Edição de março de 2021

Page 1

PUB

Promoção válida de 13 de Maio a 31 de Julho de 2019. Para as colecções das marcas Pull and Bear, Amichi, Pepe Jeans, Mango, Custo BCN, Victorio & Lucchino, Pedro del Hierro e Hackett disponíveis em cada estabelecimento Opticalia. Para monofocais: Lentes monofocais orgânicas brancas com índices de refracção 1,50 / 1,60 ou 1,67, com tratamento AR, da linha Vistasoft da Opticalia. Para progressivos, as lentes serão sempre lentes progressivas orgânicas brancas com índice de refracção 1,50 ou 1,60 com tratamento AR, das linhas Basic, Quality ou Prestige, da linha Vistasoft da Opticalia. Para ambos casos, as lentes deverão estar, nos intervalos de fabrico disponíveis dos fabricantes Vistasoft em stock e de fabrico. Financiamento mínimo de 12 prestações e máximo de 60 prestações mensais. TAN E TAEG DO CARTÃO DE CRÉDITO OPTICALIA: 0%. A utilização do crédito está condicionada a uma mensalidade mínima de 9,95€. Crédito disponibilizado pela Abanca Servicios Financieros e sujeito à sua aprovação. As ópticas OPTICALIA atuam como intermediárias de crédito a título acessório e sem carácter de exclusividade.

Ano 14 - n.º 177 - março 2021

Preço 0,01€ Mensal

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida PARQUE NASCENTE, loja 409 EMPORIUM PLAZA, Loja 101

Visite-nos em: www.vivacidade.org - E-mail: geral@vivacidade.org

PUB

Marco Martins: “É minha intenção recandidatar-me, mas será sempre uma decisão do partido.”

> Págs. 24 ,25 e 26

Entrevista Miguel Guimarães: “Nenhum médico pode ser obrigado por lei a praticar eutanásia” > Págs. 12 e 13

Sociedade Mário Giesta: “Fazer o bem, era das coisas que mais me dava prazer.” > Págs. 16 e 17

Reportagem

A vida dos gondomarenses um ano depois da pandemia > Págs. 20 e 21

Política

Jorge Ascenção: “É um desafio muito grande ser candidato pelo PSD à Câmara de Gondomar” > Pág. 34 PUB


2

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Editorial José Ângelo Pinto Administrador da Vivacidade, SA. Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT

Caros leitores, Na edição de Março de 2020 escrevi: “Estamos perante a pior situação económica, financeira e social dos últimos 70 anos. A pandemia provocada pelo vírus habitualmente designado “CORONA VIRUS” está instalada e a obrigar ao retiro da maior parte da população para casa e ao fecho generalizado dos estabelecimentos comerciais. Todos devemos proteger-nos e proteger as outras pessoas. Aplicar regras simples como manter sempre uma distância de segurança e conforto de 2 metros em relação a todas as outras pessoas; evitar o toque direto de superfícies lisas, como maçanetas, corrimões, vidros, etc.; evitar o contacto físico entre pessoas, quaisquer que sejam os envolvidos e a razão, nomeadamente cumprimentos ou outras saudações e desinfetar constantemente as mãos, evitando que estas entrem em contacto com a boca, nariz ou ouvidos. Uma palavra especial para todos os que trabalham na área da saúde, incluindo especialmente todos os que fazem apoio e são os responsáveis por haver comida, limpeza e equipamentos a funcionar nos hospitais e que não são muitas vezes lembrados, injustamente, ao lado dos médicos, enfermeiros e outros profissionais que contactam diretamente com as pessoas. O profissionalismo, a competência e a abnegação que têm vindo a demonstrar é a prova provada de que são muito grandes seres humanos, que se estende às chefias e administrações de hospitais, de direção geral da saúde e muitas outras estruturas publicas. Muito Obrigado. Já o nosso Presidente da Republica, Primeiro Ministro e restante governo central não podemos dizer que estão a desenvolver um bom trabalho, especialmente quando ignoram totalmente as consequências de nada fazerem para apoiar as pequenas empresas e comerciantes que foram obrigados a fechar, quer porque tal resulta da imposição do Estado de Emergência quer porque deixaram de ter clientes no seu negócio. Para estes cidadãos, o estado apenas tem duas medidas. Uma é financiamento teoricamente automático e barato. E a outra é a possibilidade de dispensar os trabalhadores com redução de vencimento para 2/3 e pagamento em 70% pela segurança social e 30% pela empresa. Quer uma medida quer a outra são insuficientes e injustas. Principalmente quando os trabalhadores do estado e das autarquias que ficam em casa porque o seu serviço encerrou têm vencimentos garantidos por inteiro. Ou seja temos milhares de pessoas que não têm qualquer rendimento (pequenos comerciantes e empresários) e que têm que continuar a pagar todos os custos e temos outros que ainda vêm aumentado o seu rendimento disponível pois nem precisam de se deslocar para o trabalho para o auferirem. Vamos acreditar. Cuidem-se e cuidem dos seus evitando todos os contactos desnecessários para que possamos ficar todos bem.” Um ano depois, tudo igual. Continuem protegidos!

PRÓXIMA EDIÇÃO 22 ABRIL

SUMÁRIO:

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivacidade.org

Breves Página 4 Sociedade Páginas 6 a 30 Entrevista Páginas 12 e 13 Reportagem Páginas 20 e 21 Destaque Páginas 24, 25 e 26 Cultura Páginas 32 e 33 Política Páginas 34 a 43

POSITIVO

O Clube Naval Infante D. Henrique venceu Campeonato Virtual Remo 2021. A Prova organizada pela Federação Portuguesa de Remo levou à vitória várias equipas dos gondomarenses. Ambas as equipas seniores masculino e feminino receberam a medalha de ouro. Os veteranos obtiveram a medalha de bronze e os Juniores femininos receberam a medalha de prata. NEGATIVO

Jardins da Junta de Freguesia de Baguim do Monte são vandalizados

Opinião Páginas 46 e 47

Viva Saúde Paulo Amado*

Médico Especialista de Ortopedia e Traumatologia * Médico Especialista de Ortopedia e Traumatologia Professor Doutor em Medicina e Cirurgia Mestre em Medicina Desportiva Diretor Clínico da CLÍNICA MÉDICA DA FOZ – PORTO ( 226178917) Coordenador da Unidade de Medicina Desportiva e Artroscopia Avançada do HOSPITAL LUSÍADAS - PORTO Vice Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé Membro do Council Europeu do Pé - EFAS CLÍNICA DESPORFISIO – EDIFICIO RIO TINTO I RIO TINTO

REFLEXÕES PARA O DIA MUNDIAL DO EXERCICIO

ANUNCIE AQUI Tel.: 910 600 079 pedro.barbosa@vivacidade.org geral@vivacidade.org

SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER E A NOSSA ASSINATURA MENSAL geral@vivacidade.org VISITE-NOS NAS NOSSAS REDES SOCIAIS: www.vivacidade.org www.facebook.com/jornal www.facebook.com/jornalvivacidade www.instagram.com/ www.instagram.com/vivacidade er.com/ www.twitter.com/vivacidade

A propósito do dia 6.4.2021 - DIA MUNDIAL DO EXERCICIO. Que o exercício físico é fundamental para manter a saúde do corpo já é uma frase repetida várias vezes, no entanto é de reforçar a necessidade do exercício físico não só nas idades intermédias mas especialmente na criança e no idoso, e aqui esquecemos muitas vezes, de motivar estas faixas etárias. Na criança a especial atenção para o exercício de físico regular, combatendo a inércia muitas vezes motivada por costumes recentes como os telemóveis e outros utensílios usados em demasia, que implicam sedentarismo. Temos de combater a obesidade infantil, uma patologia em crescimento nos nossos tempos. Está provado, que o exercício físico que o ser humano pratica na juventude, marca a sua performance e saúde para o resto da vida. São aspectos que não devemos esquecer, sendo mesmo um problema actual, com a inatividade física, provocada pelo confinamento na Pandemia. Já no idoso, outra faixa etária em que o exercício é muito esquecido, é fundamentalmente combater um dogma atual, em que o exercício físico não é para o idoso mas sim apenas para os jovens. Vemos muita gente a correr, a andar de bicicleta mas muito poucos idosos. Existem aspectos de cultura física do próprio idoso, entre os quais não fica bem vestir um calção de licra ou outro equipamento desportivo. Já ouvi comentários “ o velhote parece

maluquinho assim vestido...” . Temos de acabar esta visão da sociedade. Sabemos hoje que problemas ortopédicos degenerativos, que são tratados com próteses tais como joelhos , ancas , tornozelos, não são uma proibição para atividades físicas mas bem pelo contrario, podem adaptar-se a exercícios do gosto do idoso. Temos assim, pacientes que fazem surf com uma prótese da anca, corrida com prótese da anca, bicicleta com próteses do joelho e prótese da anca e joelho num paciente que joga golfe. Desporto para todos, independente da idade, ou condição física. Vejam o exemplo que nos dão os incapacitados físicos, que não se deixam vencer pala sua incapacidade física ou mental. Cabe a todos motivar crianças e idosos para o exercício físico. É excelente ver alguns idosos que acompanho medicamente a correrem em maratonas, claro de acordo com as suas limitações, ou mesmo andar de bicicleta. Hoje que vivemos numa sociedade que já despertou para a necessidade do exercício regular, basta apenas convencer muitos amigos e familiares a acompanhar-nos numa caminhada que seja. Damos assim sentido a uma frase essa sim, com uma mensagem clara , “DESPORTO PARA TODOS...” A propósito poderão assistir a uma intervenção minha sobre este assunto dia 6.4.2021 às 8:30 na RTP1 Abraço a todos os leitores assíduos e sei que são muitos...

FICHA TÉCNICA Registo no ICS/ERC 124.920 | Depósito Legal: 250931/06 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) | Diretor Adjunto: Carlos Almeida Redação: Carlos Almeida e Gabriela Monroy | Departamento comercial: Pedro Barbosa Tel.: 910 600 079 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivacidade.org/vivacidade | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435778 Baguim do Monte Tel.: 919 275 934 | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: LUSO IBÉRIA – Av. da República, n.º 6, 1.º Esq. 1050-191 Lisboa | Colaboradores: André Rubim Rangel, Andreia Sousa, António Costa, António Valpaços, Beatriz Oliveira, Bruno Oliveira, Carlos Almeida, Diana Alves, Diana Ferreira, Domingos Gomes, Frederico Amaral, Gabriela Monroy, Germana Rocha, Guilhermina Ferreira, Henrique de Villalva, Isabel Santos, Joana Resende, Joana Simões, João Paulo Rodrigues, José António Ferreira, José Luís Ferreira, Luís Alves, Luís Monteiro, Luís Pinho Costa, Manuel de Matos, Manuel Teixeira, Marta Sousa, Paulo Amado, Pedro Oliveira, Rita Ferraz, Rita Lopes, Rui Nóvoa, Rui Oliveira, Sandra Neves e Sofia Pinto. | Impressão: LusoIbéria | Tiragem: 10 mil exemplares | Sítio: www.vivacidade.org | Facebook: facebook.com/vivacidadegondomar | E-mail: geral@vivacidade.org


PUB

PUB


4

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Breves Gondomar SC perto da fase de subida à Liga Sabseg Na liderança da Série C do Campeonato de Portugal, faltando duas jornadas, o Gondomar SC depende de si para chegar à fase de subida da Liga Sabseg. Para isso, a equipa liderada por Américo Soares tem de garantir o primeiro lugar nos próximos dois jogos. O primeiro será defrontando a 3 de Abril o SC Coimbrões no parque Silva Matos e o segundo será no dia 11 de Abril contra o Marítimo B no Estádio S. Miguel. Na segunda posição com menos um ponto segue o Leça FC e no terceiro posto o CD Trofense com menos 2 pontos.

União de Freguesias comemora dia Mundial da Árvore A União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova celebrou o Dia Mundial da Árvore, através de uma plantação simbólica de árvores. Foram plantadas algumas árvores em Belói, na freguesia de São Pedro da Cova, em colaboração com o Movimento Couce é do Povo. Na freguesia de Fânzeres foram plantadas no Jardim de Infância de Montezelo. O intuito da ação é sensibilizar a população para a importância do ambiente.

União de Freguesias celebra Dia da Árvore e Dia da Poesia No dia 23 de março as escolas EB1 do Souto, EB1 Pinheiro d’Além, EB1e Outeiro e Atães receberam a visita de António Braz, Presidente da União de Freguesias de São Cosme (Gondomar), Valbom e Jovim e de Domingos Patricio, (patrocinador desta edição da poesia de rua). O intuito da visita foi comemorar o Dia da Árvore e da Poesia. Em cada uma das escolas foram plantadas árvores de fruto.

Dia da Mulher celebrado nas Juntas de Freguesia

Biblioteca Municipal de Gondomar em regime Take Away. A reabertura traz a novidade do empréstimo em regime de take-away, que permite a requisição de livros através do seu catálogo online.

Doe Sangue, Doe vida!

Para o mês de abril, a população interessada poderá proceder à doação de sangue nos seguintes locais: dia 11 de abril, na Escola E.B. 2\3 de Jovim, entre as 9h e as 12 h 30 min; e no dia 17 e 18 de abril, será realizada na Escola Secundária de São Cosme, entre as 9h e as 12 h 30 min.

Lomba com novo espaço No dia 17 de março 2021, realizou-se a escritura entre a Câmara Municipal de Gondomar e a Igreja da Lomba para a aquisição do terreno com o intuito da construção do Largo de Santo António. Com esta intervenção irá ser construído um novo miradouro e um novo espaço de lazer para todos usufruírem.

Gondomar autoriza esplanadas no espaço público até ao final do ano O Município de Gondomar autorizou, a título excecional, até ao final do ano de 2021, a instalação de esplanadas para estabelecimentos de restauração em passeios e espaços públicos, incluindo a ocupação de lugares de estacionamento, com isenção das respetivas taxas.

Atletas da APPC novamente na Seleção Nacional de Boccia A Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) volta, uma vez mais, a compor considerável parte dos convocados para a Seleção Nacional de Boccia. De um total de duas dezenas de atletas convocados, cinco pertencem à APPC. Abílio Valente e Nelson Fernandes (BC2), Armando Costa e Avelino Andrade (BC3) bem como Manuel Cruz (BC4), acompanhados pelos respetivos parceiros/ treinadores são os elementos que a APPC “empresta” à Seleção Nacional – que se encontra a realizar estágio no Pavilhão Gimnodesportivo Municipal do Luso (entre os dias 19 e 26 de março). De recordar que entre os atletas que costumam representar a APPC, o leque é composto por vários praticantes com o título de campeões europeus, mundiais e paralímpicos – sendo que alguns irão marcar presença nos Jogos Paralímpicos que se realizarão este ano em Tóquio.

A União das Freguesias de Gondomar (S.Cosme) , Valbom e Jovim em colaboração com Associação das Donas de Casa de Gondomar homenageou todas as mulheres neste dia, com uma iniciativa online. A União de Freguesias de Fânzeres e S.Pedro da Cova quis assinalar este dia, através de um poema de Maria Teresa Horta - Pequena Cantiga à Mulher. Foi oferecida uma flor e um poema, a cada mulher que se deslocou aos serviços de secretaria desta União de Freguesias. A Junta de Freguesia de Rio Tinto por via facebook, homenageou as mulheres com várias mensagens do presidente Nuno Fonseca, Eurodeputada Isabel Santos, Vereadora da Câmara Municipal Cláudia Vieira, Vogal da Junta Conceição Loureiro, entre outras personalidades.

Escolas de Gondomar quase livres do Amianto Atualmente, o Município de Gondomar tem apenas por remover o amianto de duas escolas do concelho (Escola Secundária de Valbom e Escola Secundária de São Pedro da Cova). Orçados em cerca de 170 mil euros, os trabalhos de remoção nestes dois estabelecimentos de ensino encontram-se já adjudicados. Esta aposta por parte do Executivo Municipal vem, por um lado, no sentido do cumprimento das disposições legais relacionadas com o diagnóstico, monitorização, substituição, remoção e destino final do amianto presente nos edifícios públicos e, por outro, da defesa e salvaguarda da saúde da comunidade escolar gondomarense.

Curta-metragem “Raiz” com menção honrosa no “Abbey Film Festival” “Raiz”, curta-metragem realizada por Vasco André dos Santos com direção artística de Mónica Cunha, recebeu uma Menção Honrosa na primeira edição do “Abbey Film Festival” (Londres). Desenvolvida em tempos de quarentena e filmada em Gondomar e diversos locais da Área Metropolitana do Porto, esta curta-metragem conta com a participação de elementos da companhia “Era uma vez... Teatro” da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. “Raiz” pretende fazer uma reflexão sobre a figura maternal, o papel social que esta ocupa e as diversas formas que pode assumir para cada indivíduo (através de uma narrativa fragmentada e inversa). Depois da antestreia “online” a 3 de outubro de 2020, a curta-metragem continuou o seu “trajeto” para os festivais da especialidade – e, agora, foi destaque no “Abbey Film Festival”.


PUB


6

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

A experiência da mentoria no E@D na ESG

Alunos de Economia desenvolvem Programa de Mentoria.

A mentoria pode ser definida como o ato de orientar alguém. Assenta na premissa de que uma pessoa que passou por um determinado processo terá o know-how necessário para influenciar positivamente quem ainda o está a iniciar ou a percorrer, apontando-lhe metodologias próprias e ajudando a lidar com emoções. No nosso Agrupamento, este projeto surgiu, de forma orgânica, por parte de um grupo de alunos do 12º ano (do qual se destaca, na gestão e organização, a aluna do 12º 4, Maria Ferreira) e foi imediatamente acolhido pela Direção e pelo corpo docente. Apesar de ter sido pensada para ser executada presencialmente, rapidamente se percebeu que a mentoria poderia ser fundamental durante o E@D, dado que as dinâmicas escolares e pessoais se alteraram. Deste modo, os mentores apresentaram, virtualmente, às turmas do 9º, 10º e 11º anos o programa idealizado em grupos. O nosso grupo ficou incumbido de o fazer no 10º7. Com a colaboração da Diretora de Turma, Filomena Martins, realizamos uma videoconferência no dia 27 de janeiro, na qual tivemos uma boa receção e adesão, o que se traduziu num grupo de cerca de duas dezenas de mentorandos dessa turma. O plano de ação foi, naturalmente, adaptado às disciplinas envolvidas e acreditamos que o nosso trabalho tem tido benefícios mútuos. Os alunos têm melhorado o seu desempenho escolar e sentem-se mais confiantes com a matéria. Nós também sentimos que estamos a progredir, no que diz respeito aos nossos conhecimentos, além de termos a oportunidade de melhorar a nossa capacidade de comunicação. Beatriz Mendes, Luís Pinto, Martim Almeida (12º17)

https://www.apa.org/images/2014-01-mentor_tcm7-164664.jpg

viam-nos um link com exercícios para nós resolvermos. No fim, corrigimos o trabalho e os mentores esclarecem as questões em que tivemos mais dificuldades. Estamos a gostar imenso das sessões, pois temos ultrapassado as nossas dificuldades

e melhorado as nossas aprendizagens, ao nível da interpretação, da compreensão oral, do vocabulário e da gramática. O nosso obrigada, aos nossos mentores!

Testemunhos de mentorandos Somos alunas do 10º 7, do curso de Ciências Socioeconómicas e, no início de fevereiro, já com o E@D, inscrevemo-nos no Programa Mentoria da nossa escola, na disciplina de Inglês. Os nossos mentores são o Luís Pinto, do 12º17, e a Sara Correia, do

12º 5. As nossas sessões são à quarta-feira, das 17h45 às 18h30, por videochamada. O que fazemos nessas sessões? Os mentores apresentam um PPT com a matéria que estamos a trabalhar em Inglês, falamos sobre os vários diapositivos e, depois, en-

Sofia Silva e Soraia Cunha (10º7 - CSE)

O AEG1 em tempos de Covid19

Pais e encarregados de educação têm a palavra. A ESG foi a minha escola no Ensino Secundário e é, agora, a escola da minha filha mais velha, que frequenta o 3º ciclo. Concluído o 2º ciclo, consideramos, cá em casa, por motivos vários, ser mais positiva a transferência da nossa educanda para a ESG. Esta foi, de facto, a melhor coisa que fizemos! Estou muito contente com o seu percurso escolar. Considero mais importante o desenvolvimento pessoal e a interiorização dos valores que lhe formos incutindo ao longo da sua vida do que, propriamente, as classificações obtidas. Penso que o saber estar, o sentido de responsabilidade, a concentração e compreensão são os princípios de tudo… O resto acaba por se evidenciar! Esta escola tem vindo a demonstrar um interesse profundo nos alunos, o que me parece fundamental para o bem-estar de

todos. Relativamente a este ano atípico, tenho de parabenizar a escola e os professores por todo o empenho e cuidado, pela dedicação e organização que têm demonstrado, quer nas aulas presencias, quer nas aulas online. A minha educanda nunca se sentiu perdida ou esquecida! A escola faznos sentir seguros e confiantes. Quanto às aprendizagens, considero que estão a ser desenvolvidas de uma forma bastante positiva e equilibrada. Também a variedade de projetos e de atividades acabam por cativar os alunos. Desta forma, a motivação é constante e as aprendizagens, na sua maioria, tornam-se divertidas e “necessárias”. Joana Marques EE do 8º2

Devido à pandemia SARS COVID-19, a escola depara-se com vários problemas e tem exigido um esforço redobrado a todos os agentes educativos face aos desafios que lhes são colocados, sendo a mudança na modalidade de ensino dos professores um dos melhores exemplos para explicar a anormalidade que impera. O recente e repetido confinamento social trouxe o Ensino à Distância, acelerando a passagem para uma sociedade digital, processo que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos e que teve, em março de 2020, o primeiro grande sinal de presença. Esta mudança de paradigma tem fomentado o isolamento e o aumento da ansie-

dade de toda a comunidade educativa. A Escola e, neste caso, a nossa escola tudo tem feito para manter vivas a relação professor-aluno, as interações entre todos, sendo exemplo disso as newsletters semanais, enviados para alunos, pais e encarregados de educação. Apraz-me constatar que, nesta situação de maior adversidade, a escola conseguiu gerar soluções inovadoras com o objetivo de dar respostas às solicitações que se avolumam, permitindo que se continue a afirmar como um espaço de referência política, económica e social. Luís Carlos Lobo EE da Ana Marta (11º2)


PUB


8

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Nuno Santos:

“A Autarquia tem que fazer a parte dela e neste caso tem ficado muito atrás, no que diz respeito ao que tem de ser feito para a proteção e defesa animal” Em março do ano passado, Nuno Santos, decidiu fundar os Animais de São Pedro- Movimento de Defesa Animal. Com esta oficialização do Movimento, Nuno conseguiu a oportunidade de que mais pessoas ficassem a conhecer o seu trabalho e o ajudassem a atingir o seu objetivo principal, que passa por auxiliar os amigos de quatro patas que se encontram em situações de risco. Como é que surgiu esta iniciativa de criar este Movimento aqui em S. Pedro da Cova? Esta iniciativa abrange outras zonas do concelho? E como é que funciona? Este Movimento surge de uma vontade individual. Quando o fundei pretendia dar mais credibilidade e visibilidade à causa em que já trabalhava individualmente e assim conseguir mais apoios. A zona de maior incidência é São Pedro da Cova. Quanto ao nosso funcionamento, no caso dos gatos, a maior parte das capturas, têm sido a pedido. Como pela nossa parte há um maior acompanhamento na zona, obviamente que as pessoas conhecem-nos e sabem o trabalho que é feito. Em simultâneo, as pessoas no Facebook vêm a publicação da colónia X que foi esterilizada e contactam-me a pedir ajuda para outra colónia. Nem sempre dá para ajudar toda a gente. Eu sou só um, nem é pela questão financeira, porque o movimento tem vendido merchandising para conseguir ter verbas para esterilização, às vezes é mesmo a questão de tempo e disponibilidade dos veterinários. Sente que em Gondomar esta situação dos animais de quatro patas é negligenciada? Há falta de atenção para este sector ou acredita que comparando a outros concelhos, a situação é boa? Nós não somos um concelho que está

bem. Uma das razões pela qual não estamos bem é a mentalidade de sermos um concelho com uma população muito rural. Temos muita zona de floresta, isso também tem influência. Acho que a mentalidade em Gondomar tem de evoluir, tanto por parte dos cidadãos como da própria Autarquia. E, ao meu ver, falta muito. As Associações de Gondomar, bem como os cuidadores informais como eu, tentam fazer aquilo que podem, mas não conseguem tapar os buracos todos porque não dá. A Autarquia tem que fazer a parte dela e neste caso tem ficado muito atrás no que diz respeito ao que tem de ser feito para a proteção e defesa animal. Na sua opinião, o que é que é necessário fazer para que as coisas comecem a mudar? Eu acho que passa muito pela sensibilização e pela aplicação das leis. Muitas vezes vemos casos gravíssimos de maus tratos a animais com penas suspensas. Eu já fiz até com um amigo, trabalhos de sensibilização nas escolas. Nós nos últimos tempos não temos feito, porque o covid assim não o permite. No entanto, notei neles uma desconfiança nas autoridades, os próprios miúdos resgatam o animal e não têm aquela coisa de fazer queixa ou de achar que é o canil que os vai ajudar. Enquanto as entidades não começarem a mostrar que de facto estão empenhadas em resolver este problema grave que existe em Gondomar que é o abandono e os maus tratos, a situação não vai melhorar. Em Gondomar temos a vereação do ambiente que está responsável por essa área, vocês tem uma boa comunicação com esse setor Camarário? Eu sinto que muitas vezes não há essa iniciativa própria de querer ajudar. Considero que a Autarquia faz, mas no sentido de faz porque quer aparecer. Passaram oito anos deste mandato e não se vê nenhumas alterações no que diz respeito aos animais. O canil continua a ser muito pequeno para aquilo que o concelho precisa. Há o gatil que também é minúsculo, é basicamente uma boxe de cão. Agora a Câmara resolveu finalmente avançar com a construção de um canil. Eu compreendo que haja muito trabalho

> Nuno Santos, acompanhado com o amigo Jack

para fazer, mas a maior parte dos cidadãos e a maior parte das pessoas como eu, da causa animal, olham para o canil e veem uma empresa. Chega um animal e vai logo para a adoção, sem primeiro haver uma sensibilidade de análise da situação. Para além disso, há ainda essa situação das pessoas pensarem de forma egoísta e de acharem que o problema dos animais abandonados é só das Associações. Uma das coisas que mais irrita é ver as pessoas a exigir tanto das Associações, mas depois tal exigência não é feita com as Entidades. As Associações são cidadãos como qualquer um, não têm ajudas do estado. É rara a Associação que tenha ajuda do estado, muitas vezes vivem de donativos de privados ou dos próprios voluntários. Os Municípios é que recebem o dinheiro do estado, não são as Associações. Nós não podemos exigir a uma Associação o que exigiríamos à Autarquia. Obviamente que ninguém está à espera que a Câmara resolva todos os problemas no concelho, porque não consegue. Acho que isto tudo tem de ser um esforço

conjunto, mas a Autarquia deve ser um exemplo. Caso alguém queira de alguma forma contribuir para o vosso Movimento, como é que o pode fazer? Eu tenho feito calendários solidários desde 2018. Este ano é o quarto ano que estou a fazer e têm sido um sucesso. Denotamos que tem havido um aumento das vendas. Tenho vendido também umas fitas e uns autocolantes. Esse dinheiro é mais utilizado para material que necessite. Como sou um Movimento, normalmente quando preciso de ajuda monetária, peço em nome pessoal. No ano passado tive quase quatro mil euros em donativos. Eu não conheço nenhuma pessoa individual em Gondomar que tenha tido esse valor de ajuda, isto para dizer o quê? As pessoas confiam em mim e quem me conhece sabe que agradeço a ajuda que me dão. Tenho uma conta criada que só uso para donativos, consigo justificar todo o dinheiro que me deram e dizer quando é que entrou, quando é que não entrou e em que é que foi gasto. ▪


PUB


10

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Lenda de Rio Tinto comemorou 1100 anos

> Joel Cleto, historiador

A Freguesia de Rio Tinto é rica em história e, em 2020 comemorou 1100 anos da sua lenda. Estivemos à conversa com Nuno Fonseca, Presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto e o historiador, Joel Cleto, que contaram-nos os pormenores desta lenda milenar. Em breve, é intenção de ambos, formarem uma parceria e lançarem um livro sobre a lenda da Freguesia.

questionamos muitas vezes a sua veracidade. Mas as lendas não são apenas histórias imaginárias. Todas elas têm em si, um facto histórico real e a lenda de Rio Tinto não é exceção. O que muitos desconhecem é que há toda uma “saga” de lendas até chegarmos aquela que comemoramos hoje. Estamos no ano 920, assistia-se a uma ‘renhida’ batalha territorial entre Mouros e Cristãos, protagonizada por duas personagens reais, Hermenegildo Gutierres, Conde de Portucale, do lado dos Cristãos, e Califa Abd al Raham II, do lado dos Mouros. Neste século os Cristãos haviam conquistado parte do território

> Nuno Fonseca, Presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto

De geração em geração, as lendas são histórias eternas que nunca estão fora de moda. Ouvimo-las desde crianças e no meio de tanta fantasia

dos Mouros, o que levou Califa a querer acertar contas com Gutierres, cercando a cidade do Porto, que até ao momento encontrava-

se ocupada pelos Cristãos. Perante o evoluir desfavorável da situação, decidem enviar um pedido de socorro ao Rei das Astúrias, sogro de Gutierres. Os Cristãos estavam prestes a desistir, massacrados pela fome e sede, quando chegou, para os socorrer, o exército enviado das Astúrias. Uniram-se todos contra os mouros. O confronto acaba por acontecer num vale, em que saem vitoriosos os Cristãos. Algo milagroso, dado que estavam em minoria em relação aos Mouros. A história explica-nos que foi tudo graças a uma imagem de Nossa Senhora da Campanhã, que se encontrava no preciso local deste confronto. E foi deste confronto que surgiu o nome Campanhã. A batalha continuou e o “confronto final, de longas horas e com muitas baixas de ambos os lados”, deu-se perto de um rio, que acabou preenchido pelos “corpos ensanguentados”. Nos dias seguintes correu tinto de sangue proveniente dos corpos dos Cristãos e Muçulmanos que ali se defrontaram, tal como nos contou o historiador Joel Cleto. E, foi por este rio ter corrido com sangue, em vez de água, que a freguesia foi baptizada de Rio Tinto. Este confronto, responsável pelo nome de Rio Tinto, comemora agora 1100 anos. Para comemorar esta data importante, o Presidente Nuno Fonseca, tinha planeado algumas atividade, que acabaram por ficar suspensas devido à pandemia. Estas comemorações passavam pela “recriação da lenda por uma equipa de teatro em todas as escolas e a edição de um livro assinado pelo historiador Joel Cleto, um livro infantil para todas as crianças”. Assim como, a construção de um monumento, em parceria com a Câmara de Gondomar, “ligado a esta luta entre Cristãos e Muçulmanos”, que simbolizasse a lenda, afirmou Nuno Fonseca. A Medieval de Rio Tinto é uma das maiores apostas desta freguesia, no entanto poderá não se vir a realizar pela questão pandémica e pela falta de “empresas de animação, que faliram”. Outra forma que a Junta arranjou para comemorar o aniversário da lenda, foi a criação de uma imagem alusiva a estes 1100 anos, que se encontra espalhada pelos outdoors

da cidade. A Junta quer prosseguir com estes projetos nos anos de 2021 e 2022, ou então se for necessário, diz Nuno Fonseca que irá ser comemorado em 2022 ou 2023, “não interessa”. O que interessa para o edil é que as comemorações aconteçam e que a história seja eternizada, porque Rio Tinto irá lutar por elas, tal como os Cristãos e os Muçulmanos há 1100 anos. ▪

O novo logótipo da Junta de Freguesia de Rio Tinto liga-nos principalmente à nossa história como riotintenses e à denominação do nome da terra, Rio Tinto. No longínquo ano de 920 ocorreu em Rio Tinto uma batalha entre o Rei Cristão Ordonho II (913-924) e o Califa Mouro Abd al Raham III (912-961) que, segundo a memória do povo, foi travada nas margens de um límpido ribeiro que de tão sangrenta terá tingido de sangue as cristalinas águas. O povoado passou, então, a denominar-se Rio Tinto. O novo logótipo simboliza a nossa história como povo, entrecruzando duas espadas, uma cristã e uma árabe, num rio de cor tinto. As suas espadas entrecruzadas formam um coração que, por um lado nos transporta para a lenda, segundo a qual terá existido um amor entre o filho do Califa e uma donzela cristã, e por outro simboliza o afeto dos riotintenses pela sua terra. Por baixo está escrita a denominação de “Freguesia Rio Tinto”, englobando toda a área territorial, dando uma abrangência global ao logótipo e do slogan “Somos Todos Nós”, destacando a maior riqueza da freguesia, os seus cidadãos. Rio Tinto, como uma das maiores freguesias do País, não sendo dotada de grandes recursos naturais que a distingam, valoriza-se pela riqueza da sua comunidade, nas mais diversas áreas, das quais se podem destacar as suas associações, a comunidade escolar, o tecido empresarial entre muitas outras áreas sociais.


PUB


12

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Entrevista Foto DR

MIGUEL GUIMARÃES: “Ainda temos cerca de 800.000 portugueses sem médico de família”

Texto: ANDRÉ RUBIM RANGEL e LÍLIA NUNES REIS

Olho para o seu CV e reparo que somos ambos naturais duma freguesia do Porto já extinta. Ou melhor, que foi fundida com outras na união de freguesias do Centro Histórico. Sempre concordou com esta medida ou prevê que as freguesias voltem ao seu modelo anterior? Por uma questão histórica seria bom que cada freguesia mantivesse a sua identidade. Preservar a história e a memória individual e coletiva é essencial para a nossa geografia familiar e para as nossas origens. Um ano passou em que a covid bastante desgastou os profissionais de Saúde. Como colmatar esta situação? De que forma os novos médicos e enfermeiros, a concluir os seus cursos, compensarão as perdas e baixas atuais? Os novos médicos e enfermeiros são essenciais para manter a nossa capacidade de resposta ao nível do SNS. É fundamental compensar os profissionais de saúde que se vão reformando e também aqueles que optam por seguir novos caminhos no setor privado e social ou até fora do país. A forte emigração de

médicos e de enfermeiros é uma realidade nos últimos anos que não podemos ignorar. O Governo tem que adotar novas políticas de contratação e valorizar as carreiras dos profissionais para que Portugal possa, de facto, conseguir que os médicos e os enfermeiros fiquem a trabalhar no SNS. É muito importante que, neste momento crítico e fora dele, os médicos e os enfermeiros sejam mais respeitados e valorizados pela tutela. Por outro lado, é também o momento de recuperar e apoiar os profissionais de saúde, que passaram por uma fase muito difícil, em que o sofrimento ético e o burnout tomaram conta das suas vidas e das vidas das suas famílias. Além da anterior questão, de que se tem falado muito, outra premente é menos falada: a carência existente nos cuidados de saúde primários e/ou de reabilitação. O que lhe parece? Existe uma carência muito significativa ao nível dos cuidados de saúde primários que tem de ser resolvida o mais rapidamente possível. Ainda temos cerca de 800.000 portugueses sem médico de família atribuído, os médicos de família continuam a ter nas suas listas de utentes mais cerca de 400 utentes do que aqueles que seriam o número adequado, e os médicos de família continuam com múltiplas tarefas administrativas

tégia política de uma gestão deficiente dos serviços de saúde como um todo durante a pandemia. Um plano nacional de recuperação é neste momento uma emergência nacional. E mesmo assim muitas pessoas já ficaram para trás de forma irrecuperável. Aliás, muitos dos doentes que não chegaram sequer a entrar no sistema de saúde, neste momento não sabemos quem são. Falta-nos o rosto, o nome. O modelo das unidades de saúde familiar é para manter? Ou acha que irá surgir uma nova reestruturação nesses cuidados para breve? As USF foram um passo importante para a reforma dos cuidados de saúde primários. Seria um desperdício não continuar uma reforma que teve um impacto positivo nos cuidados de saúde. É essencial continuar a desenvolver os modelos já existentes ao nível dos cuidados de saúde primários e valorizar devidamente os médicos de família que trabalham nas USF e nas UCSP. A reestruturação deverá ser feita de forma a criar as condições adequadas para valorizar a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos.

e burocráticas que lhes retiram tempo para os seus doentes. Além disso, na pandemia, foram-lhes atribuídas tarefas covid-19 em excesso, como por exemplo o trace-covid, que os impediram de executar em pleno as suas tarefas habituais. Temos de libertar os médicos de família para a sua principal missão nos cuidados de saúde primários. E como vai ser dada, doravante, resposta devida a outras áreas da saúde tão importantes, como a oncológica e cardiovascular, entre outras, que ficaram para trás? A resposta a todos os doentes não covid-19 é urgente e necessita de um plano de recuperação nacional que envolva todo o sistema de saúde. E mesmo assim, muitos dos nossos doentes já vão ser tratados numa fase diferente da sua doença. E muitos cidadãos perderam a oportunidade de diagnósticos precoces em várias áreas, como por exemplo nos rastreios oncológicos. De que forma é possível, em tempo útil e a curto-prazo, recuperar o tempo perdido com essas consultas e cirurgias canceladas, bem como com os rastreios feitos à pressa, nem sempre garantindo os melhores diagnósticos? Como já foi dito, temos que tentar recuperar o tempo perdido por falta de estra-

Passando à saúde psiquiátrica e doença mental em Portugal: o que está a ser feito? A saúde mental, a outra pandemia do século XXI, deverá merecer das autoridades de saúde uma abordagem holística e um investimento sério no sentido de conseguirmos dar a resposta necessária às duas grandes dimensões da saúde mental. A reforma necessária nesta área específica tem sido continuamente adiada, apesar da existência de planos nacionais objetivos que não chegaram verdadeiramente a ser concretizados. Uma reforma adiada com consequências negativas e cumulativas na saúde dos doentes e das suas famílias. Como evitar qualquer tipo de retrocessos, com os casos que aumentaram nesta área mental? É preciso fazer acontecer, investir e adaptar as respostas às necessidades emergentes. Questionando de outro modo toda esta preocupação, como gerir tudo isto e obter ganhos em Saúde? A gestão deste processo global com ganhos em saúde só é possível se formos rápidos, se não deixarmos ninguém para trás, se envolvermos os profissionais de saúde nos processos de decisão e se criarmos as condições necessárias para tal possa acontecer. Quanto à eutanásia, estão os médicos preparados para avançar efetivamente com ela?


MARÇO 2021 VIVACIDADE

13

Entrevista Atendendo à área deste jornal, Gondomar, que avaliação faz que e que conhecimento tem das unidades existentes neste município? Não só o Hospital-Escola da UFP, bem como clínicas e centros de Saúde… Gondomar é um grande concelho que necessita de reforçar os cuidados de saúde a nível do SNS. Ainda assim, tem bons centros de saúde. A nível do setor privado tem uma oferta de cuidados de saúde diversificada que pode funcionar de forma complementar ao SNS para quem tem seguros de saúde. Mas, a nossa obrigação como Estado é proteger os mais frágeis e esbater as desigualdades sociais em saúde. E para isso é essencial reforçar o SNS em diversas áreas.

E mesmo perante a nova lei que resultar, face ao juramento de Hipócrates, todos os médicos que desejarem podem recursar-se por objeção de consciência? Nenhum médico pode ser obrigado por lei a praticar eutanásia. E não é apenas uma questão de objeção de consciência. A condição de ser médico é única e aquela cuja profissão tem o Código Deontológico mais antigo que existe.

Um dos seus grandes objetivos na sua campanha e recandidatura a Bastonário da Ordem, agora a meio deste mandato, é: “defender a qualidade da Medicina e os Doentes”. Em que ponto estamos para tal ser cumprido? Não estando ainda a meio deste mandato, a defesa da Medicina e dos Doentes foi particularmente vincada neste último ano de pandemia. As iniciativas da Ordem dos Médicos para proteger os doentes e os profissionais de saúde foram muitas, e algumas delas foram bem-sucedidas e permitiram salvar muitas vidas. Para além disso foram também realizadas várias propostas para melhorar a qualidade da medicina. Lamento que os responsáveis políticos nem sempre tenham ouvido as recomendações da Ordem e os médicos que estão no terreno todos os dias. Se assim acontecesse hoje estaríamos seguramente melhor.

Considera que os cuidados paliativos em Portugal dão a resposta adequada às necessidades evidenciadas? Os cuidados paliativos, infelizmente, chegam a menos de 20% da população portuguesa. O que mostra que nesta matéria temos ainda um longo percurso a percorrer em Portugal.

Foto DR

A eutanásia não é um ato médico. As questões relacionadas com a morte devem ser equacionadas de forma diferente, de forma a podermos cuidar e apoiar os doentes que precisam de nós em diferentes fases da sua vida. E nesta medida, neste momento, é fundamental salvar as vidas de quem não quer morrer, oferecer cuidados paliativos de qualidade a doentes que estão em fim de vida, não permitir a distanásia e estar sempre presente, mantendo uma relação médicodoente empática, preservando os princípios éticos e deontológicos essenciais, e centrar nos valores bioéticos a nossa conduta enquanto médicos e cidadãos. A nossa vida é dedicada a cuidar dos nossos doentes.

Foto DR

O que faria/fará, ou entende dever ser feito, para salvar e resgatar o SNS? Dado já ter afirmado ele estar pior e em maior risco do que no tempo da troika… Resgatar o SNS é transformar o SNS e concretizar políticas e reformas que permitam ao SNS salvaguardar a sua joia da coroa, os profissionais de saúde. Sem eles não há SNS. Assim, temos que reforçar o capital humano, a qualidade da formação, as carreiras profissionais, investir nos cuidados de saúde primários e nos cuidados continuados e paliativos, na hospitalização domiciliária, na reforma dos hospitais e dos serviços de urgência, na integração dos diversos níveis de cuidados de saúde, na saúde pública e na medicina do trabalho, na prevenção da doença e na promoção da saúde, na qualidade dos cuidados de saúde, na reforma estrutural de algumas das instalações do SNS, no reforço dos equipamentos e na promoção da inovação e da investigação... Para além da Medicina, é sabido que uma das suas grandes paixões é a música. Há algum álbum raro, dos que coleciona, que se destaca? Alguns álbuns raros e belos: “Inspired by Bach: The Cello Suites, Yo-Yo Ma”, “A Boy Named Charlie Brown, Vince Guaraldi Trio”, “Sarah Vaughan, Sarah Vaughan”, “Lucky, Molly Johnson”, “Onyx Root, Michael Powers”, “Kind Of Blue, Miles Davis”, “Poema do Menino Jesus – Ao Vivo na Maricotinha, Maria Bethânia”, “The Hot Spot - John Lee Hooker, Miles Davis

and others”, “Ascent, Bernardo Sasseti”, “Beethoven: Symphony No. 9, Harnoncourt”, e mais uns milhares de álbuns, uns raros, outros não, mas sempre muito bons. E qual aquele concerto que tanto sonha assistir e ainda não conseguiu? O concerto de Yo-Yo Ma e as suas divinas Cello Suites, inspired by Bach. Por que motivo as Ilhas Galápagos, no Equador, foi a sua viagem de vida? O que lá encontrou e o que descreve para que tal ocupe o topo nas suas preferências? A vida como nunca a encontrei noutro local. Genuína e pura, sem contaminações. A liberdade de viver e de pensar. Por último, peço-lhe uma mensagem final, positiva e animadora, para os nossos leitores. Ou não acredita que tal continue a não ser possível ainda para este ano? O combate à pandemia depende de todos e cada um de nós. Este é um momento absoluto de esperança e de acreditar que é possível. A vitória sobre a pandemia está à nossa frente. E não a podemos deixar fugir. E para isso é essencial acreditar na ciência, aceitarmos ser vacinados com a vacina que está disponível – é sempre a melhor vacina –, continuarmos a respeitar as medidas de proteção individual e coletiva (máscara, medidas de higiene e distanciamento físico ou social). Se assim o fizermos, derrotamos a pandemia. ▪


14

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Jaime Castro:

“A única coisa que tenho a dizer, que neste caso é lamentar, é o estigma que as pessoas têm perante os caçadores” Para este mês, estivemos à conversa com a Associação de Caçadores do Rio Ferreira, de São Pedro da Cova. Presentes no local encontrava-se Jaime Castro, Presidente e Fundador da Associação, José Oliveira, Secretário e Fernando Ramos, tesoureiro. Comecemos pela génese da Associação, quando é que foi fundada e qual o propósito? Jaime Castro: Se não estou em erro, esta Associação foi fundado em dezembro de 2012. A área de caça que abrangemos e gerimos é a freguesia de São Pedro da Cova, e uma pequena parte da freguesia de Jovim e de Valbom, que na totalidade são cerca 850 hectares de área florestal. É nessa área que nós exercemos a nossa atividade. Porque é que a caça é importante para vocês? JC: Para nós é importante, porque já nasceu connosco. É uma atividade que gostamos de fazer. Eu nasci e fui criado nesta freguesia, o meu falecido avô já era caçador, o meu pai também e eu cresci no meio. Digamos que, é um bichinho que cresce connosco. Para além disso, nós também temos os nossos cães, que apesar de serem os nossos animais de companhia, eles têm no seu ADN a caça. Eles quando vão para o monte, vão procurar um coelho, uma raposa ou um javali, que é aquilo que eles também gostam de fazer. Caça-se por passatempo. Quando lemos a história do homem, ele toda a sua vida caçou e continuou sempre a haver animais, porque se fosse o caçador o principal causador da extinção dos animais, eles já estariam todos extintos há muitos séculos. No entanto, há a exceção dos caçadores furtivos, que não tem nada a ver com a nossa Associação. O verdadeiro caçador não é aquele que diz que abate muitos animais. É aquele que se preocupa em tratar deles durante os 12 meses do ano. Que tipos de animais é que caçam? JC: Temos uma ave que é quase migratória e que, ultimamente tem ficado por cá e procriado aqui, que é o Pombo-Trocaz.

> Na foto: José Oliveira, Jaime Castro e Fernando Ramos

Temos ainda o coelho e os Javalis que, nos últimos tempos têm aparecido com mais abundância. Caça-se ainda a raposa, no entanto não é muito frequente, só ocasionalmente quando demonstram doenças como a sarna, que acabam por transmitir aos animais domésticos, ou quando provocam algum tipo de prejuízo. Outra espécie que caçamos muito pouco, porque era uma das que esteve extinta na nossa freguesia durante 15 anos, é a perdiz. Neste momento, conseguimos tê-la aqui novamente, com a nossa ajuda porque criamos condições para elas. Tirando isso caçamos a galinhola que é uma das espécies que temos aqui no inverno, a partir de novembro até meados de dezembro. E alguns tordos, poucos, porque não é muito a nossa zona. Quando vocês caçam, fazem-no por desporto ou para fins comerciais? JC: Quando nós caçamos nunca é para fins comerciais, é para consumo próprio. Em vez de comprarmos um coelho no talho, caçamos um, são melhores e mais saudáveis. Isto é, digamos que é o nosso passatempo. Há quem goste de ir para o futebol, nós gostamos de vir para aqui e andar no monte. Não vou dizer que nós caçamos por desporto, é mais por uma questão de gestão das espécies que nós temos e que há com alguma abundância. Ao contrário do que muitas pessoas afirmam sobre os caçadores, nós não matamos tudo, apenas fazemos uma gestão que varia de ano para ano. Como é que funciona o planeamento e a gestão dos calendários de caça? JC: Nós fazemos um plano anual de caça

e apresentamos ao ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), que depois é quem aprova ou não as espécies que nós podemos caçar e as quantidades que podemos abater. A nossa época de caça dura normalmente seis meses, começa em agosto e vai até ao final de fevereiro. Depois, nos restantes seis meses a única coisa que podemos ir caçando é o Javali, que é a única espécie que se pode fazer durante todo o ano. As outras espécies têm um período específico para serem caçadas. Para além disto, nós só podemos caçar às quintas feiras, aos domingos e nos feriados nacionais. Além disso, nós aqui temos a nossa gestão principal. Porque para termos algumas espécies é necessário realizar uma alimentação frequente e nós fazemo-lo todos os meses. Temos aqui um jipe que todos os fins de semana sai carregado com cereais. Com esse alimento nós damos a volta a toda a zona de caça. Fizemos uns comedouros específicos e todas as semanas vamos lá colocar comida para todos os animais que andam no monte. Mas sentem que essa preocupação é algo exclusivo da vossa Associação? JC: Isto é algo que as Associações já perceberam e que outras têm ainda que perceber é que, antes havia a agricultura tradicional, no meio da serra ou no quintal. Agora, não existe nada no meio da serra, apenas plantações de eucaliptos, pedras e mato. E, para nós fixarmos lá as espécies, temos que lhes dar alimento, porque se não o fizermos, elas acabam por desaparecer. Por ano, gastamos cerca de 5 a 8 toneladas de alimento, pago com o nosso dinheiro com o contributo dos nossos as-

sociados. Todo o dinheiro que fazemos é para isto. É para gerir a nossa zona de caça e para comprar alimento. Quanto mais alimento colocarmos no monte, mais animais vamos lá ter. A nossa intenção é equilibra o ecossistema. A única coisa que tenho a dizer, que neste caso é lamentar, é o estigma que as pessoas têm perante os caçadores, têm uma ideia completamente errada daquilo que nós fazemos. Hoje, com as redes sociais, as pessoas têm a tendência de misturar tudo e deixam-se influenciar, o que provoca muito a desinformação e que acaba por se tornar um rastilho que chega a fogo, porque faz parecer e crer algo que não é. O PAN tem uma ideia completamente ignorante, não tinha problema nenhum de ir ao Parlamento e de chamar aquele tipo de pessoas ignorantes, porque não têm o mínimo de noção daquilo que estão a fazer. As pessoas não têm a completa noção da realidade que é viver no mundo rural, porque é diferente do que viver na cidade. Nós já fomos insultados, várias vezes no monte, por pessoas que andam lá a passear, os ditos ambientalistas modernos, e eu pergunto: Aquilo que você anda aqui a fazer o que é que contribui para as espécies que nós andamos a caçar? Zero! Pelo contrário. Ainda andam a prejudicá-las mais, porque estão a invadir o espaço dos animais, onde eles normalmente habitam e criam, estão a destruir mais que o coelho que eu acabei de abater. E, depois o nosso desagrado é mesmo a falta de apoios por parte das entidades que temos, só porque somos uma Associação de caça e porque abatemos alguns animais, somos uns coitadinhos. Ninguém se interessa. ▪


PUB


16

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Giesta, o nome que ficará eternizado em Gondomar O concelho de Gondomar é rico em histórias e em pessoas. Histórias essas de gondomarenses que honraram o nome do Município além fronteiras. Hoje, o VivaCidade apresenta o testemunho de vida de Mário de Sousa Giesta. Um homem que deixa a sua marca no concelho que o viu nascer. Um homem que teve toda a sua vida dedicada ao mundo empresarial, ao Movimento Associativo, à política e à religião. A 29 de agosto de 1924, Gondomar viu nascer um homem que mudaria a vida de muitas pessoas. Hoje, com 96 anos, quase nos 97, contanos na primeira pessoas momentos que passou na sua trajetória. Momentos que servem para os mais novos como exemplo de percurso de vida. Formado em Engenharia de Máquinas, é descendente de uma família Valboense, ligada à indústria do Imobiliário. O empresário conta ao VivaCidade que foi com os seus 16 anos, que começou a ver a vida com outros olhos. Foi com a sua entrada para a Escola Dramática que, segundo palavras do mesmo “Levei uma lição”. “Quando entrei para a escola, ganhei confiança com alguns amigos, como por exemplo o pai do escultor Zulmiro, entre outras pessoas que me convidaram para um peditório”. Segundo Giesta, foi com este peditório para um senhor que estava doente que descobriu que o primordial era fazer o bem. Naquela época a miséria reinava e na perspetiva de Giesta, apesar de ser grande, “Havia quem se importasse, eram poucos, mas muito interessados. Havia essa amabilidade. Os pobres chegavam a zangar-se se fossemos pedir à porta do vizinho e à dele não. Eles vinham mesmo ter connosco reclamar”, foi nesse momento que o engenheiro percebeu que “No fim, fazer o bem, era das coisas que mais me dava prazer”. Foi com esse sentido de fazer o bem ao próximo, que o seu percurso passou pelos Bombeiros. Dado que, de dia tinha que estudar e trabalhar na oficina do seu pai, à noite era o tempo que

> Manuel Sousa Giesta na companhia da esposa e das filhas

arranjava para dedicar-se à Associação Humanitária de Valbom. O seu orgulho por esta entidade é visível quando fala dos seus colegas “Os bombeiros é a entidade mais eficiente que temos. As pessoas chamam a qualquer hora e eles estão lá para ajudar. São sempre os primeiros a socorrer”. Sempre entregou-se de corpo e alma a estas causas associativas e de solidariedade. No que concerne ao seu percurso nos bombeiros, foi comandante entre 1952 até 1957. Mais tarde, em 1960 até 1982, foi dirigente da Instituição. Foi como Presidente dos Bombeiros que iniciou e desenvolveu o projeto de construção do atual quartel, que hoje, em sua homenagem, foi batizado com o seu nome. Ainda na parte associativa, foi dirigente e atleta do Clube Naval Infante Dom Henrique e dirigente da Escola Dramática e Musical Valboense. A nível profissional, passou por Lisboa, após a sua formação escolar, onde trabalhou em funções públicas no Ministério da Indústria. No inicio dos anos 60, voltou à sua freguesia Natal para dedicar-se à indústria de mobiliário da família. Em 1964, juntamente com os seus irmãos Ernani Giesta (mais velho) e Virgilio Giesta (mais novo) fundou a empresa Fábrica de Móveis Giestas de Valbom, Lda. Uma empresa que se tornou na

época uma referência nacional da indústria imobiliária (pela a sua qualidade superior) e uma verdadeira escola de formação da arte da marcenaria. No inicio dos anos 70, a fábrica liderada pelo engenheiro tornou-se o principal empregador da freguesia. Perante os seus funcionários, o engenheiro Giesta era visto como um colega de trabalho, dado que, apesar de ser o dono da empresa, o que mais gostava era de “arregaçar as mangas” e de trabalhar ao lado dos seus funcionários. Para além do seu currículo profissional e associativo, o empresário fez da religião um dos principais focos da sua vida, dado que foi um dos obreiros e mecenas na construção do Centro Social e Cultural da Paróquia de Valbom, Instituição onde por vários anos exerceu as funções de Presidente do Conselho Fiscal. No que concerne à sua vida política, o engenheiro já participava nas instituições locais, onde foi Presidente da Junta de Freguesia de Valbom. O que não surpreendeu a sua entrada para a Câmara Municipal como vereador, no mandato de Manuel Lema Monteiro. Mais tarde, com o 25 de abril, assumiu durante vários meses as funções de Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de

Gondomar. Ainda na política, o Engenheiro Giesta era contra as ideologias de Salazar. Para além da sua vida profissional agitada, foi com 26 anos que casou com a mulher que seria a sua companheira de vida e de histórias, Gracinda Giesta. Enquanto falávamos com Gracinda que esteve sempre do seu lado, Giesta interrompe com os olhos a brilhar e refere: “A minha mulher foi uma pessoa muito importante na minha vida. Criou as minhas filhas e aturou-me sempre. Eu chegava a ir para a cama às 2h da manhã e ela sempre teve muita paciência comigo.” Hoje com uma família repleta de netos (cinco) e bisnetos (oito), que são a sua maior alegria de vida, deixa um testemunho a todos que leram esta noticia: “A vida que levei foi baseada, precisamente neste ato de amizade e de amor com os meus. O que eu fiz e tudo o que uma pessoa possa fazer de bem, é a melhor riqueza que podemos angariar. É uma riqueza que quando entra em nós, dá para contrariar todos os defeitos que todos nós temos. A pessoa sendo simples erradia simpatia. E, neste meu percurso, não fiz mais do que o meu dever e mesmo assim agradeço à sociedade e a Deus por me ter metido nestas coisas”. ▪


MARÇO 2021 VIVACIDADE

17

Sociedade Maria de Lurdes (Filha mais velha) Tenho sido muito apreciadora do meu pai. Tínhamos que andar sempre muito direitas com ele, que nem uma vara. Tínhamos que dar sempre o nosso máximo, porque ele assim o exigia. Nunca podia sair do quadro de honra. Formei-me em engenharia eletrotécnica, com 15.5. Eu tenho muitas recordações dele. Lembro-me de ser por volta da meia noite e de conseguir ouvir as anedotas que ele contava no portão aos seus colegas que eram dos bombeiros. O meu pai tinha e tem anedotas fantásticas. Portanto, as memórias são muitas. Não dá para escrever todas aqui, mas fui sempre puxada por ele para dar o meu máximo em tudo o que fazia e, hoje, ainda sou uma pessoa muito perfeccionista, tem que ser tudo perfeito, porque se não, não está bem. Graças a ele, abri os meus horizontes e fico satisfeita pelo meu pai ser reconhecido e por ter tantas pessoas que querem saber da história de vida dele, uma história complexa. Aqui a família foi sempre quem sofreu um pouco, para que ele tivesse a história que tem e que é fantástica. Agora, o que ele mais adora são os seus netos e bisnetos. Tem sido impecável. E, eu gosto que eles apreendam e passem tempo com o avô. Porque ele teve sempre muitas tarefas e cargos, até chegou a ser funcionário da direção geral da energia chegando a ser avaliador das finanças. Portanto, foi uma vida sempre muito preenchida em diversos setores. Neste percurso todo, apreendi muito com ele sobre muitas coisas. Portanto, eu tenho uma escola grande e de muito conhecimento por causa dele, mas também tenho na pele marcas das exigências da vida, onde nem tudo foram flores, porque o dinheiro não caia das patacas.

Mulher, Gracinda Giesta A minha vida era estar sempre em casa a cuidar das minhas filhas. Sempre o apoiei e estive ao lado dele. Mas a minha vida sempre foi cuidar da nossa casa.

Maria Antónia (Filha mais nova) Sem dúvida nenhuma que é um orgulho ter um pai com um percurso como este. Eu só lamento não ter tido a cabeça dele. Recordo-me que era um tempo que não dava para tudo, porque ele estava constantemente a mudar de trabalho. Mas apesar de tudo, não esquecia a família, era um pai presente. Recordo-me que na altura dos exames, ele não deixava de nos levar uns lanchinhos nos intervalos. Ele estava sempre preocupado para que não nos faltasse nada. No entanto, sempre foi muito exigente connosco. Hoje, dou graças por ter tido uma educação que me rege na vida. Que serve para dar exemplo aos mais novos. Também acontecia ir buscar-nos ao colégio às 22h, e a essa hora eu já estava a dormir na enfermaria. Portanto, existem umas histórias assim mais caricatas.

Francisco Silva, amigo de Giesta Tenho muitas histórias com senhor engenheiro. Mas há uma que foi muito marcante e que prova a generosidade dele. Houve uma altura na empresa, em que as coisas estavam a correr mal, porque o número de vendas e a procura já não era a mesma. Naquela empresa, já chegaram a trabalhar 150 trabalhadores, mas nessa fase final trabalhavam 90 funcionários. Isto por volta de 1996. Perante a situação do mercado, ele virou-se para mim e disse que nós tínhamos um bolo (dinheiro) grande e que deveríamos de o distribuir por todos os funcionários. Mas era um bolo considerável. Assim foi, o Sr. engenheiro reuniu todos e disse que tínhamos duas opções, ou vínhamos todos para aqui, durante sete anos jogar à sueca e recebíamos o ordenado ou fechávamos a casa e fazíamos a divisão da quantia. A decisão foi fazer a distribuição. Naquela altura, fiquei durante 2\3 dias seguidos a fazer as contas das indemnizações e a preparar todos os processos. Todos os cálculos que foram feitos eram de acordo com a legislação e com os anos de casa que cada funcionário tinha. Depois, no final, com o dinheiro restante que ainda não tinha sido distribuído, o sr. Engenheiro de um a um, foi acertando o valor final. Ele arredondou sempre para cima. O bolo era grande, mas foi todo, tanto que depois para a reconstrução tiveram (filhos) que andar a colocar dinheiro na fábrica.

António Braz, Presidente da União de Freguesias de S.Cosme, Valbom e Jovim Sempre o admirei pelo seu percurso. O Sr. Engenheiro esteve sempre ligado à igreja, de tal forma que deu um terreno ao Centro Paroquial que é numa zona central e que certamente valeria uns milhares de contos. Esse terreno neste momento possui uma das maiores instituições de Valbom. O Sr. Engenheiro a nível da paroquia desenvolveu, a conferência de S.Vicente de Paulo, onde ele tem histórias de ir aos velhinhos e de ajudar a fazer o curativo às pessoas que estavam em circunstâncias muito difíceis. Tudo o que aconteceu na igreja está ligado a ele. A nível industrial é importante salientar que a sua empresa foi referência nacional e internacional. Chegaram a comprar os móveis Giestas, para a fundação Ricardo Espírito Santo. Na empresa era tudo à base do artesanal, no entanto os velhinhos começaram a envelhecer e os mais novos não quiseram apreender. A certo ponto, o peso da parte administrativa e do gabinete de desenho, era superior à mão de obra produtiva. O papel de Mário Giesta na freguesia foi tão importante que iremos homenageá-lo com a colocação do seu nome numa rua que vai ter relevância na nossa cidade. É uma rua muito central e que toda a gente vai associá-la ao nome do engenheiro Mário Giesta. Um homem que terá sempre a minha admiração e respeito, porque efetivamente, é um dos melhores homens que conheci na minha vida.

PUB


18

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Rotary Club de Gondomar cria projeto com CPCJ A Presidente do Rotary Club de Gondomar, Madalena de Lina, esteve reunida na CPCJ – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, para ultimar parceria, com o objectivo de desenvolver um Projecto, com vista a assegurar as necessidades básicas das crianças, durante o primeiro ano de vida. A parceria com a CPCJ vai estender-

PUB

se a outros projectos futuros. O Rotary Club de Gondomar pretende transformar vidas e contribuir para o engrandecimento das pessoas, nomeadamente das crianças e jovens gondomarenses. “Seja qual for o significado do Rotary para nós, para o mundo, ele será conhecido pelos resultados que conquistar” – Paul Harris ▪

PUB


PUB

PUB

Com fabrico próprio e mediador de Jogos Santa Casa

Venha saborear a Páscoa com o Divino Gosto!

CONTACTOS: Morada: Rua Padre Joaquim das Neves nr 991 CP 4435-766 Baguim do Monte Rio Tinto Telf.: 224 040 080 | E-mail: geral.divinogosto@gmail.com Facebook: divinogostocroissanteira


20

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Reportagem

Um ano depois da pandemia que avassalou a vida dos gondomarenses Texto e Fotos: Gabriela Monroy

Para muitos, o ano de 2020 ficará como o período do século XXI, em que a palavra “medo” tornou-se um dos adjetivos mais utilizados do dicionário. Medo do desconhecido, medo do amanhã e medo de não ter a vida que tínhamos de volta. Chegamos a março de 2021 e podemos constatar que o último ano foi uma montanha russa de emoções para os gondomarenses.

Cristina Pascoal responsável da ACES de Gondomar Desde agosto de 2019 que Cristina Pascoal assumiu o cargo de responsável da ACES de Gondomar. O último ano da profissional de saúde foi um desafio que ficará na sua memória, pelo que passou na sua vida pessoal e profissional. No início, “Nunca sabíamos bem como ia ser o dia seguinte, porque estávamos sempre a receber indicações novas”. Como era uma situação desconhecida as informações saiam todos os dias “E tínhamos que estar constantemente atualizar-nos”. Naquela altura, nada era certo e apesar de ter passado um ano e a situação estar melhor, o panorama mantém-se. Afinal, é difícil prever o dia do amanhã quando o COVID ainda está em jogo. Para Cristina, foram 12 meses de ajuste constante de tarefas. Antes do COVID, “vi-

víamos seguros, tínhamos o nosso horário e pelo menos tínhamos o nosso tempo de descanso”. No entanto, com a pandemia os fins de semana passaram a ser agitados,”Nunca tinha vivido uma situação destas, nem na vida pessoal, nem na profissional”. Enquanto profissional de saúde, há uma sensação geral que Cristina nos descreve numa palavra “Responsabilidade”. Responsabilidade de que “Temos que fazer, porque está em causa o bem estar da sociedade”. Foi esse o sentimento que fez com que “Esquecêssemos um pouco de nós como seres humanos”. Para a enfermeira, o facto de isto ter acontecido foi um erro, porque embora haja a responsabilidade de ajudar “Nós temos que pensar que pode acontecer connosco”. Quanto ao assunto a representante dá o exemplo do ACES de Gondomar que “Logo no início da pandemia” tiveram alguns casos. Em março de 2020, a responsável ficou infetada. Como ela, os seus colegas de trabalhos, “Ver a minha equipa a ficar infetada foi um sufoco”. E para piorar havia o medo “Do desconhecido”. “Testei positivo, mas estive sempre a trabalhar em teletrabalho”, o que foi uma experiência “Terrível”, porque comandar uma equipa através do computador em casa “Não é tarefa fácil”. Nesta época a principal preocupação na sua vida pessoal era as pessoas com mais idade. “No meu caso, eu e o meu marido ficamos infetados e tivemos que nos isolar do nosso filho que não testou positivo. A dificuldade é mesmo com os mais velhos, porque os meus pais estiveram seis semanas sem poder estar connosco”. A responsável demonstra a sua preocupação com os idosos do país, visto que no último ano foram obrigados a ficar em casa, “Nós sempre incentivamos as pessoas mais velhas a se manterem ativas, neste último ano devido ao confinamento essa situação regrediu e na minha perspectiva vai trazer muitos efeitos secundários”. Como popularmente dizemos é com os desafios que aprendemos e assim foi para a diretora da ACES de Gondomar, “Aprendi que de facto é sempre possível arranjar soluções perante estas situações, por mais complicadas que sejam, nós encontramos sempre força, estruturas e meios para dar resposta”. “Toda esta experiência foi um percurso porque todas as modificações e ajustes que fomos realizando, foram sendo feitas à medida que fomos percebendo a evolução da pandemia”, explica Cristina Pascoal. A responsável continua por referir que Gondomar, foi um dos primeiros Municípios a entrar na linha vermelha de infetados, “Nós achamos sempre que podíamos ter feito alguma coisa diferente, mas conside-

ro que conseguimos de uma forma proativa dar resposta a tudo o que se passou. Independentemente da falta de recursos e da questão económica do país”. Quanto à parceria que foi realizada com a Câmara e com as Juntas do concelho de Gondomar, Cristina descreve a experiência numa única palavra “Excelente”. A responsável explica que ambas entidades “têm tido um papel fundamental em toda a logística e operação de vacinação. Eles colaboram em tudo, com meios, com pessoal e com material. Apenas tenho a dizer que tem sido um trabalho em equipa muito bom”, porque na perspetiva da mesma, juntos fazemos a força e quando trabalhamos em equipa passamos uma “Mensagem de esperança e conforto” para os cidadãos. Ainda sobre o processo de vacinação, Cristina Pascoal revelou ao VivaCidade que neste momento, “Estamos a vacinar por dia cerca de 400\500 pessoas, no Multiusos”. E acrescenta ainda que da primeira fase das pessoas ilegíveis para vacinação, já se encontram “Praticamente todas vacinadas. Portanto está a correr conforme o previsto”. No entanto, a profissional esclarece que o ritmo de vacinação no concelho, está a correr conforme a disponibilização de vacinas

Catarina Guimarães - Médica da Unidade de Saúde Pública Na perspetiva da Médica responsável da Unidade de Saúde Pública, Catarina Guimarães, “Tudo está diferente”. Desde março do ano transato as atividades desenvolvidas neste setor da saúde ficaram paradas, porque a principal preocupação era o combate à pandemia. “Tudo o que era intervenções de prevenção nas escolas, tudo o que era programas de prevenção de tabagismo ou de comportamentos de risco que era feito junto à nossa comunidade, parou”. A responsável adianta que não tem forma de dizer com precisão se esta paragem foi ou não prejudicial para a sociedade, porque não tiveram tempo de avaliar as

e garante que não há nenhum desperdício das que são fornecidas ao município. O ritmo da vacinação foi definido pela Task Force, Cristina explica que a entidade “Decidiu neste momento a nível nacional e perante o panorama atual, fazer uma proporção um para nove. Um para a resiliência, para os serviços essenciais e nove para salvar vidas. Portanto das vacinas que recebemos uma parte vai para os profissionais de saúde, enquanto as restantes são destinadas para a proteção das pessoas. Que nesta fase são para salvar as vidas dos idosos e dos doentes acima dos 50 anos com patologias associadas”. No ponto de vista da responsável “Vamos ter que nos habituar” a viver com a COVID-19, dado que “Penso que vamos ter sempre alguma situação parecida com esta pandemia”. Cristina Pascoal deixa uma mensagem de esperança principalmente agora que iniciamos “O processo de vacinação”. A diretora da ACES reforça que os profissionais de saúde têm sido “Um orgulho” para ela e para toda a comunidade Gondomarense, pela forma em que se entregaram às suas funções desde o primeiro dia de COVID e agora com o processo de vacinação. consequências. No entanto acredita que com o confinamento “Houve uma grande modificação na vida das pessoas que recebiam estas intervenções, porque não podiam sair de casa”. Para a médica, o COVID trouxe muita mudança na sua vida profissional e pessoal, dado que teve o desafio de lidar na pele com o vírus. O que na sua opinião não foi um percurso fácil na sua vida. “Eu fui logo uma das afetadas em março do ano passado. Em minha casa ficamos todos doentes. As normas eram diferentes das que são agora que ao fim de 10 dias estamos curados. Naquela altura, enquanto houvesse testes positivos não podíamos sair de casa”. Apenas passado um mês, no dia 11 de maio, é que a responsável pode retomar a sua vida. No entanto, o pesadelo para Catarina não ficou por aqui. Em junho teve que ser internada no hospital no departamento de doenças infecciosas, devido a uma situação que pensa que “Tenha sido pós covid”. Para além da sua situação, teve que presenciar o internamento do marido devido a uma pulmonia provocada pelo vírus. A responsável afirma que o último ano foi muito complicado tanto a nível psicológico, como a nível pessoal porque o vírus deixou sequelas. “Quanto às sequelas físicas só nos últimos meses é que comecei a conseguir fazer uma simples operação no multibanco, para mim entrar no com-


MARÇO 2021 VIVACIDADE

21

Reportagem putador e ir a qualquer site daqueles mais complicados, onde é necessário colocar password era uma complicação tremenda, parecia uma idosa que nunca tinha trabalho com um computador, sendo que estas atividades eram normais no meu dia a dia”. A preocupação foi tanta que, Catarina sentiu a necessidade de procurar um profissional de saúde “Porque pensava que estava a ficar com uma demência. Entretanto passou e agora estou a melhorar. O cansaço físico permanece um pouco, mas nada de mais”. Para Catarina, “Nós só conseguimos perceber o que é este vírus, quando o vivemos na pele”. A própria admite que “Isto nunca vai passar. Acredito que depois de estarmos vacinados vai ser como uma

Catarina Pontes, auxiliar de limpeza no Centro de Saúde de Rio Tinto Para Catarina Pontes, auxiliar de limpeza no Centro de Saúde de Rio Tinto, o panorama é o mesmo “Tudo mudou”. A pande-

Salete Coelho, funcionária da União de Freguesias de Melres e Medas Já no Alto Concelho, estivemos à conversa com Salete Coelho, funcionária da União de Freguesias de Melres e Medas. No momento da nossa entrevista, Salete encontrava-se no Multiusos de Gondomar, a realizar o transporte dos idosos da freguesia até ao Centro de Vacinação. Esta operação resulta de uma pareceria entre a ACES de Gondomar e as instituições do concelho (Câmara e Juntas). O último ano para Salete “Foi muito complicado

gripe. Nas alturas mais frias, volta e é preciso retomar todos os comportamentos de proteção, mas não acredito que se vá embora de vez”. A Médica da Unidade de Saúde Pública deixa uma chamada de atenção à população no sentido de que o “Vírus gosta de pessoas. E, estando as pessoas juntas a contaminação é inevitável. Não podemos baixar os braços, porque o vírus vencenos. É preciso cada um de nós fazer o nosso papel, se não o fizermos, não há nada que nos possa valer. O distanciamento, a máscara e a higienização é essencial enquanto não estivermos todos vacinados. Porque enquanto este vírus não perder força, a atitude pessoal é imprescindível”. mia trouxe à funcionária uma mudança radical na sua vida normal. Agora, com o COVID-19, o seu dia a dia baseia-se na deslocação de casa-trabalho, trabalhocasa. Tirando a exceção quando tem que ir ao supermercado. A auxiliar também teve que travar uma batalha de “Terror” contra o COVID, porque logo no início da pandemia ficou testou positivo. “Além de mim, o meu filho também ficou infetado, só o meu marido e a minha filha é que não. Estivemos que estar fechados e isolados por muito tempo o que foi uma experiência horrível”. Quanto ao trabalho de auxiliar “Tivemos que reforçar a higienização”. Tudo tem que estar limpo até ao mínimo detalhe. “Temos muito mais trabalho, mas mais responsabilidade”, tendo em conta que a higienização é a única arma eficiente para combater este inimigo e salvaguardar a segurança dos que por lá passam. e foram meses de muito trabalho”. Logo em março de 2020, quando chegou os primeiros casos de COVID a Portugal, a funcionária confessa que sentiu-se “Apavorada, porque não sabíamos o que esperar, nem como a população iria reagir”. Na perspetiva da profissional, na primeira fase sentiu, com o trabalho em campo, que as pessoas tinham mais “Medo” do que agora na segunda fase. Antes da pandemia o seu trabalho baseava-se no transporte de crianças e noutros serviços que não este de prestar apoio direto à comunidade mais necessitada. Devido ao seu trabalho diário junto aos idosos, os testemunhos de vida que ouve são imensos, principalmente por conta da pandemia, “Eu sou filha e lamento que haja situações de idosos em que os filhos” negligenciavam o cuidado com os pais. No entanto, com esta situação, para além de realizar o transporte dos idosos para o Centro de Vacinação, Salete trabalhou diretamente com a equipa da Proteção civil de Gondomar. “Todos eles foram fantásticos. Eu vou mencionar os nomes, porque foram as pessoas que mais me prestaram apoio, que neste caso foi o Patricio e o Paulo Guedes”. A funcionária explica que a ajuda deles foi essencial para que se sentisse tranquila “No meio de tanto caos”. A mesma constata que

eles foram os responsáveis para que a própria estivesse completamente à vontade no transporte dos infetados. Quanto aos idosos que transporta, Salete explica o seguinte: “Eles são a classe mais sensível e desfavorecida perante este vírus. Quanto ao isolamento, eles próprios recusam-se a sair, têm medo, porque sentem que são frágeis perante a situação. Para a vacinação ainda temos algumas reticências, porque alguns vêm na televisão que há uma vacinada que está a dar algum problema e já começam a dizer que não querem vir e tudo mais no entanto, acabam por compreender que é o melhor para eles. E, alguns até pedem mesmo para serem logo vacinados, porque ainda querem andar mais alguns anos aqui”. No que concerne à sua vida pessoal, os cui-

Jorge Silva, professor de Educação Especial e o seu filho Pedro Silva O professor de Educação Especial, Jorge Silva, vive em Melres e é docente da Escola Básica de Eiriz, em Baião. Em 20 anos de profissão, Jorge descreve o último ano como “anormal”, dado que “Quebrou todas as rotinas inerentes à profissão de professor, porque passamos de um ensino presencial para o ensino à distância”. Para o professor o ensino à distância trouxe mais desafios para a sua vida profissional. O próprio constata que esta nova realidade deixou a “Descoberto muitas fragilidades que este tipo de ensino tem, provocando muitas desigualdades entre os alunos”. Para o educador, nada substitui a eficiência do ensino presencial. Jorge Silva explica que os alunos compreendem o contexto que vivemos atualmente, “E grande parte deles vai cumprindo com o que lhes é pedido no ensino à distância”. No entanto, faz uma ressalva quanto a este método de ensino adotado no último ano, “as dificuldades são muitas e este método à distância só é possível devido à boa vontade dos professores,, que disponibilizam na maioria dos casos os seus equipamentos informáticos, pagam a internet e outras despesas associadas, sem serem ressarcidos de qualquer valor”. Apesar de ser professor e estar habituado a lidar com os mais novos, o facto de

dados tiveram de ser reforçados com a pandemia. Antes de entrar em casa, Salete tem o cuidado de trocar a roupa e desinfetar-se na lavandaria. À porta de casa adotou um novo objeto para prevenir a propagação do vírus, um tapete com lixívia para desinfetar o calçado. No que diz respeito à sua vida profissional, a funcionária da União de Freguesias explica que sempre sentiu apoio por parte dos responsáveis, “Nunca deixaram que nada nos faltasse, principalmente em stock de material. Eles pediam sempre para nos protegermos acima de tudo. Quanto a isso dou uma nota de mil estrelas, tanto a nível do Município, como da nossa Junta de Freguesia. Não tenho palavras para o apoio que eles nos deram. Eles estavam sempre muito preocupados e foram espectaculares”. trabalhar em casa trouxe outros desafios, porque também é pai. “Neste contexto em que temos de trabalhar em casa ao mesmo tempo que desempenhamos o papel de pai, não é fácil. Ter que preparar atividades letivas, dar aulas e acompanhar os filhos, é uma situação difícil de gerir, principalmente se forem filhos que frequentem o ensino pré-escolar e o 1.o ciclo, que ainda não têm um nível de autonomia que lhes permita fazerem as suas atividades, sem o devido acompanhamento dos pais.” Enquanto pai, Jorge teve sempre a preocupação de explicar aos filhos a realidade pandémica do país, “Tentei sempre passar as informações necessárias para que os meus filhos aprendessem a conviver com a pandemia, nomeadamente explicandolhes aquilo que devem ou não fazer, para se protegerem, ao mesmo tempo passando uma mensagem de tranquilidade”. No seu meio de trabalho, a palavra medo nunca esteve presente, visto que sentia todo o cuidado que a escola tinha adotado para salvaguardar a segurança dos utentes do estabelecimento. Jorge deixa uma mensagem de esperança que em breve tudo volte ao normal, no entanto sublinha que isto só será possível “com o esforço e a colaboração de todos”, só assim é que o docente acredita que iremos ultrapassar esta luta. Na opinião do filho de Jorge Silva, Pedro Silva, estudante, “viver este último ano de pandemia foi mau”. O menor revela que não gostou de ter aulas em casa e desabafa que preferia ter aulas presencialmente porque sente falta dos amigos. Apesar de sentir falta de receber os amigos em casa, Pedro revela que “Conviver mais tempo com os meus pais foi muito bom, porque posso brincar com eles em muitos momentos do dia”. Mesmo com a pandemia, Pedro listou dois dos seus passatempos preferidos para fazer durante a quarentena, “O que mais gostava de fazer era jogar playstation e fazer caminhadas”. Apesar da sua tenra idade, Pedro deixa um conselho a todos: “Tenham cuidado e não percam a esperança que o Covid-19 vá embora de Portugal.


22

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

O panorama das coletividades de Gondomar no último ano de pandemia Com a pandemia, os Movimentos Associativistos tiveram o seu desempenho afetado. Muitos congelaram as atividades, enquanto outros reinventaram-se e adaptaram-se às circunstâncias. Neste ano de pandemia, tudo mudou e estivemos à conversa com a Federação das Coletividades do Concelho de Gondomar. Presente na entrevista, encontrava-se o Presidente Manuel Pinto e o Secretário Geral, Emílio Ferreira. Ao todo, encontram-se inscritas na Federação 255 coletividades. Vamos voltar um ano atrás, antes da pandemia começar. Como é que as coletividades estavam em Gondomar? Vocês sentiram muitos pedidos de ajuda? Manuel Pinto: Na minha opinião as coletividades em Gondomar, estavam mais ou menos bem estruturadas. Tinham um plano de atividades muito ambicioso, estavam todos a preparar-se para começar a trabalhar. E, de um momento para o outro, foram surpreendidas com a pandemia. Não se sabia no que isto ia dar. Não sabíamos se era por muito tempo, se era por pouco, ou até o que é que iria acontecer. Ficamos todos na expectativa, até que, infelizmente, durou mais tempo do que estava previsto e as coisas não correram tão bem como deviam. Naquela altura, houve mais procura de ajuda porque havia muitas indecisões e indefinições. Ninguém sabia o que é que isto era. Foi uma coisa que surgiu, que era nova e a pandemia surpreendeu-nos. Não se sabia se as atividades iam abrir rapidamente, se não iam, nem em que condições iam reabrir. A nossa principal preocupação era saber como é que as Associações iam conseguir sobreviver. Porque há muitas coletividades que vivem das suas escolas, da música, do teatro, vivem de movimentar pessoas e isso abalou completamente as suas estruturas. Para não falar dos bares, que hoje já são uma fonte de receita extraordinária para as coletividades. Tudo parou e, repito sem saber o dia de amanhã, isso foi o principal problema.

Abordando o tema dos apoios monetários, diariamente ouvimos as coletividades a queixarem-se que estamos em pandemia e como não há atividades, por consequência não há receita. Qual é a vossa opinião sobre estas afirmações? Concorda ou não concorda? MP: Eu acho que em Gondomar não nos podemos queixar tanto assim. Porque a Câmara entendeu, e bem, fazer um adiantamento de 50% em relação ao que tinham recebido do ano anterior. Isso foi um balão de oxigénio. Assim, avançou com este montante que serviu para equilibrar as contas. No entanto, isso é verdade quando uma Associação tem um corpo técnico profissional ou semiprofissional que tem que continuar a receber os seus vencimentos. Com um acordo, com alguma redução eventualmente, mas tem de os pagar, senão perde-os. Acredito que essa foi a principal dificuldade financeira para muitos. Apesar disso, temos conhecimento de que eles aceitaram algumas reduções de custos, e não houve ninguém que tenha ido embora por falta de pagamento. Devia ter havido alguma recompensa, mas eu entendo que quem não faz atividade, não deve receber o dinheiro como se a fizesse. Parto do princípio de que o orçamento para uma atividade é gasto nessa mesma atividade, não fazendo, não tem despesa. Mas, deve haver um apoio complementar para substituir as receitas regulares, porque as coletividades continuam a ter as suas despesas normais que não podem estar suspensas. No entanto, no que toca às atividades não faz sentido e não o devem receber. Vou aqui entrar na parte social, porque uma Associação, independentemente da sua área de atuação, tem um impacto muito grande na vida de uma pessoa de qualquer faixa etária. O facto de que, do nada isso ter sido “roubado” das pessoas, foi um impacto. Como Federação qual é a vossa perspetiva sobre o assunto? Emílio Ferreira: Este confinamento trouxe um corte social que tem sido o maior prejuízo. Independentemente da dimensão económica, cada coletividade tem como objetivo social o vínculo à comunidade. E as pessoas que comungam deste espírito têm sede deste contacto, porque no fundo, o Movimento Associativo é mesmo isso, é a ligação ao povo. O Associativismo no seu dia a dia, realmente está muito afetado e as pessoas estão à espera que isto desconfine. E esta incerteza vai também minando a motivação, no entanto, nós vamos resistindo. Dou como exemplo,

> Orgãos Sociais da Federação das Coletividades

muitas coletividades foram arranjando atividades alternativas. Claro que muitas refugiaram-se no virtual, mas queremos desta forma enaltecer esta inovação que possibilitou o fortalecimento deste vínculo com a população. O que é que mudou no último ano na perspetiva organizacional da vossa Federação. Quais foram os pontos que vocês consideraram cruciais mudar, para que isto resultasse nesta altura atípica? EF: A Federação das Coletividades teve uma grande preocupação em recolher informação relevante, informação que orientasse e fomos disponibilizando essa informação aos nossos associados. No fundo tivemos que ser aqui um bocadinho o farol, trazer alguma esperança e tranquilidade. Portanto, a Federação teve de se reorganizar. Tivemos também, mais tempo ligados ao Município, sendo aqui os interlocutores do Movimento Associativo. Queríamos ter as melhores respostas para minimizar este impacto. A Federação mudou o seu modo de operar. Tivemos que renovar a casa toda e no fundo tivemos que servir de exemplo para as coletividades. Não foi fácil, melhor, não está a ser nada fácil, como é óbvio. E quanto a perspectivas futuras quais são os vossos objetivos futuros? MP: A nova sede é um desafio enorme, mas está pendente de algumas coisas. Nós temos um projeto para aquele espaço com um gabinete de arquitetura, onde aproveito para agradecer ao Arquiteto

Mário Marques, amigo da Federação e de muitas coletividades do concelho, e que está a fazer o nosso projeto gratuitamente. Mas isso implica uma outra situação que é a venda do nosso terreno. Com esta pandemia não tem sido fácil, há algumas ofertas de valor, mas nós entendemos que é irrisório. Iremos, brevemente, passar para lá a título provisório com os nossos serviços administrativos, mas não com o projeto que nós queremos. O projeto que queremos para aquele espaço engloba salas de formação e um auditório, que também pretendemos ceder às coletividades, para que elas possam fazer as suas Assembleias Gerais e uma ou outra exposição. Portanto, nós queremos que seja uma casa aberta ao movimento associativo do nosso concelho. Tanto que, na altura em que estávamos a pensar conseguir um local, nós queríamos um mais ou menos central, porque assim abrangeria mais o nosso concelho. Portanto, Fânzeres é mesmo no centro, apanha Rio Tinto, São Pedro da Cova e aquelas zonas onde não têm grandes meios. Mas isto é um projeto não imediato, será um projeto a curto prazo desde que haja condições económicas para isso. Entendemos que se fossemos aos bancos pedir dinheiro era fácil, mas cada um deve viver com aquilo que tem e não deve, como se diz popularmente, dar o passo maior do que a perna, por isso não vamos inventar. Esperamos que até ao nosso aniversário -dia 1 de junho- estarmos na nova sede com condições dignas para que os nossos colaboradores e os seus associados possam estar num local mais aprazível. ▪


PUB

PUB

FUMEIRO ARTESANAL e REGIONAL TRÁS-OS-MONTES e ALTO DOURO - Bragança, Vinhais, Vila Flor, Lamego PREÇO ESPECIAL PARA COMÉRCIO / RESTAURAÇÃO BÔLA D’ALDEIA

TRANSMONTANAS

EXCELENTE GARRAFEIRA

CASA DO FUMEIRO E QUEIJO DA SERRA

Av. da Carvalha, 461 Fânzeres - Gondomar Tlm: 918162315 | 919033335 E-mail: pecadossalgados@gmail.com FACEBOOK: PECADOS SALGADOS

PUB


24

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Destaque

Um dia na vida preenchida de Marco Martins

Texto: Miguel Almeida Texto e Fotos: Gabriela Monroy

Neste mês de março e para encerrar a nossa rubrica de “Um dia com o Presidente..”, foi a vez de passarmos o dia com o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins. O militante do PS, tomou posse em outubro de 2013 e, desde então, tem assumido as rédeas de um dos maiores concelhos da Área Metropolitana do Porto. O relógio aponta para as 8h20 e chegamos à Câmara Municipal de Gondomar, onde já se encontra à nossa espera Marco Martins. No entanto, para descrever o dia do Presidente, temos que retroceder o relógio para as 6h30, hora que se levanta todos os dias para fazer o seu exercício matinal: “Agora que o desconfinamento já o permite, fui correr pela primeira vez”. Às 8h, “é a hora de chegar à Câmara”. Marco Martins revela-nos que é uma pessoa que gosta de deixar as coisas organizadas no dia anterior, nem que para isso tenha que ficar até de madrugada a trabalhar. No entanto, até a nossa equipa chegar ao local, o autarca aproveitou os 20 minutos para resolver algumas pendências.

Já com a nossa equipa, saímos em direção ao Multiusos de Gondomar, onde se encontra a decorrer o processo de vacinação contra a COVID-19. “Nesta altura de vacinação, logo de manhã e sempre que posso, vou cumprimentar a equipa de profissionais que está a trabalhar no Multiusos e ver como é que as coisas estão a correr”. No caminho para o Multiusos, questionamos o autarca sobre as dificuldades que teve quando tomou posse em 2013. O responsável revela que Gondomar tinha três grandes problemas. Primei¬ramente, a nível financeiro: “a Câmara tinhas as contas penhoradas por causa do parque de estacionamento da Areosa em que fomos condenados a pagar mais de 4 milhões de euros. E, ainda, tivemos o processo da EDP, que foi um dos que mais demorou, quer a negociar, que depois a validar junto do Tribunal de Contas. Só depois com o acordo com a EDP, poupando 20M€, é que conseguimos novamente abrir concursos para recursos humanos, porque saímos da zona vermelha de endividamento”. O segundo problema concerne ao sistema organizacional da instituição: “quando tomámos posse, a Câmara tinha um processo muito arcaico que já não se justificava”. E o terceiro problema dizia respeito à imagem que o Município tinha: “sentimos a necessidade de credibilizá-la externamente. Independentemente de haver culpa ou não, porque não estou aqui a fazer juízos de valores, mas a verdade é que a imagem de Gondomar era os tribunais e os processos do apito dourado”. Saímos do Multiusos, por volta das 8h50, e fomos em direção à Câmara Municipal de Gondomar, para a primeira reunião do dia com a equipa do gabinete do Presidente. Esta reunião acontece todas as segundas feiras e serve para definir a agenda da semana e às quartas com os vereadores para coordenação política. Concluída a reunião, partimos rumo ao Centro Escolar da Gandra. No local encontra-se à nossa

espera a Vereadora da Educação Aurora Vieira e as responsáveis pela instituição escolar. Esta visita deveu-se ao facto de, nesse dia em que decorreu a reportagem, ser o dia do regresso às aulas presenciais dos mais novos. “Hoje, foi o recomeço das aulas. E, simbolicamente, vim perceber como estavam a decorrer as coisas e fazer um balanço, que neste caso é positivo”, revela o edil, constatando ainda que, em conversa com os alunos e com os professores, percebeu que estes preferem “claramente, o ensino presencial”. Durante a visita pela instituição, uma das funcionárias da cantina aproveitou o momento para realizar uma critica direta ao autarca, sobre a falta de funcionários no local. No momento, o edil tomou nota do sucedido e, prontamente, pediu para Aurora Vieira tratar do assunto, visto que é a responsável pela gestão do contrato com a empresa. O responsável do Município questionado pelo VivaCidade, sobre o sucedido, explicou que “a Câmara faz um concurso para o fornecimento e a confeção das refeições nas escolas. Houve ali um reporte de que aquilo estava a correr menos

bem, o que foi muito bom, porque é uma forma de percebermos como é que realmente estão a funcionar as coisas. Às vezes, há situações que não correm bem e que nós nem temos conhecimento”, isto porque muitas vezes o próprio agrupamento resolve ou porque ainda não chegou a ser reportado. “Estas empresas nem sempre cumprem a 100% o contrato. E, apesar de agora termos uma equipa só para fiscalizar, às vezes não conseguimos ver tudo”. É nessa linha que para o autarca é essencial andar no terreno e falar de igual para igual com as pessoas. “Modéstia à parte, a facilidade que dou a qualquer pessoa para falar comigo sobre qualquer assunto, permite-nos identificar problemas, que de outra forma não seriam facilmente detetados”. Pelas 10h25, partimos da escola e seguimos de imediato para o arranque da obra do Parque Urbano da Archeira (ler notícia página 40). Partimos do local por volta das 11h.. Antes de chegarmos à Câmara, questionamos o autarca sobre o que para ele, falta ainda fazer em Gondomar. Marco Martins explica que “há muita coisa que só não conseguiu fazer, não pela questão financeira ou de vontade, mas sim pela burocracia exigida. Mas o que é que falta acima de tudo em Gondomar? Falta atrair investidores, sobre o ponto de vista de construção, quer gama média, quer gama alta. A Câmara neste momento está a acabar e vai lançar em abril a estratégia local de habitação para as classes mais desfavorecidas. Mas sim, falta requalificar o território com alguns investidores na classe média alta para atrair mais pessoas. Além disto, falta a questão da mobilidade, falo da linha do metro que já foi aprovada. Em quatro anos acredito que a obra estará no terreno”. Questionamos se o Metro seria a “menina dos seus olhos”, ao que Marco Martins respondeu que “não diria isso, mas seria a cereja no topo do bolo, um bolo com várias fatias, na educação, no ambiente com os parques urbanos, na qualidade de vida. A cereja no topo do bolo é, de facto, a segunda linha do Metro para Gondomar”. O próximo compromisso na agenda do autarca é uma reunião de trabalho na Rua Joaquim Manuel da Costa, localizada em Valbom, juntamente com o executivo da Junta de Freguesia. Enquanto aguardava pelo início da reunião sobre a rua, o autarca aproveitou para realizar o briefing com a Proteção Civil Distrital, dado que Marco Martins, além de ser o responsável pelo Município, tutela ainda a Proteção Civil Distrital do Porto. Terminadas ambas as reuniões, Marco Martins

> Marco Martins, à chegada ao Multiusos de Gondomar para acompanhar mais um dia de vacinação


MARÇO 2021 VIVACIDADE

25

Destaque

> Reunião de preparação para a agenda da semana explica ao VivaCidade o projeto “polémico”, que será realizado naquela rua. “É uma intervenção arrojada, mas que assumimos politicamente. A requalificação desta via irá cortar um dos sentidos, neste caso o ascendente. Sendo assim, em breve, apenas os autocarros poderão fazer ambos os sentidos com a ajuda de um semáforo, enquanto que os restantes cidadãos terão à sua disposição apenas o sentido descendente”. O autarca revela que esta obra já se encontrava decidida deste 2013, no entanto – fruto de burocracias – só agora, dia 22 de março de 2021, é que teve o seu arranque. Para a realização desta empreitada, várias instituições foram ouvidas, tais como os Bombeiros, a APPC, o Centro Social de Valbom e a Junta de Freguesia local. Saímos da rua pelas 11h45 e chegamos a outra empreitada que se encontra a ser realizada em São Cosme, no Lugar de Aguiar. Está a ser intervencionada a Rua da Minhoteira. Este alargamento da rua, só foi possível, graças ao facto do proprietário, ter cedido o terreno gratuitamente. A empreitada tem um custo de aproximadamente 426 mil euros +IVA e tem um prazo de execução de 365 dias. Para António Braz, “estes investimentos são muito importantes para a União de Freguesias. A rua da Minhoteira vai permitir um melhor acesso de toda esta zona, para o centro de Gondomar e mesmo para outras pessoas que nos visitam. Em relação à obra da rua Joaquim Manuel da Costa, em Valbom, que é a principal zona comercial da freguesia, vai ficar mais segura para os peões circularem. A outra obra é de cariz ambiental e vai permitir aos Gondomarenses, e não só, realizar um percurso pedonal, desde a marginal até ao pavilhão do Multiusos de Gondomar. Gostaríamos de fazer mais, porque as solicitações dos nossos fregueses são cada vez maiores, mas pro-

> Reunião de trabalho da obra na Rua Joaquim Manuel da Costa, em Valbom curamos fazer aquilo que podemos. Devo realçar ainda que muito do que temos feito é com a precisosa ajuda do município. Há ainda mais obras que nos próximos meses serão executadas, como por exemplo a retirada do amianto da Escola Secundária de Valbom”. Saindo de São Cosme e no caminho para a Câmara Municipal de Gondomar, parámos numa obra que se encontra a ser realizada, na rotunda junto à Escola EB1 da Gandra. No local, semelhante ao sucedido em Baguim do Monte, encontra-se a decorrer uma intervenção a uma antiga mina descoberta. “Um trabalho muito minucioso e delicado que necessita ser realizado juntamente com um engenheiro, que neste caso é o eng. Mário da Silva”, explica Marco Martins, que continua a referir que este é um trabalho demorado, devido à sua complexidade. Quando “é possível, utilizamos os recursos do município, no entanto, quando a situação é mais complexa, como foi o caso de Baguim do Monte, contratámos uma empresa externa especializada em Minas”. Março é o dia que se comemora o dia do pai e no percurso de volta para a Câmara, Marco Martins desabafa que tenta sempre conciliar a sua vida pessoal com a sua profissional, “principalmente porque sou pai. Eu nunca abdico dos poucos momentos que tenho com ela, se bem que ela acompanha-me muito, em muita coisa. A Mafalda, vai fazer agora oito anos e cresceu com o pai a ser presidente da Câmara. Hoje, com sete anos, ela opina e ajuda-me muito. A Mafalda tem uma visão muito crítica, que às vezes ela vê pormenores que eu sou incapaz de ver. Ela tem uma sensibilidade diferente. Agora, por exemplo, diz que só há rotundas e supermercados em Gondomar”. Tendo em conta a opinião de Mafalda, questio-

> Marco Martins e Aurora Vieira no Centro Escolar da Gandra

námos o presidente sobre o critério de aprovação das construções: “por norma, tentamos impedir a construção de grandes superfícies. Recentemente num caso em Rio Tinto, como a Câmara não decidia o processo, a empresa colocou uma ação em tribunal para que nós tomássemos uma decisão. E, assim, fomos obrigados a dar um despacho. Como eles cumpriam o exigido e todas as regras impostas, nós não tínhamos outra alternativa senão aprovar a obra”. O edil continua a explicar que, no caso de um prédio privado, “as Câmaras não podem propriamente recusar. Podemos exigir aperfeiçoamentos, podemos até exigir mais contrapartidas para o domínio público, como por exemplo a construção de uma rua ou uma rotunda. Caso eles cumpram todas as regras impostas, nós não podemos recusar”. Seguimos caminho para a Câmara Municipal. Chegamos por volta das 12h30. Marco Martins aproveita os minutos antes da sua hora de almoço para resolver, junto à sua chefe de gabinete, mais pendências que surgiram durante a manhã. Antes do almoço questionamos duas situações polémicas em Gondomar, o lixo e a Água. No que toca aos resíduos, o edil diz que “a questão da limpeza urbana deixa a desejar, fica aquém do que devia acontecer. No entanto, estas situações resultam, de grosso modo, de comportamentos de falta de civismo das pessoas. Quando se coloca tudo atrás do ecoponto, em vez de ligar para a linha de recolha de monstros, é natural que depois decorram deficiências, a varredura deveria estar melhor, é uma das falhas da rede ambiente. Quanto à recolha esta melhorou muito, devido a uma chamada de atenção que fizemos à empresa. Outra questão que as pessoas também se queixam bastante é do estado

dos jardins, sendo que é importante relembrar que os jardins são da competência das juntas de freguesias; só os principais é que são da Câmara, ou as árvores de médio ou grande porte, o resto é da responsabilidade das juntas”. Ainda no tema do ambiente e direcionado para as concessões, o autarca explica que, “se isso acontece, é porque o pelouro respetivo não fiscaliza devidamente. Por exemplo, quando há buracos na rua e a junta não tapa, e a mesma já foi notificada mais do que uma vez, ao terceiro aviso, cancela-se a transferência mensal. É preciso exigir a correta aplicação das verbas: já cortámos dinheiro a 2 Juntas (e do meu partido). Se há um problema, nós avisamos e se a junta não resolve no prazo estipulado, corta-se a transferência e não recebe. Isso é o que está na lei e isso é o que está contratualizado”. Entrando no segundo tema polémico, questionamos Marco Martins sobre o valor pago nas faturas da Água. Sobre o assunto, o edil referiu o seguinte: “eu posso adiantar que nós contratámos um estudo a um consultor externo, para perceber o que é que podíamos fazer para a empresa baixar a tarifa. E o que é que se podia fazer do ponto de vista de resgate da concessão. Já temos o primeiro relatório, já reunimos com a empresa e, em princípio, vamos conseguir resolver isto de uma forma, mais ou menos, consensual. Não queremos aqui agradar a empresa, no entanto queremos evitar uma ação judicial. A nossa estimativa do resgate da concessão há três anos em Gondomar, era de 180 milhões de euros. Hoje, serão menos , mas este valor ainda estamos a apurar. Agora, resgatar uma concessão não interessa a ninguém. E não interessa porque? Primeiro, o Município não tem dinheiro para pagar, vai ter que pedir financiamento. E um Município que devia 162 milhões de euros

> Marco Martins com José Paulo e António Braz, na visita à Rua da Minhoteira


26

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Destaque

> Reunião com a Cooperativa de Táxis de Gondomar - Taxigon em 2013 e que, hoje, já só deve 75 milhões, vai agora endividar-se em mais cento e tal milhões de euros? E, depois, há aqui outra questão: o resgate da concessão não implica que a água seja gratuita. Poderá baixar 20-30%, mas não vai ficar gratuita. Portanto, eu tenho muitas reservas quanto ao resgate, porque o que os acionistas querem é isso mesmo. Recebiam 100 milhões de euros e iam à sua vida. Só que depois, a esse custo, temos que voltar a montar um sistema”. Na perspetiva do edil, esta concessão que o Município fez com a empresa foi “uma decisão errada e a forma como foi feita, o caderno de encargos foi ruinoso. Ruinoso porque agora vemos o que está a acontecer. Gondomar tem, em média, a água 25% mais cara que os municípios do Grande Porto. A Câmara está refém da empresa. Hoje, se a Câmara quiser resgatar a concessão tem que pagar muito dinheiro. Nós estamos dispostos a abdicar da receita que temos, porque a autarquia tem uma renda da concessão que recebe 400 mil euros por ano. Estaríamos dispostos a isso, se fosse feita a redução do valor da tarifa. A empresa já percebeu que vai ter que fazer alguma coisa e que não estamos aqui a brincar. Eu não vou estar a tomar uma decisão agora, para só ter efeito em 2025; eu quero tomar uma decisão, agora, que faça efeito imediato. E é isso que ainda não desisti, nem perdi a esperança. Efeito de imediato, leia-se, reflexo na fatura final.” São 13h15, momento em que o edil vai almoçar. De volta às 13h45, partimos em direção aos Passadiços, junto à Casa Branca de Gramido, onde no local Marco Martins realizou uma entrevista para uma equipa de jornalistas da RTP1. Os próximos assuntos do dia na agenda do presidente são duas reuniões. Partimos, novamente, em direção à Câmara Municipal. Enquanto não chegávamos, questionámos Marco Martins sobre o estado das Habitações Sociais em Gondomar: “é um problema grave. Nós temos vindo a realizar muitas obras em conjuntos habitacionais. Gondo-

mar tem 29 conjuntos habitacionais, 25 deles construídos no tempo dos 20 anos do meu antecessor. Quando nós chegamos em 2013, em alguns bairros ainda estávamos a pagar o empréstimo da compra do terreno. Já acabamos os empréstimos de todos os terrenos, mas estamos a pagar outros ainda da construção e outros de reabilitação. Agora temos feito progressivamente obras à medida que temos dinheiro e que vamos tendo algum apoio de fundos comunitários, que em média é de 30-40%. Nós já reabilitámos os conjuntos habitacionais de Medas, Melres, Fontela e Monte Crasto em S.Cosme, Areias em Rio Tinto, Giesta e esta¬mos em obra em Tardariz, em São Pedro da Cova, e no Crasto em Baguim. Vamos arrancar agora com Carreiros em Rio Tinto e o Monte em Valbom. Já está adjudicada a Gandra, em São Pedro da Cova. Não é possível muito mais. Estamos a falar de um esforço financeiro, só nestas reabilitações, na ordem dos 20 milhões de euros. A situação da habitação social na Lomba é verídico, nós sabemos como está o bairro. Nós em 2017, lançamos um concurso de reabilitação para a Lomba. As empresas quando foram lá visitar e detetaram problemas estruturais graves. Os técnicos da Câmara foram lá ver e, de facto, aquilo tinha muito mais do que aparentava. Em 2018, contratámos um estudo ao Instituto de Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que só ficou pronto no início de 2020. O estudo comprova que, de facto, há problemas estruturais graves. Os técnicos da Câmara foram lá ver e, de facto, aquilo tinha muito mais do que aparentava. Em 2018, contratámos um estudo ao Instituto de Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que só ficou pronto no início de 2020. O estudo comprova que, de facto, há problemas estruturais graves. Com a covid-19 tudo atrasou. Neste momento, contratámos já um especialista de um gabinete de geologia que está a fazer um estudo para ver se aquilo tem

> Visita ao local de remoção dos resíduos tóxicos em São Pedro da Cova

solução, porque se não o tiver – e se o custo da recuperação for muito grande –, mais vale a Câmara demolir e fazer um novo”. Logo pelas 14h30, o edil reuniu-se com a Taxigon – Cooperativa dos Táxis em Gondomar. Na reunião foram debatidas as seguintes questões: alterações de lugares; a nova sede; propuseram a ideia de realizar o transporte de utentes para o Centro de Vacinação, em que a Câmara comparticiparia no montante pago pelo utente; e sugeriram a eliminação das taxas de publicidade. No que diz respeito ao discutido em reunião, Marco Martins explicou, quanto às taxas de publicidade, que “essa questão nunca tinha sido levantada e parece ser justa. Tomámos nota e iremos propor para ser deliberado. No entanto, no que toca à questão das viagens para o Centro de Vacinação, terei que avaliar melhor a proposta, dado que até ao momento este transporte está a ser assegurado pelas juntas de freguesia. Por isso, ainda não sentimos essa necessidade”. A reunião seguinte teve como assunto o Parque Urbano de Gondomar. O VivaCidade teve acesso a informação exclusiva (pode ser consultada na página 37). Saímos por volta das 16h, em direção à obra de retirada dos resíduos perigosos de São Pedro da Cova. No local, a acompanhar a visita, encontravam-se os vereadores Luís Filipe Araújo e José Fernando. Sobre o assunto, Marco Martins manifestou que já não ia ao local desde o início: “quem está de fora não tem noção do que lá se está a passar e do volume de terra que de lá já saiu. Já retiramos cerca de metade da quantidade estipulada. Ao todo, está previsto serem retiradas 125 mil toneladas de resíduos. Ao contrário da primeira fase, em que os resíduos iam de camião e faziam uma viagem de 290 km, nesta segunda fase o processo de transporte é diferente. O intuito é o de reduzir a pegada ecológica, assim os contentores vão até Valongo, onde tem um terminal ferroviário de mercadorias, e seguem por comboio até à Chamusca”. O edil reconhece que esta é uma batalha antiga e justa da população de São Pedro da Cova: “foi mesmo um crime isto ter acontecido com esta passividade e com a autorização da Câmara, bem como com a conivência da junta, que é importante referir que na altura já era CDU. A junta nunca tomou uma posição pública, pelo contrário”. O relógio marca as 17h: saímos de São Pedro da Cova e partimos em direção à antiga linha de Midões, localizada na Foz do Sousa. Passados 20 minutos, chegámos ao local. À nossa espera encontrava-se a Vereadora Sandra Almeida. Durante o percurso, o autarca explica que está

“Não vejo motivos para fazer grandes alterações. Não quer dizer que não haja alterações pontuais, mas não vejo motivo para haver grandes alterações ao nível do orgão do executivo”. a realizá-lo pela primeira vez. O intuito desta caminhada é reconhecer e perceber se de facto há interesse em abrir aquele percurso no próximo ano. “O nosso objetivo é fazer a ligação desde o Centro de Saúde até à praia de Zebreiros”. O edil faz questão de sublinhar que “a Câmara tem todo o interesse em que o Grupo Moinhos de Jancido se envolva no projeto, porque é quem tem sido o motor disto tudo, e é quem trabalha para isto ser o que é. Nós apenas damos apoio em materiais que o Grupo necessita. E, naturalmente que nunca faremos nada contra a sua vontade, apenas faremos aquilo que não consigam fazer. Mas sublinho que os seus elementos têm sido verdadeiramente espetaculares”. Após a realização do percurso, partimos novamente em direção à Câmara Municipal. Pelo caminho, questionámos sobre as eleições para outubro de 2021: “Isso é uma decisão que será do partido, mas é minha intenção recandidatar-me. Quando tomei posse em 2013, estava escrito no meu discurso que o meu projeto para Gondomar, independentemente de qualquer alteração, seria até 2025. Como é público, já tive outras propostas para cargos privados, em que o vencimento era bem melhor e para cargos públicos em Lisboa. No entanto, recusei, porque considero que ainda faço falta aqui”. No que diz respeito à sua equipa de trabalho, o edil anuncia o seguinte: “não vejo motivos para fazer grandes alterações. Não quer dizer que não haja alterações pontuais, mas não vejo motivo para haver grandes alterações ao nível do orgão do executivo”. Apesar da nossa equipa ter terminado o dia com Marco Martins, o autarca explicou o resto da sua agenda para a sua tarde/noite: “vou ver se fico a trabalhar na Câmara até às 19h45/20h. Depois irei jantar. Às 21h15 tenho uma reunião presencial na Foz do Sousa, que deve durar até às 23h30. Depois, quando chegar a casa, ficarei no computador a resolver as pendências para, no dia seguinte, estar tudo mais organizado.” ▪

> Marco Martins e Sandra Almeida minutos antes de iniciar o percurso da Linha de Midões


PUB


28

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Empresárias reinventam-se em tempos de pandemia Como é do conhecimento comum, a pandemia trouxe ao setor empresarial novos desafios. Foram muitas as empresas que sentiram a necessidade de reinventar-se, para sobreviver. Como março é o dia internacional da mulher, falamos com três empresárias do concelho que perante as dificuldades, conseguiram dar a volta por cima. Falamos com a proprietária da empresa Pecados Salgados, Ana Cristina Rodrigues. Com origens transmontanas, o gosto pelos produtos dessa região nasceu muito cedo. A trajetória da empresa começou há cerca de 30 anos, com a abertura de uma loja no Mercado de Rio Tinto e, que ainda se encontra em funcionamento aos sábados, juntamente com a feira semanal. A responsável, explicou que sempre decidiu ir mais além na divulgação dos seus “Produtos Transmontanos e do Alto Douro em eventos um pouco por todo o país. Participamos em eventos de renome como NOS ALIVE, Sol da Caparica, Festa do Vinho Verde (evento RFM na Alfândega do Porto), Wonderland Lisboa (Festa da TVI durante o mês de Dezembro), A Viagem Medieval de Santa Maria da Feira onde somos já uma casa de referência, entre muitos outros”. Ana Rodrigues refere que o segredo do seu negócio está nos produtos que vende. Na sua loja podemos encontrar desde enchidos, a vinhos, doces regionais, azeite, mel e compostas de vários pontos do país, “Essa qualidade deve-se ao fato de termos como parceiros pequenos produtores cujos produtos têm o sabor de antigamente”. A empresária no início da pandemia tinha uma loja no Porto e, outra em Lisboa, que acabou por encerrar devido às dificuldades

que surgiram. Ambas as lojas, tinham uma “Grande afluência turística”, uma encontrava-se na Estação de S. Bento no Porto e a outra na Estação do Cais do Sodré em Lisboa. “Como o turista praticamente desapareceu e os Portugueses, na sua maioria, foram para tele-trabalho encerramos definitivamente, ainda em Março de 2020, a loja no Porto e em Lisboa encerramos em Setembro de 2020”, explica. A ideia de abrir uma loja na “sua” terra começou a crescer quando se apercebeu que o COVID ia durar mais do que o previsto. Assim, em julho de 2020, em plena pandemia, a empresária decidiu arriscar e abriu uma loja em Fânzeres, na Avenida da Carvalha. Os primeiros 9 meses de existência “Foram muito complicados em termos de negócio, as pessoas tinham medo de sair de casa e estávamos a criar uma casa de raiz”. A empresária revela que decidiu começar a apostar fortemente nas redes sociais e promover os seus produtos que remetem ao sabor tradicional originário das aldeias portuguesas. E, pouco a pouco, com o apoio da família e dos amigos, “Fomos invertendo o receio inicial e, hoje, fazemos um balanço positivo e vamos continuar a trabalhar para encher as mesas dos nossos clientes com produtos e sabores inesquecíveis”. ▪

Saímos de Fânzeres e vamos diretos para Rio Tinto, ao encontro de Gisela Oliveira, fundadora da Doce Segredo, marca registada em 2012. Apesar de ser licenciada em Ciências da Nutrição, a sua paixão sempre foi a arte dos bolos e dos doces personalizados. Nunca baixou os braços e a 9 de novembro de 2019, abriu a sua casa de chá. No esta-

belecimento “Todos os produtos são confecionados na loja com massas e recheios caseiros e sem utilização de produtos industrializados”, a variedade é tanta que torna-se difícil de escolher. Com o inicio da pandemia, Gisela confrontou-se com um desafio, visto que fazia apenas 4 meses desde a abertura do seu

estabelecimento. “Não tivemos outra alternativa do que repensar toda a estrutura de vendas e de como o Doce Segredo poderia chegar ao público”, explica a responsável da empresa, que refere que “Neste ano de adaptação, houve necessidade de recorrer a uma empresa parceira de entrega ao domicílio, assim como a colocação de esplanada, de forma a que a experiência dos nossos clientes fosse mais cómoda e segura”. Na perspetiva da empresária, um fator que ajudou as suas vendas e a reduzir o impacto da pandemia foi “O desenvolvi-

mento de produtos novos e diferenciados. Sempre foi uma das premissas do Doce Segredo e durante o confinamento de março de 2020 a produção e criação de novos produtos foi reforçada. As panquecas tiveram grande adesão por parte dos nossos clientes logo após a abertura ao público, e posso adiantar que a criação de um site estará para breve”. Do último ano de pandemia, Gisela faz um balanço positivo, no entanto reforça que “O caminho foi bastante desafiante uma vez que a adaptação tinha que ser constante”.

Deixando para trás a zona urbana do concelho de Gondomar, fomos até ao Alto Concelho, à freguesia de Melres, falar com a proprietária do café Charrua, Sara Bessa. Há dois anos abriu o Café Charrua, no entanto começa por constatar que o “Último ano de pandemia foi horrível”. “Tivemos que fechar às portas e, para piorar sou mãe de três crianças”. Sara explica que não recebeu nenhuma ajuda do estado, “Nem por estar a cuidar deles em casa, nem por estar com o bar fechado”. As dívidas da empresária começaram a crescer, dado que, apesar de não facturar, as contas continuavam a chegar. “Entretanto, reabrimos, mas as coisas continuavam paradas, porque os nossos clientes emigraram, visto que aqui ficaram sem

trabalho”. Tendo em conta a situação, Sara tomou a decisão de encerrar novamente as portas e voltou a reabrir neste mês de março de 2021. Devido à pandemia, Sara arregaçou as mangas e fez frente às dificuldades. “Comecei há uns anos com vendas online e, parei no ano passado, devido a uma depressão que tive, por ver tudo o que construí a ir por água abaixo. Estive mesmo no fundo do poço. Mas este ano meti mesmo na cabeça que não podia desistir e voltei para as vendas online. E, graças a Deus está a começar a correr muito bem, de dia para dia os pedidos têm aumentado”. Quanto ao café, a empresária revela que está a considerar “Mudar tudo, para ver se o consegue reerguer”.


PUB

O executivo da Junta de Freguesia de Baguim do Monte, deseja a todos uma Feliz Páscoa com a esperança de dias melhores Rua D. António Barroso nº 33, 4435-996 Baguim do Monte geral@baguimdomonte.pt T: 22 489 9666 F: 224 808 840

PUB


30

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Sociedade

Actual Gest defende tradição gastronómica e agrícola de Gondomar A Actual Gest irá defender a tradição gastronómica e agrícola de Gondomar com o projeto “Sementes” a preservar património europeu. Nabos, nozes e outros produtos de Gondomar farão os sorrisos no prato dos participantes dos países parceiros do Projeto “Organic Seed Portfolio in Climate Change”, do programa europeu Erasmus +, uma parceria estratégica para a Educação de Adultos. Quem lidera a defesa do nosso património gastronómico e agrícola é a Actual Gest, entidade formadora, que leva à Europa não só os sabores, mas, essencialmente, metodologias de preservação destes produtos. O projeto terá a duração de dois anos e conta com organizações de Itália, Eslováquia, Estónia, França e Polónia. Na

“terra do nabos” irá realizar-se uma formação na área da preservação de sementes orgânicas, como elemento essencial para a preservação da biodiversidade e consequente preservação ambiental, organizada pela Actual Gest. Em fase de candidatura, foi a vasta experiência nas áreas de jardinagem e cozinha, no âmbito da Educação e Formação de Adultos, que levou a entidade coordenadora, a Associação Europeia Slovakia, a convidar a Actual Gest como parceira responsável pela formação. Prontamente, a entidade formadora aceitou integrar o projeto, que vai de encontro aos seus valores e missão, entre os quais a sensibilização e educação para a preservação ambiental. Ao nível da comunidade local, a Actual Gest conta com a parceria da Associação Recreativa Cultural e Social de Silveirinhos e da empresa de jardinagem e gestão agrícola RURALEX, ambas sedeadas em Gondomar. ▪

> Antenor Areal, Diretor Pedagógico da Actual Gest

Águas de Gondomar com resultado excelente na redução de perdas de água A empresa Águas de Gondomar, SA (AdG) terminou o ano de 2020 com um valor apreciável na redução de perdas de água nas redes de abastecimento de água no concelho de Gondomar, fixando-se em 12,64 % o valor da água não faturada. Esta conquista é o resultado de uma estratégia alargada e integrada que a AdG tem vindo a implementar desde 2011, que se traduz na realização de investimentos infraestruturais, na sistematização do controlo de caudais e perdas e na aposta na otimização da gestão das redes de abastecimento. Desde então, e com a aplicação desta metodologia de gestão, a AdG tem alcançado resultados apreciáveis no combate às Perdas de Água, reduzindo as perdas reais associadas às roturas e fugas não visíveis bem como às perdas aparen-

tes atuando no maior rigor na medição da água fornecida e na redução do consumo ilícito. “A utilização desta metodologia de gestão, que estrutura e sistematiza os procedimentos fundamentais à implementação de um sistema de redução de perdas, tem conduzido à melhoria do desempenho e da eficiência da rede de abastecimento da AdG o que, combinado com intervenções de controlo dos caudais, redução da pressão, pesquisa ativa de fugas, reparação rápida e eficiente das avarias com uma estratégia de renovação da rede, tem permitido reduzir os níveis de água não faturada em Gondomar, passando de 14.2%, em 2019, para 12.64% em 2020”, afirma Jaime Martins, diretor-geral da AdG. A metodologia tem permitido desenvolver um trabalho concertado que conta com o contributo de todos, da administração aos operacionais, que estão comprometidos no combate às perdas e que diariamente se dedicam a estudar e monitorizar meios e infraestruturas para otimizar a gestão das redes de abastecimen-

to de água em Gondomar. “Conseguimos, em tempo real, disponibilizar às equipas técnicas a informação necessária para que estas possam identificar com exatidão e rapidez os locais com possibilidade de melhoria ao nível da eficiência”, adianta Jaime Martins. A redução verificada é ainda reflexo das melhorias introduzidas nas redes infraestruturais, da renovação contínua do parque de contadores, atualização permanente de cadastro, sistematização da pesquisa ativa de fugas, construção de modelos hidráulicos de redes, setorização e instalação de medidores de caudal, entre outras atividades que têm sido priorizadas pela gestão da empresa. O resultado do indicador de Perdas Reais de 16 (l/ (ramal.dia) obtido em 2020 quando comparado com o resultado em Portugal que é de 125 (l/(ramal.dia) para o ano 2019 divulgado pela ERSAR, evidência os excelentes resultados na atuação desenvolvida para a redução das perdas reais. “Estamos a concretizar, com sucesso, uma estratégia focada na eficiência e na redu-

ção de perdas na rede de distribuição, que nos permite cumprir os nossos objetivos em termos de sustentabilidade económica, social e ambiental”, sublinha o diretorgeral, adiantando ainda que “combater as perdas de água continuará a ser, por isso uma das prioridades da AdG nos próximos anos, não só porque constitui uma das principais fontes de eficiência da gestão, mas também porque é fundamental apostar na redução do desperdício deste bem essencial à vida”. Recorde-se que a água não faturada em Portugal é de 28.8% enquanto a AdG registou um valor de 14.2% conforme resultados recentemente publicados para 2019 pela ERSAR, a qual define como objetivo para este indicador “avaliar o nível de perdas económicas correspondentes à água que, apesar de ser captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, não chega a ser faturada aos utilizadores.” O resultado obtido de 12.64% para este indicador, demonstra a consistência na atuação definida e implementada diariamente pela Águas de Gondomar, SA. ▪


PUB


32

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Cultura

União de Freguesias comemora 30 anos de concurso com lançamento de livro

Nunes Carneiro-Elefante Editores

> Pedro Vieira e Maria José Cardoso

A União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova encontra-se a comemorar os 30 anos do concurso do Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres. Um projeto que tem vindo a amadurecer e a ter reconhecimento além fronteiras Gondomarenses. “Somos um país de Poetas”, refere Maria José ao justificar a importância que este concurso possui na comunidade portuguesa, dado que o mesmo atrai as atenções de pessoas que vivem em várias zonas do país. Numa nação onde Luís de Camões é o pai da poesia, não falta quem tenha este talento a correr nas veias. E, é com esse objetivo, ‘descobrir talentos’ que este concurso já perdura por tantos anos e já destacou vários amantes deste género literário. Ao longo das últimas três décadas, foram vários os participantes que deliciaram os jurados de todas as edições com os seus trabalhos partilhados. Foram vários os participantes que fizeram esta iniciativa ser o que é hoje. Para todos os apaixonados deste género literário e de forma a homenagear este projeto, a União de Freguesias, juntamente com o editor Nunes Carneiro, da Elefantes Editora, lançaram uma Antologia. Esta Antologia do Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres é composto por poemas de todos os vencedores destas 30 edições. No mês passado, o executivo da União de Freguesias, juntamente com o editor Nunes Carneiro, realizaram via online, na página da Biblioteca de Fânzeres, a apresentação pública da obra.

Maria José, integrante do Executivo da União de Freguesias e responsável pelo Pelouro da Cultura, revela ao nosso jornal que se encontra orgulhosa e feliz por este projeto. “É das iniciativas mais importantes que temos na Freguesia, porque também é dos concursos de poesia mais antigos do país e que ainda permanece vivo”, revela a responsável, afirmando que é “Um projeto que lhe dá muito prazer em organizar.” A organizadora explica que a participação que têm sentido nos últimos anos “Deixa-nos estimulados para continuar com este prémio”. Maria José acrescenta que esta iniciativa tem levado o nome da vila a todos os cantos do país, “Já premiamos pessoas oriundas de várias cidades e isso deixa-nos de facto muito gratificados”. A responsável acrescenta ainda que, “Com o nosso concurso, consigo perceber que muitos deles saem daqui muito motivados para escrever mais”. O intuito do executivo da Junta é continuar a motivar a população para a participação do prémio, independentemente da idade e do seu estatuto,“Já tivemos vencedores no concurso em que eram mais inexperientes, enquanto tivemos outros em que já tinham um percurso de escrita mais avançado”. Os premiados dos últimos trinta anos são os seguintes: Alberto Marques, Alexandre Perafita, António Augusto Menano, Boaventura de Sousa Santos, Estrela Babau, Fernando Hilário, Fernando Macias, Graça Pires, Hugo Santos, João Ricardo Lopes, Joaquim Manuel Pinto Serra, José Alberto Mar, José Carlos Barros, José Fernandes de Matos, José Manuel Teixeira, José Ricardo Nunes, Leandro Carvalho dos Santos, Lígia Silva, Luís Aguiar, Luís Bento, Maria Graciete Besse, Marta Druta, Maximina M. Girão Ribeiro, Paulo Assim, Rui Manuel Amaral. ▪

Tenho colaborado com a Junta de Freguesia há vários anos. E, desde 2019, a Elefante Editores é a responsável pela edição do livro vencedor do Prémio Nacional de Poesia. Conversando, rapidamente chegámos à conclusão que seria importante assinalar os 30 anos desta iniciativa. Portanto, é a evolução natural desta relação em que conseguimos apoiar uma iniciativa integrada na excelente e consistente política cultural da Junta de Freguesia com um contributo modesto, mas que está na nossa área de competências: editar livros de poesia. Convém ainda sublinhar que este prémio existe há 30 anos, o que o torna num dos mais antigos no nosso país. Quanto ao processo de seleção dos poemas, foi uma tarefa que fiz com muito gosto, mas que não foi fácil, pois há muitos poemas de que gostei, mas que não foram incluídos. A ideia era escolher apenas um poema por cada livro premiado pelo que tive de fazer opções. No entanto, esta é uma antologia pessoal. Outra pessoa teria escolhido outros poemas. Além disso, este processo permitiume revisitar todos os livros e saborear a leitura de boa poesia.A colaboração nesta

edição é um motivo de orgulho, porque acredito que é uma amostra muito significativa de boa poesia. As pessoas podem esperar desta antologia reler alguns bons poemas. E, sobretudo, se acompanham o prémio há vários anos, será interessante terem uma visão de conjunto sobre a importância que esta iniciativa teve, tem e terá na descoberta de autores de mérito. Quanto à apresentação do livro foi condicionada pela situação de pandemia e, ao contrário de outras alturas, não foi possível fazer uma sessão com os quotes nem com os leitores. Foi feita através de um directo no Facebook. Mas, temos a garantia de que, logo que seja permitido, faremos uma sessão aberta a leitores, a autores e a toda a população. Será, esperamos, uma outra forma de celebrarmos a poesia e de voltarmos a estar juntos. E esses momentos, com livros e com poesia, são sempre muito especiais. A poesia e os livros têm, certamente, um lugar muito especial. A leitura é uma das minhas tarefas preferidas e tem-me permitido descobrir uma imensidão de dimensões e de emoções que só uma obra literária consegue oferecer.

Joaquim Manuel Pinto Serra- Vive em Lisboa Prémios ganhos no concurso: 1998 - 9ª Edição; em 2012 - 21ª Edição; 2014 - 23ª Edição e em 2017 - 26ª Edição Fazer parte desta Antologia dos 30 Anos do Prémio Nacional de Poesia de Fânzeres foi para mim uma agradável surpresa, pois recordou-nos tantos anos de poesia, de boa poesia, num percurso ao longo do tempo, de entusiasmo e dedicação a esta iniciativa. Estarmos representados nela com quatro poemas é muito gratificante, enquanto poeta. Claro que considero importante este tipo

de iniciativas, pois para além de uma oportunidade para quem concorre, tornou-se um marco importante na nossa poesia contemporânea. O impacto desta iniciativa foi importante para mim. Basta lembrar que o meu primeiro livro publicado em 1998 ( Prémio Nacional de Poesia de Fânzeres nesse ano) foi o início da publicação das minhas obras (18 ao todo, entre poesia, romance, contos literatura juvenil e crónicas).


MARÇO 2021 VIVACIDADE

33

Cultura

Paulo Ferreira continua a trazer prestígio a Portugal O nome Paulo Ferreira, em Gondomar, já começa a ser rotineiro de ser ouvido pelos constantes prémios que o cineasta gondomarense tem vindo a receber com os seus trabalhos. Amante da natureza, leva essa paixão para o que faz. O intuito é de sensibilizar e chamar a atenção da comunidade para a importância do ambiente no nosso quotidiano. Desta vez, foi o seu filme “HOPE” (esperança) que ganhou destaque nos festivais internacionais de cinema independente. Para surpresa do realizador, o seu trabalho venceu três categorias no Vegas Movie Awards. O Gondomarense trouxe os prémios nas seguintes categorias: Best Do-

cumentary Short (Melhor Pequeno Documentário)- Award of Excellence (Prémio de excelência; Best Cinematography (Melhor Cinematografia)Award of Excellence; e Best Drone Video (Melhor video de drone)- Award of Merit (Prémio de Mérito). Para além destes prémios, a mesma obra foi premiada em Nova York, no festival internacional de cinema “Oniros Film Awards”, na categoria de “Drama” e obteve o troféu “Grand Jury Awards”. O filme contou com a realização de Paulo Ferreira, com a voz de Conrad Harvey e a tradução ficou ao encargo de Maria José Moura Castro. “Hope” foi produzido durante os períodos de confinamento -março de 2020 até março de 2021. Esta obra cinematográfica pretende transmitir uma mensagem de esperança, perante o cenário que o mundo enfrenta com a pandemia. No filme, que pode ser consultado no site do realizador (www.pauloferreira.pt) ou, diretamente no YouTube, podemos ouvir o seguinte excerto: “O mundo

como conhecemos, mudou para sempre. O laço que nos liga a todos é a esperança. Esperança de voltar às coisas que todos nós amamos. E, contudo, a

esperança de que não regressemos ao modo como fazíamos as coisas anteriormente. Esta viagem começa… com Esperança”. ▪

Saber, Fazer e Ser

PUB

Creche, Pré-Escolar . 1º Ciclo . 2º Ciclo . 3º Ciclo . Secundário

Rua do Taralhão, 71 4420-336 Gondomar geral@colegiopaulovi.com www.colegiopaulovi.com T: 224 646 027

A Direção do Colégio deseja a todos os seus alunos e respetivas famílias, professores e funcionários uma

Feliz Páscoa


34

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Política

Jorge Ascenção é candidato do PSD à Câmara Municipal de Gondomar

O candidato escolhido para representar o PSD nas autárquicas em Gondomar, é Jorge Ascenção. Licenciado em Gestão Financeira, pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, muitos o conhecem pelo seu percurso enquanto Presidente do Conselho Executivo da CONFAPConfederação Nacional das Associações de Pais. Ao VivaCidade, Jorge Ascenção revela que representar o partido nas autárquicas “É uma responsabilidade e um desafio muito grande”, tendo em conta que não se considera um “Indivíduo de carreira partidária”. Para o candidato este convite do

partido foi uma honra e garante que, como nunca virou costas a um desafio na sua vida, este não é uma exceção. “Vou procurar dar sempre o meu melhor e espero que os gondomarenses aproveitem a oportunidade para fazer a mudança que desejam”, constata o candidato. Jorge Ascenção sublinha o seguinte: “O meu objetivo é ganhar. E, espero conseguir de facto que os gondomarenses acreditem e queiram fazer parte do desenvolvimento que tanto desejamos”. O candidato admite que, “será uma tarefa complicada, não será fácil…mas a decisão final é sempre dos Gondomarenses”. No entanto, quanto à sua parte Jorge Ascenção demonstra que não irá baixar os braços e pretende entregar-se à causa, que neste caso é o Município de Gondomar. Refere ainda que “Não vou com o objetivo de derrotar ninguém. Vou com o objetivo de vencer… Terei que respeitar tudo o que os Gondomarenses decidirem, porque são a voz soberana”. PUB

“Para mim, o importante é que as pessoas sintam-se honradas por fazer parte deste concelho”. Na perspetiva do candidato “Gondomar não pode estar na sombra de Gaia ou do Porto…

nós precisamos que as pessoas tenham de facto qualidade de vida em vários aspetos… nós queremos que os Gondomarenses sintam orgulho em ser gondomarenses”. ▪ Foto DR

O Partido Social Democrata já escolheu o candidato que irá representar o partido na corrida à Câmara Municipal de Gondomar nas eleições autárquicas de 2021.

PUB


PUB PUB

MARÇO 2021 VIVACIDADE

35

Política

Primeiro Ministro e Ministro do Ambiente asseguram linha para Gondomar No dia 16 de março, pelas 11h, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto, o conselho de Administração da Metro do Porto, SA, realizou o acto de consignação das empreitadas das Novas linhas (Linha Rosa e extensão da Linha Amarela), bem como realizou o lançamento do concurso público internacional de conceção da nova ponte sobre o rio Douro. No local esteve presente o Primeiro-ministro António Costa, o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que aproveitaram o momento e recordaram a futura linha do souto que irá abranger o concelho de Gondomar. Presente na cerimónia, encontravam-se todos os Presidentes de Câmara da Área Metropolitana do Porto, o que inclui Marco Martins, Presidente de Gondomar. O Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes referiu no seu discurso que “Asseguramos ainda no Quadro Comunitário de Apoio, a nova linha para Gondomar, de 155 milhões de euros”.

O Primeiro Ministro, António Costa referiu que todos os investimentos que estão a ser realizados terão um reflexo na situação de desemprego que a pandemia piorou, “Este investimento público, não é um investimento do estado para o estado, mas sim do estado para os cidadãos”. O responsável pelo Governo Central, assegurou o seguimento da linha para Gondomar. António Costa constatou ainda que este investimento na mobilidade tem o intuito de combater as alterações climáticas, “Para ganharmos este desafio nas cidades, é necessário ganhar este desafio dos transportes públicos. E, é por isso que temos metas ambiciosas. Até 2030, temos que reduzir em 40 % as emissões dos gases com efeito de estufa e, só há uma forma de o fazer que é investir em mais e em melhores transportes públicos”. No entanto, o Primeiro Ministro sublinha a ideia de que “Nem tudo se faz à pressa, porque tudo leva o seu tempo”. ▪

PUB

Viva Prevenido Catarina Gonçalves Optometrista da Opticália

Alergias oculares, o que se pode fazer? Em pleno mês de abril, com as suas chuvas e perto das flores de maio, começam a surgir os principais casos de alergias sazonais, que, para muitos, vêm com ardor, olho vermelho e comichão. Uma alergia nos olhos pode ser provocada por muitos elementos externos, sendo influenciada pelo sítio onde se encontra. Podemos encontrar dois tipos de alergias oculares: sazonais e perenes. As sazonais afetam a maior parte da população e manifestam-se, principalmente, na primavera (rebentar da folha) e no outono (cair da folha). Aparecem, sobretudo, por causa dos alergénios transportados pelo ar, tais como, pólen, erva, etc. As perenes acompanham-nos durante todo o ano e são provocadas desde o simples pelo dos animais de estimação até aos ácaros. O tratamento passa pela medicação receitada por um profissional da visão, bem como por remédios caseiros naturais. As lágrimas artificiais, próprias para cada tipo de alergia, são uma boa forma para o alívio dos sintomas, particularmente em pessoas que sejam usuárias de lentes de contacto. Caso se tenha uma alergia sazonal e não se queira tomar anti-histamínico, uma boa forma de minimizar os sintomas é evitar atividades ao ar livre em dias de vento,

na primavera e no verão, e também considerar deixar os sapatos fora de casa, para não trazer o pólen para o seu interior. Um erro que todos cometemos é coçar os olhos com as mãos. Este gesto pode agravar bastante as alergias oculares, por isso lavar a cara e salpicar com água os olhos pode ajudar a retirar os pólenes, poeiras ou outras substâncias irritantes. Os sintomas intensificam-se para quem usa lentes de contacto e sofre de alergias. Uma das dicas que se pode fazer é lavar as suas lentes, da maneira como o seu profissional ou fabricante lhe recomendou, e manter sempre as gotas humectantes ao seu lado. Em último caso, pode considerar-se mudar de lentes de contacto quinzenais ou mensais para diárias. Uma nota importante: caso sinta qualquer sintoma de alergia, como os referidos anteriormente, é sempre essencial consultar o seu profissional da visão, pois pode tratar-se de outra coisa que tenha os sintomas parecidos, como treçolho ou conjuntivite num caso mais grave. As alergias oculares são para ser tratadas com seriedade, uma vez que podem provocar sintomas bastante severos, nomeadamente em pessoas que não saibam como lidar com elas. Para isso, não há nada como se aconselhar com o seu médico oftalmologista, médico de família ou optometrista na sua consulta seguinte e ver quais são as medidas adequadas para si.


36

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Hospital Fernando Pessoa

CURSO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA PARA MEDICINA GERAL E FAMILIAR O presente curso, desenvolvido num conjunto de 6 sessões, em formato de webinar, assenta no objetivo de discutir temas relevantes na área da Medicina Geral e Familiar, com importante interesse prático para a clínica diária, promovendo a aquisição e atualização de conhecimentos, bem como a partilha e troca de experiências, numa base de formação contínua. O curso irá decorrer à quarta-feira, das 18h00 às 20h30, em modelo de webinar, sendo a avaliação feita por módulos e conferindo 1 ECTS para quem completar todos os módulos com aproveitamento. Apesar de ser especialmente pensado para médicos internos e médicos especialistas de Medicina Geral e Familiar, qualquer interessado nos temas abordados (Referenciação em Cirurgia Pediátrica, Doenças da Próstata, Coxalgia e Gonalgia, Adenopatias Cervicais, Análises Hepáticas, Oftalmologia Pediátrica) poderá se inscrever. MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: https://www.fundacaofernandopessoa.pt/medicina-geral-e-familiar

Política

Freguesia de Rio Tinto adota projeto diferenciado para o ambiente A Quinta das Freiras é dos espaços verdes mais emblemáticos da Freguesia de Rio Tinto. Devido a recentes dados de um estudo realizado pela UTAD, algumas árvores tiveram que ser abatidas. No entanto, para salvaguardar este património natural, a freguesia teve o cuidado de replantar 125 árvores. Além disto, a Junta decidiu criar um projeto inovador para todas as árvores da freguesia. Com a queda da árvore na linha do metro que ocorreu em dezembro, a preocupação cresceu quanto ao estado instável do terreno na Quinta das Freiras. Este talude (terreno inclinado) comportava eucaliptos com mais de 20 metros de altura. Assim, para assegurar a segurança daqueles que por lá passam, a Junta de Freguesia teve que abater 86 árvores. A juntar a esta situação de insegurança pelas condições do terreno. O Município iniciou uma parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para realizar um estudo fitossanitário a todas as árvores do concelho. O intuito era perceber se elas estavam em condições para continuar no local ou se necessitavam de ser abatidas por representar algum tipo de perigo para a comunidade.

Neste estudo, as 127 árvores que ficaram foram analisadas. Tiveram que ser abatidas de imediato mais 22. Sobrando no local apenas 105 árvores. No entanto, para os representantes da freguesia é importante manter o património natural destes espaços verdes, principalmente por Rio Tinto ser uma freguesia urbana. Assim, Nuno Fonseca, Presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto revelou ao VivaCidade que, na próxima segunda feira, dia 29 de março, serão replantadas 125 árvores na Quinta das Freiras. No entanto, a cerimonia simbólica da replantação, da primeira árvore, decorreu ontem, dia 24 de março. O autarca da freguesia anunciou ainda ao nosso jornal um projeto inovador. Este projeto pretende valorizar os recursos verdes que a freguesia possui. Assim, Nuno Fonseca decidiu identificar, marcar e catalogar todas as árvores presentes nos espaços público de Rio Tinto. O intuito deste projeto é criar uma georreferência, através do uso de um QR CODE, onde a pessoa será reencaminhada para uma secção do site da Junta que terá todo o registo do património arbóreo da freguesia. O executivo da Junta pretende que este projeto de identificação esteja a 100% nos próximos 3\4 anos. Quanto ao futuro, o próprio levanta a possibilidade de alargar este projeto aos espaços privados de Rio Tinto. Recorde-se que Rio Tinto é uma Eco-Freguesia, que já foi galardoado diversas vezes pelas iniciativas que desenvolve ligadas ao ambiente. ▪

> Na foto: José Fernando, Vereador do Ambiente e Nuno Fonseca, Presidente da Junta de Rio Tinto PUB


MARÇO 2021 VIVACIDADE

37

Política

Arranque da obra do futuro exlibris de Gondomar Em outubro de 2019, o VivaCidade lançava em primeira mão o projeto do Parque Urbano de Gondomar e, hoje somos novamente os primeiros a anunciar o arranque da obra do Parque Urbano, que será no dia 6 de abril. No entanto, a montagem do mesmo começa já no dia 29 de março.

empreitada ronda “Um investimento de 2.8 milhões de euros +iva, na construção, e com os terrenos foram gastos, aproximadamente, três milhões e meio de euros”. Esta Parque Urbano terá um investimento superior ao de Rio Tinto, embora que o mesmo tenha uma área mais pequena. Marco Martins justifica o facto, referindo que “Os tempos são outros e os terrenos estão mais caros”. Segundo o edil, este arranque foi pos-

sível porque “Já recebemos o visto do Tribunal de Contas”. De momento, o autarca afirma que “Houve muita litigância. Mas as providências cautelares já caíram. Os embargos de incidentes também já caíram. Há só a ação principal, que há de ser julgada a seu tempo e que não impede o avanço da obra”. O autarca revela ao VivaCidade que o Município já enfrentou nove atos processuais, onde “O objetivo das pessoas era ter mais dinheiro”.

É de recordar que a ideia é requalificar aquele espaço, prevendo já a passagem naquele local a futura linha do metro que vai circundar o parque por dois lados. Está previsto ser ainda construído um pequeno anfiteatro, um pequeno bar de apoio, uma esplanada, casas de banho e um percurso em toda a volta. Este Parque Urbano integra uma rede concelhia de 9 equipamentos verdes que o Executivo tem projetados para o Município de Gondomar. ▪

A data da montagem foi ultimada na última reunião realizada entre a Câmara, a fiscalização, o projetista, o arquiteto e o empreiteiro. Nesta mesma reunião foram discutidos alguns detalhes que dizem respeito à decoração e a mensagem que será transmitida ao redor da obra. Para o Presidente da Câmara Municipal, Marco Martins, “Esta obra será o ex-libris de Gondomar e é uma aposta grande do Município”. O valor da PUB

A Associação Comercial e Industrial de Gondomar deseja uma Feliz Páscoa cheia de alegria e muitos sucessos comerciais.

Morada: R. Padre Augusto Maia 58, S. Cosme Telefone: 224 830 089 / 224 838 325 E-mail: geral@acigondomar.pt


38

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Gonçalo Lixa Médico Veterinário, Clínica Veterinária do Taralhão

Saúde Oral - Porque tão poucos tutores escovam os dentes ao seu Animal? Historicamente, e apesar da tendência estar gradualmente a mudar, existem ainda muito poucos tutores a realizar a escovagem dentária aos seus animais. Certos que a maior parte de nós deseja o melhor para a saúde dos nossos amigos de quatro patas, realizando já vários outros procedimentos no sentido de a potenciar (desparasitação, banhos e escovagem, vacinação, e outros), porque não cuidamos, com a mesma dedicação, dos dentes deles? As respostas que ouvimos variam desde “tenho pouco tempo, dou-lhe um snack para os dentes de vez em quando” até “ai também se escovam os dentes aos cães??”, pelo que é importantíssimo criar consciência sobre a importância desta área. Pela idade de dois anos, 70% dos gatos e 80% dos cães apresentam alguma forma de doença periodontal, sendo a doença mais comum observada em clínica de pequenos animais. Estes processos estão na origem de dor importante, bem como infecção localizada e, potencialmente, também de infecção sistémica. Essa dor muitas vezes passa despercebida, podendo dar sinais (como babar excessivo ou comer pior) apenas quando existe doença avançada. É preciso mesmo escovar os dentes? Que usar para essa escovagem? A escovagem frequente (3 a 7 vezes por semana) é, ao dia de hoje, a única maneira eficaz de remover a placa bacteriana que se deposita nos dentes, e leva ao surgimento de doença periodontal (com/ sem periodontite associada). O efeito mecânico da escova suave de nylon (ou dedeira de borracha) é essencial para a remoção dessa sujidade. Deve ser usada uma pasta própria para animais. Então não devo dar snacks ou rações dentárias ao meu animal? O uso de snacks (de qualidade!!) pode e deve ser encorajado, mas sempre como terapia complementar à escovagem. Para além de algum efeito mecânico positivo na porção superior do dente (mas não junto à gengiva, onde é mais importante que a limpeza ocorra), alguns snacks proporcionam alterações na saliva que dificultam a proliferação bacteriana. Devem ser evitados snacks demasiadamente duros (como chifres de búfalo, cascos de cavalo, ou fémures de vaca), pois aumentam a ocorrência de fraturas dentárias. Se fizer uma limpeza dentária no veterinário (destartarização), preciso de continuar a escovagem? O objetivo, antes de tudo, é evitar que o animal tenha que fazer destartarização, poupando muitas dezenas de euros, mais o risco da anestesia! Nem sempre isso é possível, infelizmente, quando já há doença periodontal instalada. Após a destartarização, fica o “cenário pós guerra” (principalmente se houver periodontite associada), do qual é preciso tratar, para que o biofilme bacteriano (que permitiu a formação de tártaro) não ressurja. Como se consegue isso? A escovagem fará sempre parte da resposta! Qualquer dúvida adicional, teremos todo o gosto em responder, para o contacto 934982307 ou cvtaralhao@gmail.com.

Posto de Vigia Manuel Teixeira

RENAULT - Gondomar

Professor Universitário e investigador do CEPESE (UP)

COSTA APOSTA TUDO NA BASUCA 1 – Já toda a gente percebeu que entramos no ano de 2021 com o pé esquerdo. Quando se pensava que a pandemia estaria em vias de ser dominada, a terceira vaga arrastou-nos para o pódio dos piores do mundo. Mas não é líquido que a classe política tenha aprendido a lição do custo das más práticas comportamentais, quando os governantes enchem a alma dos cidadãos com maus exemplos de propaganda política. Todos nos lembramos do circo que foi o arranque, ainda que tímido, da vacinação, em janeiro passado, com caravanas de ministros a saltitar de lado para lado, como quem anunciava o fim da pandemia. Crentes na boa nova propagandística, milhares de cidadãos desleixaram ou abandonaram os cuidados de proteção, e o resultado foi o que se sabe: infeções a subir em flexa, hospitais em rutura, e os mortos acumulados nas morgues. 2 – Foi inevitável passar a um longo e penoso confinamento, que nos fez ver que o vírus continua à solta. Entalado entre o desespero e o descrédito, António Costa apostou tudo no plano de vacinação, agora com novo timoneiro. Só que as vacinas avançam gota a gota, e todos os dias chegam más notícias. Queimado o primeiro trimestre do ano, ninguém arrisca previsões para o segundo. Mas a única certeza é a incerteza do que aí vem. Se a questão sanitária continua a ser uma incógnita, a crise económica e social é mais que óbvia. E, por isso, António Costa volta a socorrer-se do que melhor sabe fazer: gerir as expetativas dos cidadãos no sentido de alimentar a esperança da chegada à terra prometida, a tal onde corre leite e mel, que é como quem diz à fonte dos dinheiros europeus. Neste caso, só a procissão da propaganda interessa, mesmo antes dos andores chegarem ao adro. 3 – A receita vem de longe, ainda que o guarda roupa dos atores seja renovado. Que o diga Michael Porter, que nos idos da década de oitenta do século passado trouxe para Portugal o modelo da gestão de expetativas, em cenário de contornos bastante próximos dos atuais, no que à primeira geração de fundos europeus diz respeito. Mais de três décadas volvidas, o país parece destinado a voltar ao ritual do mendigo suplicante, sem honra e sem glória. Esta é a profecia que ninguém gostaria de fazer. Mas importa olhar em frente com o realismo que os tempos aconselham, dizendo o que deve ser dito para memória futura. As lições do passado provam que quando há dinheiro fácil, também é fácil chegar a ele, e gastá-lo com pouco ou nenhum critério. Não chega à torneira quem quer, mas quem sabe quais são os caminhos onde nasce a fonte. E para chegar lá, não há nada como ter amigos…

Renault CAPTUR R.S. LINE: 100% Captur, 100% R.S. Line Há cerca de seis meses, a versão E-TECH Híbrido Plug-In 160 surpreendeu pela tecnologia revolucionária e pelos extraordinários consumos. Agora, é a vez da gama ser enriquecida com a linha R.S. Line. Ou seja, um Renault CAPTUR com imagem desportiva, com a assinatura Renault Sport presente em inúmeros detalhes no exterior e no habitáculo. Exteriormente é imediatamente percetível a imagem desportiva do Renault CAPTUR R.S. Line, com os logos identificativos da versão presentes nas laterais, mas igualmente na mala. Por sua vez, o design musculado é sublimado pela carroçaria em dois tons e pelas aplicações metalizadas escurecidas. E se a dianteira recebe uma proteção inferior específica, com a já icónica e distintiva lâmina aerodinâmica F1®, inspirada no mundo da competição; na traseira, destaque para as proteções inferiores exclusivas e para as duas estilizadas saídas de escape. E como uma imagem desportiva não fica completa sem umas jantes a condizer, o Captur R.S. Line é equipado com umas exclusivas jantes de 18 polegadas, com “corte em diamante”. Mas se, exteriormente, o Captur R.S. Line não deixa ninguém indiferente à sua passagem, o habitáculo não é menos surpreendente, com muitos pormenores e equipamentos exclusivos da versão. O revestimento negro do teto, o volante em pele perfurada com o logo R.S. Line, os pedais desportivos em alumínio, a sofisticada consola central com “pespontos” em vermelho, os exclusivos e envolventes bancos desportivos com tiras vermelhas, as saídas de ventilação no mesmo tom, as aplicações tipo carbono na consola e nos painéis das portas, bem como a assinatura “Renault Sport” nas soleiras das portas são pequenos grandes detalhes exclusivos deste nível de equipamento. Seja em ambiente urbano, em estrada ou em autoestrada, o Captur R.S. Line pode beneficiar da melhor oferta do segmento em conetividade e segurança. Para além da nova versão do sistema multimédia Renault Easy Connect, destaque para a nova geração ADAS que já permite o nível 2 de Condução Autónoma. Um pacote completo de tecnologias colocadas ao serviço da total segurança e conforto na condução. Sob o capot, o Captur R.S. Line oferece uma alargada gama de evoluídos motores, com a eficiência e o dinamismo como denominadores comuns. Esta seleção inclui os motores a gasolina TCe 95, TCe 140, TCe 140 EDC e TCe 160 EDC, os dois últimos associados à caixa EDC de dupla embraiagem, que conta com patilhas de seleção no volante, para uma condução ainda mais desportiva e entusiasmante. Mas natural destaque para as propostas híbridas dotadas da tecnologia E-TECH, que beneficia da experiência da equipa Renault DP World F1® e que proporciona uma elevada eficiência e prazer de condução. Com efeito, o Captur R.S. Line também está disponível com a tecnologia E-TECH Híbrido Plug-in 160. Com 158 cavalos de potência, assenta num motor a gasolina com 1.6 cc de cilindrada e 91 cavalos, bem como em dois motores elétricos: um de tração, com 67 cavalos (49 kW), associado a uma bateria de 10.4 kWh (345V) e um segundo motor elétrico que mais não é do que um Alternador Gerador de Alta-Voltagem (HSG) para os arranques e alimentação em modo elétrico. O Renault CAPTUR R.S. Line chega à Renault Gondomar em maio, mas já pode ser encomendado. Esperamos por si na Renault Gondomar!


MARÇO 2021 VIVACIDADE

39

Política

Partido Comunista Português comemora centésimo aniversário O PCP- Partido Comunista Português- comemorou no dia 6 de março, sábado, um século da sua fundação. A comemoração foi realizada em frente à Câmara Municipal de Gondomar e contou com a presença de vários camaradas do partido que não quiseram deixar este dia passar em branco no concelho de Gondomar. É de recordar que, no Município, o Partido tem uma União de Freguesias, presidida por Pedro Vieira e possui dois vereadores no executivo da Câmara Municipal, Daniel Vieira e José António Pinto. Este partido, fundado a 6 de março de 1921, resulta da evolução de um movimento operário português. No seu percurso centenário, o partido teve momentos de clandestinidade e de luta, bem como de liberdade. Foi nessa lufada de ar de liberdade que o partido celebrou esta data, espalhando pelas ruas do concelho a bandeira comunista, bem como realizando durante a tarde de sábado uma singela comemoração em frente à Câ-

mara Municipal de Gondomar. Como constata o Presidente da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, Pedro Vieira “De facto é um dia histórico para o PCP e, naturalmente para o país, bem como para o concelho de Gondomar. O PCP é um partido que viveu quase 50 anos na clandestinidade. O único que resistiu à ditadura, ao fascismo, combateu-a e passado 100 anos, aqui estamos, rejuvenescidos, com novos militantes, com uma nova dinâmica de trabalho, e queremos continuar a fazer este trabalho junto da população e do nosso país”. Para o autarca, este partido não está “Encostado”, porque “Efetivamente tem provas dadas no seu dia a dia de ajuda aos cidadãos, tanto no campo laboral, como na cultura, no poder local, bem como no Movimento Associativo”. Para Pedro este dia é mais do que um aniversário de fundação, é a comemoração de todo o trabalho feito ao longo desta caminhada de 100 anos. Em conversa com o VivaCidade, José António Pinto, uma das figuras mais relevantes do Partido em Gondomar e Vereador da Câmara Municipal, explica que de um ponto de vista simbólico “100 anos, não são 100 dias, mas o que importa sublinhar é que estes 100 anos estão associados a um percurso de luta contra o fascismo”. Para José Pinto é necessário relembrar a luta significativa que os seus antecessores camaradas tiveram que viver: “É preciso sublinhar a coragem destes homens, que sempre defenderam estes PUB

valores, princípios e ideias do partido. Resistiram, e conseguiram com a sua resistência, com as suas convicções, com as suas estratégias e com a sua organização ímpar, derrubar o fascismo, mesmo sofrendo com a tortura e mesmo tendo a sua vida destruída”. Refere ainda que o percurso destes homens deveria servir de exemplo para os mais novos: “deve ser uma lição de incentivo, de coragem, de entusiasmo e de motivação”. O vereador realiza ainda uma critica direta: “O que nos preocupa é que isto está a ser branqueado, ou está a ser adulterado, porque dizem nos programas escolares que, os comunistas ‘comem as criancinhas’, e que os países comunistas têm experiências muito más. No entanto, nunca ninguém valorizou a questão da luta, da resistência, do sofrimento por estes valores, por estes princípios que não são nada pessoais, mas sim na perspeti-

va do coletivo, de querer o bem comum”. O vereador revela que é um orgulho ser representante do partido na Câmara Municipal de Gondomar, no entanto explica que é “Uma responsabilidade imensa, porque este partido tem que durar, tem que continuar a sua história. Neste cargo temos que honrar o partido e quando nós o honramos estamos a fazer um belíssimo contributo para o bem comum”. No local encontrava-se Artur Soares, militante do partido deste 1974. Professor, orgulhase de ser camarada e de ter estado muitos anos a moldar jovens para o dia do amanhã. Quanto ao partido que sempre defendeu, “Estar aqui hoje a comemorar estes 100 anos , é uma comemoração sadia, mas a meu entender um bocado penosa, quer pela pandemia, quer pelo afastamento das pessoas que não estão aqui”. ▪

> José Pinto, militante comunista no centenário do partido PUB

O executivo da Junta de Freguesia da Lomba deseja a todos uma Páscoa Feliz! PUB


40

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Política

Arranque da obra do Parque Urbano da Ribeira da Archeira No dia 15 de março, pelas 10.30, a Câmara Municipal de Gondomar deu luz verde para o arranque da construção daquele que será o terceiro Parque Urbano de uma rede concelhia de 9 equipamentos verdes que o Executivo tem projetados para o Município de Gondomar.

A empreitada é o último troço de uma rede de 20 quilómetros que atravessam as freguesias de Rio Tinto, Fânzeres, Gondomar (São Cosme) e Valbom. Esteve projeto contou com um investimento de aproximadamente 2 milhões de euros e tem um prazo estimado para conclusão de 12 meses. O futuro parque urbano ligará o centro de Gondomar (junto das piscinas municipais de São Cosme) ao Rio

Douro, num percurso com 2,9 quilómetros ao longo da ribeira da Archeira, alternando zonas de bosque denso com pequenos desníveis e zonas mais planas, onde a ribeira serpenteia entre campos agrícolas e que contará com uma via pedonal e ciclovia entre a natureza. Com este novo espaço, o Município reforça os espaços verdes no Município. A aposta nestes equipamentos iniciou-se em 2019, com o Parque Urbano de Rio Tinto, ao qual se juntará

ainda este ano o Parque Urbano de Fânzeres-São Cosme. Presentes neste dia, encontravam-se António Braz, Presidente da União de Freguesias de S.Cosme (Gondomar), Valbom e Jovim, o Vereador do Ambiente, José Fernando e o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins. Ao VivaCidade, Marco Martins explica que este projeto começou a ser trabalhado em 2015, mas devido a todos os processos burocráticos, só agora é que

> Marco Martins na assinatura do contrato do Parque Urbano da Ribeira da Archeira

a obra está a ter o seu arranque inicial. O intuito desta empreitada para o edil “É ligar a cota alta à cota baixa, porque neste momento, o acesso a pé do centro de Gondomar até ao rio Douro é muito acentuado, o que o torna desconfortável. Assim, aproveitando a linha de água e alguns caminhos já existentes, criamos este projeto”. O Autarca revela que este projeto custou à Câmara de 100 mil euros e mais 600 mil euros em expropriações de terreno. “Isto quer dizer que 11\12% é financiado e o resto é tudo fundos próprios da Câmara, tudo isto sem recursos a crédito”. Este parque encontra-se localizado na Rua Centro Republicano Pádua Correia, em Valbom. Este ano arranca não só a construção do Parque Urbano da ribeira da Archeira (São Cosme e Valbom), mas também do Parque Urbano de Gondomar. A rede inclui ainda os parques urbanos de Ramalde (São Cosme), São Pedro da Cova, Medas, nascente do rio Torto (Baguim do Monte) e Monte Crasto. ▪

PUB


PUB

P

Boa áscoa!

PUB

“Procuramos a excelência da sua refeiçãoPUB num ambiente calmo, acolhedor, simpático e profissional.”

Especialidades: Bacalhau à casa; Francesinhas a Forno a Lenha; Assados em Forno a Lenha; Bife 1000 Folhas;

- Diárias de Segunda a Sábado - Serviço de Take Away

- Esmerado Serviço à Lista - Parque Privativo

Rua da Igreja, 315. 4510-582 Fânzeres E-mail: rest.igreja@gmail.com Tel: 926665728 - 224899109

PUB

PUB


PUB


MARÇO 2021 VIVACIDADE

43

Política

Município aprova Plano Estratégico das Linhas de Água de Gondomar No mês passado, o Município de Gondomar aprovou o Plano Estratégico das Linhas de Água de Gondomar (PELAG). No plano podemos ler as estratégias para as linhas de água do Município. O documento pode ser visualizado na íntegra no site da autarquia. Estivemos à conversa com o Vereador José Fernando, que nos elucidou sobre o assunto. Qual a importância do Plano Estratégico das Linhas de Água de Gondomar? O Município de Gondomar aprovou, no passado dia 18 de fevereiro, o Plano Estratégico das Linhas de Água de Gondomar (PELAG), onde está plasmada não só a visão estratégica para a gestão das linhas de água, mas também os critérios de suporte científico à execução dos projetos conducentes à requalificação da rede hidrográfica concelhia. Este plano é fundamental para a conconcretização dessa visão estratégica, que tem como prioridade a recuperação das massas de água e dos ecossistemas ripários. Este plano distingue-se por esse suporte científico. Quão importante é ter esse respaldo na tomada de decisões? Esse suporte é fundamental e diferenciador. O PELAG está assente em 2 relatórios técnicos, um de diagnóstico da rede hídrica e o outro que define as ações com viabilidade de execução num horizonte temporal de 10 anos, hierarquizadas com base na urgência da medida e nos resultados de um amplo processo participativo intermunicipal. Este último está assente em cinco eixos de intervenção, associados a áreas identificadas como prioritárias em fase de diagnóstico, e tem os seguintes objetivos: melhorar o escoamento e qualidade da água; minimizar os riscos de cheias e inundações; reforçar a presença e valor dos corredores ecológicos e galerias ripícolas; proteger

e valorizar o património e assegurar comunicação, sensibilização e fiscalização adequadas. A concretização de um plano desta importância e dimensão tem custos consideráveis. O investimento será exclusivamente municipal ou terá também o apoio de programas e financiamento do Governo? Enquanto Vereador do Ambiente congratulo-me pelo apoio que o Governo tem dado em projetos desta índole. Em 2020 o Município de Gondomar viu aprovada uma candidatura ao Programa de Estabilização Económica e Social no valor de 261.682 euros, que, promovido pela Agência Portuguesa de Ambiente e o Fundo Ambiental vai permitir concretizar até ao final deste ano algumas das ações elencadas como prioritárias no PELAG. Estes projetos em curso vão permitir a reabilitação de troços dos corredores ribeirinhos da ribeira da Archeira e dos rios Tinto, Torto e Ferreira, utilizando técnicas de engenharia natural e ações de controlo de espécies exóticas invasoras, de estabilização de taludes vulneráveis à erosão fluvial e de plantação autóctone ripícola, es-

tabelecendo um continuum naturale. Estas técnicas vão beneficiar a sustentação das margens, diminuindo a velocidade da água, o ensombramento da linha de água e a infiltração de nutrientes no solo, tornando toda a área envolvente à intervenção mais resiliente ao impacto das cheias e inundações e fomentando a criação

de refúgios e corredores ecológicos para espécies de fauna vulneráveis. Este plano é decisivo para a sustentabilidade ambiental de Gondomar, assumindo um papel fundamental na procura do equilíbrio entre as soluções fornecidas pela natureza e as construções humanas, bem como no envolvimento da população na proteção e valorização dos recursos naturais. ▪

> José Fernando, Vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Gondomar


44

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Consultório Jurídico Madalena de Lima, Advogada com larga experiência em Direito Criminal, Civil, Família e Menores, Administrativo, Comercial, Urbanismo e Internacional. Inscrita na Ordem dos Advogados desde 1983, abriu novo escritório em Rio Tinto. Tenho um sujeito que era meu amigo e que me ficou a dever cerca de 500 euros. Pela amizade e sabendo que o mesmo estaria a passar por dificuldades emprestei esse valor em Maio do ano passado. Já passou quase um ano e o mesmo não me devolveu o dinheiro, nunca mais falou comigo, não me atende as chamadas e já não mora com os pais dele, sendo que estes senhores não dizem onde está o filho. Ou seja desapareceu da nossa zona. Sendo que foi um gesto meu de amizade e não tendo nenhum comprovativo, haverá alguma maneira de recuperar o meu dinheiro? Abel Alves Quintas. Exmo. Leitor, Face ao exposto, podemos constatar que não existe nenhum documento assinado que comprove o acto. Por isso, uma das soluções para a questão que coloca passaria por optar pelo Procedimento de Injunção. Este procedimento possibilita a obtenção de um comprovativo da dívida, podendo, depois, executar judicialmente os bens da pessoa, caso esta não se oponha. Este é reconhecido por ser um procedimento simples, com taxas de justiça diminutas. Ressalva-se que não convém deixar protelar esta situação, a fim de atingir o sucesso que pretende. Portanto, há possibilidade de recuperar a quantia emprestada de uma forma relativamente célere e acessível.

Boa Tarde Doutora, Desde já agradeço a oportunidade e dar os parabéns por este espaço que tem no jornal Vivacidade que é útil para a população de Gondomar. A questão que eu coloco é a seguinte. Tenho um vizinho que passeia os seus dois cães no espaço público e muitas vezes não trás o saco dos dejectos e os cães fazem as suas necessidades em frente a minha casa. Já o alertei da situação mas o mesmo pede sempre desculpa, mas o que é facto é que nunca apanha os dejectos dos animais. A situação já vem desenvolvendo alguns meses e nunca vejo uma mudança de postura. Eu sei a morada o senhor. O que me aconselha a fazer? Obrigada Laurinda Marques O proprietário de um animal doméstico, tem o encargo de o vigiar, sob pena de vir a responder pelos danos que este venha a causar. No caso em apreço, falando do dever (que não é só cívico) do dono promover a imediata recolha dos dejectos dos cães que tenha a cargo, conforme artigo 35o al. d) do Regulamento de Resíduos Sólidos do Município de Gondomar. A violação da norma constitui contraordenação, punível com coima. Acrescente-se que esta contraordenação é fixada por cada Município, presumindo-se que a leitora reside no Município de Gondomar. A forma de reacção adequada é a de apresentar uma denúncia, por escrito, dirigida à Câmara Municipal de Gondomar (pode ser via e-mail), apontando o comportamento contraordenacional. Para o efeito, deve indicar o nome e morada do dono do cão, bem como o horário em que habitualmente passeia o animal. Se assim proceder, a Polícia Municipal irá patrulhar a área no horário apontado, podendo ser aplicada a coima pelo comportamento previsto e punível pelo Regulamento Municipal.

ENVIE AS SUAS DÚVIDAS PARA O E-MAIL: GERAL@VIVACIDADE.ORG

PUB

JORNAL VIVACIDADE 25 DE MARÇO 2021 - EDITAL Nº 11

Ambiente e Ação Climática Direção-Geral de Energia e Geologia Aviso Faz-se público, nos termos e para efeitos da alínea d) do n.º1 do art.º 13.º da Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, conjugada com art.º 17º do Decreto-Lei n.º 88/90, de 16 de março, que Beralt Tin and Wolfram (Portugal), S.A., requereu a celebração de contrato administrativo para atribuição direta de concessão de exploração de depósitos minerais de ouro, prata, cobre, chumbo, zinco, estanho, tungsténio e minerais associados, denominado “BANJAS”, localizado nos concelhos de Gondomar, Paredes e Penafiel, ficando a corresponder-lhe uma área de 1185,475 hectares, delimitada pela poligonal cujos vértices, se indicam seguidamente, em coordenadas no sistema (European Terrestrial Reference System 1989) PT-TM06/ETRS89: Vértice 1 2 3 4 5 6 7

X (m) -23850,0 -21950,0 -20800,0 -20800,0 -18550,0 -19600,0 -24920,0

Y (m) 161050,0 159150,0 159150,0 158000,0 155750,0 154700,0 160000,0

Ao abrigo do artigo 18.º conjugado com n.º 3 do artigo 16º Decreto-Lei n.º 88/90, de 16 de março, convidam-se todos os interessados, no prazo de 30 dias a contar da data da publicação do presente Aviso, a apresentar por escrito, reclamações devidamente fundamentadas, bem como a apresentar propostas contratuais. O presente Aviso, planta de localização e cópia do requerimento encontram-se disponíveis em https://www.dgeg.gov.pt/ . Caso se pretenda a consulta presencial destes documentos, nas instalações da Direção-Geral de Energia e Geologia, sitas na Av. 5 de Outubro, n.º 208 – 7.º piso, 1069-203 Lisboa, deverá ser efetuada marcação prévia para recursos.geologicos@dgeg.gov.pt , endereço para onde poderão igualmente ser enviadas as referidas reclamações fundamentadas 19 de fevereiro de 2021. – A Subdiretora-Geral, Cristina Lourenço.

PUB


PUB

DEIXE QUE A NOSSA EQUIPA SE PREOCUPE POR SI CONTACTE-NOS E FAÇA A SUA SIMULAÇÃO

225480542 geral@euriseguros.pt www.euriseguros.pt

CONTE COM A NOSSA EXPERIENCIA DE

50 ANOS EM SEGUROS CONTACTE-NOS E SURPREENDA-SE COM AS CONDIÇÕES QUE PROPOMOS PARA OS SEUS SEGUROS OU OS DA SUA EMPRESA 225480542 251648105

R Boavista 600 - Rio Tinto R Eng Duarte Pacheco Lj 2 – Monção

www.euriseguros.pt geral@euriseguros.pt

PUB

PUB


46

VIVACIDADE

MARÇO 2021

Opinião: Vozes da Assembleia Municipal Joana Resende PS

Gondomar é notícia, mais uma vez pelas melhores razões. À data de hoje, e com um claro esforço financeiro para a nossa autarquia, 98% das escolas do nosso Concelho já não têm amianto. Este esforço e foco por parte do Executivo Municipal advém, naturalmente do cumprimento das disposições legais relacionadas com o diagnóstico, monitorização, substituição, remoção e destino final do amianto presente nos edifícios públicos, mas também pela preocupação emergente pela salvaguarda da saúde da comunidade escolar do nosso Concelho. O amianto é a designação comercial de uma variedade de seis fibras mine-

Valentina Sanchez PSD

Os deputados à Assembleia da República pelo Partido Social Democrata, questionaram o ministério do Ambiente e Acção Climática relativamente à concessão de exploração mineira denominada “Banjas” nos seguintes termos. “A empresa Beralt Tin & Wolfram (Portugal), S.A. apresentou a 2 de setembro de 2019 um pedido de atribuição direta de concessão de exploração de depósitos minerais de ouro, prata, cobre, chumbo, zinco, estanho, tungsténio e minerais associados, denominado “BANJAS”, localizado nos

Maria Olinda Moura CDU

Há mais de uma década que os Gondomarenses, em particular os Valboenses, aguardam pela linha do Metro, investimento fundamental para o concelho, mas que o PS, na Câmara Municipal, tem adiado para as calendas gregas. A poucos meses das eleições autárquicas, recomeçam os anúncios e promessas. Mais uma vez, a linha de Metro para Gondomar ficará para a próxima fase de expansão (Plano Nacional de Investimento 2030). Há oito anos que os gondomarenses vêem o seu concelho a ficar para trás, depois de tantas promessas de projectos de desenvolvimento por concretizar:

Pela salubridade das escolas rais naturais, extraída a partir de rochas. Dadas as suas propriedades mecânicas (elasticidade, resistência mecânica, incombustibilidade, bom isolamento térmico e acústico, elevada resistência a altas temperaturas, etc) este material teve antigamente numerosas aplicações nomeadamente na indústria da construção, encontrando-se presente em diversos materiais como telhas de fibrocimento, revestimentos e coberturas de edifícios, gessos e estuques, tetos falsos, isolamentos térmicos e acústicos tendo sido particularmente utilizado entre 1945 e 1990. No nosso país, foi proibida a utilização e comercialização de amianto (ou produtos derivados) a partir de 1 de janeiro de 2005, de acordo com o disposto na Diretiva 2003/18/CE transposta para o direito interno através do Decreto-Lei nº 101/2005, de 23 de junho. Com a informação da altura de que o

amianto contém substâncias cancerígenas, a DGS comunicava que “regra geral, a presença de amianto em materiais de construção representa um baixo risco para a saúde, desde que o material esteja em bom estado de conservação, não seja friável e não esteja sujeito a agressões directas”. Não obstante, a melhor solução passou sempre pela remoção em segurança do material. Em 2014, pouco depois deste Executivo assumir funções, a remoção de amianto no parque escolar de Gondomar foi tido como uma prioridade, mesmo assumindo todos os custos em orçamento municipal e sem participação de fundos ou financiamentos. Num ano, entre 2014 e 2015, foi removido todo o amianto dos jardins de infância e escolas do 1º ciclo, sendo que em 2018 o Executivo adjudicou o mesmo serviço para os estabelecimentos dos 2º e 3º ciclo

(só realizado em 2020, com a delegação de competências promovida pelo Governo que permitiu a transferências das Escolas Secundárias para o município). A par do trabalho de remoção, garantiu ainda a substituição por novas coberturas, com reforço da eficiência e energética, e molhes condições de salubridade para as salas de aula. Os 2% em falta correspondem à Escola Secundária de Valbom e à Escola Secundária de São Pedro da Cova, que já viram também os trabalhos de remoção de amianto serem adjudicados, iniciando-se os trabalhos em breve. Este tipo de serviço à comunidade passa, muitas vezes, despercebido à população por se tratarem muitas vezes de trabalhos confundidos com manutenções. Por isso, esta minha ressalva, num tema importante, onde mais uma vez o nosso Concelho é exemplo.

Impacto ambiental da concessão mineira “Banjas” concelhos de Gondomar, Paredes e Penafiel. O requerimento apresentado à DirecçãoGeral de Energia e Geologia (DGEG), nos termos do artigo 17.0 do Decreto-Lei n.º 88/90, de 16 de Março, destina-se a uma área de concessão definitiva de aproximadamente 1185,5 ha, onde se pretende licenciar uma mina com 42,2 há, sita no concelho de Paredes. Em novembro de 2020, a DGEG pediu um parecer prévio à Câmara Municipal de Paredes sobre um plano de prospeção para a área em causa, que emitiu uma posição desfavorável ao projeto industrial tendo por fundamento a presença de importantes valores patrimoniais e naturais, com destaque para o Parque das Serras do Porto onde têm sido feitos importantes investimentos na sua valorização

ambiental (por exemplo rede de trilhos). Foi também sinalizada a presença de colónias de morcegos com estatuto prioritário de conservação, para além de diversas espécies de fauna e flora classificadas . O município também destacou a falta de informação fornecida sobre o projeto. O Ministério do Ambiente e Acção Climática, através da Direcção-Geral de Energia e Geologia, fez saber que o processo se encontra em consulta pública no período compreendido entre 2021-03-01 e 2021-04-12. Contudo, no Portal Participa (https://participa.pt/pt/consulta/pedido-de-atribuicao-direta-de-concessao-banjas) os elementos disponibilizados são insuficientes para uma devida análise deste projeto que poderá acarretar impactos ambientais

negativos e irreversíveis para este território, caso chegue a uma fase de exploração. Perante estes factos, os deputados questionaram o ministro do Ambiente e Ação Climática acerca dos termos de sujeição deste projeto a Avaliação de Impacto Ambiental e sobre que diligências foram efetuadas pelo promotor. Questionaram ainda se foi consultado o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade face aos valores naturais do território e se houve lugar à emissão de parecer prévio. Os deputados à Assembleia da República pelo Partido Social Democrata ainda aguardam resposta por parte da tutela.

8 anos com muitas promessas e anúncios o Pólis continua parado e maltratado; as ETAR continuam a funcionar mal, empestando os lugares de cheiros insuportáveis; a rede de saneamento continua por concluir, não abrangendo todo o território do município; o preço da água continua a ser dos mais caros do país, mesmo depois de se perceber o falhanço da sua concessão aos privados; as praias fluviais continuam com problemas estruturais que tornam as águas impróprias para usufruto dos gondomarenses nas épocas balneares; os rios e suas margens continuam sem serem limpos e preservados os ecossistemas; a limpeza urbana continua a deixar imagens de grande degradação com insuficiência de equipamentos de recolha e falta de limpeza e manutenção dos existentes, apesar do aumento das taxas pagas pelos gondomarenses; os transportes públicos continuam com falta de linhas e horários

que sirvam, sequer, as freguesias mais urbanas, sendo altamente deficitários nas freguesias do alto concelho; as soluções de trabalho e emprego dos gondomarenses na sua própria terra são cada vez mais difíceis com a falta de investimento em parques industriais e nas pequenas, médias e micro empresas ; a habitação social continua com problemas de degradação e falta de manutenção, apesar dos brutais aumentos das rendas que foram impostos aos moradores; o imposto municipal sobre imóveis (IMI) aumentou, trazendo custos acrescidos a milhares de famílias gondomarenses; triplicaram-se os lugares de estacionamento pago em zonas centrais das cidades do concelho onde a procura de serviços públicos é maior; os centros urbanos do município revelam uma enorme falta de planeamento urbanístico, ocupando-se os espaços com grandes

superfícies de distribuição alimentar, descaracterizando-se completamente a identidade e história dos lugares; os pontos de interesse nestes centros urbanos são praticamente inexistentes, não potenciando as visitas a Gondomar, levando, pelo contrário, os gondomarenses em visitas e passeios para fora do concelho; o movimento associativo, cultural e desportivo definha com falta de investimento em equipamentos de desporto, cultura e lazer. Ao fim de 8 anos e com orçamentos anuais e ultrapassar os 100 milhões de euros, era espectável que tivéssemos um concelho a desenvolver-se com equilíbrio e sustentabilidade, promissor de uma vida digna para cada gondomarense. No entanto, no que diz respeito à ideia de um Gondomar com futuro para as novas gerações, foram oito anos perdidos.


MARÇO 2021 VIVACIDADE

47

Opinião: Vozes da Assembleia Municipal Até ao fecho desta edição, o Jornal VivaCidade não recebeu o artigo do Movimento Valentim Loureiro - Coração de Ouro

David Santos

Autárquicas

Pedro Oliveira

Estamos a aproximar-nos, a passos largos, das novas eleições autárquicas, a realizarem-se, tradicionalmente, entre o fim de setembro e o mês de outubro. Este ano, por via desta indecorosa pandemia, tem havido uma acrescida dificuldade na determinação da data da concernente realização, pois vários são aqueles que receiam as sequelas de uma tendencial concentração de pessoas (eleitores), junto aos postos de votação, defendendo pura e simplesmente o adiar por alguns meses do ato eleitoral. Outros, e pelos mesmos motivos, creem ser bastante o desdobrar

do ato eleitoral por dois fins-de-semana consecutivos. Entendem que este prazo alargado limitaria o perigo de concentração de eleitores, com a votação repartida pelos dois fim-de-semana. Ainda há quem defenda a votação num único fim-desemana, não apenas no domingo mas também no sábado, dividido portanto, pelos dois dias. Este é um processo que está em curso, e várias têm sido as contribuições, de ministros, partidos, políticos em geral e outros, na apresentação de argumentos em prol de uma solução segura e razoável. A meu ver existirá em todo este processo, uma espécie de excesso

de zelo relativo, parecendo-me que a evolução que a pandemia tem mantido, permitirá a realização de um ato eleitoral normal, isto é, nos termos habituais, sem necessidade de alterações nos seus contornos organizativos. Aliás, tivemos eleições presidenciais há relativo puco tempo e em pleno período crítico da pandemia, que decorreram num único domingo, e sem que tenha havido relatos de acrescidas consequências pandémicas gravosas, na saúde dos portugueses. Os eleitores estão já preparados/ sensibilizados, para os exigíveis procedimentos preventivos. Ao tempo das eleições (setembro/outubro), o

O novo Hotel em Valbom A questão da nova construção do Hotel em Gramido não é uma questão de somenos importância ou uma simples irritação da população local. É sim um problema estrutural com a falta de preocupação com as construções que se fazem ao pé do rio e possivelmente em leito de cheia. Os sucessivos pareceres negativos das diversas instituições deveriam levantar algumas objeções por parte do executivo, que respondeu de forma positiva a esta obra, sem levantar questões

mesmo quando foi inquirido pelos partidos e por alguns munícipes na última Assembleia Municipal. É de notar que Gondomar (segundo um estudo realizado em 2020 pelo Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa) possui a maior probabilidade de risco de cheia, o que acarreta um risco ainda maior aos edifícios construídos nas margens do Rio Douro, especialmente aqueles que estão construídos nas margens do território de Gondomar. Um dos índices deste estudo aponta também para a vulnerabilidade

Movimento Valentim Loureiro Coração de Ouro

CDS-PP

surto pandémico terá, com séria probabilidade, uma intensidade assaz mais atenuada, pelo que não se justificará, estamos convictos, a adoção de especiais regras eleitorais. Assim, importa que, quem responsável, desdramatize o contexto atinente com o ato eleitoral autárquico e afira, responsavelmente, mas sem desnecessários temores, as melhores condições da sua realização.

Sara Santos que o município apresenta, dado as suas construções nas margens dos rios, o que afeta a exposição dos concelhos a um perigo de cheia eminente. Por outro lado, a questão de uma nova construção megalómana em Gramido (à semelhança do edifício Concordia) ira afetar toda a zona da marginal em Gramido, bem como a paisagem dos moradores naquela zona de Valbom. Não é justo que os moradores sejam privados das suas “vistas” por uma construção que parece não respeitar a harmo-

BE

nia paisagística local. Ao contrário do que possam pensar certos membros de executivos locais, a memória paisagística existe e é um direito a quem vive e possa vir a viver em Gondomar. Não somos contra as construções de unidades hoteleiras, mas que estas possam ser feitas na legalidade sem afetar o ambiente ou as pessoas que vivem nos locais.


PUB


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.