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Balanço 2012 Aos leitores da Revista Viração, Nesta edição, a Viração Educomunicação, organização social responsável pela produção da Revista Viração, publica o balanço anual de suas contas referentes ao ano de 2012, como forma de prestar contas aos seus leitores, amigos, parceiros e toda a sociedade. Acreditamos que práticas como essa tornam as relações mais transparentes. O balanço também está publicado em www.viracao.org.
Atenciosamente, Equipe Viração
BALANÇO PATRIMONIAL
8050 VIRACAO CNPJ: 11.228.471/0001-78 01/01/2012 A 31/12/2012
ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADE BENS NUMERARIOS DEPOSITOS BANCARIOS APLICAÇOES FINANCEIRAS VALORES REALIZAVEIS A CURTO PRAZO CLIENTES IMPOSTOS A RECUPERAR ESTOQUES DESPEZAS ANTECIPADAS REALIZAVEL A LONGO PRAZO VALORES A REALIZAR A LONGO PRAZO CREDITOS E VALORES ATIVO PERMANENTE IMOBILIZADO BENS
29.445,07 D
(-)DEPRECIACAO ACUMULADA
470,30 C
TOTAL DO ATIVO
471.512,76 D
31.199,84 D 123.179,95 D 251.500,00 D 13.130,34 D 358,27 D 8.800,00 D 2.127,64 D
12.241,95 D
PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE VALORES EXIGIVEIS A CURTO PRAZO FORNECEDORES OBRIGACOES TRIBUTARIAS OBRIGACOES TRABALHISTAS E PREVIDE IMPOSTOS EM ATRASO A PAGAR EXIGIVEL A LONGO PRAZO VALORES EXIGIVEIS A LONGO PRAZO EMPRESTIMOS E FINANCIAMENTOS PATRIMONIO SOCIAL PATRIMONIO SOCIAL REALIZADO PATRIMONIO SOCIAL RESERVAS DEFICIT ACUMULADOS RESULTADO DO EXERCICIO AJUSTES DE EXERCICIOS ANTERIORES
53.915,61 D 254.023,39 D 45.482,34 C
TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
471.512,76 C
62.866,52 C 2.131,64 C 12.740,43 C 280,95 C
133.771,85 C
14.131,25 C
Reconhecemos a exatidão do presente balanço encerrado em 31 de Dezembro de 2012 conforme documentação apresentada
Juliana Rocha Barroso Presidente
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Conteúdo
! ? a d i v Grá ? a r o G a E
Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!
e espaços d ueiro em iq o rr o c a m o te sid m tem da questã ência é u m c s e g le a o sexo o d d rd a o ia na to, a ab portânc n im ta gravidez n a e ra o a N . os p que de jovens ais difícil as e menin formação ada vez m c izar menin il é a ib e s u n a q e s s que ind para nstram eficiente o as joven ã isas demo s u q s s a e n it P e u . cipalm te nto, m te sim rentemen vidas, prin s. No enta a o rá p n g A a ? 8 m . 1 e ro b s u seg s do eus filhos e perce videm ante quando s criarem s ra g ra ra n a o e p d a s o ç a d d a ame rnida e menin o Esta s da mate a situação ília nem d to m m c u e fa p m s a e a d s oio e s do se veem com o ap às mães d rda muito cionados ão contam dição abo la e re ta s s o e s d te re quando n en apa milia gem de c , especialm uldades fa A reporta juventude ado, dific a u q e e d ia a c atéria. n m is ê dolesc dos na arto ma a a p a rd o o te b m n a o c ra o du sã estões gestação vem que iagem. Qu durante a um virajo o e d ic primeira v d é to m la re re o nhamento da confe m Bali, e acompa a ONU, e , você ain d o ã to iç n d e e v me fere Nesta -2015”, u cana. Con no-ameri u do “Pós ti o la ip e ic d rt d a tu a p en nitári a ndo a juv TV Comu a m u e representa d xperiência leitura! ainda a e nse. Boa e in m lu F Baixada
A “
Quem somos A
Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da ANDI Comunicação e Direitos. Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 20 Estados e no Distrito Federal, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses dez anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Paulo Pereira Lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300
”
Conheça os Virajovens em 20 Estados brasileiros e no Distrito Federal Belém (PA) Boa Vista (RR) Boituva (SP) Brasília (DF) Campo Grande (MS) Curitiba (PR) Fortaleza (CE) Goiânia (GO) Lagarto (SE) Lavras (MG) Lima Duarte (MG) Maceió (AL) Manaus (AM) Natal (RN) Picuí (PB) Porto Alegre (RS) Recife (PE) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Salvador (BA) S. Gabriel da Cachoeira (AM) São Luís (MA) São Mateus (ES) São Paulo (SP) Vitória (ES)
Apoio Institucional
Asso
ciazione Jangada
Quem faz a Vira Leonardo Nora
O virajovem Marcos Craveiro, de Rio Branco (AC), entrevista especialista para matéria da seção Sexo e Saúde, desta edição
Revista Viração • Ano 11 • Edição 96 03
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10 Robôs e criatividade
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Jovens italianos expõem seus experimentos tecnológicos em evento realizado pela Fundação Mundo Digital
12 18
Três anos pelo mundo
Arquiteto visita 28 países tendo como companheiras inseparáveis uma mochila e uma bicicleta. Confira o bate-papo com ele no Galera Repórter
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Garotas engajadas
sentantes de No Rio de Janeiro, adolescentes repre deramento cinco países americanos discutem empo de meninas
Sempre na Vira
Presentes em Bali Cem jovens do mundo todo encontram-se com autoridades mundiais para discutir desenvolvimento sustentável; Virajovem foi um deles
20 Vou ser mamãe
No Brasil, 2,8% das meninas entre 12 a 17 anos já tiveram filhos. A responsabilidade dessa nova fase da vida transforma muitas adolescentes e jovens que se veem na condição de mãe
25
Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 06 Quadrim . . . . . . . . . . . . . . 08 Vale 10 . . . . . . . . . . . . . . . 09 Imagens que Viram . . . . . 14 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32 Rango da Terrinha . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35
Baixada na TV
Ex-alunos de curso sobre Cultura Digital montam canal comunitário no Rio de Janeiro e realizam cobertura envolvendo os moradores
Manaus na dança
do Dança moderna, jazz e ballet clássico fazem parte nense amazo l capita da ia perifer repertório de jovens da
26 28
Atentos aos direitos
Jovens da Rejupe encontram-se em Olinda para discutir enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes no contexto dos megaeventos esportivos
O lugar da mulher
Entenda porque as mulheres são historicamente impedidas de ocuparem posições de destaque nas religiões
RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Revista Viração - ISSN 2236-6806
Primeiro-Secretário
Conselho Editorial
Eduardo Peterle Nascimento
Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino
Diretoria Executiva
Conselho Fiscal
Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista, Manuela Ribeiro, Marcos Vinícius Oliveira, Rafael Silva, Tulio Bucchioni e Vânia Correia
Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira
Conselho Pedagógico Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion
Presidente Juliana Rocha Barroso
Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa
Paulo Lima e Lilian Romão
Equipe
Administração/Assinaturas Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos
Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amazonas (Jhony Abreu e Claudia Maria Ferraz), Bahia (Everton Nova e Enderson Araújo), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel),
Distrito Federal (Webert da Cruz), Espírito Santo (Filipe Borges), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria do Socorro Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará (Diego Souza Teofilo), Paraíba (Manassés de Oliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul (Evelin Haslinger e Joaquim Moura), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho) e São Paulo (Luciano Frontelle, Verônica Mendonça e Vinícius Balduíno).
Voluntárias Julia Dávila e Viviane Andrade
Colaboradores Anais Quiroga, Antônio Martins, Heloísa Sato, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Sérgio Rizzo e Thamy Cabral.
Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri
Revisão Izabel Leão
Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300
Divulgação Equipe Viração
E-mail Redação redacao@viracao.org
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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.
Fale com a gente!
Diga lá Realmente, Maria! Não podíamos deixar de dar destaque ao tema da redução da maioridade penal e discutir os problemas dessa proposta.
Via Facebook Viração sempre presente nas horas de debates difíceis, trazendo o olhar do adolescente pra nós. Maria De Salete Silva (sobre a capa que aborda a redução da maioridade penal, da edição de abril)
Via Twitter, em 10/04/2013 Eu tenho certeza que é hoje que o Renan Calheiros vai conseguir aprovar o estatuto da juventude não é mesmo @viracao?
Andre, ficamos contentes com a aprovação do Estatuto da Juventude no Senado. Mas, lembramos que a proposta retornou à Câmara com alterações e deve voltar mais uma vez ao Senado antes de ser levado à Presidenta Dilma, para sanção. Vamos continuar torcendo!
A Viração Educomunicação recuperou o seu perfil original no Twitter. Volte a nos seguir pelo @viracao.
E também confira a página da Viração Educomunicação no Facebok.
Ponto G
Andre Nascimento
Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta! Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao
Ops! Erramos! Na edição de abril, nº 95, publicamos errado o nome de um grupo na matéria da seção Parada Social. O nome correto é Extreme Action, não Extremer, como foi publicado. Pedimos desculpas pelo erro.
Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!
Parceiros de Conteúdo
Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.
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Manda Vê Luiz Felipe Bessa, do Virajovem Recife (PE); Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS); Jessica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*; e Bruno Ferreira, da Redação
Em pleno século 21, muitos jovens ainda se deparam com um velho dilema da nossa sociedade: sexo antes ou depois do casamento? Será que estamos na onda de persistir nas velhas tradições, “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais” como afirma a letra da música Como Nossos Pais, de Belchior? Quando o assunto é vida sexual ativa, uma grande polêmica surge. Há os que dizem que adolescentes e jovens não se importam se o sexo vai ser antes ou depois do casamento, mas outros ainda preferem seguir os princípios bíblicos, que orienta que a educação sexual é permitida apenas após o matrimônio. Temos visto, no entanto, que essas regras vêm sofrendo modificações. Com base nessas duas realidades, procuramos saber o que os jovens de diferentes lugares e realidades pensam sobre a questão.
Sexo antes ou depois do casamento?
Carolina Loureiro, 18 anos, Vila Velha (ES) “Sexo é um ato de amor, uma forma física de expressar um sentimento; independente se há casamento ou não, o sexo deve fluir em função deste sentimento. Sou a favor do sexo antes e depois do casamento, desde que haja sentimento.”
06 Revista Viração • Ano 11 • Edição 96
Diego Soares, 27 anos, São Paulo (SP) “Eu sou a favor do sexo antes do casamento. Creio que a igreja manipula seus fieis por questão de poder... Mas as pessoas têm que ser livres e ao mesmo tempo se responsabilizar por seus atos.”
*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
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Diogo Cobucci, 26 anos, São Paulo (SP) “Eu sou a favor, porque o sexo é natural e faz parte da vida. É preciso responsabilidade e segurança, assim como tudo na vida. Se uma pessoa nunca se casar deve morrer virgem? Temos de acabar com essa hipocrisia.”
Alice Silva da Silva, 16 anos, Guaíba (RS) “Vejo que o sexo fora do casamento vai além de um problema. Pois a questão são as consequências disso: gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, a prática de abortos e altos índices de divórcios.”
Kenedy Willian, 18 anos, Pinheiros (ES) “Eu optei por esperar o momento certo e com a pessoa certa, ou seja, depois do casamento! E assim respeitar a vontade de Deus, que é formar uma família com santidade. Então, sexo só depois do matrimônio!”
Viviane Andrade, 18 anos, Paulista (PE)
Sheyla Santos, 18 anos, Recife (PE) Janyne Soares, 19 anos, São Mateus (ES) “Sou contra, afinal o sexo antes do casamento faz parte de uma definição que a bíblia relata como imoralidade, sendo assim pecado. Sexo é muito mais do que carícias e prazeres, e não deve ser visto como diversão.”
Faz Parte
Esse tabu vem desde as escrituras bíblicas, que menciona o sexo antes do casamento como um ato imoral e pecaminoso. A campanha cristã Eu Escolhi Esperar, por exemplo, que vem atuado em duas áreas especificas: sexualidade e vida sentimental, tem por objetivo encorajar, fortalecer e orientar principalmente adolescentes, jovens e pais sobre a necessidade de viver uma vida sexualmente pura e emocionalmente saudável, valorizando a importância de saber esperar o tempo certo, a pessoa certa e a forma certa para viverem as experiências nestas duas áreas. A campanha existe desde 2 de abril de 2011 e já tem o apoio de 1,3 milhões de pessoas que curtiram sua página no Facebook.
“Eu não concordo com o sexo antes do casamento. A virgindade de uma garota é uma coisa única, que não pode ser ‘dada’ a qualquer um só num ato de se igualar aos outros ou só por prazer.”
“Sou a favor. Se a pessoa já se sente preparada, não é necessário esperar por um príncipe ou uma princesa para se casar e ter sua primeira experiência sexual. Na maioria dos casos que conheço, a primeira vez acontece com o namorado ou namorada.”
Direitos Humanos, Saúde Sexual e Reprodutiva de Adolescentes. Nos (des)encontros da política de saúde. Nos (des)encontros da política de saúde. Nem sempre é fácil encontrar bons livros que falem sobre sexo, ainda mais para jovens. O livro, de autoria de Maristela da Costa de Oliveira (mariscoliveira@terra.com.br), enfoca a política pública de saúde e a interconexão com os direitos de crianças e adolescentes, com ênfase na saúde sexual e reprodutiva, com manifestação concreta da sua vida sexual, onde a prática de sua sexualidade saudável é um direito de adolescente, e que não necessariamente deva resultar em uma gravidez.
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Quadrim
Mergulhando fundo Nobu Chinen, crítico de quadrinhos
O
questionado. Tem um desprezo pela humanidade que chega às beiras do ódio, alimentado por uma sede de vingança cujas razões o autor apenas insinua, sem deixar bem claro as origens de tal comportamento. Em sua viagem pelos mares, o Nautilus vai do Polo Sul ao Polo Norte, do Pacífico ao Atlântico, explorando um ambiente inóspito, habitado por animais gigantescos e seres fantásticos. Uma viagem repleta de perigos, descobertas e muita ação. V
Imagens: Divu
escritor francês Julio Verne (1828-1905) foi um dos mestres dos romances de aventura. Dotado de uma imaginação fértil, dirigiu seu talento para a ficção científica, gênero do qual é considerado um dos precursores. Verne antecipou a viagem do homem à Lua, décadas antes de se tornar realidade. Nas páginas de seus livros, o ser humano deu a volta ao mundo a bordo de um balão e explorou o interior do planeta Terra. Suas obras foram adaptadas para o cinema, a TV e, naturalmente, também para os quadrinhos, como é o caso recente de 20.000 Léguas Submarinas, livro originalmente lançado em 1869. A versão em quadrinhos, com roteiro de João Marcos e desenhos de Will, narra as aventuras do misterioso Capitão Nemo, a bordo de seu fabuloso submarino Nautilus, em companhia de seus “hóspedes” forçados: o professor Aronnax, seu assistente o Conselho e o arpoador Ned Land. Os três são capturados por Nemo e levados para dentro do submarino, onde testemunham as maravilhas e as ameaças do fundo do mar. O Nautilus, prodígio da engenharia e da tecnologia, atravessa os oceanos em busca de tesouros submersos e enfrenta todo tipo de obstáculos, de correntes violentas a enormes geleiras; de feras subaquáticos à perseguição empreendida pelas autoridades náuticas, intrigadas com aquele “monstro” de metal. Nemo é senhor absoluto dentro de sua embarcação e não admite ser
Por que é importante ler?
08 Revista Viração • Ano 11 • Edição 96
lgação
Por que é legal ler? A narrativa tem elementos de aventura, mistério e fantasia, que o autor dosou com muita habilidade no livro. Uma atmosfera que João Marcos soube capturar e que Will conseguiu transformar em imagens ricas e muito coloridas.
O livro é considerado um dos maiores clássicos de Julio Verne. Ler a sua adaptação em quadrinhos é uma forma de ter contato com a obra desse autor obrigatório para fãs de aventuras e de ficção científica.
Para ler e refletir Julio Verne foi um escritor visionário e criou personagens antológicos. O capitão Nemo, apesar de autoritário e excêntrico, revela espírito filantrópico e consciência ecológica. E isso em pleno século 19.
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Vale
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Outra Comunicação – agora e amanhã Juliana Rocha Barroso*
C
onstruir uma comunicação democrática e participativa tem uma dimensão muito concreta e pragmática. É algo que se faz agora, na raça e em condições difíceis – não um devaneio para épocas melhores. Não há tempo a perder. Cada edição nova de uma revista alternativa, cada post publicado num site questionador, é mais uma pedrinha assentada no edifício da consciência social e da transformação do mundo. Mas há um segundo aspecto desta batalha – e tem a ver com o futuro. O esforço que fazemos hoje, por uma mídia livre, não pode resumir-se a produzir informação. É preciso abrir caminho para novas políticas públicas de Comunicação. Ou seja: enfrentar os grandes barões da TV e dos jornais; exigir que o Estado brasileiro promova a plena liberdade de expressão – e, em especial, a diversidade de pontos de vista. Desde 2009, o site Outras Palavras, do qual sou editor, procurou a Revista Viração para estabelecer uma parceria com este objetivo. Juntos, construímos um projeto, os Laboratórios de Mídia Livre. A iniciativa, que foi premiada pelo Ministério da Cultura, e transformouse em Pontão de Cultura, desdobrando-se em duas ações principais. Queremos, em primeiro lugar, formar centenas de jovens para a nova realidade da Comunicação Compartilhada. A internet e as redes sociais permitem, a cada ser humano, participar da narração de seu tempo. Pode-se fazê-lo num blog, produzindo vídeos para o YouTube, publicando num perfil do Twitter. Ninguém mais precisa ser jornalista para relatar o que vê de certo e de errado no mundo, ou para expressar sua opinião sobre qualquer assunto. Mas quem o faz tem o direito de conhecer as técnicas da Comunicação que a humanidade construiu, ao longo de séculos. Em nosso projeto, as formações abrangem todos estes temas, e são realizadas em Caravanas de Mídia Livre, realizadas em todo o País. Estas atividades, aliás, ajudam a cumprir a segunda ação: os Laboratórios. Trata-se de formular propostas para democratizar a Comunicação. A equipe do Outras Palavras promove uma política democratizante que dará outros destinos a tais recursos. Por exemplo, formação avançada em Mídias Digitais nas escolas – equipadas com computadores e acesso à internet. Instalação de milhares de Laboratórios Multimídia Públicos, onde os jovens que querem ir além do básico poderão aprender com profissionais experientes. Estímulo (inclusive financeiro) à constituição de Coletivos Comunicadores, que produzirão informação permanente sobre sua realidade local. São ideias perfeitamente viáveis. Não virão de mão beijada. Para conquistá-las, há um longo caminho de conscientização, desenvolvimento de alternativas, mobilizações. É uma alegria estar ao lado de Viração nesta caminhada. V
Natália Forcat
Antonio Martins*
*Jornalista, editor do site Outras Palavras (www.outraspalavras.net), parceiro da Vira no Laboratório de Mídia Livre
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Criando o futuro em Roma partes da Itália expõem Estudantes de 30 escolas de diversas as aplicações da robótica seus experimentos e aprendem sobre Juliana Winkel, colaboradora da Vira em Roma
C
arrinhos feitos de jogos de montar, máquinas industriais e veículos teleguiados. Entre as mais simples invenções e os mais complexos projetos de engenharia, uma coisa em comum: a presença dos estudantes como criadores ou aprendizes. Esse foi o cenário da RomeCup, evento anual realizado entre os dias 20 e 22 de março pela Fundação Mundo Digital, em Roma. Entre competições, workshops, aulas e laboratórios, o evento contou também com a presença de empresas ligadas à robótica e educação – como Comau Robotics, STMicroelectronics e a fabricante de brinquedos Lego. A cerimônia de encerramento da RomeCup, realizada no Monte Capitolino, contou com a presença do robot NAO, símbolo da RomeCup, desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Informática da Universidade La Sapienza, de Roma. Na ocasião, foram premiadas equipes em dez categorias pela inovação, criatividade e tecnologia de seus projetos.
Tecnologia, Comunicação e Educação O trabalho dos educadores em relação às tecnologias foi também tema de discussão. “Além de motivar a difusão de conhecimento, a adoção da robótica na escola pode auxiliar, por exemplo, nas dificuldades de aprendizado”, afirmou Alfonso Molina, professor de Estratégia da Tecnologia na Universidade de Edimburgo e diretor científico da Fundação Mundo Digital. “Pode também fortalecer valores importantes entre os alunos, como a competição sadia e a resolução de problemas.” Antonio Napolitano, diretor regional do Instituto Nacional de Seguridade do Trabalho, destaca a importância da inovação num cenário de crise. “Os jovens não são parte do problema e sim das soluções. É preciso estimulá-los a inventar, para que a educação se torne realmente experiencial.”
10 Revista Viração • Ano 11 • Edição 96
Phyrtual, nova plataforma de informação Não apenas o modo de se trabalhar, mas também a própria tecnologia está sujeita a mudanças em escala cada vez mais acelerada. “A tendência futura é que, cada vez mais, os mundos real e virtual se tornem um só, unindo as vantagens dos dois ambientes”, acrescenta Alfonso Molina, citando como exemplo o Phyrtual, projeto desenvolvido coletivamente dentro da Fundação Mundo Digital. A plataforma, que tem seu nome nascido das palavras Físico + Virtual, possibilita o desenvolvimento da comunicação e financiamento de Invenções de estudantes italianos projetos de expostas na RomeCup, em Roma, na Itália inovação em qualquer parte do mundo, especialmente ligados ao setor de tecnologias sociais. V
Para saber mais sobre o evento e ter acesso a materiais didáticos sobre robótica (em italiano), acesse o site da RomeCup: http://www.romecup.org/ Para conhecer mais sobre o Phyrtual, acesse www.phyrtual.o
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Mídias Livres
Caxias TV no pedaÇo! lizadas
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Fotos: Divulgação
sobre Cultura Digital, rea A TV surgiu depois de aulas Fluminense no ano passado na Baixada
ivulgar a cena cultural da Baixada Fluminense é um dos objetivos de uma galera bem criativa e animada que está fazendo acontecer o mais novo meio comunitário da região, a Caxias TV. São aproximadamente 25 pessoas, entre moradores de Caxias e de outros locais do Estado, envolvidos nessa iniciativa. O coletivo surgiu depois do Caxias Cultura Digital, curso gratuito que funcionou durante o segundo semestre de 2012, na Lira de Turma da Caxias TV Ouro, organização cultural que existe há mais de cinco décadas em faz pose para foto Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Pelo curso, que durou pouco Segundo Arthur William, jornalista e idealizador do curso sobre mais de quatro meses, passaram aproximadamente 70 alunos, e a Cultura Digital, é possível fazer de equipamentos simples, como um maioria deles mora na Baixada Fluminense. celular, um grande meio comunitário. E esta experiência já está sendo "O interesse pelo conteúdo e a fome de trocar ideias sobre passada para outros lugares do Rio. "O Jornal O Cidadão, do Conjunto este advento das novas tecnologias fez com que alguns alunos de Favelas da Maré, e as turmas do Núcleo Piratininga de permanecessem. Tivemos a nossa primeira transmissão como Comunicação, por exemplo, já compraram também os seus experimento na própria Lira de Ouro. O ano de 2013 chegou e equipamentos e estão transmitindo eventos, debates e aulas", afirma. novas formas de transmissões foram surgindo", diz Lu Brasil, Ainda de acordo com Arthur, o conhecimento tem que ser livre. "A moradora de Caxias. comunicação é um direito humano. Os nossos meios comunitários No dia 1º de janeiro deste ano, o grupo transmitiu ao vivo a devem lutar por políticas públicas. Por isso é necessário que a gente posse do novo Prefeito de Caxias, o que nenhuma outra emissora tenha este direito garantido para que a nossa comunicação fez. A cobertura bombou, pois além da transmissão, eles tiraram comunitária seja mantida”, conclui. V fotos, fizeram matérias e entrevistas e colocaram no site do meio comunitário. "Já cobrimos shows de rock, eventos beneficentes e até manifestações religiosas. Para saber mais sobre a Nosso foco é gerar Caxias TV, acesse: caxiastv.com conteúdo multimídia de Conheça também a página acordo com elementos do Facebook: Caxias TV pertinentes à realidade do E mande sua mensagem para morador de nosso o e-mail: caxiastv@caxiastv.com município. As sugestões de Integrante da Caxias TV coberturas vêm dos faz vídeo em evento organizadores de eventos, dos moradores e de pessoas *Uma das virajovens presentes em 20 do próprio grupo", diz Amaro Daflon, colaborador da Caxias TV. Estados do País e no Distrito Federal
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a r e l a G
Volta de bike pelo mundo
r e t r ó Rep
uma mochila, um jovem De bicicleta e apenas com ndo três anos viajando pelo mu arquiteto passa mais de Leandra Barros e Izabela Silva, do Virajovem Vitória (ES); Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*, Alessandro Muniz, do Virajovem Natal (RN)*, Gito Wendel, colaborador da Vira em Uberlândia (MG); Patrezi, colaborador da Vira em Pelotas (RS); e Evelyn Araripe, da Redação
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Dar a volta ao mundo parece impagável. Como foi a questão financeira? Argus Caruso: Eu montei um projeto achando que seria uma viagem super tranquila, consegui alguns apoios, mas não consegui tudo o que eu precisava, não foi suficiente. Achei que precisaria de 300 dólares por mês. A média da viagem foi de 500, um ano depois de começar a viajar eu consegui um apoio de uma marca de bicicleta, que me ajudou com mais 300. Alguns amigos também me ajudaram, enfim tive um patrocínio de pessoas.
uivo pess
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Como você se preparou psicologicamente? Eu não tenho uma resposta, uma receita. Nunca
Fotos: Arq
E
le deixou as desculpas de lado e começou a tirar os seus projetos do papel. O arquiteto Argus Caruso Saturnino, de 39 anos, que atualmente mora no Rio de Janeiro e faz Mestrado na PUC-Rio, passou três anos e meio viajando. Percorreu 28 países de bicicleta, entre eles Bolívia, Austrália, Egito, Irã, Turquia e Brasil. Comprou sua companheira inseparável de duas rodas uma semana antes da viagem. O projeto que levou para fora do Brasil, o Pedalando e educando, com o lema “Direção é muito mais importante que velocidade” tem uma proposta de educação a distância que busca na aventura uma estratégia de incentivo para o aprendizado. Toda viagem foi elaborada para utilizar-se de rotas que potencializam o interesse pela História, Geografia e o dia a dia dos locais visitados. O objetivo era que o material fosse utilizado em sala de aula para discussão com um profissional de ensino. Quando compartilhou sua ideia com a mãe, escutou a seguinte fala: “Meu filho, você pode fazer o que quiser, mas antes você vai arrumar seu quarto!” Esse é um breve resumo de como surgiu talvez o melhor projeto desse arquiteto, que não idealizou uma casa, mas de uma viagem de volta ao mundo sob duas rodas. Confira um trecho de uma conversa super animada que tivemos com Argus, por skype.
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vi ninguém se arrepender por ter feito. Não espere tempo, dinheiro e saúde pra realizar qualquer projeto. Você nunca vai ter as três coisas ao mesmo tempo. Eu não sabia muitas coisas, eu fui rumo ao desconhecido sem saber o que poderia acontecer. Durante a viagem, conheci algumas pessoas e fui alterando a rota de acordo com o que ia acontecendo, fui sendo orientado pelos nativos da região por onde eu passava. Com viagem de bicicleta você tem que estar disposto a moldar, a se adaptar, é uma viagem bem antropológica. Como você fez pra se comunicar quando desconhecia a língua do lugar? Olha, eu só falava inglês e nos outros países que não falavam uma língua conhecida eu sempre procurava alguém pra me dar dica de como saber me comunicar com o necessário, como falar: água, barraca, comida, mas teve lugares que não houve jeito mesmo, era mímica e eu tentava arrumar uma forma de me comunicar. Por exemplo, fui acampar na beira de um rio e encontrei uma caverna, onde morava um casal de velhinhos iranianos. Eu tinha um caderninho com alguns desenhos, só que a gente não se entendia. Eles foram super receptivos, me ofereceram chá e nos entendemos só por olhares mesmo, não conseguimos nos comunicar com palavras. Na hora de ir embora, eles choraram, e isso me fez refletir que a gente se preocupa em falar tanto uma língua e sem nenhuma palavra eu criei um vínculo maravilhoso. Não é só na Europa que tem xenofobia. Você teve algum problema na viagem? Mais ou menos, na Europa tive alguns casos, na França também, mas é difícil generalizar. Geralmente são pessoas com medo do mundo, que olham e pensam que eu podia ser um marginal. Mas 99% das vezes eu fui bem tratado, porque eu tive uma recepção tão grande na viagem, me surpreendi com os seres humanos. Acho que contagiei as pessoas, porque eu falava com paixão sobre a volta ao mundo que eu estava fazendo. Você poderia se definir antes e depois da viagem? Uma experiência transformadora, meus valores mudaram muito, a viagem me deu uma coragem a mais pra encarar outros projetos, conseguir enxergar com clareza que a gente não precisa carregar valores que não são nossos. Encarar os novos projetos sem perguntar por quê. Hoje eu me pergunto por que não fazer um projeto. Pra mim é muito mais interessante viver assim, fazendo a vida valer a pena.
Depois da viagem, o que você pensou em fazer, quais foram seus planos? Projetei a viajem depois de viajar de veleiro, foi a partir daí que resolvi definir um plano com prazo pra volta ao mundo. Hoje tenho trabalhado em um novo projeto que surgiu durante a viagem de volta ao mundo. De todas as referências que você teve qual guardou no coração? Teve um caso: eu estava no norte da Bolívia e não tinha comida, e estava morrendo de fome, com uma barraca ruim, saco de dormir ruim. Estava passando muito frio e precisava de uma casa pra me hospedar. Então, cheguei em um vilarejo e as pessoas me hospedaram, montei minha barraca e vi que o pessoal não ia comer e eu resolvi falar que estava com fome. Eles me levaram na casa de uma senhora, que estava preparando comida para as crianças, e ela me ofereceu um prato. Isso eu vou guardar pra sempre. V
“Não espere tempo, dinheiro e saúde pra realizar qu alquer projeto. Você nunca vai ter as três coisas ao mesm o tempo.” Argus Caruso Saturn ino
*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
Revista Viração • Ano 11 • Edição 96 13
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IMAGENS QUE VIRAM
s a t s i r a b a l Ma o h l e m r e do sinal v
Mariana Dutra Guedes, do Virajovem Brasília (DF)*
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indo de uma cultura milenar, os malabares são comuns na população contemporânea. O malabarismo não é só diversão. Para muitos a atividade é usada como profissão também. A evolução levou até o malabarismo que conhecemos hoje, misturado com teatro, dança, mágica, música. Hoje é comum encontrar nos semáforos malabaristas apresentando seu trabalho enquanto o sinal está vermelho. É uma fusão de arte, trabalho e amor que acontece a cada 30 segundos. Em semáforos fechados, o talento dos artistas é apresentado a milhares de motoristas. Muitos desses artistas vivem dos malabares, ganham seu dinheiro diário, compram comida e pagam o lugar em que se hospedam, porque a maioria é viajante. Tem uruguaios, bolivianos, chilenos e uma galera de vários Estados do Brasil. Confira alguns cliques desses artistas na Capital do País.
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*Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
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É JUNTO QUE SE CHEGA LÁ! se em Bali para pautar autoridades Cem jovens, de todo o mundo, reúnemque se espera para depois de 2015 quanto ao desenvolvimento mundial
Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP)*, de Bali, capital da Indonésia
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e você tivesse a oportunidade de, daqui a algumas horas, dizer direto pra Presidenta Dilma quais devem ser as prioridades para termos um País melhor para se viver, o que você diria? Eu tive uma oportunidade assim, só que no meu caso não falei com a nossa Presidenta. Em vez dela, eram 26 pessoas, de grande respeito em suas áreas, líderes de governos, de grandes faculdades, outros que dedicam suas vidas a ajudar pessoas por meio de organizações sem fins lucrativos e ainda mais alguns que fazem parte de grandes empresas. Estavam todos reunidos em Bali, de 22 a 27 de março deste ano. Mas eu não estava sozinho para dialogar com essas 26 pessoas. Outros 99 jovens do mundo todo tiveram essa mesma oportunidade de dizer para elas Fotos: Divulgação
Participantes, de vários páises do mundo, no Pós-2015, em Bali
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o que é preciso priorizar para que nosso planeta seja um lugar melhor pra se viver. Você provavelmente está se perguntando: “O que essas pessoas têm a ver com essa proposta?”. Vou explicar, mas antes tenho que voltar pro ano 2000, pra ser mais exato. Foi nessa época que muitos governantes se reuniram na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e resolveram definir os objetivos para combater os grandes problemas relacionados à pobreza, como a fome, doenças, mortalidade infantil, desigualdades entre homens e mulheres e mais alguns outros. Foram oito objetivos ao todo, que ficaram conhecidos como Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs). Eles resolveram sozinhos quais deveriam ser esses objetivos, sem perguntar pra ninguém mais, ou seja, eu e você ficamos fora dessa discussão, tendo que aceitar as prioridades que eles escolheram. Bem, 13 anos se passaram desde então, a ONU celebrou a notícia que a população em extrema pobreza diminuiu pela metade, que alguns países conseguiram garantir acesso para todas as crianças nos primeiros anos de escola, que programas e mais programas foram criados para combater a AIDS e o HIV e muitas outras ações foram feitas dentro do que havia sido proposto. Mas, infelizmente ainda hoje, nem todo mundo sabe desses objetivos e muitas cidades e países estão bem longe das metas estabelecidas, que tem prazo até 2015 para serem cumpridas.
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Ai ficou a pergunta para quem participou do processo: “Onde falhamos?”. Veja, estamos falando sobre resolver problemas da sociedade mundial, que é composta por todos nós. Enquanto todos não estiverem envolvidos, você acha que é possível resolvermos de fato tudo o que precisamos resolver? Ficou claro que não. Foi pensando nisso que, agora, a menos de três anos do fim dos Objetivos do Milênio, a ONU resolveu lançar uma campanha que busque ouvir a opinião do maior número possível de pessoas. A ideia é que os novos objetivos sejam compromissos firmados por todos que ajudaram a criá-los. Foi para garantir que a diversidade de ideias e propostas nessa reformulação de objetivos esteja presente desde o começo, que as Nações Unidas convidaram esse grupo de 26 pessoas para começar o processo de consulta mundial e escrever um relatório que servirá de base para as negociações que devem durar até 2015. A esse processo de redefinição dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio foi dado o nome de “Pós-2015”, já que ele começa a valer depois que acabarem os objetivos atuais, em 2015.
que você acredita que vão fazer do nosso mundo um lugar melhor pra se viver. Lembra da pergunta do início do texto, se você tivesse a oportunidade de dizer pra Dilma? Então, o resultado desse site vai pra equipe dela também, aproveite! Aqui no Brasil quem tem tocado as mobilizações do Pós-2015 com a juventude é a Coalizão de Jovens pelo Pós-2015. Nós temos um site (www.pos2015brasil.org) onde você acha nossa página no facebook. E se você quiser fazer parte do movimento, basta mandar um email pra gente em contato@pos2015brasil.org para adicioná-lo à nossa lista de e-mails!
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Juventude marca presença A reunião em Bali foi a última de uma série de reuniões locais e os 26 participantes são conhecidos como integrantes do “Painel de Alto Nível de Pessoas Eminentes para a Agenda de Desenvolvimento Pós2015 da ONU”. E no meio dos vários grupos consultados, estava o da juventude, que hoje soma 3,5 bilhões de pessoas abaixo de 30 anos, metade da população mundial. Nosso papel foi o de garantir que as diversas visões da juventude mundial fossem contempladas nesse relatório preliminar. Cada uma das reuniões tem um tema. Dessa vez falamos sobre Parcerias Globais e Meios de Implementação, ou seja, que tipo de parcerias precisamos construir para a execução desses objetivos e como devem ser os meios para implementá-los. Nosso grande argumento foi o de que a juventude deve estar no coração da agenda de desenvolvimento, por sua capacidade já conhecida de inovação, por sua energia e ousadia e porque somos as gerações que estarão por aqui para acompanhar os resultados desses objetivos a serem definidos. Sugerimos também que os jovens sejam envolvidos em todas as partes do processo desde a construção das ideias e conceitos, passando pela implementação de ações e indo até a avaliação dos resultados, seja em nível internacional, nacional ou local. E o que vem depois dessa reunião que me motiva a escrever esse texto: você. O relatório fica pronto em maio, mas o processo de consulta à sociedade continua até chegarmos em uma decisão sobre os novos objetivos. E para que essa decisão seja o mais conectada possível com a nossa realidade, precisamos que você participe das campanhas da ONU, a mais fácil é a do My World (Meu Mundo, em inglês). Basta acessar bit.ly/2015br e votar nas propostas
Participante do Pós-2015 durante atividade
Único jovem brasileiro a participar do Pós-2015, Luciano Frontelle faz fala durante o evento
Revista Viração • Ano 11 • Edição 96 17
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Poder às meninas! meninas de Seminário, no Rio de Janeiro, reúne 80 empoderamento cinco países americanos para discutir
Talita Bezerra dos Santos, da Agência Jovem de Notícias
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Seminário Internacional Brasil-EUA de Empoderamento de Meninas aconteceu de 2 a 4 de abril, no hotel Windsor Guanabara, no Rio de Janeiro, com cerca de 80 meninas, de 13 a 17 anos, vindas de cinco países: Brasil, Estados Unidos, Uruguai, Chile e México. O objetivo era colocar em discussão temas como trabalho, política, direitos humanos, auto-proteção, esporte e mídia. Durante o Seminário, palavras negativas foram riscadas do vocabulário dos facilitadores e das participantes. Palestras e dinâmicas incentivaram as meninas presentes a mudar o mundo começando por pequenos atos dentro de suas próprias comunidades. Mas nem tudo foi fácil. Quem achou que as meninas foram ao Rio a passeio, se enganou! As participantes botaram a mão na massa! Elas foram divididas em cinco grupos para as atividades que aconteceriam depois da abertura oficial do evento, em 3 de abril. Presenças ilustres não ficaram de fora do evento. Personalidades e autoridades conversaram com as participantes. Corinne Woods, diretora da ONU responsável pela campanha dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi uma delas. Ela veio ao Brasil para colher propostas às metas do milênio Pós-2015. Silvana Goellner, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, falou sobre projetos e experiências em questão de gênero e esporte. A atleta Aline Peregrino disse às participantes que “o esporte é o espaço que rompe o discurso biológico que as mulheres são mais fracas ou frágeis que os homens”. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse acreditar que alcançar as metas do milênio até 2015 é um grande passo para o Governo Federal acabar
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com as diferenças de gênero. A ministra ressaltou ainda que o empoderamento de meninas está amplamente ligado ao processo educacional. A secretária-executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Lurdes Bandeira; o embaixador dos Estados Unidos da América no Brasil, Thomas Shannon; o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil, Gary Stahl; e o presidente do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC), Gilson Scharnik também estiveram presentes durante o evento. O último dia de seminário, 4 de abril, contou com a participação da presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Maria Izabel Silva, que contou como adentrou o Movimento Sindicalista e seu envolvimento com os direitos das crianças. Ela destacou o papel da mulher enquanto cidadã e na participação econômica, além da problemática do trabalho infantil doméstico, que faz com que 130 mil meninas, de cinco a nove anos, deixem de frequentar a escola.
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A presidenta do Conanda compartilhou, em outro momento, suas dificuldades para chegar onde chegou. Disse ter sofrido preconceito por ser mulher e lésbica. Enfatizou ainda a importância de encarar o aborto como algo que foge da simples moral e sim como um problema de saúde pública, trazendo o dado de que “atualmente, 68 mil mulheres morrem por abortos clandestinos no mundo e isso não pode ser ignorado. As mulheres precisam ter o direito de decidir sobre seu corpo e a melhor forma de alcançar esses objetivos é a organização”, afirmou. Carla Bezerra, da Secretaria Nacional de Juventude, contou como foi seu ingresso no movimento estudantil e feminista. Ela destacou como a luta da juventude anda lado a lado com o empoderamento de meninas e mulheres, com a luta pela igualdade de classe, etnia, orientação sexual e no campo profissional. Para ela, a diferença entre homens e mulheres se acentua com o passar do tempo, a maioria dos homens progridem trabalhando fora enquanto as mulheres, depois de uma certa idade, ficam com o trabalho doméstico. Para fechar a roda de conversa, a psicóloga Cristina Fernandes coloca a violência contra as mulheres em pauta. Ela explica o motivo de muitas mulheres ainda não denunciarem seus agressores: além da dependência econômica, muitas são dependentes afetiva e sexualmente do companheiro violento. Ela afirma ainda a necessidade de se incentivar a autonomia da mulher e a independência financeira. Outro fato interessante trazido pela psicóloga é que em seus estudos e vivências em algumas comunidades, o afeto tem tomado proporções de posse. O outro é tratado como objeto. Conta que em uma comunidade do Rio de Janeiro, casais em início de relacionamento estavam desenvolvendo o hábito de se agredirem com canivete para que seu parceiro não pudesse sair sozinho.
Carta das meninas Ao final das palestras, houve a apresentação da carta às autoridades presentes. A carta escrita pelas 80 meninas destaca a falta de identificação com os padrões de beleza impostos pela mídia e pela sociedade e o preconceito sofrido por muitas delas ao não se encaixarem nesse padrão. Elas ainda destacam a necessidade de incentivar igualmente a prática de esporte para meninas e meninos e, no mercado de trabalho, a importância de igualdade salarial entre os genêros. “Meninas hoje, amanhã mulheres, líderes, profissionais. Não conhecemos o futuro, mas sabemos o que queremos com igualdade, multiplicando nossas ações e incentivando outras meninas a perceberem seu poder de transformação. O empoderamento de meninas vai além da participação política ou da possibilidade de falar por outras meninas, ele se efetiva na ação. Para essa ação, gostaríamos do apoio governamental, privado, não governamental e da sociedade civil para que tenhamos grande repercussão”, diz um trecho da carta. V
Confira a carta na íntegra no site da Agência Jovem de Notícias, pelo link: http://migre.me/ek0Cq
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Capa
mães de primeira viagem o e o questionamento de muitas A primeira gravidez pode despertar o med filho as ou maduras o suficiente pra criar um adolescentes que não se sentem preparad
Bruno Ferreira, Elisangela Nunes Cordeiro e Rafael Silva, da Redação
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uliana Sousa de Jesus, de 29 anos, deu a luz pela primeira vez quando tinha 14 anos. Na época, cursava a 4ª série e teve que interromper momentaneamente os estudos para cuidar da gestação. Seu filho Luís, hoje com 15 anos, nasceu de parto normal em um hospital público de São Paulo. Dois anos depois, quando Juliana tinha 16 anos enfrenta uma nova gravidez. Na 6ª série, para definitivamente de estudar. A segunda gravidez foi inesperada. No fundo, a então adolescente sabia que estava novamente grávida, mas preferiu desacreditar disso. Mesmo sem menstruar há meses, colocou na cabeça que não estava grávida e não fez nenhum acompanhamento médico durante esse período. Felizmente, Natália, hoje com 13 anos, nasceu perfeita, também de parto normal. Apesar de Juliana ter sido mãe pela primeira vez há 15 anos, seu perfil ainda condiz com estatísticas atuais. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstram que no Brasil, das
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meninas com idade entre dez e 17 anos sem filhos, 6,1% não estudavam no ano 2008. Na mesma faixa etária entre as adolescentes que tinham filhos, essa proporção chegava a 75,7 %. Entre essas mesmas meninas que já eram mães, 57,8% não estudavam nem trabalhavam. No Brasil, 2,8% das meninas entre 12 e 17 anos já tiveram filhos, segundo dados do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde. Isso significa um total de 290 mil adolescentes. Pesquisas mostram que a gravidez está associada a situações de vulnerabilidade, pobreza, baixa escolaridade e a entrada precoce no mercado de trabalho. Indicam ainda que a gravidez na adolescência, embora inoportuna, nem sempre é indesejada. Numa busca distorcida por autonomia, autoridade, o desejo de conquistar uma vida melhor, reconhecimento social por parte das próprias famílias e de seus amigos e colegas, ter atenção e afeto e de começar a estruturar uma vida autônoma, muitas vezes, levam as meninas a, inconscientemente, esperar que uma gravidez resolva isso. Hoje esse fenômeno que tem atingido também a classe média e classe média alta.
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Trata-se do acompanhamento da gestação. Um pré-natal bem realizado consegue fazer a divisória de águas entre as gestantes de baixo risco e as de risco. Durante o pré-natal possíveis síndromes e má formações fetais são identificadas.
Thammy Cabral
No entanto, essa não é a realidade de Larissa Domingues, de 18 anos. A jovem engravidou aos 17 anos, de um namorado com o qual se relacionava há três anos. Desesperada com a gravidez não desejada, ela escondeu da família a situação durante os primeiros cinco meses de gravidez. Nesse período, deixou de fazer o pré-natal. Sua filha, Manuela, hoje com cinco meses, nasceu de parto normal, mas com uma saúde frágil. A criança já ficou internada duas vezes. No dia da entrevista com Larissa, ela havia deixado o hospital com a filha há poucos dias. A pequena Manu ficou internada por 12 dias com bronquiolite. Larissa conta que a gravidez foi um momento de dificuldade em sua vida. O namorado, um ano mais novo que ela, aos poucos foi se distanciando dela e não assumiu a paternidade. Não conheceu a filha e Larissa registrou Manuela apenas em seu nome, fato este comum nestas situações de gravidez precoce.
No Brasil, do total de partos atendidos no SUS em 2007, de adolescentes e jovens entre dez e 24 anos, é possível obter os seguintes dados: • Partos de mulheres na faixa de 20 a 24 anos representam 31%, • Partos de adolescentes de 15 a 19 anos representam 23%, • Partos de adolescentes entre dez e 14 anos representam 1%.
31% Mulheres de 20 a 24 anos
23% Adolescentes de 15 a 19 anos
1% Adolescentes de 10 a 14 anos
Fonte: Site do Ministério da Saúde, disponível no link: http://migre.me/ekXtd
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Capa Políticas de prevenção Em 2007, ocorreram mais de 2,7 milhões de nascimentos no País, dos quais 21,3% foram de mães com idade entre dez e 19 anos. No entanto, a gravidez na adolescência tende a reduzir. Isso por conta das campanhas em relação ao uso de preservativo, da disseminação da informação e maior acesso aos métodos anticoncepcionais, além da participação da mulher no mercado de trabalho. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 22% dos adolescentes fazem sexo pela primeira vez aos 15 anos de idade. Nesta etapa da vida, a adolescente sofre diversas transformações hormonais, físicas e psicológicas, por isso é necessário um acolhimento diferenciado. É nesta fase importante de autoconhecimento e incertezas que a falta de informação pode gerar uma gravidez inesperada ou mesmo a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. A boa notícia é que, com o aumento de ações dentro das escolas, orientação sobre métodos contraceptivos e distribuição de camisinhas em postos de saúde, há mais acesso a recursos para um sexo seguro. Por este motivo, o número de adolescentes grávidas no Brasil tem diminuído. Entre 2005 e 2009, o número de partos realizados entre jovens de 10 a 19 anos caiu 22,4%, comparado à década anterior, segundo o Ministério da Saúde.
Relações de gênero e maternidade As relações de gênero, construídas historicamente, remetem às relações sociais, constituindo padrões de masculinidade e feminilidade. No Brasil, País de cultura patriarcal fortemente autoritária e herdeiro dos valores e modelos europeus, a mulher tinha como função social a reprodução e posteriormente, sob influência do Iluminismo, a criação dos filhos, e função do homem de colocar o alimento em casa. O tempo passou e temos outros arranjos de família, papeis diversificados. Apesar das diversas mudanças ao longo dos anos, ainda há uma discussão da gravidez na adolescência, em que toda a responsabilidade pela gestação é jogada sob a adolescente. O pai adolescente, na maioria das vezes, é uma figura invisível. Mas ao longo dos tempos esse modelo tem sido questionado por feministas e diversos atores dos movimentos sociais. Em Recife, o Instituto Papai, que trabalha com adolescentes e jovens homens a questão da paternidade, considera fundamental o envolvimento dos homens nas questões relativas à sexualidade e à reprodução. Em 2008, o Instituto Papai foi às ruas com a campanha Dá Licença, eu sou pai!, que tinha como objetivo promover a ampliação da licença paternidade. Em 2012, em Recife, foi aprovado o projeto de lei que amplia a licença paternidade de cinco para 30 dias consecutivos para os servidores da Prefeitura da cidade.
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Arquivo pessoal
A jovem mamãe Larissa Domingues, de 18 anos, com a filha Manuela, de 6 meses
Cesárea versus Normal No Brasil, 52% dos partos realizados são cesarianas, número bem acima do que recomenda a OMS, que é por volta de 15%. Dados do Ministério da Saúde de 2010 apontam que na rede privada essa “opção” de parto chega a 82%, enquanto na rede pública está em 37%. Juliana e Larissa fazem parte da maioria das mulheres que têm seus filhos por meio do parto normal em hospitais públicos. Esse também era o desejo de Geisa Santana da Silva, de 21 anos, que teve Luiz Miguel em novembro de 2012. A criança nasceu pelo SUS, mas de cesariana. A mãe de primeira viagem conta que ficou 12 horas em trabalho de parto. “Tentei parto normal, mas não tive dilatação. No hospital, fizeram de tudo para que fosse natural, mas não deu.” Geisa conta ainda que na 40ª semana de gestação, com nove meses completos, fazia acompanhamento a cada dois dias. Em uma das consultas com a médica, foi encaminhada para o hospital, para averiguar o estado do coração do bebê. Nesse momento, resolveram induzir o parto com medicamentos, mas a expectativa era que fosse natural. Para as gestantes, a opção de não sentir dor, já que se é anestesiada, e a possibilidade de prever a data de nascimento do filho torna a cesariana atraente. No entanto, ela só é recomendada para alguns casos, principalmente os que envolvem risco para a vida da mãe ou do bebê. É o caso de gestante com HIV/aids, que apresenta hemorragia nos momentos finais da gestação ou quando o bebê está atravessado no útero. Segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS), a cesárea ainda responde por três vezes mais o número de crianças que morrem ao nascer, em comparação com a técnica do parto normal, também conhecido como vaginal. Além disso, bebês que nascem entre a 37ª e 38ª semana, comum nos partos cesarianos, têm 120 vezes mais complicações respiratórias que podem levar à morte do que os que nascem entre a 39ª e 40ª semana, de parto normal.
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Parto normal
Thammy Cabral
A segunda opção de parto encontrada nos hospitais não agrada as mulheres que buscam ter o momento do “parir” da forma mais natural e com pouca – ou nenhuma – intervenção médica. Algumas também não aceitam os procedimentos cirúrgicos que incluem sedação e aplicação de manobras desconfortantes para a gestante, como a posição que a mulher deve ficar deitada horizontalmente com as pernas estendidas. Larissa conta que gostou de ter tido Manuela de forma natural, apesar da dor: “Eu cheguei no hospital com a bolsa estourada e nove dedos de dilatação. Ao chegar, fui direto para a sala de parto. Valeu muito a pena. A dor é só naquele momento, depois acaba. De manhã eu já estava andando”, afirma a jovem, que deu a luz por volta das 22h. O parto do primeiro filho de Juliana foi mais difícil que o de Larissa. Foram 22 horas de trabalho de parto para Luís nascer. Pela lembrança que tem, disse que preferia cesárea. “Por mim, tirava logo, porque a dor...”. Juliana não completa a frase, mas demonstra com as feições que não deve ter sido fácil.
Diferentes Partos Entenda a diferença entre parto natural, parto normal e parto humanizado, na definição de Mariana Lettis, doula (acompanhante técnica da gestante) e educadora perinatal (que orienta a gestante durante a gestação): Parto natural não precisa de intervenções, o corpo da mulher é capaz de produzir sozinho todos os hormônios necessários para que o processo fisiológico do parto se realize, principalmente a ocitocina, responsável por provocar as contrações uterinas. Nenhuma intervenção é necessária num parto natural que pode, inclusive, acontecer em qualquer local, como vemos diariamente nas notícias sobre bebês que nascem no ônibus ou na porta do hospital. Parto natural humanizado é assistido por uma equipe técnica escolhida pela gestante composta por médico, obstetriz, doula ou pediatra. Pode ser domiciliar ou hospitalar, a equipe não faz intervenções. Auxilia e encoraja a mulher a passar pelo trabalho de parto com ajuda não farmacológica para o alívio da dor, como massagem, água quente, exercícios, posturas, aconchego, intimidade. Parto normal requer alguma intervenção: ocitocina, anestesia, analgesia, forceps, vácuo extrator, que às vezes não são necessárias nem aprovadas pela OMS.
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Capa Fugindo do bisturi
seu companheiro e uma O parto natural, então, surge como possibilidade de fuga amiga, que irá registrar o às práticas cirúrgicas. Nele, são respeitados o tempo e o momento em fotos e vídeo. ritmo do bebê e da mãe durante o trabalho de parto. A A supervisora de enfermagem mulher escolhe a posição que mais lhe agrada e pode ter ao do Amparo Maternal, Camila Bellão, seu redor pessoas com quem queira compartilhar esse defende que o parto normal é uma momento – nos hospitais existem restrições ao número de forma da mulher ser a protagonista do acompanhantes. próprio parto. Mais do que um momento mágico, a Mas escolher o parto natural como forma de dar boasespecialista em obstetrícia acredita que este tipo de vindas ao bebê exige uma série de questões que devem ser parto é um processo natural do organismo da mulher e bem analisadas, como a condição de saúde da mãe e do possui menor risco de infecção, hemorragias, além de bebê (atestado pelo pré-natal), a escolha dos trazer benefícios para a mãe e bebê. “O parto normal, acompanhantes, entre médico humanizado, doula e parteira, na maioria das vezes, ocorre quando o bebê já está e a situação do espaço escolhido para a realização do parto. preparado para nascer, ou seja, já possui maturidade Grávida de seu primeiro filho, a jornalista Carolina Lemos pulmonar adequada. Mais do que isso, o processo seguiu esse caminho e acabou optando pelo parto natural normal aumenta o vínculo entre mãe e bebê, que é por estar em conexão com o momento que vive. “Cada aumentado ainda mais após o nascimento”, conta. mulher precisa ter informações para De acordo com Camila, ainda Arquivo pessoal poder se empoderar e decidir o existem muitos medos e mitos em que é melhor para eles. relação ao parto normal que favorecem Comecei a me informar sobre o aumento do número de cesáreas, os tipos de parto que existem principalmente no que tange a dor. aqui no Brasil e em outros “Mas existem métodos não lugares. Busquei o que fazia farmacológicos para o alívio da dor, sentido para mim, para o meu como por exemplo, banho terapêutico, corpo, de forma que o parto seja massagens, entre outros”, contrapõe. tranquilo e gostoso, também Entretanto, a enfermeira avalia que a respeitando o bebê”, disse melhor forma da gestante se preparar Carolina, que ao conceder esta para o parto normal é se informar entrevista à Vira, entrava em sua sobre o assunto. “Uma forma 39ª semana de gestação. interessante e adequada é através da Carolina diz que a escolha realização de um curso de gestantes, pelo parto natural tem a ver com onde são abordados todos o seu modo de vida, atualmente os temas Carolina Lemos participa de um grupo longe dos grandes centros sensíveis. de gestantes para trocar vivências e urbanos, e ressalta que a mulher No Amparo compartilhar dicas sobre a gestação deve buscar o que lhe fará se sentir melhor. “Agradeço Maternal, que a cesárea exista como opção, mas não é o que eu são busco para mim. Infelizmente, o acesso a outros oferecidos procedimentos de parto é complicado, difícil, e às cursos vezes envolve custos e poucos profissionais gratuitos preparados”, completa. mensais”, Para auxiliar nesse momento, Carolina também reforça. V procurou um grupo de gestantes que se reúne periodicamente para trocar vivências e compartilhar dicas da gestação. Nos encontros, que têm a facilitação de uma doula, são propostos exercícios que ajudam a relaxar o corpo. “Esse grupo traz aconchego à mulher. Temos exercícios orientais e de acupuntura, algumas parteiras que falam de suas experiências e mães fazendo relatos das preparações para o parto, que contam situações parecidas com a que você está sentindo”, diz. O trabalho de parto da Carolina, que pode ser realizado na água, será acompanhado por uma parteira, assistentes,
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Faz Cultura
Dança, arte que liberta
Jhony Abreu, Edilene Guedes e Elizabeth Lucena, do Virajovem Manaus (AM)*
A Cia. de dança Ruy Alencar, criada por iniciativa do jovem Wilson Junior, bailarino e coreógrafo de Manaus, surgiu há pouco mais de quatro anos, como desdobramento de outro trabalho desenvolvido na cidade. A iniciativa visa levar atividades extracurriculares para alunos da rede pública de ensino, e que hoje reúne também integrantes da comunidade que decidiram se dedicar à atividade artística. A ideia surgiu em parceria com Jeane Melgueiros, gestora da escola onde Wilson trabalha. “Montei a companhia e começou a dar certo. Percebemos o entusiasmo e a dedicação dos estudantes do Projeto Jovem Cidadão e então abrimos as atividades do projeto para todos os alunos interessados em participar. Daí para a criação da companhia foi um passo”, comenta Wilson.
De início, trabalhou-se com músicas populares, que os jovens estão acostumados a ouvir no rádio. Quando o trabalho estava se desenvolvendo, o bailarino inseriu a dança moderna e o ballet clássico. A partir daí, os jovens receberam noções de história da dança e anatomia, e a se aproximaram do universo da arte.
As coreografias são baseadas principalmente na dança moderna e no jazz, com elementos do balé clássico, num reflexo da evolução do grupo, que começou estudando pequenas sequências de jazz. Aos poucos, a companhia foi conquistando seu espaço em vários palcos. Isso se deve ao bom trabalho desenvolvido pela equipe. Além de eventos das secretarias estaduais de Desporto e Lazer e da Educação, os jovens bailarinos já se exibiram no Festival de Dança Galo da Serra, em Presidente Figueiredo (Amazonas); na Mostra de Dança do Amazonas (Modama); e no Concerto de Natal da Secretaria Cultural (SEC).
Ingrid Evangelista
Companhia de dança nasce de projeto social e incentiva jovens da periferia de Manaus a se expressarem por meio da arte
Como Wilson Junior é bailarino da Companhia de Dança do Estado, sempre que havia apresentações no Teatro Amazonas, reservava esse dia para eles assistirem e terem um contato maior com outros bailarinos profissionais.
A companhia foi selecionada para o 1º Cena de Dança, no Teatro Amazonas, evento que reúne diversos grupos e com apresentações para o público em geral. Além disso, o grupo está preparando trabalhos para se inscrever no Festival de Joinville (SC), maior festival do Brasil e um dos maiores do mundo. O objetivo é a inscrição de um espetáculo a ser apresentado na modalidade competição. “Querer, contra todas as adversidades. Não há nada mais gratificante do que ver o empenho dos jovens. Não tem nada que compre isso”, diz Wilson Junior. V
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Graves consequências exploração sexual de crianças e Estudo aponta risco de aumento da grandes eventos esportivos adolescentes durante a realização dos
Luiz Felipe e Sheyla Santos, do Virajovem Recife (PE)*; e Rafael Silva, da Redação
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esenvolvimento é o que todo Estado quer. No entanto, o grande desafio é cuidar para que as violações de direitos não surjam durante os grandes eventos que estão por vir no País, ainda mais quando temos pouco tempo para concluir as obras de estádios e equipamentos que receberão as competições da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas. No ano passado, um estudo coordenado pelo pesquisador Miguel Fontes, do Serviço Social da Indústria (Sesi) mapeou a relação entre o turismo de lazer e a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Com isso, especialistas e ativistas dos direitos humanos alertam para a possibilidade de aumento nos casos de exploração sexual deste grupo de pessoas com a aproximação dos megaeventos esportivos. “Na Bahia, onde o turismo é de lazer, os resultados demonstram que para cada 372 turistas internacionais, houve aumento de uma denúncia de exploração sexual de crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negócios é maior, somente com o aumento de 2,5 mil turistas se detecta o aumento de uma denúncia de exploração sexual infantil”, disse Miguel Fontes à BBC Brasil, durante a divulgação da pesquisa, da qual analisou a relação existente entre o número de entradas de turistas estrangeiros em São Paulo e na Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de exploração sexual infantil nos dois Estados no período. Só durante a Copa do Mundo de 2014, o Ministério do Turismo prevê 600 mil turistas estrangeiros e cinco milhões de visitantes brasileiros circulando nas cidades-sede do evento. Em março, como forma de sensibilizar a sociedade sobre essa questão, foi realizado em Olinda (PE) o Seminário Adolescentes e Jovens Conectados por uma Copa sem Violência Sexual, evento puxado pela Aliança Nacional de Adolescentes (ANA), projeto de iniciativa da ECPAT Brasil (End Child Prostitution, Child Pornography,
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Daniel Macêdo
Evento em Olinda discute a relação entre os megaeventos esportivos e a exploração sexual de crianças e adolescentes Valter Comparato/Abr
Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 2011
and Trafficking of Children for Sexual Purpose), do Comitê Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e Coletivo Mulher Vida, que busca promover o tema por meio das redes sociais. Participaram do encontro cerca de 300 adolescentes e jovens, representantes de organizações dos movimentos sociais e especialistas da área da infância. "O encontro presencial serve para fortalecer a discussão (sobre o tema) e os participantes saem fortalecidos para atuarem como multiplicadores das ideias, mobilizadores sociais da campanha, para além das mensagens virtuais”, diz Rodrigo Correa, um dos mobilizadores da campanha ANA. Entre as redes que marcaram presença, a Rede de Adolescentes e Jovens pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo (Rejupe) se comprometeu a incluir em sua pauta de atuação a questão do enfrentamento à exploração de crianças e jovens. No dia 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a Rejupe promoverá diferentes ações nas cidades onde possui representação. Fique ligado no site www.rejupe.org.br para acompanhar essas atividades e saber como participar. Além do seminário, a campanha trabalha com foco na autoproteção, por meio da comunicação, com mensagens virtuais que abordam o que é a violência sexual, como se prevenir desta violação, direitos sexuais, entre outras. Atuando de forma bem próxima aos jovens, a personagem Ana, quem dá nome à campanha, compartilha suas experiências e mensagens de alerta pela sua página no facebook (http://migre.me/ekc87). V
Sobre a Rejupe A Rejupe é um espaço de participação e integração formado por adolescentes e jovens com o objetivo de proporcionar a troca de experiências entre grupos de participação cidadã para consolidar ações de defesa e promoção do direito ao esporte seguro e inclusivo, assim como iniciativas que incidam diretamente no planejamento e construção de um legado social positivo para os megaeventos esportivos.
Tirando as dúvidas! Qual a diferença entre abuso sexual e exploração sexual? Abuso sexual é a utilização do corpo de uma criança ou adolescente, por um adulto, para a prática de qualquer ato de natureza sexual. O abuso sexual é geralmente praticado por uma pessoa com quem a criança ou adolescente possui uma relação de confiança, que participa do seu convívio. A exploração sexual caracteriza-se pela utilização sexual de crianças e adolescentes com intenção do lucro ou troca, sejam financeiros ou de qualquer outra espécie.
Denuncie casos de abuso e exploração sexual O Disque 100 é um serviço que recebe denúncias de diferentes tipos de violência envolvendo meninas e meninos e é vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente. Funciona diariamente, das 8h às 22h, inclusive aos fins de semana e feriados. A ligação é gratuita e o usuário não precisa se identificar.
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a bênção da mUlher sido colocada de lado e as Historicamente, a figura feminina tem parecem seguir essa regra religiões de maior destaque no mundo
Maria de Fátima Ribeiro, do Virajovem Lavras (MG); Joaquim Moura e Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS)*; e Bruno Ferreira, da Redação
a
renúncia do Papa Bento 16 e a eleição do Papa Francisco agitaram as discussões sobre a tradição católica. Entre as discussões sobre a hierarquia da Igreja, alguns questionaram o papel da mulher no contexto da Igreja Católica, indagando por que as mulheres não podem estar à frente da religião mais poderosa do mundo. Em outras manifestações religiosas, a figura feminina pode ocupar posição de destaque. Mas na Igreja Católica, as mulheres, atualmente, exercem no máximo o papel de ministras da eucaristia, que ajudam os padres e dão a comunhão na missa, além das freiras, subordinadas aos mandos dos padres. Segundo Vanderlei Barbosa, filósofo, teólogo e professor no Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Igreja viveu um momento extraordinário entre 1962 e 1965 com o Concílio Vaticano II, no qual aconteceu uma revolução social com o Papa João 23. Isto significou a abertura para o diálogo com o mundo moderno, implantando uma doutrina social avançada em defesa das minorias, dos direitos humanos e foi o momento de diálogo com diversas religiões. No entanto, esse e outros processos emancipatórios foram minados pelas diretrizes políticas do Vaticano em condutas de silenciamento dos teólogos progressistas e das mulheres, acontecendo conjuntamente com um processo avassalador de fechamento e volta ao conservadorismo que marcou o pontificado de João Paulo II, apesar de ser uma figura carismática, adorada por muitos fiéis. Em termos doutrinários, aconteceu um conservadorismo forte que se fechou ainda mais com Bento 16. A mulher, histórica e culturalmente, é colocada no papel de subserviência, secundário. Do ponto de vista político e social, ao longo do tempo e mais recentemente, as mulheres conquistam espaços maiores de participação e governança. No aspecto religioso isso ainda caminha a passos lentos. O poder continua centralizado nos homens, mesmo que na Igreja Católica a mulher tenha participação ativa. Teologicamente, no entanto, não há nenhum impedimento para que a mulher possa exercer o papel central na vida da
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igreja, segundo Vanderlei. Ele dá exemplo de como mulheres foram “a figura central”, em muitas ocasiões na Igreja Católica. A figura de Maria é um exemplo. Para o teólogo, não faz mais sentido certos posicionamentos da Igreja como as questões que envolvem a sexualidade, contraceptivos e também questões como a discussão do celibato, que, segundo Vanderlei, não é um dogma, mas é uma lei eclesial e como toda lei, em determinado momento, historicamente, pode ser revogada.
Uma mUlher à frente da Igreja Não se sabe se é uma lenda ou fato verídico abafado pela Igreja Católica, mas há um boato de que os católicos já foram governados por uma mulher durante três anos durante a Idade Média, depois da morte do Papa Leão IV. A história possui algumas versões de cronistas do século 13. Uma delas é que uma mulher de Constantinopla teria se disfarçado de homem para ter direito ao estudo, antes restrito aos homens. Estudou teologia e, posteriormente, mudou-se pra Roma com a identidade de monge, onde surpreendeu a muitas autoridades com seu conhecimento e sabedoria. De monge, tornou-se cardeal de nome João, sendo eleita Papa em julho de 855, por unanimidade. Joana, no entanto, engravidou de um oficial da Guarda Suiça e deu à luz em meio a uma procissão, para o espanto dos fiéis que, segundo a lenda, reagiram com indignação, o que levou ao apedrejamento de Joana. Sobre essa história, vale a pena conferir o filme A Papisa Joana, de 2009, dos diretores Snke Wortmann e Sönke Wortmann.
Ribeiro
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Maria de Fátima
QUestIonadoras da Igreja Há uma instituição que questiona a posição da mulher na Igreja Católica, que marca presença constante nas redes sociais. Trata-se das Católicas pelo Direito de Decidir, fundada no Brasil em 8 de março de 1993. É uma organização não governamental feminista que busca justiça social, o diálogo inter-religioso e a mudança dos padrões culturais e religiosos que cerceiam a autonomia e a liberdade das mulheres, especialmente no exercício da sexualidade e da reprodução. Elas buscam entender a questão histórica da mulher enquanto “figura secundária” para a Igreja e o porquê do destaque dado aos homens.
Para o teólogo Vanderlei Barbosa, não há questões teológicas que impeçam a mulher de exercer funções de destaque nas religiões
Apesar de a religião ser um reflexo da sociedade que ainda coloca a mulher em papel secundário, há crenças que dão mais espaço à figura feminina. Este é o caso de um templo espiritualista de Porto Alegre (RS), dirigido por uma mulher, a Mestre Tala. Ela administra um complexo formado por 23 templos, fundado por seus pais, dedicados a diversos cultos espiritualistas, como a umbanda, esoterismo, xamanismo, budismo tibetano e hinduísmo. Nascida em 1952, sua mediunidade começou a se manifestar em 1965. Logo depois, passou a receber pessoas vindas de diversos lugares para conhecer o seu trabalho. Com o falecimento de seu pai em 1979, decidiu viajar por diversos países como Índia, Egito, Grécia e Israel para se inspirar. Nesse processo, teve a ideia de criar o templo com a diversidade religiosa, além de entender a importância da figura da mulher. “Todas essas peregrinações me provaram que o culto mais forte é a Nossa Senhora, porque é a mãe que carrega a dor. A mulher é uma representante de Nossa senhora na Terra.” Mestre Tala age como se fosse uma mãe e gosta de ser chamada assim pelas pessoas que convivem com ela. Não gosta que a chamem de “Mãe de Santo”, porque acredita ser apenas uma servidora de Deus. “Respeito a Jesus, respeito a Buda e a todos os credos. Todos também devem respeitar os diferentes credos.”
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Templo espiritualista de Porto Alegre é dirigido por uma mulher
Evelin Haslinger
Evelin Haslinger
Liderança feminina
Saiba mais sobre as Católicas pelo Direito de Decidir: www.catolicasonline.org.br
Mestre Tala dirige um complexo formado por templos de diversas religiões
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No Escurinho
Janelas para a liberdade A produção argentina Elefante Branco trata da luta de padres e comunidade para a conclusão de uma obra pública inacabada pelo Estado Sérgio Rizzo, crítico de cinema*
* www.sergiorizzo.com.br
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Divulgação
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a última década, histórias que combinam elementos românticos e sobrenaturais mostraram ser atraentes, em especial, para o público feminino na faixa dos 15 aos 30 anos. Basta olhar para o êxito da franquia Crepúsculo, baseada na série de romances para "jovens adultos" da norte-americana Stephenie Meyer. Os cinco longas-metragens – lançados de 2008 a 2012 – sobre a jovem Bella (Kristen Stewart) e o vampiro Edward (Robert Pattinson) arrecadaram US$ 3,34 bilhões apenas nos cinemas. Pode parecer relativamente fácil executar essa "receita" de sucesso, mas não é bem assim que as coisas funcionam no cinema. Os produtores de Dezesseis Luas, por exemplo, acreditavam que poderiam atingir o mesmo público-alvo de Crepúsculo (ou, ao menos, uma boa parcela dele), mas não rolou. Em todo o mundo, o filme não chegou a US$ 60 milhões de bilheteria, mais ou menos o que ele custou para ser feito. Era para inaugurar uma série. Agora, talvez não vá além desse primeiro longa. Ethan (Alden Ehrenreich) e Lena (Alice Englert), os protagonistas de Dezesseis Luas, também nasceram na literatura. Eles são os protagonistas da série Beautiful Creatures, das norte-americanas Kami Garcia e Margaret Stohl, com quatro romances para "jovens adultos" que foram traduzidos em cerca de 50 países. As autoras não participaram da adaptação para cinema, escrita e dirigida por Richard LaGravenese (Escritores da Liberdade). Pena que o filme não deu certo. Os personagens adolescentes são bem construídos e os dois protagonistas consideram a literatura uma parte importante das suas vidas. Enquanto se conhecem, eles travam diálogos sobre os escritores Kurt Vonnegut Jr. (Matadouro 5) e Charles Bukowski (O Amor é um Cão dos Diabos), entre outros. Ethan vive desde que nasceu em uma pequena cidade ultraconservadora dos Estados Unidos. Lena é uma forasteira que pertence a uma família temida pelos moradores. Os dois encarnam o espírito de rebeldia jovem que é sufocado em ambientes repressores. Para o casal, a saída está nos livros, que abrem janelas para a liberdade. V
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Que Figura!
A dama da Educação assistência social e, Anália Franco dedicou sua vida a obras de situação de vulnerabilidade principalmente, à educação de crianças em
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uem conhece o luxuoso bairro que leva o nome de Anália Franco, na capital paulista, pode não saber o quanto essa personagem se dedicou à educação dos mais humildes na segunda metade do século 19. Anália Emília Franco, filha de Teresa Emília de Jesus e Antônio Mariano Franco Júnior, nasceu em 10 de fevereiro de 1865, no Rio de Janeiro. Após se casar, passou a se chamar Anália Franco Bastos, mas ainda assim continuou sendo mais conhecida como Anália Franco. Ela e seu marido, Francisco Antônio Bastos, dividiam grande devoção ao Espiritismo Ainda aos 15 anos, formou-se professora, em 1868, mas desde muito cedo, Anália ajudava sua mãe como assistente de professora primária. Destacou-se na literatura como poetiza, teatróloga e jornalista. Em São Paulo, começou sua carreira no magistério, mas logo mudou-se para o interior, a fim de ajudar crianças que viviam em condição de vulnerabilidade. Conseguiu uma casa para instalar uma escola primária cedida por uma fazendeira que lhe impôs uma condição que não houvesse crianças brancas e negras estudando juntas. A proposta não agradou a Anália, que recusou a sugestão da fazendeira. Ela tirou do projeto de ser educadora a condição de gratuidade pelo uso do espaço. Anália teve que pagar um aluguel pelo uso da casa. Trabalhou em prol dos filhos de escravas durante a Lei do Ventre Livre, que andavam perambulantes e mendigando pelas ruas, após a expulsão das fazendas por serem considerados impróprios para o trabalho. Mudou-se para São Paulo, onde entrou para o grupo abolicionista e republicano. Neste grupo, atestou sua vocação para a política, demonstrando sua preocupação especialmente com as crianças desamparadas e sem perspectiva de melhora. Considerada uma mulher ousada, o título “A Grande Dama da Educação Brasileira” foi criado em sua homenagem. Anália Franco viveu além do seu tempo, realizando obras que proporcionou um pouco mais de conforto para muitos órfãos, crianças, viúvas, idosos e tantas pessoas desprovidas de atenção do Estado brasileiro de meados do século 19. Sua vida foi de trabalho intenso dedicado ao próximo. Fundou abrigos para órfãos, asilos, colônias regeneradoras, creches e escolas maternais, onde aplicou seus próprios métodos de educação e ensino. Publicou várias obras referentes aos cursos ministrados em suas escolas. Ao todo, Anália Franco esteve à frente da construção de 71 escolas, dois albergues, uma colônia de regeneração para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, uma Banda Musical Feminina, uma orquestra, um grupo de artes dramáticas, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, entre outras coisas. Tudo isso em 24 cidades do interior de São Paulo, além da capital. Anália Franco morreu aos 66 anos, em 20 de janeiro de 1919, como consequência da gripe espanhola, doença que matou várias pessoas à sua época. V
*Uma dos virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
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Sexo e Saúde
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ocê já deve ter ouvido falar de casos de pessoas que já fizeram sexo com animais. Apesar de casos assim serem contados no contexto de piadas e conversas descontraídas, trata-se de um transtorno mental chamado zoofilia, uma parafilia, que pode ser definida como um comportamento em que outro ser humano adulto não é o objeto de desejo da pessoa. A pedofilia (atração sexual por crianças), por exemplo, é considerada um tipo de parafilia, assim como a necrofilia (atração por cadáveres humanos). Zoofilia é uma parafilia, definida pela atração sexual de seres humanos por outros tipos de animais. Para esclarecer mais sobre a questão, conversamos com a psicóloga Caroline Cameiro Fontenele Alves. Confira a entrevista. V
Leonardo Nora e Marcos Craveiro, do Virajovem Rio Branco (AC)* Quem são os praticantes da Zoofilia? Homens ou mulheres de qualquer idade, geralmente com hábitos excêntricos, isolados e que preferem a presença de animais em vez de seres humanos e fazem do desejo uma busca de solução para seus problemas. A zoofilia não tem idade específica.
psiquiátrico, por se tratar de uma compulsão sexual, em muitas das vezes utiliza-se remédios. Pode ser realizado na rede particular ou pública de saúde. Quais são os tipos de consequências para o animal? Dano físico e deformação no órgão sexual do indivíduo, e vício no animal. Em muitas vezes pode levá-lo ao óbito.
Como procede o tratamento nestes casos? O tratamento para a zoofilia é longo, e raramente as pessoas procuram algum tipo de tratamento. Geralmente uma parafilia vem acompanhada de outra parafilia (com maior ou menor frequência) e raramente diagnosticadas clinicamente. O tratamento clínico inclui acompanhamento psicológico e
Quais são os tipos de animais que podem sofrer com a zoofilia? Todo e qualquer tipo de animal. Hoje em dia tem-se até filme pornô relativo a este tema. Os animais mais comum são galinhas, cachorros, bezerros, cavalos, cabritos, entre outros. Natália Forcat
Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org
*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no DF
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Rango da terrinha
Caldo do Rio NegRo
peixe A quinhampira é um prato que combina a zôni Ama da e temperos típicos da Região
Claudia Maria Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)*
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culinária indígena é um dos atrativos regionais de São Gabriel da Cachoeira (AM), que fica a 852 quilômetros de Manaus. A quinhampira é um dos pratos típicos da Região do Alto Rio Negro, onde a cidade é situada. A combinação entre peixe, pimenta e tucupi, um tempero de cor amarelada, extraído da mandioca branca, forma uma espécie de caldo ou sopa de peixe, muito apreciado pela população local e pelos turistas. A quinhampira pode ser acompanhada com beiju seco, beiju mole ou farinha, e o vinho de açaí é uma boa opção de bebida, que combina com o prato. Confira como preparar esse delicioso caldo! V
Ingredientes
Pimenta pequena, amarela, dividida em gomos e com formato alongado. É a pimenta brasileira mais forte, com grau nove na escala de ardume, e deve ser usada com bastante moderação.
Claudia Maria
Ferraz
*Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
1 peixe fresco (de preferência Aracu); 1 litro de água; 1 colher de sal; Tucupi a gosto; 8 pimentas de diversos tipos (malagueta, pimenta de cheiro etc); 3 pimentas murupi
Modo de preparo Num caldeirão, coloque um litro de água para ferver em fogo médio. Após a fervura, acrescente temperos como sal, tucupi, várias pimentas inteiras e o peixe tratado e cortado em pedaços. O tucupi deve ser colocado em pequena quantidade, só para dar gosto. Cozinhe o peixe com as pimentas e o tucupi e deixe ferver por meia hora. Depois, pegue as três pimentas murupi e um pouco de caldo e amasse as pimentas num prato. Depois de bem amassado, derrame tudo na panela novamente e deixe ferver por mais 15 minutos. Sua quinhampira está pronta! Sirva o prato com beiju ou farinha. Bom apetite!
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Intervindo com gentileza ------------------------------Projeto de arte e educação promove gentileza e bom convívio por meio de intervenções urbanas
M
uita gente já ouviu a frase “Gentileza gera gentileza”. Mas na prática, essa ideia surgiu de José Datrino, ou Profeta Gentileza. Ele disseminou mensagens e ensinamentos pelas ruas do Rio de Janeiro por quatro décadas. Sua obra mais conhecida, realizada em fins dos anos 1980, fica próxima à Rodoviária Novo Rio, nos pilares do Viadulto do Caju. Em verde e amarelo, a obra critica o capitalismo, apontando uma alternativa pautada pelo amor, pela sustentabilidade e pela gentileza social. Inspirado nas possibilidades das ações e obras gentis, nasceu o Mapa Gentil no Distrito Federal: projeto de arte e educação que conta com o apoio da Secretaria de Cultura do DF por meio do Fundo de Arte e Cultura (FAC). O trabalho é desenvolvido em escolas públicas, a fim de estimular a reflexão de jovens estudantes e moradores sobre o modo em que se ocupa o espaço urbano. Promove-se o bom convívio em sociedade por meio de intervenções de arte urbana, criando um roteiro cultural nas cidades satélites do DF. “O projeto pretende estimular a noção de pertencimento onde a cidade seja uma extensão de nossa casa, que os lugares sejam tratados como bem material de todos e que por isso temos o direito de embelezá-la, restaurá-la e trabalhar coletivamente para melhorá-la”, diz Janaína André, coordenadora do Projeto. Hoje, o projeto acontece no Centro de Ensino Médio EIT – Cemeit de Taguatinga (DF).
Em 2012, os trabalhos ocuparam estações de metrô, paradas de ônibus, ruas e feiras das cidades. Alcançou-se um grande público com a galeria de intervenções. Em 2013, o projeto continua. Pretende-se criar circuitos de visitação em espaços urbanos. O trabalho será feito especialmente na área entorno da Praça do Relógio em Taguatinga, provocando outro olhar para a região. A escolha de intervenções urbanas como ferramenta se deu pelo formato democrático, que insere a arte ao cotidiano das pessoas: resignificando e embelezando ruas, prédios, árvores. Além de disseminar a gentileza, o Mapa Gentil também pretende trabalhar a autoestima e a noção de pertencimento das pessoas, revelando o bem viver que se perde em meio a um mundo que carece tanto de uma cultura de paz, amor e gentileza. V Divulgação
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em
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Webert da Cruz, do Virajovem Brasília (DF)*
Participante do Projeto Gentil fazem intervenção artística
*Um dos virajovem presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal
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s o r i e c r a p s o s s No
Sexo e Saúde
pelo Brasil
Auçuba - Comunicação e Educação Recife (PE) aucuba.org.br
Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)
Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA - Fortaleza (CE) www.taconectados.blogspot.com
Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br
Amadora – Portugal www.buefixe.org
Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br
Idesca - Manaus (AM) www.idesca.org.br
Mídia Periférica - Salvador (BA) www.midiaperiferica.blogspot.com.br
Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br
Agência Fotec – Natal (RN)
Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br
Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br
Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br
Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com
Lunos - Boituva (SP) www.lunos.com.br
Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org
Casa Pequeno Davi João Pessoa (PB)
União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre - (RS) www.umespa.org.br
Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)
Coletivo Jovem - Movimento Nossa São Luís São Luís (MA)
Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br
União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com
Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com
Oi Kabum - Rio de Janeiro (RJ) www.oikabumrio.org.br
Grupo de Comunicadores Adolescentes e Jovens da Vila de Ponta Negra (UFRN)
Rejupe www.rejupe.org