Mente corpo e vida

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VOZES DO ORIENTE “Se você conta com alguém que tem menos qualidades que você, isso levará à sua degeneração. Se você conta com alguém com qualidades iguais às suas, você permanece onde está. Somente quando conta com alguém cujas qualidades são superiores às suas é que você atinge uma condição sublime.” DALAI LAMA

“Creio que a pessoa que teve mais experiência de privações consegue enfrentar problemas com mais firmeza que a pessoa que nunca passou por sofrimento. Portanto, visto por esse ângulo, um pouco de sofrimento pode ser uma boa lição para a vida.” DALAI LAMA

“Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior.”

“É muito melhor perceber um defeito em si mesmo, do que dezenas no outro, pois o seu defeito você pode mudar.”

“A opressão nunca conseguiu suprimir nas pessoas o desejo de viver em liberdade.”

DALAI LAMA

DALAI LAMA

DALAI LAMA

“O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.” MAHATMA GANDHI

“O que destrói a humanidade: política, sem princípios; prazer, sem compromisso; riqueza, sem trabalho; sabedoria, sem caráter; negócios, sem moral; ciência, sem humanidade; oração, sem caridade.”

“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.”

MAHATMA GANDHI

MAHATMA GANDHI

“As doenças são os resultados não só dos nossos atos, mas também dos nossos pensamentos.”

“Há o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas, não há o suficiente para a cobiça humana.”

MAHATMA GANDHI

MAHATMA GANDHI

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.” MAHATMA GANDHI

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editorial

“PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES”

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Em 2014 assistimos uma campanha eleitoral histórica e acirrada: pela primeira vez, testemunhamos o povo dividido na corrida presidencial. Em um processo democrático nunca há unanimidade e, muitas vezes, a disputa segue pelo segundo turno quando a vontade da maioria da população ainda não se evidenciou. Nesta última eleição, estavam sendo confrontadas duas visões e projetos para o futuro do país, polarizada pelos partidos PT e PSDB, a polarização de sempre. Mas a divisão parecia em se resumir em petistas x antipetistas. Quase foi um plebiscito: “quem concordava ou não com a continuidade do partido no comando do país?”. Janeiro está ai e independentemente do resultado das eleições o que mais preocupa é a divisão da população praticamente metade de um lado, metade para outro, deflagrando as primeiras apreensões: a presidente (presidenta?) governará para sua parte, pouco maior que a metade ou para o todo? A parte que perdeu, um pouco menor que a metade, como se comportará de ora em diante? Se os milhões de brasileiros derrotados nas urnas não forem governados por um governo conciliador, que entende que quase perdeu a eleição, poderão se transformar em uma massa de revoltados a explodir em um futuro não tão longínquo. Durante a campanha, o TSE e o Ministério Público detectaram comentários com alto teor de discriminação social circulando pela internet. Mesmo nas ruas, em algumas situações, se notava muito mais que uma rivalidade política: os dois blocos estavam desenvolvendo

EXPEDIENTE

antipatia, acusações e rancor recíprocos. Neste cenário onde todos somos vidraças, um governante prudente, que preza o estado democrático de direito não vai brincar com a delicadeza desta situação. Esperamos que não. Se não ficar claro que governa para todos, vai plantar sementes para um ódio crescente em diversos setores do país, as eleições demonstram que a parte da população vencida nas urnas é, praticamente, igual a vencedora. O PT como partido vitorioso pode comemorar a vitória, pois, até que se prove o contrário, foi legitima, mas já desde o primeiro dia do novo mandato em janeiro, o tom partidário deve ser silenciado, a belicosidade idem, consciente de que fomentar posições extremas e revanchismos poderá provocar reações de ódio, um trauma irreversível, que poderão dividir a bandeira do Brasil em quatro partes, rasgando-a em Sul e Norte, colocando de um lado ricos e do outro, pobres, rasgando-se a bandeira exatamente onde se diz “Ordem e Progresso”, depois disso, veremos os militares e a polícia ocupando às ruas na tentativa de costurar com armas e cassetetes nossa velha e surrada bandeira. Em tempo, tanto petistas como peessedebistas mais fanáticos devem considerar que o país não tem divisão de classes, ricos de um lado e pobres do outro. Somos todos sofredores. O trabalhador sofre para se manter no mercado de trabalho, suporta o alto custo de vida, os pesados impostos em tudo que compra, apesar das conquistas no campo so-

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Redator-Chefe l Aristides dos Santos Dias. Revisão l Amanda Testa. Consultores l Edson Hong l Fotos. Jorge Branada l Direitos Humanos. Ivan Lin l Medicina Ocidental e Medicina Chinesa. Edméa Ganem l Psicologia. Daiane Pacheco l Psicologia. Rita de Cássia Sabatine Reche l Biologia e Meio Ambiente. Lourenço Romano Júnior l Biologia e Meio Ambiente. Tainara Paulon l Direitos Humanos. Rodrigo Marreiros l Ioga. Omar Jaruche Yassine l Gastronomia.

cial. Os empregadores sofrem. Não são poucos os empresários que desistem de montar negócios e não são poucas as empresas que fecham as portas por que não aguentam os pesados fardos de impostos e taxações. Há rumores de que se algo não for feito para fortalecer nossa economia dias piores estão por vir. Torço sinceramente para que ocorra o melhor, pois, reitero somos todos sofredores, com enxadas ou calculadoras nas mãos, plantando ou produzindo, vendendo ou comprando, empregadores ou empregados. Que tenhamos em 2015 dias melhores para todos, aos nossos leitores um Feliz 2015! Boa sorte Brasil!

“Pra não dizer que não falei das flores” (também conhecida como “Caminhando contra o vento”) é o título de uma composição de Geraldo Vandré de 1968, uma espécie de hino da luta da população contra a opressão da ditadura militar.

ARISTIDES DOS SANTOS DIAS (ARI)

Mestre de cerimônias, locutor, apresentador e repórter em veículos de comunicação em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Hoje em dia atua como relações públicas na Associação Internacional Budista Progresso, com sede na Republica da China e editor da revista Budismo Humanista no Brasil, atualmente estuda gestão de canais de TV e criação de conteúdos para Rádio, TV e Cinema na Faculdade de Audiovisual na UNIBAN-SP.

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Aristides Dos Santos Dias

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MEIO AMBIENTE: CLIMA QUENTE, AR SECO E POLUÍDO, RIOS SECANDO E RESERVATÓRIOS VAZIOS. O QUE SERÁ DO AMANHÃ?

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Clima quente, ar seco, rios secando e reservatórios vazios. O fim de ano está proporcionando, em muitas regiões do Brasil, um calor infernal, com temperaturas altas – que superam médias de anos anteriores –, fogo devorando matas, rios secando, reservas d’água esvaziando. A cada ano, uma dura realidade surge: nossos governos, independentemente de suas siglas partidárias, não estão conseguindo proteger nosso ar, rios e matas, mesmo diante de fatos que sugerem estarmos indo a passos largos para uma crise ambiental sem precedentes. E são os fatos que dizem isso! O aquecimento global não é assunto novo, a advertência de cientistas sobre a futura escassez de água também não. Entretanto, nem as advertências que antecipam estas possibilidades, nem os fatos que apresentam esta preocupante realidade serviram para motivar nossos governantes a desenvolverem projetos e ações que pudessem reverter os danos causados ao meio ambiente e evitar que a devastação ambiental tenha continuidade no futuro. A Reportagem do jornal “Folha de São Paulo” destacou, em sua edição de 14/10/14, que: “A Terra registrou um novo

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Governos federal e estaduais assistem, de braços cruzados, rios secando e matas sendo incendiadas. Nem a população faz a sua parte...

recorde de temperatura alta, o mês de setembro de 2014 foi o mais quente desde 1880, revelou a NASA (Agência Aeroespacial dos Estados Unidos). Esta é a terceira vez no ano que são registrados recordes de altas de temperaturas, dado que leva os cientistas a acreditarem que 2014 pode se tornar o ano mais quente já registrado”. Na expectativa de somar aos pesquisadores, ambientalistas e jornalistas seriamente debruçados sobre este tema utilizam de espaços como este para reforçar as advertências e os clamores. Já o jornal “Estado de Minas”, na edição de 16/10, publicou uma matéria intitulada “Minas vive pior seca em um século” e afirmou que o estado está envolto em fumaça de queimadas, com aumento de 119% nos focos de incêndio ao compararmos com ano de 2013, e simultaneamente muitas regiões estão ficando sem água. Chovendo no molhado? As chuvas estão tão escassas e o ar e o chão estão tão secos que a frase desse trocadilho passou a ser um sonho das populações atingidas pelo calor e falta d’água. Que esta revista possa inspirar aos gestores públicos, o meio empresarial e a população brasileira a reagirem!


SITUAÇÃO DE RESERVATÓRIOS E RIOS EM MG E SP Em São Paulo, durante a campanha eleitoral, o PT acusou o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) de assistir de braços cruzados ao esvaziamento do Sistema Cantareira, que é um conjunto de reservatórios de água localizado na região da Serra da Cantareira, que tem por finalidade abastecer parte da capital, cuja densidade populacional é superior a centenas de países. O sistema caiu para cerca de 3% do seu total, os reservatórios já estavam no fundo, revelando mais que um previsível lamaçal: carcaças de carros roubados dados como desaparecidos; entulhos de obras; armários; sofás; toneladas de lixo ocultos há décadas, nas épocas das vacas gordas, ou melhor, das represas cheias. Realmente, o governo do estado não fez muita coisa quanto a isso, contudo, bem antes de a cidade de São Paulo e dezenas de outras cidades do estado receberem a notícia da escassez de água, no Brasil, a pior notícia veio de Minas Gerais, onde há anos o próprio governo federal iniciou a temida obra de desvios das águas do Rio São Francisco. Uma obra mal vista por ambientalistas, e que, desde que o projeto saiu do papel, tem sido alvo de denúncias de desvios de verbas. A obra não foi concluída, nem tem previsão para isso, mas já começo a me perguntar : que águas o governo queria transpor? A principal nascente do rio está seca, não se sabe se temporariamente ou definitivamente, o que se tem certeza é que o “Velho Chico” só não secou porque os veios d´água que encontrava pelo seu trajeto ainda estão vivos, abrandando, sabe-se lá até quando, uma tragédia hídrica.

O Rio São Francisco, entre a nascente e a desembocadura, abastece extensas regiões de Minas e do Nordeste, até desembocar cada vez mais seco e imundo no oceano Atlântico.

SÃO FRANCISCO As águas cada vez mais minguadas do Rio São Francisco estão sendo vítimas de outra violência. Uma reportagem do jornal “Estado de Minas” denunciou, na matéria “Rio São Francisco passou de atração a canal de esgoto” (edição de 13 de outubro) que o esgoto das cidades de Buritizeiro, Pirapora e São Roque de Minas, algumas das cidades banhadas pelo rio, conduziram sua tubulação de esgoto (sem tratamento) para dentro do “Velho Chico”. São centenas de cidades às suas margens, a pergunta que não quer calar é “serão as únicas que fazem isso?”. As obras de construção de redes de captação e tratamento de esgoto foram abandonadas pelas empreiteiras contratadas pelo governo. O Rio São Francisco, entre a nascente e a desembocadura, abastece extensas regiões de Minas e do Nordeste, até desembocar cada vez mais seco e imundo no oceano Atlântico. Foi desta forma que o Rio Tietê (em São Paulo) morreu virando mero canal de esgoto ao céu aberto. MENTECORPO&VIDA l 5


AMAZÔNIA Em nível nacional, o Governo não tem feito outra lição de casa, ao deixar de criar mecanismos eficazes para se evitar que os rios e as matas brasileiras, de interesse nacional, sofressem tanta violência ambiental. Silenciosamente, a Amazônia, pulmão do mundo e terra de ninguém, é local onde madeireiros e agricultores reinam soberanos derrubando árvores a “toque de caixa”, o que tem sido fartamente denunciado pela ONG Greenpeace e pequenos jornais da região norte. O ar vai ficando cada vez mais seco, e as chuvas cada vez mais escassas, e não caiu a ficha de que os brasileiros vão pagar um preço muito caro pela destruição de vastidões de matas na floresta amazônica. Lá está o Rio Amazonas, o segundo maior do mundo em extensão, um rio de importância inconcebível para manutenção da aérea verde e que também depende da mata para sua existência. Esse ecossistema responde pelo equilíbrio climático e ecológico em vários países da América Latina.

NO BRASIL Todos nós sabemos que desmatamento, principalmente as queimadas, ao entorno e às margens de rios e lagos, contribui decisivamente para a destruição de nascentes e comprometimento da vida destes. O que mais se tem visto, da Amazônia ao interior de todos os estados do país, foram queimadas acidentais, descontroladas ou intencionais, não punidas. Desmatamentos criminosos ou amparados pela legislação, ambos igualmente devastadores. Mas o Raio X da situação das águas doces brasileiras também contemplam mananciais menos famosos. As águas de rios, como Rio Jacareí, no interior de São Paulo, trechos de pequenos rios pelo interior de Minas e Nordeste e pequenos veios d’água andam desaparecendo silenciosamente, como é caso da Cachoeira do Calixto, fotografada no dia 15/10 e enviada pelo internauta são-joanense Everton Alves. Localizada entre os municípios de São João Nepomuceno e Rio Novo – cidades próximas de Juiz de Fora –, a água da famosa cachoeira simplesmente sumiu.

JUIZ DE FORA / MG Bem longe desses incidentes, em Juiz de Fora, Minas Gerais, a Represa João Penido, a principal da região da Zona da Mata Mineira, também está seca, colocando em risco o abastecimento de água da terceira maior cidade de Minas Gerais, cidade polo dessa região. A situação da represa foi objeto de uma matéria, na qual está inclusa uma assustadora foto da Represa João Penido, exposta na edição de 14/10/14 do jornal “Tribuna de Minas”, na matéria “Mananciais de JF atingem estado crítico”. A região, além de assistir ao desaparecimento das águas dos rios e reservatórios, experimenta um calor infernal e também assiste a inúmeras queimadas que destroem matas, com a fumaça proveniente das chamas se misturando ao ar que permeia as cidades encravadas entre as montanhas incendiadas. 6 l MENTECORPO&VIDA


FOGO NO LUGAR DE ÁGUA O jornal “Estado de Minas” publicou na edição de 14/10/14 que, pelos dados do INPE, Minas Gerais já registrou 9.348 focos de incêndio esse ano. Para se ter uma ideia, em outubro deste ano, o estado registrou 2.225 focos contra 1.221 do mesmo período no ano passado. Nesse ritmo, as florestas e matas vão desaparecer do mapa em alguns anos. E com elas, a água. Estamos diante de um fenômeno de dimensões preocupantes. As pessoas estão alarmadas com a possibilidade de desaparecimento da água em torneiras e chuveiros juntamente com os problemas respiratórios provenientes do ar seco e poluído por queimadas. Esses são fatores que, somados à crise no abastecimento de água, podem trazer sérios problemas de saúde pública no futuro. Estamos citando somente estes dois estados por uma questão de espaço na revista e pelo fato de que ela é distribuída mais amplamente nessas regiões, mas o problema é nacional.

CONCLUSÃO Além da omissão dos governos diante da gravidade do assunto, a própria população, que será a maior vítima em caso de crise ambiental, também não faz seu papel. Além dos incêndios criminosos, agricultores desejosos por ampliar áreas de pastagens provocam queimadas, que acabam saindo do controle, sem falar de motoristas e pedestres fumantes, que também provocam incêndios de gravidade diversa, ao lançarem bitucas de cigarro às margens de rodovias. E, para participar da festa, moradores das cidades e vilas lançam entulhos, provenientes de demolições, reformas e construções, móveis velhos e grande quantidade de lixo para dentro de córregos e rios, localizados nas proximidades de suas moradias. Com a redução do volume das águas dos rios e a sua crescente poluição, com lançamento de esgoto “in natura”, o ar fica mais seco. Com os desmatamentos, o índice de renovação do ar é menor, e, com as queimadas, o volume de gases venenosos só tende a aumentar. Com menos água, o brasileiro poderá ter menos frutas, legumes e cereais em sua mesa, pois a lavoura depende diretamente dos rios para a irrigação ou dos reservatórios de água destinados ao abastecimento da população. Além da possibilidade de problemas de saúde, como transtornos do aparelho respiratório e de alimentação com escassez e racionamento de água, a população também poderá estar exposta a problemas no abastecimento de energia elétrica, já que em nosso país quase toda eletricidade é produzida nas usinas hidrelétricas. Se não houver ações enérgicas e eficazes, ou em caráter de urgência, para este momento ou em caráter de planejamento estratégico para o futuro, seremos surpreendidos despreparados pelos futuros eventos climáticos e geológicos.

FONTES CITADAS l FOLHA DE SÃO PAULO, REPORTAGENS: “SETEMBRO FOI O MÊS MAIS QUENTE DA HISTÓRIA, DIZ NASA” E “SÃO PAULO, VIDAS SECAS”, AMBAS NA EDIÇÃO DE 14/10/14 • ESTADO DE SÃO PAULO, REPORTAGEM: “COM FOGO CONTROLADO, CANTAREIRA TEM FOCOS ISOLADOS DE INCÊNDIO”, EDIÇÃO DE 14/10/14 • ESTADO DE MINAS, REPORTAGENS: “RIO SÃO FRANCISCO PASSOU DE ATRAÇÃO A CANAL DE ESGOTO” E ““MINAS VIVE PIOR SECA EM UM SÉCULO”, EDIÇÃO DE 13 E 16/10/14, RESPECTIVAMENTE • TRIBUNA DE MINAS, REPORTAGEM: “MANANCIAIS DE JF ATINGEM ESTADO CRÍTICO”, EDIÇÃO DE 14/10/14

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Biografia

RENATO RUSSO 1960-1996

Com o Segundo Turno das eleições presidenciais, a data de falecimento de Renato Russo e a extinção da banda Legião Urbana passou despercebida, ao contrário dos anos anteriores. Ao me lembrar disto, lembrei-me de um rascunho de biografia que a colega Sílvia Magalhães, do curso de Cinema, Rádio e TV da Uniban-SP, fez a meu pedido. O objetivo é criar um roteiro para um trabalho que iríamos gravar no começo do ano nos estúdios de TV e Rádio da universidade. Acabamos por fazer um trabalho sobre Raul Seixas, mas o esforço desta minha amiga não foi em vão. Por contingência de espaço, tive que resumir e fazer alterações neste esboço. E assim, na presente edição, Renato Manfredini Júnior, ou simplesmente Renato Russo, recebe, através desta resumida história, a nossa modesta homenagem.

18 anos sem Renato Russo No mês de outubro, relembramos, com muito pesar e saudade, os 18 anos de falecimento de Renato Manfredini Júnior, líder da banda Legião Urbana. Uma perda irreparável para a música brasileira, seja pelo dom extraordinário do compositor inspirado, que adivinhava o pensamento, o dilema das pessoas e que praticamente lia a alma dos jovens, seja por sua voz poderosa, inconfundível, que fazia tremer os autofalantes do aparelho de som e mexia com o coração e com a mente das pessoas. Renato Russo nasceu no Rio de Janeiro em 27 de março de 1960, filho do economista Renato Manfredini, funcionário do Banco do Brasil e de Dona Maria do Carmo, professora de inglês, e faleceu em 11 de outubro de 1996, numa época em que a medicina pouco, ou quase nada, podia fazer pelas vítimas da AIDS.

Discografia 1984

Os oito álbuns lançados pela Legião Urbana

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1989

A pedra fundamental na discografia da Legião Urbana. De onze músicas, nove tocaram as rádios.

O disco de estreia é inspirado no póspunk inglês por herança do embrião da banda, o Aborto Elétrico

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1987

1986

Bem diferente da proposta anterior, com letras e melodias quase suaves. Renato Russo afirmava sua verve poética 8 l MENTECORPO&VIDA

De volta às origens punks, o álbum fazia autorreferência ao final dos anos setenta. A faixa-título, “Que País é Este”, de 1978, também é um resgate e nunca tinha sido registrada porque a banda esperava ‘um Brasil melhor’

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PLAY É muito penoso fazer uma lista com as melhores músicas de Renato Russo e da banda Legião Urbana. Certamente, cada leitor terá sua preferência, entretanto usando como critério de ordem cronológica de execução nas rádios, extrai a seguinte lista, contendo alguns dos principais clássicos:

ouvir

com

Para

“Será” “Ainda é Cedo” “Por Enquanto” “Quase Sem Querer” “Eduardo e Mônica” “Tempo Perdido” “Índios” “Que País É Este”

som alto “Eu Sei” “Faroeste Caboclo” “Há Tempos” “Pais e Filhos” “Quando o Sol...” “Monte Castelo” “Vinte e Nove” “Vamos Fazer um Filme”

A morte de Renato e extinção da Legião Urbana Em 1985, ao lado do baterista Marcelo Bonfá, do guitarrista Dado Villa-Lobos e do baixista Renato Rocha, Renato Russo lançou o primeiro disco do grupo Legião Urbana e se tornou o maior nome da história do rock brasileiro. Com quatro discos da banda, a Legião Urbana é, ainda hoje, o terceiro maior grupo musical da gravadora EMI-Odeon, em venda de Cds. Dentro da vasta discografia do grupo, destacamos o lançamento, no primeiro dia de 1986, do primeiro álbum batizado de “Legião Urbana”, que emplacou os sucessos “Ainda é Cedo” e “Será”, não ocultando a influência do Punk Rock in-

glês nos seus acordes e batidas. Em julho do mesmo ano, sai o “Dois”. Em 1989, sai o álbum “As Quatro Estações”, que inaugura a fase mais madura da banda, tanto no som, (mais lento e menos agressivo), como nas letras, abordando assuntos, como sonhos, tristeza, amor, relacionamento entre pais, filhos e pessoas. Logo depois, em uma entrevista à revista Bizz, Renato confirmava o boato de que estava com AIDS. Renato era HIV positivo desde 1990, mas nunca assumiu publicamente a doença. Ele andava recluso e arredio e evitava a imprensa. As suspeitas se comprovaram em 11 de outubro de 1996 com sua

morte por broncopneumopatia, septicemia e infecção urinária – consequências da AIDS. Na época, o cantor e compositor pesava apenas 45 quilos. Renato Russo deixou um filho, o produtor cultural Giuliano Manfredini, que, na época, tinha apenas 7 anos de idade (atualmente com 26 anos). O corpo de Russo foi cremado e suas cinzas foram lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx. No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do cantor, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo.

PARA SABER MAIS, RECOMENDAMOS • HTTP://WWW.LEGIAOURBANA.COM.BR • HTTP://WWW.TERRA.COM.BR/ISTOEGENTE/34/REPORTAGENS/REP_RENATO.HTM

1997

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1993

1991

O álbum “V” nascia em meio a uma grande crise financeira e política. Apresenta as letras contundentes de sempre.

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O Descobrimento do Brasil traz faixas que se destacaram nas rádios, como “Perfeição”, “Vamos Fazer Um Filme”, “Giz” e “Vinte e Nove”. O encarte trazia uma sugestão para os fãs: “ouça no volume máximo!”

As outras músicas que comporiam o suposto álbum duplo anterior estão neste primeiro disco póstumo da banda. O álbum ganhou disco de platina. As músicas que tocaram no rádio foram “Uma Outra Estação”, “As Flores do Mal” e “Comédia Romântica”.

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1996

Renato tinha recém-lançado dois discos solo e o sétimo álbum da Legião Urbana imprimia tons tristes e um clima de despedida.

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CRESCE 705% ÍNDICE DE SUICÍDIO RESULTANTE DE

DEPRESSÃO Durante muito tempo, a depressão foi taxada de mero estado de tristeza ou até mesmo de preguiça. O tema foi cercado de ignorância e preconceito durante muitos anos, contribuindo para isso a dificuldade médica de diagnosticar qualquer coisa no paciente, além de uma visível apatia. Os tempos mudaram. O volume de doenças psicossomáticas e a incidência elevada de suicídios acenderam um alerta vermelho, e a depressão tem sido um dos problemas recorrentes de milhões de pessoas na estafante luta pela sobrevivência e, com isso, passou a ser uma das mais importantes pautas de debates da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à saúde pública no mundo. O tema foi pouco explorado em reportagens de jornais e TV, mas voltou à tona com a suspeita de que o Padre Marcelo Rossi estaria se tratando deste mal. Antes disso, as poucas reportagens sobre o assunto nesse segundo semestre apresentaram dados preocupantes: no Brasil, o índice de depressão já atinge, neste ano, 10% da população, não computados casos que não são diagnosticados e tratados. Ou seja, desconhece-se a dimensão real do mal. Estes dados são da Associação Brasileira de Psiquiatria. Ainda há estudos recentes semelhantes que indicam que outros 19,9% da população brasileira sofrem de transtornos de ansiedade, que também podem evoluir para

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quadros depressivos. Diante desse cenário, estima-se que depressão propriamente dita e transtornos de ansiedade, em breve, possam envolver cerca 30% da população. Mas isso é estimativa, vamos aos fatos: Em nosso país, as mortes por suicídio em decorrência de depressão aumentaram em 705% nos últimos 16 anos. E para variar, o Sistema Público de Saúde não está preparado para oferecer nem prevenção e nem tratamento para este mal. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria mostram que 6,3% do orçamento de Saúde eram destinados para a saúde mental em 2004. Hoje, dez anos depois, caiu para 1,8%. Ou seja, o governo brasileiro parece não ter captado a gravidade do assunto, reduzindo o orçamento destinado ao campo, e, com isso, tornou-se menos competente no diagnóstico e no tratamento do mal, e menos capaz de evitar estes suicídios. Em São Paulo, por exemplo, o índice de transtorno de ansiedade e depressão é igual ao de um país em guerra. E isso é alarmante, pois não há estratégia do governo quanto ao fato: “A região metropolitana de São Paulo tem índices de depressão e transtornos de ansiedade semelhantes ao de áreas de guerra como o Líbano e a Síria.” Essa é advertência de pesquisadores da Faculdade de Me-


dicina da USP, umas das mais conceituadas do Brasil, que foi divulgado na edição de 26/08/14 do jornal “Folha de São Paulo”. O mesmo estudo mostrou que, em todo o país, apenas um terço das pessoas com transtornos mentais severos – como a depressão grave, que pode levar ao suicídio – recebe o tratamento devido.

CAUSAS As causas da depressão podem ser genéticas, bem como o uso prolongado de bebidas alcoólicas e tabagismo. Entretanto, são cada vez mais recorrentes como causas a não superação do sentimento de perda, o sedentarismo, aliado ao estresse na luta pela sobrevivência, e a estafa. Também figuram, como causas principais, níveis crescentes de insatisfação com a vida, seja nos campos afetivo, profissional e financeiro. Foi-se a época em que o mal era mais associado aos idosos, devido a sentimentos de solidão ou padecimento com doenças, especialmente as crônicas. São crescentes os casos entre jovens e adultos, homens e mulheres. De acordo com Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, no Brasil, em 2013, morreram 15 mil pessoas por Aids, mas todos os anos são notificados 10 mil casos de suicídio. Uma média de 28 óbitos por dia. Apesar de o país ter um programa sólido de prevenção às DSTs, não há uma estratégia consolidada de prevenção e combate a doenças e transtornos mentais... Vale ressaltar que cerca de 90% dos casos de suicídio estão relacionados com depressão grave.

Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria mostram que 6,3% do orçamento de Saúde era destinado para saúde mental em 2004, hoje, dez anos depois, caiu para 1,8%. Ou seja, o governo brasileiro parece desprezar o assunto...

EXISTEM 3 NÍVEIS DE DEPRESSÃO NÍVEL BÁSICO É o inicial, pode ser revertido facilmente com orientação de psicólogo e clinico geral, além de interação social, atividade física e mudanças de hábitos.

NÍVEL INTERMEDIÁRIO Nesta fase o assunto já vai para as mãos de um especialista, como um psiquiatra, pois já é preciso indicação de medicamento, além do prescrito anteriormente.

REFERÊNCIAS • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA, “Depressão atinge 10% dos brasileiros, porém ainda é subdiagnosticada e subtratada”. Disponível em < http:// www.abp.org.br/portal/depressao-atinge-10-dos-brasileiros-porem-ainda-e-subdiagnosticada-e-subtratada . Acessado em 24 de outubro de 2014 • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA, “Dos mais de 20 mil leitos do SUS fechados, 6.968 são da psiquiatria, diz CFM”. Disponível em < http://www.abp.org.br >. Acessado em 24 de outubro de 2014

NÍVEL GRAVE É nesta fase que o risco de suicídio é eminente.

CONCLUSÃO Estamos perdendo preciosas vidas humanas por negligência do governo, e incapacidade do sistema de saúde de diagnosticar e tratar as fases iniciais da depressão. Isso é muito grave!

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E O SENTIDO DA VIDA POR DAIANE PACHECO

É preciso ter o cuidado para não confundirmos depressão com tristeza. Enquanto a depressão é uma doença grave que exige tratamento, a tristeza é tão somente um estado afetivo classificado como uma das emoções básicas do ser humano, que deve ser vivida dentro do seu tempo e contexto adequado. Isto significa dizer que é normal e psicologicamente saudável que uma pessoa sinta-se triste diante de um acontecimento desagradável na sua vida, como a perda de um ente querido, problemas de saúde, conjugais, financeiros, etc. Porém, diferentemente da pessoa que sofre de depressão, o indivíduo que está num quadro normal de tristeza consegue superar seu sofrimento e retomar suas atividades cotidianas normalmente. Já para o depressivo, a tristeza é crônica, incapacitante e não necessita de uma causa conhecida. Porém, é importante lembrar que somente um profissional devidamente capacitado pode estabelecer o diagnóstico da doença.

Tratamentos Uma vez estabelecido e reconhecido o quadro da depressão, torna-se fundamental a busca por ajuda especializada. Uma das formas mais comuns de tratamento é o uso de medicamentos para o alívio da dor e dos sintomas depressivos. Porém, conforme o entendimento da Psicologia Analítica, que é a abordagem da psicologia com a qual eu me identifico, tanto o uso das medicações, quanto as atividades que tentam animar e distrair o paciente da sua dor, são métodos que apenas contribuem para amenizar, anestesiar ou deslocar os sintomas depressivos, mas não curam a doença. 12 l MENTECORPO&VIDA

Para a verdadeira cura da depressão, o paciente precisa buscar o sentido da sua dor, ou seja, o que é que a depressão está solicitando dele e o que ela tem para lhe dizer. É então que ela passa a ser compreendida como um “chamado da alma”, que convoca o paciente a adentrar em territórios sombrios da sua mente, nos quais se encontram as suas partes rejeitadas, sentimentos considerados feios, doloridos, vergonhosos ou perigosos e que, por isso, foram negados ou mascarados pela sua consciência. Essa busca se faz necessária porque a depressão está relacionada a algum desvio que fazemos em relação à verdadeira vontade e convocação da nossa alma (ou psique). Como exemplos desses desvios ou desarmonias, temos aquelas geradas por uma grave distorção da realidade, culpas, autopunições inconscientes, desejos reprimidos, aspectos negados e rejeitados de si mesmo, e até mesmo alguma mudança de ordem prática na nossa vida e rotina que devíamos realizar. As causas são únicas e somente a própria pessoa poderá desvendá-las na medida em que se propõe à realização desse processo. A chave de ouro é não as negarmos, nem tentarmos combatê-las, mas as aceitarmos e acolhermos, permitindo que façam parte de nós, para então darmos a esses sentimentos um (re)direcionamento útil e funcional em nossas vidas. Nessa perspectiva, a depressão é uma convocação para o autoconhecimento e reforma íntima. Ela sinaliza nossos desvios e aponta a necessidade de encontrarmos novas possibilidades e caminhos, deixando para trás velhos hábitos e padrões de funcionamento (morte psicológica) para que possamos vivenciar um novo nascimento para a vida. Muitas vezes, tratase de trocarmos a sintonia dos apegos e medos, para aquela que vai ao encontro do contentamento interior aqui e agora.


NOITES MAL DORMIDAS PODEM ACARRETAR SÉRIOS PROBLEMAS CEREBRAIS

A mais recente pesquisa britânica sobre o sono trouxe novas descobertas sobre como noites mal dormidas podem causar efeitos prejudiciais à saúde e ao funcionamento do corpo humano. Doenças cardíacas, diabetes, obesidade e problemas cerebrais são alguns dos problemas ligados a poucas horas de sono. Segundo os pesquisadores, a atividade de centenas de genes foi alterada quando as pessoas estudadas dormiam menos de seis horas por dia durante uma semana. Os cientistas analisaram o sangue de 26 pessoas depois que elas tiveram uma longa noite de sono, até dez horas por noite durante uma semana, e compararam os resultados com amostras retiradas depois de uma semana com menos de seis horas por noite. Sem sono: pesquisa mostrou que sono ruim altera até a atividade dos genes. Mais de 700 genes foram alterados pela mudança. Cada gene traz instruções para a construção de uma proteína. Os que ficaram mais ativos produziram mais proteínas, mudando a química do corpo. O funcionamento do relógio biológico também foi perturbado com a mudança. As atividades de alguns genes, no decorrer do dia, aumentam e diminuem naturalmente, mas este efeito foi prejudicado pela falta de sono. “Houve uma mudança dramática na atividade

em diferentes tipos de genes”, disse à BBC o professor Colin Smith, da Universidade de Surrey. “O sono tem uma importância crítica para a reconstrução do corpo e a manutenção do estado funcional, todos os tipo de danos parecem ocorrer (devido à falta de sono), sugerindo que pode levar a problemas de saúde.” “Se não conseguimos regenerar e substituir células, então, isto vai levar a doenças degenerativas”, acrescentou. A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedgins of the National Academy of Sciences. Para Akhilesh Reddy, especialista em relógio biológico da Universidade de Cambridge as descobertas mais importantes foram os efeitos da falta de sono sobre inflamações e o sistema imunológico, pois é possível ver a ligação entre estes efeitos e problemas de saúde como diabetes. Já os pesquisadores do Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia, afirmam que pessoas privadas de sono por longos períodos parecem menos atraentes e saudáveis do que as que dormiram bem. Ou seja, as pessoas que desenvolvem hábitos que contemplam a qualidade do sono, além da saúde tendem a possuir feições mais belas e harmoniosas.

FONTE • Análise de estudos científicos internacionais publicados no Serviço Brasileiro da BBC de Londres. Material disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ palavra-chave “sono”.

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TREM DE LUXO CRUZA CIDADES DE MG E ES, EM UMA VIAGEM TURÍSTICA INESQUECÍVEL

p Uma locomotiva, totalmente reformada, é responsável por puxar os vagões de passageiros durante o percurso entre Belo Horizonte/MG e Vitória, no Espírito Santo 14 l MENTECORPO&VIDA

Passeios de trem percorrendo longos trajetos, com horas de duração, não são privilégios de europeus e chineses. Está em circulação no Brasil, atendendo anseios de saudosistas e curiosos em geral, um luxuoso trem de passageiros, que faz o percurso da antiga Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). O trajeto tem extensão de 664 quilômetros, começando em Belo Horizonte e passando por 42 municípios, com embarque e desembarque em 30 estações até chegar ao seu destino, em Vitória - ES. O passeio se desdobra por cerca de 13 horas, com paisagens de tirar o fôlego. A composição não é apenas mais um trem de passageiros atuando no país. A composição de luxo tem um charme especial. Fabricados na Romênia, os vagões obedecem aos rigorosos padrões europeus de qualidade. Esta foi uma iniciativa da mineradora Vale, que investiu cerca de R$ 80,2 milhões nesse projeto. Ainda como parte do investimento, estão novos carros para restaurante, lanchone-


Todos os vagões são climatizados com ar condicionado e contam com tomadas elétricas individuais nas poltronas. Além disso a composição conta com carros para restaurante e lanchonete e vagas para deficientes físicos

te, gerador elétrico e vagas para cadeirantes, que foram integrados à frota. Cada carro executivo tem capacidade para transportar 57 passageiros e os econômicos podem transportar 75 pessoas. Os carros-restaurante terão 72 lugares. O passeio não sai caro. A área executiva custa R$ 91 para todo o percurso, dispondo de sistema de som e iluminação para cada passageiro, para dar maior conforto e comodidade aos viajantes. O setor econômico custa R$ 58, não dispondo das comodidades citadas, porém, em ambas as classes, os carros são climatizados e contam com tomadas elétricas individuais nas poltronas, possibilitando alimentação de notebooks e celulares. Toda a composição conta com detectores de fumaça (detecção de risco de incêndio) para aumentar a segurança dos usuários. Os passageiros vão ter displays externos e internos que exibem informações turísticas e avisos em geral. A mineradora Vale informou que uma média de 1 milhão de passageiros deverão fazer esse passeio anualmente. MENTECORPO&VIDA l 15


DIA MUNDIAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA

MULHERES

O dia 25 de novembro foi o Dia Mundial de Combate à Violência contra a mulher. Convidei uma pessoa muito especial para escrever sobre o assunto: Tainara Paulon. Filha de um casal amigo, Plínio Protásio, conterrâneo de São João Nepomuceno - MG e Rita Paulon, uma exímia palestrante e educadora do Instituto Airton Senna, em São Paulo. Tainara herdou do pai a valentia e da mãe, o dom de cuidar. Isso resultou em um currículo muito bonito como ativista dos Direitos Humanos. Ela já trabalhou com refugiados de guerras na Europa e aqui no Brasil, trabalha com mulheres, vítimas do tráfico de pessoas e violência sexual. É o tipo de família que nos orgulhamos em ter como amigos.

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Violência Contra as Mulheres POR TAINARA PAULON PROTÁSIO 25 ANOS, É PROFESSORA DE INGLÊS E ESPANHOL, VOLUNTÁRIA DO CIRANDA FEMINISTA, ATIVISTA DOS DIREITOS HUMANOS, FEMINISTA E ESTUDANTE DE PSICOLOGIA. SUAS PESQUISAS ACADÊMICAS ENFOCAM O TRÁFICO DE PESSOAS E O ABUSO SEXUAL

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Segundo estimativas das Nações Unidas, uma a cada três mulheres do mundo m undo será agredida física ou sexualmente m ente ao decorrer de sua vida. A perspectiva é assustadora, mas não deixa de relatar uma realidade que, ainda no século XXI, continua mascarada e sorrateira em nossa sociedade. Os números são significativos, apontando que um bilhão de mulheres passarão por uma situação de vulnerabilidade que certamente deixará marcas em sua vida, seu corpo e sua história.

A partir desta triste estatística, muitas ONGs, associações e grupos feministas passaram a atuar em consequência da realidade mundial. A maioria iniciou seus trabalhos muito antes de terem contatos com estes dados, já que, no dia a dia, a violência é visível e não precisamos esperar por números oficiais para começar a agir. Nossa cultura ainda tem um pensamento retrógrado em muitas situações, como quando dizemos que em briga de marido e mulher ninguém mete a


colher. Dados da delegacia da mulher indicam que os números de maior abuso seja ele psicológico, físico, sexual ou moral, acontece dentro de casa, quando os próprios parceiros maltratam suas companheiras. A psicologia sistêmica e pesquisas, como as de Robin Norwood – autora de Mulheres que Amam Demais –, demonstram que a violência é cíclica e pode ser reproduzida por aqueles que a sofreram. É o caso da violência doméstica, praticada dentro do lar, na frente dos filhos, que terão reações secundárias à realidade aprendida dentro de casa. Norwood comenta em seu livro como mulheres que tiveram pais ou tutores disfuncionais – seja por vício, violência, negligência entre outros – tendem a ter nestes perfis seus modelos de homem ou mulher e acabam tendo um apego dependente muito grande com seus parceiros, ainda que estes sejam violentos. É a partir da conscientização e da ruptura com esse ciclo vicioso da violência que conseguimos efetuar mudanças: modificando a mentalidade. No oeste do Paraná, em Foz do Iguaçu, jovens mulheres da sociedade civil, cansadas com o descaso social e político para com os feminicídios, abusos sexuais e o machismo constante da fronteira brasileira, decidiram fundar um grupo de Discussão e Debates, o Ciranda Feminista. A partir da criação do grupo, estas mulheres debatem violência de gênero, abuso sexual, igualdade de gêneros, direitos da mulher e temas que incluem a mulher na sociedade. A missão central do projeto é a conscientização, fazendo parceria com rádios, sites e universidades para realizarem palestras que tragam uma maior sensibilização da sociedade multicultural da zona de Foz do Iguaçu, buscando evitar a violência. Como muitas cidades do Brasil, Foz do Iguaçu conta com números crescentes de denúncia de violência doméstica e abusos sexuais, mas as integrantes do grupo explicam o aumento dos dados: “Os números não estão necessariamente aumentando devido ao aumento da violência em si, senão que os números estão chegando. As mulheres começam a ter coragem e se sentem seguras o suficiente para denunciar.” O grupo conta que, só neste ano,

“A violência contra mulheres e meninas continua inabalável em todos os continentes, países e culturas. Isso leva a um efeito devastador na vida das mulheres, de sua famílias e na sociedade como um todo. A maioria das sociedades proíbe esse tipo de violência - mas a realidade é que muitas vezes ela é encoberta ou tolerada.” BAN KI-MOON

SECRETÁRIO GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS

houve inúmeros casos de violência contra mulheres na cidade, chegando ao homicídio de uma jovem estudante uruguaia. Além dos estupros recorrentes e os altos números de suicídios femininos na ponte da Amizade, que separa Brasil e Paraguai. Essas realidades, além de dolorosas e tristes, indicam como a sociedade ainda está muito longe de alcançar um ambiente sadio tanto para a mulher quanto para qualquer outro cidadão. A saúde mental e a estabilidade psicológica são temas pouco questionados

e trabalhados, muitas vezes afetando a autoestima, a independência e o desenvolvimento das pessoas. Isso é refletido nas inúmeras situações de violência contra a mulher, que, em seu estado de vulnerabilidade, tem dificuldade de sair de dentro do ciclo da violência, abandonar o parceiro e encarar a vida de maneira autônoma. Tentando combater a falta de conhecimento e a vulnerabilidade feminina, o trabalho do Ciranda Feminista é feito quinzenalmente com diversos temas de debate e ações em datas específicas sobre os direitos e causas da mulher. “A gente tenta gerar reflexão, fazer as pessoas terem mais compreensão sobre o que está acontecendo. A luta é contra a violência, e essa violência tem inúmeras caras: pode ser o preconceito, o machismo, a revitimização das mulheres que sofreram abuso, o descaso da sociedade e muitas outras, que às vezes não identificamos num primeiro contato, mas que prejudicam a vida das mulheres na sociedade.” É a partir da mobilização civil, da conscientização diária e da reconstrução de padrões sociais disfuncionais que conseguiremos modificar essa realidade para um mundo mais sadio, onde as mulheres sejam mais respeitadas, e os índices de violência sejam cada vez menores. MENTECORPO&VIDA l 17


a calar

Aprendendo

Na antiga Grécia, Sócrates era bastante procurado para dar cursos de oratória. Nestes cursos, ele cobrava de cada aluno a quantia de 50 moedas de prata. Certa vez, um jovem reclamou insistentemente do valor da taxa, alegando que o instrutor não era tão bom quanto pensava, que o curso tinha pouca duração e que não era realizado em dia e horário adequados. Ao dizer isso, desejava secretamente a redução do valor. Sócrates, que o ouviu em silêncio, disse: “Realmente o valor deve ser revisto. Para você serão 50 moedas de ouro. Para quem não para de falar, custa mais aprender a calar”. Sócrates, ao dizer que sai muito caro aprender o valor do silêncio, vislumbrava os prejuízos que uma pessoa de fala imprudente, vazia ou ofensiva pode desencadear para si mesma. Na verdade, aprender a calar pode custar bem mais do que 50 moedas de ouro: • Na vida profissional, pode custar a perda do próprio emprego; • Na vida conjugal, pode custar a destruição do próprio lar; • Na vida afetiva, pode custar o afastamento de preciosos amigos; Em situações delicadas, falar demais pode custar a perda da própria vida... Apesar de ensinar a arte da fala, Sócrates deixou claro que a fala vale prata e o silêncio vale ouro.

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CONTO BUDISTA

“O VELHO E O COCHO” Existia, na China antiga, um velhinho quase cego e surdo, já com as mãos trêmulas. Ao se sentar para comer junto com a família, mal conseguia segurar a colher. Derramava sopa na tolha da mesa e, quando conseguia levar a comida à boca, boa parte caía-lhe pelos cantos, sujando o chão da cozinha. O filho e a nora ficavam irritados e com muito nojo ao presenciarem aquela cena. Depois de certo tempo, resolveram que o velho não ia mais comer junto a todos e providenciaram para que ele ficasse sozinho num cantinho. Sua comida era servida numa tigela de barro e, para que não derramasse muita comida, davam a ele pouca quantidade de alimento. Enquanto comia, o velhinho olhava para mesa onde estavam filho, nora e neto, com os olhos cheios de lágrimas... Um dia, suas mãos tremeram tanto que ele deixou a tigela cair no chão e ela se quebrou. A mulher o repreendeu aos gritos, o velhinho apenas suspirou. Depois disso, ela comprou uma cuia de madeira, dizendo “agora você vai comer num cocho seu velho porco”. Dias depois, o episódio foi esquecido, enquanto todos almoçavam, o netinho, de apenas quatro anos, abandonou a mesa e foi brincar no quintal com pedaços de pau. O pai foi atrás e, intrigado com a cena, perguntou ao filho

o que ele estava fazendo. O menino respondeu: “Estou fazendo um cocho!” O pai retrucou: “Um cocho! Acha que um dia teremos porcos?” O menino com inocência e espontaneidade respondeu: “É que quando eu crescer e papai e mamãe forem bem velhinhos, vão precisar disso para comer!” O marido e a mulher entreolharam-se e caíram no choro. Conduziram o velhinho de volta à mesa e, desde então, passaram a comer todos juntos, e mesmo quando o vovô derramava algo ninguém reclamava.

O modo que tratamos as pessoas é um convite público para que todos nos tratem de igual maneira. Experimente sorrir e verá sorrisos, experimente gritar e ouvirá gritos. Experimente qualquer coisa, o recado será entendido e, cedo ou tarde, você será agraciado ou punido pela sua forma de viver. O retorno já começa dentro de casa, cedo ou tarde até os maus pais se tornarão vítimas dos filhos que, com seus exemplos, se tornaram maus.

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