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“Perdi toda a esperança”
Um dia, aos doze anos de idade, Marsadez descobre que a família tem poucos dias para deixar sua casa. De novo.
Marsadez mora com a mãe, Stephanie, e a irmãzinha, Dahlia, em um pequeno quarto de estudante. Contudo, desde que se envolveu em um grave acidente de carro, a mãe, não consegue trabalhar ou estudar, portanto, agora não pode mais morar ali.
Às cinco da manhã, Marsadez carrega roupas, livros e brinquedos em uma van alugada. A família não tem para onde ir, e precisa dormir no carro por quase uma semana.
– Não havia lugar para deitar-se, então nos sentávamos e dormíamos nas cadeiras, lembra Marsadez. De manhã, usávamos o banheiro de lojas e do McDonalds para escovar os dentes e nos lavar.
Marsadez já havia passado pela situação de sem-teto várias vezes, mas esta era a pior até agora, pois elas tiveram que morar no carro.
– Foi assustador, diz Marsadez. Pela primeira vez, perdi toda a esperança. Achei que nunca teria minha própria casa.
Que nada jamais seria bom novamente. Após quase uma semana, a família mudou-se para um motel convertido em abrigo.
– Depois, nos mudamos muitas vezes, até chegarmos ao motel onde moramos agora, numa sala comum. Vivemos aqui há dois anos. Todos que moram aqui também são sem-teto. Mamãe prefere que não saiamos do quarto depois da escola. Ela sempre tentou nos proteger da melhor maneira possível, diz Marsadez.
Hoje, mais de dois milhões de crianças nos EUA estão sem-teto, às vezes, porque os pais desempregados não podem pagar o aluguel. Noutras, as mães fogem de um parceiro violento. A infância e juventude da mãe de Marsadez foram muito difíceis.
Às vezes, ela ainda fica tão mal por causa disso, que não consegue trabalhar se sustentar.
– A maioria das pessoas na escola tem uma situação muito boa. Se soubessem que eu estou sem-teto, a imagem que eles têm de mim mudaria completamente. Em vez de ser um ser humano, uma amiga, eu seria apenas uma sem-teto para eles, não uma pessoa. Não quero que ninguém sinta pena de mim ou me trate de forma diferente.
Durante a Covid, Marsadez e Dahlia tiveram aulas à distância pela internet por muito tempo. Era difícil ficar trancada no quarto do motel quase 24 horas por dia, 7 dias por semana, tentando acompanhar a escola. Nesse período, Marsadez obteve ajuda com o trabalho escolar da organização School on Wheels, fundada pela heroína dos direitos das crianças do WCP Agnes Stevens.
– Hoje me saio bem sozinha e também consigo ajudar minha irmãzinha. c
Mersadez, 15 anos, EUA
Representa crianças sem-teto e que defendem outras crianças que vivem em situação de rua.
GOSTA: Da escola
A mãe não quer Marsadez e Dahlia andando pelo motel, porque algumas das pessoas que moram lá têm problemas com drogas e podem �icar violentas. Mas a maioria é gentil, dizem as irmãs.
Ninguém pode saber
Os colegas de escola de Marsadez não sabem onde ela mora.
AMA: Dançar, principalmente hip hop.
DETESTA: Não ter casa própria e nunca poder me sentir segura.
QUER SER: Bióloga marinha
OUÇAM A NÓS MENINAS!
“A educação das meninas torna o mundo melhor”, afirma o cartaz da menina. Meninas e meninos têm os mesmos direitos, e o nome do projecto do qual ela participa diz exactamente isso: Você Eu Direitos Iguais. Os direitos dos meninos e das meninas são violados, mas os direitos das meninas costumam ser mais violados. A menina que segura o cartaz quer que mais meninas frequentem a escola e que nós entendamos que uma menina educada ajuda não apenas a si mesma, mas também melhora a vida da sua família e do seu país. E, como a Heroína dos Direitos da Criança da Década, Malala, diz:
– Existem 127 milhões de meninas que não têm permissão para frequentar a escola. Essas meninas têm sonhos, assim como nós!
Nas páginas 26–36 você pode ler sobre os direitos das meninas no Benin, no Senegal e em Burkina Faso, onde 1.200 meninas e meninos de 300 escolas receberam treinamento de embaixadores dos direitos da criança. Junto com seus professores, que também foram treinados, eles ajudaram 150.000 crianças nas suas escolas a participar do programa do WCP e a aprender mais sobre os direitos das meninas por meio do projecto Você Eu Direitos Iguais
O Toi Moi Mêmes Droits é apoiado pela Fundação da Rainha Silvia Care About the Children. O projecto é realizado pelas organizações parceiras da Fundação Prêmio das Crianças do Mundo: a ONG JEC no Benin, ESPDDE no Senegal e ASEF em Burkina Faso. Ele é apoiado pelos ministérios da educação de todos os três países: Ministère des Enseignements Secondaire, do Benin, Ministère de l’Education Nationale, do Senegal e Ministère de l’Education Nationale et de l’Alphabétisation, de Burkina Faso.