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Expediente
Editorial
Novos ventos já estão soprando
Edição 125 - ano 18 Setembro/Outubro 2017 Siderurgia Brasil é uma publicação de propriedade da Grips Marketing e Negócios Ltda. com registro definitivo arquivado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob nº 823.755.339. Coordenador Geral: Henrique Isliker Pátria
HENRIQUE ISLIKER PÁTRIA EDITOR RESPONSÁVEL
Diretora Executiva: Maria da Glória Bernardo Isliker TI: Vicente Bernardo Consultoria jurídica: Marcia V. Vinci - OAB/SP 132.556 mvvinci@adv.oabsp.org.br Editor e Jornalista Responsável: Henrique Isliker Pátria - MTb-SP 37.567 Repórter Especial: Marcus Frediani MTb:13.953 Projeto Editorial: Grips Editora Projeto Gráfico: Ana Carolina Ermel de Araujo Edição de Arte / DTP: Ana Carolina Ermel de Araujo Capa: Criação: André Siqueira Fotos: Montagem com foto de André Siqueira e Shutterstock Impressão: Ipsis Gráfica e Editora DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA A EMPRESAS DO SETOR E ASSINATURAS A opinião expressada em artigos técnicos ou pelos entrevistados são de sua total responsabilidade e não refletem necessariamente a opinião dos editores. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Rua Cardeal Arcoverde 1745 – conj. 113 São Paulo/SP – CEP 05407-002 Tel.: +55 11 3811-8822 grips@grips.com.br www.siderurgiabrasil.com.br Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou qualquer meio, sem prévia autorização.
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Já está sobrando um pouco mais de ar para os pulmões das empresas brasileiras. Com os juros do Selic em um dígito a economia, como um todo, parece estar um pouco mais destravada e boas novidades começam a aparecer. Segundo o Relatório de Mercado Focus desta semana emitido pelo Banco Central, a estimativa do IPCA, que é o índice da inflação para 2017, está previsto para 3,06% e para o ano que vem em 4,02%. A expectativa do crescimento do PIB agora é de 0,73%. Vários economistas que têm se manifestado acreditam que os juros este ano deverão fechar em 7%. Ainda contam-se os cacos das empresas brasileiras que estão na UTI com dívidas quase que impagáveis ou desapareceram do cenário fechando definitivamente suas portas. Mas há as que sobreviveram e agora estão mais fortes. Neste momento o setor automotivo está em alta, e com isso ele carrega uma cadeia de empresas metalmecânicas e de autopeças a reboque. Neste mês tivemos a realização de uma famosa e tradicional feira de veículos pesados que segundo seus organizadores mostrou a recuperação do setor de caminhões e pesados, um dos mais afetados pela terrível crise instalada nos últimos anos. Pessoalmente em nossas últimas conversas temos sentido que os empresários do setor de aço, na sua maioria concordam que de maio ou junho para
cá, a situação tem melhorado e novos contratos já começam a ser fechados o que, prenuncia a retomada consistente do segmento. Nesta edição, que dedicamos ao setor de tubos, apresentamos uma entrevista feita com o Diretor Comercial de uma das principais empresas brasileiras do setor, onde ele também demonstra otimismo com o mercado e um artigo técnico que apresenta tudo sobre tubos de aço carbono, suas regras, suas normas, sua composição, etc. Do fundo do baú, recebemos uma relíquia que ajuda a contar a história recente do aço no Brasil e de onde consegui extrair alguns dados surpreendentes, dentre os quais a informação de que a China saiu em 1986 de uma produção de 51 milhões de toneladas para 803 milhões no ano passado, enquanto Brasil no mesmo período saiu de 23 para pouco mais de 31 milhões. Faltou explicar o motivo desta discrepância. A questão do Compliance e da legislação anticorrupção também é destaque na pauta deste mês. Por fim reiteramos o convite a nossos leitores, para se manifestarem através da coluna Opinião do leitor. Mande suas críticas ou sugestões que teremos o máximo prazer em apresentá-las em nossas próximas edições. Boa Leitura!
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Instalações da Comega. Foto André Siqueira.
Índice
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EDITORIAL Novos ventos já estão soprando
MERCADO O Brasil precisa se tornar uma nação
LEGISLAÇÃO Como as empresas estão se armando contra a corrupção
ARTIGO TÉCNICO Os tubos de aço carbono com costura
DESENVOLVIMENTO O retorno ao crescimento da indústria automobilística
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ENTIDADES
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OPINIÃO
Uma análise do mercado do aço em 2016
Importantes recordações da Siderurgia Brasileira
OPINIÃO DO LEITOR
ANUNCIANTES
SSEETE TEM MB BRO RO//O OUT UTUBRO UB U BR RO O 20 201 17 7 SIDER ID DEER RU UR RGIA RGI GIIA B G BR RA ASSIL SIL IL 5
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Berço de incontáveis oportunidades, o Brasil precisa, entretanto, realizar mudanças profundas na sua postura e na sua atitude frente a si próprio e ante as maiores nações do planeta, a fim de ganhar o seu merecido lugar de destaque entre elas. Marcus Frediani
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Formatada como um grupo que atua em diversos setores da economia brasileira, a Açotubo é, hoje, referência nacional no fornecimento de tubos de aços, e trabalha para garantir a excelência em seus produtos e processos. Fundada em 1974 por Luiz Bassi – que, pouco tempo depois, ganhou o apoio de seus irmãos Ribamar e Wilson, trio que permanece até hoje em sua direção –, a empresa possui reconhecimento do mercado, em função de sua postura constante de inovação, notadamente no que diz respeito à sua estrutura técnica operacional do ramo siderúrgico, aliando avan-
çados princípios de administração e estratégias, com o suporte de valiosos fornecedores na distribuição de seus produtos. No comando comercial da companhia há 43 anos, cuidando para que ela externe com precisão valores como inovação, sinergia, flexibilidade, comprometimento, transparência, credibilidade e foco no cliente Ribamar Bassi diz que a maior prova de que a Açotubo acredita no Brasil é a sua trajetória de trabalho, iniciada com muita seriedade e determinação na pequena instalação na Zona Norte da capital Paulista. Com muito esforço e merecimento, a empresa cresceu e, hoje, sua estrutura lhe permite atender clientes de todo o Brasil, a partir de sua matriz com mais de 120.000 metros quadrados, em Guarulhos/SP,
Fotos: Divulgação
O Brasil precisa se tornar uma nação
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onde se localizam todas as suas divisões: Tubos e Aços, Conexões, Aços Inoxidáveis, Trefilados e Peças, Serviços Industriais e Incotep Sistemas de Ancoragem. Complementarmente, a Açotubo conta com a assistência de seis filiais e representantes estrategicamente distribuídos ao longo do território nacional. Ribamar, diretor comercial da Açotubo, gentilmente recebeu a reportagem da revista Siderurgia Brasil para falar do mercado de tubos, de sua empresa e muito, mas muito mesmo a respeito de seu amor pelo Brasil. Desse encontro surgiu esta entrevista exclusiva. Confira! Siderurgia Brasil: Depois de anos em vetor de queda, parece que as vendas de tubo de aço começam a reagir no Brasil. Como anda a situação dos fabricantes? Nos últimos anos, vimos atravessando momentos difíceis. E, por consequência, registramos algumas baixas. Além da quebra de algumas empresas, um dos sinais mais eloquentes dos problemas que nos afetaram está sendo o fato de que a produção de tubos de aço está encolhendo em termos de oferta de variedade ao mercado. Hoje, quando falamos em medidas, nossa operação vem se dando numa faixa entre 1/2 a 24 polegadas. Muitos economistas e operadores do mercado, entretanto, estão falando de “sinais de recuperação”. Esses sinais são consistentes? Sim, os sinais de recuperação são consistentes, e essa é a parte boa da história. Porém, eles vêm acontecendo muito mais por necessidade, não porque o governo e os políticos são bons ou estejam fazendo coisas boas. E sim, porque a infraestrutura do país está tão desgastada, que alguma coisa tem que voltar a acontecer. E tubos são uma
das principais bases do negócio. Eles entram de maneira proeminente, por exemplo, na fabricação das máquinas que vão tocar as novas e tão necessárias obras de infraestrutura. De que forma você tem sentido essa retomada nos negócios da Açotubo? Para nós, a reversão chegou sob a forma da parada da queda, mas não em termos de um grande crescimento. Hoje, contabilizando a compra de matéria-prima e o pagamento de impostos, salários e encargos, a Açotubo trabalha mais de 20 dias por mês para ganhar menos que dois dias. Num passado bem recente, quando os preços dos tubos estavam em baixa, a gente trabalhava 20 dias para não ganhar nada. Em outras palavras, paramos de cair e estamos começando a caminhar a passos lentos. Atualmente, vocês têm atividade exportadora? Bem pouco. Exportamos menos de 2% de nossa produção para os países da América do Sul, principalmente para países como Paraguai e Bolívia e, agora, mais recentemente, alguma coisa pequena para o Chile. Em renda, os valores talvez cheguem 2% de nosso faturamento.
E qual a previsão de vocês para a evolução do mercado de tubos em 2018? O ano que vem vai estar melhor, porque, como eu já disse, nós paramos de dar ré e, finalmente, engatamos a primeira marcha. E empresas como a nossa, de distribuição, vão ser muito importantes para o mercado, porque sempre mantemos pulmão para a indústria, tanto para atender aos grandes quanto os pequenos clientes, com um grande mix de produtos. Com a Petrobrás mais aberta em sua politica de participação nos novos preços, a agricultura batendo novos recordes de grãos e a pequena reação da indústria, estamos prevendo um crescimento do mercado em torno de 15%. O nível de ociosidade desse mercado continua muito grande? Hoje, estamos com um nível de atividade, em termos de consumo aparente, em torno de 60%, o que já demonstra uma recuperação, porque havíamos chegado a apenas 48%. E eu acredito que em 2018 o nível de atividade/consumo aparente deverá chegar a 75%. Os pontos de equilíbrio de todas as companhias vão subir, porque vamos vender um pouco mais. Até as margens, que estão péssimas, devem melhorar. Então, com
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Mercado uma pequena recuperação de margem, alinhada a uma expectativa de crescimento em torno de 15% no consumo aparente, o astral da nossa indústria tem tudo para mudar. De que maneira você acredita que esse “bom astral” vai se distribuir ao longo do ano de 2018? Com certeza, o segundo semestre vai ser melhor do que o primeiro semestre. O primeiro trimestre será apático, o segundo trimestre será bom, e o segundo semestre será bem melhor. Recentemente, a Petrobras licitou uma unidade para produção de gás, que nos traz boas expectativas. Só esperamos que não aconteça o mesmo que aconteceu com as refinarias Premium 1 e 2, lá no Maranhão, cuja construção foi abortada. Acreditamos que os leilões que ainda estão para acontecer, somados aos que já se concretizaram poderão, sim, deslanchar um pouco mais este mercado com a entrada de mais capital externo, principalmente nas linhas de transmissões de energia. A Açotubo se preparou para suportar esse provável aumento de consumo? Sim, a estrutura de nossa empresa é bem robusta e bem distribuída. Além da nossa matriz e fábrica aqui em Guarulhos, na Grande São Paulo, temos uma filial em prédio próprio em Contagem/ MG, Curitiba/PR, Duque de Caxias/RJ, Sertãozinho/SP, Caxias do Sul/RS e em Canoas/RS, dimensionadas para atender à demanda regional e proporcionar rápido atendimento, que é o diferencial da Açotubo. Veja, nós vendemos uma commodity, e se o cliente for atrás de uma commodity e o fornecedor atrasa, pode esquecer. Quais essas unidades trabalham com inox? Inox nós temos em Canoas/RS, em Sertãozinho/SP e no Duque de Caxias/ RJ, além da matriz em São Paulo. E, num furo de reportagem para a revista Siderurgia Brasil, informamos ao mercado que, em breve, vão ser criadas mais
duas unidades de inox: uma em Contagem e outra no Paraná ou em Santa Catarina, ainda estamos decidindo. E existe algum setor, entre aqueles que a Açotubo atende, no qual essa retomada esteja se manifestando de forma mais proeminente? Hoje, no Brasil, só existe um setor, para o qual fornecemos, que podemos falar que está bem, que é o agronegócio. E a gente fornece para ele, desde tubos para as cabines de comando até para a mecânica e o comando das máquinas. Já o setor de óleo e gás anda meio quieto, embora a Petrobras já esteja fazendo algumas licitações na área do gás, na qual o Brasil tem uma riqueza muito grande. É um processo que também está querendo começar a caminhar, mas o nosso caixa ainda não está recebendo dinheiro. O mercado de tubos sofreu um solavanco muito forte depois da confusão toda envolvendo a Petrobras e a Lava Jato. Foi um baque muito grande. Agora, nosso mercado se estabilizou em cerca de 50%, o que é muito baixo. Para se ter uma ideia melhor disso, basta dizer que, hoje em dia, 60% dos tubos consumidos no Brasil dependem do óleo e gás, e esse consumo caiu 50%. Contudo, com a chegada de Pedro Parente à Presidência da Petrobras, a estatal, inegavelmente, está ganhando moral. Ele é um administrador competente e já conseguiu estabilizar um pouco os processos e, aparentemente, fazer a Petrobras retomar o fôlego. Até o Pré-sal tem evoluído, embora não em ritmo forte, não é mesmo? Nesta questão, acredito que a Açotubo e o Brasil esperam que exista uma nova gestão, mais eficaz e eficiente, que possibilite a retomada nos investimentos e uma verificação de melhoria em seus processos. E, claro, que à frente disso estejam pessoas que possam gerar tais mudanças da melhor forma possível. Isso é essencial para o mercado. Na linha do Pré-sal, em seu início de projeto, a realidade era outra comparada à de hoje. Os preços do barril do petróleo mudaram, surgiram novas
tecnologias e novas soluções. Enfim, o Pré-sal é tão importante para o Brasil quanto saber o melhor momento para usufruirmos essas reservas. E a construção civil? Toda hora temos visto novos lançamentos imobiliários Eles podem ser uma saída para o setor de aço e, mais especificamente, para o de tubos? Olha, alguns de nossos fornecedores que produzem muito aço para as construções, esperam que 2018 seja um ano não esplêndido, mas um bom ano para a construção civil. Agora, o que é essa construção civil que estamos falando? Nada mais de Serra da Raposa, com 40.000, 50.000, 80.000 toneladas de aço, para fazer uma barragem daquelas para a construção da hidrelétrica. Estamos falando de construção civil para habitação, que, realmente, anda aí um déficit muito forte. Porém, nossas soluções no mercado para construção civil vão além do fornecimento de tubos e aço: elas são pautadas em combinações de diversos produtos, que passam por uma aplicação desde engenharia mecânica até soluções geológicas para fundações, pontes, túneis entre outros. Atualmente, a entrada de tubos chineses continua sendo um problema para vocês? Não mais. Hoje, ainda entra alguma coisa em termos de tubos com costura, mas é pouco. O mesmo com os tubos sem costura, em função de um processo de antidumping que impetramos junto ao governo federal. A entrada de tubos chineses criou uma situação de prática desleal de preços, até que as empresas nacionais entraram no governo federal e expuseram a situação, que era inadmissível. Ora, um tubo que em qualquer lugar do mundo se produz a US$ 2.000 a tonelada, os chineses estavam vendendo aqui por US$ 1.200. Não tinha jeito. Dessa forma, o governo, vendo que o prejuízo que a indústria nacional estava sofrendo era muito grande, com risco até de pararmos a atividade, reverteu a situação. Assim, foi criada uma taxação de importação de algo em torno de US$
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O que se criou foi uma homogeneidade de preços, em outras palavras, equilibrou o processo e ampliou nossa competitividade.
700 a US$ 900, o que, praticamente, dobrou o preço do produto deles, o que tornou mais difícil sua entrada no Brasil. Criou-se, então, uma reserva de mercado para os tubos nacionais? Não. Essa expressão“reserva de mercado” não se aplica a essa situação. O que se criou foi uma homogeneidade de preços, em outras palavras, equilibrou o processo e ampliou nossa competitividade. Lá nos Estados Unidos, um fabricante produz um tubo por US$ 2.000 a tonelada. O mesmo acontece na Europa, no México e na Argentina também. Agora, competir com alguém que vende tubos no seu país por US$ 1.200 a tonelada, não tem jeito de competir. Então, por meio de um processo antidumping o preço dos tubos chineses se equiparou, simplesmente, aos preços praticados em todos os mercados internacionais. Só isso. Os tubos deles chegam aqui por US$ 1.200, acrescenta-se os US$ 700 a US$ 900 de taxa de importação, bate nos US$ 1.950 a tonelada e pronto: não tem problema. Estabeleceu-se, simplesmente, uma situação de equilíbrio. Mas, apesar disso, há uma coisa que poderá desequilibrar essa conquista, que se chama “moeda”. Se, de repente, o dólar cai para patamares inferiores aos que temos hoje, o chinês volta a vender, porque
mesmo com esses US$ 700 a US$ 900 de taxa de entrada, mais o que ele consegue reduzir lá no custo dele, ainda vai dar para ele vender os tubos deles aqui. E com lucro, embora não acreditando nessa flutuação, jamais. E com relação aos graus de investimentos? Voltamos a ter condições de atrair capital estrangeiro? Bem, oportunidades para os investidores é o que não faltam. O Brasil tem muitas oportunidades para se ganhar dinheiro. Só que se coloque na posição de um investidor internacional, que tem muito dinheiro aplicado no Canadá, onde não tem crise há mais de 80 anos, na Finlândia, onde não tem crise faz 200 anos, na Dinamarca, na Noruega, na Austrália, na Áustria: eles não vão tirar o dinheiro deles desses países para colocá-los no Brasil, ainda mais com toda essa confusão na política e na economia. Nem a possibilidade de ganhos maiores aqui consegue estimular esse pessoal a investir aqui? Por hora, penso que não, porque não há garantia de retorno de capital. Temos que dar um pouquinho mais segurança para eles. Se você fizer uma rápida pesquisa no âmbito das multinacionais, vai constatar que as unidades que mais
dão lucro para elas estão no Brasil. O Brasil é uma façanha. Os estrangeiros ganham muito dinheiro aqui, porque lá fora está muito difícil ganhar dinheiro. Lá fora está tudo pronto e envelhecendo. Não há muita oportunidade em termos de aumentos de rentabilidade. Então, eles têm que sair de lá para fazer investimento em outro lugar, que poderia ser aqui. Só que falta organização e, também, nós termos mais respeito por nós mesmos. Então, só quando o nosso país virar nação que isso poderá mudar. Como assim “virar nação”? O Brasil já não “é” uma nação? Infelizmente, ainda não. Por enquanto, o Brasil é apenas um país. Virar nação não é apenas um país ter um território delimitado por referências geográficas, uma língua e uma população. É muito mais. Esse processo envolve questões outras e mais relevantes, relacionadas á cultura e à civilidade do povo. Vou dar um exemplo: tenho alguns amigos que moram nos Estados Unidos, na região onde agora há pouco passou o furacão. No dia seguinte, tinha filas para doar sangue, vizinhos, nem muito próximos daqueles que perderam suas casas, oferecendo lugar em suas próprias residências para as famílias desabrigadas. Isso é
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povo, isso é nação. E o exemplo vem de cima, dos políticos e governantes, que, vamos combinar, andam muito mais preocupados em se manter no poder do que em reestruturar a política e a economia brasileiras. OK! Mas, no seu entendimento, como (e quando) é que o Brasil vai virar uma nação? Isso só vai acontecer quando todos que aqui nascerem que têm identidade brasileira, passarem a torcer verdadeiramente pelo país e a adotar um único rumo de conduta, o rumo do bem. Veja bem, meu pai, que viveu quase 84 anos, nunca foi a uma delegacia, a não ser para tirar uma cédula de identidade ou um atestado de bons antecedentes. Ele nunca precisou de juiz, de carcereiro ou de um advogado para resolver questões criminais, a não ser para ver documentação para compra ou venda de um imóvel. Nem ninguém da minha
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família. As estruturas da minha família permitiram que ninguém precisasse de nada disso. Então, temos que promover por uma mudança profunda em nós mesmo. E não vai ser em dois dias que o Brasil vai conseguir fazer isso. Para virar verdadeiramente uma nação precisamos ser independentes, financeira e tecnicamente falando. Hoje, aplicamos muito pouco em investimento do nosso PIB em escolas e em bom ensino. “Sem rumo” e “à deriva” também parecem ser os sentimentos que melhor descrevem a situação dos brasileiros em relação à obrigatoriedade de escolher o novo presidente da República e os novos parlamentares nas eleições de 2018. Há uma nítida aversão aos partidos de centro-esquerda e até uma grita orquestrada que pede a volta dos militares ao poder, como se isso fosse a saída. Como você analisa essa situação?
O problema é que, atualmente, todas as instituições brasileiras e até mesmo as grandes empresas estão desmoralizadas frente à opinião pública. Enquanto isso, os empresários honestos, que constituem a grande maioria, continuam sempre expostos, desempenhando o papel de “cristo”, pagando sempre a conta. As coisas aqui simplesmente não se resolvem. Tudo é procrastinado, improvisado e mal feito. E quando as coisas não se resolvem, é que se buscam mudanças, essas guinadas direcionadas para a extrema direita, como essas que você mencionou, porque as pessoas querem saídas. Só que não temos referências. O Brasil, como está, está sem rumo. As pessoas de nações genuínas, nas quais o país virou nação, conseguem ouvir opiniões divergentes e dizem “OK! Sua opinião é boa. Mas eu prefiro a minha opinião.” Ou, então, admitir: “Realmente, a sua opinião é melhor.” Mas nós não con-
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seguimos fazer isso ainda. Então, para muita gente, o exercício da democracia acaba se tornando uma coisa irreal e difícil. Então, voltando àquilo que eu falei há pouco, não tem jeito: o Brasil precisa virar nação. Precisamos mudar esse conceito. E o presidente que a gente colocar lá no Planalto em 2018, seja ele quem for, tem que ter plena consciência, e mais, convicção disso. Ele tem que ir para a cama de noite dizendo “Tenho orgulho de ser Presidente da República Federativa do Brasil e uma grande, enorme responsabilidade por isso!”. Você acredita que as reformas vão contribuir para isso? Bem, sem dúvida o Brasil está se modernizando. Mas não porque nós estamos querendo e, sim, porque o mundo quis e quer assim. Porque o mundo está precisando das nossas reformas hoje em dia. O mundo não está querendo mais um Brasil – que é quase uma América inteira, com quase 70% de alguns dos mercados da América do Sul – vivendo uma realidade retrógrada. Primeiro, precisávamos da trabalhista, que foi minimamente realizada. E a segunda é a reforma política. Não tem jeito, enquanto existirem 30 e tan-
tos partidos, o Brasil vai continuar na mesma. Essas reformas têm que existir. Porque em qualquer país do mundo – o Canadá, por exemplo, faz mais de 80 anos que não tem crise – as reformas são feitas todos os dias. É interesse do país, da nação e do povo? Então, que se faça a reforma. Falando especificamente da reforma trabalhista, como você avalia a qualidade do texto que foi aprovado? Olha, costumo dizer que, na reforma trabalhista, nós necessitávamos de um avanço da largura do rio Amazonas, só que paramos no meio. E quem quiser chegar à outra margem, vai ter que ir a nado – se conseguir chegar, tudo bem; senão, morre. Ela foi feita de forma improvisada, como quase tudo que se faz no Brasil. Ela precisava ter sido feita de maneira mais integral, só que acabará “desnatada”, magra, pequenina, miúda. Sim, a reforma trabalhista, sem dúvida, trouxe um grande avanço no sentido de facilitar a relação entre empregado e empregador e, com certeza, criará novas vagas de empregos. Mas ela deveria ter criado mais autonomia nas relações e menos envolvimento dos sindicatos e estados.
Mas você se alinha ao pensamento de muita gente de que, pelo menos, alguma reforma foi feita? De modo algum. Esse é o problema, a “filosofia” do brasileiro: ele nivela tudo por baixo e se contenta com pouco. O problema é que a próxima reforma trabalhista só vai acontecer daqui a 50 anos. E, enquanto isso, vamos ficando para trás em termos de desenvolvimento na escala de competitividade. Segundo o Fórum Econômico Mundial, em 2012 ocupávamos o 48º lugar e, agora, ocupamos a 57ª posição – perdemos até para o Panamá, Costa Rica e Barbados. Junto com a reforma da trabalhista, se a reforma da previdência for aprovada, poderemos, sim, conseguir avançar um pouco. Mas, se falarmos em reforma política, estamos regredindo. E a tributária inexiste. Como você analisa alguns pontos da nova legislação trabalhista, que entra em vigor agora em novembro, relacionados ao papel dos sindicatos, que, ao que tudo indica, vai diminuir bastante? Veja bem, eu sou empresário, com 43 anos de empresa, mas tenho que dizer uma coisa: os sindicatos têm que existir, para proteger e representar os trabalhadores. Porque, senão, tem muita gente mal intencionada, que vai prejudicar seus funcionários. Mas tem que ter uma vigilância perfeita, séria, que diga “não” o peleguismo. Sim, temos que ter sindicatos, mas não esse excesso de entidades, confederações e centrais sindicais que temos hoje. Das 14.000 entidades desse tipo que existem hoje no Brasil, quando muito existem 1.000 que trabalham em prol dos trabalhadores. O mesmo acontece com o excesso de número de partidos: existem uns três ou quatro sérios e os outros existem só para criar problemas e atrapalhar a vida de todos. Tudo isso tem que mudar. E para ontem.
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Legislação
Como as empresas estão se armando contra a corrupção A Lei nº 12.846/2013 chamada Lei Anticorrupção, que estabelece a prática do compliance entrou em vigor no final de agosto de 2013 e agora está entrando na moda. Marcia V. Vinci*
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Diante dos polêmicos, eu diria assustadores acontecimentos nos últimos tempos,“batizado” como LAVA JATO, vale a pena falar um pouco mais sobre essa lei, que embora seja de 2013, muitos empresários a desconhecem e ainda é pouco discutida na esfera empresarial. Vou tecer alguns comentários com o intuito de alertar as empresas brasileiras que independente do tamanho que sejam, devem se precaver com mecanismos de controles internos em relação às formas de fazer negócios. A Lei Anticorrupção surgiu para que as pessoas jurídicas não sejam responsabilizadas no âmbito administrativo e civil, por atos nocivos praticados em seu interesse ou em seu benefício exclusivo, estabelecendo preceitos para que os negócios sejam garantidos. Importante esclarecer que a lei anticorrupção não pune apenas corrupções, mas também toda e qualquer fraude contra administração pública em seus negócios, no controle e análise de papéis, nos projetos e procedimentos internos, conscientizando os colaboradores das empresas, gestores e alto escalão, sobre o mais amplo aspecto da legislação. O que se tem adotado por muitas
empresas, interna e externamente, no combate a corrupção é a prática do compliance. O termo compliance tem origem do verbo em inglês to comply, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido. Estar em compliance é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. Essa prática corporativa pode ser administrada por um departamento interno da empresa ou o serviço ser terceirizado, esse departamento irá analisar o comportamento da empresa de acordo com a legislação e regras de conduta administrativa e legais. Essas regras podem ser externas (estado, cidade ou país) ou internas (regras da própria empresa). A prática do compliance é parecida com a auditoria, com intuito de analisar de forma periódica informações, posicionamentos internos ou externos, bem como, se estão de acordo com os preceitos determinados. A Lei sugere que o controle deve existir por parte dos dirigentes das empresas partindo da “alta direção”, determinando padrões de conduta, estabelecendo canais de denúncia de forma
independente com o intuito de manter a integridade periódica de controle, de violação das regras, para que os danos sejam apurados, cessados e resolvidos. A dúvida é por que uma grande, média ou até mesmo uma pequena empresa, resolve fazer coisas que na maioria das vezes sabem que é errado. Agindo dessa forma e arriscando ter uma queda significativa em seus negócios, certamente arcar com os prejuízos dos possíveis processos judiciais que provavelmente aparecerão, alem de possíveis prisões dos executivos da empresa. Nos casos de compliance em que as falhas são intencionais, como se tem visto de forma terrível, em todos os jornais, televisões e mídias em geral no Brasil, escancarado para a população, os executivos do alto escalão das empresas acreditam ou acreditavam na palavra impunidade, como aquele dito popular - “isso não vai dar em nada”, “uma propina aqui outra ali”. Será que não vai dar em nada? A forma com que muitas empresas usam para escapar de um imposto aqui, outro ali, essas decisões são tomadas em um determinado momento, sem pensar nas conseqüências, sem imaginar as
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punições, colocando em risco a possível sobrevivência da empresa. Acredito que mesmo sabendo que a fase “Lava Jato” é benéfica no sentindo de passar a limpo tanta corrupção e falcatruas desnecessárias para o crescimento das empresas, por outro lado é horrível saber que grandes empresas se utilizam de meios fraudulentos para crescer. Esperamos que isso sirva de lição aos empresários envolvidos e para outros que por sua vez, abismados com os últimos acontecimentos, fiquem atentos para que as companhias utilizem as regras de compliance, para não passar pelos mesmos problemas. A empresa responderá por atos de corrupção, por suborno com pagamento de propina da empresa a um funcionário público, mesmo se não houver envolvimento direto por parte dos representantes ou donos. A empresa será responsabilizada se o Estado provar que ocorreu o ato de corrupção por um funcionário direto ou por um empregado terceirizado. A companhia responderá por qualquer ato que beneficie a empresa, mesmo sem o consentimento dos responsáveis. Na esfera administrativa as penas aplicadas são: multas que podem chegar a 20% do faturamento bruto anual da empresa ou até 60 milhões de reais quando não for possível calcular o faturamento bruto.
Na esfera judicial pode ser aplicada a dissolução compulsória da pessoa jurídica e se a empresa ajudar nas investigações, ela pode conseguir uma redução da pena ou tentar evitar o pagamento das multas através dos chamados acor-
dos de Leniência. Não havendo acordo no âmbito judicial, as penas serão as seguintes: perda dos bens; suspensão das atividades da empresa e dissolução compulsória; proibição de recebimento de incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, por prazo determinado. Esses acordos de Leniência ocorrem quando um acusado participa do processo de investigação de um crime de ordem econômica. O acordo é firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico – SDE, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE e pessoas físicas ou jurídicas que são autoras de crimes no âmbito econômico. Espero que este artigo seja útil e sirva de alerta para todas as companhias do nosso país. *Marcia V. Vinci é advogada pós graduada em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Trabalhou no TRT/SP e é especialista em Direito Civil, Contratos Administrativos (pessoas Físicas e Jurídicas), Negociações e Cobranças, Direito da Família e Sucessões e Direito do Consumidor. É responsável pelo Departamento Jurídico da Grips Marketing e Negócios. e-mail:marcia@grips.com.br
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Os tubos de
aço
carbono com costura
Artigo Técnico
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Tubos de aço com costura são produtos fabricados a partir chapas metálicas, têm inúmeras aplicações e a cada dia ganham mais importância no cenário empresarial. Neste artigo o autor fornece informações básicas sobre as matérias primas empregadas, a produção e as normas observadas para cada caso. Ciro de Toledo Piza Tebecherani*
P
Processos de fabricação Os tubos que iremos comentar, são chamados de “com costura”. Esta é uma denominação errônea para o material, porém o nome se consolidou tal como “xerox”. Esta denominação veio de muito tempo atrás, quando o processo utilizado era de baixa frequência (50 ou 60 hz) o que dava ao material uma aparência de material “costurado”. Hoje o processo é realizado com solda longitudinal pelo processo E.R.W. (Solda por Resistência Elétrica) com alta frequência, que garante a homogeneidade da matéria-prima com a solda, o que confere excelentes características aos produtos. Os processos de fabricação para obtenção do produto final variam de acordo com a norma em que o tubo vai ser fabricado. Os tubos podem ser produzidos em uma variada gama de matérias-primas (tipo de aço utilizado), que são normalmente fornecidas segundo especificações ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), ASTM (American Society for Testing and Materials), DIN (Deustaches Institute for Normuns), API (American Petroleum Institute), AISI (American Institute of Steel and Iron), SAE (Society of Automotive Engineers), e outras. A matéria-prima utilizada é apresentada em forma de bobinas, que são classificadas em dois grandes grupos: BF – BOBINA LAMINADA A FRIO: possuem uma cor clara, sendo necessário alguns cuidados especiais aos tubos produzidos nesta matéria-prima, pois ela é altamente susceptível a oxidação (corrosão, ferrugem). Os tubos produzidos a partir desta matéria-prima devem ser armazenados e transportados sempre evitando a umidade, senão tendem a amarelar, o que pode causar sérias consequências na utilização final sobre o produto. Estas bobinas são produzidas normalmente em espessuras abaixo de 2 mm e possuem melhor tolerância dimensional e acabamento. Devido a seu processo de fabricação caso suas dimensões sejam maiores seu custo final também será maior.
BQ – BOBINA LAMINADA A QUENTE: Possuem uma cor escura e são menos susceptíveis a oxidação. Os tubos podem ser armazenados e transportados em condições normais até mesmo em céu aberto (por pouco tempo) sem ter sua qualidade prejudicada. Estas bobinas são produzidas normalmente em espessuras acima de 2 mm e não possuem uma tolerância dimensional tão restrita quanto as BF, sendo que são também denominadas de BG (Bobinas Grossas), quando a espessura for superior a 5 mm. Quando for necessário em uma espessura de BQ uma melhor condição dimensional podemos fazer uma relaminação a frio da chapa. Este processo também é utilizado para se obter espessuras não fornecidas pelas Usinas. As chapas relaminadas a frio são chamadas de RL. Quando os tubos de condução são zincados a quente (galvanizados a fogo como são popularmente conhecidos) não temos a preocupação com a superfície do tubo. Devemos apenas tomar pequenos cuidados quanto ao seu armazenamento. Nos dois casos a verificação da qualidade da solda e/ou do produto final pode ser feita através de ensaios destrutivos e/ou ensaios não destrutivos, que podem ser: • ELETROMAGNÉTICO: através de correntes parasitas ,testa o tubo quanto a descontinuidades. Não garante a estanqueidade, porém é admitido como o teste opcional ao hidrostático na maioria das normas de condução, devido a sua grande velocidade de execução. • HIDROSTÁTICO: Consiste em testar o tubo a uma determinada pressão hidráulica para garantir a estanqueidade do tubo. • PNEUMÁTICO: Similar ao hidrostático, só que utilizando ar comprimido e por consequência pressões mais baixas. • ENSAIOS DESTRUTIVOS: durante o processo de fabricação, são realizados vários ensaios mecânicos destrutivos em amostras retiradas durante a produção, tais como alargamento, flangeamento, etc. SETEMBRO/OUTUBRO 2017 SIDERURGIA BRASIL 17
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Normas Técnicas observadas Existe uma gama muito grande de fabricação de tubos de aço com costura, porém os que realmente nos interessam são os de condução que será a linha que iremos trabalhar. É importante salientar que, desde a publicação das Portarias no 169 de 23 de maio de 2007 e no 235 de 30 de junho de 2008, do INMETRO, e atualmente a Portaria nº 246 de 03 de junho de 2016, os fabricantes e importadores de Tubos de Aço-Carbono para Usos Comuns e para Tubos de Aço-Carbono para Usos em Altas Temperaturas, só deverão comercializar no território nacional tubos de aço-carbono com certificação do INMETRO. Com isso, muitas das normas de condução aqui citadas não devem mais serem comercializadas. No endereço http://www.inmetro.gov.br/qualidade/ rtepac/compulsorios.asp existe a relação completa dos produtos com certificação compulsória para poderem ser comercializados no Brasil. As normas brasileiras citadas, estão com as referências atualizadas até AGOSTO de 2017, e mesmo cuidado foi tomado para outras referências internacionais, porém algumas normas internacionais podem estar desatualizadas.
Os tubos de aço carbono com solda longitudinal são classificados de várias maneiras, aqui adotaremos a mais convencional, dividindo os mesmos em: A. Industriais São produzidos para as mais diversas aplicações, desde tubos sem requisitos até tubos para troca térmica e estruturais. A1. Industriais – Mecânicos NBR 6591 de 07/2008 Título: Tubos de aço-carbono com solda longitudinal de seção circular, quadrada, retangular e especial para fins industriais – Especificação. Objetivo: Fixa as características e medidas dos tubos de aço-carbono, soldados por resistência elétrica ERW (Electric Resistance Welded), de seção circular, quadrada, retangular e especial, obtidos a partir de bobinas e chapas de aço laminadas a frio, a quente ou revestidas, para aplicações industriais em geral. Mediante acordo prévio, formatos especiais, assim como outras dimensões além das especificadas no anexo A, podem ser fornecidas. As dimensões e as tolerâncias para formatos especiais devem ser acordadas.
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Tubos para aplicações diversas sem exigência de acabamento e propriedades mecânicas, com composições químicas definidas. ASTM A513/A513M de 2015 Standard Specification for Electric-Resistance-Welded Carbon and Alloy Steel Mechanical Tubing Tubos para uso mecânicos diversos. A2. Industriais – Estruturais NBR 8261 de 07/2010 Título: Tubos de aço-carbono, formado a frio, com e sem solda, de seção circular, quadrada ou retangular para usos estruturais. Objetivo: Estabelece os requisitos exigíveis para encomenda, fabricação e fornecimento de tubos de aço-carbono, formado a frio, com e sem solda, de seção circular, quadrada e retangular, destinado a aplicação em estruturas soldadas, parafusadas e rebitadas. Para aplicação desta Norma em estruturas soldadas sujeitas a carregamento dinâmico em ambientes de baixa temperatura, o produtor deve ser previamente consultado. Tubos para aplicações diversas aplicações estruturais. ASTM A500/A500M de 2013
Standard Specification for Cold-Formed Welded and Seamless Carbon Steel Structural Tubing in Rounds and Shapes Tubos para uso estrutural em vários graus de matéria-prima, com propriedades mecânicas definidas. A3. Industriais – Troca Térmica ASTM A214/A214M-96 de 2012 Standard Specification for Electric-Resistance-Welded Carbon Steel Heat-Exchanger and Condenser Tubes Tubos para uso em trocadores de calor e condensadores. ASTM A178/A178M-02 de 2012 Standard Specification for Electric-Resistance-Welded Carbon Steel and Carbon-Manganese Steel Boiler and Superheater Tubes. Tubos para caldeiras, superaquecedores e vasos de pressão, em vários graus de matéria-prima. DIN 1615, 1984-10 Welded circular unalloyed steel tubes not subject to special requirements; technical delivery conditions Tubos não sujeitos a requisitos especiais, na matéria-prima ST 33 (baixo carbono). DIN EN 10220 de 2003
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Seamless and welded steel tubes – Dimensions and masses per unit length Tubos não sujeitos a requisitos especiais A4. Industriais – Precisão dimensional NBR5599-2 de 08/2012 Título: Tubo de aço-carbono de precisão – Parte 2: Tubos trefilados a frio com solda longitudinal Objetivo: Esta parte da NBR5599 especifica os requisitos exigíveis de fornecimento para tubos de aço-carbono com solda longitudinal, trefilados a frio, de seção transversal circular, para aplicação precisa com diâmetro externo especificado < ou = 15 mm. NBR5599-3 de 02/2014 Título: Tubo de aço-carbono de precisão – Parte 3: Tubos calibrados a frio, com solda longitudinal Objetivo: Esta parte especifica os requisitos exigíveis de fornecimento para tubos de aco-carbono com solda longitudinal, calibrados a frio, de seção transversal circular, para aplicação de precisão com diâmetro externo especificado D menor igual 193,70 mm. Esta parte também pode ser aplicada
a outros tipos de tubos de seção transversal, não circulares, exceto de seções quadradas e retangulares. Os tubos, de acordo com este documento, são caracterizados por terem tolerâncias precisamente definidas nas dimensões. Podem ser utilizados em veículos, moveis e industrias gerais de engenharia. Condução São utilizados para condução de gases e líquidos não corrosivos e sólidos em suspensão. Temos que ficar atentos pois a certificação compulsória de tubos de aço-carbono para usos comuns na condução de fluídos. NBR 5580 de 09/2015 Título: Tubos de aço-carbono para usos comuns na condução de fluidos – Especificação. Objetivo: Estabelece os requisitos exigíveis para fabricação e fornecimento de tubos de aço carbono, com ou sem solda longitudinal, com ou sem revestimento protetor de zinco, para condução de água, gás, vapor e outros fluidos não corrosivos. Os tubos mencionados nesta Norma são aptos para serem ranhurados segundo a ISO 6182-12 ou rosqueados segundo a NBRNM-ISO 7-1. Estes tubos não
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são aptos a serem curvados e formarem serpentinas. Para este material, não há garantia de cumprimento de valores determinados de resistência mecânica, nem são emitidos certificados de ensaios de material. Tubos de condução, sem matéria-prima especificada, nas séries leve, media e pesada. Podem ser fornecidos com extremidades lisas, chanfradas ou com rosca (com ou sem luva). NBR 5590 de 10/2015 Título: Tubos de aço-carbono com ou sem solda longitudinal, pretos ou galvanizados — Requisitos. Objetivo: Esta Norma estabelece os requisitos exigíveis para fabricação e fornecimento de tubos de aço-carbono, com ou sem solda longitudinal, pretos ou galvanizados, para condução de fluidos não corrosivos sob pressão e aplicações mecânicas, sendo também aceitável para uso comum em linhas de vapor, água, gás e ar comprimido. Tubos de condução nos graus A e B, com composição química e propriedades mecânicas definidas. Sendo o de grau A apto a ser dobrado, flangeado e serpentinado; e o grau B podendo sofrer dobramento e flangeamento limitados. Pode ser fornecido com extremidades lisas, chanfradas ou com rosca (com ou sem luva). Esta norma é similar a ASTM A53.
Petrolíferos Usados para exploração, produção e condução de petróleo, seus derivados, sub produtos e equivalentes. API 5 CT Specification for Casing and Tubing – Petroleum and natural gas industries—Steel pipes for use as casing or tubing for wells Tubos destinados a revestimento de poços (CASING) e a produção (TUBING). Podem ser fornecidos em vários graus de matéria-prima. API 5 L Specification for Line Pipe – Petroleum and natural gas industries—Steel pipe for pipeline transportation systems Tubos para condução de fluidos em refinaria de petróleo, transporte de água, gás natural ou mesmo outros gases. Podem ser fornecidos em vários graus de aço. Eletrodutos São utilizados para a proteção de condutores elétricos (cabos e fios). NBR 5597 de 09/2013 Título: Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca NPT – Requisitos. Objetivo: Esta Norma estabelece os requisitos exigíveis para fabricação e fornecimento de eletrodutos de aço-carbono, fabricados de tubos com ou sem solda longitudinal,
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Artigo Técnico
com revestimento protetor, utilizados para proteção de condutores elétricos, cabos de comunicação, transmissão de dados e similares. O revestimento protetor da superfície externa pode ser de zinco ou tinta, da mesma forma para a superfície interna, podendo ainda ser uma combinação de ambos os revestimentos. Os eletrodutos considerados nesta Norma são aptos para receber roscas cônicas NPT (National pipe taper), conforme ANSI/ASME B1.20.1, e para ser curvados, respeitado o raio mínimo equivalente a 8 vezes o diâmetro externo do eletroduto. Tubos galvanizados nas séries extra e pesada, para proteção de condutores elétricos. O aço utilizado é de baixo teor de carbono e eles são aptos a serem curvados. Podem ser fornecidos com pontas lisas ou com rosca (com ou sem luva). NBR 5598 de 07/2006 Título: Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca BSP – Requisitos. Objetivo: Estabelece os requisitos exigíveis para fabricação e fornecimento de eletrodutos de aço-carbono, fabricados de tubos com ou sem solda longitudinal e seus acessórios (luvas, curvas e niples), com revestimento protetor, utilizados para proteção de condutores elétricos, cabos de comunicação, transmissão de dados e similares. O revestimento protetor da superfície externa pode ser de zinco ou tinta, da mesma forma para a superfície interna, podendo ainda ser uma combinação de ambos os revesti-
mentos. Os eletrodutos considerados nesta Norma são aptos para receber roscas cênicas BSP (British standard pipe), conforme NBRNMISO7-1, e para ser curvados, respeitando o raio mínimo interno equivalente a 8 vezes o diâmetro externo do eletroduto. Tubos galvanizados para proteção de condutores elétricos. O aço utilizado é de baixo teor de carbono e eles são aptos a serem curvados. Podem ser fornecidos com pontas lisas ou com rosca (com ou sem luva). Chamamos a atenção para: Muitas vezes os especificadores, distribuidores e compradores utilizam alguns termos errados. Os principais são: • Solicitar um tubo SCH (se lê squédule), por exemplo um tubo SCH 40 de 1” significa um tubo ASTM A 53 SCH 40 de 1”, onde o NBR 5590 Série 40 é o mesmo tubo. • Algumas poucas vezes, o comprador ou especificador quando pede SCH pode também estar querendo um tubo sem costura, porém SCH está relacionado com a pressão de trabalho do tubo e não se ele é com ou sem costura. • Querer um tubo médio ou pesado é o mesmo que querer um tubo NBR 5580 classe média ou pesada. Nas normas acima citadas foram colocados mês, ano e título, da norma vigente sendo que para as normas brasi-
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leiras foi acrescentado também o objetivo da norma e em itálico algum comentário sobre as mesmas. Informações Técnicas 4.1 Cálculo do Peso Teórico de um Tubo Redondo de Aço Carbono P = 0,0246615 x (D - e) x e Sendo: P = Peso do tubo em Kg/metro. D = Diâmetro externo do tubo em mm. e = Espessura da parede do tubo em mm. Obs: estamos considerando tubos de aço preto e não galvanizados onde teremos um pequeno acréscimo no peso por metro. 4.2 Raio de Canto Teórico dos Tubos Quadrados e Retangulares. Normalmente os fabricantes possuem um padrão interno para a fabricação de tubos quadrados e retangulares de forma que o seu raio de canto deva ser de aproximadamente duas vezes a espessura de parede. Este valor também é especificado em algumas normas de fabricação. Ex: Raio de Canto na norma ASTM A 500, até 3 vezes a espessura (máximo admitido). O raio de canto poderá ser maior ou menor que o mencionado anteriormente dependendo da exigência da norma ou do processo de fabricação. 4.3 Cálculo do Diâmetro Equivalente de um Perfil Quadrado Para se saber qual é o diâmetro de origem de um tubo quadrado devemos utilizar a seguinte fórmula: Sendo: De = 1,27 x L De = Diâmetro Equivalente L = Lado do Perfil Quadrado OBS.: Consideramos o raio de canto igual a 2 vezes a espessura.
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4.4 Cálculo do Diâmetro Equivalente de Perfil Retangular Para saber qual é o diâmetro de origem de um tubo retangular, devemos utilizar a seguinte fórmula: Sendo: De = 1,27 x (L1 + L2) / 2 De = Diâmetro Equivalente L1 = Lado Maior do Perfil Retangular L2 = Lado Menor do Perfil Retangular OBS.: Consideramos o raio de canto igual a 2 vezes a espessura. 4.5 Cálculo do Peso Teórico de um Tubo Quadrado P = 0,0246615 x (1,27 x L - e) x e Sendo: P = Peso em kg/metro L = Lado do Quadrado (mm) e = espessura do Tubo (mm) OBS.: Consideramos o raio de canto igual a 2 vezes a espessura. 4.6 Cálculo do Peso Teórico de um Tubo Retangular P = 0,0246615 x (1,27 x (L1 + L2) - e) x e 2 P = Peso em kg/metro L1 = Lado maior (mm) L2 = Lado menor (mm) e = Espessura (mm) 4.7 Diâmetro Nominal / Real e Schedule Diâmetro Nominal, também chamado de “Tamanho Nominal”, é o termo consagrado comercialmente para designação do diâmetro dos tubos de condução, eletroduto e petrolífero. Às vezes é também designado como “Bitola”, porém na terminologia técnica brasileira, o termo “bitola” deve ser evitado. OBS.: O diâmetro nominal não corresponde a medida efetiva ou real da circunferência externa do tubo, vide ta-
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Artigo Técnico bela abaixo, tão pouco a interna, pois está muda em função da espessura de parede do tubo. DIÂMETRO EXTERNO (mm) para tubos de condução DIAMETRO NOMINAL Pol (NPS)
TAMANHO NOMINAL Mm (DN)
NBR 5580
NBR 5590
1/8
6
10,20
10,29
1/4
8
13,50
13,72
3/8
10
17,20
17,25
1/2
15
21,30
21,34
3/4
20
26,90
26,67
1
25
33,70
33,40
1 1/4
32
42,40
42,16
1 1/2
40
48,30
2
50
2 1/2
65
B 36.10 (a norma brasileira NBR 5590 também segue este padrão). Nas normas europeias (DIN, BS e outras), bem como nas normas brasileiras (ABNT) não é comum a designação das espessuras em Schedule e sim conforme recomendação da ISO (INTERNACIONAL STANDARDZATION ORGANIZATION) que estabelece classes de espessuras, que são definidas conforme tabela de cada norma. Por exemplo, na NBR 5580 temos classes leve, média e pesada. As tabelas a seguir fornecem a espessura de parede dos tubos em função do diâmetro nominal (em polegadas) e o Schedule do tubo de aço-carbono e em função da classe do tubo. SCH 40
SCH 80
LEVE
MÉDIO
PESADO
48,26
DIAMETRO NOMINAL
60,30
60,32
1/8
1,73
2,41
1,80
2,00
2,65
76,10
73,03
1/4
2,24
3,02
2,00
2,25
3,00
3/8
2,31
3,20
2,00
2,25
3,00
1/2
2,77
3,73
2,25
2,65
3,00
3/4
2,87
3,91
2,25
2,65
3,00
1
3,38
4,55
2,65
3,35
3,75
1 1/4
3,56
4,85
2,65
3,35
3,75
3
80
88,90
88,90
3 1/2
90
101,60
101,60
4
100
114,30
114,30
5
125
139,70
141,30
6
150
165,10
168,28
8
200
219,1
10
250
273,0
2 1/2
5,16
7,01
3,35
3,75
4,50
12
300
323,8
3
5,49
7,62
3,35
4,00
4,50
14
350
355,6
3 1/2
5,74
8,08
3,75
4,25
5,00
16
400
406,4
4
6,02
8,56
3,75
4,50
5,60
5
6,55
4,75
5,60
6
7,11
5,00
5,60
18
450
457,0
20
500
508,0
24
600
610,0
26
650
660,0
Schedule é a denominação dada ao resultado arredondado a dezena calculado pela fórmula: SCH = P / S onde P é a pressão de trabalho do tubo e S é a tensão correspondente a 60% do limite de escoamento do material a 20 Graus C. Portanto para um mesmo diâmetro externo de um tubo de condução, quanto maior o SCH maior a espessura de parede em relação ao seu diâmetro. O Schedule define, portanto, a espessura de parede do tubo de condução, sendo que os valores estabelecidos para cada Schedule (espessura) nos vários diâmetros são tabulados e convencionados nas normas correspondentes. Por exemplo, os tubos das normas americanas (carbono – ASTM), seguem o padrão definido na norma ANSI
1 1/2
3,68
5,08
3,00
3,35
3,75
2
3,91
5,54
3,00
3,75
4,50
*Ciro de Toledo Piza Tebecherani é engenheiro metalúrgico formado pela Universidade Mackenzie, com MBA em Marketing pela FGV, Pós-Graduado em Administração pela UNIP e MBA em Gestão Financeira, Auditoria e Controladoria pela FGV. Tendo iniciado a sua carreira na Persico Pizzamiglio na área técnica (onde trabalhou por 6 anos com tubos de aço), depois na Tupy Fundições (por 16 anos em conexões de ferro maleável) onde desempenhou funções nas áreas de Engenharia de Aplicação, Normalização, Assistência Técnica e Orientação em Projetos, passando também pela área comercial. Faz 7 anos que assumiu a diretoria na Genebre do Brasil empresa multinacional fabricante de válvulas. Email: ciro@genebre.com.br BIBLIOGRAFIA Catálogos Técnicos da Persico Pizzamiglio Normas Técnicas Desenhos: Mário Aparecido Pereira
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Desenvolvimento
O retorno ao crescimento da indústria automobilística Os bons resultados obtidos pelo setor automotivo dos últimos meses, aliados ao sucesso da feira de veículos pesados que aconteceu nos últimos dias em São Paulo, projetam uma nova onda de otimismo ao segmento. Henrique Pátria*
A
Por sua vez, na recente feira Fenatran acontecida em São Paulo, voltada para o segmento dos transportes pesados, onde se destacam os caminhões, toda a euforia com este novo momento estava estampada nos diversos stands com inúmeros lançamentos e muitas novidades. A área de caminhões dentro do setor automotivo, foi
uma das que mais sofreu com a crise econômica, mas agora esta demonstrando que rapidamente quer retomar seu lugar na economia. Não podemos nos esquecer que o Brasil é um país continente com uma malha rodoviária de milhares de quilômetros e, ao contrário de outras economias, ainda priorizamos o transporte
Foto: Divulgação Mercedes-Benz
Após exibir resultados muito positivos em setembro, quando foi divulgado o crescimento na produção de veículos na ordem de 39% em relação a setembro do ano passado, a indústria automobilística já dá mostras concretas de que está começando a viver uma nova onda de desenvolvimento, desta vez com muita consistência.
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da grande maioria de toda nossa produção em todos os segmentos através de caminhões. Na indústria siderúrgica, segundo os últimos dados que disponho acerca do assunto passa de 70% o transporte de todo o aço produzido no Brasil, por via rodoviária, ou seja, através de caminhões. Com este novo panorama, a partir do início de outubro, as montadoras de caminhões vinham anunciando novos investimentos e novos lançamentos para recompor a sua posição o que coroou-se com a exibição apresentada na recente Feira. Para citar um exemplo, a Mercedes-Benz lançou sua linha de caminhões 2018, com quase 30 novos recursos de tecnologia, conforto, segurança, desempenho e economia para as famílias Accelo, Atego, Axor e Actros. Segundo a empresa, as novidades dos caminhões da marca atende às demandas e expectativas dos clientes. Dessa forma, eles
estão totalmente atualizados e sintonizados com as reais necessidades do transporte de carga no País, tendo como base o mote “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve”. Ainda, segundo a empresa, visando conectividade e interatividade cada vez maior com os motoristas, autônomos, frotistas e gestores de frota e manutenção, a Mercedes-Benz é a primeira marca de veículos comerciais do País a lançar um programa de fidelidade e recompensas para clientes. Essa iniciativa é uma continuidade da campanha Mercedeiros de Verdade, que em pouco mais de dois meses do lançamento do seu App já acumula mais de 13.000 downloads. Após a fase promocional da campanha – que irá até 31 de janeiro de 2018 e que envolve brindes instantâneos e cupons virtuais para sorteios dos caminhões Accelo e Actros e de dois veículos Vito – os clientes passam a contar com um programa de fidelidade e recom-
pensas definitivo, de fábrica, inédito no segmento e de abrangência nacional, trazendo vantagens e recompensas para os participantes. No stand, ainda foram demonstrados uma ampla abrangência do portfólio para caminhões. Entre os destaques estão: a nova funcionalidade de Telediagnose do FleetBoard, a Oficina de Alta Performance, Serviços Dedicados e Kits de peças genuínas por segmento. Já a Man Latin América, responsável pelos caminhões Volkswagen e Man apresentou, segundo a empresa, o maior número de novidades em sua história, com atrações desde o segmento leve até o extrapesado. Foram mais de 40 unidades a disposição para o grande publico que visitou seu stand. A nova família Delivery fez o seu lançamento mundial e apresentou o caminhão elétrico, o e-Delivery, que vai começar a operar nas ruas do país no próximo ano em clientes estratégicos.
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Foto: Divulgação MAN Caminhões
Desenvolvimento
além do pacote Robust, que combina robustez ao melhor valor de aquisição para as mais diversas aplicações, e estreias entre os vocacionais Compactor, Constructor e Canavieiro. Já para cargas sensíveis e otimizadas, como 30 pallets, a grande novidade é o VW Constellation 25.420 6x2 Pusher com suspensão pneumática integral. Conforto e dirigibilidade são palavras de ordem no modelo, que chega com entre eixo mais curto, atendendo ao segmento de 30 pallets com a mesma capacidade do tanque de combustível que o consagrado VW Constellation 25.420 6x2.
Foto: Divulgação Volvo
Entre os extrapesados, o destaque foi para o protótipo Constellation 33.440 Tractor, que celebra a sinergia do grupo VW Truck & Bus ao reunir, num mesmo veículo, o moderno chassi e motorização MAN com a renomada cabine Constellation, num projeto totalmente novo e concebido em parceria entre a engenharia brasileira e alemã. Destinado às operações de cana-de-açúcar e madeira, o veículo atende a uma aplicação tipicamente brasileira. A linha Constellation traz também outras novidades que ampliam a produtividade com novas versões 8x2,
A Volvo foi outra grande montadora presente à feira e em seu stand foram expostos 11 caminhões da marca, a começar pelo Performance Edition, uma edição especial do FH, dando inicio a comemoração dos 90 anos da Volvo Trucks. “É uma série limitada de veículos exclusivos, repletos de novas tecnologias e com uma configuração única para celebrar esta data e o melhor caminhão do mundo”, diz Daniel Mello, gerente de marketing da Volvo no Brasil. Também estará exposto um dos primeiros modelos de caminhões da Volvo, o Série 2, produzido em 1928. A empresa também apresentou novas tecnologias que estão embarcadas nos modelos de sua linha dentre os quais o Assistente de Direção, um dispositivo de última geração voltado para o transporte de cana-de-açúcar. A tecnologia auxilia o motorista a não passar por cima dos brotos da plantação, um grave problema da indústria canavieira, responsável por enormes prejuízos no setor. “A Volvo está sempre oferecendo o melhor em novas tecnologias, visando constantemente aumentar a produtividade do transportador”, destaca Bernardo Fedalto, diretor comercial de caminhões Volvo. Também foi apresentado o primeiro caminhão autônomo já testado em uma operação real e comercialmente viável para o setor de transporte no Brasil. O novo veículo é dirigido também para o segmento sucroalcooleiro, um dos mais importantes do agronegócio. Como a conectividade está em moda, a Volvo também está conectada e lançou a Manutenção Inteligente é uma central de monitoramento conectado e de planejamento e agendamento de manutenções preventivas para os caminhões. O serviço é voltado para os veículos que tenham planos de manutenção da marca. A Volvo também lançou a Gestão de Combustível, uma consultoria remota de consumo de combustível, criada para reduzir gastos com diesel, que chegam a representar 50% dos custos do transportador.
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vezes campeĂŁo do Rally dos SertĂľes. Com peso bruto total de 6.800 kg, o F-4000 4x4 transporta uma carga Ăştil mais carroceria de 3.810 kg. Tem motor Cummins 2.8 de 150 cv, transmissĂŁo de cinco velocidades da Eaton e vem equipado de sĂŠrie com freios ABS com distribuição eletrĂ´nica e ar-condicionado. Ainda como novidades nesta ĂĄrea de transportes, a DAF - Paccar Company, que tem fĂĄbrica instalada na cidade de Ponta Grossa no ParanĂĄ anunciou o lançamento de trĂŞs novos modelos, principalmente entrando no segmento de Off-road, ou seja equipamentos que deverĂŁo ser utilizados em lavouras de cana e na ĂĄrea de madeiras. A JAC, outra empresa que vem gradativamente se instalando no Brasil, SĂ&#x201C; UM anunciou que estĂĄ iniciando a venda no Brasil GRANDE de um veĂculo chamado
Foto: Divulgação Ford
A Ford Brasil aproveitou a oportunidade para apresentar o F-4000 4x4 montado em forma de Ambulância e Resgate. O veiculo apresentado na feira estava implementado com tecnologia de socorro mĂŠdico de Ăşltima geração, com uma atuação diferenciada em todo tipo de terreno e nos mais difĂceis rincĂľes, por ser o Ăşnico do gĂŞnero com tração nas quatro rodas aliada Ă versatilidade e conďŹ abilidade dos caminhĂľes leves da SĂŠrie F. Destinado a serviços pĂşblicos e privados de ambulância e remoção em ĂĄreas urbanas ou zonas rurais, principalmente de difĂcil acesso, o F-4000 4x4, chamado â&#x20AC;&#x153;Rescueâ&#x20AC;?, se destaca pela robustez e capacidade de rodar em diferentes tipos de terreno. Ele traz todos os equipamentos necessĂĄrios ao suporte intermediĂĄrio de vida, como maca, oxigĂŞnio, desďŹ brilador, material de apoio e acomodação da equipe mĂŠdica. Ă&#x161;nico veiculo do segmento a dispor de uma versĂŁo com tração 4x4, o F-4000 ĂŠ muito usado no serviço pĂşblico pelo SAMU, Forças Armadas e socorro mĂŠdico, alĂŠm de ter outras conďŹ guraçþes de implemento para aplicaçþes como manutenção de redes elĂŠtricas, telefonia, ĂĄgua e esgoto, mineração e construção civil. Traz ainda a herança de vitĂłrias nas competiçþes de caminhĂľes, sendo oito
VUC V 250, com capacidade de 1,4 toneladas, que irĂĄ concorrer com veĂculos da Hyundai e da Kia na locomoção dentro das cidades. SĂŁo veĂculos autorizados a circular para pequenas e mĂŠdias entregas. *Henrique PĂĄtria, Editor chefe da revista Siderurgia Brasil
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Entidades
Uma análise do mercado do aço em 2016 Com base na sua experiência, o Sicetel elaborou um documento para colocar em discussão algumas propostas, visando a revitalização da indústria de transformação.
O
O Sicetel divulgou, na última semana de setembro, a edição do seu Anuário Estatístico, versão 2017, que contém uma análise do mercado produtor e consumidor de aços planos e longos e seus derivados, produzidos pelas indústrias representadas pela entidade no decorrer de 2016. Este documento certamente se constitui em importante fonte de consulta para a nossa cadeia produtiva e contribui significativamente nas análises e tomadas de decisão das empresas que operam neste segmento industrial. Em 2016, e durante todo o primeiro semestre de 2017, o Brasil permaneceu navegando em uma das suas piores crises econômicas, agravada pela quase irreal instabilidade política, que beira o colapso moral do estado. As instituições legais estão preservadas, mas as incertezas sobre o futuro da direção que o Brasil tomará, especialmente a partir do próximo ano (de eleições) faz com que a classe empresarial se contamine com esse cenário, estancando possíveis investimentos. Bem certo é que a produção industrial do setor representado pelo Sicetel, no primeiro semestre deste ano, experimentou uma leve, tímida, mas constante curva ascendente. É claro
que esses números estão sendo comparados com o ano de 2016, cujo resultado ficou registrado no fundo do poço, mas o fato é que eles pararam de cair. Cremos que, no curto prazo, uma decolagem mais efetiva estará nas exportações e nos investimentos em infraestrutura. As indústrias do nosso segmento industrial, com o volume dos negócios no estado em que se apresenta, permanecem operando com um nível de ociosidade jamais experimentado, mantendo-se ainda de pé em razão da extrema redução das suas margens e dos fortes ajustes estruturais realizados nestes dois últimos anos. O Sicetel permanece discutindo, em todos os fóruns em que atua, as suas teses e propostas para a melhoria da competitividade da cadeia produtiva metalmecânica, e espera que o Governo Federal faça a parte que lhe cabe, mantendo linhas de crédito em volume e a custo competitivo para financiar os investimentos da indústria em modernização, na inovação, no financiamento das exportações e
nos projetos de infraestrutura, além de manter uma taxa de câmbio competitiva e uma política industrial e de comércio exterior que garanta a proteção efetiva e equilibrada ao longo das cadeias produtivas incentivando a agregação de valor à produção e à exportação da indústria de transformação brasileira. O Sicetel que possui cerca de 80 empresas associadas que representam cerca de 300 produtores constitui-se no primeiro elo da cadeia metalomecânica, a jusante da Indústria siderúrgica e a montante da indústria automobilística, e processou 52% do aço consumido por esta cadeia em 2016. O volume de aço processado pelas empresas do Sicetel caiu 6% de 2015 para 2016, entretanto a queda de vendas foi menor que a das vendas das siderúrgicas nacionais e sua participação subiu para 16,2% em 2016. O setor sofre com a perda de competitividade das siderúrgicas brasileiras e com a importação de produtos que contem aço. Embora a importação de aço tenha caído em 2016, o setor não se beneficiou dessa queda, porque o consumo aparente caiu ainda mais. A própria siderurgia mundial
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com um excedente de capacidade de produção de quase 800 milhões de toneladas, vive a maior crise de sua história. No segmento de longos, a participação das empresas do Sicetel atingiu 32,5% em 2016, mas caiu 8% em relação ao ano anterior, mas vinha numa trajetória crescente nos últimos cinco anos. No segmento de planos, a participação em 2016 foi de 4,4% e a participação foi estável. O setor trabalha com um nível de ociosidade de 30%, o que tem dificultado a recuperação do preço do aço e comprometido a rentabilidade do produto. A China é o maior produtor mundial de aço, sendo responsável por 50% da produção, tem um elevado excedente de capacidade, enormes subsídios, moeda desvalorizada e forte participação do estado no controle das empresas. Diversos países, entre eles os Estados Unidos, União Europeia e Japão, estão tomando medidas de defesa dos seus produtores contra a concorrência desleal do aço chinês, como a imposição de taxa antidumping por parte de players importantes. A possibilidade de a China vir a ser considerada economia de mercado poderá tornar ainda mais dramática a competição no mercado do aço, dificultando a imposição de mecanismos de defesa contra o aço chinês. Os Estados Unidos e a União Europeia já sinalizaram que não estão dispostos a conceder à China a condição de economia de mercado, o Brasil ainda não se manifestou sobre o assunto, mas como os chineses são nossos maiores parceiros comerciais, devemos nos preparar para forte pressão do governo chinês para que o Brasil os reconheça como economia de mercado. Também a provável ação unilateral dos Estados Unidos para frear as importações de aço brasileiro por razões de segurança nacional poderá nos atingir já que eles são o segundo maior mercado de aço brasileiro.
O setor siderúrgico brasileiro, em 2016, trabalhou com uma taxa de ocupação próxima 60% da capacidade instalada, mesmo exportando 44% da sua produção o que torna a exportação ser considerada a solução no curto prazo, mas certamente não o será no médio e longo prazos. A prioridade da siderurgia brasileira é o mercado interno e a recuperação da produção de aço depende da melhoria do desempenho dos setores consumidores de aço, principalmente da indústria automobilística, de máquinas e equipamentos e da construção civil. Precisamos evoluir no conceito de cadeia produtiva e desenvolver arranjos empresariais que incentivem as exportações de produtos com aço contido. E, nesse sentido, devemos olhar para os países asiáticos, principalmente a Coréia do Sul, que tem o maior consumo per capita de aço no mundo, sendo que, aproximadamente, 50% desse consumo vem das exportações de produtos que contém aço e buscam sempre a produção e exportação de produtos de maior valor agregado. A perspectiva de aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, aliado ao sucesso na queda da inflação, está permitindo a redução da taxa de juros e, a partir desse contexto, projeta-se uma lenta recuperação da economia. Tais fatores não são condições suficientes para impulsionar o crescimento, mesmo porque a taxa Selic tem sido reduzida numa velocidade menor do que a queda da inflação, o que aumenta a taxa de juros real. O elevado custo financeiro e a taxa de câmbio apreciada foram os principais responsáveis pela baixa competitividade da indústria nos últimos anos. O Sicetel entende que a indústria de transformação brasileira tem condições de concorrer tanto no mercado interno quanto no mercado externo, desde que tenha condições isonômicas com os concorrentes e para isto considera importante que as enti-
dades empresariais contribuam com sugestões visando criar direcionadores para uma política econômica que acelere a recuperação da atividade econômica. Entre outras medidas, o Sicetel entende que uma nova agenda econômica deveria visar: » Reduzir forte e aceleradamente a taxa de juros; » Garantir uma taxa de câmbio competitiva e estável, próxima da taxa de equilíbrio industrial; » Acelerar as concessões em infraestrutura para turbinar os investimentos e reduzir os custos logísticos; » Utilizar as exigências de “conteúdo local” para fomentar as inovações e o desenvolvimento de tecnologia nacional; » Garantir fontes de financiamento, em volume e condições competitivas, para investimentos em infraestrutura, inovação e tecnologia; » Definir uma nova política de comércio exterior que aumente a inserção do País nas grandes cadeias produtivas mundiais; » Implantar uma política industrial que dê sustentação a esse desafio e que tenha uma visão de cadeia produtiva; » Aumentar imediatamente o “Reintegra” para, no mínimo, 5%; » Elaborar estudo para que o “Reintegra” tenha percentuais crescentes, de acordo com a agregação de valor ao produto, ao longo das cadeias produtivas; » Reavaliar a estrutura do imposto de importação, com definição de percentuais que reflitam a agregação de valor dentro das cadeias produtivas; » Promover uma reforma tributária mínima, que elimine todos os impostos cumulativos, reduza o custo de administração de impostos, elimine a guerra fiscal e compatibilize a base tributária do ICMS e do PIS/COFINS.
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Opinião
Importantes recordações da Siderurgia Brasileira Você consegue imaginar como eram as relações entre a iniciativa privada e o governo no âmbito das usinas siderúrgicas em 1987. Para quem já atuava no setor na época, vale relembrar. E para quem não tinha conhecimento, aqui vão algumas informações relevantes. Henrique Pátria*
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Há alguns dias tive acesso a uma relíquia que considerei muito especial e que saiu do fundo do baú, trazida pelas mãos de nossos amigos e colaboradores Edson Cipriano e Gabriel Jeszensky,. Recebi, por e-mail, um arquivo com a cópia da edição Nº 1, lançada em setembro de 1987 – portanto, há 30 anos - de uma revista dedicada à siderurgia publicada pela Editora Pensar, com sede no bairro da Aclimação, aqui em São Paulo, e filiais e/ou correspondentes no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. O material recebido deixou claro que a base daquele veículo de Imprensa, bem como sua dedicação principal, eram voltadas à área de aço inox, uma vez que sua primeira edição, além de trazer vários artigos relacionados ao produto, circulou durante a realização da II Salão do Aço Inoxidável, promovido, na ocasião, pela Acesita e pela promotora de feiras Lemos Britto. Com os caracteres gráficos típicos daquela época, a revista traz um “Editorial” baseado na frase de Soren Kierkegaard, um pensador dinamarquês, que encontrou tempo ainda para ser teólogo, poeta, crítico social e autor religioso, considerado o primeiro filósofo existencialista, que viveu entre 1813 e 1855. A frase é: “O Homem que se recusa a arriscar, perde a própria identidade.” Por mais paradoxal que possa parecer, em
1999, quando criamos a revista Siderurgia Brasil, fomos movidos pelo mesmo espírito. Tenho uma frase que costumo sempre dizer: “Quem quer resolver o
problema, acha uma solução. Quem não quer acha uma desculpa.” Naquele editorial de 1987, exaltava-se a importância da siderúrgica na-
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&ŽŶƚĞ͗ ǁǁǁ͘ǁŽƌůĚƐƚĞĞů͘ŽƌŐͬƐƚĂƟƐƟĐ
liderados pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) – nos dias de hoje transformado em Instituto Aço Brasil (IABr) –, juntamente com a Associação das Siderúrgicas Privadas (ASP) – entidade que, posteriormente, viria a se juntar ao IBS - , mantiveram audiência oficial com o então ministro Bresser Pereira, para reivindicar um reajuste de 34% no preço do aço. Lembramos que naquela época os preços eram controlados pelo governo e a determinação dos reajustes deles partia das instâncias superiores. As estatísticas da época Destacamos ainda nessa publicação os números do setor, entre os quais chamamos a atenção para Total Production of Crude Steel * Table 1 um dado impressionante, (continued) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 relacionado aos dados de Brazil 30 901 33 782 33 716 26 506 32 948 35 220 34 524 34 163 33 897 33 256 produção mundial da époChina (1) 421 024 489 712 512 339 577 070 638 743 701 968 731 040 822 000 822 750 803 825 ca. No ano de 1986, o Brasil produzira 21,2 milhões de (1) - 2013-15 figures are not necessarily comparable with earlier data. toneladas de aço (líquido), Crude Steel Production by Product * enquanto a China, no mesTable 2 Year: 2014 (continued) I CC LSC Total I CC LSC Total mo período, produzira 51,2 thousand tonnes % total production milhões de toneladas. TraziBrazil 485 33 383 30 33 897 1.4 98.5 0.1 100.0 da para os dias atuais, essa China 12 429 809 009 1 260 822 698 1.5 98.3 0.2 100.0 estatística revela uma reali( ) dade acachapante: em 2016, cional que produzia, na época, algo em as usinas privadas de aços não planos. E segundo dados oficiais da WorldSteel torno de 20 milhões de toneladas de a própria revista iniciou uma campanha Association, o Brasil produziu 33,256 aço por ano, o que a posicionava como sugerindo à Siderbras a conclusão da milhões de toneladas de aço, enquanto a oitava maior indústria siderúrgica na licitação de uma das siderúrgicas para que a China produziu 803,825 milhões escala mundial, fato que, há tempos, fa- a qual já havia sido feito um edital de de toneladas. Não tenho conhecimento de como zia com que o mercado reclamasse por pré-qualificação dos interessados, mas, uma publicação específica, a fim de dar após recebidas as propostas iniciais, se comportou a trajetória daquela reviso devido respaldo econômico, social e não havia nenhum resultado ou conti- ta. Mas continuo acreditando e lutando político que a atividade merecia. O tex- nuidade de ação para a venda daquelas para que a introdução daquele “Editoto ainda mencionava os vários proble- unidades. Veja ao lado o Editorial Exclu- rial” de 1987 continue se tornando realidade, pois o setor merece uma pumas que o setor atravessava, entre os sivo da publicação. quais o problema da excessiva tutela do Nas páginas da revista, chamou-nos blicação de peso, lacuna que tentamos governo, uma vez que as siderúrgicas particularmente atenção a questão da preencher com a publicação da nossa de aços planos eram estatais e, entre as política de preços praticada pelo setor Revista Siderurgia Brasil. siderúrgicas de aços não planos, figura- naquele ano. No artigo intitulado “Polívam algumas usinas na mesma situa- tica de Preços”, à página 24 da revista, é *Henrique Pátria é editor-chefe e jornalisção. Sim, naquele momento já existiam destacado o fato de que os empresários ta da Revista Siderurgia Brasil. SETEMBRO/OUTUBRO 2017 SIDERURGIA BRASIL 33
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Opinião do leitor
Opinião do leitor Esta seção é dos leitores. Convidamos a expressarem suas opiniões e pontos de vista que podem ser manifestadas por correspondência ou para o email: henrique@grips.com.br (Editor responsável) Reivindicações e Luta Aos senhores Armando Barbati e Pedro Teixeira Sobre a opinião dos senhores expressada na edição passada da Revista Siderurgia Estive ponderando sobre a eficácia de acrescentar às suas, minha carta de apoio, pelo simples fato daquelas conterem opiniões condizentes com as minhas. Entendo que deveríamos ir mais longe... reunir outros tantos pequenos empresários (pequenas brasas que somos) para que juntos, pudéssemos formar uma fogueira, capaz de ser vista e não apenas ouvida, mas que, principalmente pela organização, tivesse força para mudar tudo aquilo que hoje nos penaliza. No interior usa-se uma expressão, quando se quer dizer que certas coisas são incontroláveis:“ ...fogo no mato, quando muito, só se sabe como começa...” Se quisermos mudar alguma coisa neste País, urge mobilizar-nos, e com nossa tribo, com pertinácia, acreditando que
é possível, mesmo porque, brasas isoladas conseguem ficar acesas até quando? Uma ideia a ser avaliada, e talvez até amadurecida: copiar o artigo mencionado, e distribuí-lo com uma cartinha às pessoas com as quais nos relacionamos, convidando-as a exporem sugestões, queixas, alternativas, de modo a reunir uma ampla pauta de opiniões, selecioná-las, transformá-las em reivindicações, e por elas LUTAR. Todas as respostas seriam endereçadas à Revista, para serem publicadas. Depois de algum tempo teríamos um volume substancial de cartas publicadas, repercutindo até em outros meios de divulgação, também ávidos por notícias. Os resultados? Como no caso do fogo, só saberemos, como começou... Ah, e os nossos Sindicatos? Vão bem, obrigado! Jeânice Menotti - j.menotti@mansfer.com.br
A opinião aqui expressada é de inteira responsabilidade de seus autores e não reflete necessariamente o ponto de vista dos editores, que se limitam a reproduzi-las de forma adequada a seus leitores.
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