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Conversa sobre a mentira

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Canção de amor

Canção de amor

Os antigos gregos tinham lindas e poéticas explicações para a vida e a morte, a guerra e a paz, a abundância e a colheita, as chuvas e as estações do ano. Eram os deuses que no fundo governavam o mundo com suas características demasiadamente humanas. Não quero tratar do valor literário e místico dessas descrições, mas no fato de que quando a sociedade amadureceu para a justiça e o bem percebeu que para viver de forma civilizada e progressista precisava ter um compromisso com a verdade e a razão e que elas pediam o afastamento dessas explicações míticas porque não atendiam a nenhum dos dois critérios.

Assim, quando a Filosofia surgiu na linda e ensolarada flor do Peloponeso, já havia entre seus habitantes, os antigos gregos, um entendimento de que para viver humanamente era preciso viver na verdade. Porém, logo perceberam que nossa capacidade de compreender e falar da verdade é limitada e que o cultivo da verdade exige o compromisso com a razão. A conversa filosófica era sobre acolher e dar razão e assim procediam os filósofos, sempre se movendo na busca da verdade, nunca se cansavam de procurá-la, reconheciam humildemente seus limites, escutavam e meditavam antes de falar, afastavam-se do dogmatismo, do arbítrio, do fanatismo e da mentira. Onde moravam essas criaturas ali não estava nem a verdade e nem a razão e onde elas não estavam a vida civilizada, o progresso material, a paz social e a justiça também não eram encontradas.

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O homem de negócios, o cidadão comum, o intelectual, o cientista, o profissional de não importa que ocupação sabe que a mentira inviabiliza a vida, mata os negócios, destrói a ciência, acaba com a paz e difunde o ódio. Nada de bom sobrevive num universo de mentiras. De tal modo é a nossa compreensão de seu mal que apenas devido à incapacidade de chegar à verdade completa, ou necessidade de preservar maiores valores como a vida, podem tolerá-la. A mentira é abominável embora dela façam abundante uso os ditadores sanguinários, os autoritários, os

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Para quem é fã de uma típica comida mineira e adora um boteco, vai aqui uma super dica: Chumbinhos Bar, no matosinhos. A porção de couve, angu e torresmo, é de comer rezando. Uma delícia!

políticos inescrupulosos e com sede de poder e os religiosos mal intencionados. Se o compromisso com a razão, a verdade e o bem viver como cidadão na polis convenceram os antigos gregos de que não podiam tolerar a mentira, também a principal experiência religiosa ocidental acolheu esse entendimento. Esse compromisso com a verdade encontra-se embutido na lei mosaica que foi confirmada por Jesus nos evangelhos de Mateus 22:38-39 e 5:3-11 e Lucas 6:20-30. Já no livro do Êxodo 20:16 encontramos a exortação para não dar falso testemunho contra o próximo. E o livro de Provérbios 12:2 é ainda mais enfático ao trazer que “O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade.” E ainda traz em 20:17 “Saborosa é a comida que se obtém com mentiras, mas depois dá areia na boca.” E o livro de Salmos segue nessa mesma linha como vemos no Salmo 101:7: “Quem pratica a fraude não habitará no meu santuário; o mentiroso não permanecerá na minha presença.”

E Jesus não foi menos rigoroso ou tolerante com a

Feliz Anivers Rio

Para Igor de Araújo Brito. O farmacêutico, filho caçula de Eduardo Brito ( in memorian) e Ione Resende Brito, celebrará a chegada de mais uma primavera no próximo dia 30. Muitas felicidades!

mentira ao dizer para os religiosos de seu tempo como se lê no evangelho de João 8:44: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.”

Creio que as tradições mais limpas e puras da inteligência ocidental e da religiosidade judaico-cristã mostram que se deve afastar de todo modo da mentira e buscar a verdade: a da ciência, a da religião, a da razão filosófica que devem guiar os princípios de verdade que cada um assume na própria vida. Quem se apresenta como religioso, defensor da cidadania ou da família e vive na mentira, a produz e a distribui, não defende nem a pátria, nem a família e nem Deus.

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