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as cicloviagens para o Boa Idéia! voltei à Serra onde nasce o Rio São Francisco. Do distrito de Prados, Bichinho, passei por Resende Costa, Passatempo, acesso ao leste mineiro pela BR 050, pernoites em Oliveira e Formiga. Cheguei a Piumhi sob sol escaldante de verão, céu limpo, estrada cercada de fazendas de gado, café, milho, frutas. Vento forte, nuvens carregadas prenúncio de um brinde aos 418 km, em São Roque de Minas: nos 4 km ao “Camping Picareta”, admirei os “olhos cristalinos do paredão da serra”, 2 cachoeiras formadas pela intensa chuva. Pedalei num barro “meleca” onde as rodas travaram. Tirada a lama em 5 minutos abria a porteira da casa de fazenda vendo a fumaça a sair da chaminé. Fui recebido pelos 3 cães em efusiva festa. O filho do sr. Francisco recepcionou-me à soleira da porta com o convite ao cafezinho. Estar com amigos, benção divina. SABORES EM “SAN ROCK” A visita aos arredores na estada de 10 dias, selou a minha experiência de que o povo da roça não sabe o significado da palavra dieta. Aos causos contados à beira dos fogões à lenha rendi-me aos cafés e fatias do queijo Canastra. Apreciei a culinária tradicional. Dos quitutes à farofa, mandioca com linguiça, costela de porco, feijão tropeiro, galinha ensopada, batatas fritas e a (ahh...!) típica moqueca de surubim acompanhada do purê de abóbora. Aos doces, 20 variedades com o “queijim”. É pra comer devagar e lembrar que “o mundo foi feito em 7 dias”. Definitivamente (xô stress), nada de pressa e a óde ao “Véi Chico”, já que de barro é o santo! PARA VER O TAMANDUÁ É o padroeiro da ecologia quem protege a nascente do rio a 3km da portaria do Parque Nacional. Mas, a imagem tem um crânio nos pés, em vez do pássaro nas mãos. “É de São Francisco de Assis que num momento sofrido recebeu nas mãos as chagas de Jesus”, esclareceu-me Chico (seu sobrenome deve-se ao Santo que intercedeu na cura do avô). Mas, passarinhos não faz falta àquela estátua, porque, volta e meia, tucanos, gaviões, carcarás, harpias, emas e seriemas

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Fotos l Luiz Fernando Cigani

Serra da Canastra pousam e a cercam. Animais raros como o tamanduá bandeira, o lobo-guará e veadinho campeiro aparecem (ao turista muito sortudo) na margem da estrada que corta o belíssimo platô, a perder de vista... PARAÍSO CONTEMPLATIVO A praticidade de ir ao Parque é alugar um 4X4 (custo conforme o acesso). Ao alto da “Casca D’anta” a menos de 20km da portaria pa­ga-se­R$ 150 e ticket individual R$ 6,50. Com Esley Reis, 27 anos, piloto da Hylux, seguimos com duas turis-

tas na péssima estrada. Cruzamos com carros de passeio arrastando-se nas pedras. Ao vermos 3 emas o guia Reis completou: “impressiona a resistência das plantas ao fogo. As canelas-de-ema, margaridas, quaresmeiras e as orquídeas logo despontam após o incêndio”. RAIOS INCENDIÁRIOS O RISCO Queimadas, esse é o problema

crônico do cerrado. Por descuido humano ou pelas tempestades magnéticas, mata animais, extingue a mata que protege as nascentes. Se escasseia a água na Canastra, o volume do rio diminui nos 2.814km de percurso que contempla 504 municípios até a foz entre Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). A vida de 20 milhões de pessoas é afetada. Se o raio cai no parque é o “Deus que nos acuda”. Os proprietários tentam evitar tragédias e é muito dinheiro empenhado com as aeronaves que lançam água. CONTEMPLAÇÃO Até ao “alto da cachoeira” a viagem durou 1h30. Percebi numa instalação próxima os banheiros fechados. Nenhum abrigo, restaurante, fiscais. Após desfrutar do belo lago, uma curta caminhada leva ao paredão de 300m de altura que dá forma à queda “Casca D’Anta”. Vê-se os morros de São José do Barreiro, Vargem Bonita, estradinhas paradisíacas e a corredeira sinuosa que corre vale abaixo. Uma placa nos adverte sobre os fortes ventos e o perigo nas trilhas abismais, mas, inesquecível mesmo, é essa miragem da criação de Deus.

IMPERDÍVEL NA SERRA É VER UMA REVOADA DE CENTENAS DE TUCANOS...


PLANTÃO ESPIRITUAL 32 3216.9616 / 3215.7446 SOS 24H “Não existe milagre, há trabalho e progresso. Felicidade é consequência.” D. ISABEL SALOMÃO DE CAMPOS

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“... amai-vos.(...)

instrui-vos...” Renasce a essência moral cristã com o Espiritismo. Semelhante ao apóstolo Tiago que afirma, “assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2, 26). Esta é a verdade que devemos resguardar. Cultivar os atavismos religiosos dentro do movimento espírita é inaceitável. Não podemos permitir que, em nome de uma tolerância ir­ responsável, desnaturem a mensagem do Espiritismo, silenciar ante as deturpações é o mesmo que compactuar com o erro. O adepto sincero deve zelar pela pureza doutrinária e denunciar toda tentativa de institucionalização igrejeira. “Não há mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar, porque nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do movimento doutrinário“ (J. Herculano Pires – Curso Dinâmico de Espiritismo).

LEIA KARDEC

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O indivíduo que busca vivenciar o evangelho não é (ou não deveria ser) um beato piegas, mas apenas um homem que luta para conquistar sua transformação moral e dominar suas más tendências (Evangelho segundo o Espiritismo, Cap 17). A moral cristã não visa criar condutas artificiais, convida-nos, afirmou o Professor J. Herculano Pires, a “evoluir, não por fora, Mas por dentro”. Como Jesus nos convidou a

“NASCER, MORRER, RENASCER E PROGREDIR SEMPRE, TAL É A LEI.” ALLAN KARDEC

termos “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, é necessário estudarmos com mais atenção as obras de Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, para entendermos a dinâmica da vida e da morte e, com sabedoria, decidirmos onde nos aproximamos mais da verdade. Viver o “Fora da caridade não há salvação”, ensinamento básico do Espiritismo, é viver com Cristo, agora com a fé abalizada pela razão.

“SUA PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO GERA RESULTADOS”

“Estudar Doutrina Espírita é evitar enfermidades da alma.” D. ISABEL SALOMÃO DE CAMPOS

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TIÃO PAINEIRA Transformar o barro na mesa de oleiro tocada pelos pés descalços é arte ancestral dominada pelo lendário ceramista tiradentino Sebastião Augusto de Freitas, 85 anos, o “Tião Paineira”. Destila por horas a fio estórias, causos a quem venha a sua casa em Tiradentes, no bairro Cuiabá, rua de acesso ao simpático distrito de Prados, Bichinho. Da imaginação a cerâmica dá forma a instrumentos musicais, utensílios, peças delicadas e personagens. Simplicidade regada a prosa mansa, delicioso café, biscoitos, torradas de polvilho, broas. Diga-se “êh mineiridade abençoada. Salve, salve, salve” ... Sr. Tião porque Paineira? Fala da vida! Nasci no dia de São Jorge, 23 de abril de 28. Paineira é apelido herdado. Meu bisavô José Freitas, da árvore no quintal, batizou meu pai “José Paineira Filho”. Eu nem havia nascido foi devorada, virou gamela, batela. “A vida é boa mas passa, o que não acaba é o amor a Deus”. Vê só! Nasce a criança, broto inocente. As mimosinhas vira brotão, os rapazes se formam. Aos 8 anos no bloco dos meninos eu fechava o tempo. Com as campainha de sábado de aleluia, vinha pela rua: aleluia! aleluia! peixe no prato, farinha na cuia! Era 1/2 dúzia de ovos daqui, 1 penca de banana dali, trocados, ganhava peso. Sob a árvore sombrosa, sentava, naqueles bebe e come, rapaziada unida, era uma irmandade. Sem questão de nada, ali brincava, ali cantava! Aos 14 anos vi o 1º rádio. Foi o abismo, as vendas ficavam abertas, fervia de gente, eu entretido em novela. O 1º Ford 29 em Tiradentes, dos Paolucci. Festa. Era o tempo dos mil réis! Aprendi minha fraca arte. Meus 9 filhos, não foram lavados n’água de rosas, mas vinha o pão de cada dia, a tempo e hora. Nos tempos das águas chovia 15 dias, serviço não desenvolvia, ia aos armazenistas: “ô gente no veranico tampo a trabalhar, pago tudo - “cê que manda”! Pagava a rebordosa, entrava o tempo da geada, da seca, na madrugada pegava no barro frio. “Em terra de tropeiro, pai não escuta, filho chora”... Dura a vida nessa época na terra do alferes. Saudades? Ah! Mas, a casa enchia de gente. Meus tios comandavam o pagode de talentos. Maria alta, ele nanico. Não sei se

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porque faltava seus dentes da frente, chamava o tio João Romão, “Vão”. Era o dengo, xodó de xamego. No forno, assava o dia inteiro, um dilúvio de biscoito, peneiras de rosca de fubá de canjica maciiinha, broas, um colosso de torrada de polvilho. Até 9 da noite, 2 terços, reza de joelho no chão. No duelo, as moças na 1ª voz, os homens em 2ª. Vinha a hora do “beija-o-santo”, fila, reza, cantoria, gente beijando, indo pro “café da quitanda”. Depois a sanfona e o fole que tava guardado chorava as mágoa no resto da noite. O batuque, puf-tipuf não tinha hora pra acabar, festa ao sol raiar. Tempo bão, meu caro amigo!

Fotos l Luiz Fernando Cigani

Eu sou a Terra, eu sou a vida. Do meu barro primeiro veio o homem. De mim veio a mulher e veio o amor. Veio a árvore, veio a fonte. Vem o fruto e vem a flor. “Cântico da terra” CORA CORALINA

Então, religiosidade e progresso tem compasso? Tiradentes era ermo, um paradeiro que dava tristeza. Veio a televisão, encantou! Conheci Yves Alves, a esposa, gente gentileza. Os casarões, fios nos postes, ruas de terra, com ajuda remontou tudo. Vida ao turismo! Hoje o patrimônio não pára, é reforma nas 11 igrejas ano todo. Acaba, começa outra e pinta e trabalha. Até a festa do Divino Espírito Santo, Pai Eterno! Sou católico, respeito as doutrinas, não uso, nem abuso. O Divino manobra. Tenho a batida: quando todos dormem, rezo. Perdôo, peço perdão. Por mais direito que se anda, na morte encontra os pecados do que pensou. Ela virá; de onde, quando, como será? A fé tem me dado sorte. Para ser feliz na vida? Deus acima de tudo. A pessoa religiosa é forte na vida, com fé a felicidade bate na porta. 2a) tratar os mais velhos com carinho, respeito, amor. 3a) ser trabalhador, o pão de cada dia é tão prazeroso!

“CURTA TIRADENTES À PÉ OU NA CHARMOSA JARDINEIRA, MAS NÃO PERCA A MARIA FUMAÇA...”


Fotos l Luiz Fernando Cigani

Com o fim do ciclo do ouro, a recessão no “Circuito dos Inconfidentes”­foi sinônimo de emigra­ção por trabalho e vida melhor. A partir de 1980 novos moradores em bus­ca de solidariedade, alegria, arte, educação, responsabilidade am­bien­tal, respeito aos antepassados e as tradições religiosas integraram-se ao povoado com idéias e comportamentos inéditos. A cooperação entre “forasteiros” e a população nativa é fator decisivo na recuperação do desenvolvimento humano, da cultura, do respeito pela natureza.

Bichinho “de Prados”.

Uma descoberta “nunca que tardia”

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O distrito sito no Campo das Vertentes e na histórica rota da glória e das derrotas, ganhou nome porque os desbravadores das minas de Diamantina, Ouro Preto e Sabará de passagem por Carandaí e Prados pernoitavam “aos pés das escarpas da Serra de São José”. Dos alimentos roubados por pequenos animais veio a referência “o canto do Bichinho”. A sanha ao ouro de mais de século registrou a saga do destemido cavaleiro negro, mensageiro inconfidente Vitoriano Veloso. Na tentativa de salvar os companheiros da Insurreição, sob as ordens da fazendeira milionária Hipólita Jacinta, em 25 de maio de 1789, cavalgou em 60 horas os 240 km da Fazenda Ponta do Morro, Serra de São José até Vila Rica. Noticiava a traição de Joaquim Silvério dos Reis e a prisão de Tiradentes no Rio. O nome de seu morador ilustre só foi registrado em 1894, os orgulhosos 2000 habitantes preservam o gracioso apelido. E a Serra que de ouro, prata, diamantes emoldurou as vilas coloniais, enriqueceu a tira-

nia, é muralha de natureza sagrada a resguardar o “Circuito dos Inconfidentes”, um dos mais importantes roteiros turísticos. EMPREENDEDORISMO André Vieira, 51 anos, advogado, da compra de um cavalo, investiu na propriedade em Prados. Hoje, a bela Pousada “Vila Olga” possui plantel de 25 animais mangalarga. “Supri a ausência de uma confortável unidade hoteleira nessa região”, comemora. Alexandre Figueiredo, 53 anos, de Coqueiral, MG, está no arraial a 15 anos. “A sazonalidade diminui ano a ano, o desenvolvimento é notório. Dessa propriedade rural que recebe visitantes, parte é RPPN – SOS Mata Atlântica. Do pomar produzo geléias, do canavial, o bagaço de cana é reciclado para o rótulo “Tabaroa”. Nosso distrito precisa de um plano diretor. A comunidade é aberta, há otimismo e iniciativas”, conclui. Márcio Guimarães, 60 anos, administra com a esposa Aparecida Guimarães uma loja há 10 anos com 4

NOVO RUMO AO CRESCIMENTO

Arte e religiosidade, harmonia no Bichinho

mil itens (de tapetes, móveis, adornos, ladrilhos hidráulicos a artesanatos). “Cida” é preservacionista das Caminhantes da Estrada Real. “Temos objetivo de plantar 3 milhões de árvores. Caminho aqui na Serra, mais de 30 nascentes no topo, é lindo” - “E vamos nos exigindo dedicação”, arremata Márcio. Pretendem criar um resort (...). Da união de pessoas que fazem algo a mais, quem ganha é o Bichinho. A comunidade merece!

CONHEÇA AS CASAS DOS ARTESÃOS. NATIVOS: BOM HUMOR. CORDIALIDADE. GENTILEZA

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CASAS-ATELIÊS

Fotos l Luiz Fernando Cigani

Se compras é o objetivo de quem venha, tem “garimpagem” a partir de R$ 5,00. Basta a “imersão cultural” nas casas dos moradores, ateliês onde o pecado é não aceitar o café com biscoitos oferecido... No mundo dos bordados de fuxico, Dona Carmem, 57 anos, representa gerações. Aos fundos da casa na rua principal ela percebe turistas na busca dos atrativos do Circuito dos Inconfidentes, que aqui descobrem cordialidade e talento. Serralheiro artesanal, João Teixeira, o “Bageco”, 62 anos, é mestre na arte em ferro. Produz os bonsais de 35cm, árvores em qualquer medida, peças decorativas. A paraense de Belém, Rose Figueiredo, 55 anos, morou no Rio e em Ouro Preto. Atenta à religiosidade apaixonou-se pelo lugar e ergueu sua casa-ateliê. “Adoro os estandartes religiosos, bem ao estilo do Bichinho”, define. Sorte vermos as obras expostas.

ARTE À MESA Equiparada à arte a balança pesa a favor no quesito alimentação. Há 3 restaurantes com fogão à lenha, cardápio à la carte, self-service. O Restaurante “Ora-pró-nóbis do Bichinho”. O Restaurante da Ângela, com estacionamento, é o famoso do tempero. Há quem prefira a sobremesa das doceiras na direção da vizinha, Dona Maria. Pioneira das refeições, é dona Joana, 50 anos. O Armazém do Açaí inova com 9 energizantes, poções, caldos e sorvetes. Em 95 o artesão Mauro Carvalho, 38 anos, inaugurou o “Arca do Mauro”. Da noite fez a fama, “volto às origens, se solicitado previamente, preparo refeições a nível internacional”, afirma.

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ESCULTURAS

Entalhes em madeira, galinhas, gansos, garças e as folclóricas namoradeiras do Cláudio são disputadas por lojistas do Paraná e comércio regional, expostas na frente da casa, na saída para Prados. Se as esculturas forem feitas de matérias-primas como cedros, angelim ou vinhático ganham certificação ambiental, aumento no preço. A marchetaria é representada por Leila Resende, 51 anos e seu marido Enei Carlos, 52. “Somos únicos no Brasil a utilizar essa técnica francesa. Obra-prima em madeira de lei incrustada com maetes (junção de emendas) e cavias (sem utilização de pregos)”, orgulham-se.

NA CASA DA SERRA (IEF) CONHEÇA SEGREDOS DA RESERVA DA BIOSFERA SERRA DE SÃO JOSÉ


Fotos l Luiz Fernando Cigani

RESERVA DA BIOSFERA Aconchegantes, rústicas ou sofisticadas as pousadas no Bichinho aproximam os turistas da Serra de São José. Em sua base a tricentenária “Passos dos Fundadores”, estrada de 9 km para caminhada forçada, refresco na mina dágua fluoretada em meio à Mata Atântica, Cerrado e Campos de Altitude. A Casa da Serra possui Centro de Visitantes, suporte do IEF na exposição interativa dessa área de reserva da Biosfera da UNESCO decretada “Refúgio Estadual Libélulas da Serra”. A proximidade a Prados (...) mas, essa é a pauta para outro Boa Idéia, nos paraísos dessa Minas das “tais Gerais”.

É DO BICHINHO... SE ACHEGUE SUSTENTABILIDADE – A arquite­ta Jaqueline Vale, 29 anos, concluiu mestrado pela UFMG, garante, “é o local com mais construções novas em adobe no Brasil. FERAS À SOLTA – Os santeiros ren­ dem-se­aos leões da Vila Carassa (Guto e equipe) esculpidos em toras de cedro de até 2 toneladas. Há várias feras em Prados: o Vavá na decoração em ferro e o autêntico cardápio mineiro do Grotão Restaurante... SE BEBER NÃO DIRIJA - Aos apreciadores da “bebida dos Deuses” o Atelier

da Cerveja pertence a empresários que contam estórias para embriagar até aos abstêmios. A alquimia foi exclusividade dos monges, são 80 rótulos entre nacionais e estrangeiras (belga, alemã e dinamarqueza). “Lançamos a Carma, produzida com água mineral da Serra de São José”, comemoram Luis Vargas e Cristiane. MUSEUS – A 4km de Tiradentes e a 2 do pórtico, no trecho calçado da Estrada Real, o Museu do Automóvel de Rodrigo Moura tem 60 raros exemplares das décadas 30 a 60.

SÃO MAIS DE DEZ POUSADAS. BICHINHO TEM TODA COMODIDADE RECEPTIVA AO TURISTA.

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ARTESANATO NATIVO. A ARTISTA PLÁSTICA DEBORA COM O SEU B.B. KING EM PAPEL MARCHÊ

simbora pra

ibitipoca Fotos l Luiz Fernando Cigani

No Parque o “Circuito das Aguas” dispõe de 3,5km com grutas, poções, cachoeiras, formações rochosas, fauna e flora

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No começo dos 28km da estradinha que liga Lima Duarte ao distrito de Conceição de Ibitipoca aparecem suas costelinhas, vacas; burricos carregando galões de leite, cavalos. Em poucos minutos pedras, buracos. Solavancos maltratam o carro, de leve. Mas, não serão assim todos os caminhos que conduzem ao paraí­so? Três dias bem planejados levam ao convívio dos 800 habitantes, seus costumes, do pão de canela, pastéizinhos do Marcos, pizzas imbatíveis do Serra Nostra, dos petiscos árabes aos deliciosos temperos dos restaurantes (tailandês/italiano), do tour inesquecível. Das pousadas que tratam hóspedes como amigos há o conforto das lareiras, tv com dvd, saunas, banheiras hidro e ofurô, camas king-size, cozinha internacional. Algumas propõem isolamento total, sem comunicação com o mundo. CURTOS (OU NEM TANTO) CIRCUITOS Comer, beber e dormir bem garante energia para as caminhadas. No Parque o “Circuito das Águas” dispõe de 3,5km com grutas, poções, cachoeiras, formações rochosas, fauna e flora. O “Pico do Pião”, 12 km, é o 2º ponto mais alto,

a 1722m de altitude, contempla as ruínas da antiga capela Sr. Bom Jesus da Serra, remete ao tempo das procissões, a cavernas. O “Janela do Céu”, 16km, trilha ao Cruzeiro da Lombada, 1780m de altitude em belos cânions e a cachoeira-mar­keting da reserva.

HORA DO ALMOÇO NA FAZENDA DO VALTEMBERG

CANTOS E ENCANTOS A reboque o turismo rural “Abraço ao Parque”, feito a bordo de veículos 4X4, a cavalo, trekking ou biking. Os guias têm permissão de entrar nas propriedades particulares do entorno: a espetacular comtemplação do “Areal” em Bias Fortes, do “Santuário Águas Santas” nos Moreiras, fantástica reserva “Ibitiparaíso” trilhada com mirantes, grutas, paredão para vôos. Cachoeira Janela do Céu “por baixo”. Nas Andorinhas (subida à Vila) pouso alternativo focado em costumes sustentáveis, grutas, poços à disposição dos hóspedes. Fazenda do Valtemberg, do Baretta, Mogol, Rancharia, Lopes, Souza, Olaria, Santana do Garambéu, Domingos da Bocaina, Vermelho, Pedro Teixeira, Lima Duar­te, Bom Jardim de Minas. Nos arredores de Ibitipoca a magnitude natural é o que mais encanta...

“AO TRANSITAR EM IBITIPOCA, DESACELERE. GENTILEZA GERA GENTILEZA”


Luiz Fernando Cigani

EIRA CACHO A DO CÉU JANEL

O NATIV US FORRÓHO DE CACT ESPIN Thaís Freitas

MG

ENTRADAS E BANDEIRAS MONTE “EBITIPOCA” “Se segredos são desvendados é porque hou­ve registro”, diz o historiador autodidata Valtemberg Carvalho, 60 anos, produtor rural e família presente a 400 anos em Ibitipoca. “A partir de Paraty, em 1670, índios foram caçados para a escravidão nas lavouras de cana, o que iniciou a corrida do ouro. Em 1690 a “Fazenda Tanque do Monte Ebitipoca” tornaria-se, pelo Pe. Faria Fialho, uma das 1ªs bandeiras à Borda do Campo (atual Barbacena), para a região do Rio das Mortes - São João del Rey e Arraial Ponta do Morro (Tiradentes) até ao Arraial de Villa Rica de Albuquerque (Ouro Preto, em 1823). Na direção leste, centro-oeste e nordeste de Minas diamantes brotavam do solo. Daí, a fiscalização favoreceu-se pelo Caminho Novo e “Ibitipoca” importante local de escambo, passagem e retiro dos inconfidentes já contava mais de 3 mil habitantes”, sentencia.

GESTÃOEFICIENTE Administrada pelo Instituto Estadual de Florestas, IEF, a Unidade de Conservação “Parque Estadual de Ibitipoca”, comemorou 40 anos. Seu diretor, João Carlos de Oliveira, 52 anos, gerencia 29 colaboradores que cuidam dos 1488 hectares. Em 2012 os 58.162 visitantes foram os 1ºs privilegiados pela sinalização, pontes de acesso, corrimões e sistema de vigilância com 4 câmeras em pontos estratégicos para agilizar equipes numa ocor-

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rência. A Secretaria de Turismo (SETUR) classificou-a em 1º lugar na aceitação dos turistas, seguido do Pico da Bandeira. Consagrada a 3ª melhor da América do Sul, Ibitipoca obteve 93% de aprovação pelos 200 milhões de visitantes/mês pelo “Traveller’s Choice ”. PORQUE SE DIZ Entre tantas lendas da serra, há uma discórdia. Linguistas de-

fendem que o significado de “Ibitipoca” seja “pedra que estoura” (nessa dimensão territorial há tempestades magnéticas de maior incidência na América do Sul - fonte: CEMIG). Mas, numa consulta ao dicionário “tupiguaranês” IBITI = vento, OCA = casa, então é a “Serra da Ventania”... mas, se esse é o nome que agrade a uns, ou seja outro que prefiram, importa-nos é agradecer a Deus, essa paisagem “tira o fôlego”...

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VISCONDE DE MAUÁ Pode-se defini-la lugar de biodversidade rica. O puro ar arregimenta amantes, ativistas, pacifistas, curiosos de todo estilo e estado. É o encontro ao cantinho de interior, casas em arquitetura européia, clima temperado, no verão à noite média 15ºC e no inverno predomina o frio, sensação negativa. Os hotéis charmosos têm a ótima gastronomia local. Fábricas caseiras de doces, bolos, queijos, aguardentes, coquetéis, licores, compotas, vinhos (matéria-prima da Serra Negra). Lojas de blusas quentinhas, lembrancinhas, artesanato, produtos esotéricos, discos em vinil, museu de bikes e motos, instrumentos de percussão, saraus, encontros de místicos, artesãos e poetas. Atividades: vôo em parapentes, livre, duplo, escalada, bóia cross, rapel, tirolesa, arvorismo, passeios em veículos 4X4, surf na cachoeira, trekking, admiração de pássaros. Eventos de mpb, jazz, blues, country music e rock’n roll. Se isso tudo já não é pouca coisa, o turista desavisado ainda pode voltar para casa achando Visconde sem graça, só porque não traçou o implacável roteiro de “férias”.

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Fotos l Luiz Fernando Cigani

CACHOEIRA DAS ESMERALDAS E, ABAIXO, CASA TÍPICA NO MIRANTÃO

PARA CURTIR A MANTIQUEIRA Um fim de semana na “Vila” é prazeroso. As pousadas do bairro Lote 10, Santina (bela vista panorâmica), do Bolo, ou Remanso do Rio Preto (aos fundos do cenário com o rio) proporcionam visita à fábrica de bolos húngaros; 30 anos produzindo uma massa deliciosa enriquecida com canela, passas, nozes, castanha-do-Brasil e açúcar mascavo. A proprietária e idealizadora Prescila Godinho nunca foi à Hungria mas criou a receita. “O sabor é único, as fatias estrelam o desjejum Brasil afora”, felicita-se.­Cuida da pousada repleta de flores e belo jardim. Nas imediações a Trilha do Cruzeiro tem nascentes, um mirante. O Pico Pedra Selada, a 1755m: trilhas por caminhada, bike ou a cavalo, avista-se o Vale do Paraíba, o Maçiço das Agulhas Negras e seus 2200m de altitude. Uma esticada a Penedo das tradições finlandesas, Casa do Papai Noel o ano inteiro para satisfação dos baixinhos. Fábricas do típico cho-

colate, eventos temáticos e no meio do caminho a Serra do Alambari com artesanato em bambú. A PONTE QUE UNE Na Vila de Maringá atravessa-se a “pontinha da divisa Rio-MG” que leva à “Alameda Gastronômica”. O jeito mineiro reúne entretenimento, adrenalina, comtemplação. Sabores líderes em prêmios do Guia 4 Rodas. Aí está o Vale da Gávea (eco-aventuras), Vale do Alcantilado (Museu 2 Rodas, aluguel de quadriciclos, Sítio das Astrapéias, melíferas), Mirantão (vila cinematográfica distrito da Bocaina de Minas) e o Vale das Flores (belo camping, bombas inatômicas, Pico do Gavião, casas de atores globais). No lado “Rio” Maringá oferece tudo. Aos Vales: do Pavão (cultura de cogumelos, caprinos), da Santa Clara (trutário com parque e toboágua), das Cruzes (esportes radicais) e da Maromba (centro histórico, “Escorrega surf, mergu-

lhos no Poção, Pocinho e Poço”). PRESERVAÇÃO ARROJADA A infraestrutura local é impulsionada pelo Governo do Rio na reciclagem e tratamento do esgoto. O Rio Preto é agora exemplo para quem administra, sobrevive, preserva, incentiva a prática esportiva e admira o patrimônio ambiental. ACESSO AO PARAÍSO A partir da Rodovia Dutra, após Itatiaia a RJ-163 liga uma estradinha asfaltada, Resende a Mauá (Capelinha-Mauá), a 1a estrada-parque aos moldes canadenses e americanos. Ao off-roading e mountain biking, acessos por Resende, Itamonte, Baependi, Aiuruoca (Estrada Real), Alagoa, Liberdade (asfalto da BR-262 até Bocaina de Minas), Carvalhos, Santo Antônio do Rio Grande, Mirantão, Santa Rita do Jacutinga, Passa Vinte...

APÓS LER O NOSSO BOA IDEIA! REPASSE PARA UM AMIGO...


Joia j rara A Serra da Mantiqueira é parte do território brasileiro acima dos 1.200m de altitude e Visconde de Mauá onde tudo conspira para o irresistível. Num dos passeios de bike no lado mineiro da Vila Maringá o vento trouxe sedutor aroma de especiarias. A canela pre­do­minantemente adocicada, instigou-me­­­adentrar ao Restaurante Kashi. No recinto sua jóia rara, a proprietária, não deu atenção ao meu “afã ” em distinguir os ingredientes dos sentidos: gengibre, hortelã, coentro, cravo, açafrão, man-

jericão, cascas de laranja, alecrim, menta, pimenta, aniz-estrela... Deparei-me com cores, música indiana, imagens de Khrisna, Ganesha, Buda, Iemanjá. Jesus! Essência, delicado incenso. Questão íntima, afinal, a Índia estava presente ou entrei num templo? Kashi com a voz pausada, suave apresentou-se. Absorvi energia incomum. Algo mudaria conceitos em minha vida. Magia. SENSAÇÕES Distraí-me com objetos multicoloridos. Sen-

tei-me num canto a observar da vidraça o jardim bem cuidado. No caminho floreado do campo gramado, uma ponte sobre o riacho de águas cristalinas. Elevei o pensamento. Voltei-me à biblioteca. Li o livro sobre uma das civilizações adiantadas, entre nós, invisível (“Deja Vu”?). Sobre a mesa, pedras. Runas traduziam, o que vivo. Aos “mistérios” de cifra-se! Vi o álbum. Verdade estampada em fotografias. Na tigela tibetana, frigi timbres. Ondas sonoras distintas, esparsas sinergia e energia. O que oculto? Meditei. Esperto e desperto ative-me ao “muita calma nessa hora”! Hora de corpo, alma e espírito. Cardápio de sabor ousado. Da entrada o crocante de gergelim e os grãos na salada. Os segredos na feijoada, strogonof, bobó, farofas e molhos, moqueca de cogumelos, tudo simples o que é perfeito! Sorvi um drinque e para finalizar deguste com a fruta do dia, sobremesa mousse de maracujá com pétalas de rosas. Alimentação viva: “eureka!”

QUEM É ELA? Essa capricorniana filha de pai compositor carioca e mãe, empresária goiana, nasceu no distrito de Maromba.A opção natural se deve a geração “hippie-autêntica”. A família, tem irmã, viajaram mundo. Morou numa vila ecoespiritual, comunidade do discípulo de Osho, (Guru israelense), em Pacha Mama, Costa Rica. Aprendeu as técnicas da alimentação viva. Não precisa de produto animal (queijos, mel, ovos...). Tem plano de saúde, a vida. Vida Vegana. 100% vegetariana, livre de remédios ou supermercados, vangloria-se distintamente, (enfatizo, mega, deveras orgulhosamente) amiga dos animais. Expert das experimentações é maestra dessa orquestra de alquimia. Do restaurante criado em 09 junho de 2007 colhe “louros”. Oh, Glória! Em 3 edições do “Concurso Anual do Pinhão”, bi- campeã com receitas Mousse e Ceviche de Pinhão e o 2o lugar com a Bobó de Pinhão. Consagração ao vegetarianismo.

en tre vis ta

Kashi, a dieta vegana é incompreensível ao padrão alimentar estabelecido pela sociedade. Opine. Hipócrates dizia: “faça de teu alimento tua medicina”. Deus criou os animais, nossos amigos. A indústria do horror (matadouros) adotou o nome “abate humanitário”, pura tortura. Nunca terá portas de vidro. E as crianças acreditam que as coisas nascem do mercado; vende-se tudo pronto. A farmacopéia no Brasil lança a cada ano 16 mil medicamentos semelhantes substituindo 14 mil retirados. Produtos conectados no segmento doença, aliados à agropecuária, poluente do planeta. Freemos o consumismo para ter o futuro condizente porque a sustentabilidade também está na qualidade do ar e da água. Recebemos

quem aprecia o que nos rodeia, na partilha diária do silêncio interior. Como é a conquista desse “silêncio interior”? Exemplifico a valiosa ida à India para “mergulhar no caos harmônico” do trânsito com vacas, elefantes, macacos, carrinhos, veículos, buzinaços. E ninguém briga ou discute. Magnífico. A vivência diária da paz pela disciplina desse povo que não come carne porque sabe que o sistema do animal é idêntico ao nosso e que a absorção da energia densa através do sofrimento torna agressivo a quem a consume. Portanto, discernir o que se pensa, fala, age, rea­ge, interage leva ao encontro consigo. Na prática do autoconhecimento, boa vontade. Disci-

plina. Medite. Qual é o fundamento no ser vegano para que se destrua os mitos? Admitir que somos apenas um músico na orquestra da vida. Admirar as plantas, minerais, animais e não se combater o preconceito é uma infelicidade. A sociedade é complascente na maldade aos animais. Escraviza. Mata-os. Para vestir, divertir, alimentar, cuidar da saúde, em testes inúteis de laboratórios, ostentar-se. A dieta vegana é saborosa, completa, de baixo custo, nutritiva e repleta na infinidade de temperos. Evita gastos em hospitais, farmácias. Ser vegano, não é difícil, complicado é deci­dirse.­Mudar para questionar sempre: eu deveria “comprar” isso?

“BELEZA E VITALIDADE SÃO ALGUNS DOS DONS DA NATUREZA PARA QUEM VIVE SUAS LEIS.” DA VINCI

RECEITA BACALHAU VEGETAL INGREDIENTES: 1/2 repolho branco em tiras finas – 2 cebolas em gomos finos – 1 pimentão vermelho em cubos – 1 pimenta dedo de moça em cubos sem as sementes (opcional) – 3 tomates em cubos sem pele e sementes – 1 pedaço médio de gengibre ralado – 2 folhas de alga nori – 500ml de leite de coco – 2 col. de sopa de amido de milho – 2 col. de sopa de azeite de dendê – 1 molho de salsa picadinha – sal, colorau, pimenta e coentro em pó – 8 batatas baroa médias cozidas, amassadas com sal, azeite e noz moscada. MODO DE FAZER: refogar cebola, gengibre, pimentão e tomate. Acrescentar o repolho, leite de coco, amido de milho e temperos. Mexa até engrossar. Ajuste sal e temperos. Por último acrescente a alga nori picotada com tesoura e salsa. Num refratário com purê de batatas ponha o refogado. Salpique farinha de mandioca por cima. Asse até dourar. Sirva com arroz integral, passas e salada. SORVETE DE BANANA INGREDIENTES: 2 bananas maduras congeladas com a casca – pitada de sal e outra de canela – passas e melado para decorar. MODO DE FAZER: Ponha as bananas n’água até que possam ser descascadas sem estarem moles; pique-as e aos poucos com auxílio de uma espátula liquidifique aos outros ingredientes. Ao servir decore com o melado e as passas. Pode utilizar outras frutas, é uma opção maravilhosa para crianças de todas as idades.

Om shanti (Paz)!

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chico chagas

Fotos l Luiz Fernando Cigani

são roque / mg

Francisco Chagas Neto, 63 anos, nasceu em São Francisco de São Roque. Casou e residiu próximo a Piumhi. Em setembro de 71 mudou-se para a atual propriedade de 14ha, vida difícil no cultivo de milho, mandioca, arroz e café; “tentava controlar as pragas ao que o IEF advertiu, se um bicho aparecesse morto penalizariam. Vi prejuízo. Hoje com minha esposa, os 3 filhos e o casal de netos (de 17 e outro com 4 anos) atendo ao camping, lido com gado de corte, planto braquearias e café! Aceito o que o Nosso Senhor abençoa”, conclui. É seu modo de viver e receber que enobrece uma visita ao Camping Picareta de São Roque. Era negado acampamento na sua propriedade. Como foi sua mu­dan­ça da atitude? Quero preservar e num carnaval, o dono de uma pousada com o agente de turismo opinou que fizéssemos banheiro, lava-pratos para receber dez barracas e 50 pessoas. Mesmo sem dinheiro, obtive crédito no comércio. Comprei cimento, caixa dágua, fios, chuveiro e nos viramos com 150 pessoas! “A porta se abriu”: paguei à vista o material, construi mais banheiros. Após a Semana Santa fizemos cobertura, churrasqueiras. A propriedade tem uma trilha para a bela Cachoeira Capão do Forno. Motoristas de excursão dispõem de quarto. Recebemos de bom grado as pessoas para a prosa e cedemos até o fogão à gás para quem se aventura na cozinha! Como o sr. disse, sem bois pastando, as queimadas avan-

çam porque o mato é alto! A sustentabilidade já era, tudo reduziu-se à “meia dúzia” de espécimes. Em outras épocas, lá em cima eu, a cavalo conduzia o gado, via animais como casal de lobo com filhotes, onça parda que corria de perto da gente, gato do mato, cachorro-vinagre, re­voa­da de perdizes, patos selvagens, a jaratataca e o fedor... Capões de mato protegiam as dezenas de nascentes da região. À distância procurava cabeças de gado e descobria emas. Hoje, criam estória de que animal silvestre não deve conviver com o gado, uma balela. Ora, se a ema come o besouro da bosta de gado e os veados o sal da boiada isso é que é o tal “consórcio da bicharada”! E a preservação? Concluo que esses “ambientalistas do shopping”, no jeitinho brasileiro de influenciar os legisladores acabam com tudo. Preserva-

ção? Quem morava ali há décadas e cuidava, foi expulso pelo IBAMA na criação do Parque. Se possuía a propriedade legal levou a indenização, os outros perderam o teto, a vida. Fica o alerta que não retornaremos à época de Cabral. Penso. Rezo. Confio: há de mudar-se o estilo da lei. E espero ver expulsos os que vivem na “eterna” mamata do Congresso Brasileiro. Quais orientações o Sr. daria aos turistas? Os funcionários do Parque Nacional da Canastra observam quem passa pela portaria, a partir das 8 horas. Não havendo retorno até as 17 horas partem com viaturas ao resgate. O único apoio ao visitante numa emergência é da Dona Helena no Fundão e do Vicente na Vila de São João da Canastra, que apesar da precária condição da estrada-parque vivem de bem com a vida. Pre-

ocupa-me quem jogue pedras ao vale da Casca D’Anta. Uma de 100g chega lá embaixo com 2kg e já houve acidentes dessa natureza. A todos meu convite de bom coração: venham a São Roque, aqui há calor humano. É bom demais que levem as melhores lembranças! E que Deus nos abençoe.

ACIMA, CHICO CHAGAS E A ESPOSA, NO SOSSEGO DA PROPRIEDADE. ABAIXO, CACHOEIRA CAPÃO DO FORNO

Jornalista Vinícius Fagundes Netto Pimentel Filho Reg. Prof. L9-fls.80 de 06/04/81 com registro em 02/04/81 Revisor Editorial Luiz Fernando Cigani Lima - Reg. Prof. SRP. nº. 2300 - liv. 013 - fls. 51 - data 02/04/90

boaideiaturismo@gmail.com Editoração wa editoração - (32) 3218-2449

EM NOSSA PRÓXIMA EDIÇÃO ENTREVISTA COM BIKER DE JF, O “22”... 12

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CONFIRA MAIS SOBRE SÃO ROQUE DE MINAS NA PÁGINA 2. BOA LEITURA!


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