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Círculo de Mulheres em Chicomuselo

res tomem conhecimento de seus direitos e fortaleçam sua participa- ção nas assembleias comunitárias seja acompanhando o desenvol- vimento de sua demanda jurídica de maneira autônoma ou promo- vendo o que chamam de “defesa participativa”. Nessas formações são apresentados conteúdos sobre formas de justiça: A justiça positiva (Estado), a justiça comunitária e a justiça autônoma (Zapatistas). A introdução dessas várias maneiras de entender a justiça contribui para a formação política das mulheres e muitas vezes acarretam na organização de coletivos dentro das comunidades que lutam pela titulação das terras. As formações acontecem há nove anos nas sedes do Centro que dispõe de alojamento e oferece alimentação às mulheres que participam. Segundo as colaboradoras, é fundamental que as mulheres compareçam e que compartilhem os conhecimentos adquiridos com as outras mulheres de suas comunidades em sua língua materna, multiplicando conteúdos e ampliando o acesso, e tornado- -se assim “promotoras legais” em suas comunidades. Além de seu papel de multiplicadoras de conhecimento essas promotoras também acompanham outras mulheres oferecendo suporte jurídico. ■

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Ritual Maia

Círculo de Mulheres em Chicomuselo

Após o encontro no CDMCH nossa equipe foi convidada para participar de um Círculo de Mulheres incentivado pelo centro no município de Chicomuselo. Saímos de São Cristóbal de Las Casas às 5 horas da manhã para viajar 5 horas em direção à fronteira com a Guatemala. Fizemos uma parada no município de Comalapa para buscar algumas participantes do encontro. Chegamos a um pequeno sítio na zona rural Chicomuselo ainda no período da manhã. Aos poucos foram chegando mulheres, a maioria delas já de idade avançada. O Círculo teve início com uma rodada e apresentação

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seguido por um ritual conduzido por uma das participantes que mesclou rituais maias às tradições cristãs. A facilitadora responsável pela atividade propôs que discutíssemos em grupos situações que nos causavam tristeza e sofrimento. Em seguida ampliamos o debate discutindo situações que causavam o sofrimento de nossas famílias e comunidades. De maneira geral as mulheres presentes compartilharam suas experiências de abandono, violência, alcoolismo e também problemas que enfrentam em suas comunidades, muitos relacionados aos conflitos ambientais e sociais causados pela atividade mineira na região. A atividade mostrou a potencia da escuta e do compartilhamento de angústias em suas dimensões subjetivas e comunitárias. Enquanto algumas se mostraram preocupadas e vulneráveis, outras incentivavam sua participação nos coletivos de mulheres como uma maneira de enfrentar às problemáticas apresentadas e a recuperar a autoestima, oferecendo apoio e contanto umas para as outras as estratégias que utilizam para melhorar suas condições de vida junto aos seus maridos e também nas comunidades. Ao indagarmos sobre a pouca participação de mulheres jovens, as colaboradoras do Centro disseram que “os problemas começam quando elas casam” já que, as mulheres mais jovens ainda vivem com suas famílias estão menos expostas às violências comuns às relações matrimoniais. A finalização das atividades foi realizada pela Alessandra Tavares com uma dinâmica utilizada em círculos de Justiça Restaurativa. Essa experiência também foi interessante porque apesar da barreira da língua, essa atividade é geralmente aplicada em círculos restaurativos formados por mulheres de uma cidade como São Paulo também tem forte potencial de sensibilização quando aplicada ao círculo formado pelas mulheres das comunidades rurais dos Chiapas. ■

os problemas começam quando elas casam” já que, as mulheres mais jovens ainda vivem com suas famílias estão menos expostas às violências comuns às relações matrimoniais.

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