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Escravizado aos cinco
Kwame, tinha cinco anos e não sabia nadar quando saiu com seu senhor de escravos pela primeira vez na canoa, para lançar redes. Ele era obrigado a ir para o lago todos os dias e todas as noites, recebendo apenas uma refeição e bebendo apenas água do lago. Contudo, um dia, após três longos anos, o barco chegou ...
Quando Kwame tinha cinco anos, um casal foi até sua casa em Winneba, Gana. Eles pediram para levar Kwame com eles, e disseram que ele poderia ir à escola. O casal deu algum dinheiro aos pais. Quando acordou na manhã seguinte, no carro do casal, Kwame estava na cidade de Yeti, no grande lago Volta.
– Pegamos um barco para uma ilha. Quando o casal me entregou a um homem, ele disse que eu tinha que acompanhá-lo na canoa e pescar. No começo, foi muito difícil e eu não sabia nadar, conta Kwame.
Agora ele era escravizado, trabalhando dia e noite sem esperança para o futuro.
– Mas, quando cresci, comecei a sonhar que um dia seria rico e que minha família comemoraria quando eu chegasse em casa.
Duas horas de sono
Todos os dias, às seis horas da tarde, Kwame arrumava suas redes e partia para o lago com seu senhor de escravos, o Irmão Abbam.
– A lua e as estrelas nos ajudavam, mas também usávamos lanternas. Quando o tempo estava ruim, era difícil enxergar, e eu ficava com medo.
– Primeiro, jogávamos a rede, que seria puxada de manhã bem cedo. Depois, jogávamos outra rede e a arrastávamos atrás da canoa por várias horas, até voltarmos para casa, à meia-noite, explica Kwame. Ele dormia na canoa por algumas horas antes da hora de voltar ao lago para puxar a rede.
Quando chegava em casa pela manhã,
Pancada com remo
O senhor de escravos frequentemente batia em Kwame com o remo ou com o �io de aço que usavam para consertar a rede.
Kwame costumava se jogar na água para se limpar. Durante o tempo em que foi escravizado, ele nunca podia lavar a si mesmo ou suas roupas com sabão.
Quando levava o peixe que haviam pescado para a esposa do senhor de escravos, ele a ajudava a defumar o mesmo. À tarde, Kwame voltava à canoa para esvaziá-la e consertar as redes até as seis horas, quando era a hora de sair novamente para o lago.
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Trabalho perigoso
Muitas crianças escravizadas morreram afogadas enquanto pescavam no Lago Volta.
– Uma vez quando, o Irmão Abbam queria que eu mergulhasse para soltar uma rede que estava presa, respondi que não tinha coragem. Então, ele me empurrou e segurou debaixo d’água. Achei que fosse morrer.
– Quando ficava com raiva, ele me batia com o remo, diz Kwame, mostrando uma cicatriz na testa. Ele também me batia com o fio de aço que usamos para fazer as redes, e me chamava de burro.
As filhas do Irmão Abbam recebiam três refeições por dia. Elas pegavam peixe e molho para comer com seu kenkey (papa de farinha de milho) e banku (papa de mandioca) e, às vezes, refrigerante. Mas, durante a minha estada com eles, eu só bebia água do lago. Eu comia uma vez por dia, e nunca havia nada para acompanhar a papa.
Resgate
– Ouvi dizer que tinha gente que vinha buscar crianças. Mas o Irmão Abbam e outros senhores de escravos nos assustavam dizendo que aqueles que vinham queriam nos roubar, e que devíamos correr e nos esconder.
Quando tinha oito anos de idade e havia sido escravizado por três anos, Kwame estava parado na praia cuidando