Asplan Notícias - Ed102

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Informativo da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba Ano XV - nº 102 - Outubro - Novembro e Dezembro - 2021 Especial Cana

A atividade canavieira sempre foi vista sob a ótica da estratégia econômica e deve continuar assim

A cultura canavieira no Brasil sempre esteve presente em todas as épocas desde o descobrimento com relevância e importância e deve continuar sendo assim

Não é de hoje que a cana-de-açúcar sobrevive às intempéries brasileiras. Como grande atividade econômica, de expressivos aspectos sociais, inclusive, ela sempre fez jus à atenção dos governos, desde a Colônia até a República. E não é para menos: como protagonista da ocupação efetiva da do Brasil Colônia, mais de 500 anos depois, é a cana-de-açúcar que continua sendo a grande aliada na geração de emprego e renda, principalmente, no Nordeste. Na região, a matéria-prima do século XXI para a produção de uma matriz energética limpa e renovável está, mais uma vez, como disse o consultor do setor sucroenergético, Gregório Maranhão, em artigo: “está pronta, mais uma vez, para contribuir”. Nas últimas décadas, a cadeia sucroenergética passou por importantes transformações e mudanças institucionais que impactaram diretamente em sua cadeia produtiva. Mesmo assim, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o setor sucroenergético ainda participa com 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, em estudo sobre “A Dinâmica Dos Empregos Formais Na Agroindústria Sucroenergética de 2000 a 2016”, o Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CEPEA-Esalq/USP, destaca que a atividade também apresenta alto nível de formalização dentro do agronegócio: enquanto na atividade agrícola da cultura de cana-de-açúcar 80% das pessoas ocupadas são empregadas com carteira assinada, para a agricultura brasileira de modo geral essa taxa é de apenas 17%. Para o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, isso significa força e sobrevivência. O dirigente afirmou que é preciso também confiança no setor. “Resgatar a história para provar o valor da atividade canavieira às vezes se faz necessário. Precisamos da confiança do governo para fazer o que sabemos fazer, que é produzir”, comentou José Inácio. Ele destacou ainda o

contexto mundial e a necessidade de investimento nos campos. “Agora, vários países estão se voltando novamente para a produção de etanol de cana por ser um combustível renovável. Está acontecendo uma verdadeira revolução tecnológica voltada para práticas sustentáveis. Isso deve ser o gatilho para uma nova forma de ver o mundo e os combustíveis e com a cana sempre se adaptando”, comentou o dirigente, destacando a importância da atividade canavieira no contexto brasileiro. Desde o século XVI convivendo com desafios de todas as ordens, a atividade canavieira sempre esteve presente na história da construção do país. Em seu artigo, Gregório Maranhão, frisou que pelos seus aspectos econômicos e relação custo-benefício, a canade-açúcar sempre teve seu destaque estratégico e depois institucional em vários momentos da história do Brasil. “Logo no início, a exploração do Pau Brasil, abrindo clareiras na exuberante mata atlântica litorânea, para permitir na sequência, dar lugar ao plantio da cana-de-açúcar, trazida da Ilha da Madeira e que foi aqui aclimatada com grande sucesso no massapé tropical nordestino”, lembra Maranhão, frisando também as dificuldades à época pela carência de mão de obra, contando apenas com os indígenas, resistentes à submissão aos conquistadores. Com a vinda de escravos africanos, a atividade se expandiu surpreendentemente: nos primeiros tempos da ocupação já se “contava com cerca de 30 engenhos produtores de açúcar e aguardente, capazes de carregar cinquenta navios por ano, com o produto destinado à exportação”. Tudo isso, segundo Gregório Maranhão, despertou o interesse e cobiça de outras nações, e foi iniciado o período das invasões. A partir daí, a cana-de-açúcar, sua produção, comercialização, moldaram as circunstâncias políticas e a atividade passou a necessitar de arcabouço institucional de controle e proteção. O que vale até hoje!


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