Fotolivro X Encontro de Bandeiras de Folia de Reis - 2018

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> Arte de divugação do evento X Encontro de Bandeiras de Folias de Reis.

04. Os Reis

08. O evento

ÍNDICE

História e participação da Folia na cultura religiosa frutalense

18. Os foliões

Um resumo imagético do evento

Quem fez parte e o que aconteceu durante o dia dedicado a Folia

Alunos.

Vitor Hugo Girotto

Bruno Honorato Benetti Disciplina. Jornalismo Cultural

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

OS REIS

História e participação da Folia na cultura religiosa frutalense

Foliões

confraternizam e se preparam para as apresenatações sentados à sombra em banco da praça, enquanto aguardam o início do evento.

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Folia de Reis, Festa de Santos Reis, Reisado ou Dia dos três Reis Magos, o festival de resgate à cultura e religiosidade regional realizou no domingo do dia 02 de setembro de 2018 sua décima edição. A celebração do X Encontro de Bandeiras de Folias de Reis de Frutal reuniu na cidade 25 companhias representantes tanto de cidades do estado de Minas Gerais como de São Paulo. Grande parte do evento aconteceu na praça da matriz da cidade de Frutal com atividades durante o dia todo. Foram mais de 11 horas de festividades.

A tradição da folia de reis reencena a viagem dos Reis Magos a Belém para adorar o Menino Jesus. Os participantes da encenação, em troca de dadivas recebidas, oferecem benção e proteção em nome dos Magos. O ritual sagrado ou giro acontece entre a festa da Natividade, ou Natal, e a festa dos Santos Reis, também chamada de Epifania (25 de Dezembro a 06 de Janeiro). Estas manifestações folclóricas de caráter religioso-popular mantêm forte presença no interior do Brasil, especialmente nas regiões cafeicultoras e de cana de açúcar. Musicólogos como Carlos Rodriguez Brandão (1977) e Alceu Maynard Araújo (1949), confirmam que a tradição é de origem Ibérica e foi trazida ao Brasil por colonizadores portugueses.

A relação dos participantes com os seres divinos propõe um triângulo da fé inspirado em reciprocidade onde promessas transformam-se em bênçãos, proteção, e recompensas para aqueles que determinadamente cumprem suas promessas com os Reis Magos. O triângulo da fé exterioriza a crença popular através da manifestação

verbal religiosa, a qual é transformada num sistema de verdade na medida em que os elementos do triângulo se completam e transformam positivamente a vida de seus participantes.

No final da década de 1920 a música do interior do Brasil começava a ser levada para os centros urbanos, e através do escritor Cornélio Pires e de seu projeto pioneiro de gravação, passa a ser denominada “música caipira.” No decorrer dos últimos 50 anos o gênero caipira passou não somente a representar o interior, mais também a influenciar outros estilos de música.

Contudo é na relação da música rural com o mundo urbano e suas variedades regionais, que a música da Folia de Reis se transforma em música caipira. Na região Sudeste do Brasil a tradição da folia, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo, é influenciada pela variedade de ritmos regionais.

A música da Festa de Santos Reis e a música caipira compartilham de características comuns, tal como o uso de melodias de caráter melancólico, progressões harmônicas, e a maneira e forma de cantar e tocar os instrumentos musicais como a viola e o violão. Contudo é na toada da folia paulista que o relacionamento entre a música sertaneja e a da folia de reis se estreitam. Assim como na música interiorana, o Reisado paulista faz o uso da viola caipira e do violão no acompanhamento das vozes, na qual os cantores cantam em terças paralelas (ou sextas).

O uso de verso seguido de refrão é também outra característica do estilo paulista. “Alguns violeiros e cantadores de folia de reis atuais têm influência das duplas caipiras que ouviram nas rádios: utilizam seu estilo nos duetos das cantorias, reproduzem trechos de ponteados nas folias que giram pagando promessas em devoção a Santos Reis.” (Saenger, 2002:40)

Assim como os Reis Magos são o centro das relações de fé da

folia de reis, a jornada sagrada completa as obrigações de reciprocidade e estimula os participantes a continuarem suas jornadas. A música caipira-religiosa fornece o meio para que a jornada se concretize, e através do verso, estimule o equilíbrio entre as partes na comunicação entre o mundano e o espiritual. É através da toada, a verdadeira expressão artística da folia de reis, que seus participantes, músicos e pessoas da comunidade, manifestam seus desejos e cumprem suas obrigações religiosas e sociais. Na mão dos tocadores de viola e suas variações de estilos musicais, a toada inspira mestres e contramestres de folia de reis contribuindo para uma visão ampla da fé através do verso da música caipira.

PROGRAMAÇÃO

O início do encontro aconteceu por volta das 9h30, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, com a celebração da tradicional Santa Missa. Antes da pregação, às 6h30 foi oferecido o café da manhã na Escola Municipal Gomes da Silva. Logo após, a população reuniu-se na praça em frente à igreja para acompanhar as apresentações mistas de músicas, vestimentas e teatralidades tradicionais, a partir das 11h. Em seguida, às 12h, veio o almoço, novamente na Escola Gomes da Silva, e por fim o encerramento às 18h. Cerca de 1.500 foliões e comunidade frutalense participaram do café da manhã e almoço, oferecidos na Escola Municipal Gomes da Silva, apontou o diretor do Departamento Municipal de Cultura, Raphael Silva.

O EVENTO

Quem fez parte e o que aconteceu durante o dia dedicado a Folia

Na organização, o evento contou com a coordenação entre a Associação Companhia de Santos Reis Estrela da Guia e o Setor de Cultura da Prefeitura de Frutal. O palco foi agraciado com a presença de representantes dos grupos organizadores, apoiadores e figuras importantes da cidade, são eles: o locutor convidado, Luiz Angelo Silva Júnior; o diretor do Departamento de Cultura, Raphael Silva; a prefeita Maria Cecilia Marchi Borges (Ciça); a Secretária de Educação, Gabriela Ferreira de Mello Borges; o dono da rádio 97FM, Romero Britto; o pároco Rogério Consentino de Aguiar e; o presidente da Companhia Estrela da Guia, Debrair Cassimiro Amânsio.

A Secretaria de Cultura participou do evento por meio de investimentos do ICMS Cultural nas áreas da alimentação, contribuindo com grande parte das preparações das comidas tradicionais do encontro, e estrutura do evento, por meio da montagem das tendas, banheiros químicos e som. O recurso proveniente do estado é destinado ao evento como forma de preservação à atuação cultural da Companhia de Santos Reis Estrela da Guia de Frutal, registrada como patrimônio imaterial do município.

Os festejos são realizados com determinadas particularidades à cada região, no município de Frutal há apropriação das raízes culturais e suas referências locais que solidificam a identidade da cidade. Cada cidade possui suas características. Dado o apelo cultural e não competitivo, na folia de Reis não existe premiação. Os troféus e medalhas entregues são comprovantes da participação às cidades que se apresentaram.

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Participaram 13 companhias de cidades paulistas, dentre elas: Mirassol, Olímpia, Paulo de Faria, Guaraci, Ubarama, Barretos, Viradouro, Severína e Magda. E 12 de cidades mineiras: Frutal, Conceição das Alagoas, Araguari, Aparecida de Minas, Fronteira, Itapagipe e Prata,

> Máscaras características dos reis magos, celebrados pelo festival, e pequenas lembranças foram comercializados no dia.

OS FOLIÕES

Um resumo imagético do evento

O encontro é realizado há 10 anos, porém a cultura da Folia de Reis é uma manifestação muito mais antiga. Reconhecida como patrimônio cultural imaterial do estado de Minas somente em 2017 e perpetuada através da Companhia de Santos Reis Estrela Guia no município em 2016. O diretor do Departamento Municipal de Cultura, Raphael Silva, explica que a relevância da manutenção do costume religioso se encontra no mantimento da expressividade cultural que produz forte apelo de identificação ao povo frutalense e mineiro em geral.

A Companhia Estrela da Guia perpetua mês a mês sua tradição cultural e religiosa participando dos festejos contratados pelos munícipes que seguindo as crenças procuram uma forma de pagar suas promessas. Produzem então fortalesciemento da fé através das danças típicas, cantos e vestimentas coloridas

Com o reconhecimento do status de patrimônio cultural imaterial foi firmada ajuda à realização das ações relacionadas a folia de reis em Frutal, ou seja, é obrigação do poder público preservar. O recurso pode ser destinado não somente a realização do encontro como em diversas outras atividades que fortaleçam a folia como no aluguel de transporte e abastecimento, alimentação e outros gastos que a companhia demanda.

Raphael completa que mesmo sem o dinheiro é essencial reafirmar o acontecimento dos costumes “O decreto legitimando que aquilo é uma cultura importante para o município é o que fica. O município e o grupo se tornam responsáveis de manter essa tradição independente se tem dinheiro, por que nem sempre é com recurso que se mantém a tradição... a partir do momento que se torna oficial tem-se essa obrigação de manter. O importante é reconhecer que cultura é importante para o município”.

Uma das problemáticas debatidas pela companhia é a participação do público jovem, através do trabalho dessa cultura de participação e o apoio do poder público espera-se que crianças se integrem aos movimentos para acontecer a renovação e continuidade. Outro obstáculo é a delimitação religiosa, outros cultos como os evangélicos se mantêm fora das festividades em detrimento do não reconhecimento desses santos, por isso há a necessidade de se fazer o trabalho de conscientização para que entenda-se a folia além de uma cultura religiosa, como uma cultura tradicional de danças e hinos.

Os foliões fantasiados das figuras mitológicas dos reis magos fizeram apresentações de dança e interagiram com o público.

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As danças tradicionais de cada companhia apresenta traços de cultura religiosa, através de batidas dos pés e movimentos com os braços, e circences, com piruetas e acrobacias realizadas entre ambos os dançarinos.

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