Ano 12 - nº 54 - Março - 2010
Seja
(Bonifácio)
Bem-Vindo
Salvador 461 anos
V
ocê já foi a Bahia? Se não foi, amigo, vá. Vá ver a pátria do samba o reino de Yemanjá. Salte na praia morena onde Cabral aportou. Olhe,abra a boca e se fique como ficou o cacique no dia em que rei Henrique nossa terra batizou. Ande,respire a poesia que o panorama ilumina! Sa-veiros, Farol da Barra Cais Dourado, Amaralina. Veja tudo e se concentre nessa doçura marinha. E diga, sinceramente se depois você não sente a exaltação eloqüente de Pero Vaz da Caminha. Aqui é a Cidade Baixa comercio, quinquilharias crioulas em cada beco moleques em cada esquina. Ali, secos e molhados e, acolá, encadernados pensamentos ensebados Livraria Catilina. Depois, se tem boas pernas vá para a cidade alta; subindo as mesmas
ladeiras que Castro Alves subiu. Vendo as famosas repúblicas da estudantada de outrora que há muito se foi embora, com o romantismo, partiu. Mas, se não quer ter trabalho ou sofre de reuma-tismo, não se entregue ao pessimismo que pode subir sentado; de taxi, não, que isto é feio. Tome o Ele-vador La-cerda e, se quiser mais poesia suba de Plano Inclinado. Cidade Al-ta,não pare vá direto à Rua Chile, vitrinas, bares, desfile do grãfinismo da terra. Mas, isso de hotéis gigantes, cinemas, auto-falantes pares janotas, galantes nada da Bahia encerra. A Bahia que estima-mos mora juntinho ao Terreiro. Fica do Monte Serrat à baixa do Sapateiro. Anda de torço e chinela brinca no Largo da Sé, chupa roletes de cana da boa cana caiana, come os quindins da ba-iana, caruru e acarajé. É esta a musa gostosa mulata bela,
dengosa muito sonsa e muito prosa que, ora, apre-sento a você. Que almoça lá no Mercado um vinho tinto gelado com vatapá preparado com bem pimenta e dendê. Mulata que arranja tudo com meu sinhô do Bonfim que tange o diabo de casa com perfume de alecrim. Que é devota de verdade, mas, quando cisma de amar... Tem artes, ninguém se iluda. Pega um raminho de arruda benze o gajo e o gajo gruda que só Deus pode apartar. Mulata filha de um sonho que teve Nosso Sinhô após fazer o universo no dia que descansou; E que depois de criada agradou tanto ao Criador que esse de uma só penada, com letra bem caprichada escreveu sobre a fachada "Terra de São Salvador" Versos do poeta cearense Martins D'Alvarez.