Revista Viração - Edição 69 - Fevereiro/2011

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br

Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Bemfam - Recife (PE) www.bemfam.org.br

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com

Agência Fotec – Natal (RN)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.chamadacontrapobreza.org.br

Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org


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? r a d n a e d n o r Po O “

ulgou no atran) div n e (D to si e Trân assam a Nacional d ulos que p íc to e v n e ia. s o m v a de no Depart .500 por d o número assa os 4 e p u ra q lt o u d l si m sa o Bra gasta até ano pas erem que avenidas d iz e d s s a re ru o r d mora armos circular po Se continu mum ouvir . o c to é si , n â lo tr u o Pa ma região ta do s como Sã ocar de u o por con sl lh e a d b a se tr e o u Em cidade e mq e casa a número d o do dia e s para ir d , cresce o ais próxim je o m H z duas hora . e abalho e v d tr a a u d necessid ffice”, o stará ca o e a , e m o e m tr o tm x h ri e “ or de ema nesse somente p nto, além otar o sist ontecerá estioname aram a ad g n ss o a c p r o e z d u a outra ac li q ções e fugir ssa rea a o forma d e organiza mília e po m s fa o c sa a re s, m p o o ri m c e mpo ncioná ar mais te ara seus fu ossa pass p de casa, p r do o d ra o ô. Mas to ue o colab o do metr sã n a permitir q p x . e a is ir a a o o da V , , seria ades pess esta ediçã ais viáveis d m a s p suas ativid a a d c a e ao gem d ção, um ue dificult na reporta Outra solu ndrome q sí á conferir , ir ia ê x c le o m is v re d a co nto esse assu ser tratad atéria sob que pode ém uma m s b a m m ta s, z a a a o que tr a últim mas pess vidades d do de algu das as no to os. a aprendiza d in a m s be irad dico. Tem os assunto tr u o auxílio mé e ta Feira Pre té breve! edição da leitura e a a m ti ó a Um

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses seis anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Coordenador Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

Com 12 edições anuais, a Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore).

atendimento ao leitor Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Revista Viração • Ano 8 • Edição 68 03


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Caso sério

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Siderúrgica instalada no município de Turmalina (MG) causa desmatamento e seca dos rios, deixando moradores dependentes da empresa

Ritmo diferenciado

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de 10 a A Organização Mundial da Saúde estima que como 15% das crianças no mundo têm dislexia. Saiba dos indica entos tratam os identificá-la e quais

Intransitável!

Sempre na Vira

Manda vê . . . . . . . . . . . . . 06 Imagens que Viram. . . . . . 12 No Escurinho . . . . . . . . . . 31 Rango da Terrinha . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

30 mil desaparecidos

Juanita de Pargament, da Ass ociação Mães da Praça de Mai o, fala sobre os 33 anos de atividad es do movimento que busca informações dos filhos sum idos durante o golpe militar argentino

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Todos os dias, as ruas do Brasil ganham mais de 4.500 novos carros. Se continuar assim, será praticamente impossível sair de casa. Para evitar esse caos, o transporte público ainda é a alternativa

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Para pensar

Às vezes, ouvir a história de uma pessoa pode fazer com que as coisas mudem, como aconteceu com a vida de um jovem da antiga Febem (atual Fundação Casa)

Mais do que o black power

Especializada em produtos para negros, Feira Preta realiza sua 9ª edição com exposições artísticas e muitas apresentações culturais

Mídia verde

tar a educomunicação para aler Na Itália, estudantes utilizam e ient amb do ção sobre os desafios da preserva

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O melhor do Brasil

Vira com a TV USP, O programa Quarto Mundo, realização da rsitária de Unive TV de ama Progr r vence prêmio de Melho l Brasileiro 2010, concedido pelo Festival do Audiovisua

Intervenção urbana

Já incorporado no cen ário urbano, o graffit i ainda enfrenta preconceit os pela sua forma de mensagem

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial

Direção Executiva

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Paulo Lima e Lilian Romão

Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Ana Paula Marques, Carol Lemos, Elisangela Nunes, Eric Silva, Gisella Hiche, Manuela Ribeiro, Rafael Stemberg, Sâmia Pereira, Sonia Regina e Vânia Correia

Conselho Consultivo

Administração/Assinaturas

Douglas Lima, Isabel Santos, Ismar de Oliveira e Izabel Leão

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Cláudia Fabiana), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves) e São Paulo (Ana Luíza Vastag, Damiso Faustino, Sâmia Pereira e Virgílio Paulo).

Mobilizadores da Vira

Colaboradores

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Pedro Couto), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiro e Pablo

Antônio Martins, Beth Kok, Clarissa Barbosa, Emilia Merlini, Franco Hoff, Heloísa Sato, Inês Calixto, Karina Lakerbai, Lentini, Márcio Baraldi, Monica Torresani, Natália Forcat, Novaes, Sérgio Rizzo, Vanessa Ramos e Vivian Ragazzi.

Conselho Fiscal

Presidente Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

Equipe

Consultor de Marketing Thomas Steward

Projeto Gráfico

E-mail Redação e Assinatura

Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Desenvolvimento do Site Natsuo Slater e Orlando Libardi

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente!

Diga lá Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta!

A nossa colaboradora Dedê Paiva, da turma das ilustras, mandou um e-mail pra gente muito legal. Em uma de suas viagens, ela encontrou uma pintura, do artista Carybé, chamada Nossa Senhora da Viração!

@Jorgeanderson13, pelo Twitter A edição de novembro e dezembro ... muito bem feita^^!

Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet. É só acessar www.issuu.com/viracao

Direto do portal da Vira Qual foi o maior acontecimento de 2010? A Vira listou alguns fatos importantes do ano passado e perguntou aos leitores do Portal o que foi mais marcante. Muita coisa ficou de fora da enquete, como o terremoto que atingiu o Haiti e as conquistas políticas da juventude no Brasil. Mas confira, entre as notícias que entraram, o que a galera optou como destaque. O principal acontecimento de 2010 para 35 % dos internautas foi a eleição de uma mulher (Dilma Rousseff) para a Presidência do Brasil, seguido do conflito armado no Rio de Janeiro entre o governo estadual e o crime organizado, que teve o voto de 22 % dos leitores. A terceira posição ficou com o caso Wikileaks (organização internacional que vazou documentos secretos dos Estados Unidos), na preferência de 16 %. O soterramento de 33 mineiros no Chile e o vazamento de barris de petróleo no Golfo do México ficaram com 11% cada um. Já a conquista pela Espanha do mundial de futebol, ocorrido na África, ganhou o gosto de 5% dos leitores.

Ops! Erramos! Pisamos na bola na edição nº 67, especial sobre Ensino Médio. Na reportagem “A mídia dentro da sala de aula”, o nome correto do município onde está a Escola Ana Bezerra é Eusébio, e não Osébio, como citado. Já na revista nº 68, esquecemos o nome de Alisson Rodrigues como um dos autores da matéria “Mão na Massa”

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@Ben_Oliveira, pelo twitter Lendo a revista @viracao :) Achei as pautas interessantes.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para nosso endereço: Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 Consolação - 0135-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Parceiros de Conteúdo


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Manda Vê Rones Maciel, do Virajovem Fortaleza (CE)*, e Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)

Nos início dos anos 1960, a antiga União Soviética e os Estados Unidos disputavam as primeiras explorações fora da Terra. Nesse período, foram lançados satélites e foguetes tripulados por animais, homens e mulheres. Só que o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969, foi enviado pelos Estados Unidos (leia o “Não é de hoje”). Apesar de pouco divulgado, o Brasil está entre os poucos países que desenvolvem um dos programas espaciais mais avançados, iniciado em 1961, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia. Atualmente, o governo brasileiro investe mais de 300 milhões de reais por ano em pesquisas espaciais, construção de satélites para previsão do tempo, estudos climáticos e monitoramento ambiental. Mas foi em março de 2006 que o País teve seu primeiro astronauta em missão fora da Terra.

Esse representante da missão brasileira foi o paulista Marcos Pontes. Na época, o governo federal gastou 10 milhões de dólares para o feito, em uma parceria firmada com a Rússia e os EUA. A bordo da nave Soyuz TMA-8, Marcos levou experimentos brasileiros, de universidades e centros de pesquisas, para serem testados no espaço, como projetos para analisar o efeito da gravidade nas enzimas e nas proteínas. A aventura de Pontes despertou o interesse de muitos jovens pela Astronomia. Mas como opções de cursos superiores, apenas a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) oferecem essa especialização. Só que falar de pesquisas e atividades no espaço sem tocar no assunto “vida extraterrestre” é quase difícil. Mas deixamos essa questão para a galera que participa deste “Manda Vê”...

A Ciência deve investir em pesquisas fora da Terra?

Leonardo Lucas da Silva, 16 anos, Fortaleza (CE) “Eu acho que sim, porque seria ignorância dizermos que somos os únicos seres vivos. E investir em pesquisa pode ser uma opção, caso aconteça algum desastre na Terra, para sobrevivermos de outra forma.”

Agatha Araújo, 16 anos, São Paulo (SP)

Stella Iulliano, 16 anos, Taboão da Serra (SP)

“Sim. Mesmo que a chance de vida fora do nosso planeta atualmente seja um tanto remota, podemos descobrir muito. Quem sabe conhecer o passado desses planetas e aprender com base nisso. Ou até conseguir recursos, mesmo que ainda desconhecidos, mas úteis para nossa vida.”

“É importante sim, pois o universo é muito grande. E em meio a todo esse espaço deve sim haver fontes e até vidas alternativas. É meio egoísta pensar que só a humanidade foi 'premiada' com a capacidade de respirar, de pensar.”

06 Revista Viração • Ano 8 • Edição 69

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ce@viracao.org e sp@viracao.org)


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Patrícia Caroline Souza, 15 anos, Fortaleza (CE) “Não. Ao invés da Ciência estar investindo em pesquisas fora do planeta, deveria investir mais na Terra, em coisas que precisamos, principalmente na área da saúde.”

João Milson dos Santos, 16 anos, Fortaleza (CE) “Se deve investir em pesquisas porque nós precisamos saber o que existe fora do nosso planeta, por exemplo, se tem seres vivos ou não.”

André Bayeux, 17 anos, São Paulo (SP) “Sim, pois se houver alguma coisa além da Terra, cedo ou tarde iremos encontrar. Ou vão nos achar primeiro...”

Nátalia Sousa Pinheiro, 18 anos, Fortaleza (CE) "Sim. Acho que é importante porque pode existir vidas em outros planetas. E isso pode servir de informação para a humanidade e ajudar em novas descobertas."

Não é de hoje O primeiro habitante da Terra a viajar pelo espaço foi um animal. Em 1957, a extinta União Soviética enviou a cadela Laika no foguete Sputinik 2, um mês após o lançamento do primeiro satélite artificial na órbita terrestre. Já o primeiro homem a explorar o espaço foi o russo Yuri Gagarin, em 1961. Ele retornou com segurança à Terra, mas morreu sete anos depois durante um teste de pilotagem. Em 1969, o estadunidense Neil Armstrong torna-se a primeira pessoa a pisar na Lua. Ex-piloto da Marinha, o astronauta da Nasa (Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica, traduzido do inglês) teve seu feito transmitido pela TV em todo o mundo.

Faz Parte

No último mês de 2010, a agência Nasa anunciou a descoberta de um novo ser vivo, diferente de qualquer outro organismo já encontrado na Terra. Apesar dessa descoberta ter acontecido neste planeta, no lago da Califórnia, Estados Unidos, a notícia do novo organismo (uma bactéria que substitui o fósforo pelo arsênico, um dos seis elementos até então essenciais para a vida) causou expectativa pelo mundo, principalmente entre internautas e cientistas, no que poderia ser o primeiro contato com um ET, graças à forma como a Nasa divulgou o fato: com mega coletiva de imprensa e notas informativas mencionando “impacto na busca de vida extraterrestre” . O “alien”, na verdade, é um novo micróbio que muda a forma como os cientistas definiam a vida e que está em estudo.


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O saldo dos eucaliptos de empresa que se instalou no Moradores de comunidades, em Turmalina (MG), reclamam e apenas muita dor de cabeça local prometendo emprego e desenvolvimento, mas que troux

Inês Calixto, colaboradora da Vira

V

Deserto verde ivendo apertados nas grotas, convivendo com a escassez O plantio descuidado de eucaliptos nas cabeceiras de de água, terra e alimentos, acusados de roubo e incêndio. rios e próximo de nascentes, somado ao desmatamento É essa a vida que levam os moradores das comunidades das chapadas, aberturas de estradas e amplo uso de que vivem próximo do rio Fanado, no município de Turmalina, inseticidas, fez com que os rios secassem. No limite dessas Vale do Jequitinhonha (MG). Eles tentam negociar com a comunidades, não se veem rios de água corrente, o único ArcelorMittal Bioenergia (empresa que atua na região com que ainda corre é o rio Fanado que insiste em viver apesar plantação de eucaliptos e produção de carvão), o retorno do das águas baixas. Cerrado, a recuperação de nascentes e rios, além do direito a Seu P., de 80 anos, mora na comunidade do Buriti uma vida digna. e lamenta tudo isso. “Antes aqui era bem diferente. Na década de 1970, o desconhecimento do bioma do Cerrado Ninguém podia entrar na parte do ribeirão, senão ficava lá e a ânsia por trazer desenvolvimento ao Vale do Jequitinhonha dentro, morria afogado. A gente fazia a lavoura no lugar fez com que o governo militar considerasse as terras das onde podia. Se fosse estragar um pé de árvore, fazíamos chapadas de propriedade coletiva dos moradores, como a roça em outro canto. Tinha plantação de pequi, fruta de devolutas (terrenos públicos), entregando-as para empresas toda qualidade; bicho de toda espécie passava. Quando a produtoras de carvão e celulose, com a desculpa de companhia chegou, acabou com isso tudo. Até as aves de “reflorestamento”. penas sumiram, assim como cotia, catingá, guará e tatu Seu M. A., de 60 anos, morador da comunidade de Campo canastra, que tinha muito. No início, a empresa trouxe Alegre, é quem conta o que aconteceu: “Foram chegando. empregos. Mas agora estamos sem Meu pai não recebeu nada (das terras). Invadiram tudo água, sem bicho e sem nossa terra.” e cultivaram as nascentes d’água, que secaram. Depois Por dentro: Atualmente, a sobrevivência da jogaram veneno por todo o lado”. Seu M. A. entrou Bioma é um conjunto de região é mantida pelo corte de com processo na Justiça para recuperar uma parte de ecossistemas com cana, trabalho nas lavouras de café sua propriedade, hoje em posse da ArcelorMittal. vegetação característica e ou gasodutos. Jovens pais de família Trinta anos se passaram desde a chegada das fisionomia típica. O Cerrado migram para as grandes cidades em empresas reflorestadoras e o que se vê no Vale é um é o segundo maior do Brasil, busca de melhores condições de tapete imenso de eucaliptos cobrindo a chapada e com uma área de 2.045.064 vida, deixando para trás a mulher, nenhum desenvolvimento. A população que antes era km², abrangendo oito os filhos e um pequeno pedaço de pobre, mas conseguia viver da agricultura familiar e Estados do Brasil Central: terra. Os que permanecem, lutam dos frutos do Cerrado, atualmente vive nas grotas, Minas Gerais, Goiás, para que a empresa devolva o que sem terra, sem água e com pouco alimento. Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Piauí e o Distrito Federal. 08 Revista Viração • Ano 8 • Edição 69


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Boas perspectivas No ano passado, a ArcelorMital iniciou um processo de escuta e negociação com a comunidade. A Vira entrou em contato com a empresa para saber detalhes, que solicitou o envio de perguntas por e-mail. Mas até o fechamento desta edição, não houve retorno da ArcelorMittal. Por telefone, representantes da comunidade disseram à reportagem que a empresa e os moradores estavam em constates conversas e havia “boas perspectivas de melhoras”.

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Historias de Alice Esta reportagem foi produzida durante a passagem do projeto Histórias de Alice em Minas Gerais. A pedagoga Inês Calixto e o fotógrafo Franco Hoff permaneceram oito dias em uma das seis comunidades do município de Turmalina situadas próximas ao rio Fanado. Eles conversaram com os líderes da região e acompanharam uma reunião de negociação com a ArcelorMittal. Histórias de Alice é um projeto que consiste em viajar pelo Brasil para registrar as narrativas orais e fotográficas de comunidades populares. Alice é o nome dado ao automóvel Kombi que, equipado com computadores, narra no blog (www.historiasdealice.com.br) as experiências vividas no decorrer das viagens. V

Fotos: Franco Hoff

lhes é de direito: a água e a terra. Para isso, insistem que a cabeceiras de rios e nascentes sejam reflorestadas, a mata ciliar e o Cerrado recuperados e a terra devolvida em oportunidades de trabalho.

Com a seca dos rios e o desmatamento de florestas, causados pela siderúrgica, moradores de Turmalina ficam sem opções de trabalho

Revista Viração • Ano 8 • Edição 69 09


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Ivo S sa ou

A C E o n De olho

Do porquê ou para que contar histórias Carol Lemos, da Redação*

S

abe aquelas histórias que se passam com a gente e que marcam nossa vida para sempre? Essa é daquelas: mexeu comigo e mexe até hoje. É por isso que, mesmo passados cinco anos, resolvi colocá-la em texto. Registrá-la. Até agora ela tinha sido contada apenas oralmente, em conversas íntimas com os amigos e em momentos de troca de experiências com os colegas de trabalho. E por que eu não vou direto à história? Porque esta fala justamente do registro, do texto e da importância de partilharmos histórias. Era mais uma terça-feira, duas da tarde. Mais uma terça em que eu respirava fundo e ia até lá: uma das unidades de internação da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) – atual Fundação Casa. Respirava fundo porque tinha de passar por todas aquelas trancas, revistas, olhares frios e desconfiados, mas ia feliz porque apesar disso tudo havia eles: os adolescentes. Com 13, 14, 17 anos. Adolescentes que, naquele momento, se encontravam em conflito com a lei. Fazia pouco mais de seis meses que dois amigos da faculdade de Jornalismo e eu estávamos conduzindo oficinas de Educomunicação na Febem. Começamos como Trabalho de Conclusão de Curso da faculdade e seguimos como voluntários. Toda semana nos reuníamos com cerca de quinze adolescentes internados para montar um jornal impresso. O objetivo era contar um pouco sobre a vida deles para quem nunca tinha entrado em uma Febem e só ouvia falar pelos noticiários; para quem não conhecia, mesmo tendo contato diário, esses meninos e meninas. Contar não pelo texto de jornalistas, mas com as palavras de quem vive essa realidade. Durante a faculdade, questionávamos constantemente o modo de fazer jornalismo que nos era ensinado e o que era praticado. As notícias que víamos na mídia colocavam as crianças e adolescentes em conflito com a lei como marginais, bandidos, assassinos. Lembro-me de uma reportagem que tinha como título: “Menor mata criança em SP”. Espera aí: não foi uma criança que matou outra criança? Por que a criança que foi morta é vista e nomeada como criança e a que matou não? Por termos essa visão, cada dia de oficina era especial para nós. Descobríamos o outro lado da notícia, e o que mais nos encantava: a oportunidade de partilhar, de ouvir e de estar com o outro lado.

10 Revista Viração • Ano 8 • Edição 69

Lá dentro, as histórias saíam mais fácil quando escritas. O olho do Márcio, agente de segurança, fitava e marcava cada gesto. Essa tensão constante era motivo de diversas argumentações que tínhamos com a Pedagogia e gerava em mim e nos meus amigos muita preocupação em como o jornal ia ser recebido quando ficasse pronto. Tentávamos envolver o Márcio nas atividades, mas ele, impassível, sempre optava por ficar de braços cruzados, sentado ao lado da porta, observando. “Este é o meu papel”, justificava.


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Ao final das oficinas vinha ainda um comentário do tipo: – Vocês não têm mais o que fazer não?! Dar atenção pra esse bando... A gente se incomodava, mas isso não era motivo para parar. Após três meses de oficina com esse grupo, o único adolescente que ainda não havia pegado em um lápis era o Rodrigo. Rodrigo, escreve alguma coisa, vai! Não quer falar, sei lá, de futebol? Nada. Nem um rabisco. Meu amigo Cláudio, o outro educomunicador, veio com a ideia já na mochila: passar o filme “Narradores de Javé”. Arrumamos a TV, o DVD e pronto: lá estava a galera vidrada na telinha. História sobre a população de uma cidade que vai ser submergida por uma represa e percebe que pode reverter a situação se comprovar sua importância. Fazem, então, um documentário com seus “causos” mais marcantes, para que a cidade seja tombada como patrimônio histórico.

história não é só dele não, mudando alguns detalhes fala por muitos de nós”. Fechamos a edição, rodamos e distribuímos. Terça-feira seguinte, jornal fresquinho na mão, fomos fazer a avaliação no último dia de oficina. Chego à sala e o agente de segurança, balançando o jornal na mão direita e com o braço esquerdo impedindo a minha entrada pela porta, manda: – Temos que conversar. Tremendo, respirei fundo, como já me acostumara, e disse: – Fala. – Estas histórias são reais? Esta daqui é do Rodrigo, né? – perguntou, apontando para a contracapa. – São sim. E essa é a do Rodrigo, por quê? – falei baixo, com as palavras meio sem espaço para sair da garganta. De repente, aquele homem gigante, que pode esmagar você com um mindinho, desabou. E se emocionou muito ao falar: – Todos os dias eu pego no pé dele. Maltrato. Todos os dias! Não sabia que ele tinha uma história de vida assim. Eu não sabia! E eu, sem saber o que falar, só consegui olhar nos olhos dele. O agente de segurança continuou: – E sabe o que é pior? Acho que cada um deles aqui tem uma história. E eu nunca tinha pensado nisso antes. Terminou a frase e saiu andando, com o jornal meio amassado grudado no peito. Saiu da minha vista, mas nunca mais da minha vida. As histórias mexem com a gente, modificam a gente, transformam. Elas têm esse poder. Ter espaço e tempo para contar nossas histórias, para partilhá-las, para sermos vistos por meio delas, faz com que nos reconheçamos, com que a nossa humanidade apareça e se multiplique. Essa história fez isso pelo Rodrigo. Fez isso pelo Márcio. Faz isso por mim. V

Beth Kok

No site da Vira você pode ler o comentário deste texto feito pela jornalista Amiga da Criança Andréia Peres, autora de publicações na área social e diretora da produtora Cross Content Comunicações: http: //tinyurl.com/olhonoeca. Além disso, no canal do Pró-Menino no YouTube, também é possível assistir ao curta produzido do “causo”: http://tinyurl.com/video-eca Acabado o filme, organizamos a sala e fizemos a proposta: – Que tal vocês contarem as suas histórias? Elas também são importantes, como as histórias dos moradores de Javé. Foi aí que o Rodrigo veio. Pediu lápis, papel, nem quis borracha: estava decidido. Ao entregar o texto no final da oficina, disse: “A minha história não é muito bonita não. Tem muita dor, mas toda história merece ser contada, não é?”. Disse para ele que sim. E que toda história tem direito a ter um espaço para ser ouvida. Nas semanas que se passaram os adolescentes produziram textos, fotos, desenhos e fizeram coberturas de eventos realizados na unidade. Certo dia, conversamos sobre o fechamento do jornal e o grupo decidiu que o texto do Rodrigo não podia faltar. Um dos adolescentes argumentou: “Essa

* Este texto foi publicado originalmente no livro Causos do Eca – muitas histórias, um só enredo (http://tinyurl.com/livroeca), que reúne os contos finalistas do 6º Concurso Causos do Eca, promovido pelo portal Pró-Menino/Fundação Telefônica (http://tinyurl.com/6concurso).

O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats/FIA).

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Todos os deuses Texto e fotos: Leonardo Nora, José Luis, Pamella Miranda e Victória Sales, do Virajovem Rio Branco (AC)*

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Brasil é um dos poucos países que consegue reunir no mesmo território diferentes religiões. Majoritariamente formado por católicos, a nação se divide entre pentecostais, protestantes, espiritas, seguidores de religiões e cultos de origem africana e indígena, budistas, mórmons... e, claro, os que não possuem crença religiosa. Mas uma religião presente desde o século 17 é o candomblé, trazida com a chegada dos escravos ao País. Na época, os rituais de candomblé chegaram a ser considerados feitiçaria pelos colonizadores, mas com o passar do tempo se tornou uma das mais influentes crenças brasileiras. Tradição que já se espalhou por outros países da América Latina, como Argentina e Uruguai. Os espaços onde os seguidores do candomblé se reúnem são chamados de terreiros e, por lá, os orixás (entidades ligadas à natureza e à humanidade) são celebrados. Não há números exatos de praticantes da religião no País, mas estima-se que 70 milhões de pessoas participam eventualmente de algum culto, segundo a Federação Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Fenatrab). Uma das dificuldades de se ter dados exatos sobre o candomblé é o fato de ainda existir preconceito sobre a prática, fazendo com que seus participantes omitam a religião. “A energia que 'rola' dentro de um terreiro é muito forte. Meu grande anseio é que futuramente as pessoas aprendam a respeitar e aceitar todas as religiões, pois no final de tudo acreditamos sempre na mesma coisa e temos o mesmo objetivo de melhorar o mundo”, afirma Marcel Fialho Branco, que frequenta um terreiro há um ano. Vale lembrar que por essa grande diversidade religiosa, constitucionalmente o Brasil é um Estado considerado laico, ou seja, nenhum governo pode defender ou se posicionar a favor de determinada religião. A seguir, você confere uma seleção de imagens de um culto realizado em Rio Branco, no Acre. Confira! V

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Em todo o Brasil, estima-se que 70 milhões de pessoas participam eventualmente de algum culto


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e orixás

Os praticantes do candomblé se reúnem em espaços chamados de terreiros

Apesar de popular no País, religião ainda enfrenta preconceitos

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ac@viracao.org)

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Laços Sul-Sul Jovem

Rumo à faculdade

Jovem de Cabo Verde se prepara para a vida universitária e quer colaborar com uma educação melhor para seu país Vivian Ragazzi, em Brasília (DF)*

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temas relacionados à educação. Segundo dados da Direção Geral da nome dele já e o Alfabetização e Educação de Adultos (DGAE), de 2005, o índice de suficiente para puxar pessoas não alfabetizadas no país diminuiu de 60%, em 1975, para 25%, papo – Zigui Marley graças a campanhas de alfabetização. Francez Silva, remetendo ao filho do O Encontro Laços Sul-Sul Jovem, promovido pelo Fundo das Nações ícone jamaicano de mesmo nome, Bob Unidas para a Infância (UNICEF), aconteceu em junho de 2010, em Brasília. Marley. Este Zigui, no entanto, tem sotaque Ao lado de outros 14 adolescentes vindos de países da América Latina, português e nasceu na aldeia Praia Branca, África e Ásia, Zigui representou Cabo Verde na criação da rede de localizada em uma das dez ilhas do arquipélago de Cabo Verde, na África ocidental. O nome foi sugestão de cooperação juvenil para o enfrentamento do HIV/aids, uma ação complementar à Rede Laços Sul-Sul, criada em 2004, num acordo uma prima de segundo grau, que mora em Roma, na Itália. “Gosto de conjunto entre os governos do Brasil, Bolívia, Paraguai, Nicarágua, Timor ouvir as músicas dele, mas não sou fanático”, sublinha Zigui, a Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau para promover o respeito do ídolo do reggae. acesso universal à prevenção, tratamento e cuidados na área de HIV/aids. Aos 19 anos, ele mora na ilha de São Vicente e está terminando o ensino secundário. É integrante de uma família numerosa: tem seis Muito otimismo irmãos e uma irmã. Diz que é “fã” de um dos irmãos, dois anos mais Como seu grande objetivo é entrar na faculdade e aprender uma velho que ele, que está sempre cantando. “Ele só não canta se profissão, Zigui vem se esforçando muito. Acorda às 6h, vai à escola, estiver na faculdade, ou dormindo.” Os outros irmãos estão almoça e estuda a tarde toda. Às vezes, visita amigos e parentes. Para espalhados pelas ilhas, trabalhando. relaxar, costuma jogar vídeogame. Os pais moram com a irmã de Zigui em Portugal, país de quem Com mais de 1,90 metro, Zigui parece ser um bom atleta. Ele diz que Cabo Verde conquistou a independência em 1975. Zigui costuma pratica esportes, mas nas aulas de Educação Física visitá-los nas férias. Agora, pretende morar em Portugal para fazer apenas, não profissionalmente. “Tínhamos um bom faculdade de Engenharia Química. “Acho que seria mais time de handebol no bairro, mas as pessoas não conveniente ficar com minha família.” O levavam a sério e a equipe acabou”, lamenta. ensino superior é recente em Cabo Verde, Perguntado se tem algum medo, Zigui disse existe há apenas uma década. Até então, os que tinha um, mas que aparentemente superou: cabo-verdianos frequentavam cursos no andar na rua sozinho, à noite. “Atualmente nem exterior, principalmente no Brasil. diria que é um medo, e sim uma precaução”, diz. É por esse motivo que, tempos atrás, os Em um país com maioria da população jovens não viam muitas possibilidades de futuro católica (90%), Zigui afirma que não segue no país. “Terminavam os estudos e não sabiam o nenhuma religião, apesar de acreditar na que fazer. Hoje, os jovens querem autonomia, existência de algo maior. “A vida é feita de uma profissão, e não ficar dependendo Zigui pretende morar em Portugal surpresas, mas sou um otimista”, conclui. V financeiramente dos pais”, destaca. A para cursar Engenharia Química preocupação com a melhoria na educação do Cabo Verde vem mobilizando os adolescentes e jovens, tanto que, quatro dias antes de ir para o Encontro Laços Sul-Sul *A cada edição você acompanha as histórias de um dos jovens Jovem, Zigui participou de um encontro de diversas escolas com o participantes do Encontro Laços Sul-Sul Jovem, que ocorreu em primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, para discutir Brasília (DF). A Vira esteve presente a convite do UNICEF.

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sintomas nte pais identificarem rta po im é ia; lex dis r se escola escrita na infância pode ssíveis preconceitos na po r ita ev e Dificuldade de leitura e o çã iza et ab s, para auxiliá-los na alf nos filhos, ainda criança

Alessandro Muniz, Daísa Alves, Philipe Barros, Bruna Lopes e Nadjara Martins, do Virajovem de Natal (RN)*

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eonardo da Vinci, Albert Einstein, Thomas Edison e Walt Disney foram nomes que marcaram a história. A capacidade intelectual e criativa dessas personalidades proporcionou ao mundo a realização de obras de relevância incontestável até os nossos dias. Mas todos possuíam um obstáculo pouco conhecido: a dislexia. A dislexia “é uma dificuldade acentuada da aquisição da leitura e escrita que ocorre apesar de inteligência normal, oportunidade de aprendizagem, motivação e capacidade de percepção sensorial”, explica a psicopedagoga Ana Maria Leite Cavalcanti. Completa que decorre de herança genética, em caso de falta de oxigênio no cérebro do feto ou quando a pessoa sofre lesão cerebral. É uma dificuldade no sistema de linguagem do cérebro de ler e interpretar sons, que implica diretamente no reconhecimento das palavras, afirma Sally Shaywitz, doutora em Medicina, neurocientista, pediatra e co-diretora do Centro de Estudos da Aprendizagem e da Atenção da Universidade de Yale, no livro Entendendo a Dislexia (Editora Artmed, 2006). Sendo assim, não se trata de uma dificuldade de compreensão nem significa menor inteligência.

Pré-conceitos “Sempre fui muito hiperativa e tinha dificuldades na leitura e na escrita”, diz a estudante Hana Quaresma, de 20 anos. Mesmo apresentando grau leve de dislexia, a estudante sabe

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muito bem as barreiras que o disléxico enfrenta para ser aceito na escola e pela própria família. Muitas vezes taxada de preguiçosa ou desinteressada, a criança costuma ser excluída do sistema de ensino, pois não acompanha o “ritmo” da escola. A frustração cotidiana gera na pessoa baixa autoestima e pode também levar a diversas reações, desde comportamento de revolta até a apatia pelos seus interesses anteriores. Acaba sendo uma violência psicológica o que acontece no modelo de ensino ao não reconhecer a diversidade e as potencialidades individuais. “Acho que a pior discriminação que sofri foi o preconceito comigo mesma, pois nunca conseguia acompanhar meus colegas de classe”, confessa Hana. O filme indiano Como Estrelas na Terra: toda criança é especial (2007) retrata a história de Ishaan Awasthi, um garoto de 9 anos. Ele era animado e sorridente, mas após sucessivos fracassos em escolas que exigiam melhoria de seu desempenho sem observar sua singularidade, desiste de tudo, inclusive do que mais gostava: a pintura. Os pais de Ishaan queriam que seu filho fosse preparado para competir e vencer no mundo contemporâneo e acreditavam que ele era simplesmente descompromissado com os estudos. Muitos pais, por desconhecimento, acabam não compreendendo seus filhos e isso somente agrava a situação, reduzindo o problema aos rótulos negativos.


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Percebendo a dislexia De 10 a 15% das crianças do mundo sofrem de dislexia, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os primeiros relatos foram descritos no Jornal Médico Britânico em 1896 e era chamada de “cegueira verbal”, mas “cada caso de dislexia é único e como tal deve ser tratado”, diz Ana Maria Leite. Segundo a psicopedagoga, em geral, os sintomas da dislexia tornamse evidentes já na alfabetização, 1º ano do Ensino Fundamental ou mesmo na Educação Infantil, quando a criança apresenta dificuldade para ler e escrever. Quando o diagnóstico só acontece mais tarde, por volta do 3º ou 4º ano do Fundamental, acarreta em comprometimento emocional do indivíduo. Após observar a dificuldade, o diagnóstico é feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo escolar, clínico e, dependendo do caso, até neurologista, geneticista, pediatra e oftalmologista. Avalia-se então todas as possíveis causas que estejam comprometendo o processo de aprendizagem e só quando são excluídos os outros possíveis fatores, chega-se à conclusão da dislexia. A psicopedagoga Fabíola Jucá esclarece que “não é uma doença. Trata-se apenas de uma disfunção neurológica em que a informação no cérebro se processa de forma diferente”, influenciando não só no comprometimento da linguagem, mas também no aspecto motor.

O acompanhamento Cada caso é único e não existe uma cartilha pronta para acompanhar a dislexia. Mas fonoaudiólogo e psicopedagogo deverão focar o trabalho nas dificuldades mais severas observadas no processo de alfabetização e estabelecer parceria com a escola, afirma Ana Leite. Ela conclui que, de todo modo, “o método de ensino mais indicado é o multissensorial (aprendizado que trabalha simultaneamente com o uso dos olhos, ouvidos, órgãos da fala, dedos, músculos). Como exemplo, a criança pode ser estimulada a escrever as letras com massinha de modelar, na areia, com a ponta do dedo, cada assunto abrangendo diversos sentidos. Com a compreensão e acompanhamento apropriado, além do estímulo a diversas maneiras de aprender a ler e se expressar, a criança pode superar as dificuldades satisfatoriamente. Mas é preciso lembrar que a dislexia é congênita, algo com que se aprende a conviver. “É primordial a aceitação dos familiares, acreditarem que ele ou ela é capaz, incentivar sem haver superproteção, valorizar sem subestimar”, afirma Fabíola. Laíse Gabriel tem 20 anos e descobriu a dislexia aos 11. A jovem conta que sempre confundia letras parecidas como “b” e “d”, “m” e “n”. “Isso prejudicava a minha escrita e ler também era bastante complicado, mas hoje não acontece muito, eu até já faço faculdade.” Atualmente ela cursa Ishaan é um garoto de 9 anos que é Serviço Social e diz pressionado a melhorar seu desempenho que nunca sofreu escolar no filme Como Estrelas na Terra qualquer tipo de discriminação. Segundo a autora Sally Shaywitz, “as pessoas disléxicas adultas utilizam outras regiões do cérebro para ler.” Afirma que “o maior obstáculo que impede uma criança disléxica de explorar seu potencial e perseguir seus sonhos é a ampla ignorância sobre a verdadeira natureza da dislexia”. V Aamir Khan Productions

Não saber lidar com a aparente preguiça e falta de interesse da filha também fez parte da vida de Samira Tavares, professora do Ensino Infantil. Mesmo incentivando a criança com livros sobre temas que a interessavam e buscando acompanhar o cotidiano de leituras, essas dificuldades pareciam não diminuir. “Me sentia insegura e não sabia se eu estava pressionando demais ou a protegendo. Minha filha já estava no 3º ano e além de sentir desprazer ao ler, era chamada de lenta em sua antiga escola. Eu compreendia seu ritmo diferenciado mas temia não prepará-la adequadamente.” Quando a menina foi encaminhada para a psicóloga da nova escola (pois Samira não aceitou a postura da anterior), depois para uma neurologista e finalmente para a psicopedagoga, esclareceu-se que ela poderia ter dislexia e, assim, a mãe pôde compreender melhor a situação e saber como acompanhar a filha.

Livro: Entendendo a Dislexia. Sally Shaywitz (Editora Artmed, 2006) Filme: Como Estrela na Terra: Toda Criança é Especial (Direção: Aamir Khan, 2007) * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rn@viracao.org) Revista Viração • Ano 8 • Edição 69 17


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Mulheres r e t r ó Rep de luta

a r e l a G

de informações dos Conhecidas mundialmente pela luta contra a ditadura, em busca durante o golpe militar filhos que foram levados pela repressão e que desapareceram as de protesto argentino, as Mães da Praça de Maio completam 1.700 march Vanessa Ramos, colaboradora da Vira, e Rafael Stemberg, de Buenos Aires, na Argentina

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os 96 anos e meio, como gosta de ressaltar, Juanita de Pargament não demonstra cansaço ao contar, por mais uma vez ao longo de 33 anos, todos os detalhes do surgimento de um movimento reconhecido mundialmente pela luta e busca de informações das pessoas desaparecidas durante a ditadura militar, instaurada na Argentina (1976-1983). Registros apontam que 30 mil pessoas, que se opunham ao regime, teriam desaparecido. Na época, carregando fotos dos filhos, as mães percorriam diferentes cidades do país para encontrar algum indício sobre o desaparecimento desses jovens. Sem sucesso, resolveram unir-se para recorrer pessoalmente ao governo e, assim, cobrar notícias. Atitude que custou, inclusive, a vida de muitas dessas mulheres, taxadas de “loucas” pelos militares, mas que se fortaleceu com a chegada de outras mães. Mesmo sem aprofundamento político, essas mulheres passaram a organizar, na década de setenta, encontros escondidos para articular ações de protesto pela Argentina. A mais marcante, e que persiste fortemente até hoje, foi a ocupação da Praça de Maio, onde está a Casa Rosada, sede do governo argentino, realizada numa quinta-feira de 1977. Atualmente, essa manifestação acontece como forma de lembrar a história, “para que não aconteça novamente”. Em 18 de novembro de 2010, a Associação Mães da Praça de Maio completou 1.700 marchas de luta. Caracterizadas pelos lenços brancos que carregam em suas cabeças, as Mães da Praça de Maio foram se consolidando como um importante movimento político e de luta social. Desde o surgimento, a Associação das Mães da Praça de Maio se manteve crítica aos governos que se seguiram na Argentina após o golpe das Forças Armadas. No entanto, com a entrada de Néstor Kirchner (presidente de 2003-2007) e de sua mulher Cristina Kirchner (atual presidenta),

parte das mães têm declarado apoio formal ao governo – a Associação está em campanha pela reeleição da presidenta -, situação que está rendendo muitas críticas de outros movimentos sociais. “(Néstor) Kirchner foi o primeiro presidente que recebeu o nosso movimento, compreendendo a nossa luta”, justifica Juanita, que integra a Comissão Diretiva da Associação. Na tarde de uma dessas quinta-feiras, a última de dezembro de 2010, Juanita recebeu a reportagem para falar de política e juventude. No início da conversa, ela elogia os jovens do Brasil pelo seu engajamento em causas sociais e diz estar contente com o esforço que a juventude da Argentina tem dado pela preservação da memória. Viração: O que significou não se calar diante da ditadura militar? Juanita de Pargament: Os militares não queriam que reclamássemos. Mas nós, mães, não queríamos nos calar e, por isso, vieram as perseguições. Nos dias 8 e 10 de dezembro de 1977, a repressão levou muitas pessoas importantes de nossa luta. Entre elas estava Azucena Villaflor de Devicenti, uma mãe que foi quem sugeriu que ocupássemos a Praça de Maio para pressionar o governo ditatorial que sabia onde estavam os nossos filhos. Essas pessoas desapareceram para sempre. Depois, ficamos sabendo que foram terrivelmente torturadas antes de serem mortas.

Linha do Tempo Um golpe das Forças Armadas depõe a então presidenta Isabelita Perón no dia 24 de março, dando início a uma ditadura militar.

1976

2003

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Muitos jovens que protestavam contra o regime começaram a “desaparecer”, misteriosamente, sem nenhuma explicação. Com isso, surge em 30 de abril um movimento formado pelas mães em busca de seus filhos desaparecidos.

1977

2006

Chega ao fim a ditadura na Argentina com a eleição do presidente Raúl Alfonsín

1983 2009


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E o seu filho, quantos anos tinha quando “desapareceu”? Eu vou dizer algo: - nós socializamos a maternidade. Para nós, todos os filhos são iguais e temos um compromisso, o de não falar de um único filho. A história de cada um, nós temos que ter guardada com a vida. Temos que falar de todos, das qualidades, das ideias, da luta revolucionária para fazer a mudança, da entrega de cada um. Isso é que temos que valorizar e comentar. Não falamos da morte. Lutamos para defender a vida, o nome de nossos filhos e a luta revolucionária pela qual desapareceram. Na época, muitas mães aderiram à luta? Saibam que não foram todas as mães que disseram “Temos que lutar”. Somente algumas aceitaram a luta. Umas diziam: “Eu não vou sair para a rua, vou ficar em casa”. Muitas mães tinham medo, inclusive existia um organismo internacional de ajuda ao Golpe Militar e às famílias afetadas, que mantinham um cartaz que dizia: “Não vão à Praça de Maio, não as acompanhe, porque

podem ser levadas”. Porém, nós mães que estamos aqui nunca tivemos medo, nos entregamos a essa luta em nome de nossos filhos. E os pais desses filhos desaparecidos, seus maridos, como viam toda essa luta? Eles participaram? Assim como existiam mães que não queriam lutar, que ficaram em suas casas, que não queriam caminhar conosco, havia homens que diziam: “Eu quero ficar em casa, vou esperar nossos filhos aqui”. Outros diziam: “Não quero perder meu emprego”, e vários tinham medo. Os pais não lutaram como nós, éramos nós mulheres que enfrentávamos todos os desprezos, medos e lutas. Vocês têm recebido muitas críticas, de diferentes setores, sobre o apoio que estão dando ao atual governo... Não pretendemos que todos nos entendam. (Néstor) Kirchner foi o presidente que recebeu o nosso movimento, compreendendo nossa luta, oferecendo apoio abertamente. Durante anos, os governos como o de Raúl Ricardo Alfonsín (1983-1989), Carlos Saúl Menem (19891999) e Fernando de La Rúa (1999-2001) não nos receberam e foram lamentáveis em relação à nossa luta. Já Kirchner recebeu 20 mães durante o seu governo e teve um posicionamento diferente. Disse que compreendia nossas dores. Ele e Cristina (Cristina Fernández de Kirchner, atual presidenta), aceitaram ajudar em nossa luta. Cristina compreende que nossos filhos não queriam uma sociedade dividida em ricos e miseráveis. E a juventude argentina? Queremos ajudar a juventude de hoje a conhecer a história e saber que nada deve repetir-se. O grande perigo é existir jovens que não conhecem a sua própria história e que não percebem a necessidade de mudança. Se isso ocorrer, a repressão poderá vir a acontecer de novo. V

a defender a vida, o nome de “Não falamos da morte. Lutamos par pela qual desapareceram” nossos filhos e a luta revolucionária ão das Mães da Praça de Maio Juanita de Pargament, da Comissão

Diretiva da Associaç

Por meio da vida de uma professora que adota uma criança (possível filha de presos políticos), o filme A História Oficial, do diretor Luis Puenzo, apresenta importantes acontecimentos da ditadura Argentina. Vale a pena assistir!

No antigo prédio da Escola Superior de Mecânica da Armada, local onde funcionava o maior centro clandestino da ditadura militar, foi criado o Espaço Cultural Nossos Filhos (Ecunhi, na sigla em espanhol) para a exposição de materiais da época.

2008

Em 18 de novembro, as Mães da Praça de Maio marcharam pela 1700ª vez em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino.

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A imagem ao fundo é do pintor espanhol Antonio Tenes (obra não identificada) da coleção Madres de la Plaza de Mayo

E depois que essas pessoas do movimento foram levadas, vocês pensaram em parar? Isso nos afetou muito. Seguimos conversando, refletindo e nos reunindo nos espaços possíveis. Decidimos que a nossa luta não pararia. Um dia, tiramos a faixa da frente da Casa de Governo e começamos a caminhar. As mães começaram a falar e o povo não queria escutar, olhava para o outro lado. As mães caminhavam algumas vezes chorando pelas ruas e algumas pessoas começaram a perguntar o porquê daquilo, e questionavam o pensamento de nossos filhos de ir contra o governo. Mas estávamos decidas a recuperá-los. Assim, seguimos essa luta, sempre caminhando. Viajamos ao exterior para contar ao mundo o que a Argentina estava passando e dizíamos que teriam que escutar o que estávamos falando porque isso poderia se repetir em qualquer outro país.


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Capa

Cidade, pra que te quero? Mobilidade urbana exige ideias

s

criativas e mudança de hábito

Alessandro Muniz, Daísa Alves, Philipe Barros, Bruna Lopes e Nadjara Martins, do Virajovem Natal (RN)*, Michele Torinelli, do Virajovem Curitiba (PR), e Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)

C

orreria, trânsito, sinais fechados, engarrafamento. Feche a janela para abafar o barulho e a fumaça e manter o ar condicionado e a segurança. Afinal, nunca se sabe, se são flanelinhas ou... Acelera, costura para chegar mais rápido. O que é que tem na rua mesmo? Nem vi, estou com pressa! Aonde quero chegar? Não sei, só sei que quero ir rápido! Não vivo na cidade. Passo por ela. A atualidade exige cada vez mais rapidez. As novas tecnologias aceleram a vida cotidiana e ninguém consegue brecar. O automóvel, além de ser símbolo de status social, é visto como uma das poucas soluções para o caos do transporte coletivo no Brasil. Essa ideia tem a ver com o projeto de industrialização na década de 1960, de acordo com Aureliano Biancarelli e Roberto Pellin, em artigo publicado no livro Apocalipse Motorizado: A tirania do automóvel em um planeta poluído (Editora Conrad, 2004). Nossas práticas de consumo estão sendo cada vez menos aprovadas pela natureza e pela nossa própria sociedade.

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De dezembro de 2009 até agosto de 2010, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) contabilizou 1 milhão, 652 mil, 838 novos carros nas ruas. São 4.528 novos carros diariamente em todo o País. Um carro é capaz de levar até cinco pessoas. Mas no dia-a-dia, geralmente é ocupado por apenas um motorista e ocupa a metade do espaço de um ônibus, que leva uma média de 40 pessoas. Esse aumento assombroso deixa dúvidas: por onde trafegarão todos esses carros novos? Como sustentar o sonho de todo adolescente ou usuário de transporte coletivo de comprar seu próprio carro? Em que estacionamentos os veículos ficarão? Deverão ocupar casas, praças e o lugar de árvores? O veículo privado transforma nosso relacionamento com o ambiente. Uma rua é um espaço público, mas no momento em que está engarrafada, o carro se torna um loteamento ambulante. As ruas tomadas de carros estacionados é igualmente um lugar invadido pelos sem espaço! Não tendo onde jogar sua tonelada de metal, os motoristas roubam o espaço coletivo e fazem dele ponto de parada.


para quê?

Espaço

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Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Mobilidade x Acessibilidade

Esse trecho do poema Motivo, de Cecília Meireles, ilustra um pouco o espírito motorizado das cidades do mundo, a ânsia por velocidade, a vontade de fuga dos engarrafamentos, do tempo perdido, do espaço urbano. Não há tempo para desfrutar, gozar a satisfação da rua, das árvores, dos detalhes da arquitetura urbana e humana. Quando parado, o motorista também está irritado com a demora e o estresse não permite apreciar nada. Não há tempo, nem paciência, para olhar e não há espaço para passar... No documentário Sociedade do Automóvel, dirigido por Branca Nunes e Thiago Benicchio, vários motoristas são abordados com a pergunta: O que há de mais interessante no seu caminho? E a resposta é: “Nada”. O carro não permite o olhar, apenas o “ver” o trânsito. Um estudo elaborado pelo Citigroup intitulado Off the Beaten Path (Longe do Caminho Batido), mostra que o brasileiro passa duas horas e 36 minutos por dia no trânsito. Se este valor for multiplicado por 22 dias úteis e por doze meses, o resultado é 26 dias por ano dentro do carro. Quando multiplicado por 30 dias ao invés de 22, a estatística aumenta para um mês e cinco dias o tempo que um cidadão passa dentro de um veículo todo ano. Considerando que quem anda de ônibus passa um tempo semelhante dentro do coletivo, constata-se que o transporte urbano toma uma enorme quantidade da vida de todos.

Atualmente, fala-se muito em mobilidade enquanto melhoria dos transportes: Planejamento de Mobilidade, Secretarias de Mobilidade etc. Quando se trata de acessibilidade, todos lembram da rampa para cadeirante, dos acessos para aqueles que têm dificuldade de locomoção. O professor Enilson Santos, engenheiro civil, doutor em engenharia de transporte e participante do Núcleo de Estudos em Transporte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte explica que esta percepção está equivocada. Para ele, o que chamamos de “acessibilidade” é apenas a micro-acessibilidade, que são as formas de acesso a edifícios e veículos. No atual planejamento de Mobilidade o que se leva em conta são os movimentos realizados dentro do espaço, isto é, observa-se para onde as pessoas precisam ir e, a partir daí, são planejadas as rotas de ônibus, de outros transportes coletivos e as vias de acesso. O planejamento mais avançado de transporte é o que os europeus chamam de Acessibilidade, que leva em consideração duas áreas: as características pessoais dos usuários, ou seja, se há crianças, mulheres, idosos, pessoas com dificuldade de locomoção. E a outra questão é o acesso às oportunidades sociais, como emprego, educação, saúde, cultura, lazer etc. Ou seja, o que importa é avaliar e planejar para que seja fácil se chegar aos lugares. Afinal, é mais fácil chegar a um hospital no meu bairro do que do outro lado da cidade. É mais rápido trabalhar nas proximidades do que na cidade vizinha. E a gestão pública, partindo desse princípio, deve agir tanto distribuindo melhor os serviços públicos, quanto fomentando de diversas maneiras o emprego de forma também distribuída. Um exemplo dado pelo professor foi o de Macaíba, cidade da grande Natal (RN), que transformou os postos de saúde em centros de desenvolvimento comunitário. Nos horários em que o posto não estaria funcionando, aquela estrutura física foi potencializada para incentivar o desenvolvimento social, seja como um espaço de lazer, cultura ou economia solidária. Há também os casos da constituição de pólos culturais descentralizados em Recife (PE), entre outros exemplos. O valor social em questão agora é o acesso, pois “o transporte precisa aproximar os cidadãos”, afirma o professor. Nessa perspectiva, o planejamento deixou de ser setorial: setor do transporte, da educação, saúde etc., ele passa a compreender todos os setores. Construir uma escola ou centro de saúde em uma região reduz um fluxo de pessoas para escolas e clínicas em outros lugares. Outro exemplo citado pelo professor foi de Belo Horizonte (MG), que criou Conselhos Comunitários de Transporte, que permitem aos cidadãos contribuírem nas tomadas de decisão para a resolução dos problemas.

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Capa Bicicleta como evolução Os pedestres, ciclistas e usuários dos sistemas coletivos são vistos como excluídos ou menores na “cadeia evolutiva” da sociedade urbana. Martins França, de 31 anos, trabalhador de construção e usuário de ônibus, afirma que andar a pé não é agradável. “Há muitos buracos nas ruas, lixos nas calçadas, elas não são arborizadas”. Judson Themístodes, estudante de 24 anos, concorda: “A cidade não foi pensada para os pedestres”. E confessa ainda que não anda de ônibus porque considera que eles não funcionam. Mas é inegável que buscar soluções para a vida nas cidades necessita mudança de hábitos, atitudes e pensamentos de cada um. Assim, na cidade do futuro, não serão apenas engenheiros e arquitetos os responsáveis pela mobilidade. Será cada cidadão, seu modelo de vida e seu padrão de consumo. Pensando nisso, incontáveis movimentos surgem, questionando o modelo de mobilidade urbana nas cidades brasileiras e apontando alternativas sustentáveis de transporte. Curitiba (PR), por exemplo, é internacionalmente conhecida como capital ecológica e cidade modelo – slogans tantas vezes repetidos nas propagandas políticas locais. Contudo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2009, a capital paranaense possui o maior índice de carros por habitantes no País. Iniciativas reivindicam a implantação de uma real política pública de sustentabilidade, e vão além: buscam construir alternativas e atuar como agentes de mudança de consciência. Foi justamente a incompatibidade entre propaganda e realidade que atraiu a geógrafa estadunidense Nicole Di Sante para Curitiba. Ela ouviu falar muito do planejamento urbano da cidade e resolveu desenvolver uma pesquisa na Universidade Federal do Paraná. “Escolhi o tema da bicicleta porque o discurso de 'cidade do povo' é muito hipócrita”, explica. O resultado dos dez meses de pesquisa de Nicole pode ser conferido no documentário O veículo fantástico, lançado em dezembro. O filme aborda a mobilidade sustentável - sob as perspectivas social, econômica e ambiental - a partir de entrevistas com grupos de estudos universitários, coletivos artísticos, movimentos políticos e diversos cidadãos curitibanos sensibilizados com a temática.

Mais bicicletas, menos carros Pelas ruas da cidade, é possível encontrar intervenções artísticas que abordam a questão da bicicleta. “Às vezes ainda fica algum resquício”, provoca Fernando Rosenbaum, integrante do coletivo artístico Interlux, referindo-se à ilegalidade de sua arte urbana. “Pra mim, andar de bicicleta é um ato de

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resistência contra a degradação do mundo pelo homem moderno”, argumenta. Os ativistas apontam que as políticas curitibanas atendem mais aos apelos de marketing Além de permitir melhor mobilidade no que à necessidade espaço urbano, o movimento Bicicletada é da população. No um momento para fazer novos amigos caso das ciclovias, a jornalista Ana Toledo acredita que elas são restritas a atividades de lazer. “Nenhuma ciclovia tem funcionalidade no dia-a-dia, para ir ao trabalho ou à faculdade”, acusa. Otávio Rocha, estudante de geografia da UFPR, acredita que os benefícios culturais e ecológicos da cidade estão disponíveis somente para uma classe social definida. “Um amigo meu sempre fala que se no Rio de Janeiro tem o Complexo do Alemão, em Curitiba temos 'Complexo DE Alemão'”, ironiza o estudante, referindo-se à fama de “capital européia” da cidade. Ana aponta que a Câmara Municipal já aprovou várias emendas para ciclofaixas que não são implementadas por indisposição política. “Ações simples como faixas de ciclovias e construção de bicicletários em pontos de grande fluxo não têm sido pauta dos órgãos competentes pela mobilidade urbana”, denuncia Otávio. Enquanto isso, congestionamentos tornam-se parte do cotidiano curitibano e o transporte público não dá conta do contingente populacional.


Mobilização criativa Para propor um novo modelo de mobilidade urbana, grupos e movimentos têm encontrado maneiras criativas de mobilizar e protestar. Um exemplo é a Bicicletada, na qual ativistas ocupam ruas centrais da cidade reivindicando espaço e exercendo seu direito de ir e vir – mesmo sem automóvel. Também conhecida como “Massa Crítica”, a Bicicletada acontece mensalmente em 23 Estados e no Distrito Federal, somando mais de 80 cidades em todas as regiões do País, além de vários países do mundo. Em Natal (RN), a Bicicletada acontece todo último sábado do mês, mas o dia tradicional no País é a última sexta do mês, no horário de pico. Do grupo participam pessoas de todas as idades, de crianças a idosos que lutam por meios de transporte coletivo e também pelos nãomotorizados (bicicleta, patins, skate etc.), pensando sempre em atitudes mais ecológicas e sustentáveis. Studio A

Coletivo EIA/2

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O movimento sempre “perturba” o poder público, como diz Francisco Fabiano da Silva, 27 anos, membro da Bicicletada, e graças a isso já obteve algumas conquistas, como o Pedal Livre, um projeto da Prefeitura de Natal que interdita uma faixa de uma rua para transformá-la em ciclovia de lazer aos domingos. Não é o objetivo da Bicicletada, mas já é um espaço ocupado. E outro espaço ocupado pelos “bicicletados” são as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus, pois acreditam que o transporte público de qualidade e a um preço acessível é uma importante alternativa e solução. Mais do que um participante, Fabiano aderiu ao transporte alternativo. Ele deixa o carro em casa e vai para o trabalho em sua bicicleta. Os 8,6 quilômetros que ele percorre para ir e voltar são uma batalha diária, pois a avenida que utiliza tem pouco espaço tanto para bicicletas, como para os pedestres. Uma das grandes vantagens é o tempo: com sua bicicleta Fabiano demora 13 minutos para chegar ao trabalho. Se fosse de carro, o mesmo percurso lhe custaria 26 minutos. Esta ação influencia, inclusive, em seu trabalho, com mais disposição e atenção. Segundo ele, quando não utiliza a bicicleta sente-se mais cansado. A Bicicletada é também uma celebração do espaço urbano. Reunindo cerca de 100 a 120 ciclistas todos os meses, a Bicicletada Natal é um momento de conhecer pessoas, fazer amigos, conhecer a cidade. Afinal, todos os meses o grupo ruma para um destino diferente. Já foi para os quatro cantos da capital, desde os bairros mais afastados, até os lugares turísticos e simbólicos. V

Por uma vida sem catracas O Movimento Passe Livre (MPL) é outra manifestação capaz de interferir na mobilidade urbana. Seu objetivo é reivindicar um transporte público fora da iniciativa privada, com a migração para o sistema público de transportes, de forma que garanta transporte de qualidade para toda a população. A ideia do movimento surgiu de uma revolta popular em 2003, em Salvador (BA). Milhares de jovens, estudantes e trabalhadores ocuparam as vias públicas da cidade para protestar contra o aumento da tarifa. O evento, conhecido como a “Revolta do Buzu”, gerou um documentário de mesmo nome, sobre como os estudantes lideraram um movimento que não haviam iniciado. Em 2004, um grupo de estudantes de Florianópolis (SC), inspirados na revolta de Salvador, realizaram a “Revolta da Catraca”. Os eventos destas cidades não passariam despercebidos. Na quinta edição do Fórum Social Mundial foi organizada uma plenária na qual diversas pessoas contaram suas experiências em busca de uma outra forma de transporte. Desta reunião nasceria o MPL, que hoje está presente em todas as regiões do Brasil. As ações do movimento incluem estudos e análises dos sistemas de transporte urbanos e sua divulgação. Porém, as ações que mais caracterizam o grupo são os protestos diretos, realizados nas capitais dos Estados, que reúnem estudantes e a população em geral.

A foto de capa desta revista foi cedida pelo Coletivo Experiência Imersiva Ambiental (EIA). Visite o site do movimento Bicicletada: www.bicicletada.org

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rn@viracao.org, pr@viracao.org e sp@viracao.org)

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Uma feira diferente Douglas Ramos, Eric Silva, Liliane Alves, Lilian Romão, Michel Sanabio, Nádia Oliveira, Sâmia Pereira, Thays Vidal, Wesley Thiago, da Agência Jovem de Notícias

E

m dois dias, a 9º Feira Preta reuniu pessoas de todas as raças, crenças e cores, para falar sobre o movimento negro no Brasil. O evento ocorreu de 18 a 19 de dezembro de 2010, no Centro de Exposições Imigrantes, na capital paulista. Contou com várias mostras de artes plásticas, shows musicais, cinema, teatro, literatura, moda, gastronomia e turismo. A iniciativa da feira veio da jovem Adriana Barbosa, que até então era gestora de eventos e se mantinha à frente do Brechó da Troca, bazar improvisado de troca de roupas. Com o arrastão (investida dos fiscais da Prefeitura) que o bazar sofreu, Adriana teve de iniciar um novo empreendimento. Juntando a necessidade de se manter e a percepção da ausência de negros nas feiras que frequentava, surgiu a ideia da Feira Preta. Os contatos vieram com o tempo. Adriana e uma amiga percorriam diversas feiras procurando expositores. A primeira parceria veio de uma empresa de cosméticos voltados apenas para a pele negra. Assim, a feira começou a ser organizada em 2002 e acontecia na Praça Benedito Calixto, zona oeste de São Paulo. A iniciativa mescla tanto questões culturais quanto comerciais. Adriana diz que, “muito mais do que um evento cultural, a feira é resultado de um conjunto de iniciativas colaborativas, coletivas e inclusivas, num ambiente de encontro e valorização da cultura e do potencial de mercado desse segmento".

Barbie Negra Ainda assim, a proposta é que existam atividades ao longo do ano que excedam os dois dias do evento, de forma a criar uma plataforma de difusão e divulgação da cultura da população afrodescendente. Para isso, foram criadas iniciativas como as Pílulas de Cultura, encontros mensais para exibição de documentários, promoção de debates e oficinas culturais. O evento fortaleceu-se ao longo dos anos e se tornou a maior feira de cultura negra da América Latina e já reuniu 400 artistas, 500 expositores, mais de R$ 2 milhões de circulação monetária e 40 mil


Agência Jovem d e

visitantes. Na edição de 2009, realizada no Anhembi, foram 12 mil visitantes, 100 expositores, 150 artistas e 190 empregos diretos e indiretos gerados. Nessa feira de 2010 os expositores foram bem diversificados. Andando pelos corredores e estandes, era possível encontrar roupas, livrarias especializadas, artesanato, escolas de idiomas e até cabeleireiros. O evento também contou com mostras de filmes com temáticas relacionadas ao movimento negro e também uma exposição de bonecas Barbies negras, as Black Barbies, do colecionador Carlos Keffer. Porém, a atração que mais agitou a galera foi o show do rapper Emicida. A seguir, você confere as impressões da galera, coletadas pela Agência Jovem de Notícias, sobre o que rolou na feira. V

Notícias

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A ideia da Feira Preta surgiu em 2002 pela gestora de eventos Adriana Barbosa

Fala, povo da Feira Preta! As crianças que sofrem racismo na infância terão problemas no futuro? Quais? Qual a solução para isso? Elizabete, 67 anos “Com certeza! A criança se torna introspectiva. Ninguém nasce racista; torna-se de acordo com o seu meio de vida. O racismo, na verdade, vem da educação que as crianças recebem e também é daí que se origina a solução.”

Infância sem Racismo

“Por uma Infância sem Racismo.” É esse o mote da campanha nacional do Fundo das Nações Unidas para a Infância Miriam, 38 anos (UNICEF), lançada em dezembro de “Não. Crianças conseguem superar traumas com mais 2010, para “sensibilizar a sociedade facilidade que adultos, se forem orientadas pelos pais e por sobre os impactos do racismo na psicólogos.” infância em todo o Brasil, além de Wellington, 36 anos articular e promover atividades “Sim. Pode causar diversos distúrbios emocionais, além sociais, culturais e de cidadania no de não reconhecer-se como negro. Acredito que apenas o combate à discriminação racial diálogo com os pais já ajude.” contra crianças e adolescentes”. Baseada na ideia de ação em rede, a campanha convida pessoas, organizações e governos a garantir direitos de cada criança e de cada adolescente no Brasil. Estudos socioeconômicos e análises do UNICEF mostram que os avanços alcançados pelo Brasil não conseguiram ainda gerar impactos suficientes nas situações de desigualdades da população, sobretudo de crianças, adolescentes e mulheres negras e indígenas. A falta de acesso a serviços impõe obstáculos a negros e indígenas mesmo antes do nascimento. Veja como participar da campanha, acessando o site: www.infanciasemracismo.org.br

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Divulgação

Rodrigo, 33 anos “Sim. A autoestima fica comprometida e a criança também tem problemas de convivência. A solução seria educar esta criança tanto em casa quanto na escola, para que possa ser incentivada a todo tipo de diversidade.”


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Green Team vence Prêmio Ambiente 2010 al numa escola do norte da Iniciativa de educomunicação ambient

Itália ganha reconhecimento regional

Texto e fotos: Monica Torresani e Paulo Lima, de Cles, na Itália

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iceu Bertrand Russel, de Cles, região do Trentino, norte da Itália. Aqui, um grupo de 20 estudantes com no máximo 15 anos e quatro professores de diversas disciplinas estão desenvolvendo um projeto de educomunicação ambiental que acaba de dar seus primeitos passos, mas que já está ganhando reconhecimento. O grupo se chama Green Team e o reconhecimento veio dias antes do Natal, com o meio de duas grandes Prêmio Euregio Ambiente campanhas de mobilização 2010, como melhor para que eles e suas projeto ambiental entre famílias possam usar as escolas da região, produtos com menos entre quase cem embalagens e fazerem coleta inscritos. O prêmio é seletiva”, conta a estudante Linda promovido pelos Provano. “Também estamos propondo governos das regiões colocar uma máquina de distribuição de do Trentino, Alto merenda com produtos Adige e Tirolo. biológicos no pátio da escola.” O Green Team começou suas Afinal, como bem disse o secretário atividades em setembro de 2010, ambiental do Trentino, Alberto Pacher, dando continuidade às atividades locais durante a entrega do Prêmio Euregio que foram realizadas no âmbito da Ambiente 2010: “Iniciativas como essa são Conferência Internacional Vamos Cuidar de fundamental importância para criar uma do Planeta, promovida pelo governo forte cultura ambiental nas novas gerações. brasileiro e realizada em Brasília (DF) em O desafio gerado pelas mudanças junho do ano passado. Este evento climáticas passa por meio da internacional contou com a participação cooperação e do compromisso de de mais de 500 adolescentes de 43 cada um de nós”. Roberto Sandri e Michele Catani países. Entre os delegados italianos O secretário afirmou ainda que os foram os representantes da Itália estavam Michele Catani e Roberto Sandri, temas da sustentabilidade e o na conferência brasileira ambos do Liceu de Cles. respeito pelo ambiente devem Logo após as férias de fim de ano escolar, os estudantes e caracterizar nossa vida no dia a dia. V professores se mobilizaram para dar continuidade à conferência local realizada com a colaboração da Viração Educomunicação e do Conselho Nacional de Pesquisa de Bolonha. O Green Team tem até um blog (www.greenteam.tk), os integrantes se encontram toda semana e realizam ações de defesa do ambiente por meio de produtos de comunicação e Fique por dentro das ações que a Viração mobilização social. faz pelo mundo: www.viracaoworld.tk “Nosso principal objetivo é sensibilizar o maior número (selecione o idioma no topo da página) possível de jovens na escola e na comunidade, sobretudo por

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o d n u M o t Quar e o primeiro

Projeto educomunicativo da Viração em parceria com a TV USP ganha prêmio de melhor programa do circuito audiovisual universitário

Eric Silva e Sâmia Pereira, da Redação afirma que o prêmio é o reconhecimento da importância que o projeto desenvolve enquanto espaço de desenvolvimento de protagonismos e emancipação de jovens dentro da universidade pública. “O prêmio é uma valorização da extensão universitária, do retorno do conhecimento gerado na academia para a sociedade. Significa também um incentivo para o crescimento do projeto e para a busca por novos parceiros e colaboradores“, fala.

Na rede Assim que o anúncio do prêmio foi feito, os integrantes e exintegrantes do QM espalharam a notícia nas redes sociais, como o Twitter. Carolina Timoteo, de 16 anos, participa atualmente do projeto e diz estar satisfeita com o resultado. “É muito gratificante ver que todo o trabalho dos jovens 'quartomundenses' é reconhecido e que o programa está evoluindo a cada temporada!”. Já Rafael Biazão, de 20 anos, acredita que não é apenas um reconhecimento. “Este prêmio é também um incentivo para que os jovens busquem alternativas para construir uma mídia de qualidade e, quem sabe, ser exemplo para outros programas", comenta o estudante que esteve nas três primeiras temporadas do programa. O Quarto Mundo é apresentado em diferentes horários pela TV USP (canal 11 da NET, 71 da TVA e 187 da TVA Digital) e na internet, pelo Canal Universitário. Acesse o site www.usp.br/tv 'Quartomundenses' da atual e confira! V

USP

temporada (4ª); programa é exibido semanalmente na TV USP

Roberta Lotti/TV

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programa Quarto Mundo, projeto da Viração Educomunicação em parceria com a TV USP, canal da Universidade de São Paulo, ganhou o prêmio de Melhor Programa de TV Universitária durante o 6º Fest Aruanda (Festival do Audiovisual Brasileiro), que aconteceu em dezembro de 2010, em João Pessoa (PB). O Fest Aruanda é um evento aberto à participação de estudantes universitários de todo o País, além de ex-estudantes que tenham produções realizadas durante o período letivo. O objetivo do festival é reconhecer e contemplar novos profissionais e talentos na área do audiovisual nos circuitos universitários estadual, regional e nacional. Além das premiações, a iniciativa ainda conta com seminários, oficinas e palestras. Exibido toda semana pela TV USP, o Quarto Mundo (QM) existe há três anos e está em sua quarta temporada. Integrado por jovens e adolescentes de escolas públicas e particulares da grande São Paulo, que recebem formação em audiovisual e jornalismo, o programa é produzido de forma educomunicativa e colaborativa, além de abordar temáticas relacionadas à juventude. Os participantes do projeto têm de 14 a 21 anos, são estudantes do Ensino Médio e constroem o programa desde a pauta, apresentação, gravação e edição. Luiz Prado, jornalista da TV USP que começou a participar do QM nesta temporada,

Blog do Quarto Mundo: http://quartomundotvusp.blogspo t.com/ Assista a todos os episódios do QM: http://tinyurl.com/quartomundo

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Que estilo cola

Arte de ruA, poesiA e a mensagem, ao um ar ss pa de e ad id ss ce ne O graffiti nasce da ma o espaço urbano or sf an tr e iza an m hu e qu mesmo tempo Carolina Gutierrez, colaboradora da Vira*

P

ara começo de conversa é graffiti! Grafite é aquele bastão fininho que tem dentro do lápis que serve para escrever. Mas graffiti também é escrita. Escrita inscrita nas paredes da cidade. É cor, linguagem, textura, arte, intervenção, protesto, provocação. A história, as lendas e a Wikipédia dizem que o graffiti deriva lá do Império Romano, onde os muros eram utilizados como um dos suportes de diálogo com a esfera pública. Cristo foi crucificado, Maria Antonieta perdeu a cabeça, o muro de Berlim foi derrubado, o Corinthians foi para a Libertadores e o graffiti continua sendo intervenção, arte e denúncia urbana. Generalizou-se pelo mundo a partir de maio de 1968, quando, no contexto de revolução política e cultural, os muros de Paris foram tomados por inscrições de caráter poético-político. Tornou-se popular e adquiriu forma nas ruas de Nova York. No Brasil, mais fortemente em São Paulo, surgiu na década de 1970. Primeiro pelas pichações poéticas e depois com a stencil art (com reprodução seriada). Já nos anos 1990, o graffiti ampliou sua presença para as periferias no rastro do movimento hip-hop. Hoje, está incorporado de tal forma na vida urbana que faz parte da identidade das cidades. Em São Paulo, todo dia 27 de março, saúda-se o dia do graffiti (não oficializado nacionalmente). A data é celebrada desde 1988, em homenagem a Alex Vallauri, um dos pioneiros da arte de rua no País. O grafiteiro, pintor, artista gráfico, desenhista, cenógrafo e gravador nasceu na Etiópia, mas adotou o Brasil. Criou personagens célebres reproduzidos em stencil por toda a Paulicéia, como a enigmática botinha preta de couro. As histórias dos graffitis se entrelaçam, se recriam. Numa paleta de cores, assumem novas formas e matizes. Os muros são o suporte, a morada de todos esses grafismos, ícones, histórias e memórias de uma metrópole. O graffiti é assim. Nasce da necessidade de passar uma mensagem. Caminha em cores por ruas cinzas. Provoca o olhar para a cidade. Em cada símbolo, torna os muros sociais visíveis. É poético. É ácido. É metáfora. É antítese. Arte que humaniza Embora autoral, o graffiti é arte intrinsecamente democrática. O desenho fica exposto a toda população sem distinção ou restrição – basta olhar a cidade. O fato de ser passageiro lhe insere um sentido de desprendimento. A noção de posse da obra é eliminada. “O graffiti mantém um diálogo muito rico entre os

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transeuntes e o poder público. Levanta questões sobre de quem é a cidade. Resgata o verdadeiro conceito de público”, explica a grafiteira Ziza de São Paulo. É sempre muito curioso como as pessoas se relacionam com as imagens. O graffiti ocupa o espaço e interage o tempo inteiro. Desde pautar olhares transgressores e reflexivos até situações engraçadas. Quem nunca, por exemplo, ao indicar um caminho, disse “olha só! pega a primeira esquerda e vira na quarta à direita, na rua onde tem um graffiti bem colorido na esquina”. “Toda a cultura hip-hop, incluindo o graffiti, é ato resistente numa cidade que sonega direito, sonega a voz. Ela ocupa, traz visibilidade, dá voz. Além disso, o graffiti tem um papel de revitalização – dá vida ao que não tem cor”, diz Paulo Carrano, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Observatório Jovem do Rio de Janeiro. Nesse sentido, o graffiti humaniza e transforma o espaço urbano. Embeleza, ao mesmo tempo em que defronta a cidade e suas contradições, obrigando-a a contemplar sua própria miséria. Projeta imagens dialéticas. Reflete outro lado da organização social da metrópole. Em cada mensagem, a denúncia pelo direito à cidade – o direito fundamental à dignidade dentro desse mosaico social.


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A arte que liberta Ao falar de graffiti, não se pode esquecer sua origem: a rua. Arte transgressora e proibida, contracultura, cultura da periferia. Se, na maioria das vezes, é associado ao movimento hip-hop, não é à toa. O hip-hop como palavra da periferia, o grafite como expressão gráfica desta palavra. Considerado as artes plásticas do hip-hop, o graffiti possui grande potencialidade de comunicação da quebrada. ”O graffiti pode ser encarado como uma mídia (pintura) e o muro como suporte (veículo). É por meio dele, do break, da poesia do MC e da musicalidade do DJ que a periferia pode espraiar sua mensagem”, enfatiza Mateus. Fruto da necessidade de afirmação, resgata a identidade e valorização da comunidade. Os desenhos, as tags (assinaturas tanto do graffiti quanto da pichação) sempre fazem referências à quebrada. “Temos de entender porque vários jovens começam a escrever nos espaços públicos. Para mim faz parte da construção da identidade. O boom das tags, por exemplo, expressa a

de Maio (Cen Graffiti na 24

O grafiteiro e artista plástico Zezão, por exemplo, procura sempre locações vazias, abandonadas, com backgrounds deteriorados. É conhecido mundialmente por seus graffitis azuis nas galerias subterrâneas. Ele dá cor aos intestinos e vísceras de São Paulo.“Enxergo minha arte como um curativo da cidade. Esse é o sentido do graffiti para mim. Levar arte para as pessoas que habitam os rincões esquecidos da metrópole. É quase um exorcismo do lugar”, contou. No Rio de Janeiro, vários coletivos de graffiti, dentre eles o Comando da Selva, se reuniam para decorar o morro. As casas das comunidades cariocas ganhavam cor, desenho, textura e vida num ambiente de desigualdade aparente – fratura exposta da sociedade. “A ação era toda esquematizada pelo fotolog e nos encontrávamos no dia combinado. Mas antes mobilizávamos os moradores. A ideia era sempre promover os mutirões envolvendo a comunidade para se criar a noção de pertencimento do graffiti”, lembra Muleka, grafiteira do coletivo. Para Mateus Subverso, do coletivo Suatitude (Sindicato Urbano de Atitude), de São Paulo (SP), o graffiti assume um papel chave na externalização da cultura periférica. “Ao ocupar a cidade, ele volta o olhar para a quebrada. Existem os muros invisíveis e os que são bem visíveis – onde está dito, aqui você não entra. O graffiti é a quebra desses muros”.

ulo) tro de São Pa

protesto

Ao falar de graffiti, não se pode esquecer sua origem: a rua. Arte transgressora e proibida, contracultura, cultura da periferia

elaboração dessa identidade pelo seu local. A tag conter o local da comunidade é muito significativo. É a construção pelo coletivo. Estamos sempre nos vendo e vendo o nosso coletivo”, continua Mateus. Com grande apelo entre os jovens, a arte dos muros é, inclusive, mobilização social. Para Satão, do coletivo DF-Zulu, de Ceilândia, em Brasília (DF), o graffiti traz uma ideologia para transformação social da comunidade. “Ensina a pensar; ensina que o pensamento vale à pena. É uma cultura que dá alternativas!”. Existem centenas de projetos sociais que utilizam o graffiti como forma de inclusão, geração de renda, educação e cidadania. Em Brasília, a associação e coletivo DF-Zulu, na ativa há 21 anos, trabalha para a transformação social da comunidade. São mais de 80 jovens envolvidos nas oficinas de break, DJ e graffiti. “O DFZulu surgiu em 1989. Dos trabalhos que promovíamos, nasceu o coletivo os3s (Satão, Sowto, Supla). Fomos um dos primeiros grupos de graffiti de Brasília. E a partir de 1993, começamos a trabalhar nas ruas e becos da Ceilândia. A ideia sempre foi trabalhar a transformação nos jovens”, explica Satão. Em São Paulo, destacam-se o Projeto Quixote, ONG vinculada a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) de Interlagos, a ONG Escola Aprendiz, Rede Ivoz e a Ação Educativa. Todas mantêm iniciativas ligadas ao graffiti como transformação social.

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Que estilo cola

conhecimento gerido pela comunidade. É a valorização da cultura periférica – criada na comunidade”, explica. Porém, o uso do graffiti como instrumento pedagógico pode ser perigoso, se desvinculado de sua origem e história. O coordenador do Observatório Jovem do Rio de Janeiro, Paulo Carrano, argumenta que dependendo da abordagem em sala de aula, corre-se o risco de descontextualização da cultura hip-hop em que o graffiti está inserido. “O graffiti é um mosaico de ações e sentidos; tem origem e contexto. Se usado na escola, não deve distanciar-se de sua origem”. “O professor tem que ser um desbravador, levar os alunos à rua, ver o real, observar cores, técnicas, superfícies. Chega de criar ambientes de reprodução”, completa a grafiteira Ziza. O educador é, muitas vezes, referência para os alunos. Ele inquieta, provoca, cria verdades. Carrano defende que as mensagens colocadas em sala de aula nunca devem ser impostas, mas negociadas. Os debates e atividades em torno do graffiti devem contemplar e valorizar a sua origem – cultura periférica. Uma cultura altiva, consciente de sua condição social e do quanto lhe foi negado.

V

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Educação: graffiti e atitude Dentro ou fora da escola, a maioria dos coletivos de graffiti desenvolve ações educativas. Seja na educação formal ou nãoformal, os grupos procuram criar cotidianamente novos meios e espaços para se debater a arte de rua em sua cultura. Muitas escolas, sobretudo públicas, oferecem oficinas de graffiti para os alunos. A associação DF-Zulu, por exemplo, trabalha com a revitalização dos muros da escola por meio de atividades de graffiti com os alunos. “A escola faz parte da comunidade, e promover a revitalização gera um retorno a valorização deste espaço. Procuramos transformar a escola em um ambiente que os jovens se sintam bem e empoderados do espaço de aprendizagem. No final, é uma valorização da própria comunidade”, pondera Satão. Para Guilherme Marin, da Rede IVoz, a escola é um espaço de convivência de alto valor simbólico na comunidade. O graffiti, em sua capacidade de envolver o jovem, devolve o lúdico, a identidade e o respeito à comunidade. “Hoje, a maioria das escolas parecem verdadeiros presídios, perdendo o valor simbólico. A revitalização causa identidade no jovem. O fato do graffiti ser usado em sala de aula devolve e demonstra valor pelo

* Reportagem publicada originalmente na revista Escrevendo Juntos, da AlfaSol (Alfabetização Solidária): www.alfasol.org.br

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No Escurinho

Desmundo nasce o Brasil

a do século 16, para entender o Brasil de hoje

brasileir Conheça um pouco mais da vida cotidiana

V

ocê já ouviu frases e diálogos em português arcaico, a língua falada no Brasil durante os primeiros séculos da colonização? Uma boa maneira de conhecer a melodia muito peculiar do idioma de nossos antepassados é assistir a Desmundo, longa-metragem dirigido por Alain Fresnot (o mesmo da comédia Ed Mort) com base no romance de mesmo nome de Ana Miranda. A trama começa em 1570, quando chega ao Brasil um navio trazendo moças órfãs e virgens enviadas pela rainha de Portugal para casar com portugueses que viviam aqui. Oribela (Simone Spoladore) é uma delas. Embora se recuse inicialmente a ser tratada como objeto, ela acaba dobrando-se diante das circunstâncias e concordando em tornar-se esposa de Francisco (Osmar Prado), um homem rude que, no entanto, resolve tratá-la com respeito. Apesar disso, a situação da moça vai se tornando cada vez mais difícil. Além de enfrentar as dificuldades naturais de adaptação a uma terra estranha e bruta, Oribela é objeto do ciúme da mãe de Francisco, Dona Branca (Berta Zemel), com quem o filho parece manter uma relação incestuosa. Um comerciante judeu, Ximeno (Caco Ciocler), entra em cena para formar um triângulo amoroso e ajuda a complicar um pouco mais o quadro. O roteiro de Desmundo toma diversas liberdades em relação ao livro de Ana Miranda, sobretudo quanto ao destino da personagem. O cuidadoso trabalho de reconstituição de época tem início com o uso do português arcaico (o que obriga o filme a trazer legendas em português contemporâneo) e passa pela cenografia (o engenho de Francisco foi inteiramente construído para as filmagens), pelos figurinos e pelos usos e costumes do período. O empenho em reproduzir a vida cotidiana no Brasil durante o século 16 gera uma forte (e inédita) sensação no espectador. Não seria demais supor que, ao ver um pouco como se formou a nação, muitos passem a entender melhor por que o Brasil é hoje o que é, para o bem e para o mal. V

Divulgação

Sérgio Rizzo, crítico de cinema

Desmundo é baseado na obra da escritora Ana Miranda

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Rango da terrinha

A Baixaria do Acre Prato característico nas zonas rurais, iguaria teve influência

indígena

Gilmara Moreira, Leonardo Nora e Victória Sales, do Virajovem Rio Branco (AC)*

A

culinária acreana possui forte influência dos povos indígenas e dos moradores da região Nordeste que vieram trabalhar com a exploração da borracha no final do século 19. E uma das comidas de grande sucesso é a Baixaria, prato simples, constituído por pão de milho, ovos fritos mexidos e carne moída temperada com cheiro verde e cebola. Por conta do forte vínculo rural-urbano no Acre em tempos passados, a Baixaria se popularizou entre os moradores das

cidades. Inicialmente era o prato principal dos trabalhadores que exerciam tarefas braçais, como os encarregados do embarque e desembarque de mercadorias às margens do Rio Acreano. Mas hoje virou uma receita popular entre todos os moradores. É também muito característico da zona rural, onde é costume os trabalhadores realizarem reforçadas refeições matinais. Esse é o caso da Baixaria, que possui ingredientes ricos em vitaminas A e B. Veja como prepará-la. V

ira/Site Tudo Go sto

250 gramas de pão de milho 150 gramas de carne moída 1/2 xícara de cheiro verde picado 1/2 xícara de cebola picada 1 ovo Sal a gosto Pimenta a gosto

Sandrineide de Olive

Ingredientes para uma porção:

so

ia

Como fazer a baixar

Modo de fazer: Em uma panela, junte a carne moída, o cheiro verde e a cebola. Leve ao fogo baixo, não deixando os ingredientes ficarem muito umedecidos. Em seguida, acrescente o sal e a pimenta. Frite os ovos separadamente. Enquanto isso, faça um moído com o pão de milho em uma panela para cuscuz. Depois de tudo pronto, monte todos os ingredientes em um prato (como na foto acima). Agora é só deliciar esta bela culinária acreana!

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ac@viracao.org)

32 Revista Viração • Ano 8 • Edição 69


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Sexo e Saúde o sem ser transmitidas durante o sex Uma das doenças que podem sigla ano, conhecido como HPV (na proteção é o papiloma vírus hum não for lesões de pele ou mucosa. Se em inglês), que pode provocar trair o médico, há chances de se con tratado com acompanhament re o . Para responder as dúvidas sob um câncer na região infectada Eliane vem Pinheiros (ES)*, consultou HPV, Jéssika Delcarro, do Virajo município de Linhares. Gonçalves Pina, enfermeira do

A transmissão do vírus acontece durante a relação sexual sem o uso de camisinha, quando uma das pessoas possui o HPV de característica genital (vagina, pênis ou ânus). Segundo o portal do Instituto Nacional do Câncer, existem mais de 200 tipos de HPV, que podem ser contraídos por meio de contato direto com a pele de alguém que tenha o vírus. Homens também podem pegar o HPV? Diferente do que muitos pensam, os homens também podem pegar o vírus. As verrugas genitais aprecem no ânus, no pênis, na região da boca (quando feito sexo oral) ou em qualquer área da pele se houver contato direto com uma pessoa que possui o HPV.

ao colo do útero, podendo ocasionar um câncer, quando não tratado. Então, é preciso consultar o ginecologista regularmente para detectar o vírus. Já nos homens é mais fácil perceber o HPV ainda no início. E como se prevenir? Existe tratamento? A melhor maneira de se prevenir do HPV é usando camisinha durante o sexo, inclusive na prática oral, mesmo com parceiro fixo. É comum que as pessoas infectadas desenvolvam anticorpos para combater o vírus. No entanto, nem sempre eles são suficientes para acabar totalmente com a doença. Por isso, ao ser diagnosticado com o HPV, o médico irá orientar tratamento clínico. V

Quais são os sintomas do vírus? Na região genital tem o aparecimento de verrugas ou “crista de galo”, como é mais conhecida. Nas mulheres, por conta da característica da vagina, o HPV pode se espalhar na parte interna da vagina e chegar

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Como ocorre a transmissão do vírus HPV?

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No portal do Instituto Nacional do Câncer (Inca) tem mais informações sobre o HPV: http://tinyurl.com/hpv-inca

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org)


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Espalhados pelo Brasil, os Conselhos Jovens da Vira realizam ações que envolvem a juventude local. Nesta edição, você fica por dentro do núcleo de Alagoas Avanny Oliveira, do Virajovem Maceió (AL)*

O

A parceria com a Vira acontece desde 2009 Conselho Jovem da Vira em Maceió (AL) é e possibilitou a troca de muitos conhecimentos formado pela galera que participa do na forma de produzir mídia jovem. Os projeto Interação Jovem – Juventude, integrantes do Jeca de Maceió também já Educação e Comunicação Alternativa (Jeca), da participaram de dois encontros nacionais Universidade Federal de Alagoas (Ufal), baseado realizados pela Viração em São em princípios da educomunicação e Paulo (SP). O último, que visando o estímulo da produção midiática ocorreu em outubro de 2010, por jovens de uma comunidade local. os estudantes Alan Fagner, Participam do projeto estudantes Daniel Silva, e o jornalista voluntários de diferentes cursos da Ufal e Jhonathan Pino representaram da Escola Estadual de Ensino Médio Ovídio o conselho no evento. Edgard, localizada no bairro Tabuleiro dos Na ocasião, o professor Martins. Entre as oficinas de comunicação coordenador do projeto realizadas ao longo de 2010, estavam a destacou a importância de redação, novas mídias, jornal mural e desse encontro. “A atividade vem reforçar rádio, com o intuito de despertar nos alunos a a educomunicação e a ‘troca de olhares’ produção de culturais entre os jovens, fortalecendo conteúdo jovem e os valores dos envolvidos na com uma comunicação”, disse Antônio Freitas. linguagem própria. O Jeca é Ferramentas digitais reconhecido pela Nas oficinas realizadas com Ufal como atividade os alunos do Ensino de extensão Estudantes da Ufal e da escola Médio, a prioridade é universitária e Ovídio Edgard produzem Jornal a utilização das redes conta com a coordenação do professor Mural Interação Jovem sociais e dos blogs. Uma Antônio de Freitas e a orientação do forma de aproveitar o potencial que esses jornalista Jhonathan Pino. Para completar essa espaços oferecem para a divulgação de iniciativa, a Rádio Comunitária Martins FM 87,9 notícias. Os jovens também produzem um e o Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em jornal mural na escola onde estudam, Comunicação e Multimídia (Comulti) também convidando novos estudantes a participarem participam do projeto. de todo o processo de produção. E, para 2011, muita coisa promete! V Para entrar em contato com o Conselho Jovem de Maceió, mande um e-mail: al@viracao.org

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (al@viracao.org)


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Um garoto morto apenas aos 12 anos de idade por lutar pelo que pensava.

Novaes

Iqbal Masih (1983-1995)

Fez história por ser uma criança vencedora contra a escravidão infantil no Paquistão e no mundo.


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