuir cada vez mais. A falta de interesse da população e dos governantes por melhorias no mundo, mais o problema do desmatamento de florestas não ajudam em nada. Portanto, para resolver essa situação, todos temos que reduzir a emissão de gases poluentes e criar um plano de reflorestamento rápido, ou será tarde demais. Eric John da Rocha

“Cidadania é ser cidadão” Cidadania é condição de cidadão, É cumprir com o dever e obrigação. Estar bem na sociedade, Ser feliz, ter paz e liberdade. Ser cidadão é ter opinião Trabalhar para ter condição. Dentro do padrão de vida, E não sofrer com despedida. É ter esperança e dignidade. É lutar por um mundo de bondade. A humanidade precisa de ação, Não de violência e ambição. Não vamos desistir de lutar, O cidadão está em primeiro lugar, Não se conforme com a lembrança, Porque ainda há esperança. Maria Lúcia da Sílva

Paz

Desenho de Lucas Miguel Botelho: “A obra representa pessoas que não se importam com o meio ambiente, para não ter gastos financeiros” Sem ela... É muito difícil viver Para alguns é um luxo Desfrutar desse prazer. Uma coisa que parece tão simples Mas pode ser muito complicado É um grande desejo Uma coisa tão cobiçada.

Só depende de mim Só depende de você Juntos poderemos um dia Desfrutar desse prazer. Basta confiar Basta acreditar A vida está ai, É só você se empenhar E acreditar... Vamos tentar... João Carlos Ferreira

“Que palavra é essa?” Paz. As pessoas não têm solidariedade. Nem com ser humano de idade. As pessoas abusam de crianças. Que são as nossas esperanças. Os traficantes e as drogas estão em todo lugar, onde é que vamos parar? São pais matando filhos e filhos matando pais. O pior que essas pessoas tem sempre direitos iguais. Não podemos confiar na justiça desse país injusto. Porque só favorecem as pessoas que tem ótimo poder aquisitivo e alto custo. Infelizmente essa é a nossa realidade. Uglécia Fernanda

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Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 45


EU TENHO HIV M

uita gente ainda confunde HIV com aids. Uma coisa é o vírus, o HIV, que pode ou não desenvolver a doença, a aids. Não necessariamente, alguém que seja contaminado pelo vírus vai desenvolver a doença. E dá sim pra ter uma vida absolutamente normal. Basta se proteger. A falta de informação, de comunicação, é ponto chave para que o preconceito e a discriminação continue imperando. Por isso, o CEDOC preparou um quadrinho pra alertar e informar a galera. Confira!

Mudança, atitude e ousadia jovem

CUPOM DE ASSINATURA anual e renovação 10 edições É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA SUA REVISTA VIRAÇÃO Basta preencher e nos enviar o cupom que está no verso junto com o comprovante (ou cópia) do seu depósito. Para o pagamento, escolha uma das seguintes opções: 1. CHEQUE NOMINAL e cruzado em favor de PROJETO VIRAÇÃO. 2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO numa das agências do seguinte banco, em qualquer parte do Brasil: • BRADESCO – Agência 126-0 Conta corrente 82330-9 em nome de PROJETO VIRAÇÃO OBS: O comprovante do depósito também pode ser enviado por fax.

*Uma das 50 escolas participantes do Projeto Revista Viração e Jornal Mural Literário 2008

3. VALE POSTAL em favor de PROJETO VIRAÇÃO, pagável na Agência Augusta – São Paulo (SP), código 72300078 4. BOLETO BANCÁRIO (R$2,95nºde 45 taxa · Ano bancária) 6 · Revista ViRAÇÃO

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PARADA SOCIAL

Mulheres fazem vigília contra

feminícidio em Pernambuco EDNEUSA LOPES, RENATA PEREIRA, do Virajovem Recife* e colaboração de MANUELA MARINHO, assessora do Fórum de Mulheres de Pernambuco

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m Pernambuco, de acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 140 mulheres foram assassinadas ate o mês junho. Cifras dos atendimentos realizados pelas quatros delegacias da mulher apontam para uma onda de criminalidade desenfreada contra a população feminina: 3.326 boletins de ocorrências foram registrados de janeiro até junho no estado. Em meio a crescente onda de violência a mulher, o Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), movimentos sociais, familiares de mulheres assassinadas, 70 entidades e sindicatos e pessoas indignados com a situação de insegurança que este gênero vivencia no Estado, criaram um movimento – Vigília Pelo Fim da Violência Contra a Mulher –, que ocorre a toda ultima terça-feira do mês para reivindicar a reversão dessa situação. Este ato acontece desde janeiro de 2006, com o objetivo de sensibilizar a população também de outros municípios além de Recife. Tanta mobilização tem razão de existir. Pernambuco é considerado o Estado mais violento do Brasil. Quanto à vigília, Pernambuco foi o pioneiro no Brasil, repercutindo para os demais Estados do país. De acordo com o Fórum das Mulheres de Pernambuco (FMPE), as pessoas têm dificuldade em reconhecer atos de violência na esfera doméstica, contexto em que mulheres são assassinadas. Para representantes do movimento social, a violência dentro de casa esta banalizada e é vista como uma situação corriqueira, parte da relação entre casais. As vigílias são feitas independentes de qualquer ação governamental. Todos os meses o ato é realizado nas ruas para cobrar a efetivação de políticas públicas de enfrentamento e prevenção a este tipo de violência. Durante o protesto, os/as manifestantes ainda vão carregar “pirulitos” (cartazes com o formato do símbolo de Vênus) com os nomes das vitimas da violência, cartazes, faixas, velas. Muita gente já conhece. Ele é um ato independente e aberto a sociedade, conta com ajuda da imprensa para propor debates e divulgar as notícias relacionadas à violência, ajudando assim, a disseminar a grave situação • SOS CORPO em que se encontra o estado, www.soscorpo.org.br/ em termos de violência.

TÁ na MÃO

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Mรกrcio Baraldi

Roteiro produzido por


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Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 45


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