Morte de um menino escravo – Iqbal Masih

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text: MAGNUS BERGMAR

bild: JAN-ÅKE WINQVIST

A paz esteja com vocês, Inayat e Sadiq!

Com você também, Shaukat!

Sardar disse que Iqbal está livre para trabalhar. É verdade?

É, nosso dinheiro não é suficiente para comer!

Eu darei a vocês 500 rúpias* como empréstimo do Peshgi!

Minha irmã precisa de 800! *

Então está combinado. O Peshgi será pago em prestações. Aqui estão 50 rúpias. Iremos cuidar bem dele, que aprenderá muito!

Por 50 rúpias Iqbal está prestes a se tornar escravo por dívida…

Aqui está meu sobrinho, Iqbal! Obrigado, Sardar!

Aqui sou eu quem decide!

Aqui sou eu quem decide!

Chega a noite… O primeiro dia de trabalho terminou…

Que isso sirva de lição para vocês também!

Saif! O que você quer?

Ouvi dizer que Iqbal começou a trabalhar…

Dê-me o dinheiro! Ele é meu filho e o dinheiro é meu!

Você irá usá-lo somente para comprar narcóticos!

Nos próximos anos, Iqbal trabalhará no mínimo 12 horas por dia, 6 dias por semana…

Bem cedo na manhã seguinte…

O médico disse que tenho que fazer uma cirurgia, mas não tenho dinheiro.

Mas eu trabalho, mamãe.

Meu dinheiro não é suficiente?

Não, preciso pedir peshgi à Ghullah.

Ghullah, preciso fazer uma cirurgia e comprar remédios. Posso contrair um peshgi por Iqbal?

Anda logo, Shafiq, o jogo já vai começar! É sexta-feira, o único dia de folga dos meninos. Dois times se reuniram no espaço aberto entre o canal e as casas. Iqbal esperou ansioso uma semana inteira por esse jogo de cricket…

Peshgi é a dívida que faz de Iqbal um escravo de Ghullah…

Aqui estão 6000 rúpias!

Iqbal, Shafiq e Rafiq, venham trabalhar! Temos que terminar um tapete!

No meio da noite, Ghullah vai à casa de Iqbal e o tira da cama…

Mesmo sendo o dia de folga, os meninos não podem recusar. Eles são escravos por dívida, e quem manda é Ghullah…

Cada time coleta junto o dinheiro…

Ele precisa dormir! Isso pode esperar! Temos que terminar o trabalho!

Os vencedores ficam com tudo!

Irmão, vamos brincar?

…mas hoje não vai haver jogo para Iqbal…

Não Sobia, não tenho energia…

Iqbal, por causa do peshgi tenho que deixá-lo levar você!

Iqbal está tão cansado que adormece durante o trabalho…

Preciso fugir daqui!

Os meninos correm o mais rápido que podem pelo canal. Eles sabem que o vigia não pode correr atrás deles, caso contrário mais crianças fugiriam…

…tenho que ir ao banheiro…

Os meninos aproveitam quando Ghullah não está…

Estou passando mal, preciso sair para vomitar!

Preciso urinar… ! Estou fazendo cocô nas calças!

Os meninos esquecem o horror que os aguarda…

BOM, I QB al !

Quando Iqbal chega em casa…

Cuidado, Iqbal! Ghullah está furioso e procurando por você!

pai dos meninos e a mãe de Iqbal trazem comida…

Ghullah busca Maqsud, mesmo doente…

Onde está Maqsud?

Como punição pela fuga, os meninos são acorrentados ao tear…

Aqui sou eu que decido quando vocês trabalham!

Na manhã seguinte, Ghullah busca Iqbal em casa…
O
Uma manhã… Ele está muito doente!

Iqbal foge novamente… …e corre para a delegacia…

Vamos até o dono da tapeçaria, então!

Puff… o dono da tapeçaria espanca… puff… Maqsud…

…vocês têm que fazer algo!!

Iqbal pensa constantemente sobre como sua vida é dura, mas não encontra nenhuma forma de se libertar…

Acorrente esse pequeno traidor!

Ele fugiu do trabalho!

É bom ver a polícia fazer seu trabalho!

Todos os meninos na fábrica são escravos por dívidas. Ninguém tem um peshgi, como se chama a dívida, menor do que quando começou a trabalhar para Ghullah. Após cinco anos na fábrica, as coisas ficarão ainda piores para Iqbal...

Obrigado!

O meio-irmão de Iqbal, Aslam, vai se casar…

P reciso de um pacote de açúcar para o casamento de Aslam!

Oh, obrigado!

Aqui está o que você precisa. Vou cobrar isso de Iqbal!

Iqbal, você pode tirar folga para o casamento de seu meio-irmão Aslam!

O noivo chegou!

Iqbal chega para o casamento sem saber que é ele que está pagando…

Mas depois da festa…

Você tem que compensar o tempo que ficou fora para o casamento…

As mulheres começam a dançar…

…e, a propósito, depois do casamento de seu meio-irmão, Aslam, sua dívida aumentou para 13.000 rúpias!

O noivo recebe colares de dinheiro dos convidados. Iqbal está feliz por poder participar da festa, que durou três dias.

Um dia, um homem passa por lá e conversa com os escravos da tapeçaria… Cuidado! O dono está chegando!

Meu nome é Yousuf! O peshgi, a dívida que os tornam escravos, é ilegal. Venham a uma reunião da Frente de Libertação dos Escravos por Dívida, BLLF, amanhã e saberão mais!

Na reunião, o líder da BLLF, Ehsan Ullah Khan faz um discurso…

A escravidão por dívida é proibida! Ninguém pode obrigá-los. Vocês têm direito à liberdade. Crianças não devem trabalhar, mas sim estudar!

Apesar da timidez, Iqbal faz um pequeno discurso…

Nosso dono, Ghullah, é cruel! Não quero mais trabalhar, quero estudar!

Você se saiu muito bem!

Vocês sabem o que irá acontecer se deixarem o trabalho!

Iqbal desafia a advertência do dono e participa da reunião…

Olá, não nos vimos ontem?

Aqui está uma carta de libertação. Ela diz que, pela lei, você é livre. Mostre-a ao seu dono!

Sim
Como você se chama? Iqbal! Meu nome é Ehsan Ullah Khan! Quer nos contar sobre seu trabalho?

Onde você esteve?

Ha, ha, você nunca vai se livrar de sua dívida!

Você não pode me obrigar a trabalhar - leia!

O que é isso?

Minha carta de libertação!

Iqbal está de volta à fábrica de tapetes…

Yousuf vai até Arshad Ghullah…

Você é obrigado a libertar Iqbal! Os advogados da BLLF irão ajudá-lo!

Você vai pagar por isso, Yousuf!

Em Lahore, Ehsan pensa em Iqbal…

Estou preocupado com esse garotinho em Muridke!

Deixe-o frequentar a escola APNA* aqui em Lahore!

*Escola APNA significa “Nossa própria escola”. Todas as escolas da BLLF têm esse nome.

Você quer ir à escola?

Sim!

Quando Iqbal visita sua vila natal, ele conversa com as crianças em outras fábricas de tapetes. Agora muitos ousam largar seus donos…

Dois dos sonhos de Iqbal se realizam. Ele é livre e pode entrar na escola…

Arshad Ghullah vai à casa de Iqbal…

Você tem que voltar a trabalhar, senão os outros também não trabalham!

Iqbal discursa nas reuniões da BLLF onde escravos libertados se encontram…

Não tenho tempo para você!

Pode ler, Iqbal! A...P...N...A, APNA!!

Cuidado! Agora Arshad é seu inimigo!

Não tenho mais medo dele. Ele deveria ter medo de mim!

Mas Ghullah não se esqueceu de Iqbal…

Vou fazer você ir para a cadeia!

Como vai a escola?

Muhammed Rafiq, para quem Ghullah entrega seus tapetes, ameaça Iqbal…

Vou raptar sua mãe e você. Cuidado para não desaparecer…

Fomos convidados para ir à Suécia…

Iqbal conta a seus amigos…

Eu vou voar!

Mas prometo trazer presentes! Que sortudo!

…você quer vir?

Eu estudo o máximo possível!

Depois da visita à Suécia, Ehsan e Iqbal vão aos EUA… ...

Iqbal também ganha uma bolsa de estudo. Quando terminar os estudos no Paquistão, ele poderá estudar em uma universidade americana…

O Prêmio Juventude em Ação pelos direitos humanos vai para…

IQB al M aSIH!

De volta ao Paquistão, Iqbal é cumprimenta do pelos amigos…

Mas há outros…

Ehsan Ullah deve morrer!

Iqbal será punido!

Na Páscoa, 16 de abril de 1995, Iqbal viaja para casa…

Os fabricantes de tapetes sabem que Iqbal sempre vem para casa nos feriados cristãos…

Mais tarde, no mesmo dia, Iqbal encontra seus parentes Faryad e Lyaqat…

IQBAL!

“O ex-escravo por dívidas, o menino Iqbal Masih, que lutava pelos direitos da criança no Paquistão está morto!”

Vamos de bicicleta levar comida para Amanat no campo!

A notícia se espalha por todo o mundo…

Na delegacia, na mesma noite do assassinato…

De repente…

Oi mamãe! E como vai você, querida irmã Sobia?

Eu estava com saudade, querido irmão!

Faryad tem que deixar suas impressões digitais em um papel em branco. Depois a polícia escreve o que afirma que ocorreu…

Assim que a primeira prece da manhã é ouvida fora da mesquita…

O h ...IQBAL!

Por favor, senhor Imran, pegue minha cadeira!

Apavorados, Faryad e Lyaqat se escondem na casa de parentes…

Não lamente, velha senhora. O que há de tão especial num assassinato de um menino pobre? Se você não parar, mataremos seu outro filho também!

Faryad e Lyaqat estão com o policial Ghulam Bari, junto com vários fabricantes de tapetes e o proprietário rural Zaki Hussein, quando chega um carro…

Quem é ele?

Imran Malik é o presidente dos tapeceiros!

Se vocês não fizerem o que mandamos, vamos matá-los até a sétima geração!*

A polícia, os tapeceiros, Zaki Hussein e seu irmão Ali inventam uma história…

No dia seguinte, Iqbal é sepultado…

Onde estão seus filhos? Eles têm que prestar o depoimento que lhes foi entregue! Senão mataremos todos vocês!

Faryad e Lyaqat se refugiam na BLLF…

No papel com as digitais de Faryad, Ghulam, Bari escreve que os garotos viram o agricultor fazendo sexo com um burro. Quando os meninos o provocaram, ele pegou uma espingarda e atirou, acertando Iqbal acidentalmente…

A Comissão de Direitos Humanos apóia o relato do homicídio feito pela polícia e o divulga…

*Isso significa que todos os parentes serão mortos.

…embaixadores estrangeiros escrevem para seus países. Aqueles que trabalham para organizações assistenciais também. Eles e os jornais de todo o mundo divulgam a história do burro…

Na manhã seguinte ao assassinato, Hero foi acordado pela polícia e os irmãos Ali, cujo apelido é “Rabo de Cavalo”, e Zaki Hussein. Hero é empregado de “Rabo de Cavalo “ e Zaki…

Pegue uma arma e venha conosco!

Porém Hero, que no mundo todo é visto como meio louco e assassino, é totalmente inocente. Ele é apenas pobre…

Na delegacia…

Você vai dizer que matou o menino!

Se você não fizer o que mandamos, nós o mataremos e diremos que foi um tiroteio com a polícia!

Fui eu que o matei. Eu, hum…

Por quê…?

Que menino?

Logo, Hero percebe que pode ser enforcado por assassinato…

Eu não matei o menino, meritíssimo!

Hero é absolvido. Porém, em seguida, ele é preso novamente e ninguém pode vê-lo sem a permissão do ministro do interior…

Os fabricantes de tapetes haviam ameaçado a vida de Iqbal muitas vezes… …e um mês antes do assassinato, eles procuraram Ali e Zaki Hussein…

Se ele não voltar a trabalhar, vamos raptá-lo e matá-lo!

Quem são eles?

Não é da sua conta!

Antes do assassinato, aqueles que tinham inveja da BLLF haviam se reunido com os fabricantes de tapetes, donos de fábricas de tijolos e a polícia de segurança…

Como vamos atingir a BLLF?

Espalharemos que eles desviam dinheiro!

Após o assassinato de Iqbal, a polícia de segurança prende vários funcionários da BLLF…

E aguarde, Ehsan!

Dr. Aslam e Haroon! Vocês devem espalhar rumores contra Ehsan!

Haroon e Dr. Aslam ameaçam o professor Anjum…

Diga que Ehsan é terrorista e lhe mandou colocar uma bomba!

Mas aquele cuja missão era matar Iqbal se libertou…

!! A polícia de segurança está conosco. Se você não ajudar, é traição. E isso dá pena de morte! Nao !!

Foi Ehsan que matou Iqbal. Ele mata um todo ano!

Parados!

Quem são vocês?

Eu sou Lyaqat, meu tio Faryad e nosso hóspede, Iqbal!

Assim morreu Iqbal Masih, o menino que no mundo todo é símbolo da luta contra o trabalho infantil prejudicial…

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