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Conheça as crianças do júri!

As crianças do júri compartilham suas histórias de vida e sobre quais direitos da criança elas sofreram violações e/ou lutam. Deste modo, elas ensinam milhões de crianças em todo o mundo sobre os direitos da criança. Elas podem fazer parte do júri até o ano em que completam 18 anos. Anualmente, o júri infantil selecciona os

Kim, 18 Zimbabwe

três candidatos finalistas do Prêmio das Crianças do Mundo pelos Direitos da Criança entre todos os indicados.

As crianças do júri são embaixadoras do Prêmio das Crianças do Mundo nos seus países de origem e no mundo. O Júri Infantil preside a cerimônia anual do WCP em Mariefred, Suécia.

Dario, 17, Romênia

Representa crianças que crescem em orfanatos e crianças que são discriminadas por causa da pobreza e/ou porque pertencem a uma minoria.

Dario cresceu em Ferentari, em um galpão de madeira que seu pai construiu na calçada, sem aquecimento, casa de banho ou água corrente. Sua mãe fazia tudo para que as crianças tivessem uma boa situação, mas o pai gastava todo o dinheiro da família com bebidas alcoólicas.

– Aos nove anos, eu e minha irmãzinha e tínhamos que ir às ruas conseguir dinheiro para comprar comida. A polícia nos prendeu e nos obrigou a ir morar num orfanato. No começo, foi muito difícil. Sentíamos falta de nossa mãe e chorávamos todos os dias. Contudo, após algum tempo, quando fizemos amigos, as coisas melhoraram. No orfanato, várias crianças, incluindo Dario, são de famílias rom. Os rom são a minoria mais discriminada da Europa há centenas de anos.

– Se eu pudesse decidir, limparia todo o lixo e tiraria todas as drogas do meu bairro, para que as pessoas fossem mais gentis umas com as outras. E todas as crianças teriam permissão para crescer com suas famílias.

Representa crianças que são empoderadas para defender os direitos da criança, especialmente a igualdade de direitos das meninas.

Kim é embaixadora dos direitos da criança do WCP e fundou seu próprio clube dos direitos da criança na escola. Ela já forneceu a milhares de crianças conhecimento sobre seus direitos, engajando-as na luta por um mundo melhor para as crianças.

– Quando era pequena, eu não sabia que as crianças têm direitos. Eu ficava triste quando via crianças que não fre - quentavam a escola, que eram espancadas e expostas ao abuso sexual e casamento infantil. Agora, sou uma voz para as crianças que não têm coragem de denunciar, ou que não sabem que têm direitos. Luto especialmente por meninas, por exemplo, para que o casamento infantil seja impedido e para que as meninas tenham sua própria casa de banho na escola. Ser embaixadora dos direitos da criança do WCP é uma glória. Isso significa tudo para mim. E sei que minha geração fará uma mudança para melhor na vida das crianças do mundo”.

Zohar, 16, Israel Omar, 18, Palestina

Representa crianças que crescem sob ocupação e que querem o diálogo pela paz.

Omar frequenta a escola perto de uma barreira com soldados armados. Muitas vezes há conflitos lá, e o gás lacrimogêneo vaza para a escola. Ele faz os olhos arderem e deixa Omar estressado.

– A melhor coisa para mim, então, é ouvir música ou tocar piano, isso me deixa feliz. Tenho um teclado que gostaria de levar para a escola, mas é muito perigoso. Preciso carregá-lo em uma grande bolsa preta, que as pessoas podem pensar que é uma arma. Os soldados israelitas suspeitam de coisas assim. Minha mãe teme que eu possa ser baleado. Vivi sob ocupação durante toda a minha vida, e isso afecta tudo. Os soldados tratam a mim e a outros palestinos como se não pertencêssemos aqui. Isso me entristece e enfurece. No meu coração, sinto que isso é errado. Este é o meu país, e eu deveria ter o direito de circular livremente. Em vez disso, parece que estamos vivendo numa prisão. Às vezes, é fácil perder a esperança, mas tento acreditar na mudança.

Jhonmalis, 16, Brasil

Representa crianças pertencentes a povos indígenas e que lutam por seus direitos, crianças que foram vítimas de violência e que sofrem com a destruição do meio ambiente.

Jhonmalis vive na Amazônia brasileira e pertence ao povo indígena Guarani. Sua família luta há mais de 40 anos para recuperar terras que empresas florestais e políticos corruptos roubaram. O próprio avô de Jhonmalis foi assassinado por causa da sua luta.

– Ele era muito corajoso, e é um grande exemplo para mim. O pior dia da minha vida foi quando alguém atirou na nossa casa, pensei que eu seria morta. O povo guarani agora vive em acampamentos improvisados perto das principais estradas, onde não podem pescar nem caçar. Isso faz com que os adultos, como o pai de Jhonmalis, se sintam mal, bebam, usem drogas e briguem. Ele desapareceu após atacar a mãe com uma faca. Agora, Jhonmalis tem que trabalhar na plantação todas as manhãs antes de ir à escola, para ajudar a família a sobreviver.

Tenho orgulho da minha mãe, que luta muito por nós, crianças! Meu sonho é acabar com a violência contra crianças e mulheres.

Representa crianças que crescem em áreas de con�lito e que buscam o diálogo pela paz.

– Para mim, é importante estar atenta, saber o que está acontecendo no mundo e tentar ajudar no que puder. Eu participo do conselho estudantil e de uma organização juvenil. Nos últimos anos, participei de muitos protestos pelos direitos das meninas, pelos direitos LGBTQ+ e contra o bullying e a corrupção.

À medida que a violência e os disparos de foguetes aumentavam dramaticamente no conflito entre Israel e a Palestina em 2021, Zohar e seus amigos ficaram estressados e assustados. Ela mesma conheceu crianças palestinas pela primeira vez recentemente, embora viva na cidade de Haifa, que tem uma população mista.

– Claro que eu sabia que há palestinos morando aqui, mas não conhecia ninguém pessoalmente. No ano passado, comecei a frequentar actividades extracurriculares com meninas que falavam árabe. Também criamos um grupo misto onde aprendemos programação juntas. As meninas palestinas eram muito legais, e foi interessante aprender sobre sua cultura, sobre a qual eu sabia muito pouco. Apesar de sermos vizinhas, não nos conhecemos. Acho que é mais fácil para as pessoas odiarem o outro lado quando não sabem nada sobre a vida ou a história um do outro.

Em worldschildrens prize.org você encontra ainda mais histórias sobre as crianças do júri e também conhece ex-membros do júri.

Quando nos conhecemos, descobrimos que somos todos humanos e bastante semelhantes. Se toda a sociedade pudesse aprender isso, a chance de alcançar o entendimento mútuo aumentaria. Não importa quantas vezes o processo falhe, ou quantos territórios Israel tenha que ceder. Devemos continuar tentando encontrar uma maneira de viver juntos em paz.

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