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“Ouçam a nós, meninas!”
Direitos das amigas violados É importante conhecer os direitos da criança, para poder denunciar quem nos viola, e também para ensinar a quem não conhece os direitos da criança que eles existem.
Os direitos das meninas não são respei-
«Nós, meninos, também devemos lavar a louça»
«É culpa dos pais que as meninas sempre tenham que ouvir que são inferiores a nós, meninos. E nós, meninos, ficamos longe das tarefas domésticas e deixamos todo o trabalho para as meninas. Isso não é justo. As meninas lavam a louça, cozinham e lavam as roupas de seus irmãos. Em geral, elas abandonam a escola para tornarem-se empregadas domésticas na casa de outra pessoa. Nós, meninos e homens, também devemos fazer as tarefas domésticas para que haja igualdade. Não devemos tratar a esposa ou a menina como uma escrava em casa.»
14, Burkina Faso
«Filhas são tratadas vergonhosamente»
«Sou menino, mas lavo a louça e varro a casa, e tenho orgulho por minha mãe ter me ensinado isso. Na família, a menina não tem o direito de falar e meninas não têm o direito de herdar. Ouvi um pai dizer que é um desperdício de dinheiro matricular uma menina na escola, porque ela vai se casar e se mudar para a casa do marido. Acho muito vergonhoso e mesquinho pensar na própria filha como se uma estranha tivesse nascido na família. Meninas têm o direito de ir à escola e as raparigas que se saem bem podem ajudar seus pais. Os pais falham em defender os direitos da criança. É por isso que o Prêmio das Crianças do Mundo confia em nós, crianças, para lutar em defesa de nossos direitos.»
Daouda, 11, Burkina Faso tados aqui. Minha amiga Alice foi dada em casamento pelo pai quando tinha quatorze anos. Ela recusou, mas seu pai a obrigou. Ela chorava o tempo todo. Alice queria fugir, mas seu marido impossibilitou que ela o fi zesse. Aos quinze anos, ela teve seu primeiro fi lho.
«Vai educar um pai»
«Conheço um par de gêmeos, um é menino e a outra é menina. O pai pagava as propinas escolares do menino, mas a menina ficava em casa para trabalhar como empregada doméstica de outra família. O pai dela está violando seus direitos, então vou educá-lo para respeitar os direitos das meninas.»
Hayfa, 10, Burkina Faso
«Deve educar os pais»
«Em quase todas as famílias, são as meninas que lavam a louça, lavam a roupa e varrem o quintal, enquanto os meninos podem estudar ou brincar. Os pais usam as meninas como escravas e os meninos são como governantes em casa. A culpa é dos pais e das tradições, que sempre colocam a filha em último lugar. Para acabar com isso, precisamos educar os pais, para que entendam que a menina tem os mesmos direitos que o menino. A maioria dos direitos das meninas são violados aqui. Eu educo meus pais e vizinhos para que respeitem os direitos da criança.»
Outra amiga minha, Ami, teve que abandonar a escola. Seus pais disseram que uma menina não precisa ir à escola, que deve cuidar da casa. Seu pai parou de pagar as propinas escolares, então ela teve que parar no quarto ano. Ami chorava e chorava, implorando aos pais que a deixassem continuar na escola, mas eles não concordaram. Quando ela completou quinze anos, seu pai a obrigou a se casar com um velho.
Aminata, 11, Burkina Faso
«Só meus irmãos na escola»
«Fugimos da nossa aldeia para escapar de ataques terroristas. Quando uma organização procurava crianças refugiadas para matriculá-las na escola, meu pai se recusou a dar meu nome. Ele apenas lhes deu os nomes dos meus irmãos, que puderam voltar a frequentar a escola. Minha mãe também quer que eu fique em casa e faça todas as tarefas. Todas as manhãs, eu busco
– Nós, meninas, deveríamos poder estudar por muito tempo, antes de precisarmos nos casar, afirma Anita, à direita, na sala de informática do Collège Yennenga Progress, na aldeia de Nakamtenga.
Quero ver mudanças, para que as meninas não sejam mais tratadas como escravas. Quero que nós, meninas, tenhamos os mesmos direitos que os meninos, e possamos estudar por mais tempo antes de casar.
Meus irmãos concordam Converso com meus irmãos, pais, avós e amigos sobre como é importante que todos conheçam os direitos da criança e, água a dois quilômetros de distância com uma carroça. Encho oito latas de 20 quilos. Lavo as roupas dos meus irmãos e, se me recusar, eu apanho. Sou como uma prisioneira condenada a trabalhar constantemente, sem descanso. As meninas são tratadas como máquinas, que sempre devem funcionar. Os líderes do nosso país devem proibir isso absolutamente.»
Salamata, 12, Burkina Faso «Minha tia materna tenta me vender» principalmente, os direitos das meninas. Não devemos ser expostas a abusos, e devemos receber educação, não devemos ser enviadas para casar e devemos ter o direito de falar livremente. Devemos ter os mesmos direitos que os meninos.
«Meu professor me engravidou quando eu tinha dezesseis anos. Nossas tradições fizeram com que eu fosse excluída da minha família e tivesse que morar com minha tia. Meus irmãos não tinham permissão para falar comigo. Acho que temos que acabar com os velhos costumes que violam os direitos da criança. Não entendo por que um menino que engravida uma menina não é condenado ao ostracismo ou punido pela família. Por que apenas as meninas são afetadas assim?
Meus irmãos, irmãs e amigos dizem que acham normal que seja assim. Porém, os mais velhos da minha família, como meus avós, acham que não adianta educar uma menina. Ela se casou cedo porque esse é o nosso costume aqui. Eles também afirmam que uma menina não tem o direito de dizer o que pensa, que só os meninos têm esse direito. Acho que é preciso ouvir as meninas, porque às vezes temos ideias de como resolver problemas.
Na minha família, meninos e meninas cumprem as mesmas tarefas em casa, pois meus pais entenderam que os direitos das meninas são importantes, e que todas as crianças devem ser tratadas com igualdade. Acho que eles fi zeram uma boa escolha, porque meninos e meninas devem ter os mesmos direitos.
É importante ser embaixadora dos direitos da criança, pois assim podemos divulgar o conhecimento sobre os direitos da criança. É muito bom poder falar, junto com outras crianças, sobre as mudanças queremos ver”. c
Não posso mais ir à escola, e minha tia quer me obrigar a casar com um homem mais velho. A tia me enganou para ir à casa do homem. Quando ela saiu, ele me agrediu. Eu gritei alto. Então, ele me amordaçou com um lenço e amarrou minhas mãos com uma corda. Quando minha tia voltou, eu chorei e contei a ela que o homem havia me estuprado. Ela me bateu, e o homem deu dinheiro a ela. Sou como uma mercadoria que minha tia está tentando vender. Nunca mais poderei ir à escola, mas também farei com que não haja casamento.
O governo deve trabalhar para impedir casamentos forçados e estupros.»
Ornela, 17, Burkina Faso