A REVISTA DE NEGÓCIOS DO AÇO
GRIPS EDITORA – ANO 23 – Nº 154 – MARÇO DE 2022
USOS E APLICAÇÕES DO AÇO COMO A GUERRA VAI INTERFERIR NOS NEGÓCIOS DA SIDERURGIA NO BRASIL
ÍNDICE
CONFLITO INTERNACIONAL
Desventuras em série causadas pela guerra
CAPA
Usos e aplicações do aço
TRIBUTAÇÃO
Receita para diminuir os custos das importações
VITRINE
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EDITORIAL
Expectativas interrompidas
EMPRESAS
Soluções inteligentes para a cadeia siderúrgica
RECURSOS HUMANOS
O start na carreira e o primeiro emprego
ESTATÍSTICAS
ANUNCIANTES Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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EXPECTATIVAS INTERROMPIDAS
O
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s primeiros números de 2022 vinham sendo razoáveis. A indústria do aço reverteu a curva das vendas para o mercado interno, mostrando uma boa recuperação nos dois primeiros meses do ano. O mesmo ocorreu com a indústria automotiva, animada com retomada do ritmo de produção e com a evolução dos licenciamentos, com grandes expectativas em relação à regularização no fornecimento de microprocessadores e chips, prevista para o 2º Semestre deste ano. E aí, BAAMM!!! Começa uma guerra envolvendo a Rússia, um dos maiores fornecedores de petróleo e de alguns tipos de gases raros do planeta, entre outros insumos e variadas matérias-primas do setor químico e de fertilizantes, contra a Ucrânia, país que vinha se destacando no cenário mundial como fornecedora de insumos e semiacabados para a indústria siderúrgica, mas que – como agora se tornou mais do que óbvio –, nunca teve sua soberania e independência realmente assimiladas pelos artífices do antigo bloco da "Cortina de Ferro". Mais do que um conflito entre duas nações, além do cruel desperdício de vidas humanas de ambos os lados, os ataques da Rússia contra a Ucrânia instalaram um Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
Foto: Divulgação
EDITORIAL
HENRIQUE ISLIKER PATRIA EDITOR RESPONSÁVEL
clima de temor e desconfiança quanto ao futuro, principalmente entre os países que se libertaram do jugo do ditatorial controle do Kremlin, em um jogo perverso e desleal, marcado por um notório desequilíbrio das forças envolvidas. E pior, a despeito da vilania contra a autonomia e a liberdade democráticas da Ucrânia, o rugido do velhusco, porém redivivo "Urso Soviético", as organizações intergovernamentais criadas para promover a cooperação internacional – e, em certa medida, preservar a paz mundial –, tais como a ONU, a OTAN e a OCDE, entre outras, pouco fazem além de emitir notas de protesto, ameaças de retaliação e sanções econômicas, que, entretanto, estão longe de promover algum resultado prático para dar fim a essa contenda tão desprovida de sentido. Cientes da nossa responsabilidade jornalística de informar e interpretar os fatos, trazemos nesta edição da revista Siderurgia Brasil uma análise profunda dos impactos e das consequências que a guerra na Ucrânia já vem transformando em realidade nos cenários da economia e da indústria brasileira e mundial. Para tanto, reunimos em um painel de entrevistas dois respeitados especialistas que vêm acompanhando de perto
EXPEDIENTE o desenrolar do conflito e seus desdobramentos, cujo conteúdo traz para nossos leitores um exame completo desses efeitos. E além dessa criteriosa e competente análise, esta edição está repleta de novidades. Por exemplo, em suas páginas ela chega até vocês com uma reportagem informando, entre outras coisas, que há mais de 17 mil itens incluídos nas listas de ex-tarifários, e que a correta utilização desse benefício pode ajudar – e muito – as empresas nacionais a se modernizarem. E o aço, para que serve? Para tudo! É o que afirmamos e comprovamos em nossa matéria de capa deste mês. Complementarmente, trazemos instigantes reportagens sobre o que fazer e como se comportar em entrevistas para facilitar a conquista do primeiro emprego, apresentamos as estatísticas atualizadas de março, e ainda algumas notícias importantes acerca da redução do IPI, a nova ordem mundial da sustentabilidade na siderurgia, e os excepcionais resultados obtidos pela CSN, além de muito mais informações. Continuamos a nos esmerar no compromisso declarado que temos com nossos leitores, que é o de sempre apresentar a vocês o melhor conteúdo para a atualização de sua atividade empresarial. E vale a pena repetir: continuamos também com todos os nossos canais de comunicação abertos, para receber seus comentários, sugestões e críticas, a fim de trazer uma revista cada vez mais completa e sempre melhor para vocês. Boa leitura!
Ano 23 – nº 154 – Março de 2022 Siderurgia Brasil é de propriedade da Grips Marketing e Negócios Ltda. com registro definitivo arquivado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob nº 823.755.339. Diretoria: Henrique Isliker Patria Maria da Glória Bernardo Isliker Coordenação de TI: Versão Digital Vicente Bernardo vicente@grips.com.br Coordenação jurídica: Marcia V. Vinci - OAB/SP 132.556 mvvinci@adv.oabsp.org.br Produção: Editor Responsável Henrique Isliker Pátria - MTb-SP 37.567 Reportagens Especiais Marcus Frediani - MTb 13.953 Comercial: henrique@grips.com.br marcia@grips.com.br Projeto Editorial: Grips Editora Projeto gráfico e Edição de Arte / DTP: Via Papel Estúdio Capa: Criação: André Siqueira Créditos: Montagem fotográfica de André Siqueira com fotos de divulgação, Nasa e Shutterstock Divulgação: Através do portal: https://siderurgiabrasil.com.br Observações: A opinião expressada em artigos técnicos ou pelos entrevistados são de sua total responsabilidade e não refletem necessariamente a opinião dos editores. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Grips Marketing e Negócios Ltda. Rua Cardeal Arcoverde 1745 – conj. 113 São Paulo/SP – CEP 05407-002 Tel.: +55 11 3811-8822 - www.siderurgiabrasil.com.br Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou qualquer meio, sem prévia autorização.
Henrique Pátria Editor Responsável henrique@grips.com.br Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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CONFLITO INTERNACIONAL
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DESVENTURAS EM
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M SÉRIE CAUSADAS PELA GUERRA À medida que o conflito entre Rússia e Ucrânia se agrava, um cenário de profundas incertezas se instalam no mundo. E, claro, quem vai acabar pagando grande parte dessa conta é a indústria e a economia global. MARCUS FREDIANI Além de uma crise humanitária de proporções alarmantes, a guerra na Ucrânia tem potencial – e efetivamente já vem causando – uma série de negativas influências na economia global. Será um conflito longo ou está prestes a acabar? Será que ele vai se espalhar para fora das fronteiras do país sob ataque e se estender para a Europa? Ainda pode haver, apesar de tudo, uma possível solução diplomática para resolvê-lo, e qual será o preço a ser pago por isso? A liberdade e a soberania dos outros países antes pertencentes à antiga União Soviética estarão comprometidas e ameaçadas a partir do que vier a acontecer? No estágio atual, todas es-
sas são incógnitas, cujo desfecho é difícil e até mesmo impossível de prever. Porém, independentemente do desenlace da contenda, um aspecto já se configura como realidade acachapante: seus impactos já se espalharam e continuam se espalhando pelos quatro cantos do planeta, gerando um cenário de múltiplas incertezas quanto ao novo desenho geopolítico que ela irá estabelecer e, porque não dizer, ao futuro da economia mundial a partir do que irá acontecer, incluindo, é claro, a do nosso país. Para tentar jogar luz sobre esse espinhoso tema, a revista Siderurgia Brasil conversou com dois respeitados especialistas brasileiros: Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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CONFLITO INTERNACIONAL
bre esses insumos antes dos demais países, o que, no curto prazo, gera aumento imediato nos custos de produção, com reflexos no preço final dos produtos. o professor do curso de Relações Internacionais da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Daniel Corrêa da Silva, e o analista de economia e CEO da Vallus Capital, Caio Mastrodomenico. Confira o que eles nos revelaram neste painel exclusivo de entrevistas. Siderurgia Brasil: Como vocês avaliam os impactos da guerra Rússia X Ucrânia na economia global, que, antes da deflagração do conflito, no plano internacional e no Brasil, já alinhava perspectivas relativamente positivas no que diz respeito à normalização e à retomada dos negócios? Caio Mastrodomenico: Como todo período de guerra, a da Rússia X Ucrânia gera instabilidade para além dos territórios diretamente envolvidos. Isso se dá pelo potencial de ambos os países no que tange à produção de commodities e insumos mundialmente demandados como, por exemplo, o petróleo e seus derivados, que sustentam toda cadeia de produção mundial, e os fertilizantes, como potássio e nitratos usados em larga escala nas lavouras de todo planeta. O Brasil, por ser um país com PIB avolumado pelo setor agrícola, acaba sentindo o efeito da especulação so-
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Siderurgia Brasil: É o caso das especulações no setor de petróleo, não é mesmo? Caio: No caso do petróleo, não se trata apenas de especulação. A Rússia injeta mais de 5MM de barris de petróleo diariamente no mercado mundial e, nesse período de guerra, a produção se volta a abastecer a frota militar russa, que consome níveis elevados de combustíveis. Somado a isso, as sanções internacionais contra o país reduzem ainda mais a oferta no mercado, elevando o preço do petróleo Brent a níveis alarmantes, o que contribui ainda mais para o aumento dos custos de produção e aumento dos níveis de inflação mundial. De seu lado, o Brasil vem procurando atravessar esse cenário de turbulências lançando mão de uma série de estratégias econômicas para conter o avanço dos preços, tais como a desoneração das operações financeiras sobre a importação de insumos escassos, o incremento de suas relações internacionais em busca de novos parceiros comerciais para diminuir a dependência econômica dos países em guerra, ações voltadas a atrair investidores e valorizar a moeda Real, além de outras bastante conhecidas, tais como a elevação da taxa de juros interna. Então, acredito que aqui no Brasil, tais medidas
econômicas internas têm potencial para resultar em mais equilíbrio na balança comercial, evitando desabastecimento e contendo aumentos repentinos causados pelas especulações desse período. Trata-se, entretanto, de uma engrenagem que precisa de lubrificação constante para rodar, visto que cada um desses ajustes gera também efeitos colaterais em toda cadeia nacional, com reflexos diretos na vida dos brasileiros. Daniel Corrêa da Silva: Acerca dessa questão, julgo importante ressaltar alguns aspectos que julgo fundamentais. Com efeito, antes dos ataques da Rússia à Ucrânia, tínhamos, efetivamente, um cenário de perspectivas de retomada muito melhor no que diz respeito à economia mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) esperava um crescimento global da ordem na média de 5,9%, cifra que já foi revisada para 4,4% após a instalação do conflito. No Brasil, que teve uma evolução de 4,6% no ano passado, oficialmente registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa do Fundo era de que ela aumentasse para 4,7% em 2022, o que representava apenas 0,3% de aumento em relação à cifra anterior.
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Daniel Corrêa da Silva, professor do curso de Relações Internacionais da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
Siderurgia Brasil: Em outras palavras, na prática, uma expectativa de estagnação. Daniel: Correto. A título de comparação, o segundo país que cresceria menos entre os ditos emergentes seria a África do Sul, tinha previsão de crescimento de 1,9%, ou seja, praticamente seis vezes mais do que a estimativa para a economia brasileira que, aliás, entre as economias emergentes era a que já prometia evolução mais modesta. Em uma média em que se tinha 4,6%, o Brasil estava e continua estando mais de dez vezes abaixo da média da estimativa mundial. E como nosso país é altamente dependente de produtos semielaborados para poder dar o seu salto industrial, com a guerra na Ucrânia essa projeção inicial também está sendo revista para baixo. Para piorar, o mencionado instrumento bastante conhecido que vem sendo utilizado pelo governo brasileiro, a elevação das taxas de juros, é praticamente inócuo para enfrentar a disparada dos preços internacionais que o conflito está ocasionando. Siderurgia Brasil: Por quê? Daniel: Principalmente, porque, no ano passado, o Brasil já enfrentou uma pressão inflacionária muito grande em função de Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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Ucrânia. E os primeiros efeitos disso já co-
duas naturezas fundamentais: a primeira é a dos preços administrados pelo governo federal, cujos reajustes se devem, majoritariamente, às agências reguladoras nacionais; e, a segunda, é de fato uma quebra nas cadeias internacionais de distribuição, em função do caráter absolutamente heterogêneo na forma de como os países lidaram com a pandemia da COVID-19, alguns deles com restrições totais, e outros com um relaxamento total de suas atividades, o que acabou provocando uma super oferta de mercadorias em certos lugares, e uma falta gigantesca em outros. E tais problemas a gente não consegue resolver apenas com a elevação dos juros. E o resultado imediato disso é e continuará a ser, inevitavelmente, o aumento da inflação interna, porque, embora a taxa de juros seja um bom instrumento para combate à inflação quando se tem uma economia superaquecida e uma demanda em alta, na qual torna-se necessário diminuir o ímpeto do consumo, o que, infelizmente, não é o nosso caso. Então, na prática, esse é um remédio equivocado para a causa da inflação, razão pela qual sua escalada será inevitável em 2022, num ritmo que deverá ser intensificado pela guerra na
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meçaram a ser sentidos por aqui, como a disparada dos preços do petróleo e do gás natural, que certamente continuará a pressionar os preços derivados de combustíveis. Claro, o Brasil tem outras fontes de fornecedores internacionais, como o Canadá, Arábia Saudita e até os Estados Unidos. Mas fazer toda uma operação para mudar essa matriz certamente também continuará a trazer impactos sobre o "Custo no Brasil". Siderurgia Brasil: Falando, agora, especificamente da siderurgia, temos, basicamente, duas situações. Embora as operações comerciais com a Rússia não sejam tão relevantes no momento, no contraponto, algumas usinas instaladas no Brasil costumam comprar volumes relativamente significativos de chapas e placas de aço vindas da Ucrânia. Some-se a isso o fato de que a série atual de sanções e bloqueios que estão sendo realizados, também certamente trarão como impacto a diminuição da oferta global de aço e, eventualmente de insumos como o minério de ferro e a sucata. O que podemos esperar desse imbróglio? Caio: Assim como o petróleo, a diminuição na oferta de minério de ferro e aço tende a gerar instabilidade nos preços dessas commodities. Com isso, o setor siderúrgico nacional sentirá os efeitos da especulação
dos mercados e da diminuição na oferta imediata. No caso da oferta das bobinas de aço – cujos preços subiram muito no início de 2021, atingindo níveis recordes, entrando, depois, em trajetória de queda –, os efeitos da guerra parecem ter dado início a uma reversão na curva de preços, novamente performando uma tendência de novos aumentos, ainda pequenos, é verdade, se comparados ao segundo semestre de 2021, em um cenário, entretanto, que pode ser considerado estável. Assim, acredito que o mercado se ajustará à escassez dos insumos impactados pela guerra, e a escassez do aço ucraniano certamente fará com que as companhias siderúrgicas brasileiras passem a diversificar suas jazidas e a investir em aumento da exploração em países mais pacificados como é o caso do Brasil, que, na contramão da crise mundial, poderá se transformar em uma opção de crescimento do nosso país na participação do fornecimento desses insumos para o mundo. Daniel: A Rússia, efetivamente, não é um mercado tão forte para a indústria siderúrgica nacional, em linha com o que se observa com a movimentação que o Brasil
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Caio Mastrodomenico, analista de economia e CEO da Vallus Capital
tem com os países do Leste Europeu, entre os quais a própria Ucrânia e a Bielorrússia. E quando a gente trata especificamente de produtos semielaborados de aço, categoria na qual entrariam essas chapas e placas, o que o Brasil traz da Ucrânia não é também um valor tão expressivo assim em termos do volume total do que o nosso país compra desses produtos no mercado internacional. Mas, sim, de tudo que o Brasil importou da Ucrânia mais da metade deles foram semielaborados de aço, o que, em termos de Balança Comercial com aquele país, representou uma movimentação de, aproximadamente, US$ 100 milhões em importações de produtos semielaborados de aço, sobretudo chapas e placas. Só que esse valor não chegou a 0,5% do total importado pelo Brasil desses itens, sendo que o principal parceiro comercial em termos de importações de semielaborados de aço segue sendo a China, que responde por 25% de tudo que o Brasil compra, seguida por outros países de quem o Brasil compra algo em torno de 10%, como é o caso dos Estados Unidos e a Suécia, da Alemanha e da Índia – este último com alto fornecimento realizado pela Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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ArcelorMittal –, de quem nosso país compra 5% do total de chapas e placas no mercado internacional. E aqui, vale abrir um parêntese importante: a Ucrânia, além de ser vendedora das placas de aço, também
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é uma compradora expressiva de minério de alumínio: 11% do que o Brasil exporta para a Ucrânia envolve esse insumo. Existe uma conexão na área de metais em geral com aquela região.
Siderurgia Brasil: E em termos de preços dessas importações? Daniel: Bem, as placas também tiveram uma alta expressiva, principalmente no 2º Semestre do ano passado. Observando os preços internacionais, eles variaram praticamente 50% de julho a dezembro de 2021, voltando a patamares próximos das altas históricas lá no ano de 2001. Contudo, fazer previsões de como será o comportamento dos preços desses produtos no cenário de continuidade dos ataques à Ucrânia é algo complicado, até porque o período de duração do conflito ainda é bastante incerto. Entretanto, fazendo um balanço geral, entendo que a tendência é continuarmos tendo altas nos preços do minério de ferro e dos semielaborados de aço, como as chapas e placas. E como o que a gente mais importa são os semielaborados, estimo que isso deverá elevar os custos para a indústria, porque a valorização na matéria-prima não tende a ser superior à valorização que deve acontecer no próprio produto intermediário, principalmente em função das quedas das cadeias de fornecimento, que devem acontecer na própria Rússia, na Ucrânia, na Bielorrússia
e na Romênia. E isso também vai gerar impactos, porque mesmo que ambos estejam em alta, o que nós vendemos não vai ter preços tão majorados quanto ao que nós compramos. Outra questão em âmbito nacional, é que a gente pode ter impacto de elevação de custo para a indústria de transformação no Brasil, que faz uso desses semielaborados de aço para dar forma final a seus produtos, notadamente no que diz respeito a três estados brasileiros: em primeiro lugar, Santa Catarina, que é o estado que mais consome esses produtos semielaborados pois é aqui que mais se importa; em segundo, São Paulo; e, depois, o Rio Grande do Sul e o Paraná, que também são grandes importadores dessas chapas metálicas. Siderurgia Brasil: Como é amplamente sabido, em 2021, o mundo enfrentou uma séria crise de distribuição e fornecimento de semicondutores vindos da Ásia, utilizados em eletrônicos. No Brasil, um dos setores que mais sofreu com isso foi o da indústria automobilística, que, segundo a ANFAVEA, deixou de produzir 300.000 veículos só no ano Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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passado. Agora, com a guerra na Ucrânia, analistas já falam na continuidade desse problema, porque, de lado, a Ucrânia é uma das grandes produtoras de gás néon, fundamental para a fabricação de chips, e de outro, a Rússia é um grande exportador de paládio, metal raro utilizado na produção desses componentes. Qual a opinião de vo-
pandemia, somados ao possível agravamento da guerra Rússia X Ucrânia não nos permita rapidamente alcançar o patamar de produção de semicondutores semelhante ao período pré-pandemia. Mas, talvez isso seja uma tendência de mercado que ainda não percebemos, como também uma forma de agregar maior valor financeiro aos automóveis.
cês acerca dessa questão, e da prevista normalização do problema ao longo do 2º Semestre de 2022? Caio: Realmente, a escassez de metais raros como o paládio é um sério problema para a indústria que faz uso de semicondutores. Ainda é incerto prever uma melhora ou estabilização na produção de microchips e, sabendo disso, as montadoras estão buscando se adaptar à realidade que o mercado está atravessando. Por exemplo, para reduzir o tempo de entrega, várias mudanças e alternativas como algumas já estão oferecendo veículos com menos opcionais de entrega, enquanto outras chegam a oferecer créditos em dinheiro para que o cliente aceite o veículo com a ausência de determinado item. Talvez os efeitos econômicos decorrentes da
Daniel: Sem dúvida, o Brasil e o mundo ainda vão continuar enfrentando problemas estendidos no setor de semicondutores e, particularmente, não acredito que a previsão de normalização do setor nesse 2º Semestre de 2022 irá se confirmar. A guerra na Ucrânia continuará a ser um fator impactante contrário a essa projeção. O fato de pelo menos três grandes armadores internacionais – Hamburg Sud, a Maersk e a MSC – terem aderido às sanções contra a Rússia, certamente terão efeitos sobre as cadeias produtivas e sobre a já observada quebra destas. E nem os aparentes posicionamentos de neutralidade da China devem mudar esse cenário, porque todos eles foram nebulosos e inconsistentes, até porque China e Rússia têm parcerias estratégicas e cooperações técnicas importan-
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tes nos setores de infraestrutura, de energia e financeiro, no memorando conjunto que foi publicado no final do ano passado entre os dois países, e início de 2022, a propósito das Olímpiadas de Inverno realizadas na China. Então, o cenário para a indústria automobilística brasileira em face
à escassez de semicondutores – entre outros setores da indústria que também dependem desses componentes –, e ainda por conta da própria queda na renda dos brasileiros, infelizmente deverá continuar bastante desafiador. É esperar para conferir.
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EMPRESAS
SOLUÇÕES INTEL A CADEIA SI
A parceria entre a chinesa TAIER e a b de novas ofertas em equipamentos, tecnologia de superfície e serviços gera siderúrgica e metalúrgica MARCUS
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LIGENTES PARA IDERÚRGICA
brasileira TEC TOR abrirá um leque peças de reposição, remanufatura, ais de contratação para toda a cadeia de toda a América Latina. FREDIANI
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EMPRESAS
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om a oferta de produtos de altíssima qualidade e diferenciais bastante convincentes, a chinesa TAIER se empenha cada vez mais no aproveitamento de oportunidades, e projeta grandes resultados de faturamento no mercado brasileiro. Para isso fechou contrato de parceria com a Tec Tor, empresa com mais de 35 anos de vida sempre pautada por uma participação intensa e bem-sucedida no mercado siderúrgico e metalúrgico do Brasil e América do Sul. Instalada em um gigantesco parque industrial localizado na Zona Nacional de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico da cidade de Maanshan, Província de Anhui, na China, no qual trabalham cerca de 1.000 funcionários, a TAIER Heavy Industry Co., Ltd é hoje um dos maiores players mundiais na área de fabricação de equipamentos metalúrgicos. Sociedade anônima iniciada com um capital social de 449.35 milhões de yuans, a TAIER Heavy Industry Co., Ltd foi fundada em 2011 pelo Sr. Tai Zhegbiao, seu atual CEO, que hoje também ocupa o cargo de vice-presidente da China Iron and Steel Association Metallurgical Equipment Branch, da Metallurgical Equipment Branch e, ainda da Chinese Society for Metals.
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Provedora especializada de soluções inteligentes para usinas siderúrgicas, e para empresas processadoras e distribuidoras de produtos metalúrgicos e metais em geral, sua atividade abrange o desenvolvimento de operações relacionadas à oferta ao mercado local e internacional de uma completa linha de equipamentos, peças de reposição, remanufatura, tecnologia de superfície e serviços gerais de contratação. Com mais de 1.700 linhas de produção de laminação, o destaque fica para juntas universais, eixos cardãs industriais, acoplamentos de engrenagens, desbobinadores e rebobinadores, mandris, compactadores de fio máquina, facas de corte de chapas e diversos outros equipamentos utilizados na atividade. Além da fabricação, um de seus diferenciais é o acompanhamento de seus clientes desde a execução e desenvolvimento de projetos customizados, até o fornecimento de suporte na instalação e o serviço de pós-venda, por meio da oferta dos serviços de manutenção e assistência técnica. Complementarmente, seu foco de atuação abrange ainda o atendimento a empresas de engenharia, institutos de design e fabricantes dos mais diversos tipos de equipamentos.
CONTEÚDOS E DIFERENCIAIS
SP, com mais de 35 anos de experiência no setor de desenvolvimento de projetos no ramo de equipamentos voltados à transmissão e controle de força mecânica, dona de forte presença no mercado siderúrgico, entre outros. Por meio do acordo, os produtos serão produzidos na China e importados e distribuídos pela parceira brasileira em toda a América do Sul. Atualmente, bastante empenhada no desenvolvimento de suas atividades no mercado Foto: Divulgação
Atuando com subsidiárias em várias cidades chinesas e na Alemanha, a empresa tem como foco o atendimento do mercado doméstico da China – que representa 25% de seu faturamento em termos de prestação de serviços –, bem como aqueles do Sudeste Asiático, Índia, Rússia, Oriente Médio e Europa. Com vistas a expandir seus negócios para a América do Sul, a TAIER passou a investir no Brasil no início de 2021, por meio de uma parceria de distribuição exclusiva realizada pela TEC TOR, empresa situada na cidade de Santo André/
Sede da Empresa Tector situada na cidade de Santo André/SP Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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Finishing Roll Shaft
verde e amarelo, a TAIER Heavy Industry Co., Ltd centra, agora, seus esforços na divulgação de seus conteúdos e diferencias para seus clientes e prospects no país. Nesse sentido, um dos grandes objetivos atuais da companhia chinesa é dar especial atenção à difusão de seus serviços de assistência técnica local, com ênfase naqueles prestados no âmbito das reformas e manutenções de equipamentos, treinamentos especializados e acompanhamento em campo de instalações e comissionamento.
REFERÊNCIAS DE PESO Ciente de que, no Brasil, o mercado no qual atua é extremamente competitivo, muito segura de si a TAIER diz acreditar no potencial de competitividade de seus produtos por aqui, o que deve lhe proporcionar a conquista e o aproveitamento de grandes oportunidades. E o que fundamentalmente alimenta essa crença, afirma a companhia, são os enormes diferencias que eles apresentam. E estes, realmente, não são poucos. Entre eles, a TAIER alinha a conquista do Prêmio de Patentes de Excelência da China, distinção concedida pelo governo daquele país e uma das mais importantes distinções de inovação tecnológica do planeta, e, ainda a da Certificação de Laboratório, conferida pelo Serviço de Acreditação Nacional da China por Avaliação de Conformidade (CNAS), para atestar a todos os setores da sociedade que
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o sistema e capacidade de tecnologia do laboratório acreditado pode satisfazer as necessidades de seus usuários. Digno de nota no âmbito da tecnologia aplicada à produção, a empresa desenvolveu o Centro Nacional de Tecnologia Empresarial para todo o continente asiático, e também criou o maior sistema de bancada de teste estático e dinâmico de acoplamento super-resistente de toda a Ásia, também certificado pelo CNAS. Ainda nesse âmbito, com extensão para a área empresarial, tais diferenciais são validados, por exemplo, pela proposta de manutenção de investimentos anuais da ordem de 5% do faturamento da empresa em Pesquisa e Desenvolvimentos (P&D), bem como continuidade de seu processo de Gestão a Vista Digital e de Gestão e Marketing 4S, dentro do escopo da ISO 9001, que designa o grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral. Finalmente, mas não menos importantes, outras provas incontentáveis do acerto do trabalho da TAIER são ainda a participação efetiva e contínua da empresa em ações sociais e sustentáveis, com forte missão social, materializada na observância constante da tríade das seguintes premissas angulares: os conceitos de desenvolvimento corporativo, de gerenciamento de funções e de crescimento de funcionários.
VIRANDO A CHAVE Com perspectivas bastante promissoras à frente, e a meta declarada de se transformar na empresa-líder mundial na área de produtos para as indústrias metalúrgica e siderúrgica, a TAIER Heavy Industry Co., Ltd mantém diversos projetos em andamento, que vêm sendo desenvolvidos por diferentes times focados nesses setores em diferentes regiões do globo. E a companhia diz acreditar que o mercado brasileiro, sem dúvida alguma, será uma ponte importante para alcançar esse objetivo. E nem a influência do famigerado “Custo Brasil” deverá se interpor a essa conquista. A postura da TAIER é bastante tranquila em relação a isso, pois sabe que a questão tributária atinge todas as empresas importadoras e não importadoras e o Brasil, assim como outros países, tem particularidades. Sim, a empresa chinesa compreende que, por aqui, os produtos sofrem interferências cambiais e tributárias que impactam diretamente no consumidor final. Porém, explica que todas essas questões estão sendo entendidas e adaptadas pela empresa às realidades das indústrias nacionais, e que os clientes, quando comparam a qualidade e a tecnologia dos produtos da TAIER àquelas dos itens da concorrência atualmente à disposição no mercado, estão enxergando grandes vantagens em virar a chave e passar a adquiri-los. Isto posto, a meta da TAIER é de alcançar um
Cold Rolling Mandrel
Fotos: Divulgação
Universal Shaft
faturamento de US$ 240 milhões, sem, contudo, definir um período específico para isso. A empresa apenas sinaliza que sua carteira de pedidos caminha de acordo com o planejado. E afirma que, à medida que houver as expansões programadas das indústrias e a recuperação do mercado nacional, a proposta é fazer ainda mais investimentos no setor por aqui. Em síntese, enfatiza que acredita na força do aço, e na força de recuperação da economia brasileira.
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Foto: Shuttersctock
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ÕES DO AÇO O aço é uma liga metálica com absoluta capacidade de reciclagem que está presente na maioria das atividades de todas as pessoas. HENRIQUE PATRIA*
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omo surgiu o Aço? Existem controvérsias sobre a origem do metal que com o desenvolvimento virou ferro e depois originou o aço. Alguns historiadores dão conta de que o ferro foi descoberto por volta de 4.000 a 4.500 A.C., quando pedras de minério estavam protegendo uma fogueira de tribos de guerreiros e devido ao calor, elas derretiam e quebravam, formando pequenas bolas que brilhavam. Eles perceberam então que este produto era muito resistente e passaram a utilizá-lo principalmente na confecção de armas de guerra e de caça. Há outros estudos que dizem que tribos nômades nos desertos no Continente Asiático recolhiam os restos de meteoritos e os moldavam utilizando o fogo para confeccionar suas armas.
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Foto: Montagem com fotos de divulgação
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Outros estudos dizem ainda que a transformação do minério de ferro para uso prático e regular em peças que podiam ser armas de guerra ou utensílios variados aconteceu na Europa onde principalmente os italianos, na época pós-império romano iniciaram a produção de forma mais organizada de algo parecido com o ferro fundido, dos dias atuais. Já a Alemanha, em torno dos anos 1400, projetou os primeiros fornos de altura superior (que hoje são os altos-fornos) que possibilitavam aumentar a quantidade de produto a ser trabalhado dando início ao processo de produção em escala daquele produto utilizado em várias ocupações. Eles também perceberam que os fornos atingiam temperaturas maiores usando carvão mineral ao invés de carvão vegetal no seu aquecimento. Mas foi a revolução industrial que aconteceu entre os anos 1760 a 1840 que deu o grande impulso ao uso do ferro e do aço. Assim como outros metais e aumentou muito a demanda por ferro trabalhado, que era o único material disponível com combinação de resistência mecânica e maleabilidade suficientes para fabricação de máquinas e equipamentos.
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A oficialização do aço como produto: A primeira patente mundial do ferro foi feita por um engenheiro britânico que inventou o método Bessemer de fundição de ferro. Segundo a Enciclopédia Wikipédia Henry Bessemer foi um engenheiro metalurgista e inventor do Reino Unido que criou o processo de Bessemer para a fabricação de aço e o patenteou em 1856. Filho de um também engenheiro e sócio de uma fábrica de equipamentos metálicos para tipografia em Charlton, desde cedo mostrou habilidades mecânicas consideráveis e poderes inventivos, desenvolvendo suas habilidades em metalurgia na fábrica do pai. Interessado na fabricação de canhões de maior alcance e de maior poder ofensivo para a Marinha Real Britânica, concluiu que a verdadeira causa do problema era o material com o qual essas armas eram fabricadas. O ferro era tão quebradiço, que as armas explodiam quando se usavam grandes cargas de pólvora. Foi por esse motivo, e com muitos estudos que Henry Bessemer desenvolveu um processo de fundição de ferro beneficiado, que produziu grande quantidade de lingotes de qualidade superior. Era a
criação do aço. O aço moderno ainda é feito utilizando a tecnologia baseada no processo Bessemer.
O AÇO NO BRASIL Segundo o Instituto Aço Brasil “No Brasil”, a exploração do ferro/aço sempre foi propícia devido aos minérios de Minas Gerais e as primeiras usinas começaram a se desenvolver após a chegada da família real portuguesa em terras brasileiras. Porém, o mercado começou a se desenvolver mesmo já no século XX, com o surto industrial verificado entre 1917 e 1930. Em 1921, foi criada a Companhia Siderúrgica Mineira, que depois tornou-se Siderúrgica Belgo-Mineira após acontecer a junção com o consórcio industrial belgo-luxemburguês ARBEd-Aciéres Réunies de Bubach-Eich-dudelange. A década de 30 registrou um grande aumento na produção siderúrgica nacional, incentivada pelo crescimento da Belgo-Mineira que, em 1937, inaugurou a usina de Monlevade, com capacidade inicial de 50 mil toneladas anuais de lingotes de aço. Ainda em 1937, foram constituídas a companhia siderúrgica de Barra Mansa e a Companhia Metalúrgica de Barbará. Apesar disso, o Brasil continua-
va muito dependente de aços importados. Esse retrato foi alterado apenas em 1946 com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda – RJ. O ano de 1950, quando a usina já funcionava com todas as suas linhas, pode ser tomado como marco de um novo ciclo de crescimento da siderurgia no Brasil. A produção nacional de aço bruto alcançou 788 mil toneladas e tinha início uma fase de crescimento continuado da produção do aço no Brasil. Dez anos depois, a produção triplicava e passados mais dez anos, em 1970, eram entregues ao mercado 5,5 milhões de toneladas” Ainda segundo o Instituto a definição do aço é: “O aço é uma liga metálica composta de ferro e carbono. Na siderurgia, em sua maioria, usa-se o óxido de ferro, misturado com areia fina, e carvão mineral ou carvão vegetal. O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço: como combustível ou como redutor. Há três fases no processo: redução, refino e laminação. A evolução da tecnologia está assegurando maior velocidade na produção e diminuição da média gasta nesses processos”. Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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Foto: Depositphotos
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UTILIZAÇÃO E APLICAÇÕES DO AÇO
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Daria para preenchermos várias páginas do artigo falando das múltiplas aplicações dos produtos siderúrgicos, pois desde os equipamentos que trazem à vida, como os hospitais, maternidades, equipamentos cirúrgicos, como os que tiram a vida como armas de todas as naturezas e em todos os tempos, sempre haverá o emprego e utilização aço. Resumimos as ações que são mais comuns ao dia a dia do homem moderno para exemplificar um pouco do que representa o aço na vida. O aço está presente na vida de todas as pessoas e seria mesmo muito difícil citar um único momento de uma pessoa normal em que ela não esteja se utilizando de algum artefato, utensílio ou produto que não contenha aço. Agora mesmo ao ler este artigo você certamente está em frente ao um computador pessoal, um tablet ou um smartphone nos quais todos possuem inúmeros componentes de aço. Já que estamos falando dos meios de comunicação que invariavelmente desde aquilo que se vê e que é palpável até os intricados painéis de armazenamento de dados que não vemos normalmente estão recheados de produtos de aço. E toda a gama de produtos de comunicação se encaixa neste perfil. Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
Vamos parar um pouco e pensar dá para lembrar que o aço está na sua casa, em seus utensílios e ferramentas, no chuveiro, nas panelas, nas travessas que servem seu alimento, no fogão ou forno que produz o seu alimento, nos talheres, na estrutura dos móveis de sua casa, nos aparelhos eletroeletrônicos e daí poderíamos ficar enumerando uma série infindável de produtos que estão automaticamente inseridos em sua vida. Caso você já tenha tido a experiência de ter algum tipo de deficiência ou necessidade física é provável que você tenha alguma prótese em seu corpo que foi feita de alguma liga especial de aço. E os aparelhos de correção ortodôntica? E a sua saúde, como são feitos todos os exames médicos, análises e prevenções em sua vida? Em aparelhos que contém aço.
Foto: Depositphotos Foto: Divulgação
Mas além disso podemos ainda imaginar o aço fora de nossa casa, residência ou escritório. Por exemplo, nos meios de transporte. Pouco importa se você se locomove de bike, de skate, de moto, de transporte individual ou coletivo, ou mesmo de helicóptero ou avião. Em todos eles a presença do aço está lá assegurada. Desde as ligas mais simples como o aço carbono normal e comercial como os mais sofisticados tipos de aço com alta dureza ou muita maleabilidade, com funções próprias ou especificas ele sempre estará lá em todos os meios de transporte que você puder imaginar.
E a construção civil. Ela não existe sem o aço. Até mesmo se você pensar nos casebres mais humildes feitos com madeira e papelão, sempre haverá no mínimo um prego ou um arame que segura tudo, que é feito de aço. Mas falando construção civil mais regular o mundo está sempre em movimento, demolindo e construindo novos projetos, onde o componente aço é sempre um dos principais protagonistas, desde a fundação, o estaqueamento da obra, na construção das paredes, estruturas e acabamento, passando por todas as etapas de uma construção moderna. E na infraestrutura na construção de pontes, viadutos, estações para os mais variados usos. Há no momento alguns sistemas construtivos de absoluto sucesso com o emprego exclusivo de aço em toda sua execução. São vários projetos de busca de soluções para a redução dos problemas de habitação principalmente em regiões mais pobres do mundo, de casas planejadas com estruturas em aço que podem ser montadas em horas e estão em desenvolvimento. Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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Foto: André Siqueira
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E a Agricultura? O Brasil é um dos países de maior sucesso mundial no campo do agronegócio. Entre dez dos principais produtos agrícolas consumidos no mun-
Há ainda o capitulo da arte e dos projetos arquitetônicos que utilizam o aço na sua confecção. Um dos maiores símbolos da arte mundial, visitado anualmente por milhares de turistas é a “Torre Eiffel” plantada no co-
Foto: Photos.com
ração de Paris na França que agora no próximo dia 31 de março vai comemorar mais um aniversário já que foi entregue neste dia no ano de 1889. É totalmente feita em aço.
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do moderno, somos líderes absoluto na produção de ao menos seis deles e nos outros não passamos da quinta colocação. Na pecuária ocorre o mesmo. Somos o maior produtor mundial de carne de frango e estamos entre os maiores na produção de carne e derivados de gado bovino e suíno. Além ainda de sermos autossuficientes na produção de diversos outros produtos que não são de consumo como por exemplo algodão usado na indústria. Nada disso seria possível sem presença cada dia mais acentuada de implementos e instrumentos agrícolas desde a simples enxada que é um utensilio hoje quase que aposentado, até os gigantescos tratores, plantadeiras, colhedeiras e inúmeros outros equipamentos utilizados no setor.
Foto: Divulgação
das elas indistintamente utilizam-se do aço para a produção, transmissão, transpor te, armazenamento e distribuição.
Daria para continuarmos descrevendo outras aplicações, mas não é necessário, porque o simples ato de conviver em uma sociedade moderna, já o torna um usuário regular de produtos de aço. *Henrique Patria Editor Chefe Portal e Revista Siderurgia Brasil henrique@grips.com.br Foto: Depositphotos
E vamos concluir falando da Energia. Qualquer fonte de energia, desde as mais poluidoras, como a que se utiliza de carvão, ou petróleo bruto, como as mais modernas e afinadas com a “não poluição” como as fontes de Energia Eólicas ou Solares, to-
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RECURSOS HUMANOS
O START NA CAR PRIMEIRO EMPREGO Este artigo foi originalmente escrito para auxiliar jovens com expectativa do primeiro emprego. Entretanto as informações são valiosas e simples e se encaixam em todas as demandas deste campo.
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ONG: INSTITUTO SER+ *
ecalcular a rota, traçar novas estratégias e novos caminhos são práticas comuns a serem adotadas nos últimos dias que antecedem a chegada de um novo ano, especialmente para os jovens. O fim do Ensino Médio, a tão sonhada formatura, a escolha da profissão e a expectativa para o primeiro emprego ou a primeira oportunidade de estágio são considerações que ocupam a mente da juventude. Dentro disso, vem o anseio por um futuro de sucesso. Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
Foto:Montagem com fotos da Shuttersctock
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RECURSOS HUMANOS Para Wandreza, os principais desafios que impedem o início de uma colocação profissional são a falta de qualificação e de experiência desses jovens. Por este motivo, a especialista elencou cinco dicas que podem auxiliá-los a estarem prontos para decolagens promissoras: “Eles sempre estão ansiosos pelos próximos passos, afinal, é o futuro deles que está em jogo. A urgência por algo concreto e se deparar com a realidade sobre o número de desempregados, por exemplo, causa insegurança, especialmente para os que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Mas, o que todos precisam compreender é que mesmo sendo jovens, eles são capazes de assumir o protagonismo da própria vida”, explica Wandreza Bayona, diretora executiva do Instituto Ser+, especialista em capacitação profissional de jovens em vulnerabilidade social. A desigualdade na educação brasileira e, consequentemente, na concorrência acirrada para boas oportunidades no mercado de trabalho é um desafio histórico, sobretudo no cenário da pandemia. Segundo levantamento do Banco Mundial, desde março de 2020, cerca de 1,5 bilhão de estudantes ficaram fora das escolas. Além desse impacto, o número de jovens sem emprego corresponde a 29,8%, seis pontos acima de 2019, segundo dados da PNAD Contínua, publicados em março de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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1. ACALME-SE A especialista explica que a ansiedade é a pior companheira. Ela paralisa e não permite que você saia da condição atual, porque teme o futuro. Por isso, o primeiro passo para um 2022 de sucesso é equilibrar as emoções. Para Wandreza, é necessário ter a noção do todo e viver detalhadamente as porções diárias, afinal, cada etapa tem um tempo de aprendizado, maturação e construção. O objetivo final vai ser logrado, desde que os desafios menores sejam alcançados. Portanto, celebre cada pequena conquista.
2. COLOQUE O PLANO NO PAPEL E DESENHE A ESTRATÉGIA Como mencionado acima, é preciso ter a noção do todo. Segundo a especialista, um exercício pode ajudar: “desenhe uma linha do tempo e coloque, bem destacado, seu objetivo no final dela. Depois, no início da sua linha, descreva a sua posição atual. A lacuna entre um ponto e outro é o que você vai nomear como estratégia. Quais são os pequenos passos que você precisará dar para alcançar seu objetivo em 2022? Coloque todos os pontos, na
ordem dos mais fáceis de serem alcançados ao mais desafiadores e estipule um prazo para cada um deles”.
3. APERTE O PLAY Chegou o momento de dar o primeiro passo, então comemore esse dia tão especial. Muitas vezes você não vai enxergar
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a condição perfeita para iniciar, por isso, a dica é começar mesmo assim e ter como propósito o ajuste ao longo do caminho. Ainda que você não se sinta preparado, esse preparo só vem com a prática. Fique atento às notícias nos jornais, siga perfis de organizações que oferecem cursos de capacitação profissional, muitos são
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gratuitos. Wandreza reforça: “se inscreva, aprimore seus talentos e aprenda novas funções. Isso vai te ajudar a pleitear aquela vaga que você sonha há tempos”.
4. AUTOCONHECIMENTO Tomar uma decisão de carreira envolve muitas questões e, uma delas, pode ser a expectativa dos familiares, amigos ou outras pessoas que fazem parte do convívio diário. Para Wandreza, durante todo esse processo, é muito importante que o jovem reforce seu autoconhecimento e foque naquilo que ele realmente quer. “É preciso conhecer a própria história, enxergar os pontos fortes e os que precisam ser aprimorados. O sonho pode parecer algo muito distante, por isso, pratique a autoconfiança e vá, pouco a pouco, realizando as tarefas para chegar onde deseja”, conta.
5. FAÇA UM PERFIL NO LINKEDIN Para a especialista, é essencial que quem almeja conquistar uma carreira promissora esteja conectado ao mercado de trabalho, mesmo sem estar ativo em alguma função. É por meio do LinkedIn que jovens profissionais ou veteranos têm
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a possibilidade de se aproximar dos profissionais e empresas. Ali, é possível conversar, sondar a rotina daquela profissão e até mesmo ficar atento às possibilidades de vagas em aberto. Além das conexões, não esqueça de alimentar seu perfil com suas qualidades e experiências, mesmo que ainda não sejam passagens profissionais. Coloque em prática os pontos fortes que descobriu de si mesmo, no seu processo de autoconhecimento. Evidencie também as aptidões que você é solicitado pelas pessoas ao seu redor, certamente é seu diferencial, aprenda a usá-lo ao seu favor. Instituto Ser+ * O Instituto Ser+ é uma organização sem fins lucrativos que desde 2014 tem como propósito desenvolver o potencial de jovens. Contribui com a formação integral e o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos jovens, para que possam ser protagonistas de suas trajetórias. Com metodologia própria e avalizada pela Fundação Banco do Brasil, o Ser+ é um certificador do Ministério do Trabalho para a Lei de Aprendizagem e está entre as 100 Melhores ONGs do Brasil. Mais de 14.800 jovens já foram capacitados pelo Instituto e 75% desses ingressaram no mercado de trabalho. O Ser+ desenvolve, ainda, consultorias e programas de capacitação customizados, que podem explorar o contexto de Diversidade de forma plural no ambiente corporativo. Para conhecer mais a respeito do Instituto Ser+ ou estar a par das vagas em aberto para cursos de capacitação profissional e mentorias gratuitas, acesse o site: https://sermais.org.br
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RECEITA PARA DIMIN
IMPORTAÇÕES Existem ex-tarifários atualmente vigentes para Bens de capital em cerca de 17.000 itens, abrangendo praticamente todas as máquinas e equipamentos, desde pequenas prensas até linhas completas para fabricação de determinados bens. MARCUS ALBERTO FLOCKE*
P
or não saber quais são as alternativas para reduzir os custos de aquisição de matérias primas, componentes e, principalmente de máquinas, equipamentos e aparelhos de laboratório, alguns empresários acabam “engavetando” projetos que poderiam ser muito lucrativos ou repassando, desnecessariamente, para seus clientes, custos que poderiam ser minimizados ou evitados.
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Foto:Montagem com fotos da Photo Disc
NUIR OS CUSTOS DAS
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Conhecer as alternativas faz toda a diferença no sucesso, não só de novos empreendimentos, mas igualmente de empresas que pretendem investir no aumento de sua capacidade produtiva, na melhoria da qualidade de seus produtos ou a redução de seus preços finais, mantendo ou aumentando a competitividade no mercado em que atuam. Como cada alternativa tem base numa legislação específica, por vezes bastantes extensa e complexa, tentamos resumir a seguir as principais delas:
EX-TARIFÁRIOS Como em todo processo de compra, a primeira decisão é a escolha do fornecedor. Se se tratar de máquinas e equipamentos, hoje o Brasil conta com um grande parque industrial, capaz de produzir alguns tipos de máquinas e equipamentos similares àquelas fabricadas em outros países. Mas, nem todos os tipos de máquinas são produzidos por aqui e, quando são, nem sempre têm o mesmo avanço tecnológico e, consequentemente, o mesmo desempenho e qualidade das que são fabricadas em países tradicionalmente conhecidos
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como os melhores fabricantes de máquinas do mundo. Nestes casos, é possível alcançar uma considerável economia através da obtenção de “Ex-Tarifários”. Trata-se de um regime aplicável apenas a produtos classificados na NCM como Bens de Informática e Telecomunicações (BIT ) e Bens de Capital (BK), através do qual as alíquotas do Imposto de Importação são reduzidas a zero, desde que não existam bens fabricados localmente em condições de substituir os importados. Para que se tenha ideia da abrangência do regime, existem hoje mais de 1.900 ex-tarifários para bens de informática de telecomunicações como, por exemplo, módulos solares, equipamentos de som, detectores de materiais, sensores, painéis de LED, etc. Já os ex-tarifários atualmente vigentes para Bens de capital somam cerca de 17.000 itens, abrangendo praticamente todas as máquinas e equipamentos, desde as aquelas de função única como, por exemplo, as prensas, até máquinas mais complexas como centros de usinagem de alta precisão ou combinações de máquinas como as linhas completas para fabricação de determinados bens. Além disso,
os ex-tarifários para bens de capital beneficiam também aparelhos de laboratório, como instrumentos de medição, equipamentos de testes, etc., e aparelhos de uso médico hospitalar, como umidificadores, camas especiais, etc. Considerando que, sem contar eventuais reduções temporárias, os bens passíveis de obtenção de ex-tarifários têm Imposto de Importação com alíquotas de 14% para BK e 16% para BIT, fica fácil calcular o ta-
que incidem em cascata sobre a soma do preço CIF + Imposto de Importação, a economia pode chegar a valores ainda maiores que, certamente, influenciarão na decisão de investimentos das empresas. Por fim, vale dizer que os processos de ex-tarifários são relativamente rápidos, com obtenção do benefício em, aproximadamente, 90 dias.
manho da economia que pode ser alcançada com essa ferramenta. Num cálculo bem simplista, no caso das máquinas, por exemplo, em que o Imposto de Importação é de 14% sobre o preço CIF, poderíamos afirmar que a redução a 0% obtida com o ex-tarifário vai resultar numa economia de 14%. Ou seja, na importação de uma máquina que custa USD 100.000,00, o importador economiza USD 14.000,00 só com a redução do Imposto de Importação. Se considerados outros impostos e taxas
No caso de inexistência de produção de qualquer bem em todos os países do Mercosul ou de desabastecimento temporário desses bens, é possível, com base na Resolução GMC 49/19, obter a redução temporária da TEC para 0% para uma determinada quota quantitativa do produto. Para tanto, é necessário provar a inexistência temporária ou definitiva de produção regional e apresentar dados de mercado do produto, além de informações técnicas. Mais complexos do que os pro-
DESABASTECIMENTO REGIONAL
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cessos de ex-tarifários, as solicitações baseadas nessa ferramenta têm que ser aprovadas por todos os membros do Mercosul e demandam, em geral, um prazo médio de 12 meses entre a solicitação e a conclusão de cada caso.
LISTAS DE EXCEÇÃO
Foto: Depositphotos
Outra alternativa são as Listas de Exceção à TEC (LETEC e LEBIT ). Trata-se de ferramenta pela qual cada país do Mercosul tem direito a incluir numa lista os produtos para os quais necessita praticar alíquo-
tas do Imposto de Importação diferentes (para cima ou para baixo) daquelas estabelecidas na Tarifa Externa Comum ( TEC) do Bloco. Essas listas têm uma quantidade limitada de itens e são revisadas a cada 6 meses. A lista brasileira pode ter até 100 itens e, quando completa, para que entre um novo item, é necessário retirar outro. Dependendo da época de protocolo dos pleitos, os processos podem demorar de 6 a 12 meses. Existem ainda outras alternativas para reduzir os custos tributários incidentes so-
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QUADRO RESUMO
bre as importações que, por sua complexidade, não nos cabe comentar aqui. Mas, apenas para não deixar de citá-las, são o “Regime de autopeças não produzidas”, as reduções de impostos sobre as importações de bens exportados e as alterações definitivas da TEC para bens não fabricados no Mercosul. Seja lá qual for o caso, as empresas devem sempre buscar alternativas para reduzir seus custos de importações, pois além de ser um direito, trata-se de fator importante na tomada de decisões de novos
investimentos, assim como instrumento diferencial entre as empresas com consequências diretas sobre sua competitividade e, em última instância, sobre a sobrevivência em seu mercado de atuação.
*Marcus Alberto Flocke, é Sócio-Diretor da M.Flocke Consult Ltda., especialista na redução de impostos sobre importações. www.flocke.com.br Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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MELHORA A PRODUÇÃO DE VEÍCULOS Fevereiro foi o mês de bons números para a indústria automotiva. Conforme dados divulgados pela Anfavea, entidade que reúne os montadores de veículos no Brasil, mesmo considerando um mês com menos dias úteis e ainda com resquícios da cepa Ômicron da Covid o crescimen-
EXPORTAÇÃO
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to de 14,1% na produção de veículos automotores mostrou uma boa recuperação do setor. Considerando o primeiro bimestre do ano houve um recuo de 21,7% em relação ao mesmo bimestre do ano passado. O presidente da entidade explicou que naquele ano não havia
ainda se instalada a crise de abastecimento de semicondutores e nem mesmo a variante tão contagiosa da covid-19 tinha afastado tantos funcionários da linha de montagem. Os licenciamentos em fevereiro totalizaram 129,3 mil autoveículos, 2,2% a mais que em janeiro e 22,8% a menos que em fevereiro do ano passado. Para essa situação e segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea “As notícias de que o IPI automotivo estava prestes a ser reduzido fizeram com que muitos clientes adiassem a concretização do negócio” e ainda “Esperamos uma boa reação do mercado em março, um mês mais longo, sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro”. Mas o melhor e excelente resultado surgiu das exportações que cresceram no mês nada menos do que 49,6% em relação a janeiro e 25,4% superior a fevereiro de 2021. No acumulado do bimestre, os embarques também
cresceram 17,3% sobre igual período do ano passado. Segundo o presidente houve um esforço das empresas para cumprir contratos atrasados por conta da pandemia e das quebras na cadeia logística de suprimentos. Outra ótima notícia e comemorada pelo setor é que, conforme já noticiamos, o Presidente da República Jair Bolsonaro, assinou no final do mês de fevereiro o decreto reduzindo o IPI para uma série de bens dentre os quais os veículos. Para o setor automotivo a redução de IPI, ficou na casa dos 18,5%. Neste caso Moraes comentou “É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária sobre a indústria de transformação no Brasil. A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo”. Fonte: Anfavea Siderurgia Brasil 154 - Março - 2022
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RESULTADO RUIM NA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS Os dados divulgados pela Abimaq, entidade que reúne as empresas produtoras de máquinas e equipamentos, para o mês de janeiro de 2022 mostraram uma atividade retraída, muito diferente dos números e entusiasmo reinante na atividade no segundo semestre do ano passado. No entanto, dos diretores que participaram da reunião chamaram a atenção e demonstraram em gráficos que é uma característica da atividade começar o ano com pouca intensidade e depois evoluir durante o período. Isso é o que se espera para inclusive alcançar os objetivos de crescimento que a entidade projetou para este ano de 2022. Mesmo com esta explicação o desempenho foi abaixo do observado no mesmo mês de 2021. Tanto na comparação mensal como na interanual houve queda na receita liquida de vendas, o que ascendeu o sinal amarelo e sinalizou que o ano de 2022 poderá registrar desempenho abaixo das expectativas. Quando comparado com o mês de dezembro de 2021, janeiro registrou recuou de 14,9% nas receitas. Na comparação com o mesmo mês de 2021 o recuo foi de 4,3%, reduzindo a receita do setor de R$ 20,7 bilhões em jan/21 para R$ 19,8 bilhões em jan/22.
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A entidade acredita que o aperto na renda das famílias aliado ao avanço da inflação foi a responsável pela queda principalmente nas vendas de máquinas no mercado doméstico e direcionadas ao setor de bens de consumo. As exportações no mesmo período registraram crescimento de 25%. Os investimentos feitos no setor agrícola continuam em crescimento. Em janeiro de 2022, tais investimentos registraram crescimento de 5,6% na comparação com o mesmo período de 2021. Em janeiro de 2022 o setor exportou US$ 718 milhões em máquinas e equipamentos. Ainda que um volume abaixo do observado em dezembro de 2021, foi 25% acima do patamar observado em janeiro de 2021 (US$ 575 milhões). O setor fabricante de máquinas e equipamentos, com a tradição exportadora, recuperou com a desvalorização do real, parte da competitividade anulada pelo “custo Brasil”, e registrou importante crescimento das suas exportações. Perguntados sobre o efeito da guerra Rússia x Ucrânia nos números do setor, eles acreditam que o impacto será pequeno, tendo em vista que nenhum dos dois países
apresentou no passado alguma grande relevância nas exportações brasileiras e também a dependência de itens importados daqueles países é irrelevante. Só para citar as exportações para a Rússia no ano passado não passaram de 1,5% do total e na sua maioria foram de máquinas e equipamentos agrícolas, área em que a atividade tem intensos mercados em quase todo o mundo. Quanto ao futuro. A medição da carteira
de pedido, por número de semanas para atendimento, interrompeu a queda observada nos últimos três meses e cresceu 5,4% em relação a dez/21. A carteira média de pedidos observada nos últimos 12 meses está 20,6% acima da observada em 2021, o que deve ajudar a manutenção na recuperação da produção e receita do setor em 2022. Fonte: Abimaq
DESEMPENHO MENSAL Receita Líquida – Períodos selecionados
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PRODUÇÃO MUNDIAL DE AÇO BRUTO EM JANEIRO DE 2022 Segundo dados divulgados pela World Steel Association (worldsteel) a produção mundial de aço bruto nos 64 países que fazem parte de sua lista de associados foi de 155 milhões de toneladas (Mt) no mês de janeiro de 2022, o que representou uma queda de 6,1% em relação a janeiro de 2021. Registrou-se também queda em relação a dezembro de 2021, quando a produção foi de 158,7 milhões, portanto queda de 2,38%. Ainda segundo a informação, a distribuição geográfica da produção mundial assim se comportou: - África produziu 1,2 Mt em janeiro de 2022 com alta de 3,3%. - Ásia e Oceania produziram 111,7 Mt, com queda de 8,2%, onde está incluindo a China que vem desenvolvendo trabalhos visando a redução da produção para con-
ter a poluição causada pela indústria local. - CEI que é composta por Bielorrússia, Cazaquistão, Moldávia, Rússia, Ucrânia, Uzbequistão produziu 9 Mt, alta de 2,1%. Mas espera-se uma queda nestes números em função da guerra entre Ucrânia X Rússia. - União Europeia com 27 países produziu 11,5 Mt, queda de 6,8%. - A parte da Europa, onde estão os outros países que não fazem parte da União Europeia produziram 4,1 Mt. queda de 4,7%. - Oriente Médio produziu 3,9 Mt, um aumento de 16,1%. - América do Norte produziu 10 Mt, um aumento de 2,5%. - América do Sul produziu 3,7 Mt, queda de 3,3%. Fonte: https://worldsteel.org
CRUDE STEEL PRODUCTION
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NOVOS PREÇOS DOS AÇOS NACIONAIS EM ABRIL As usinas anunciaram que ao longo do mês de abril os preços dos aços planos sofrerão reajuste que vai girar em torno de 20%. Cada uma apresentou uma fórmula diferente, mas entre os preços de hoje e o do final do próximo mês haverá este reajuste. Em função desta variante, Carlos Loureiro acredita que o mês de março irá apresentar um crescimento nas vendas da rede de distribuição representada pelo Instituto
Nacional dos Distribuidores de Aço - Inda, em torno de 15 a 20%. Assim como as compras deverão crescer no mínimo 10%. Existe ainda outra variante que são as empresas consumidoras estarem com estoques baixos em função do movimento que ocorreu no segundo semestre do ano passado. Há setores que vem retomando sua posição normal, como é o caso da indústria automotiva que vem projetando uma for-
EVOLUÇÃO DAS VENDAS – ÚLTIMOS 12 MESES
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te retomada, agora que houve uma definição quanto a redução do IPI para veículos, além de ver gradativamente normalizada regularização no fornecimento dos microprocessadores e chips, que tantas dificuldades causaram no ano passado. Com relação ao desempenho do mês de fevereiro, as vendas de aços planos apresentaram alta de 0,7% quando comparada a janeiro, atingindo o montante de 300,7 mil toneladas contra 298,5 mil do mês passado. Se considerarmos o mesmo mês do ano passado quando foram vendidas 312,3 mil toneladas, houve queda de 3,7%. Já as compras registraram queda de 2,8% em relação a janeiro, com volume total de
293,8 mil toneladas contra 302,4 mil. Com referência fevereiro do ano passado (321,9 mil ton.), a queda apresentada foi de 8,7%. Com tal movimento os estoques em números absolutos, apresentou queda de 0,8% em relação ao mês anterior, com um total de 811,3 mil toneladas contra 818,1 mil daquele mês. O giro de estoque fechou em 2,7 meses de vendas. As importações registraram queda de 10,8% em relação ao mês anterior, com volume total de 151,5 mil toneladas contra 169,9 mil. Mas se compararmos com o mesmo mês do ano anterior (101,9 mil ton.), houve alta de 48,6%.. Fonte: Inda
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E S TAT I S T I C A S
CONTINUA FORTE A VENDA DE AÇO NO MERCADO INTERNO Segundo dados divulgados hoje
to no segundo semestre com a queda
(21/03) pelo Instituto Aço Brasil refe-
nas vendas para o mercado interno
rentes ao mês de fevereiro a venda de
que segundo eles foi devido ao pro-
aços no mercado interno continuam
cesso de estocagem que ocorreu nos
em ritmo forte e pleno crescimento.
setores consumidores ao longo de
No ano passado segundo colocações do Instituto, houve um momen-
todo o ano de 2020 e grande parte de 2021.
FEVEREIRO 2022 - PRODUÇÃO SIDERÚRGICA BRASILEIRA
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Porém já em janeiro deste ano ha-
de matérias-primas e insumos energé-
via sido registrado crescimento de
ticos. ( Veja matéria na página 6 desta
vendas e agora em fevereiro de 2022
edição da revista Siderurgia Brasil).
elas cresceram novamente, desta vez
Economicamente, a guerra vem afe-
em 8,5% frente ao verificado em ja-
tando toda logística global, aumen-
neiro de 2022, atingindo 1,5 milhão
tando o preço do frete marítimo, e
de toneladas.
causando efeitos negativos em toda
Também o consumo aparente de
a cadeia de suprimentos. No caso da
produtos siderúrgicos, que represen-
indústria do aço, matérias-primas es-
ta as vendas internas+ importações-
pecíficas como carvão mineral, gás
exportações no mês de fevereiro foi
natural e níquel vem sofrendo expres-
de 1,8 milhão de toneladas, 6,4% aci-
siva elevação de preço.
ma do verificado em janeiro de 2022.
Como ocorre todos os meses, hoje
Por sua vez a produção brasileira de
também foi divulgado o ICIA-Índi-
aço bruto foi de 2,7 milhões de tone-
ce de Confiança da Indústria do Aço
ladas, representando queda de 7,2%
relativo a março/22, que apresentou
frente ao apurado no mês de janeiro
crescimento de 2,1 pontos frente ao
de 2022. Vale ressaltar que fevereiro é
mês anterior, registrando agora 51,1
um mês com menos dias úteis.
pontos. Com esse movimento, o indi-
A nota lembrou que é muito impor-
cador volta a se posicionar acima da
tante destacar que, devido à invasão da
linha divisória de 50 pontos, o que in-
Ucrânia pela Rússia, a indústria, não só
dica confiança dos CEOs da indústria
no Brasil como no mundo inteiro, vem
do aço, no futuro a curto prazo.
sendo pressionada pela alta de custos
Fonte: Instituto Aço Brasil – IABR
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VITRINE
EUROPA VAI DISCUTIR A CADEIA DO AÇO Há muitas variantes em jogo neste momento, sendo a principal delas a invasão da Ucrânia pela Rússia, que colocou em turbulência os mercados não só Europeus, como mundiais. A cadeia de suprimentos como o minério de ferro e o carvão mineral, estão com preços em níveis descontrolados sem uma definição futura. E ainda o reinicio das relações comerciais entre UE x EUA e suas consequências para o mundo. Estas e outras questões ligadas a siderurgia mundial serão discutidas na conferência híbrida Kallanish Europe Steel Markets 2022, que acontecerá de 30 a 31 de maio em Milão, Itália. Para inscrições ou mais informações acesse: https://www.kallanish.com/en/events/conferences
Fotos: Divulgação
ARCELORMITTAL TUBARÃO OBTÉM CERTIFICAÇÃO INÉDITA
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A ArcelorMittal Tubarão é a primeira usina de aços nas Américas e fora da Europa a obter a certificação de sustentabilidade das suas operações pelos padrões da ResponsibleSteel™. ResponsibleSteel™ - foi lançado e estabelece padrões globais de desempenho em sustentabilidade e promove a certificação de empresas da cadeia do aço por meio de uma rede de organismos de certificação independentes. Ele criou um padrão de sustentabilidade que conta com 12 princípios ambientais, sociais e de governança. Os princípios estabelecem metas de sustentabilidade com relação à disponibilidade de recursos hídricos, saúde e segurança, demandas de stakeholders, direitos humanos e trabalhistas e redução de emissões de gases de efeito estufa, possibilitando que altos padrões de sustentabilidade na produção e consumo sejam atendidos. Antes de receber o reconhecimento, a unidade – maior usina do Grupo ArcelorMittal no Brasil, situada no município de Serra (ES) – passou por um rigoroso procedimento de auditoria. Fonte: Gerência Geral de Relações Institucionais e Comunicação
Foto: Shuttersctock
WORLDSTEEL LANÇA CARTA DE SUSTENTABILIDADE ATUALIZADA A World Steel Association (worldsteel) – Associação Mundial do Aço, que reúne 64 países produtores de aço ao redor do mundo, responsáveis por 85% de todo o aço produzido no planeta, divulgou no último dia 3 de março sua Carta de Sustentabilidade revisada e ampliada. O novo documento está organizado em 9 princípios com 20 critérios associados, que abrangem aspectos ambientais, sociais, de governança e econômicos da sustentabilidade. Os líderes dos 39 membros da worldsteel forneceram evidências de que estão alinhados com esses critérios, assinaram a Carta e, portanto, são reconhecidos como membros da Carta por um período de 3 anos. Segundo Edwin Basson, diretor geral da worldsteel: “A sustentabilidade é um requisito de negócios e um componente fundamental das operações de todas as indústrias. As empresas éticas e socialmente responsáveis precisam ser capazes de demonstrar aos seus stakeholders como elas atuam e para onde estão indo. Com o lançamento desta Carta, a siderurgia reafirma seu compromisso com a sustentabilidade e demonstra os esforços aprimorados do setor e ações alinhadas em direção a uma sociedade sustentável.” Veja o vídeo da nova carta em https://worldsteel.org/media-centre/press-releases/2022/ worldsteel-releases-updated-sustainability-charter Fonte: www.worldsteel.org
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VITRINE
LUCRO DA CSN TRIPLICOU EM 2021 Conforme Balanço e relatório apresentado à Comissão de Valores Mobiliários - CVM do Ibovespa, o ano de 2021 da Companhia Siderúrgica Nacional- CSN apresentou resultados excepcionais. Apesar da queda de 72,7% no lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 1,06 bilhão no quarto trimestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, no fechamento do ano foi apurado lucro atribuído R$ 13,6 bilhões, que triplicou o valor do resultado do ano anterior. Os negócios de siderurgia responderam por 62,8% da receita líquida. A atividade de mineração representou 37,7% do total. Em seguida, aparecem as operações de logística, com 4,5%, cimento (3%) e energia (0,5%). O resultado também foi impulsionado pelo ganho na oferta pública de ações da CSN Mineração (CMIN3) e da venda de parte da participação que a companhia detém na Usiminas. Fonte: CVM
GOVERNO ANUNCIA REDUÇÃO DO IPI Em 25 de fevereiro último o presidente Jair Bolsonaro, assinou o decreto 10.979 reduzindo o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% para a maioria dos produtos industrializados. Tal medida trará um impacto fiscal de R$19,5 bilhões no ano de 2022 e, segundo a nota do Ministério da Economia, é o incentivo governamental para “incentivar a indústria nacional e o comércio reaquecer a economia e gerar empregos”, principalmente para a indústria da transformação. É esperado que beneficiem cerca de 300 mil empresas. Para o ano de 2023 é esperada a renúncia fiscal de R$ 20,9 bilhões e de R$ 22,5 bilhões para o ano de 2024, de acordo com a Receita Federal. Por se tratar de tributo extrafiscal, de natureza regulatória, é dispensada a apresentação de medidas de compensação, como o autorizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Fonte: https://www.gov.br/economia
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ANUNCIANTES DESTA EDIÇÃO Arcelormittal Brasil S.A.
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Benafer S/A - Comércio e Indústria
39
Divimec Tecnologia Industrial Ltda.
15
JLM Negócios e Soluções Ltda. - Mercosistem
49
Larzinho Casa Jesus, Amor e Caridade
47
M.Flocke Consult Ltda.
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Revista Siderurgia Brasil
35
Tec Tor Indústria e Comércio Ltda.
12
Tetraferro Ltda.
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