TN Petróleo 70

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Cabos umbilicais Prysmian. Qualidade absoluta. Confiabilidade total.

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nº 70

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ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES – O OUTRO BRASIL DO PETRÓLEO

A Prysmian tem a mais completa linha de cabos umbilicais do mercado e desenvolve, no Brasil, produtos com a mais avançada tecnologia, garantindo qualidade e confiabilidade em soluções para todas as necessidades da indústria petrolífera. Umbilicais Eletro Hidráulicos com mangueiras metálicas e termoplásticas, Umbilicais Eletro Ópticos e cabos para bombas submersas: qualidade absoluta, confiabilidade total.

opinião

Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

TN PETRÓLEO

futura

A.F. ANº CABOS UMBILICAIS (21X28):224819_energy 26/08/08 17:56 Page 1

Indústria naval: os próximos passos

de Alceu Mariano, presidente da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval)

E o tombo não foi tão grande assim SMS: a indústria já entende essa mensagem Forship: gestão regulatória FMC: produção submersa

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES

O outro Brasil do petróleo Bahia: onde tudo começou Cadeia produtiva baiana Inovação para campos maduros Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino

Entrevista exclusiva

Armando Comparato Jr., presidente da Prysmian América do Sul

O Brasil é ótimo

Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro, por Otavio Pontes A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

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O seu futuro na indústria de petróleo começa agora. Conheça as turmas de pós-graduação do IBP para 2010 e garanta já a sua inscrição!

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Engenharia de Instrumentação Industrial

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Nossa prioridade

é mantê-lo

à frente. Na FMC Technologies nós entendemos suas necessidades e trabalhamos próximos para desenvolver soluções inovadoras. Nossos Sistemas Submarinos vão aos limites de recuperação de óleo e gás em campos maduros e em grandes profundidades. Nossos Sistemas de Cabeça de Poço e de Controle de Fluidos produzem segurança e eficiência superiores. Nossas Soluções em Medição garantem a melhor transferência de gases e líquidos. Nossos Sistemas de Carregamento tratam os fluidos em todas as temperaturas, tanto onshore quanto offshore. Tudo o que fazemos está apoiado no pronto serviço ao cliente para colocá-lo sempre em primeiro lugar. E mantê-lo sempre à frente. André Luiz Cabral Vieira Fábrica de Montagem e Testes Rio de Janeiro

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FMC Technologies do Brasil Rio de Janeiro – Macaé © 2010 FMC Technologies. Todos os direitos reservados.

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sumário

14

edição nº 70 jan/fev 2010

entrevista exclusiva

com Armando Comparato Jr., presidente da Prysmian cabos e sistemas de energia e Telecom na América do sul

O Brasil é ótimo

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especial: Produtores Independentes

O outro Brasil do petróleo 22 23 28 29

Bahia: onde tudo começou A história do petróleo na Bahia retomada de sucesso Impactos socioeconômicos do ouro negro 30 cadeia produtiva baiana 31 Inovação para campos maduros

40

Perspectivas 2010

E o tombo não foi tão grande assim 42 cNI: indústria está pronta para alavancar o crescimento 43 Pesquisa Firjan em dezembro 44 entrevista com rodrigo Ventura, da macroplan: Contas públicas ainda são o problema

46

SMS: a indústria já entende essa mensagem 49 Licenciamento ambiental é obrigatório 50 2000: ano de desastres ambientais 51 sPe International conference, rio de Janeiro: o futuro do sms


52 Forship: Gestão regulatória 56 FMC: Produção submersa

Liderança em Classificação e Certificação Offshore e-mail: absrio@eagle.org Tel: + 55 21 2276-3535

CONSELHO EDITORIAL

Affonso Vianna Junior Alexandre castanhola Gurgel André Gustavo Garcia Goulart Antonio ricardo Pimentel de oliveira Bruno musso colin Foster David zylbersztajn solidWorks World 2010 conference eduardo mezzalira eraldo montenegro Flávio Franceschetti Francisco sedeño Gary A. Logsdon Geor Thomas erhart Gilberto Israel 60 Fechada para negócios Ivan Leão 62 multiplataforma e Jean-Paul Terra Prates multiferramentas João carlos s. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué rocha

58

Submersão tecnológica em 3D

artigos 32

Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira

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A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas

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Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino

88

A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri

90

Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro

92 94

As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

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Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento

seções 05 06 10 58 64 69

editorial hot news indicadores tn eventos perfil profissional caderno de sustentabilidade

78 86 98 100 102 103

produtos e serviços pessoas fino gosto coffee break feiras e congressos opinião

Luiz B. rêgo Luiz eduardo Braga Xavier marcelo costa márcio Giannini márcio rocha melo marcius Ferrari marco Aurélio Latgé maria das Graças silva mário Jorge c. dos santos maurício B. Figueiredo Nathan medeiros roberto Alfradique V. de macedo roberto Fainstein ronaldo J. Alves ronaldo schubert sampaio rubens Langer samuel Barbosa

Ano XII • Número 70 • jan/fev 2010 Foto: Banco de Imagens TN Petróleo


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editorial

Rua do Rosário, 99/7º andar Centro – CEP 20041-004 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 3221-7500 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br DIRETOR EXECuTIVO Benício Biz beniciobiz@tnpetroleo.com.br DIRETORA DE NOVOS NEGóCIOS Lia medeiros (21 9781-3110) liamedeiros@tnpetroleo.com.br EDITORA Beatriz cardoso (21 9617-2360) beatrizcardoso@tnpetroleo.com.br EDITOR DE ARTE, CuLTuRA E VARIEDADES orlando santos (21 9491-5468) REPóRTERES cassiano Viana (21 9187-7801) cassiano@tnpetroleo.com.br célio Albuquerque (21 8129-6647) celio@tnpetroleo.com.br ESTAGIáRIO rodrigo miguez (21 9389-9059) rodrigo@tnpetroleo.com.br RELAçÕES INTERNACIONAIS Luiz Felipe Pinaud (21 9841-9638) lfelipe@tnpetroleo.com.br DESIGN GRáFICO Benício Biz (21 3221-7500) beniciobiz@tnpetroleo.com.br PRODuçãO GRáFICA E WEBMASTER Laércio Lourenço (21 3221-7506) webmaster-tn@tnpetroleo.com.br marcos salvador (21 3221-7510) marcossalvador@tnpetroleo.com.br REVISãO sonia cardoso (21 3502-5659) DEPARTAMENTO COMERCIAL José Arteiro (21 9163-4344) josearteiro@tnpetroleo.com.br cristina Pavan (21 9408-4897) cristinapavan@tnpetroleo.com.br Lorraine mendes (21 8311-2053) lorraine@tnpetroleo.com.br ASSINATuRAS David Lourenço (21 3221-7505) david@tnpetroleo.com.br CTP e IMPRESSãO Walprint Gráfica DISTRIBuIçãO Benício Biz editores Associados os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo. ENVIO DE RELEASES sugestões de temas ou envio de matérias devem ser feitos via fax: 55 21 3221-7511 ou pelo e-mail tnpetroleo@tnpetroleo.com.br

Filiada à

Passou da hora

E

stamos prestes a entrar no segundo trimestre de 2010 e muita coisa ainda não aconteceu, dando margem àquela ironia de que o Brasil ‘só começa após o carnaval’. Quem começou o ano trabalhando e mal teve tempo de ver o carnaval – e são milhões no país inteiro – não merece generalizações. Portanto, vamos aos fatos. A indústria de petróleo não parou um minuto sequer, mantendo acelerado o motor da cadeia produtiva de óleo e gás. Prova disso são os manifolds, árvores de natal, turbogeradores, embarcações, skids, entre dezenas de outros equipamentos entregues... para citar apenas a área offshore – sem falar no refino, petroquímica e transporte de hidrocarbonetos – nos dois primeiros meses, inclusive no carnaval. os financiamentos para diversos projetos também começaram a sair do papel, assim como assinaturas de contratos e efetivação de encomendas. o novo marco regulatório está tomando forma, com votação, em março, do último projeto do executivo sobre o pré-sal, que tem no epicentro da polêmica a distribuição dos royalties do petróleo entre os estados produtores e não produtores. No entanto, até o fechamento dessa edição não tínhamos notícias dos resultados da Petrobras em 2010 – cujo anúncio foi adiado em cima da hora, no final de fevereiro – e muito menos do Plano de Negócios 20102014 da estatal. estes três eventos são aguardados com ansiedade pela cadeia

produtiva de petróleo e gás e investidores internacionais, pois vão ajudar a compor o cenário brasileiro nesse setor para os próximos anos. Ainda mais quando se leva em consideração os reflexos da crise financeira do final de 2008 em diversas regiões do mundo, principalmente nas economias mais maduras, nas quais ainda é alta a taxa de desemprego e o consumo continua estagnado, sobretudo nos estados Unidos e europa. Ao lado da china, que deverá ser o principal motor da atividade mundial, o Brasil e outros países emergentes permanecem no foco das atenções. Não há nada de tão fantástico nos últimos meses no país em termos de descobertas. Nem é necessário, pois já temos muito o que ‘fazer andar’, a começar pela partida definitiva na produção da Bacia de santos com projetos como mexilhão (adiado para maio ou junho) e os demais campos que vão escoar sua produção através dele, como Uruguá, Tambaú e até mesmo Tupi. É preciso, ainda, acertar o relógio do marco regulatório na área de gás natural, para que não passemos mais um ano queimando ou usando o gás no próprio processo produtivo em função da instabilidade na demanda e da falta de um mercado consumidor consolidado. e bater a quilha dos projetos de renovação da frota da Transpetro e de diversas plataformas de produção da Petrobras, para que possamos sentir que saímos do marasmo e começamos, finalmente, a navegar no ano de 2010. sem mais atrasos ou paradas imprevistas.

Benício Biz Diretor executivo da TN Petróleo

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hot news

Petrobras inaugura Gasduc III Assegurando mais robustez à malha de transporte de gás natural do país, que desde 2003 dobrou de tamanho de 5 mil km para 10 mil km, a Petrobras inaugurou no dia 3 de fevereiro o gasoduto CabiúnasReduc III (Gasduc III). Trata-se do maior gasoduto em diâmetro da América do Sul, com 38 polegadas (equivalente a 96,5 cm) e com a maior capacidade de transporte entre os gasodutos brasileiros, com 40 milhões de m³/dia. O Gasduc III irá aumentar a flexibilidade na oferta e a capacidade de transporte para atender o mercado do Sudeste, onde há o maior consumo de gás natural do país. Além disso, o gasoduto vai permitir o crescimento da oferta para o mercado não termelétrico. Com 179 km de extensão, o gasoduto teve investimentos de R$ 2,54 bilhões provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e

Foto: Agência Petrobras

Gasoduto Cabiúnas-Reduc III é o maior em diâmetro da América do Sul

Presentes à inauguração o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; Graça Foster, diretora de Gás e Energia; a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff; o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli e Renato Duque, diretor de Serviços

foi construído em um túnel de 3.758 m de extensão, maior que o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, que tem 2.840 m. Como o Gasduc III foi feito em uma área de proteção ambiental, sob a Serra de Santana, em Cachoeiras de Macacu (RJ), a opção pelo túnel foi justamente para reduzir os impactos ao meio ambiente.

Com o Gasduc III, a malha de dutos do Brasil fica interligada a três Hubs, em destaque o Hub 2, que conta com a Estação de Compressão (Ecomp) de Campos Elíseos. Os alinhamentos existentes nesse Hub permitem a movimentação de gás natural de diferentes fontes.

Schlumberger incorpora Smith

Apenas com troca de papéis, a multinacional de origem francesa Schlumberger, maior grupo da área de serviços para o setor de óleo e gás, assumiu o controle da norte-americana Smith International, num acordo de ações de US$ 12,4 bilhões. Andrew Gould, principal executivo da companhia, disse que a aquisição possibilitará mudanças significativas na tecnologia de perfuração de poços de petróleo, ajudando as companhias petroleiras a explorar recursos em cenários mais complexos. A aquisição reforça a posição da Schlumberger em uma das raras áreas do setor na qual ainda não tinha maior presença: a de brocas de perfuração. E ainda dá o controle total da M-I Swaco, as operações de fluidos de perfuração, compartilhadas pelas duas companhias desde 1999.

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A operação isola a Schlumberger no ranking como a maior fornecedora de serviços para a indústria petrolífera na área de exploração e produção. A soma das receitas das duas empresas será praticamente o dobro da concorrente Halliburton, que continuará em segundo lugar mesmo se a gigante abrir mão de alguns ativos, por razões antitruste. O acordo ainda requer a aprovação dos acionistas das duas companhias e deverá ser fechada no segundo semestre deste ano. Também será submetido à avaliação das autoridades antitruste, principalmente nos Estados Unidos. Avaliada em US$ 76 bilhões, a Schlumberger já era o dobro da rival Halliburton antes da aquisição. O negócio não envolveu dinheiro, apenas troca de ações. Pelo acordo, os acionistas da Smith receberão

Foto: Divulgação

Com a aquisição da empresa norte-americana, com forte atuação no segmento de perfuração e completação, a gigante da área de serviços para o setor de óleo e gás reforça sua liderança no mercado internacional

0,6966 ação da Schlumberger para cada ação que possuem (o que significa um prêmio de 37,5%). Os acionistas da Smith deterão cerca de 12,8% da companhia combinada. A Smith tem 21 mil empregados e faturamento anual de US$ 8,2 bilhões. Com mais de 77 mil empregados e receita de US$ 22,57 bilhões em 2008, a Schlumberger planeja alcançar US$ 160 milhões em sinergias no próximo ano e US$ 320 milhões em 2012 – inicialmente por meio de corte de custos como a racionalização de funções. E espera que a aquisição adicione valor a seu lucro por ação em 2012.


Foto: Agência Petrobras

Sem atravessadores

Aliança jurídica

Sindigás lança segunda fase da campanha Revenda Legal O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidores de Gás LP (Sindigás) lançou no dia 23 de fevereiro, no Rio de Janeiro, a segunda fase da campanha Revenda Legal, de combate ao comércio clandestino de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), mais conhecido como ‘gás de cozinha’. A ação tem o apoio da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e das empresas do setor. Nesta etapa da campanha, o objetivo é certificar os pontos de venda legais para que o consumidor possa identificá-los facilmente, por isso, serão investidos R$ 1 milhão em veiculação de anúncios e produção de peças de certificação. Além disso, serão distribuídos banners, adesivos criptografados para serem colocados nos veículos que transportam os botijões e jalecos para identificação dos entregadores. De acordo com o Sindigás, as empresas distribuidoras e revendedoras credenciadas irão atuar em conjunto com os órgãos competentes na apuração das denúncias de

irregularidades. “Com a identificação dos pontos de revenda legais, ficará mais fácil a identificação dos clandestinos, trazendo o consumidor para junto dos órgãos públicos para esta luta”, afirmou Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás. Ele disse ainda que está sendo elaborado um sistema de informação compartilhada com os órgãos responsáveis para acolher as denúncias sobre quem abastece os pontos ilegais. Com as campanhas realizadas no ano passado o setor retirou das ruas quase 12 mil pontos de venda ilegais e recolheu 250 mil botijões. Somente com essas ações, o mercado criou 5 mil empregos e investiu R$ 18 milhões em frota de veículos, o que aumenta a qualidade do serviço prestado ao consumidor. A meta dos órgãos do governo é acabar com o comércio clandestino de GLP.

ERRAMOS – Na notícia sobre o lançamento do barco de apoio Skandi Ipanema, publicada na edição 69, página 78, esclarecemos que o mesmo foi construído no estaleiro STX, em Niterói, para a empresa Norskan Offshore que fechou contrato de três anos com a OGX, companhia petrolífera do empresário Eike Batista, que usará a embarcação em suas atividades exploratórias nas bacias de Campos e de Santos. O escritório Tauil & Chequer esclarece que não é mais associado a Thompson & Knight, conforme foi publicado no artigo Pré-sal e ‘áreas estratégicas’ da edição 69, página 112. Desde dezembro de 2009, o escritório se associou ao escritório global Mayer Brown e passou a se chamar Tauil & Chequer Advogados Associados a Mayer Brown LLP.

Os escritórios André Teixeira & Associados do Rio de Janeiro, Bergi Advocacia de Vitória (ES) e Dunley Gomes Advogados, de Brasília (DF) anunciaram a formação de uma aliança estratégica de escritórios de advocacia para o atendimento de clientes do setor de petróleo a gás. Com forte especialização na área, os associados apostam na união de forças e na descentralização da prestação de serviços para o atendimento da sua clientela. Com esse conjunto de escritórios em locais estratégicos, a aliança já nasce atendendo clientes como Shell, Devon Energy, Eni Oil, Statoil, Halliburton, dentre outros. Escritórios Rio de Janeiro (RJ) Av. Rio Branco, 89 – 9º andar Tel.: 21-2203-0330; Vitória (ES) Rua Prof. Almeida Cousin, 125 – 19º andar Tel.: 27-2123-7688; Brasília (DF) SQS - Quadra 5, Bloco N Edifício OAB, salas 204/205 Tel.: 61- 33210275.

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hot news

P-63 FPSO

A hora e a vez de Papa-Terra Petrobras assina contrato para a construção das plataformas P-61 e P-63 Foi de US$ 1 bilhão o valor do contrato que a Petrobras assinou, no apagar das luzes de fevereiro, com a Floatec, joint venture formada pela a Keppel Fels e a J. Ray McDermott, para a construção da plataforma P-61. A unidade do tipo TLWP (Tension Leg Wellhead Platform) será

Ilustração: Cortesia Atlantia.com

P-61 TLWP

construída no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. O contrato prevê obras de design, engenharia, construção, manutenção e instalação, além da operação da plataforma por três anos. Modelo utilizado no Golfo do México, nos Estados Unidos, a P-61 será

a primeira plataforma do tipo TLWP construída no Brasil. A unidade será instalada no campo de Papa-Terra, sul da Bacia de Campos, que tem o primeiro óleo previsto para 2013. Localizado em águas profundas, a 110 km da costa do Rio, Papa-Terra é parte da concessão BC-20, garantida à Petrobrás antes do fim do monopólio estatal, em 1997. A Chevron tem participação de 37,5% no projeto. A P-61 funcionará em conjunto com a P-63, FPSO que será convertido pela Quip (consórcio formado pela Queiroz Galvão, UTC Engenharia e Iesa). O contrato de construção da P-63 foi assinado em janeiro. A obra está orçada em US$ 1,3 bilhão e será executada em parceria com a empresa norueguesa BW Offshore. Com capacidade para processar 140 mil barris/dia de petróleo, compressão de gás de 1 milhão de Nm³/ dia, as obras da P-63 devem começar em até um ano.

OGX faz novas descobertas A maior companhia privada brasileira do setor de petróleo e gás natural em termos de área marítima de exploração, como gosta de se identificar, a OGX descobriu hidrocarbonetos na seção albiana do poço 1-OGX-6-RJS, localizado no bloco BM-C-41, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos. A OGX detém 100% de participação neste bloco. Até o momento, foi identificada uma coluna com hidrocarbonetos de aproximadamente 70 m com net pay ao redor de 38 m em reservatórios carbonáticos da seção albiana. Efeitos termobáricos associados aos vulcanismos da área contribuíram para otimizar as condições permoporosas dos reservatórios. A perfuração da seção albiana continua em andamento e o poço será perfurado até a profundidade total estimada em 3.600 m. 8

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Também foram coletados dois testemunhos da rocha reservatório com espessura de mais de 50 m visando obter informações sobre as características do reservatório para futuros projetos de delimitação, avaliação e desenvolvimento. Esses testemunhos e os perfis indicaram uma forte correlação entre os reservatórios albianos do OGX-6 (Etna), OGX-3 (Waimea) e OGX-2 (Pipeline). O prospecto Etna está localizado 8,5 km a nordeste do prospecto Waimea e seus reservatórios estão 400 m acima dos reservatórios do OGX-3. “Isso nos leva a crer que podemos estar diante de uma mesma acumulação e que a província recentemente descoberta se estende também até o

Foto: Divulgação

Empresa do grupo EBX anuncia presença de hidrocarbonetos no sul da Bacia de Campos

norte do bloco BM-C-41, ratificando o seu importantíssimo potencial petrolífero”, comentou Paulo Mendonça, diretor geral da OGX. “Novas informações serão obtidas e poços adicionais serão perfurados, possibilitando um melhor mapeamento dos prospectos identificados nesta província”, acrescentou. O poço OGX-6, localizado no bloco BM-C-41, se situa a cerca de 82 km da costa do estado do Rio de Janeiro, onde a lâmina d’água é de quase 137 m. A sonda Ocean Quest, fornecida pela Diamond Offshore, iniciou as atividades de perfuração no dia 02 de fevereiro de 2010.


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indicadores tn

Perfuração: retomada gradual Relatório do Datamonitor prevê recuperação gradativa das atividades de perfuração offshore mundial

A

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mentos. “A Arábia saudita e o Irã, por exemplo, precisarão de muitos mais poços perfurados que nos últimos anos para manter e aumentar sua produção de óleo e gás”, avalia smith.

Atualmente, a capacidade de produção é 103% superior à demanda interna, o que permite a esta indústria atender a totalidade do mercado e manter a forte posição exportadora que situa o setor dentre os maiores geradores de saldo comercial do país. Também constaram da pauta as projeções de investimentos do setor que totalizam Us$ 39,8 bilhões até 2016 e permitirão elevar a capacidade instalada dos atuais 42 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas de aço bruto. As principais preocupações expostas pelos representantes da indústria brasileira do aço são: tributação dos investimentos, custo da energia, meio ambiente, além das distorções e barreiras protecionistas no comércio internacional de aço. o instituto defendeu ações que assegurem às empresas isonomia competitiva no cenário mundial diante do quadro de elevados excedentes de capacidade produtiva ora existente, estimado pela World steel Association em 600 milhões de toneladas, e as distorções decorrentes dessa situação na competição internacional do setor.

Indústria do aço mais otimista

Consumo de combustíveis cresceu 2,7%

o Instituto Aço Brasil (IABr) prevê para este ano forte recuperação dos níveis de atividades da indústria do aço no país. o consumo deve crescer 23,3%, atingindo 22,9 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, enquanto as exportações estão estimadas em 11 milhões de toneladas (+23,4%), possibilitando desse modo aumento de 25,1% na produção de aço bruto, para 33,2 milhões de toneladas. estes números foram apresentados pelo conselho Diretor do IABr ao presidente da república, Luiz Inácio Lula da silva, em reunião realizada no início de fevereiro, para avaliar a situação atual e as perspectivas do setor. A entidade destacou que a indústria brasileira do aço foi uma das mais atingidas pelos efeitos da crise econômica mundial, mas vem apresentando sistemática recuperação ao longo de 2009 – uma recuperação gradual impulsionada pelas iniciativas anticrise do Governo Federal, com destaque para a desoneração tributária de grandes setores consumidores de aço e medidas de incentivo ao consumo, que fortaleceram o mercado interno.

chegou a 108,8 bilhões de litros o consumo de combustíveis no mercado brasileiro em 2009, o que representa um aumento de 2,7% em relação aos 105,9 bilhões de litros de 2008. Um crescimento que reflete bem a estabilidade da economia brasileira, uma vez que ocorreu em período marcado pelos efeitos da crise econômica mundial. os combustíveis renováveis ampliaram em 14% a participação na matriz de consumo veicular do Brasil, passando de 19,5% para 22,3%. os dados foram apresentados no seminário de Avaliação do mercado de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis 2009, no dia 9 de fevereiro, realizado no escritório central da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no rio de Janeiro. o principal responsável pelo crescimento no consumo aparente de combustíveis foi o etanol hidratado, com uma elevação de 23,9 %, passando de 13,2 bilhões de litros em 2008 para 16,4 bilhões de litros em 2009. No etanol anidro (misturado à gasolina) houve elevação de 0,9%: de 6,2 bilhões de litros para 6,3 bilhões de litros.

Foto: Agência Petrobras

pós o impacto da recessão econômica global e seu efeito desestabilizador na demanda de óleo e gás, a indústria de perfuração offshore mundial deverá se estabilizar este ano, porém sem perspectivas de crescimento até 2011. esta é a avaliação do Datamonitor, grupo de analistas independentes, que projeta, após o declínio ocorrido no ano passado, uma recuperação de 12% no período de 2010-2014 em comparação com os últimos cinco anos. De acordo com o grupo, 18 mil poços offshore foram perfurados nos últimos cinco anos – sendo o pico em 2007. A previsão é de recuperação em 2010, seguindo um número crescente até 2013 em um total de 20 mil poços no período de cinco anos. “Quase Us$ 291 bilhões foram gastos nos últimos cinco anos no setor”, diz michael smith, um dos consultores do Datamonitor. “os investimentos tiveram uma alta entre os anos de 2005 e 2007, seguida de leve retração em 2008 e declínio em 2009. A previsão para 2010-2014 é de recuperação em 2011-2012 até a retomada do nível de crescimento em 2014.” Desde 2005, quando ultrapassou a América do Norte pela primeira vez, a Ásia lidera os números de volume de investimentos em perfuração. o Datamonitor prevê que os investimentos naquela região crescerão em 24% nos próximos cinco anos, com aumento de 9% do número de poços. A América do Norte irá atrair o segundo maior volume de investimentos no mesmo período, principalmente para o Golfo do méxico, com a África em terceira posição, à frente da europa ocidental. A previsão é de crescimento de investimentos de 55% e um aumento de 29% no número de poços. “A África (principalmente Angola e Nigéria) vivencia um rápido crescimento em águas profundas, que deverá continuar pelos próximos quatro anos, a despeito da lentidão da atividade exploratória na região”, afirma michael smith. “Alta demanda por serviços especializados quer dizer grandes oportunidades para um grande número de empresas de vários países. os altos investimentos são esperados na busca de concretizar mais descobertas em águas ultraprofundas.” enquanto isso, a europa e a rússia atrairão apenas uma pequena parte dos investi-


Demanda global vem dos países emergentes

Produção de países-membros da Opep e não-membros – fev/08 a jan/10

De acordo com o relatório mensal publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE), e divulgado em fevereiro, a demanda de petróleo aumentará 1,8%, chegando a 86,5 milhões de barris diários em 2010. A Agência constatou, também em fevereiro, a ligeira alta da demanda mundial neste ano, frente aos 84,9 milhões de barris diários de 2009. Segundo a AIE, o crescimento procede dos países de fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com relação à oferta, houve queda de 85,8 milhões de barris diários em janeiro, quando a produção dos países que não pertencem à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ofuscou de novo a do consórcio. Segundo o relatório Platts, em janeiro a produção dos países-membros da Opep foi de 29,25 milhões b/d. O valor representa um aumento de 150 mil b/d em relação aos 29,1 milhões b/d registrados em dezembro. Argélia, Angola, Kuwait, Líbia, Nigéria, Catar e os Emirados Árabes Unidos registraram aumentos que variam entre 10 mil b/d e 80 mil b/d. A produção venezuelana teve queda de 10 mil b/d para 2,21 milhões b/d. A Organização, por sua vez, reduziu a previsão para aumento da demanda global em 2010, projetando o crescimento de 810 mil barris por dia em 2010, 10 mil barris por dia abaixo de sua estimativa anterior. Apesar do aumento na produção de seus 11 membros – 26,80 milhões de barris de petróleo por dia em janeiro, uma alta de cerca de 150 mil barris por dia frente a dezembro –, a Opep alertou que estes estão sujeitos a limites de produção. Motivado pela previsão de crescimento da demanda, em fevereiro, o preço do petróleo – em alta pela quinta vez consecutiva no ano – ultrapassou US$ 79 em Nova York, chegando a US$ 79,91, enquanto o barril de brent subia 0,14%, para 78,30 dólares.

A produção média de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil em 2009 foi de 2.287.457 barris de óleo equivalente (boe), indicando um crescimento de 5,1% sobre o volume produzido em 2008 (de 2.175.896 barris/dia). A produção exclusiva de petróleo atingiu a média diária de 1.970.811 barris, com um aumento de 6,3% sobre 2008, cuja média chegou a 1.854.655 barris/dia. O volume de gás natural produzido pela empresa no país foi de 50 milhões 343 mil m³/dia, mantendose nos mesmos níveis da produção de 2008, como consequência da retração da demanda no Brasil. Acrescentando o volume dos campos situados nos países nos quais a Petrobras atua no exterior, a média diária total da companhia subiu para 2.525.260 barris de óleo equivalentes (boe), 5,2% acima dos 2.399.958 boe/dia produzidos em 2008. No exterior, a produção média de petróleo em 2009 foi de 140.576 barris/dia, o que representa um aumento de 13,7% sobre 2008. Já

No biodiesel, o aumento de 39,1% - de 1,1 bilhão de litros para 1,5 bilhão de litros - foi motivado pela introdução da mistura de 4% ao diesel no segundo semestre de 2009. Os principais combustíveis mantiveramse praticamente nos mesmos níveis de consumo registrados em 2008, com avanços ou recuos de cerca de 1%. Na gasolina C, houve aumento de 0,9% e o consumo nacional passou de 25,1 bilhão de litros para 25,4 bilhões de litros na comparação entre

os dois períodos. No diesel houve redução de 1%, de 44,7 bilhões de litros para 44,2 bilhões de litros. No caso do GLP (gás de botijão), a redução foi de 1,2%, de 12,2 milhões de m³ para 12,1 milhões m³. As exceções foram o querosene de aviação (QAV), que cresceu 3,8%, com um aumento de 5,2 bilhões de litros para 5,4 bilhões de litros, e o óleo combustível, que recuou 3,2%, de 5,1 bilhões de litros para 5 bilhões de litros.

Foto: Stéferson Faria, Agência Petrobras

Brasil: produção cresceu mais de 5%

o volume médio de gás natural produzido em 2009 foi de 16.519 m³ diários, com redução de 3,2% sobre 2008. A produção total em barris de óleo equivalente no exterior chegou a 237.803 boe/dia, 6,1% maior que a do ano passado. O aumento deveu-se à entrada em produção do campo de Akpo e de novos poços no campo de Agbami, ambos na Nigéria. Já a variação no volume de gás natural é decorrente da menor demanda de gás proveniente da Bolívia.

Indústria química otimista Levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) com cerca de 800 empresas mostra que os investimentos no segmento de produtos químicos para uso industrial até 2014 poderão superar os US$ 26 bilhões. Desse total, US$ 10,9 bilhões referem-se a projetos aprovados e que se encontram em andamento. Os projetos em estudo somam US$ 11,9 bilhões e os

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indicadores tn

Frases “É o governo, com seu dedo, ali, regulando o mercado.” Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, sobre os riscos da concentração no setor petroquímico – 26/01/2010 – Agência Estado

“Se não for aprovado no primeiro semestre, teremos de nos readaptar.” José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, sobre como o atraso do Congresso em votar os projetos de lei do marco regulatório do pré-sal influencia indiretamente os investimentos da empresa. – 04/02/2010 – Agência Estado

“Os liberais não pregam o fim do Estado. Só recomendamos cuidado, pois a mão pesada pode gerar distorções.” Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. – 10/03/2010 – Revista Exame

“A crise causou mais ou menos um ano e meio de atraso na trajetória de crescimento da indústria, mas a situação está num grau de normalidade.” Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI. – 05/03/2010 – Jornal O Globo

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil (agosto/2009 a janeiro/2010) Ago Set Out Nov Dez Jan Bacia de Campos 1.716,2 1.728,1 1.718,0 1.695,3 1.677,5 1.647,6 Outras (offshore) 46,7 63,7 66,6 77,0 89,7 109,3 Total offshore 1.762,9 1.791,9 1.784,6 1.772,2 1.761,1 1.756,9 Total onshore 217,3 212,1 216,1 218,6 220,0 215,9 Total Brasil 1.980,2 2.003,9 2.000,7 1.990,9 1.987,1 1.972,8 Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Brasil (agosto/2009 a janeiro/2010) Bacia de Campos Outras (offshore) Total offshore Total onshore Total Brasil

Ago 28.869,7 5.685,6 34.555,3 15.690,9 50.246,2

Set Out Nov Dez Jan 28.693,9 26.937,1 27.105,6 26.572,5 25.212,0 7.371,9 8.350,3 8.192,8 8.742,1 8.686,1 36.065,8 35.287,4 35.298,5 35.314,6 33.898,0 15.291,9 15.573,2 15.369,3 15.666,3 15.650,1 51.357,6 50.860,6 50.667,7 50.980,9 49.548,1

investimentos programados em manutenção, melhorias de processo, segurança e meio ambiente alcançam US$ 3,3 bilhões. Esses investimentos poderão gerar cerca de 5,8 mil empregos diretos. O Rio de Janeiro receberá o maior volume de investimentos. Está prevista a aplicação de US$ 9,17 bilhões no estado. A maior parte desses recursos está destinada à implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em Minas Gerais, os projetos somam US$ 3,53 bilhões; em São Paulo, os planos de investimentos chegam a US$ 3,14 bilhões; na Bahia, a US$ 1,54 bilhão e, em Pernambuco, a US$ 1,23 bilhão. Os projetos sem localização definida somam US$ 3,51 bilhões. Os investimentos programados pela indústria química poderão ser multiplicados nos próximos anos, alcançando US$ 132 bilhões até 2020, com a implantação do Pacto Nacional da Indústria Química. Lançado pela Abiquim em dezembro, no Encontro Anual da Indústria Química, o Pacto lista os compromissos do setor com o desenvolvimento do país e propõe a adoção de uma série de medidas pelo governo, como a garantia de disponibilidade de matéria-prima, a desoneração da cadeia produtiva e a isonomia tributária. O fortalecimento das cadeias produtivas, o aumento da aplicação de recursos em inovação e desenvolvimento tecnológico, a elevação dos níveis de produtividade e a promoção da sustentabilidade são alguns dos compromissos assumidos pela indústria química. O Pacto Nacional da Indústria Química tem como metas colocar o setor entre os cinco maiores do mundo até 2020 e tornar o país superavitário em produtos químicos e líder mundial em química verde. A Abiquim calcula que a aplicação do Pacto criará 2,3 milhões de empregos no Brasil.

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Internacional (agosto/2009 a janeiro/2010) Exterior

Ago 146,9

Set 149,3

Out 153,4

Nov 150,9

Dez 150,3

Jan 147,7

Exterior

Ago 14.845,6

Set Out Nov Dez Jan 16.311,4 16.828,8 16.374,0 15.859,0 15.912,4

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) (agosto/2009 a janeiro/2010) Brasil+Exterior

Ago 2.530,6

Set Out Nov Dez Jan 2.572,2 2.573,0 2.556,9 2.551,4 2.525,8

Sobre a produção de novembro no Brasil: A produção média de óleo e LGN em novembro de 2009 foi de 1.991 mil bpd, cerca de 9,8 mil bpd abaixo da produção de outubro (2.001 mil bpd). Esta diferença deveu-se principalmente ao encerramento da produção do FPSO Seillean em Cachalote. A produção média de gás natural, excluindo o volume liquefeito, no mês de novembro de 2009 foi de 50,7 milhões de m³/d, apenas 200 mil m³/d abaixo do realizado no mês de outubro 2009 (50,9 milhões de m³/d). Fonte: Petrobras

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Foto: Rogério Reis, Agência Petrobras

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional (agosto/2009 a janeiro/2010)


GE Oil & Gas Drilling & Production

O oceano está cheio de perguntas.

Nós criamos as respostas. GE Oil & Gas, Drilling & Production é uma delas. A GE Oil & Gas investe recursos significativos para ajudar a ampliar fronteiras tecnológicas e solucionar desafios enfrentados pela indústria de petróleo e gás. É por isso que recentemente adquirimos a VetcoGray e a Hydril Pressure Control, ambas fornecedores líderes de equipamentos e serviços de perfuração e produção. A união dessas duas empresas nos coloca na vanguarda da tecnologia upstream de produção e perfuração. E, combinado aos recursos de longo alcance de toda a organização da GE, estamos avançando com um todo que é muito maior que a soma de suas partes. Temos orgulho de anunciar oficialmente que a VetcoGray e a Hydril Pressure Control são agora GE Oil & Gas, Drilling & Production – a resposta às suas necessidades de perfuração e produção.

ge.com/oilandgas

GE imagination at work TN Petróleo 70

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entrevista exclusiva Armando Comparato Jr., presidente da Prysmian Cabos e Sistemas de Energia e Telecom na América do Sul

ótimo O Brasil é

Quem assegura isso é o empresário Armando Comparato Jr., presidente da Prysmian Cabos e Sistemas de Energia e Telecom na América do Sul, um dos braços do grupo italiano Prysmian, que no final do ano passado anunciou o maior investimento já feito pela empresa em 80 anos no Brasil: R$ 200 milhões na expansão e modernização da planta fabril de Vila Velha, no Espírito Santo.

O investimento visa atender a um acordo de cooperação tecnológica firmado com a Petrobras, para desenvolver e produzir tubos flexíveis – que ligam o poço petrolífero submarino à plataforma ou navio. Até então, a fábrica capixaba da Prysmian Cabos e Sistemas, sucessora da Pirelli Cabos, estava voltada para a fabricação de umbilicais. “É uma nova linha, mas já desenvolvemos a tecnologia necessária e estamos otimistas com os resultados que virão”, comemora Comparato, nessa entrevista exclusiva à TN Petróleo. Há 28 anos na Prysmian, tendo ocupado cargos executivos em outras áreas da empresa, 14

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por Beatriz Cardoso

inclusive na matriz, o executivo paulistano aposta no aquecimento da indústria petrolífera brasileira para continuar a ter resultados cada vez melhores. TN Petróleo – A Prusmian fechou o ano em ritmo de grandes investimentos, anunciados em um megaevento que reuniu no Brasil o presidente mundial da empresa, Valério Battista, e o ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Claudio Scajola. Para um ano que começou em crise no mundo inteiro, o que isso significa? Armando Comparato Jr. – Confirma que o Brasil é um dos países prioritários na estratégia de negó-

cios da Prysmian. Na realidade, ele é o quarto em faturamento no grupo em todo o mundo, mas o primeiro em resultados. Em 2008, as sete fábricas brasileiras somaram um faturamento de R$ 1,4 bilhão, mais 10% em relação a R$ 1,25 bilhão, em 2007. Esse bom desempenho no Brasil vem se repetindo desde 2003. O brasileiro é muito bom! O que representam essas sete fábricas brasileiras, em termos globais? A Prysmian tem hoje 53 unidades, em 21 países, além de sete centros de pesquisa e desenvolvimento – sendo que um deles está


o Brasil é um dos países prioritários na estratégia de negócios da Prysmian. Na realidade, ele é o quarto em faturamento no grupo em todo o mundo, mas o primeiro em resultados.

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entrevista exclusiva

no Brasil, na Grande São Paulo. Atuamos em vários segmentos, sendo que, das sete fábricas brasileiras, a de Vila Velha (ES), que estamos modernizando, é a que tem relações mais diretas com o mercado offshore, embora os demais itens produzidos no país, como os cabos de fibra ótica, Telecom e energia, também sejam utilizados em grandes empreendimentos da área petrolífera. É com foco no mercado offshore que vocês estão alocando um grande volume de recursos, ou está distribuído por todas as áreas? Estamos buscando uma diversificação da nossa linha de produtos no país, principalmente voltada para o setor offshore, sem dúvida. Mas o volume de investimentos tem sido grande em todas as unidades. De 2007 a 2009, nossas fábricas receberam aporte de mais de R$ 240 milhões, tanto para a construção da fábrica e umbilicais, em Vila Velha e da unidade de mangueiras de alta pressão, em Cariacica (ES), como também na aquisição de maquinário para as fábricas de Santos André e Sorocaba (SP), além de investimentos em modernas tecnologias de fibras óticas e da nova fábrica de compostos de PVC, também no estado de São Paulo. O fato é que 16

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De 2007 a 2009, nossas fábricas receberam aporte de mais de R$ 240 milhões, tanto para a construção da fábrica e umbilicais, em Vila Velha e da unidade de mangueiras de alta pressão, em Cariacica no espírito santo

colocamos três fábricas novas em operação em três anos. E vamos colocar essa oitava fábrica em operação ainda esse ano. A própria economia vem tendo um desempenho que favorece o crescimento da Prysmian, certo? O ano passado foi muito difícil para grande parte dos países afetados pela crise. No entanto, foi um ano bom para o Brasil, que mostrou ter uma economia mais consistente. O fato é que a Prysmian se sente tranquila quanto à economia brasileira, como comprovam nossos investimentos. Existem ainda, é claro, alguns fatores que criam boas perspectivas, como as descobertas de petróleo na camada do pré-sal. Para nós, isso é importante, pois temos mais de 30 anos de parceria com a Petrobras. Daí esse investimento na diversificação de nosso portfólio para o setor offshore. A Prysmian está centrando esforços em P&D para desenvolver produtos de ponta para águas profundas?

Esse acordo de cooperação tecnológica com a Petrobras, que envolve um contrato de US$ 135 milhões, em quatro anos, e que demandou investimentos da Prysmian de R$ 200 milhões, tanto em obras como em maquinário, tem como principal objetivo desenvolver e produzir uma ampla gama de linhas estáticas e dinâmicas, para serem usadas em grandes profundidades e condições mais severas, sem dúvida. Já adquirirmos todos os maquinários e apresentamos um protótipo do produto na OTC (Offshore Technology Conference). Queremos terminar as obras dessa oitava unidade até o final do ano, para começar a fabricar o mais breve possível os tubos flexíveis (composto de armações metálicas com materiais termoplásticos de alta resistência para aplicações submarinas em águas profundas). É um negócio de valor agregado, com alto nível tecnológico e know-how que assegura à Prysmian uma posição ainda mais forte no setor de óleo e gás. Lembro ainda que a fábrica de Vila Velha é a única da Prysmian no mundo voltada apenas para atender ao mercado petrolífero offshore. Isso não está sendo desenvolvido pela Prysmian apenas com parceiros brasileiros? Não. No Brasil, temos parcerias com mais de uma instituição brasileira, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), além de pesquisas que realizamos em parceria com os demais centros da Prysmian, na Inglaterra e na Noruega, onde temos parceria com a Norwegian Marine Technology (Marintek). O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Prysmian no Brasil, que fica em Santo André (SP), também


o brasil é ótimo

está fazendo estudos nessa área ou vocês estão fazendo P&D também na fábrica de Vila Velha? Na realidade, em Vila Velha temos instalações que também estão funcionando como um centro de P&D, mais com foco no setor offshore, pois temos de realizar inúmeros testes e também fazer certificações de equipamentos que vão atuar em condições mais severas. A Prysmian está preparada para produzir cabos flexíveis cada vez mais resistentes para profundidades cada vez maiores e em ambientes com CO2? Os umbilicais não entram em contato com petróleo e, portanto, não sofrem maiores impactos em termos de corrosão. Mas os tubos flexíveis, sim. Com relação à tecnologia para produzir equipamentos como esses para grandes profundidades não é um grande problema,

Números da Prysmian no Brasil Fábricas: quatro em São Paulo, duas no Espírito Santo e duas em Santa Catarina (total de 53 em 21 países) Faturamento: R$ 1,4 bilhão (US$ 7,5 bilhões no mundo) Centros de P&D: um centro na Grande São Paulo (sete no mundo) Funcionários: mil colaboradores (12 mil em 21 países) 40% da produção brasileira de petróleo utilizam umbilicais da Prysmian Produção brasileira: 60 mil toneladas de cabo por ano Market share: 25% em todos os segmentos em que atua pois há expertise consolidada no mercado. O grande salto tecnológico está na busca de novos materiais para a fabricação desses tubos flexíveis. Assim, é importante a sinergia entre os nossos centros de P&D e as instituições de pesquisa. A nova unidade está projetada para produzir 180 a 200 km de tubos flexíveis. Esta produção, assim como a de umbilicais, é suficiente para atender ao mercado em expansão? Tudo indica que o pré-sal deverá começar a se materializar com mais

força a partir de 2012. Daí a importância em estarmos produzindo em 2011. É obvio que a meta é atender a Petrobras, mas acreditamos que uma parcela da nossa produção, algo em torno de 30% a 40%, poderá ser direcionada para outras companhias de petróleo que atuam no país, e até mesmo no mercado externo. O mercado de tubos possui grande demanda. São poucos fornecedores e muita procura. Já temos potenciais compradores na Costa Oeste africana e no Golfo do México. Mas a prioridade é fazer frente à demanda da Petrobras.

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

Nesta edição.

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Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Divulgação Starfish

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Agência Petrobras

independentes

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Produtores Independentes

O outroBrasil

do petróleo por Cassiano Viana

A revista TN Petróleo inicia, nesta edição, uma série de reportagens sobre a produção independente de petróleo no Brasil.

D

entre os tantos marcos da história do petróleo brasileiro, pelo menos dois dizem respeito diretamente ao estado da Bahia: a descoberta, em 1939, do petróleo em Lobato – que, mesmo considerada subcomercial incentivou as pesquisas do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) – e a campanha promovida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pós-Lei do Petróleo. Visando recuperar e prolongar a vida de produção em áreas com acumulações marginais (os chamados campos marginais, aqueles cuja produção não passa 500 barris diários, um volume baixo, no limite da economicidade, em grande parte abandonados por se-

rem considerados economicamente irrelevantes), de posse de campos devolvidos à União pela Petrobras, a Agência decidiu ofertá-los ao mercado. Outro marco – esse, de certa forma, de impacto negativo para a região –, foi a decisão da Petrobras de explorar petróleo no mar e o deslocamento, gradativamente e a partir de então, dos investimentos para as bacias do Sudeste do país. Até ali (início da década de 80), a atividade petrolífera no país estava concentrada nas operações de produção terrestres localizadas em regiões carentes na Bahia, Sergipe, Alagoas, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Ceará. Mas esta é uma outra história. Com a Lei do Petróleo, veio a aprovação, pelo Governo Fede-

Município de Araçá, onde está localizado o Campo de Bom Lugar, da Alvorada Petróleo.

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independentes

ral, da licitação pública de campos marginais e a consequente preocupação com sua viabilidade econômica. Foi quando ANP passou a incentivar a implantação do segmento de produtores de médio e pequeno porte, comumente chamados de ‘produtores independentes’. Estas novas empresas teriam seu foco principal de atuação nessas bacias que já não constituíam o objetivo principal da Petrobras e das grandes companhias de petróleo, mas que ainda poderiam significar geração de riqueza e incorporação de mercado de trabalho de boa parte das populações locais.

Desenvolvimento local Segundo a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), as petroleiras independentes já investiram cerca de R$ 2 bilhões desde 2003, quando as empresas de menor porte começaram a participar das Rodadas de Licitação 20

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de Blocos Exploratórios da ANP. Apesar da redução ao longo dos anos – o pico de produção ocorreu em 2007, com 1.800 barris por dia –, a produção destas gira, hoje, em torno de 1.500 barris diários. No Brasil, cerca de 50% dos campos é marginal e representa perto de 1% das reservas provadas do país, um mercado atraente para as companhias petrolíferas independentes de pequeno e médio porte. “A presença de petroleiras de pequeno e médio porte é de suma importância não só para o desenvolvimento da indústria nacional como um todo, mas para o desenvolvimento de municípios com poucas oportunidades econômicas”, avalia Oswaldo Pedrosa, presidente da Associação. “Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de um mer-

cado para atender o segmento. Isso criou a possibilidade, para muitas empresas, de diversificar a atuação. Empresas locais que tinham como único cliente a Petrobras agora podiam fornecer para outras empresas, as quais, ainda que representando pouco, já começavam a gerar movimento”, explica. “Não há competição entre os produtores. Estão todos alinhados, buscando encontrar soluções para os problemas comuns.” Isso sem contar a rede de empresas, instituições de ensino e pesquisa, cursos e universidades: “Em termos políticos, as prefeituras também perceberam que se as empresas saírem, o impacto será enor me”, comenta Doneiva n Fer r ei r a, professor de Economia de Petróleo do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Levando em consideração que grandes empresas operam com expectativas de retornos elevados, a atuação das pequenas e médias libera as maiores para atuarem em reservas mais estratégicas, como a do pré-sal. “O portfólio de projetos de uma grande empresa inclui vários campos de produção diária de milhares de barris. Uma empresa com esse perfil não poderia justificar a seus acionistas a decisão de investir e direcionar esforços em recursos humanos e equipamentos, ambos escassos, em projetos de baixo retorno”, explica Doneivan. “Poços marginais precisam de atenção especial para continuar produzindo e, compreensivelmente, grandes empresas não podem priorizar pequenos projetos em detrimento de produções mais lucrativas”, complementa.


TN Petr贸leo 70

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independentes

Bahia

onde tudo começou

B

erço do Brasil e da história do petróleo no país, foi na Bahia que a indústria nacional do petróleo deu seus primeiros passos. responsável pela quinta maior produção de petróleo do país – em termos de produção a Bahia fica atrás do rio de Janeiro, espírito santo, rio grande do norte e sergipe –, o estado tem consolidado o segmento de micro e pequenas empresas que atuam na cadeia de petróleo, gás e energia. A Bahia possui, hoje, em terra e sob a concessão de produtoras independentes brasileiras, na Bacia do recôncavo, 15 campos produtores: Canário, uirapuru, Fazenda santo estevão, lagoa do Campo norte, Fazenda rio Branco, lagoa do Paulo, Bom lugar, santana, Jiribatuba, Juriti, morro do Barro, Araçás leste, Burizinho, lagoa do Paulo sul e sempre-viva. os campos estão localizados em oito municípios: são sebastião do Passe, Catu, Alagoinhas, Araçás, itanagra, Vera Cruz, entre rios e sátiro dias. metade deles, nos municípios de Catu e Araçás. e é lá que estão algumas das principais empresas independentes de petróleo em atividade no país.

Petrosynergy A Petrosynergy possui 12 blocos adquiridos na segunda, terceira, quinta, sexta, sétima e nona rodada de licitação de Blocos da AnP. seis deles no recôncavo, seis na Bacia Potiguar. Com uma produção diária em torno de 800 barris/dia e um faturamento anual de cerca de r$ 25 milhões, a Petrosynergy já 22

TN Petróleo 70

BAHIA área: 567.692,669 km² (5º) Municípios: 417 População (2007): 14 milhões (4º) PIB: r$ 110 bilhões (6º) PIB per capita: r$ 8 mil (19º) IDH: 0,742 (19º) Produção de petróleo: 15 mil bpd Produção de gás: 3 milhões m³/d

O petróleo na Bahia

Petrobras (%)

Independentes (%)

Poços produtores: 1.695

98,6

1,4

Poços produtores de gás: 285

97,9

2,1

Produção diária média de petróleo: 47 mil barris/dia

98,7

1,3

Produção diária média de gás: 5,25 milhões/m³

99,8

0,2

Número de poços injetores: 533; número de empresas produtoras: 9; extensão da malha de dutos (óleo + gás): 1.575 km; volume médio de petróleo refinado: 261 milhões b/d. obs.: Icms pago ao estado da Bahia (só e&P): R$ 2,9 bilhões. Fonte: rede Petro Bahia, 2008


A história do petróleo na Bahia

perfurou 25 poços com o índice de sucesso maior que 60%. Na Bahia, a companhia possui o campo de Uirapuru, adquirido em 2005 e localizado no município de Catu, com produção total de 108,3 boe/d (42,1 b/d de óleo, 66,2 boe/d de gás). Ainda em Catu, a Petrosynergy possui o campo de Canário, cuja produção total é de 189,4 boe/d (177,0 b/d de óleo, 12,4 boe/d de gás). Com uma população estimada de 50 mil habitantes, Catu fica a 78 km de Salvador. Outros municípios petroleiros como Alagoinhas e São Sebastião do Passe estão no limite do município. Os campos de Canário e Uirapuru são fruto das duas primeiras descobertas da Petrosynergy. O Uirapuru teve ainda mais um poço perfurado. Os dois campos são oriundos do bloco exploratório BT-REC-3 e a produção dos dois foram iniciadas em 2005. “As descobertas contribuíram para novos horizontes, uma vez que as formações produtoras nestes campos estavam a uma profundidade que ainda não tinha sido explorada pelas operadoras ao redor deles.” “A campanha de exploração na Bahia foi de extrema importância para a companhia uma vez que suas descobertas foram significativas e puderam suportar novas perfurações de poços exploratórios”, explica Daniel Romeiro, engenheiro da Petrosynergy. Hoje, a produção desses dois campos corresponde a pouco mais de 35% do que é produzido pela empresa, sendo Canário com 40

m³/dia e Uirapuru, quando os dois poços estão operando, com 6 m³/dia. A produção acumulada nesses dois campos é de 85 mil m³. A companhia é proprietária de duas sondas, uma de perfuração (sonda PSY01) e outra de workover (PSY14). No final de janeiro, a sonda de pulling estava sendo transportada para a locação do poço do campo do Uirapuru, para realização de troca de bomba e limpeza do poço. A outra sonda, a de perfuração, está sendo transportada até a locação no bloco REC-T-153, adquirido na Nona Rodada de Licitações, para a perfuração de dois poços exploratórios. A perfuração do primeiro poço exploratório já foi iniciada e o segundo poço tem previsão de início na próxima.

Alvorada Constituída em 2006, a Alvorada Petróleo é formada por quatro grupos empresariais de tradição: Construtora Empa (do grupo português Teixeira Duarte, com atuação em construção pesada, distribuição de combustíveis e Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs), Construtora Pioneira (atua na área de geofísica e construção), Grupo Asamar (atua na área de incorporações, distribuição de combustíveis, construção) e AEL (distribuição de combustíveis, construção civil e PCHs). A Alvorada é uma empresa de exploração, produção e comercialização de petróleo onshore, embora já possua qualificações para concorrer como operadora em conces-

1858 – Primeira extração de mineral betuminoso em Maraú 1939 – Primeiro poço descobridor de petróleo em Lobato 1941 – Descobrimento do Campo de Candeias

1949 – Início da construção da refinaria RLAM 1954 – Início das operações da Petrobras 1957 – Início dos cursos de Geologia e de Perfuração 1957 – Inauguração do oleoduto Catu-Temadre 1969 – Máxima produção na Bahia (146 mil barris/dia) 1978 – Inauguração do Polo Petroquímico de Camaçari 1994 – Início das operações da Bahiagás 1997 – Criação da ANP 2000 – Descobrimento do Campo marítimo de Manati 2001 – 1º Leilão de Campos Marginais 2005 – 1º campo descoberto por operadora independente (Uirapuru – Petrosynergy)

TN Petróleo 70

23


independentes

Principais campos na Bahia Locais de entrega do óleo produzido na região Refinaria RLAM

Distância (Km)** Capacidade 63,4

325 mil bpd

102

2,5 mil bpd

Manguinhos (RJ, privada)

1.975

30 mil bpd

Univen (Itupeva – SP, privada)

2.018

5 mil bpd

Dax Oil (BA, privada)

Refinaria Atlântico Sul* (SE)

267

200 mil bpd

* Pedido em análise na ANP ** A partir da cidade de catu

Catu Além dos campos na tabela em azul, outros são de propriedade da ANP: Bela Vista, caracatu, Dom João, Fazenda Azevedo oeste, Fazenda Gameleira, Jacarandá, miranga Leste, Pitanga, rio Una e Vale do Quiricó. os demais pertencem à Petrobras.

Petrobras Petrobras El Paso

Ilustração: TN Petróleo

El Paso

24

El Paso

TN Petróleo 70

Campo

Município

Concessionários / Participação (%)

Guanambi

São Sebastião do Passe

Petrobras 80 / Starfish 20

Canário

Catu

Petrosynergy 100

Uirapuru

Catu

Petrosynergy 100

Fazenda Santo Estevão

Alagoinhas

W Petróleo 52,5 / Brazalta 47,5

Lagoa do Paulo Norte

Araçás

Recôncavo 100

Fazenda Rio Branco

Catu

W Petróleo 52,5 / Brazalta 47,5

Lagoa do Paulo

Itanagra

Recôncavo 100

Bom Lugar

Araçás

Alvorada 100

Santana

Catu

W Petróleo 52,5 /Brazalta 47,5

Jiribatuba

Vera Cruz

Alvorada 100

Juriti

Entre Rios

Recôncavo 100

Morro do Barro

Vera Cruz

Panergy 30/ ER 70

Araçás Leste

Araçás

Egesa 100

Burizinho

Itanagra

Recôncavo 100

Lagoa do Paulo Sul

Araçás

Recôncavo 100

Sempre Viva

Sátiro Dias

Orteng 34 / Delp 33 / Logos 33


o outro brasil do petróleo

sões públicas para exploração em águas rasas. Com sede em Belo Horizonte (MG), as atividades relacionadas a exploração, produção e comercialização ficam sediadas em Salvador (BA). A petroleira possui três campos em produção, arrematados na Sétima Rodada da ANP, na região do Recôncavo Baiano e em Sergipe (Campo Bom Lugar/BA, Campo Jiribatuba/BA e Campo Cidade de Aracaju/SE), além de 11 blocos em fase exploratória, arrematados na Nona Rodada da ANP, na região do Recôncavo Baiano. A Bacia do Recôncavo Baiano, onde está localizada a maioria dos ativos da Alvorada Petróleo, é considerada uma área de exploração madura, com risco de exploração limitado por conta disso. Até o momento já foram investidos R$ 70 milhões incluindo aí os investimentos nos campos da Sétima Rodada e o

realizado até o momento nos blocos exploratórios da Nona Rodada. Além de Bom Lugar, a Alvorada possui a concessão dos campos produtores de Jiribatuba e Aracaju. A produção atual dos três campos é da ordem de 80 barris/dia. “Visando incrementar a produção, estão previstos estudos de reservatório e geologia e trabalhos nos campos e poços produtores, a fim de se testar novos horizontes produtores nos poços citados, bem como o potencial de novas reservas nestas áreas”, explica Ladislau Oliveira, diretor da Alvorada Petróleo. “Os blocos da Nona Rodada, pertencentes à Alvorada Petróleo, são estratégicos, dadas as excelentes características de logística e conhecida capacidade petrolífera da área. Estão próximos a grandes Campos produtores da Petrobras como Miranga, Água Grande e Mata de S. João, além de alguns deles terem

Ladislau Oliveira, diretor da Alvorada Petróleo

sido alvo de grande interesse entre os participantes do leilão”, avalia Oliveira.

Novas descobertas Em fins de 2009, a Alvorada obteve duas descobertas, referentes aos blocos 155 e 129 da Nona Rodada. Em janeiro de 2010, a petroleira executou a completação e os testes de formação a poço revestido

Sanken


independentes

A Panergy foi criada como uma firma de consultoria para o setor de energia. Em 2005, com a Primeira Rodada de Leilões da ANP para áreas inativas com acumulações marginais de petróleo e gás natural, a empresa saiu vencedora do Campo de Morro do Barro, na Bacia de Camamu (BA). No ano seguinte, no segundo leilão, arrematou o campo de Espigão na Bacia de Barreirinhas

(MA), ambos promissores como produtor de gás natural. A escolha por blocos portadores de gás natural tem sido uma estratégia da empresa. Localizado no município de Vera Cruz, Ilha de Itaparica, baía de Todos os Santos, o Campo de Morro do Barro tem hoje uma produção diária contratada com a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás), de 35 mil m3 de gás. Já foram investidos no projeto mais de R$ 9 milhões. Este é o primeiro projeto competitivo para reativar um campo marginal de gás natural e distribuir sua produção com o que havia de modal disponível, que era o GNC (Gás Natural Comprimido). E o primeiro contrato assinado, no país, para distribuição de gás produzido em campo maduro. “Até então, o escoamento do gás era pensado apenas por gasoduto. Mas em uma região isolada como esta nossa, a solução era outra”, explica Normando Paes, presidente da Panergy e presidente da Associação de Empresas Produtoras de Petróleo e Gás Natural Extraídos de Campos Marginais (Appom). A Panergy vende todo seu gás para a Bahiagás, que atende ao

Petrobras, dificilmente teríamos uma janela de sonda para atender aos 16 blocos que foram licitados.” A ideia era conseguir uma sonda que pudesse atender a todos os poços, de 3.000 a 600 m de profundidade. “Como a distância entre Sergipe e Bahia não é significativa, conseguimos atender a todos”, recorda Normando. Na Segunda Rodada de Licitações de Campos Marginais da ANP, esse modelo se estendeu para as capixabas Cheim Transportes e da Koch Petróleo do Brasil, empresas que arremataram lotes no Espírito Santo. Dentro de um plano estratégico da companhia, posteriormente a Panergy decidiu adquirir sua própria sonda. “Na época, parecia uma boa ideia ter

uma sonda para atender ao mercado.” Com a crise, a Panergy resolveu sair momentaneamente da atividade, entregando a sonda para um outro grupo operar. “A sonda ainda é nossa, mas temos planos de nos desfazer do ativo”, comenta Paes. “Ainda não está compensando.”

Normando Paes, presidente da Panergy e presidente da Associação de Empresas Produtoras de Petróleo e Gás Natural Extraídos de Campos Marginais (Appom)

a fim de qualificar estas descobertas identificadas durante a perfuração dos dois primeiros poços exploratórios. O poço 1-ALV1-BA mostrou-se portador de óleo com API 32° em formação Marfim, com vazão de teste de 140 barris de óleo por dia. Já o poço 1-ALV2-BA, mostrou-se portador de óleo com API 38º e gás em reservatório de formação Sergi, com vazão de teste de 700 barris de óleo por dia e 10.000 m³ de gás por dia. Ambas as descobertas estão com seus respectivos planos de avaliação sendo finalizados e serão encaminhados para apreciação da ANP.

Sonda compartilhada Além da distribuição, outra dificuldade enfrentada pelos independentes é a contratação de sondas. “Mesmo as grandes petroleiras enfrentam esse obstáculo. A OGX, por exemplo, está com dificuldade de contratação de sondas.” Em 2005, os associados da Appom se reuniram em consórcio para viabilizar um contrato anual de uma sonda que, dentro de um cronograma, interviesse em todos os poços das concessionárias que entraram em 2005. “Como todas as sondas estavam naquele momento contratadas pela 26

TN Petróleo 70

Com estes resultados, a Alvorada trabalha para ainda no primeiro semestre deste ano colocar estes poços em produção.

Panergy


o outro brasil do petróleo

mercado de cidades próximas ao Campo não servidas pela malha de dutos da Companhia. São 35 mil m³ por dia de gás contratados. O que equivale a seis a sete carretas feixe por dia. “Este é não só o primeiro contrato de gás natural de campo maduro no Brasil, mas a primeira vez que o GN produzido em um campo com acumulações marginais é comercializado no país”, diz. “Nosso plano agora é tocar o projeto do campo de Espigão, em Barreirinhas, no município de Santo Amaro, no Maranhão.” A companhia também possui, em outro compartimento do campo de Morro do Barro, um único poço produtor de óleo leve, com produção estimada entre 25 e 40 barris/dia. O poço está parado por dificuldade de comercialização. Esse é um problema que ainda não está equacionado. Existe uma expectativa de comercializar essa produção com as independentes Dax Oil, na Bahia, Manguinhos, no Rio de Janeiro e Univen em São Paulo. “A Petrobras continua reestudando as suas condições operacionais e comerciais para atender o volume de produção do pequeno produtor, mas na Bahia, ainda temos certa dificuldade para a comercialização”, observa Paes.

PetroRecôncavo Outra companhia que atua na região é a PetroRecôncavo. Maior operadora independente de extração de petróleo onshore no país, com foco principal de atuação em Campos Maduros e Campos Marginais localizados no Recôncavo Baiano, ela tem uma produção total nos campos operados de 1.657.112 boe no ano. A PetroRecôncavo produz atualmente 4 mil barris/dia de óleo e gás. É uma produção extremamente relevante, sobretudo no

Marcelo Campos Magalhães, diretor-presidente da PetroRecôncavo

contexto da produção independente. A companhia começou a operar a partir de 2000 a partir de contratos de prestação de serviços para a Petrobras. A companhia opera 12 campos para a Petrobras, dentre eles os de Mata de São João, Remanso, São Pedro e Fazenda Belém, cerca de 50 km a nordeste de Salvador. “É um modelo (o de contrato de produção de risco) que nós achamos interessante. Compete muito mais à Petrobras e a ANP do que a nós produtores avaliar qual o modelo mais interessante para ela e para o país”, avalia Marcelo Campos Magalhães, diretor-presidente da PetroRecôncavo. “Filosoficamente, estamos trazendo um modelo adotado em várias partes do mundo, nas quais você procura um perfil de operador adequado ao perfil do ativo. Então se você tem um campo maduro com baixa produção média por poço, uma empresa mais enxuta, e de atuação mais local, com maior capacidade de tomar decisões rápidas e ágeis, tem condições de operar o ativo de forma mais eficiente”, explica. “Isso permite, por exemplo, que um poço com produção média de 5 barris se torne rentável dentro

da nossa estrutura de custos. Estamos trabalhando para reduzir este limite econômico, o que implica em mais produção, royalties, impostos, empregos, etc”. “Temos também alguns campos exploratórios que foram adquiridos ao longo dos Leilões da ANP e nas Rodadas de Campos Marginais e que são explorados através de uma subsidiária chamada Recôncavo E&P”, explica. Dentre os blocos da Recôncavo E&P estão o BT-REC-10, o BTREC-14 e o REC-T-225. A PetroRecôncavo adquiriu recentemente da National Oilwell Varco (NOV), hoje o maior fornecedor de sondas dos EUA, uma sonda de perfuração com previsão de chegada ao país ainda no primeiro semestre. “Nós temos hoje três sondas de trabalho. Esta nova sonda vai nos permitir um bom nível de eficiência de perfuração. A idéia é começar a perfurar no segundo semestre”, observa. “Mas ainda estamos avaliando as locações”. A companhia tem como sócios um grupo americano, especialista em administração de campos maduros e marginais, que já atua mundialmente nesse tipo de empreendimento e dois grupos locais aqui no Brasil. TN Petróleo 70

27


independentes

sucesso Retomada de

Um bom exemplo da revitalização é o Projeto Campo-Escola, iniciativa pioneira que vem assegurando resultados positivos Poço Quiambina 1-QB-04A-BA, em setembro de 2003 (foto menor), e nos dias de hoje (foto maior)

I

dealizado por Newton Monteiro, o Projeto Campo-Escola (PCE) foi criado, em julho de 2003, pela ANP, em parceria com a Ufba, e apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex), com a finalidade de gerir e operacionalizar os campos de Quiambina, Fazenda Mamoeiro, Caracatu, Riacho Sesmaria e Bela Vista. Com isso, a ANP esperava atingir vários objetivos, dentre eles a capacitação de mão de obra local, treinada em operação de campos de petróleo e gás, e pronta para atuar nas pequenas e médias empresas operadoras de campos de petróleo. O campo de Quiambina, descoberto em abril de 1983 pela Petrobras e fechado e devolvi28

TN Petróleo 70

do à ANP em 1997, o primeiro revitalizado pelo projeto, possui um único poço produtor de óleo e está equipado com bombeio mecânico. Sua retomada produtiva ocorreu em janeiro de 2004. O poço alcançou uma produção acumulada de mais de 14 mil barris em março de 2007. Atualmente, a produção mensal do poço está variando entre 290 e 310 barris/mês. O campo de Fazenda Mamoeiro, escolhido para entrar em operação em junho de 2007, foi descoberto e colocado em produção em 1982, sendo fechado em 1987. Os volumes in situ de óleo e gás são de 19,3 milhões de barris e 1,28 bilhões de m³, respectivamente. De acordo com o programa de reabilitação elaborado

pela ANP e pela Ufba, a previsão de produção de gás encontra-se entre 5 mil a 10 mil m³/dia e 30 barris por dia de óleo. O Fazenda Mamoeiro está pronto para produzir gás (mas aguarda o resultado de uma licitação para um operador terceirizado – outro operador independente). Os outros três campos (Bela Vista, Caracatu e Riacho Sesmaria) estão sendo avaliados pelo Instituto de Geociências. Esses campos poderão abrigar outros projetos de produção ou uma variedade de projetos de pesquisa aplicada. Além disso, hoje vem sendo desenvolvido no PCE o Curso de Especialização em Engenharia de Petróleo, com carga horária de 629 horas. Já em sua terceira turma.


Impactos socioeconômicos do ouro negro Retomada das operações fortalece a economia local

De 1997 a 2005, no Recôncavo, foram gerados e distribuídos mais de R$ 2 bilhões em royalties para municípios e estado da Bahia.

S

exta maior economia do Brasil, com um PIB superior a R$ 90 bilhões, a Bahia tem o nono pior IDH do país (0,742 em 2005), equivalente ao IDH de 2005 do Sri Lanka, que é o 99º do mundo, com 0,743. No entanto, segundo a ANP, no período de 1997 a 2005, no Recôncavo foram gerados e distribuídos mais de R$ 2 bilhões em royalties para municípios e o estado baiano. Não é difícil imaginar o impacto positivo dessa arrecadação. Ao mesmo tempo, Lobato, marco da descoberta do petróleo no Brasil, virou uma favela, após a interrupção, na década de 1970, da produção de petróleo (ver box na página 31). A presença de pequenas operações e de qualquer eventual aumento de produção se reflete em royalties, mais receita e impostos,

compensações ambientais e geração de renda. Além, obviamente, do aumento da necessidade de contratação de mão de obra direta ou indireta, local ou regional. Com a presença das operadoras, a infraestrutura dos municípios também melhora. Muitas vezes estradas são abertas, pavimentadas e mantidas pelas operadoras. Chegam bancos e agências dos correios. A presença das operadoras também possibilita o estabelecimento de restaurantes, pousadas, hotéis e outros comércios, como aluguel de carros e transportes e contratação de serviços de segurança, fazendo circular a moeda dentro do município e comunidades circunvizinhas. O mesmo acontece com a eletricidade, com a solicitação de linhas ou aumento de carga junto às concessio-

Aposta nos independentes

Dax Oil – Investimentos sem contrato de fornecimento Implantada há sete anos, localizada no polo petroquímico de Camaçari, a companhia produz solventes a partir do refino da nafta e correntes petroquímicas. No momento, está promovendo adequação das instalações para processar o óleo do Recôncavo. Apostando na região e na produção independente, a companhia inaugura em março a segunda coluna para refino do óleo. “Resolvemos investir sem termos sequer contratos de fornecimento, mas acreditando no potencial de produção da região”, comenta Cyro Valentini Jr, da Dax Oil. “Já sofremos a falta de matéria-prima. Essa Cyro Valentini,Sulaimen Bittar e Francisco Carlos Carvalho, dificuldade de comercialização da Dax Oil Uma alternativa para a comercialização da produção dos produtores independentes, que atualmente contam apenas com a Petrobras, Manguinhos (RJ) e a refinaria paulista Univen, em Itupeva (SP), é a Dax Oil.

nárias de energia elétrica. “Com isso, a população também se beneficia”, assegura Marcelo Campos Magalhães, da PetroRecôncavo. “É uma equação simples: se gerarmos mais royalties e mais atividade econômica local as prefeituras podem melhorar a prestação de serviços, a educação, a infra-estrutura e podemos dar inicio a um circulo virtuoso.” “É preciso lembrar que grande parte das operações encontra-se em áreas isoladas e de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, observa o professor Doneivan Ferreira, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia. “A retomada de operações temporariamente abandonadas e o prolongamento da vida de operações maduras fortalecem as economias locais enfraquecidas”. dos independentes vai nos facilitar essa aquisição.” A instalação terá capacidade para 2.500 barris/dia, um volume que, hoje, não está disponível no mercado. A ideia é que sejam produzidas na coluna três correntes petroquímicas, uma nafta bruta pelo topo, uma mistura de diesel e querosene no meio (uma das aplicações poderia ser diluente para ligas de asfalto) e RAT (resíduo atmosférico) que poderá ser comercializado como óleo combustível, com boa colocação no mercado). A companhia processa, hoje, condensado de gás vindo do campo de Manati. “Temos um contrato de compra de toda a produção da Queiroz Galvão. A matéria-prima é transformada em três tipos de solventes.” Dentre os clientes da Dax Oil estão BR, Quantic, Ipiranga Química e Aruja Petróleo.

TN Petróleo 70

29


independentes

Cadeia produtiva

baiana

Bahia tem empresas com perfil adequado aos pequenos produtores

D

epois do pioneirismo dos anos 1940 e 50, quando mesmo enfrentando a ausência de equipamentos e utilizando métodos e ferramentais quase artesanais o estado entrou para o mapa das regiões petrolíferas produtoras, a Bahia assiste, nos últimos anos, ao ressurgimento das oportunidades de negócios como consequência da reativação dos campos onshore e descobertas em bacias offshore. E todos acreditam que poderá ser uma fase das mesmas dimensões do período de bonança dos anos 1960, 70 e 80, quando a intensa atividade exploratória da Petrobras permitiu o crescimento e consolidação de um parque supridor local, processo que naufragou na crise nos anos 90 – uma das maiores da história do estado.

“A chegada de novas empresas operadoras de campos de petróleo é um fato sem precedentes”, observa Nicolas Honorato, coordenador executivo da RedePetro Bahia. “Regiões em que a atividade petroleira ainda é associada à Petrobras começam a perceber uma tímida, mas firme pulverização industrial, o que gera uma dinamização da economia.” E assegura: “Com isso, o estado pode estabelecer as bases de um sólido polo industrial e de autoproteção de eventuais crises no setor, no futuro.” Honorato opina que, com o tempo, muitas empresas passarão a desenvolver equipamentos específicos para o setor, para as petroleiras de pequeno porte, pequenas produções, baixas vazões e do setor onshore. “Temos uma

série de equipamentos para campos de baixa produção que não são fabricados no Brasil, mas que existem em países com tradição onshore”, comenta. “Infelizmente existe alguma incerteza. As empresas estão esperando para saber se o mercado vai deslanchar ou não”, destaca. “Pena que essa dinamização tem ficado estagnada nos últimos meses. Não houve novas rodadas, não houve a entrada de novas companhias. Infelizmente, não temos assistido a grandes investimentos de exploração. A cadeia de fornecedores só vai crescer quando existirem investimentos na Bahia e no Nordeste em geral”, avalia Honorato. “Se o mercado não for apoiado e desenvolvido, infelizmente essas empresas não vão para a frente.”

Rede fortalece a cadeia de fornecedores Criada em maio de 2006, com três anos de atividades, a RedePetro Bahia tem gerado negócios e reduzido custos para as empresas associadas por meio de ações de capacitação, encontros de negócios, missões empresariais e programas cooperativos. As empresas associadas à Rede fabricam bens ou prestam serviços que atendem aos segmentos de exploração, produção, refino, petroquímica, transporte e distribuição de óleo e gás. A Rede hoje reúne cerca de 50 empresários e tem o apoio não só do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Petrobras, mas de empresas como Bahiagás e Braskem, e instituições como a ANP, o Governo do Estado e a Appom. 30

TN Petróleo 70

Em dezembro de 2006, após quase um ano de pesquisa, a Rede divulgou os resultados do

Diagnóstico da Cadeia de Petróleo e Gás do Estado da Bahia (DiagPetro).


o outro brasil do petróleo

Tratador de óleo in situ

U

m exemplo de empresa que busca soluções adequadas para o perfil dos produtores independentes é a Fluxotécnica. Ela vem desenvolvendo um tratador de óleo para campos de baixa produção. O equipamento, móvel e adaptável, não é fabricado no Brasil. A ideia é que o mesmo vá de campo em campo coletando produção dos pequenos produtores. “Tínhamos um projeto de desenvolvimento de um sistema de aumento de produção de gás. Quando passamos a vivenciar mais do que acontece no campo, percebemos a dificuldade que os produtores têm de tratar o óleo”, recorda João Paulo Paschoarelli, da Fluxotécnica. Falta info. Os campos marginais e maduros produzem uma quantidade de água muito elevada, o que traz uma série de transtornos, por sobrecarregar as estações de tratamento existentes – cada vez que se aumenta a capacidade de tratatamento da água é reduzida a capacidade de tratar o óleo. As produtoras independentes não possuem estações de tratamento, o que gera um problema de preço, tornando a produção economicamente inviável. Logo, existe uma carência muito grande de tratadores. “A produção de água aumentou muito e as estações estavam sobrecarregadas. Outro problema era de logística. Quando você transporta a emulsão não tratada (e um poço pode produzir até 95% de água), você pode estar transportando ba-

sicamente água, ou muito mais água que óleo”, explica. “Isso nos motivou a buscar uma solução para resolver esse problema. Para fazer esse tratamento não nas estações que estavam sobrecarregadas, mas perto da região produtora dos poços”.

Maximizando a produção Outro exemplo de inovação é a Quantas Biotecnologia. Ela cultiva bactérias que ajudam na perfuração e completação dos poços de petróleo. O resultado dessa cultura biológica é um biopolímero de alto peso molecular, denominado goma xantana, um dos componentes do fluido de perfuração usado como uma espécie de lubrificante para proteger as brocas de perfuração contra o desgaste e maximizar a produção. Melhor ainda: trata-se de matéria-prima renovável, decompondose mais rapidamente na natureza. O produto hoje é 100% importado, de interesse da Petrobras e obviamente dos pequenos produtores. O projeto conta com a parceria e o apoio de diversos organismos e instituições, como o Instituto Baiano de Biotecnologia (IBB), a Rede Nordeste de Biotecnologia, a RedePetro Bahia e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). A ideia é que, no médio prazo, o volume de biopolímero produzido atenda a todo o mercado nacional, substituindo plenamente as importações e possibilitando ao Brasil tornar-se um país exportador desse produto.

Foto: Agência Petrobras

Inovação para campos maduros

O presidente Getúlio Vargas durante visita ao Campo de Lobato, Bahia.

Lobato: Promessa na ficção, abandono na vida real Em fevereiro de 2008, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem mostrando que Lobato, marco da descoberta do petróleo no Brasil, havia se transformado em uma grande favela, com a interrupção, na década de 1970, da produção de petróleo. Casas chegaram a ser construídas em cima de locais onde antes existiam poços de petróleo. A descoberta de petróleo em Lobato ocorreu no final da década de 1930, quando o engenheiro Manoel Inácio Bastos começou a fazer coletas no local. Procurou o presidente Getúlio Vargas em 1932 para mostrar a ocorrência de óleo. A perfuração do poço foi feita em 21 de janeiro de 1939, logo após a criação do Conselho Nacional de Petróleo. A partir daí, a exploração de petróleo ganhou fôlego na Bahia e permitiu a descoberta de outros campos no Recôncavo Baiano. Monteiro Lobato, entusiasta da exploração do petróleo no país, escreveu sobre o fato em O poço do visconde, de 1937. No livro, o visconde de Sabugosa encontra petróleo no Sítio do Pica-pau Amarelo e o óleo passa a ser explorado pela “Companhia Donabetense de Petróleo”. Visconde afirma que no dia em que o Brasil tivesse petróleo, ele não veria mais “milhões de brasileiros descalços, analfabetos, andrajosos na miséria”. “Tendo sob os pés até 1 milhão de barris, cerca de 1.500 moradores de Lobato convivem com saneamento precário, desemprego e pobreza”, escreve a repórter da Folha, Janaína Lage. Com a matéria, ela recebeu o merecido Prêmio Onip de Jornalismo em 2009. “Do papel que desempenhou no impulso à indústria petrolífera do país pouco restou em Lobato: uma réplica de um cavalo (equipamento usado para bombear petróleo), uma placa de cimento onde ficava o primeiro poço e um painel da Petrobras que diz: “Aqui começou o sonho da autossuficiência”, descreve. Para a ANP, ainda existe em Lobato um volume entre 500 mil a 1 milhão de barris de petróleo...

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independentes

Pequenos produtores, pequenos municípios e

grandes esperanças

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2006, na Bahia, existiam cerca de 1.780 poços produtores terrestres de óleo em atividade. Esses poços faziam parte de um sistema de 44 blocos exploratórios, seis campos em desenvolvimento e 82 campos em produção.

E

Doneivan F. Ferreira é professor de Economia de Petróleo do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e organizador do livro Produção de petróleo e gás em campos marginais: um nascente mercado no Brasil.

32

TN Petróleo 70

sse sistema beneficiava 195 municípios com royalties (entre 5 e 10% da receita bruta). Em 2006, 374 superficiários e proprietários de terras regularizadas receberam cerca de R$ 20,6 milhões. No ano seguinte, a Bahia recebeu R$ 152,1 milhões em royalties e R$ 2,3 milhões em Participação Especial (PE). Os municípios baianos receberam R$ 106,8 milhões em royalties e R$ 568 mil em PE. Os proprietários de terra do estado receberam entre 1998 e 2007 cerca de R$ 108 milhões em remuneração compensatória pela atividade de produção em suas terras. Não é difícil imaginar o tipo de movimentação financeira que poderia ocorrer na Bahia caso parte dos 1.600 a 1.800 poços produtores hoje parados estivessem em plena atividade. Esses poços inativos representam, em muitos casos, a subutilização das concessões (muitos campos que poderiam operar 50 poços atualmente operando apenas um), a falta de equipamentos de intervenção, a carência de mão de obra disponível, ou a simples falta de interesse nos mesmos. No entanto, a movimentação dos royalties não é o principal benefício do prolongamento da vida dos campos maduros da Bahia. Estudos preliminares sobre os impactos socioeconômicos desse segmento indicam que em Mata de São João, município onde a Petrobras terceiriza suas operações para a empresa PetroRecôncavo, as receitas oriundas do pagamento de ISS por prestadores de serviços são duas vezes superiores às receitas provenientes dos royalties. Ademais, a movimentação do comércio local é fortemente impactada pelo modelo de operação de uma empresa terceirizada. A tabela a seguir indica os setores que foram identificados como agentes impactados pelas atividades de produção de óleo e gás no modelo dos concessionários independentes. Os possíveis modelos operacionais nos campos maduros no Brasil são: 1) Petrobras como concessionária e operadora; 2) Petrobras como concessionária terceirizando a produção para um operador independente; 3) Concessionário não Petrobras (pequeno produtor ou operador independente). A presença de pequenas operações de produção possibilita a instalação e/ou manutenção de alguns serviços públicos que não estariam disponíveis em áreas


Setores mobilizados pelo nicho de produtores independentes Petróleo e gás

Transporte e armazenagem

Produtos químicos

Arrendamento e locação

Comércio atacado

Produtos plásticos e de borracha

Serviços técnicos e especializados

Utilities

Bens imóveis

Gestão empresarial

Serviços financeiros

Indústria da informação

Produtos de petróleo e lubrificantes

Máquinas e manufaturados

Serviços de suporte administrativo

Produtos minerais não metálicos

Fabricação de metais

Equipamentos de transporte

Serviços de alimentação e restauran- Construção civil tes locais

Entretenimento e lazer

Serviços de qualificação

Gestão de resíduos e serviços de sa- Governo estadual e local neamento

Mercados e supermercados

Produtos de informática e outros ele- Concessionárias, revendedoras e oficitrônicos nas de veículos

Mercadorias em geral

Postos de combustível

Equip. elétricos e eletrodomésticos

Serviços de manutenção

Serviços informais

Serviços de transporte

do interior do Nordeste (estradas pavimentadas, agências bancárias, energia elétrica, agências dos Correios, etc.). Grande parte dessas operações encontra-se em áreas isoladas e de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). As experiências vividas por pequenos operadores dão testemunho dessa realidade. Em vários lugares do Nordeste, povoamentos isolados vêm estabelecendo contato com a economia regional por meio de abertura de estradas de acesso a poços. Da mesma forma, comunidades sem energia elétrica são beneficiadas por investimentos de pequenos produtores na instalação e ampliação da rede elétrica para atender a demandas de poços e bombas elétricas em áreas isoladas. Em Itaparica, a empresa Panergy abriu uma estrada de acesso para uma comunidade isolada na contracosta da Ilha, facilitando a chegada do programa Luz para Todos do Governo Federal. Quando a empresa precisou de três mil estacas de concreto para cercar suas áreas, um fabricante local de peças de concreto foi contratado dando início a uma nova modalidade de produtos para região. Uma empresa local foi contratada para fazer os uniformes dos funcionários. A sede da Panergy fica perto da Rodovia BA-001 (na Ilha de Itaparica). A Rodovia é perigosa, principalmente pela presença de animais na pista. A empresa hoje oferece toda sua área cercada para que a comunidade local deixe seu gado dentro de seus cercados pastando em grama de boa qualidade e deixando a pista livre. Em Aracaju, nas operações da Severo Villares, outros exemplos são encontrados. Perto do campo de Tigres, um bar local foi ampliado e transformado em restaurante e pousada, servindo refeições para os trabalhadores e hospedando funcionários.

A PetroRecôncavo tinha um poço de difícil acesso passando por uma estrada com elevado índice de acidentes. A estrada foi asfaltada pela empresa, o que tornou o trajeto seguro para todos os usuários. Uma das maiores despesas da empresa concentra-se justamente na manutenção de pistas de circulação na região. Essa mesma empresa é responsável por mais de 30% da freguesia de dois restaurantes de Mata de São João. Em suas proximidades, pode-se encontrar: 1) uma vendedora ambulante que serve diariamente cerca de 150 cafés da manhã para empregados terceirizados; 2) um pequeno negócio de lavagem rápida que presta serviços para a empresa; 3) uma oficina que faz manutenção da frota; 4) um posto de gasolina que abastece a frota; 5) uma cooperativa de mototáxi que atende aos trabalhadores terceirizados; 6) um artesão que fabrica móveis com fibra de dendê e vende para os funcionários da PetroRecôncavo. Esses exemplos demonstram como o modelo de operação dos produtores independentes movimenta a economia local – faz a moeda circular no município – e abre oportunidades de convivência e serviço. O prolongamento da vida desses projetos exige, principalmente, o gerenciamento da produção declinante, mediante investimentos em reparação de infraestrutura envelhecida, estudos geológicos e geofísicos, gerenciamento da água produzida, e emprego dos recursos em técnicas para aumento da recuperação (convencional e avançada). É recomendável também o direcionamento de esforços exploratórios para identificação de outros reservatórios ainda não desenvolvidos, tudo isso sob cuidadosa análise de viabilidade técnico-econômica. A indicação do ponto crítico em que o campo se torna marginal dependerá do cenário mercadológico. TN Petróleo 70

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independentes

O foco do negócio está na maximização da produção, otimização da produção diária, e na minimização das perdas de produção, cujos itens mais importantes são: a redução do tempo do poço parado; a redução do ciclo de reparos; a escolha criteriosa do método de elevação adequado. Mesmo diante desses desafios, pequenas empresas podem operar projetos de forma rentável. Além da ausência do risco exploratório, este nicho ainda é motivado pela acessibilidade a tecnologias tradicionais, pela previsibilidade do fluxo de caixa e por um claro potencial para incremento da produção. Com custos operacionais mais baixos, pequenas empresas podem viabilizar a operação de poços de baixa produção. Pequenos empreendedores nada podem fazer para alterar o fator ‘mercado’. Resta ao setor reivindicar e aguardar um cenário regulatório favorável com disposições específicas, incluindo um tratamento adequado para os pequenos concessionários / operadores e projetos de pequeno porte. Um grande desafio é a oferta de campos por meio de leilões da ANP. A Agência precisa manter uma rotina de oferta de campos para dar suporte ao mercado. Não somente para que os pequenos produtores atinjam os volumes necessários para consolidar esse nicho, mas para quebrar o ciclo de custos altos para equipamentos e serviços, frutos de uma dinâmica ainda de mercado monopolizado. Outra importante ação esperada do Governo Federal é a desburocratização e agilização dos processos de licenciamento ambiental. Atualmente estes processos para perfuração de poços levam entre 12 a 18 meses. Para

piorar a situação, existe um impasse entre estado e municípios acerca da competência para licenciar atividades de produção. As atividades de perfuração são complexas. É comum uma empresa requerer várias licenças de perfuração enquanto estudos geofísicos estão em andamento. Como os processos são morosos, as solicitações de licença são feitas com antecedência. No entanto, muitas vezes, os estudos em andamento acabam indicando outras áreas para perfuração e o processo precisa ser reiniciado. Um processo de licenciamento ambiental ‘por campo’, ou ‘por área’, precisaria ser instituído. Uma licença seria dada para todo o campo (ou concessão) e as atividades passariam apenas por registros e autorização expressa dos órgãos responsáveis. Por fim, persistem os problemas na comercialização do óleo. A Petrobras não pode ser obrigada a comprar óleo. O mercado carece de alternativas. Em abril, a Dax Oil começa a refinar o óleo de pequenos produtores com uma capacidade inicial de 2.500 barris/ dia, atendendo perfeitamente as demandas do atual mercado baiano. O óleo advindo desses pequenos projetos de produção representa uma fatia insignificante do volume extraído anualmente no Brasil. No entanto, os ganhos sociais e econômicos diretos e indiretos nesta região são de grande significado. A não-consolidação deste nicho de mercado para a livre atuação do pequeno e médio empresários no esquema de produção de petróleo e gás em campos maduros e acumulações marginais, portanto, significaria perdas econômicas e sociais expressivas em vários níveis.

Sigpetro: banco de dados integrado e georreferenciado para o upstream onshore Um sistema confiável e inteligente que possibilite o acesso e a participação de outras instituições de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) aos dados de campos do projeto. Essa é a ideia do Sistema de Inteligência Integrada de Acesso a Dados do Setor de Petróleo (Sigpetro), que vem sendo desenvolvido pelo Instituto de Geociências do Departamento de Geologia e Geofísica Aplicada da Universidade Federal da Bahia (Ufba). “Levando em consideração o mercado emergente de pequenos produtores e os planos da ANP de oferecer mais áreas inativas com potencial de reativação para o projeto Campo-Escola, o acesso à informação geográfica é um dos fatores mais críticos em vários processos de suporte a decisão”, explica o professor Doneivan Ferreira, da Ufba. “Muitos objetivos que diversas organizações pretendem atingir em conjunto só podem ser alcançados se a informação geográfica consistente e de boa qualidade estiver disponível e acessível”, avalia o professor, que é autor e organizador do livro Produção de petróleo e gás em campos marginais: um 34

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nascente mercado no Brasil. “Infelizmente, a produção de dados geográficos ainda é cara e consome muito tempo.” O Sigpetro ainda tem como objetivo estabelecer o Projeto Campo-Escola da ANP/Ufba como um importante agente gerador de produtos científicos, tecnológicos e de formação de Recursos Humanos, criando modelos que possam ser replicados em outras áreas de produção. Dentre os beneficiários diretos dessa ferramenta estão os novos players do setor, os pequenos concessionários, empresas de infraestrutura e órgãos reguladores. A iniciativa tem também potencial de lançar as bases tecnológicas para uma série de produtos (equipamentos e serviços) considerados gargalos críticos do segmento.


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independentes

A cara e a cruz Situação do parque supridor na Bahia

A primeira década de 2000 começa aquecida aqui na Bahia. Havia tempo não se via tanta cotação chegando às empresas, tanto serviço para ser executado e tanto equipamento para ser fornecido.

C

Nicolás Honorato Cavadas é secretário executivo da redePetro Bahia.

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oincidem no tempo as grandes adequações na rlAm, construção do gasene, ampliações da malha urbana de gás natural, retomada dos trabalhos no estaleiro de são roque do Paraguaçu (BA). e aqui perto, os grandes empreendimentos em suape (Pe), espírito santo ou mossoró (rn). A nota discordante vem do e&P. este segue sem levantar cabeça 20 anos depois da fuga de investimentos para macaé (rJ). os petroleiros daqui falam saudosos do tempo em que na Bahia havia fábricas de brocas, revestimentos, hastes de bombeio, unidades de bombeio mecânico... de quando o “Bahia mistura” do recôncavo, leve, tipo árabe, era chamado óleo cru rei no Brasil. e de quando a cadeia de fornecedores se completou no dia em que decidiram construir aqui, em Camaçari, um dos maiores polos petroquímicos do hemisfério sul. no downstream, sem dúvida, a Bahia continua possuindo uma mais que respeitável malha de fornecedores, principalmente de serviços! mais de quatro décadas de refinaria e mais de três de polo petroquímico e de estaleiros permitiram desenvolver, entre outras, excelentes empresas de engenharia, de caldeiraria, de montagem e de inspeções técnicas. Basta passar um dia percorrendo a região metropolitana de salvador para perceber a importante densidade industrial nos chamados “Polos de Apoio”, em dias d’Ávila, simões Filho e na própria Camaçari. estamos bem servidos e, diante dos investimentos anunciados, acreditamos que ainda há espaço para mais. no upstream a coisa está pior. Quase todo o parque supridor que havia fechou na década de 1990, quando a Petrobras direcionou seus investimentos para Campos. A produção manda. Hoje, apenas há prestadoras de serviços locais e os fornecedores de equipamentos se contam com os dedos das mãos. são verdadeiros heróis que sobreviveram porque buscaram mercados em outras regiões do país. não tinha como ser de outra forma, porque por aqui se furam poucos poços e os recursos se concentram em operações de manutenção da antiga infraestrutura de produção existente. sabemos que outra forma de gerenciar bacias maduras é possível. Chega a dar água na boca ao conhecer os casos de Alberta (Canadá) ou do oklahoma (euA). lá perfuram milhares de poços


por ano e então há espaço para centenas de pequenas empresas que prestam serviços de perfilagem ou de cimentação e que fabricam todo tipo de ferramentas e equipamentos. Aqui não. nesse sentido, tínhamos até esperanças de as coisas começarem a mudar quando a AnP promoveu o mercado de pequenos produtores nacionais em campos marginais, mas nem sempre a lógica e as boas intenções conseguem vencer as barreiras do poder estabelecido. Hoje existe um lugar no planeta no qual há várias empresas produzindo petróleo e gerando emprego local, mas precisam manter os poços fechados porque o único comprador viável não quer comprá-lo: sim, só podia ser na Bahia. em soma, investimento pouco e de fonte única que deixa muita riqueza desperdiçada no subsolo e deixa de gerar toda a que poderia na superfície. A indústria baiana fornecedora de bens e serviços para o setor de petróleo busca agora, pela primeira vez, se unir. A associação, chamada aqui de redePetro, tenta fazer o que os sucessivos governos estaduais e certas entidades de classe deveriam ter feito ao longo dos anos, mas nunca fizeram: aprender, entender e promover de verdade, com atos e não com palavras, os interesses do sofrido parque supridor baiano.

enquanto isso, pelo bem dos fornecedores locais, só nos cabe pedir a santos e orixás que alguém descubra um pouco do pré-sal na nossa costa, que a AnP consiga convencer às operadoras de se enquadrarem nas novas normas de Conteúdo local ou que algum político perceba quanto a Bahia está deixando de ganhar com o atual modelo de exploração da nossa querida e prolífera, porém quase esquecida, bacia do recôncavo. Vale dizer que a bacia do recôncavo é a mais longeva dentre todas as bacias petroleiras brasileiras, com mais de 70 anos de atividade, e até hoje uma das mais prolíferas, com mais de 230 milhões de m³ produzidos nos seus 80 campos distribuidos em pouco mais de 11.000 km².

The SPE International Conference on in Oil and Gas Exploration and Production

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12–14 APRIL 2010 RIO DE JANEIRO, BRAZIL

www.spe.org/events/hse

Principal Sponsor

Society of Petroleum Engineers

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independentes

Campos maduros e o

governemnt take A revisão da legislação sobre óleo e gás que ora se discute apresenta uma oportunidade para se rever a questão do government take (os tributos cobrados pelo governo) sobre os campos maduros. O cenário tributário brasileiro, de maneira geral, trata grandes e pequenos empreendimentos praticamente da mesma forma.

N

Thereza Aquino é economista e doutora em Economia Mineral pela UFRJ. É diretora da Therac Consultoria Econômica e ex-superintendente de Infraestrutura do BNDES. É professora substituta da Escola Politécnica da UFRJ e pesquisadora do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico), da UFRJ.

Mauricio Aquino é contador e mestrando em Administração no Ibmec-RJ. É diretor de consultoria da Praxis Brasil Consultoria e Investimentos. É ex-auditor da Deloitte Touche Tohmatsu e ex-sócio da PS Contax Auditores Independentes.

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o caso dos hidrocarbonetos, não poderia ser diferente, e pune a existência dos campos maduros, pois os trata da mesma forma que os grandes campos, não fazendo distinção de natureza. Em geral, a quase-totalidade destes campos encontra-se em terra e na região Nordeste, e em municípios que vivem orçamentariamente dos repasses dos Fundos Constitucionais e da receita de royalties. Ao contrário do que muitas prefeituras que abrigam estes campos possam pensar, uma redução nos percentuais de pagamento de royalties incentivaria os detentores dos campos maduros (sobretudo os produtores independentes) a investir no aumento de sua produção, pois a desoneração da produção levaria a tal efeito econômico. A explicação é simples – pagando menos royalties, sobram recursos para investir em aumento de produção. Desta forma, o aumento de produção a ser verificado ampliaria a base de cálculo, compensando a redução de alíquota, e os municípios não teriam uma redução desta receita orçamentária. Os motivos que justificam tal proposta são muitos, e podemos destacar alguns: a dinamização dos negócios regionais em áreas notadamente carentes, a dinamização da indústria nacional em função do aumento de encomendas de insumos de produção, e o consequente aumento na geração de empregos. É importante lembrar que, por diversas vezes, no Brasil, foram dados incentivos fiscais à produção de bens que poderiam ser comparados aos campos maduros, como foi o caso dos chamados ‘carros populares’. Esses veículos, na sua maior parte, eram modelos já defasados e que seriam retirados de linha. Ganharam uma sobrevida com a diminuição da tributação incidente e ao adotarem motores de menor potência. Hoje, continuam sendo dos modelos mais produzidos e, gerando milhares de empregos e de encomendas em toda a cadeia da indústria. Desta forma, é importante que os agentes que estão discutindo as mudanças na Lei do Petróleo observem que o mundo dos hidrocarbonetos não é constituído apenas de grandes campos na camada pré-sal. Devem também dar atenção aos campos maduros e aos agentes que atuam nestas áreas, pois grande parte destes é de pequenas empresas que atuam em áreas carentes, e que teriam a oportunidade de expandir negócios, através da expansão da produção de óleo e gás.


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Foto: Roberto Rosa, Consorcio Quip

perspectivas 2010

grande assim E o tombo não foi tão

por Cassiano Viana

Passado pouco mais de um ano da mais profunda crise econômica desde a Grande Depressão, a economia global parece ingressar em uma fase de recuperação. 40

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O

Brasil se mostrou no caminho certo, por meio de sua política econômica e monetária profissional e confiável, fazendo com que tenhamos perspectivas animadoras para 2010”, avalia Bernardo Moreira, sócio responsável pelo setor de petróleo e gás da KPMG no Brasil. “Essa animação advém, principalmente, da nossa economia interna, menos dependente do mercado externo e fortalecida nos últimos anos, além dos indicadores econômicos e financeiros que seguem estáveis”, complementa. Segundo Moreira, os investimentos em curso, executados pelas principais empresas brasileiras e pelo governo, poderão ser deixados como legado para as próximas gerações. “Poderão contribuir também para termos um crescimento constante, capaz de fazer com que o Brasil se torne uma referência na economia global, assim como foi na superação da crise mundial”, avalia. “Esperamos que as perspectivas e estimativas para 2010 confirmem nossa tendência de estabilidade e progresso e que cada vez mais direcionemos nossos recursos e investimentos em planos estratégicos de desenvolvimento para o futuro.” Segundo pesquisa sobre transações no segmento realizado globalmente (Global oil and gas transactions review), divulgada pela Ernst & Young em janeiro, o último ano foi de grandes oportunidades para as empresas do setor de petróleo e gás. No total, foram anunciadas 837 negociações, ante 1.152 em 2008, sendo que o segmento de upstream (que antecede o refino) respondeu por 72% deles. Apesar do menor número de transações, o volume de negociações foi maior: US$ 198 bilhões, um incremento de 10% quando comparado ao ano ante-

rior – o que pode ser considerado surpreendente, dada a baixa dos preços da commodity em 2009. Como reflexo da melhora do cenário econômico e do preço do petróleo, o segundo semestre concentrou a maior parte das negociações – foram anunciados 485 acordos nesse período, contra 352 no primeiro semestre (aumento de 38%). Em volume financeiro dos negócios realizados, o segundo semestre concentrou US$ 109 bilhões, 22% a mais do que os US$ 89 bilhões do primeiro semestre. “A tendência positiva dos últimos meses deve ser mantida em 2010. O cenário de transações nesse segmento é promissor no setor de upstream e serviços nos campos petrolíferos”, avalia Eduardo Redes, sócio da Ernst & Young. “Em contrapartida, no setor de downstream (a parte logística, que envolve a distribuição dos produtos da refinaria), o trabalho acima da capacidade em muitas regiões deve conduzir a um período de incertezas e desafios nas transações.” As transações relacionadas aos segmentos de serviços no campo petrolífero caíram mais de 60% em 2009, com 79 acordos concluídos (foram 202 em 2008). Considerando-se as negociações que tiveram valores revelados, o volume financeiro total foi de US$ 11,4 bilhões

Número de transações Valores (bilhões) 1.152 (2008) US$ 178,20 837 (2009) US$ 198,00 Volume de transações por setor (2009) Upstream: 72% Downstream: 28% Fonte: Global Oil and Gas Transactions Review, Ernst & Young

em 2009, 62% menos que os US$ 30,1 bilhões de 2008. “A ausência de fontes de financiamento e o impacto da redução de preços do petróleo foram as causas principais para essa queda”, explica Redes. O setor de downstream, que já havia apresentado menor volume de fusões e aquisições em 2008, manteve a tendência em 2009. Foram 153 transações no ano, 30% menos que o período anterior. Já o setor de upstream teve forte recuperação. Apesar da queda no número de transações – foram 605 ante 730 no ano anterior –, o volume financeiro saltou 33%: de US$ 112 bilhões para US$ 149 bilhões e m 2 0 0 9 . “A s perspectivas para 2010 são ainda melhores, pois o capital de risco volta a apostar no setor, os projetos de desenvolvimento estão voltando à pauta e os orçamentos para prospecção e exploração em 2010 estão mais volumosos”, afirma Maria Helena Pettersson, sócia da Ernst & Young.

divulgado no início Brasil, quinta maior Estudo do ano pela Pricewaterhouseaponta o Brasil como economia em 2013 Coopers a quinta maior economia do mundo em 2013. A China, por sua vez, será a líder mundial. Os prognósticos econômicos indicam ainda que até 2020 o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo de sete maiores emergentes – chamado E-7 e formado por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia – será maior do que o do G-7. Cinco das dez maiores economias, até 2030, serão países hoje tidos como emergentes. TN Petróleo 70

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Com a volta da estabilidade e confiança aos mercados, o capital de risco retorna ao setor de petróleo e gás. um número representativo de iPos é esperado para 2010. dependendo dos resultados, o interesse só vai aumentar. “Provavelmente, terão mais sucesso no mercado companhias com portfólios mais abrangentes, que cubram desde a exploração até o refino”, antecipa a executiva.

Em compasso de espera o plano de negócios da Petrobras só deve ser divulgado após aprovação do marco regulatório. em fevereiro, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa confirmou o que muitos já pressentiam: divulgação do Plano de investimentos para o período de 20102014, só mesmo após a aprovação do novo marco regulatório. “não faz sentido algum aprovar um plano se

Foto: Stéferson Faria, Petrobras

perspectivas 2010

estamos prestes a fazer uma capitalização do porte previsto no novo marco. isso muda tudo”, afirmou. segundo a ministra-chefe da Casa Civil, dilma rousseff, a demora na votação dos projetos que definem o novo marco regulatório do petróleo no país está atrasando e atrapalhando a revisão do Plano de investimentos da Petrobras. Para a ministra, a ideia é que, após a aprovação dos projetos, a Petrobras possa enfim dar continuidade à revisão do Plano de investimentos, previsto para ser divulgado no primeiro trimestre deste ano.

“Até agora, nada deixou de ser feito, mas o comprometimento de novos investimentos já está chegando ao limite”, afirmou a ministra. em dezembro, o presidente da Petrobras, José sérgio gabrielli, disse que a revisão do Plano para os próximos anos indicaria gastos maiores do que o projetado para o período 2009-2013, elevando os investimentos para mais de us$ 174 bilhões previstos na atual carteira de empreendimentos. Até ali, a estatal já havia revisado mais de quatro mil projetos de investimentos.

CNI: indústria está pronta para alavancar o crescimento PArA A coNFeDerAção Nacional da Indústria (cNI), o Brasil começará 2010 em ritmo acelerado de crescimento. “o crescimento esperado para 2010 deverá fazer com que a produção industrial ultrapasse o nível de antes da crise no primeiro semestre do ano”, preveem os técnicos da cNI em estudo divulgado também em dezembro. Depois da retração de 10,8% neste ano, os investimentos deverão aumentar 14% em 2010, mais do que o dobro do ritmo esperado para a economia. “os fatores que permitem projetar essa tendência são a elevação no nível da capacidade instalada na indústria, o aumento da confiança do industrial, a redução dos custos e o aumento da disponibilidade dos financiamentos de longo prazo”, destaca o estudo. “Há um cenário favorável com fatores como a superação da crise internacional, a retomada de investimentos das empresas, aumento do crédito e expansão 42

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já iniciada do setor de máquinas e equipamentos, que deve ser um dos líderes do dinamismo este ano” comentou o economista da cNI, Flavio Castelo Branco. “com certeza, a indústria vai ser o setor a liderar o crescimento da economia em 2010”, afirmou. Otimismo é o maior dos últimos anos – Também divulgado em janeiro, o índice de confiança do empresário Industrial (Icei) da cNI apontou que o otimismo dos industriais brasileiros é o maior dos últimos 11 anos. o indicador alcançou 68,7 pontos em janeiro, uma alta de 2,8 pontos frente a outubro e de 21,3 pontos em relação a janeiro do ano passado, quando, atingida pela crise internacional, a confiança do empresário caiu para 47,9 pontos. A pesquisa foi respondida por 1.431 empresas.


e o tombo não foi tão grande assim

em PesQUIsA APreseNTADA em dezembro, a Federação das Indústrias do rio de Janeiro (Firjan) demonstrou que a indústria do rio está otimista com o ano 2010. mais de 92% das 225 indústrias pesquisadas, que representam 43.336 trabalhadores, terminaram o ano com faturamento igual ao obtido em 2008. comparando com o período pré-crise, 64,9% das empresas já recuperaram o nível de produção ou já operam em patamar superior. Quase 1/3 dos entrevistados informaram que os impactos negativos da crise já terminaram, enquanto 64,8% acreditam que o pior já passou. Dentre os empresários que ainda convivem com os efeitos negativos da crise, 71,8% acreditam

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Pesquisa Firjan em dezembro

que estes serão superados já no primeiro semestre de 2010. A despeito da crise, 43% das empresas esperam encerrar 2009 com vendas superiores a 2008, um ano positivo, levando em consideração que a retração econômica foi sentida apenas no último trimestre. comparando com o primeiro trimestre de 2009, a maioria das empresas (56,2%) espera iniciar o ano com um ritmo de produção superior aos três primeiros meses

deste ano. A quase-totalidade dos entrevistados (95,1%) afirmou estar confiante ou muito confiante quanto ao desempenho da economia brasileira em 2010. No entanto, segundo a própria Firjan, no texto de conclusão da pesquisa, é importante observar que estes resultados não significam que os impactos negativos da crise tenham terminado, uma vez que esta interrompeu um processo de forte crescimento industrial. Para 2010, o desafio da indústria é recuperar a pujança perdida por conta da crise econômica mundial. Dentre os principais entraves para o desenvolvimento do país estão a qualidade da educação profissional, a tributação, a qualidade da educação básica e a infraestrutura.

2010 Offshore Technology Conference 3-6 May

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Reliant PaRk

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Houston, texas

OTC

The Offshore Technology Conference is the world’s foremost event for the development of offshore resources in the fields of drilling, exploration, production, and environmental protection.

www.otcnet.org/2010

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perspectivas 2010 Entrevista com Rodrigo Ventura, economista e consultor da Macroplan

Contas públicas ainda são o problema Quem afirma é Rodrigo Ventura, economista e consultor da Macroplan, ao analisar o cenário econômico do ano passado e fazer projeções para 2010 e 2011. TN Petróleo – Saímos da crise? Rodrigo Ventura – Pode-se dizer que o momento mais agudo da crise já faz parte do passado, mas a economia mundial ainda apresenta fatores de risco que não nos permitem desconsiderar um cenário de ‘recaída’. Nos países emergentes a situação é mais confortável, mas ainda assim existem riscos: a regulação no cenário internacional ainda é frágil, o que aumenta o risco de bolhas. Qual a avaliação dos impactos até agora, sobretudo no Brasil? O Brasil empreendeu uma bem sucedida travessia da crise, com grande destaque para a atuação do Banco Central (que criou um padrão) e para os esforços de dinamização do consumo em massa. O desempenho do mercado interno brasileiro foi o principal responsável para que o Brasil tenha sido um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela. Ao longo do ano de 2009, a demanda agregada da economia brasileira manteve-se aquecida, favorecida pela preservação da renda real das famílias, pela redução da inflação e pela melhora nas condições do mercado de crédito. Assim, apesar da crise, foram gerados quase 1 milhão de novos empregos formais em 2009, já descontados os desligamentos. Decorre daí a expectativa quanto a um cenário positivo para 2010. 44

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É possível desenhar um cenário ideal para 2010? O crescimento da economia brasileira parece já estar contratado (entre 5% e 6,5%) e a maioria das previsões aponta para uma geração de mais de 1,5 milhão de novos empregos formais ao longo do ano. É esperada ainda a expansão do crédito e do consumo. O ambiente de fortalecimento da demanda interna e de retomada gradual da atividade econômica mundial se expressa, ainda, na recuperação dos investimentos. Projeta-se aumento dos investimentos tanto privados quanto de empresas estatais e de governos estaduais e municipais. O que precisamos torcer para acontecer e qual seria o pior cenário? Fatores de risco existem e não podem ser ignorados. Nos Estados Unidos e na Europa, o desemprego ainda é alto e o mercado imobiliário não mostra sinais sólidos de estabilização. Assim, para 2010 espera-se baixo dinamismo nas chamadas economias maduras (EUA, Europa e Japão), reduzida geração de empregos e estagnação do consumo. A China, mais uma vez, será o principal motor da atividade mundial, devendo manter sua moeda desvalorizada e uma posição de forte competitividade nos mercados em que atua. Quais os riscos maiores para o Brasil?

No Brasil, potenciais entraves a um perfeito aproveitamento de 2010 são, em primeiro plano, pressões inflacionárias – que podem conduzir a uma elevação dos juros – e pressões na balança comercial, com aumento do déficit em transações correntes. Contudo, por se tratar de ano eleitoral, o maior risco para o período é o de afrouxamento fiscal. O que podemos esperar de 2010 levando em consideração o período eleitoral? O Brasil tem uma economia mais sólida e menos vulnerável do que em períodos eleitorais anteriores, como 1998, 2002 e 2006, por exemplo. Turbulências nos mercados existirão, mas dificilmente exercerão sobre o cenário político e econômico o papel que tiveram em momentos passados. O maior risco é o de afrouxamento fiscal. Em 2009, o superávit primário do setor público foi pouco superior a 2% do PIB, abaixo da meta fiscal para o ano. Mantida a atual tendência de expansionismo fiscal, acentuam-se os riscos de desequilíbrio das contas públicas nos próximos anos. A conta chegará, em algum momento. E tudo indica que caberá ao próximo governo arcar com as consequências disto.


Corrida eleitoral, anúncio de pré-candidaturas, a nova etapa do PAC (PAC–2), nova safra brasileira de óleo diesel, as Expectativa no mercado financeiro, as projeções do PIB, a aprovação dos projetos de lei que regulam o pré-sal, a dança das cadeiras na Esplanada (os ministros que pretendem disputar cargos eletivos em 2010 têm até o final de março para deixar suas pastas), a última etapa do Gasoduto Sudeste-Nordeste, os testes no pré-sal da Bacia de Santos, OTC em Houston, Texas, o “Ano da Biodiversidade” da ONU (a sustentabilidade como pauta central), a feira-monstro em Shanghai (Expo Shanghai, na China), com duração aproximada de cinco meses e um número estimado de 70 milhões, a Copa do Mundo da África do Sul, o início da coleta dos dados para o Censo 2010 pelo IBGE, o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio, a 66ª Assembleia Geral das Nações, cobrando um ritmo mais acelerado no andamento dos programas de cumprimento das Metas do Milênio, cujo prazo se encerra em 2015, Rio Oil & Gas e International Pipeline Conference em Calgary, Alberta no Canadá, as eleições em outubro, a 10ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade, realizada pela ONU em Nagoya, no Japão, os planos da Petrobras para instalação de uma base de extração nos campos de extração nos campos de Cascade e Chinook, ambos localizados em águas ultraprofundas do Golfo do México, nos Estados Unidos, o primeiro grande teste do potencial de geração de riquezas do pré-sal, em dezembro, com a largada em um projeto piloto de produção no campo de Tupi.

2010: uma nuvem de acontecimentos


Foto: Banco de Imagens Petrobras

sms

sms a indústria já entende essa mensagem

por Rodrigo Miguez

Cientes de que os acidentes que colocam em risco vidas e impactam o meio ambiente podem destruir a imagem de qualquer empresa, com fortes reflexos em sua produtividade e, consequentemente, lucros e faturamento, as companhias petrolíferas colocaram o SMS no tripé de seu planejamento estratégico, em busca de um crescimento sustentável.

S

eguindo o ditado popular de que ‘prevenir é o melhor remédio’, nas últimas duas décadas as grandes companhias de petróleo perceberam que os recursos aplicados em segurança, meio Ambiente e saúde, o já conhecido sms, é um investimento

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essencial para a sobrevivência e longevidade desta indústria nos tempos atuais. Quem trabalha no setor sabe dos riscos diários aos quais estão submetidos devido aos equipamentos e produtos que manuseiam todos os dias, além das adversidades do ambiente industrial e o fato de tais operações serem ininterrup-

tas. ou seja: é uma indústria que nunca para. Quando há uma parada ou é para manutenção, um procedimento vital em qualquer atividade, mas que no setor petrolífero quase nunca é uma paralisação de toda a planta, ou, no pior dos casos, em função de algum acidente ou risco de que a planta pare.


gurança e a garantia de que sua saúde ou até sua própria vida não corre risco.

Minimizar acidentes

Daí a importância da implantação de um sistema integrado de gestão em SMS, com as mais modernas ferramentas tecnológicas e treinamento contínuo da força de trabalho, respaldados em exercícios e simulações periódicas. O sucesso dessa gestão vai depender também da conscientização dos empregados e do comprometimento da alta direção em levar adiante sua política de SMS, custe o que custar. E aí está o problema: SMS tem custo alto. Mas bem menor dos possíveis acidentes. Para os funcionários, as vistorias, certificações, e fiscalizações realizadas nas embarcações e nos equipamentos representam a se-

Para Raúl Casanova, diretor da Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Equipamentos e Produtos de Segurança e Proteção ao Trabalho (Abraseg), o investimento em SMS tem como foco principal a redução de acidentes de trabalho e dos impactos ambientais. Quem não alocar recursos contínuos no aprimoramento cada vez maior dos itens e procedimentos de segurança irá perder mercado, afiança Casanova, observando que as empresas têm investido cada vez mais nesta área, sobretudo em equipamentos mais modernos e eficazes. Na cadeia produtiva da indústria de óleo e gás quem tem negócios na área de SMS está sempre pensando mais adiante, com foco na minimização de riscos. É o caso da Emerson Process Managment, que vem desenvolvendo produtos que utilizam rede wireless (sem fio), uma tecnologia aplicada, por exemplo, no monitoramento a distância de tanques de petróleo: assim, o operador não precisa mais ir até o local para checar as informações de temperatura e pressão, por exemplo, pois elas chegam eletronicamente. Isso evita que ocorra algum tipo de acidente com o operador. “Temos os equipamentos Delta V-SIS, chamados de sistemas instrumentados de segurança. Quando se detecta algum tipo de risco de incidentes em uma planta, esse sistema desliga automaticamente a unidade”, explica o diretor de sistemas da Emerson, Claudio Fayad.

Dura lição A Petrobras mudou totalmente seu sistema de segurança, meio

ambiente e saúde na última década, a partir de dois desastres ambientais que impactaram fortemente a imagem da empresa: o derramamento de óleo na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e em rios do Paraná, em 2000 (ver box). Sem falar na explosão e naufrágio da P-36, em março de 2001, e no incidente que provocou o adernamento da P-34, no segundo semestre de 2002 – a unidade, que foi reformada e que acabou produzindo o primeiro óleo do présal, no Espírito Santo, foi palco de novo acidente no início de 2009, com a perda de uma vida. Antes, as três áreas eram gerenciadas em separado. Agora, há um sistema de gestão integrado, que tem um comando de forma centralizada, em sintonia com as decisões da alta administração. Denominado Pégaso (Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional), é considerado o maior programa de SMS do mundo. O Pégaso consumiu investimentos de mais de R$ 10 bilhões e resultou em vários projetos que envolveram desde a revisão de sistemas de gestão e construção de instalações até a automação da malha de dutos da companhia, de onde surgiu a construção, em 2002, do Centro Nacional de Controle Operacional (CNCO). Do CNCO, instalado na sede da Transpetro, no Centro do Rio de Janeiro, são monitoradas todas as operações de transporte dutoviários (óleo e gás) da rede de malhas da Petrobras, 24 horas por dia. Os dados chegam até o centro operacional através da rede de telecomunicações que está esTN Petróleo 70

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Foto: Banco de Imagens Transpetro

sms

Centro Nacional de Controle Operacional (CNCO), no Rio de Janeiro, Transpetro

palhada pelos 12.869 km de dutos pelo país. Assim, a empresa reduz custos e aumenta a segurança, já que qualquer falha pode ser percebida e sua reparação monitorada a distância. Do centro de controle é possível desligar bombas, abrir e fechar válvulas, além de detectar vazamentos e realizar simulações de condições operacionais futuras. Segundo o gerente de desempenho de SMS da Petrobras, Luiz César Stano, os dutos tiveram uma atenção especial nessa reestruturação da companhia, porque são instalações sujeitas a acidentes. E a companhia continua fazendo pesados investimentos nesta área. “Somente no ano passado, a empresa investiu US$ 1,88 bilhão na 48

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área de SMS”, afirma. Hoje, a cultura de SMS está tão arraigada na estatal que qualquer novo projeto, independente de sua dimensão, tem que levar em conta os aspectos ambientais. Além disso, existe um teto para acidentes, definido para cada área até 2020 e que irá diminuindo a cada ano. A meta é de zero acidente, em qualquer nível.

Contingência imediata Na área de meio ambiente, a Petrobras reforçou sua infraestrutura de contingência. Hoje a empresa possui dez Centros de Defesa Ambiental (CDAs), distribuídos pelos estados do Amazonas, Maranhão, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro (Rio e Macaé), São Paulo, Goiás e Santa Catarina. Os CDAs funcionam 24 horas por dia, para auxiliar em qualquer

situação de emergência, já que estão equipados com barcos, balsas, recolhedores de óleo e barreiras de contenção. Eles são acionados para antecipar o apoio necessário em caso de acidente, seja no mar ou em rios. Outra companhia que vem aprimorando suas ações de SMS é a Shell. Há mais de dez anos a empresa britânica possui um sistema de gestão da área em todos os seus negócios, desde comercialização e distribuição de derivados de petróleo, gás natural, biocombustíveis e fabricação de lubrificantes (downstream), até as ligadas à exploração e produção de petróleo e gás natural (upstream). Para o gerente corporativo de SMS da empresa, Ricardo Shamá, a integração da área dentro da corporação é muito importante para a indústria, inclusive para os negócios. “Acreditamos que a integração das questões de SMS em um sistema único reforça a mudança de comportamento, exercita a motivação das pessoas e propicia a formação de um processo de melhoria contínua em busca da alta performance de SMS, além de facilitar a integração às atividadesfim dos negócios”, afirmou. Os resultados obtidos pela Royal Dutch Shell ao longo dos anos fizeram a empresa inserir ao SMS mais duas áreas, Segurança Patrimonial (Security) e Performance Social (Social Performance), consolidando assim um único sistema denominado, em inglês, HSSE&SP-MS (Health, Safety, Security, Environmental and Social Performance - Management System). Os investimentos da Shell nessas atividades giram em torno de R$ 100 milhões por ano.


Licenciamento ambiental é

obrigatório O complexo processo que já provocou atrasos nos cronogramas de inúmeros projetos do setor de óleo e gás está sendo feito hoje em blocos

T

odas as medidas que as empresas estão tomando para tornar suas operações mais seguras são muito importantes. Mas esse processo começa antes mesmo de uma unidade entrar em operação: seja uma planta de refino, um gasoduto ou uma plataforma. Todo novo projeto ou a reestruturação de uma planta deve passar por uma série de procedimentos, que incluem, entre outros, o licenciamento ambiental, concedido pela Coordenação Geral de Petróleo e Gás (CGPEG) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão exige que antes de iniciar qualquer tipo de atividade petrolífera se faça um estudo de impacto ambiental e um relatório do mesmo (EIA/Rima) para que os riscos sejam minimizados e a legislação ambiental atendida. Quando o Ibama realiza a vistoria para o licenciamento, verifica o monitoramento ambiental, o plano de emergência, se a cadeia de comunicação da empresa está estruturada, ou seja, se todos os requisitos mínimos estão sendo realizados. Para dar mais agilidade e produtividade à equipe, o Ibama mudou sua forma de licenciamen-

to, fazendo-o em vários blocos ao mesmo tempo para poder atender a demanda crescente do mercado. Para o coordenador geral de Petróleo e Gás do Ibama, Edmilson Maturana, o acompanhamento das medidas ambientais é fundamental para o sucesso do trabalho. “A eficácia das medidas ainda depende muito do acompanhamento, principalmente na fase inicial do empreendimento. O monitoramento é uma parte muito importante do nosso trabalho.”, afirma.

Consultoria especializada Empresas de consultoria ambiental elaboram o EIA/Rima e os dados são repassados ao Ibama. Eles identificam os impactos e as medidas que devem ser adotadas, tanto de forma preventiva quanto de controle. Uma dessas empresas é a HabTec, com 20 anos de mercado e pioneira no setor de engenharia ambiental no Brasil, com clientes como Petrobras, Repsol e OGX, tendo também atendido empresas como Shell, BG e Maersk. A companhia elabora es-

tudos, projetos, análises, relatórios e executa ações de controle e monitoramento ambiental. De acordo com Viviane Severiano, gerente de Processos da HabTec, no passado a empresa era bastante procurada por companhias que tinham um programa de gestão ambiental, mas que necessitavam de alguma correção devido a não-conformidades com o Ibama. “Mas algo assim acontecer é muito raro, pois hoje, o licenciamento de petróleo é muito restrito, então, é difícil encontrar empresas com alguma ocorrência grave”, disse Viviane. Parte fundamental nesse processo é o treinamento dos profissionais. Eles devem conhecer os riscos das atividades que exercem tanto para eles próprios quanto para o meio ambiente. Por isso, a HabTec faz um trabalho de acompanhamento. “Temos profissionais que ficam nas plataformas e embarcações, trabalhando como consultores, para avaliar se a capacitação atingiu a todos e se o conteúdo foi compreendido, assim como se os TN Petróleo 70

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Educação ambiental O Ibama exige que as companhias realizem um Programa de Educação Ambiental (PEA) para capacitar os funcionários envolvidos em quaisquer atividades, tanto os que estão na base de apoio marítimo, quanto os que estão embarcados. Nesse programa são dadas informações sobre os impactos ambientais que a atividade de petróleo oferece, as características ambientais da região e como eles podem contribuir com a gestão ambiental. Além do licenciamento ambiental, as certificações são uma garantia a mais de que aquela empresa está comprometida com as normas de SMS. “Como as normas utilizadas para certificação são padronizadas internacionalmente, a maioria dos clientes aceita o certificado como

Foto: Banco de Imagens Petrobras

procedimentos estão sendo seguidos”, afirmou Pedro Botafogo, coordenador técnico da HabTec.

Simulação de controle de derramamento, CDA região sul.

um comprometimento do fornecedor com a qualidade, segurança e meio ambiente”, afirma Luiz Pinho, diretor do Bureau Veritas. Ele afirma que as empresas de petróleo sabem a importância da certificação, tanto que os requisitos de segurança e meio ambiente são cada vez mais rigorosos para seus fornecedores. A Petrobras, por exemplo, está com 90% de suas unidades certificadas.

2000: ano de desastres ambientais Nos últimos dez anos, três grandes acidentes envolvendo a Petrobras levaram a estatal a implementar o mais ambicioso programa de SMS do planeta. Em 18 de janeiro de 2000, o rompimento de um duto que interligava a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d’Água provocou o vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo combustível na Baía de Guanabara – o que foi considerado um dos maiores desastres ambientais da história do país até então. A mancha se espalhou por 40 km², afetando toda a fauna local e prejudicando os pescadores da região que ficaram sem ter como se sustentar. Após o acidente, a Petrobras teve que pagar uma indenização de 50

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R$ 1,23 bilhão, que é, até hoje, o maior valor pago em uma ação por dano ambiental e impacto social no Brasil. Em 16 de julho do mesmo ano, quatro milhões de litros de óleo foram despejados nos rios Barigui e Iguaçu, no Paraná, devido uma ruptura da junta de expansão de uma tubulação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), também da Petrobras. O acidente levou duas horas para ser detectado, tornando-se o maior desastre ambiental provocado pela companhia em 25 anos. A implementação do Pégaso não impediu acidentes, desta vez em duas plataformas offshore. No dia 13 de março de 2001, três explosões

Observando o panorama atual, fica claro que nos últimos anos houve uma mudança no pensamento dos líderes das grandes empresas, que tiraram o SMS de um patamar secundário para torná-lo prioritário para a sobrevivência da indústria. Ao aprender com os erros do passado, as empresas hoje têm a cultura da prevenção enraizada, mostrando que o setor de petróleo – caso os recursos continuem a ser investidos ano a ano – ainda terá longos anos de vida. consecutivas provocaram a morte de 11 pessoas e o afundamento de uma das mais estratégicas plataformas da Petrobras na busca da autossuficiência: a P-36, no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Foi a primeira vez que a Petrobras perdeu uma unidade de produção offshore em mais de duas décadas de operações na costa brasileira. Um ano e sete meses depois, novo susto: petroleiros se lançam ao mar apavorados quando a plataforma da P-34, um FPSO adaptado para produzir, armazenar e escoar o óleo para outros navios, adernou quase 40º no campo de Barracuda, na Bacia de Campos, a 80 km da costa do Rio de Janeiro. A plataforma foi estabilizada depois de alguns dias, sem perdas de vidas.


SPE International Conference, Rio de Janeiro

O futuro do SMS Foto: Banco de Imagens Petrobras

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specialistas da indústria mundial de petróleo e gás, agências oficiais do governo e órgãos não governamentais, se reunirão de 12 a 14 de abril, no Rio de Janeiro, para discutir como enfrentar a mudança climática, a saúde pública, as necessidades dos países em desenvolvimento e outras questões de responsabilidade social. É a primeira vez que se realizará no Brasil a Conferência Internacional sobre Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSE), promovida pela Society of Petroleum Engineers (SPE), uma das organizadoras da Offshore Technology Conference (OTC), o maior evento de tecnologia da indústria mundial de óleo e gás. O tema da conferência, ‘Os novos desafios com as melhores práticas e pensamento inovador’, reflete a partilha das melhores práticas e tecnologias que são fundamentais no atual clima global, com o intuito de maximizar os programas de SMS e ajudar a atingir as necessidades de todas as partes interessadas.

“Segurança, saúde e meio ambiente são assuntos centrais em todas as nossas atividades profissionais”, diz Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobras e presidente da Conferência de 2010. “Os tópicos a serem cobertos nesse evento são de enorme importância e mostram o compromisso da indústria de E&P e da SPE em alcançar padrões mais elevados”, completou. Os assuntos que serão debatidos no evento incluem as melhores práticas e inovações de

SMS, os desafios das alterações climáticas, a responsabilidade social e a melhoria da segurança. Especialistas de dentro e fora da indústria fornecerão diversos pontos de vista. “O que realmente mudou nos últimos 25 anos foi a prioridade dada pelos líderes das empresas. Hoje não há uma lacuna entre a teoria e a prática, o dia a dia das companhias”, comentou Mark Rubin, CEO da SPE, em entrevista exclusiva à TN Petróleo. “Além disso, ao contrário das gerações passadas, que precisam aprender a cultura do SMS, as novas gerações já possuem a filosofia entranhada”, completou. A conferência apresentará 30 empresas em um espaço de exposição de 4.572 m². O evento terá mais de 75 sessões, além de eventos que incluem uma noite cultural e uma recepção. Os participantes poderão ver e conhecer as últimas novidades sobre produtos e tecnologias de SMS, no Salão de Exposições. Para mais informações sobre o evento, visite o site www.spe.org/events/hse.

Há mais de 60 anos nossa atuação está baseada no desenvolvimento contínuo de novas soluções em sistemas de energia, oferecendo projetos personalizados de acordo com o tipo de necessidade de cada cliente, conferindo a cada projeto uma caracterísica única e exclusiva.

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apoio regulatório

Gestão

regulatória por Beatriz Cardoso

Com o serviço de apoio regulatório no Brasil a empresas internacionais que desejam operar no setor de óleo e gás, a Forship, respaldada em parcerias estratégicas com especialistas do setor, amplia ainda mais seu portfólio de soluções

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ntraves técnicos e burocráticos –sobretudo os relacionados aos aspectos regulatórios – são um dos principais problemas que as companhias estrangeiras da cadeia produtiva de petróleo e gás, indústria naval e petroquímica enfrentam tanto na instalação quanto nas suas operações em território brasileiro. Obstáculos que acabam por ter grande impacto no cronograma e nos preços, afetando a competitividade delas no mercado petrolífero brasileiro, que está em franca expansão por conta do aquecimento das atividades nos estaleiros e nas bacias marítimas, em decorrência de novos projetos para exploração e produção de petróleo e gás. Principalmente na área da Bacia de Santos, onde estão as grandes descobertas do pré-sal, além das demais bacias brasileiras, que vêm atraindo investidores e companhias estrangeiras para o país nos últi-

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Sob medida Escopo dos serviços regulatórios da Forship, desenvolvidos por gerentes, engenheiros e técnicos altamente qualificados: • emissão de diretrizes regulatórias, procedimentos e relatórios técnicos; • tradução e interpretação das leis e dos regulamentos locais; • revisão de documentos regulatórios e do projeto; • respostas a perguntas técnicas e recomendações de ações preventivas e corretivas; • tradução de especificações, relatórios e desenhos do projeto; • inspeção física das instalações. • inventário Repetro e inspeções as built; • suporte técnico para interface com autoridades brasileiras; • fornecimento de mão de obra específica. mos anos e gerando novos empreendimentos. Boa parte desses players internacionais já conhece a Forship En-

genharia, empresa brasileira com forte presença junto à indústria petrolífera e naval, com expertise reconhecida na área de comissionamento offshore, atuando em qualquer ponto do mundo em que seus serviços sejam necessários, com atuação nas Américas, Europa, África e Ásia. Participando, nos últimos anos, dos principais projetos de comissionamento offshore da Petrobras e de outras petroleiras, a empresa acabou por ter de prestar serviços relacionados a diversos aspectos regulatórios, na busca de oferecer um atendimento e suporte integrais aos clientes. Mas o que começou como um serviço complementar acabou se tornando uma nova linha de negócios.

Serviço complementar “A área de Suporte Regulatório nasceu no próprio processo de comissionamento de grandes projetos, executados pela Forship, nos quais acabávamos por nos envolver com


Foto Jaqueta do FPSO Peregrino: Divulgação Forship

diversos aspectos regulatórios”, observa Antonio João Prates, diretor de Engenharia. “Foi uma consequência, um subproduto de nosso portfólio. Mas a demanda cada vez maior por uma solução integrada acabou por nos levar a consolidar a área de suporte regulatório como uma consultoria especializada de alto valor agregado, compatível com as metas estratégicas da Forship”, complementa. Respaldada no conhecimento do mercado brasileiro e no seu portfólio de serviços para complexos projetos industriais, a Forship, passou a oferecer para o mercado o apoio regulatório necessário para as empresas internacionais cumprirem os requisitos das autoridades de Trabalho, Ambientais, Alfandegárias, Marítimas e de Petróleo, entre outras.

Para consolidar essa nova linha de negócios, buscou no mercado uma profissional que tivesse experiência nesse setor. Hoje, os serviços de suporte regulatório são coordenados pela gerente de Projetos, Cristiane da Costa Guimarães, subordinada à Diretoria de Engenharia, com o apoio da Forship Internacional e de parceiras estratégicas – consultorias especializadas na área de regulação e tributação. “Há um conjunto de empresas especializadas que fazem partes

distintas deste trabalho. Geralmente, os players estrangeiros recorrem a essas consultorias, seja na área trabalhista ou na área ambiental ou na alfandegária etc. O fato de oferecermos um pacote praticamente completo, com algumas subcontratações de consultorias, é uma comodidade bastante grande”, observa Prates. “Os clientes têm demonstrado grande satisfação. E o volume da demanda nessa área tem crescido”, complementa Cristiane.

Caixinha de surpresas As parcerias são fundamentais, pois grandes empreendimentos têm múltiplos aspectos regulatórios. “A característica do trabalho da Forship é ser essencialmente multidisciplinar. Realizamos qualquer projeto industrial complexo, TN Petróleo 70

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Foto: Divulgação Forship

apoio regulatório

Jeffrey Macasero, engenheiro naval; Yoshiyuki Ohara, engenheiro mecânico e coordenador e Christina Pascual engenheira elétrica.

seja na área de offshore, seja em instalações terrestres (petroquímicas, companhias de energia, mineradoras etc.)”, observa Antonio Prates. “O aspecto regulatório é uma caixinha de surpresas. Pode ocorrer desde um problema trabalhista, até um problema técnico, uma exigência ambiental etc. Para tratar dessa demanda, mobilizamos recursos internos, profissionais especializados que trabalham diretamente no projeto e que podem ser alocados para fazer uma investigação na área regulatória, ou, em alguns casos, podemos contratar consultores específicos”, pontua o executivo. O ponto de partida de todo esse processo se deu quando o consórcio que executava um projeto para a Petrobras, há alguns anos, solicitou um estudo na área regulatória, que a Forship realizou complementarmente ao trabalho de comissionamento. Não demorou muito para que outros clientes, com demandas complexas, começassem a requerer suporte regulatório nos projetos realizados pela empresa de engenharia. 54

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O diretor de Engenharia confirma que o grande volume de normas regulatórias sempre assusta as empresas. “Qualquer país tem entidades regulatórias, mas o Brasil capricha”, brinca o executivo. “O grande susto é a quantidade de regulamentos e como interpretar cada um.” Segundo ele, é importante avaliar dois caminhos. “Às vezes a solução A é que tem o menor risco, mas é extremamente onerosa, implica mudança de projeto etc. E tem o caminho B. Vamos diminuir o risco. A gente prepara o relatório técnico desta forma. É uma questão de gerenciar os custos e os riscos”.

Nova área consolidada No início de 2008, o primeiro contrato específico para o fornecimento deste tipo de suporte foi assinado com a P&M DI BV, consórcio entre a Petrobras e o grupo japonês Mitsui. “A P&M é responsável pela construção de duas sondas de perfuração (drilling rigs) que iam operar em projetos da Petrobras no exterior. Com o aquecimento das atividades de

perfuração em campos de óleo e gás no Brasil, no entanto, a P&M decidiu analisar a possibilidade de adaptar estas sondas para operação em águas brasileiras”, destaca Antonio Prates. A Forship foi contratada para desenvolver um estudo do impacto desta decisão no projeto e na construção das embarcações. O trabalho teve duração de um mês e o produto final foi um documento resumindo as diretrizes para o atendimento aos requisitos do MTE, DPC, Anatel, ANP, RFB e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgãos fiscalizador e regularizador, respectivamente, do Ministério de Meio Ambiente. Logo após, a Forship iniciou os serviços para um projeto mais abrangente, com a Hydro Brasil. A empresa brasileira está dando suporte regulatório ao projeto de desenvolvimento do campo de Peregrino, do consórcio formado pela norueguesa Hydro e a norte-americana Anadarko, que operavam esse ativo no sul da Bacia de Campos. No ano seguinte, a StatoilHydro, resultado da fusão entre a Statoil e a Hydro, assumiu o controle total desse ativo. Os produtos e serviços previstos no contrato com a Forship abrangem o atendimento às normas da Autoridade Marítima, do MTE e da ANP, incluindo o desenvolvimento de diretrizes e procedimentos operacionais para atendimento às normas brasileiras, análise de documentação de projeto e suprimentos, tradução de normas e o atendimento a consultas técnicas do cliente. Um contrato com um dos escopos mais completos da Forship na área de suporte regulatório foi assinado em maio de 2008 com


gestão regulatória

a dinamarquesa Maersk, para o fornecimento de consultoria regulatória e mão de obra especializada para o projeto da FPSO Peregrino. O FPSO que vai ser instalado no campo de mesmo nome (operado pela norueguesa StatoilHydro), com capacidade de produção de 100 mil barris de petróleo por dia, está sendo construído em Dalian, na China, com a integração dos módulos realizada em Cingapura, no estaleiro Keppels. A Maersk é responsável não só pelo projeto e construção da plataforma, mas também por sua operação e manutenção em águas brasileiras. O sistema de produção do campo de Peregrino prevê a instalação de duas plataformas fixas e um FPSO. As jaquetas foram contratadas ao estaleiro Kiewit Offshore, nos Estados Unisoa, e o FPSO foi afretado da Maersk. O plano de desenvolvimento do campo de Peregrino prevê 30 poços produtores e sete injetores. O contrato da Forship prevê o atendimento do empreendimento a um conjunto de requisitos, tanto do Ministério do Trabalho (MTE), do Departamento de Portos e Costas (DPC) e da Receita Federal (RFB) como da Agência Nacional de Tele-

comunicações (Anatel) e da Agência Nacional do Petróleo. Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “O projeto envolve ainda a alocação de especialistas da Forship Rio e Forship Asia em Cingapura, especialmente quando a plataforma estiver próxima do sail way para o Brasil, para a coordenação de atividades relacionadas à NR-10 e NR-13 e verificação do sistema de medição fiscal, conforme os critérios da ANP”, destaca Cristiane Guimarães. O portfolio atual da Forship abrange, além do comissionamento, serviços de operação e manutenção, construção e montagem e consultoria técnica. Os serviços regulatórios consolidaram na Forship uma nova linha de negócios. Segundo Antonio Prates, “a palavra chave da Forship era, há algum tempo, ‘comissionamento’. Agora é ‘operabilidade’.”

Expectativa positiva Na avaliação de Antonio Prates, a nova linha de serviço vai ter muitos clientes, devido, sobretudo, ao aquecimento do setor de óleo e gás. “Vejo esse segmento com uma demanda crescente e constante”, afirma. Crescente devido às necessidades de adequação das empresas,

operadoras estrangeiras, que estão se estabelecendo no Brasil. “Eles têm esta carência de se adaptar à regulamentação brasileira, de entender, de interpretar, de executar todas as suas atividades de acordo ao que é exigido no país”, salienta o executivo. “E constante porque essas normas sofrem alterações: muitas delas ainda estão sendo trabalhadas, organizadas, há mudanças de tempos em tempos. E temos que atualizar continuamente essas informações.” O novo marco regulatório, relacionado ao pré-sal, também vai influenciar esse serviço. Antonio Prates e Cristiane Guimarães afirmam que, até o momento, não houve nenhuma demanda de suporte regulatório relacionado ao pré-sal. “O mercado está preocupado, esperando para ver como vai ficar a regra do jogo. Claro que isso deverá ter implicações técnicas. A mudança no marco vai ter consequências, desdobramentos. As regulamentações técnicas vão sofrer alterações”, avalia Antonio Prates, afirmando que, no momento, a área de suporte está mais atenta a outro aspecto que terá uma grande demanda: o conteúdo local. Ou seja, bons negócios pela frente na nova área de negócios da Forship.

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equipamento subsea

Produção

submersa por Beatriz Cardoso

Com 28 manifolds e mais de 300 árvores de natal em atividade em campos marítimos do país, a FMC Technologies consolida a posição de parceira estratégica da indústria brasileira de petróleo e gás em operações offshore

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uando a plataforma de Mexilhão (PMXL-1) começar a produzir na Bacia de Santos, em maio ou junho desse ano, a FMC Technologies do Brasil vai assinalar mais um projeto bem sucedido em sua trajetória no setor offshore. Mas com um sabor especial: foi a primeira vez que a Petrobras adquiriu o sistema submarino completo de um único fornecedor. A FMC forneceu todos os equipamentos – dois manifolds submarinos, sete árvores de natal molhadas (ANM), dois PLETs (Pipe Line End Terminator), cinco spools, além de sistemas de controle e risers – para o projeto de desenvolvimento do campo de Mexilhão, a 160 km da costa de São Paulo, que terá a maior plataforma fixa de petróleo e gás do continente, em profundidade entre 320 m e 550 m. Apenas as linhas de umbilicais e de produção foram fornecidas por outra empresa. “Do total de sete árvores de natal, faltam apenas três”, 56

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comemora José Mauro Ferreira, diretor de Vendas & Marketing da FMC Technologies do Brasil, empresa que se posicionou definitivamente no mercado brasileiro (com a aquisição, em 1998, da CBV Indústria Mecânica, que já possuía um robusto portfólio de projetos com a Petrobras). Os dois manifolds de Mexilhão foram entregues em meados de janeiro pela empresa, que está trabalhando a toque de caixa para fazer frente a outras encomendas. Menos de três semanas depois, no dia 6 de fevereiro, outro equipamento saiu da fábrica da empresa no Rio de Janeiro. Foi o segundo manifold submarino entregue à Petrobras para projetos do Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás). Ele vai ser instalado no campo de Roncador, na Bacia de Campos, em local próximo ao de outro manifold, entregue em fevereiro

Vitrine submersa Esses são apenas mais alguns itens no extenso portfólio sub-

merso da empresa na costa brasileira: ela já forneceu, desde 1996, nada menos que 28 manifolds submarinos (19 para a Petrobras e outros nove para a anglo-holandesa Shell), 11 dos quais nos últimos cinco anos. Como em uma plantação bem gerenciada, as árvores de natal da FMC também se multiplicam no fundo do mar: a empresa, que em novembro comemorou sua 300ª delas, já soma um total de 318, produzidas desde 1978. A maior parte para a Petrobras (268). A Chevron, que tem equipamentos da FMC em Frade, adquiriu 19 unidades (das quais 17 já foram entregues) enquanto que a Shell já soma 12 unidades e a britânica BG e a BHP, sete cada uma. Outras sete ANM foram entregues para distintos operadores. A linha de produção não terá folga nos próximos meses, pois a FMC está com uma lista de


Foto: Divulgação FMC

encomendas de tirar o fôlego. Pelos contratos firmados com a Petrobras, a empresa vai fornecer o sistema submarino completo de Tambaú (também na Bacia de Santos), além do sistema de produção da P-55 (11 ANM e quatro manifolds, entre outros equipamentos). As encomendas da Petrobras abrangem ainda árvores de natal GLL9 para atuar em condições de pressão de até 5.000 psi. “O escopo total é de 29 árvores, sendo que já entregamos 12, faltando outras 17”, contabiliza José Mauro Ferreira. Há ainda um acordo comercial (Frame Agreement) no valor de US$ 400 milhões e quatro anos de duração, para fornecimento de 107 ANM, para profundidades de até 2 mil metros. A FMC também tem um acordo com a Petrobras de cooperação tecnológica para fornecer o primeiro sistema de separação submarina água-óleo (SSAO) a ser utilizado para óleo pesado em águas profundas, no mundo, no campo de Marlim, e outro, de bombeio submarino horizontal para Espadarte. Com o SSAO haverá uma redução significativa do volume de água que chega à plataforma, possibilitando o aumento da capacidade de processamento de óleo na infraestrutura instalada

e, em consequência, maior fator de recuperação do reservatório.

Em dose dupla A FMC, cujas origens remontam a 1880, na Califórnia e hoje está sediada no Texas, com 25 unidades de produção em 15 países, consolidou um marco importante ao ganhar os dois primeiros contratos de fornecimento de dois sistemas submarinos completos. “O de Mexilhão é o primeiro da Petrobras, no Brasil, envolvendo árvores submarinas e manifolds projetados para HPHT (sigla em inglês de High Pressure, High Temperature, que significa Alta Pressão e Alta Temperatura), com de 10.000 psi e 300F (150º C)”, pontua o diretor de Vendas & Marketing da FMC Technologies do Brasil. Contempla ainda um sistema submarino com controle multiplexado, com isolamento térmico, medição multifásica de gás, HIPPS (High Integrity Pipeline Protection System, que significa Sistema de alta integridade para proteção da tubulação), além de jumpers rígidos para conexão entre manifolds e PLETs. “O HIPPs é um sistema de automação submarina que, ao identificar pressão superior a estabelecida comanda, automaticamente, o fechamento de válvulas das árvores de natal ou manifol-

ds, garantindo assim proteção autônoma do gasoduto submarino”, explica José Mauro Ferreira. O projeto de Tambaú terá um sistema similar ao de Mexilhão, composto por quatro árvores de natal com SCM (Subsea Control Modules), dois manifolds, quatro PLETs, com jumpers rígidos, HIPPS, conjunto de ferramentas e spares (sobressalentes) além de equipamentos de controle Topside MCS (Master Control Station). “O sistema submarino de Tambaú, a 160 km da costa do estado de São Paulo e em águas de 1.500 m de profundidade, também tem características como HPHT, com 10.000 psi e 300F, o que demanda soluções tecnológicas avançadas, iguais aos de Mexilhão”, observa o executivo, afirmando que alguns equipamentos já foram entregues, como os PLETs. “Os próximos serão as ANM e manifolds.” Com tanta encomenda em carteira, a FMC está investindo para aumentar ainda mais sua capacitação local. “Com o pré-sal, a tendência é aumentar ainda mais os investimentos, nos antecipando à demanda do mercado. Estes investimentos não são concentrados apenas em recursos fabris, mas, principalmente, na criação de novos postos de trabalho e qualificação técnica dos nossos profissionais”, conclui José Mauro Ferreira. TN Petróleo 70

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SolidWorks World 2010 Conference

Fotos: Beatriz Cardoso

eventos

Submersão tecnológica em

3D

por Beatriz Cardoso, enviada especial a Anaheim, a convite da solidWorks

Cloud computing – a computação em nuvem –, robôs intercomunicantes e realidade virtual em um par de óculos mostram que a reunião anual da SolidWorks, mais além de ser o maior evento do planeta de usuários de CAD 3, tornou-se uma avant-première das tecnologias de um futuro que a empresa está antecipando.

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O

cenário não poderia ser melhor: a cidade californiana de Anaheim (EUA), a menos de uma hora de Los Angeles, onde o maior destaque é a Disneylândia, o mundo mágico idealizado por Walt Disney e que deu origem aos parques temáticos em que a realidade submerge na ficção. O inverso acontece na SolidWorks World 2010 Conference, realizada entre os dias 1 e 4 de fevereiro. A realidade virtual, em terceira dimensão (o 3D), é cada vez mais real e online, como mostrou a empresa que colocou uma das principais ferramentas tecnológicas de projetos no mundo, o CAD 3D, para rodar no Windows, em 1995. E que não perdeu sua identidade e vocação para a inovação tecnológica mesmo depois de ser adquirida pela gigante francesa Dassault Systèmes, em 1997, que agregou a sigla DS ao nome da empresa de origem norte-americana. O evento anual da SolidWorks não é só a maior reunião do mundo

de usuários de CAD 3D, da qual participam engenheiros, projetistas, técnicos, parceiros desenvolvedores de softwares e a linha de frente da revenda dos cinco continentes – Ásia, Europa, América, África e Oceania (e quem sabe algum usuário do Ártico ou da Antártida). É também a grande vitrine das novidades e ferramentas que a empresa incorpora a cada ano às suas soluções e uma avant-première das novas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas por pesquisadores e laboratórios da Dassault Systèmes SolidWorks Corp nos quatro cantos do mundo.

Tecnologia nas nuvens Cloud computing, a computação em nuvem, na qual é possível rodar os mais sofisticados programas – inclusive o CAD 3D – e armazenar dados, sem servidor, sem hardware local, foi uma das novidades mostradas em uma das três general session do evento. Os mais de cinco mil participantes do evento – que pagam US$ 900 para ter acesso a cerca de 200 palestras, grupos de estudos

e workshops – foram surpreendidos por um técnico que, utilizando um netbook, acessou e rodou o aplicativo de CAD 3D pela internet. As imagens deste protótipo que vem sendo desenvolvido nos últimos três anos, foram multiplicadas nos telões distribuídos no auditório do Anaheim Arena, no complexo do Anaheim Convention Center. “Estamos seguros de que vamos entregar essas funcionalidades em breve. Caso contrário, não estaríamos mostrando esse protótipo”, afirmou o CEO da companhia, Jeff Ray, ao anunciar que algumas funcionalidades preliminares de cloud computing estarão disponíveis ainda em 2010. O público vibrou e aplaudiu a apresentação do executivo, durante a qual o CAD 3D, via browser, rodou ainda em um Macintosh e em uma máquina baseada em touch screen (com uma grande tela de toque, similar à plataforma Surface, da Microsoft) desenvolvida por um dos parceiros da SolidWorks (são mais de 300 no mundo inteiro), cujo nome não foi revelado. Sem necessidade de servidor ou qualquer outro hardware (como os enormes clusters, formados por vários computadores que rodam partes de um software ultrapesado) além daquele por meio do qual vai acessar a internet, o usuário terá inúmeras vantagens usando o CAD 3D na computação em nuvem. A maior delas é o fato de ter acesso a um sistema com maior capacidade de processamento, sem mais travamento e outros problemas recorrentes no uso de softwares sofisticados e mais complexos. O usuário contará ainda com mecanismos de busca mais avanTN Petróleo 70

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eventos

çados no conteúdo dos projetos, que ficam limitados à capacidade das máquinas dos projetistas. Ou seja: já se vislumbra um mundo no qual os projetos são manejados na ponta dos dedos, online, em qualquer parte do planeta. Assim, a SolidWorks se consagra como a primeira empresa de CAD, a prometer uma solução 100% online nos próximos anos.

Atualização contínua O cloud computing foi apenas uma das inúmeras inovações que estão sendo ‘produzidas’ pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento da multinacional, cercado de total sigilo. Ainda em fase de protótipo, elas são apresentadas por técnicos da empresa no evento anual da SolidWorks para um público ávido por novidades. Mais ainda: por um público que tem uma participação direta no aprimoramento contínuo das soluções da empresa, que a cada ano lança centenas de aprimoramentos e utilidades a partir de um sistema de consulta permanente à comunidade CAD 3D, por distintos canais de comunicação e o feedback da própria revenda. Um processo de

avaliação permanente da comunidade: a SolidWorks separa por features e, a partir daí, começa a planejar o lançamento das versões dos anos seguintes Em outubro do ano passado, a empresa havia apresentado no Brasil o SolidWorks 2010, que otimiza as principais funções no desenvolvimento de produtos manufaturados, destacando a importância de oferecer ao usuário ‘uma experiência de trabalho criativa e produtiva, de modo a garantir o desenvolvimento de produtos que levem a empresa a novos níveis de sucesso’. “Com a utilização das ferramentas SolidWorks para simulação, gerenciamento de dados, documentação e avaliação do impacto ambiental, as organizações ganham tempo e economizam recursos para transformar ideias sobre produtos em inovações reais e com diferencial competitivo, desde a fase de projeto”, afirmou o country manager da DS SolidWorks Brasil e Cone Sul, Oscar Siqueira. “Uma de nossas grandes preocupações é que a solução não seja um limitador da capacidade criativa. O software deve ser uma ferramenta que permite ao usuário criar, que o

ajude a modelar aquela ideia que estava em sua cabeça, de forma rápida, mais ágil, mais precisa”. O executivo, que recebeu metas ousadas de expansão para o mercado brasileiro, no qual dispõe de mais de quatro mil clientes – incluindo a Petrobras e outras petroleiras, além de empresas de distintos portes que fornecem bens e serviços para o setor –, destaca que as soluções disponibilizadas se aplicam aos mais diversos segmentos da indústria. Entre eles o de óleo e gás, que vem demandando o desenvolvimento e implantação de grandes projetos, utilizando as mais modernas ferramentas tecnológicas, como as da SolidWorks.

Descobrindo petróleo Na realidade, esse setor vem sendo olhado com mais atenção pela empresa desde 1999, depois da aplicação bem sucedida de soluções da SolidWorks por uma das grandes prestadoras de serviços da indústria petrolífera, a norte-americana Halliburton.

Fechada para negócios

Provocações e surpresas ilustres dão um toque cinematográfico ao evento A expansão do conglomerado Dassault Systémes vem sendo consolidada passo a passo, sem retrocesso. Foi o que deixou claro Bernard Charlès, presidente e CEO do grupo, que participou pela primeira vez do evento, reforçando a estratégia de integração da companhia. Ele observou que a SolidWorks fez uma “escolha” estratégica quando decidiu se atrelar à Dassault Systemes, para garantir a continuidade da solução em um mercado marcado por 60

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fusões e incorporações. “A família Dassault detém 51% do grupo, então não seremos comprados”, apontou o CEO do grupo, que tem um faturamento total da ordem de um bilhão de euros. Embora o nome “Dassault Systèmes” esteja presente no logo da SolidWorks, a empresa não participava de forma ativa dos eventos. “Vamos trabalhar mais próximos na evolução da tecnologia, por isso era a hora certa de trazer Charlès aqui”, revelou o CEO da SolidWorks, Jeff

Ray, que entrou no auditório dirigindo m carro elétrico totalmente projetado com software da empresa. O toque cinematográfico ficou por conta da participação do diretor de cinema norte-americano James Cameron, que recentemente lançou o filme Avatar, que destacou como ele e sua equipe constantemente expandem os limites da tecnologia para desenvolver seus projetos dentro e fora da indústria cinematográfica.


submersão tecnológica em 3D

“Entendemos que esse mercado é muito importante e que podemos agregar valor desde o momento em que nossas soluções podem ser utilizadas para modelar pequenas peças, partes e equipamentos que vão compor uma grande planta de produção, seja de refino ou de exploração, transporte de óleo e gás”, observa Eric Leafquist, gerente de Produtos da área de petróleo e gás. Ele observa que a agilidade no desenvolvimento de um produto, além da previsão e confiabilidade das ferramentas, são os pontos fortes das soluções SolidWorks na elaboração de grandes projetos, como os que hoje estão em andamento no setor brasileiro de óleo e gás. Oscar Siqueira complementa lembrando que o fato de a SolidWorks ter uma plataforma amigável, que possibilita a integração com outros softwares, é um dos diferenciais competitivos da empresa. A Petrobras, por exemplo, precisa dessa integração com os demais softwares que utiliza correntemente. “Estamos trabalhando permanentemente nesse sentido, para que essa integração seja feita de forma ágil e eficaz, possibilitando à Petrobras ganhar maior produtividade em diversos projetos que está desenvolvendo”, pontua o executivo brasileiro. O gerente técnico, Timoteo Müller, acrescenta ainda o fato de que diversas ferramentas SolidWorks têm a possibilidade de complementar várias aplicações que já estão sendo feitas por outro programa adotada por uma empresa. A divisão por territórios é outra forma criativa de organização da empresa, que busca reforçar a sinergia entre as áreas técnicas e comercial, dentro de cada região onde atua. Oscar Siqueira lembra ainda que, no setor naval, já há vários estaleiros utilizando tecnologia 3D.

“Isso está acontecendo em várias partes do mundo. No Brasil, os estaleiros Mauá e Eisa, entre outros, já utilizam a plataforma SolidWorks. O que acontece é que a mudança de tecnologia, de passar do 2D para o 3D, não é pontual. É um processo de migração, que toma algum tempo. É isso que estamos vendo no mercado brasileiro”, salienta o country manager.

Revenda e geração de conhecimento A s metas de expansão no Brasil vão se respaldar não somente nas vantagens e benefícios das ferramentas oferecidas, mas também na rede de revendedores que está sendo ampliada. “O nosso modelo de negócios é baseado em revendas, que são altamente qualificadas, com total suporte, principalmente técnico, comercial e de gestão da qualidade – pela SolidWorks no mundo inteiro. Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que temos a melhor rede de revendas do setor. A maior prova disso são as cinco mil pessoas aqui presentes”, afirma Oscar Siqueira. Além disso, a empresa investe pesado em uma estratégia de educação que visa disseminar o uso da plataforma SolidWorks nos países em que atua. “Temos um programa de educação amplo e muito bem definido, que é visto como prioridade pela empresa”, pontua o executivo brasileiro. “A formação de mão de obra é sine qua non para o sucesso da companhia”. Segundo ele, a maioria das universidades brasileiras de alto padrão, com cursos técnicos, é usuária e contempla o conhecimento em SolidWorks em seu currículos. E

isso não se aplica apenas a universidades. Também as escolas técnicas – como as do Serviço Nacional da Indústria (Senai) e os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) – vêm formando quadros com conhecimento da tecnologia SolidWorks. Isso se deve a uma estratégia da companhia, que distribui licenças para universidades, instituições de pesquisas, escolas técnicas e outros locais apontados também pela sua revenda. Em decorrência disso, o Brasil apresenta uma particularidade, observada pelo gerente Territorial de Vendas, Mário Belesi Júnior: uma parcela dos usuários do SolidWorks não é necessariamente engenheiros, universitários e sim técnicos. Segundo ele, o maior projeto nesse sentido vem sendo feito há três anos com o Senai. “A empresa tem uma parceria com o Senai que possibilita a esta instituição trabalhar com a tecnologia SolidWorks”, explica Belesi. Dentro dessa estratégia, a SolidWorks também está participando de um projeto de inclusão social do Senai, que está distribuindo milhares de computadores portáteis para os professores. “Estas máquinas também trazem licenças SolidWorks”, diz Belesi. “O Brasil tem uma visibilidade imensa na SolidWorks, no grupo Dassault Systèmes como um todo. É um país que está em rápida expansão, tem um economia estável – a macro e a microeconomia estão sob controle. Os negócios no Brasil são feitos de forma extremamente clara. Sabemos quais são as regras do mercado”, afirma Oscar Siqueira. “Temos muitas expectativas em relação ao Brasil também pelo fato de continuar atraindo grande volume de investimentos, inclusive por conta do pré-sal”, finaliza o executivo. TN Petróleo 70

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eventos

Multiplataforma e multiferramentas A Dassault Systèmes SolidWorks vem investindo pesado para ampliar seu portfólio e atender a mais segmentos do mercado, como demonstram as principais novidades do SolidWorks 2010. Product Data Sharing (PDS) – Considerado um marco na história da SolidWorks, essa solução, apresentada na última sessão do evento, que permite que os licenciados do software compartilhem seus projetos e se comuniquem online com outros usuários dentro do software de CAD, em uma plataforma muito similar à de serviços como Facebook e MSN. A novidade, que combina o SolidWorks com o poder do Enovia V6 (outra marca da Dassault Systèmes) na plataforma cloud computing, deverá estar disponível até o final do ano. O principal foco da solução são empresas de médio porte que não têm recursos para adquirir uma solução de gerenciamento de documentos de produto (da sigla em inglês PDM) e baseiam seu fluxo de trabalhos na troca de e-mails, base de dados e FTP, gerando multiplicação de documentos e problemas na hora de migrar versões. SolidWorks Sustainability – Esse software faz com que o projeto sustentável se torne acessível, confiável e simples no SolidWorks, pois ajuda os usuários a determinar a carga de carbono, o consumo de energia e os impactos no ar e na água durante o 62

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fornecimento, a fabricação, a utilização e o descarte da matéria-prima do projeto de um produto. A ferramenta Visualização de Montagem codifica as peças com cores, de acordo com o seu impacto ambiental total. “O suporte às configurações do projeto também permite que os usuários comparem várias iterações do projeto levando em conta suas preocupações com a sustentabilidade”, comenta

Timoteo Müller, gerente técnico da DS SolidWorks Brasil. SolidWorks Premium – A versão 2010 do SolidWorks oferece integração totalmente associativa, em uma só janela, com todos os softwares da linha DS SolidWorks, incluindo o SolidWorks Simulation, o SolidWorks Enterprise PDM, o 3DVIA Composer e o SolidWorks Sustainability. “Essa integração significa que os usuários podem aproveitar o mesmo modelo 3D em todas as operações que tornam seu produto uma realidade”, comenta


Müller. “Essa versão proporciona uma experiência intuitiva para o usuário e resultados significativos ao longo de todo o processo”, afirma o gerente. SolidWorks Simulation – O software de simulação de projetos fornece às equipes ferramentas que validam as decisões de projeto com mais facilidade, mostram os problemas ocultos antes que eles afetem a produção e poupam custos potenciais do projeto. A nova versão acrescenta recursos inéditos, como a Simulação de Movimento Baseada em Eventos, que imita a maneira como as máquinas realmente operam, além de sensores de proximidade e dimensionamento automático da solda de aresta. Enterprise PDM – Inclui novos recursos de produtividade para preparar os modelos e desenhos

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cotação, colaboração, impressão em lote e compartilhamento com outros sistemas. O novo Enterprise PDM dinamiza a colaboração por meio da biblioteca única e centralizada do SolidWorks Toolbox e apresenta uma nova suíte de ferramentas de implementação rápida para acelerar o retorno sobre o investimento.

para a distribuição. Os novos recursos de Conversão, Publicação, Impressão e Plotagem, por exemplo, convertem automaticamente centenas de desenhos de fabricação em formatos neutros para

3DVIA Composer – Cria a documentação do produto automaticamente e a mantém atualizada de acordo com cada mudança do projeto. Ajuda as organizações a redirecionar os ativos 3D para criar rapidamente manuais de produtos, folhetos, catálogos, instruções de montagem, vídeos de treinamento, etc. Ele reduz ainda mais o tempo de documentação alterando as configurações e as visualizações do SolidWorks.


perfil profissional

Paixão

Sonia Agel

legal

Durante quase cinco anos ela foi a poderosa procuradora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nos primórdios do órgão, criado em 1998, contribuindo para a formação do marco regulatório do setor. Hoje, Sonia Maria Agel da Silva, finalmente em seu escritório próprio, depois de mais de duas décadas no setor público, reafirma sua paixão pela carreira que abraçou. “Eu gosto mesmo é de colocar a mão na massa.” por Beatriz Cardoso Novos desafios nunca foram problema para a goiana Sonia Maria Agel da Silva. Ela começou a trabalhar aos 14 anos e manteve, até bem pouco tempo, uma jornada nunca inferior a dez horas. “Na ANP, chegava a 14 horas!”, comenta. “Agora é menos: umas oito, por aí... não sei ficar sem trabalhar. Se você me soltar em Ipanema, às 14 horas, de um dia de semana, não sei o que fazer.” Essa paixão pelo trabalho explica um pouco a trajetória bem sucedida da jovem advogada, formada em direito aos 22 anos, pela Universidade Federal de Goiás (UFG), e que se preparava para fazer o concurso para juíza quando o marido teve que se mudar para o Rio de Janeiro. Foi assim que em 1984 ela deixou o concurso de lado e veio com as três filhas, todas pequenas, iniciar nova vida. Aberta a aprender coisas novas e com vocação para liderar, a advogada desconversa quando lhe perguntam a idade: “Sou avó de cinco netas, não preciso dizer mais” e mostra que lugar de mulher é onde ela quiser estar. Basta saber aproveitar as oportunidades e não se assustar com o desconhecido. Foi assim que Sonia Agel, de fala espontânea e direta nas suas colocações (“Se tenho certeza, não titubeio”), conquistou o reconhecimento profissional no Governo Federal e na indústria internacional de óleo e gás, enfrentando, no exterior, as ‘feras’ do departamento jurídico de grandes companhias petrolíferas. Afinal, ela participou ativamente de todo o processo de consolidação do marco regulatório brasileiro do setor de óleo e gás, desde sua entrada em 1998, na recém criada ANP, que manteria a sigla mesmo depois de agregar ‘Gás Natural e Biocombustíveis’ ao nome. Participou também da estruturação das primeiras rodadas de licitação de blocos exploratórios no Brasil, consagrando-se como a segunda procuradora-geral da ANP, cargo no qual ficou por quase cinco anos.

Empréstimo decisivo O vínculo com o petróleo vem desde o início da carreira no setor público, no Rio de Janeiro. “Fui para a ANP cedida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), onde estava lotada no cargo de procuradora 64

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autárquica”, lembra Sonia, em sua sala no escritório Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira & Agel – Advogados, que funciona no Centro do Rio de Janeiro, não muito longe da sede da ANP e da Petrobras. Antes da criação da Agência, o setor de petróleo, restrito ao downstream, era regulado pelo extinto Departamento Nacional de Combustível (DNC), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME). “Não havia corpo jurídico próprio e sim uma subordinação ao Ministério”, explica. “Fui convidada para ser chefe do Jurídico da Delegacia Regional do MME no Rio de Janeiro, em 1992”, lembra. Nesta delegacia, ela trabalhava basicamente com os processos do DNC e da área de mineração, o DNPM. “Na época, eu já tinha certeza que essas delegacias iriam acabar, porque a ANP iria ser criada. E teria autonomia, não teria dependência, apenas vínculo com o MME.” Quando a Agência finalmente se tornou realidade, ela foi à posse dos diretores, em Brasília, e se colocou à disposição da nova agência. Acabou sendo chamada para a ANP, mas em Brasília, pois a agência só iria para o Rio em março do ano seguinte. “Era necessário alguém para atender os mandados de segurança enquanto a ANP se consolidava, inclusive porque o procurador-geral na época, Rui Barbosa, ainda não tinha se desligado do cargo anterior.” Sua tarefa era ‘segurar’ o dia a dia do processo de abertura do setor de petróleo, com o fim do monopólio. “Havia um número relevante de liminares e logo começaram as discussões sobre os contratos de concessões. Como nunca tinha visto nada igual, quando me deparei com a primeira minuta, achei que era um Frankenstein. Fiquei em pânico”, sorri a goiana. Quando o procurador-geral tomou posse e veio para o Rio, solicitou a cessão de Sonia para

a ANP, até que fosse formado um quadro técnico jurídico. “Comecei a trabalhar, na primeira versão do contrato de concessão da Rodada Zero, no final de 1998. Participamos da assinatura, no palácio do Planalto, daqueles 262 contratos da Petrobras, da Rodada Zero. Eu nem imaginava que lá dentro estavam os blocos azuis, que viriam depois a ser o pré-sal!”, destaca.

Aprendizado na marra Sonia ia aprendendo a cada novo desafio. Quando Rui Barbosa resolveu deixar o cargo, após seis

meses, a diretoria da ANP pediu que ela assumisse, interinamente. “De início, eu recusei. Tinha certeza que as empresas multinacionais que estavam vindo para o Brasil tinham advogados com muito mais experiência do que eu. Não achei que fosse capaz de enfrentar o desafio”, confessa. Mas, acabou aceitando. “Esse ‘interinamente’ foi um grande aprendizado, porque logo de cara começamos a preparar a Primeira Rodada Licitação, o edital e ainda as apresentações, no exterior”, lembra Sonia, que teve sua prova de fogo no Road Show, em Houston (EUA), sem dominar tão bem o inglês. Junto com o diretor geral, David Zylbersztajn, ela participava de palestras sobre a parte jurídica, enquanto os demais técnicos falavam de suas respectivas áreas. “E assim foi em Londres, Calgary, Sidney, Tóquio, Cingapura etc.”, lembra a ex-procuradora.

Assim foi realizada, em 1999, a Primeira Rodada de Licitações de blocos brasileiros que o mundo inteiro estava esperando: das 27 áreas oferecidas, 12 foram arrematadas. O monopólio estava enterrado. Quando saiu no Diário Oficial, a nomeação de Sonia Agel para a Procuradoria-geral da ANP, assinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a advogada já havia se tornado um dos principais ativos da Agência. “Começaram a me ligar para me parabenizar e foi assim que soube que não era mais cedida nem interina”, diz ela, rindo. Para a advogada que um dia pensou em ser juíza como o pai, o segredo do sucesso está em dois fatores bem simples: humildade e diálogo. “Meu pai me ensinou que, com humildade, a gente consegue todo o resto. Fui humilde para saber até onde eu podia chegar”, afirma. O outro ingrediente importante, o diálogo, “é fundamental tanto para comandar como para aprender a fazer algo novo”, ressalta Agel. Foi com base nessas duas premissas que ela conseguiu consolidar novos conhecimentos e formar uma boa equipe. “Durante as rodadas, principalmente na primeira, havia muitas questões complexas, com as quais ainda não estávamos acostumados a lidar: cartas de crédito, contas em dólar, admissão temporária de bens etc. As dúvidas eram muitas. Foi aí que criamos o workshop jurídico: sentávamos e, durante três dias, ficávamos esclarecendo as dúvidas de todos”, recorda. Esses workshops foram importantes também pela troca de informações com o próprio setor – inclusive os quadros jurídicos das grandes companhias petrolíferas que tinham interessem em jogo –, com os quais ela confessa ter aprendido muito. “E fui humilde para dizer: ‘não sei, quero aprender com vocês’. Isso me ajudou muito”, afiança. TN Petróleo 70

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perfil profissional

Ela afirma que todos foram parceiros. “Naquele cargo, mesmo um advogado com muito mais experiência teria enfrentado desafios inesperados, pois tudo era novo. Tudo estava por ser feito. E queríamos fazer direito. Eles, os advogados dessas grandes companhias, sentiam isso”, avalia. Tal atitude lhe granjeou o reconhecimento e o respeito de muitos interlocutores, com quem teria duros diálogos no futuro. “Eu disse muito ‘não’. Não ter experiência não significava não ter discernimento. Em alguns casos fui contra o interesse de muitas empresas, pois defendi arduamente o Governo e a Agência. Fiz o meu papel e negociei como tinha que negociar. E acho que acertei.” E a maior prova disso é que quando deixou a ANP, os amigos que amealhou tanto na Agência quanto no Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e no Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) promoveram uma festa de despedida, que reuniu quase 200 pessoas, em um restaurante no Centro do Rio de Janeiro.

Formação de novos quadros Todo esse processo foi importante para qualificar quadros no segmento que surgia, ou seja, jovens e antigos advogados que se sentiam atraídos por esse novo nicho no mercado brasileiro, depois de décadas de monopólio. “Montamos um corpo jurídico, com contratações de temporários. Busquei pessoas com experiência e que se encantaram com a possibilidade de conhecer o setor.” Sonia se lembra de um advogado bem sucedido, de uma empresa de petróleo, que a procurou interessado em uma vaga. “Ele quis se juntar ao time mesmo com um salário três vezes menor. Para ele, era como uma pós-graduação”, lembra ela, sem citar nomes. Alguns ainda estão na ANP, em cargos que ela ocupou. “Também tive vários estagiários que hoje são advogadas 66

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brilhantes do setor de petrolífero. Tive muita sorte com essas pessoas, porque era um time guerreiro”, destaca ela. “Matávamos um leão por dia. A cada consulta percebíamos que havia muito desconhecimento sobre o setor, que não havia literatura. Ou buscávamos a experiência internacional ou criávamos algo. Fizemos tudo isso”, assegura. Foi assim que Sonia Agel conseguiu montar um bom time para continuar a desenvolver esse processo nas rodadas seguintes. “E descobrimos, aí, que não havia horário. Era uma pasta nas mãos e a agenda cheia, com vários assuntos pendentes, liminares e reuniões etc. Todos aprendiam no dia a dia.” Ela conheceu agências reguladoras de vários países e “muitos se espantavam quando eu dizia que nossa Agência regulava as atividades do fundo do poço ao posto revendedor”. O fato de ser mulher em um cenário tão masculino, também provocou certo frisson. “Senti isso mais no começo, sobretudo quando comecei a viajar para fora do país. Sem dúvida, o mundo do petróleo é muito masculino”, diz ela, lembrando da ocasião, em que convidada a ir ao Clube do Petróleo, em Dallas (Texas). “Havia apenas uma mesa com duas mulheres. Eu era uma delas. O restante estava ocupado somente por homens”, mas depois ela foi se acostumando. O setor também evoluiu e mudou, com o ingresso de várias mulheres em posição de comando, tanto no setor público como no privado. E o reconhecimento da capacidade feminina nessa indústria é internacional. Sonia, por exemplo, foi indicada como uma leading lawyer em Energy and Natural Resources for Chambers and Partners (2008 e 2009) e listada no 2007 Guide to the World’s Leading Energy and Natural Resource Lawyers, da Euromoney. Em 2007 e 2009, foi indicada como um das

leading lawyers em Energy and Natural Resources pela Expert Guides. Quase um Oscar para um profissional de Direito.

Casada com o trabalho Sonia Agel desconversa quando o assunto é sua a vida pessoal. Fala apenas das filhas e netas – todas mulheres. “Quando entrei na ANP, já estava com uma filha casada. Das duas solteiras, uma morava comigo e a outra tinha vida própria”, lembra. Nenhuma seguiu os passos da mãe: “a mais velha é administradora, uma é atriz e a terceira trabalha no setor financeiro”. Talvez não tenham se sentido motivadas pela jornada de trabalho da mãe. “Eu estava me separando, em 1997, quando comecei a entrar em um ritmo mais pesado, que ficou frenético quando entrei na ANP. E acabei me apaixonando pelo trabalho”, diz ela, lembrando que acompanhou a elaboração de praticamente de toda a legislação brasileira nesse setor. Hoje, reduzindo o ritmo – mas não menos que oito horas –, Sonia encontra tempo para fazer algumas coisas que gosta. A despeito da rotina de executiva, ela adora cozinhar. “Tenho uma cozinha interativa na minha sala, que é o meu relax!”, conta ela, que também gosta muito de cinema e de ler. E sempre que pode, foge para a casa de Búzios (RJ). Mas continua firme no trabalho, no qual se destaca por sua capacidade de comandar. “Sempre fui líder”, diz sem falsa modéstia. “Isso é uma coisa nata, que não se compra, não se obtém por aí. Ou se é ou não. Em todo lugar que cheguei, em pouco tempo torneime chefe”, afirma. Mas é daquelas que arregaça as mangas junto com o seu pessoal. “Sou cumpridora de tarefas, aquela que sempre bota a mão na massa”, conclui a advogada que tem entre seus clientes e interlocutores muitos dos que a viram dizer ‘eu quero é aprender’. E ela aprendeu.


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Ano 2 • nº 8 • março de 2010 • www.tnsustentavel.com.br

Editorial

Tecnologia sustentável

Estamos iniciando o ano e, com ele, novos desafios para a sustentabilidade em nosso setor. O que nos anima é o fato de que a alta administração empresarial já entendeu que sustentabilidade é uma premissa para o bom desempenho e a longevidade das organizações. Portanto, acreditamos que os desafios podem ser superados com a maior conscientização em torno desta questão em todos os níveis das organizações e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos diversos segmentos dessa indústria com vistas a consolidar um crescimento sustentável. Por tudo isso, Tecnologia e Negócios será o foco do Caderno de Sustentabilidade da TN Petróleo em 2010. Reforçar o entendimento do valor do uso da tecnologia a favor da vida no planeta é parte da nossa missão, que tem como meta gerar conhecimentos por meio de informações sobre o que acontece neste segmento da economia. Incentivar a cultura da inovação tecnológica, que irá gerar produtos mais eficientes e menos agressivos ao ambiente, é outra de nossas metas como mídia especializada na busca da sustentabilidade na comunicação. Assim, trazemos nessa edição o exemplo da Usiminas, que inovou na busca de novas fontes de energia e hoje já substutui mais de 20% do carvão mineral consumido pelo coque verde de petróleo (CVP), resultado alcançado somente por mais uma siderúrgica no mundo. Trazemos ainda as boas novas da Alstom, que entra no mercado de energia eólica brasileiro com a instalação de uma fábrica de turbinas na Bahia, e da Saint Gobain, a qual adotou um sistema de reutilização de areia – além de reduzir o impacto ambiental, tal procedimento trouxe ganhos financeiros para a companhia. Estes são apenas alguns dos assuntos que o leitor irá encontrar em nossas páginas nesta edição, como prova de que esta questão já se tornou prioritária a ponto de gerar investimentos importantes por parte de grandes indústrias. Mas isso é só o início. Até a próxima edição, quando teremos mais novidades. Lia Medeiros Diretora do Núcleo de Sustentabilidade TN

Sumário

70 Usiminas

72 Alstom

74

Siderurgia mais consciente

Ingresso turbinado

Reutilização de areia

Saint-Gobain

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Siderurgia mais

consciente

Foto: Banco de Imagens Usiminas

suplemento especial

Usiminas amplia uso de coque verde de petróleo na produção

A

inovação aplicada ao desenvolvimento de novas matériasprimas permitiu à Usiminas substituir mais de 20% do carvão mineral importado pelo coque verde de petróleo (CVP), resultado alcançado somente por mais uma siderúrgica no mundo. O incremento no consumo representa um aumento de 10 mil toneladas no volume mensal do produto. A substituição do carvão mineral, o principal combustível utilizado nos altos-fornos das siderúrgicas, traz dois ganhos importantes para a empresa: amplia as opções de fornecedores de matérias-primas e permite reduzir custos. “A substituição representou um grande desafio para as equipes das 70

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áreas Técnica e Comercial. Foram necessários numerosos testes e pesquisas para verificar o desempenho da matéria-prima até podermos realizar a substituição com segurança operacional e garantindo a qualidade do produto final”, explicou o diretor de Suprimentos, Antonio Carlos da Rosa Pereira. Com o objetivo de aumentar o seu uso no processo de produção, a empresa vem desenvolvendo a utilização intensiva de CVP desde 1996, com o produto fornecido pela Petrobras. Mas como existe restrição da oferta no mercado interno, a empresa buscou fornecedores na Argentina, Venezuela e Estados Unidos. Para utilizar o insumo importado, a Usi-

minas realizou testes durante cerca de 30 dias até atingir o mix ideal das matérias-primas. “Não houve necessidade de investimentos e o trabalho foi desenvolvido pela unidade de Engenharia de Processos Metalúrgicos, composta por especialistas das áreas de Coqueria e Altos-Fornos”, observou o executivo. De acordo com ele, o projeto foi implantado por equipes multidisciplinares, o que permitiu identificar as necessidades do processo de produção até a empresa atingir os resultados esperados. Os testes realizados pela siderúrgica não só obtiveram sucesso como mostraram que será possível chegar a um índice de substituição de 25%,


Teor de enxofre O grande desafio das equipes envolvidas no projeto foi o de utilizar o CVP com novas especificações, entre elas, um teor de enxofre acima do praticado anteriormente no processo de produção. Isso por-

Foto: Banco de Imagens Usiminas

o que representa 1,4 milhão de toneladas da matéria-prima por ano com as Usinas de Ipatinga e de Cubatão operando em capacidade máxima. O coque verde de petróleo é utilizado nas Usinas de Cubatão e de Ipatinga. “Em Cubatão, já chegamos ao percentual de 20% de substituição ao carvão mineral importado. Em Ipatinga, esse percentual gira em torno de 10% e estamos trabalhando também para chegar ao percentual de 20%”, afirma o executivo. Mas para isso, serão necessários alguns investimentos em equipamentos para melhorar a blindagem das matérias-primas.

que, como a oferta da matéria-prima no mercado nacional é restrita, a empresa precisou desenvolver fornecedores mundiais. A solução foi identificada nos Estados Unidos, Argentina e Venezuela, onde é possível encontrar a matéria-prima com valor até 30% menor, no entanto, com teor de enxofre entre 2% e 4%, teores acima do encontrado no produto nacional.

Com as adaptações implementadas no processo, os equipamentos estão aptos a trabalhar com o CVP com médio e alto teores de enxofre, mantendo os cuidados ambientais e a mesma qualidade final do produto. O uso do CVP traz benefícios importantes para a empresa como a diversificação de fontes de abastecimento de matériasprimas e fornecedores, tanto no mercado interno quanto externo.

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suplemento especial

Ingresso turbinado

Foto: Divulgação Alstom

Alstom

Alstom entra no mercado eólico brasileiro com a instalação de fábrica de turbinas na Bahia A Alstom vai instalar sua primeira unidade industrial de turbinas eólicas no país: a fábrica, a ser construída na Bahia, terá capacidade de 300 MW por ano. Com investimentos de R$ 50 milhões, a planta deverá entrar em operação no início de 2011. A empresa acredita no vento como uma fonte viável de energia limpa e para auxiliar a reduzir as emissões de CO2 e outros poluentes que prejudicam o ambiente. E gerar lucro. “Com a instalação de sua primeira fábrica de turbinas no Brasil, a Alstom consolida sua estratégia na região e o objetivo de se tornar peça fundamental no mercado eólico brasileiro. O setor de energia no Brasil tem grande potencial para a produção com fontes alternativas e

a Alstom possui a tecnologia e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento do setor eólico”, afirma Philippe Cochet, presidente da Alstom Hydro. “A Alstom, com seu portfólio global para energias renováveis, confirma sua liderança no mercado brasileiro também neste setor”, complementa Marcos Costa, vice-presidente do setor Power da Alstom Brasil e América Latina. O primeiro passo foi dado no dia 18 de dezembro, quando a empresa assinou um protocolo de intenções com o Governo do Estado da Bahia, em cerimônia realizada no Convento do Carmo, em Salvador, com a participação de Jaques Wagner, governador do estado, James Correia, secretário nacional de Indústria, Comércio e Mineração, Philippe

Delleur, presidente da Alstom Brasil, e Marcos Costa, vice-presidente do setor Power da Alstom Brasil. “O simbolismo da instalação da primeira fábrica para energia eólica da Alstom na Bahia é muito grande, pois representa nossa inserção na indústria das energias renováveis. Teremos a oportunidade de captar investimentos e transferência de tecnologia no segmento eólico, além de adicionar novas receitas fiscais e mais empregos para a Bahia”, afirmou o secretário James Correia.

No dia 18 de abril, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades ao redor do mundo recebem a Dow Live Earth Run For Water, evento de atividades variadas cujo objetivo é ajudar a conscientizar as pessoas a respeito da escassez de água no mundo inteiro. Uma corrida/caminhada de 6 km, com início e fim na Praça da Apoteose (assim como acontecerá com a maratona dos Jogos Olímpicos de 2016), seguida de um show musical – com atração principal ainda a ser definida – vai marcar o evento do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a corrida/caminhada será realizada dentro do Jóquei Clube. A distância escolhida para a atividade tem um motivo: 6 km é o quanto mulheres e crianças são obrigadas a percorrer dia-

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riamente, em média, para obter água em localidades com escassez desse recurso – e, na maioria dos casos, a água nem mesmo é potável. A falta de água é um problema que afeta países, comunidades e famílias em todo o mundo. Uma em cada oito pessoas não tem acesso à água potável; 88% dos casos de diarreia em todo o mundo estão relacionados com a escassez e a falta de água potável. Estes casos resultam em 1,5 milhão de mor-

Foto: Stock.xcng

Corrida contra a escassez de água tes por ano, principalmente entre crianças menores de 5 anos. Além da corrida/caminhada, os eventos no Brasil contarão com Water Villages – instalações educativas com informações sobre o consumo consciente de água e preservação desse recurso tão importante. O patrocínio global da Dow ao Live Earth Run For Water está integralmente alinhado às metas de sustentabilidade para 2015 estabelecidas pela companhia, comprometida em aproveitar a sua liderança mundial em tecnologia e inovação para ajudar a resolver alguns dos maiores desafios do mundo.


Agilent Technologies

Inovação tecnológica Agilent Technologies lança sistema de análise simultânea de gases que contribuem para o efeito estufa em resposta à exigência da Agência Norte-americana de Proteção Ambiental às empresas poluidoras A Agilent Technologies Inc. acaba de anunciar o lançamento de dois sistemas Analisadores de Gases de Efeito Estufa, para identificação simultânea de metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e óxido de nitrogênio (N2O) em amostras de ar. Os analisadores também podem ser usados para análises de gás no solo ou estudos de respiração das plantas, onde as amostras de ar apresentem CH4, N2O, e CO2. Ambos os analisadores podem facilmente ser expandidos para também identificar hexafluoreto de enxofre (SF6). Os analisadores usam como plataforma o cromatógrafo gasoso Agilent 7890 A, configurado com micro-ECD, conversor catalítico combinado com detector de ionização, e uma multiválvula, que permite análise simultânea dos gases de efeito estufa numa única injeção, com resultados de alta sensibilidade e excelente repetibilidade. Um acoplamento baseado na

tecnologia de Fluxo Capilar da Agilent, conecta válvulas e o detector de micro EDC, para melhorar o desempenho cromatográfico, incluindo o perfil dos picos. “Os analisadores são configurados e pré-testados em fábrica, o que elimina a necessidade de desenvolvimento de método manual”, revelou Shanya Kane, vice-presidente da Agilent e gerente geral dos Sistemas de Cromatografia a Gás e de Fluxo de Automação. Eles incluem um método de análise e documentação completa, como manual de usuário e notas de aplicação, e um CD-ROM com o método Agilent para a ChemStation e parâmetros para verificação de resultados, o que permite um rápido e fácil início de operação. Dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio são considerados os principais gases de efeito estufa na atmosfera terrestre. Estes gases aprisionam o calor na at-

Feiras e Congressos

Março

8 a 19 – Estados Unidos Ethical Sourcing Forum Local: Nova York Tel.: +1 607 753 6711 Fax: +1 607 756 9891 www.intertek.com/consumer/events/ esf-north-america-2010/

mosfera e afetam a temperatura da Terra. Medições analíticas desses gases fornecem informações importantes para mapear como acontece a sua emissão e ajudam na luta contra a mudança de clima. Desde 1º de janeiro de 2010, a Agência Norte-americana de Proteção Ambiental exige que empresas que são grandes emissores desses gases passem a coletar informações sobre os gases de efeito estufa seguindo um novo sistema de relatório. Com clientes em mais de 110 países, a Agilent, uma das principais empresas do mundo em medição analítica e tecnologia em comunicações, eletrônica, biociências e análises químicos, apresentou faturamento líquido de US$ 4,5 bilhões no ano fiscal de 2009.

24 a 26 – Canadá Globe 2010 Local: Vancouver, Canadá Tel.: 1-800-274-6097 Fax: 604-695-5019 www.globe2010.com/Registration.aspx info@globe2010.com

Maio

Abril

11 a 14 – Brasil Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos Local: São Paulo Tel.: +55 11 3897-2400 www.ethos.org.br atendimento@ethos.org.br

27 a 29 – Brasil Ambiental Expo 2010 Local: São Paulo Tel.: +55 |11| 3060-4943 www.ambientalexpo.com.br/

6 – Brasil Sustentável 2010 Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 21 2483.2250 www.cebds.org.br/sustentavel

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suplemento especial

Saint-Gobain

Reutilização de areia A produção de conexões, corpos de válvulas e tampões de rua da fábrica da Saint-Gobain Canalização, em Itaúna (MG), é um processo complexo, o qual gera areias residuais que podem causar impactos ao meio ambiente. Antenada com a questão ambiental, a empresa começou a fazer o reuso de areia por meio de um projeto de segregação e recuperação da areia de macharia (areia ligada com auxílio de resinas), para posterior reaproveitamento no processo industrial. A areia de macharia é separada de duas formas, manual e mecanicamente, da areia de fundição (areia verde) no processo de desmoldação, e depois é armazenada temporariamente em caçambas. “Dia a dia esta areia é enviada para a empresa Eco-Sand, parceira da Saint-Gobain. Lá, o composto chega na forma de torrões (de machos), é destorrada, classificada e passa pelo recuperador, no qual é feita a limpeza dos grãos por atrito e são extraídos os finos (pó)”, explica João Vicente Coelho, engenheiro da Saint-Gobain Canalização e coordenador do programa. “Os finos são retidos em um filtro para posterior descarte em um aterro licenciado em Betim (MG) e a areia recuperada volta para a reutilização na fábrica.” Das 16 mil toneladas de areia consumidas pela fábrica da SaintGobain Canalização em Itaúna, no ano de 2008, 2,4 mil toneladas foram recicladas, ou seja, 15% do total utilizado. 74

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Fotos: Divulgação

Com a adoção desse procedimento em sua fábrica de Itaúna (MG), empresa reduz custo e impacto ambiental

Os benefícios para a comunidade e o meio ambiente e para a própria Saint-Gobain Canalização são notáveis: redução da compra de areia nova; redução de custo para a Saint-Gobain Canalização; redução do descarte de resíduos no meio ambiente; redução do uso de recursos naturais (areia nova), além de geração de empregos e divisas para a comunidade, pois o trabalho envolve uma considerável cadeia de prestadores de serviços. “O descarte de areia é um problema para o setor de fundição, visto que os volumes são grandes e a classificação exige descarte adequado, como, por exemplo, em aterros licenciados e coprocessamento, o que em geral não é barato e gera custos cada vez maiores pela distância dos locais apropriados. A recuperação de areia é uma alternativa mais econômica, além de ser correta do ponto de vista do meio ambiente”, comenta Alessandra Almeida, gerente de RH/ EHS da companhia.

A Saint-Gobain Canalização faz parte de uma organização global com mais de três séculos de história; atua no Brasil há 70 anos e produz soluções inovadoras quando o assunto é saneamento. A companhia emprega no país 1.232 funcionários nas fábricas de Barra Mansa (RJ) e Itaúna. A empresa oferece um conjunto completo de soluções para o transporte de água e efluentes, o que lhe permite responder com eficácia à diversidade das condições de instalação (aérea, enterrada, em travessia, em declive, em tubo camisa), bem como às configurações do terreno (solos instáveis, grande profundidade, solos corrosivos). Além da divisão de canalização, o grupo Saint-Gobain atua em diversos outros segmentos no país: são 13 empresas com 45 unidades industriais, nove sítios de mineração, além de 25 lojas do segmento de materiais de construção.


Cosan

Nalco Brasil

A Cosan Combustíveis e Lubrificantes, detentora do direito de uso das marcas Esso e Mobil no Brasil, anunciou a construção de um Centro Coletor de Etanol, em Ourinhos (SP)

Doce premiação Foto: Stock_XCHNG

Cedido pela prefeitura da cidade, o terreno com cerca de 80 mil m² será um importante polo receptor de etanol das usinas da região. O objetivo é atender pelos modais ferroviários e rodoviários toda a região Sul, ampliando ainda mais a atuação da Cosan no mercado, um dos grandes centros de consumo no Brasil. O início das operações do Centro Coletor de Etanol está previsto para o final do próximo ano, facilitando de maneira significativa a logística de distribuição de etanol produzido na região de Ourinhos. O combustível será recebido por caminhões para depois ser colocado em vagões-tanque para o transporte ferroviário, e também será entregue por meio do modal rodoviário. A companhia movimentará cerca de 1 milhão de litros de etanol por dia que abastecerão cerca de 500 vagões por mês. O terminal será capaz de receber grande parte dos 420 mil m³ de etanol que a companhia produz na região, com usinas localizadas nas cidades de Paraguaçu Paulista, Tarumã, Maracai e Ipaussu, todas no estado de São Paulo. “A parceria com a Prefeitura de Ourinhos foi extremamente importante para o Grupo Cosan, sobretudo pelo fato de o

Foto: Divulgação Nalco

Centro coletor de etanol

município estar em uma localização privilegiada no ciclo produtivo da companhia”, diz Nilton Gabardo, gerente de Desenvolvimento de Negócios. “A instalação do Centro Coletor possibilitará a ampliação dos negócios realizados no município e na região, promovendo o desenvolvimento local”, acrescenta. O prefeito de Ourinhos, Toshio Misato, falou sobre a importância da chegada da Cosan. “A Cosan irá fortalecer a posição de Ourinhos como polo de distribuição de etanol, atrairá outros negócios que tenham relação com a questão da logística de transporte que é uma das nossas grandes características e, por fim, trará maior desenvolvimento econômico, uma vez que contribuirá para o aumento de arrecadação de impostos em nossa cidade e irá gerar novos empregos”, prevê.

Prêmio MasterCana é referencial no setor de açúcar e álcool A Nalco Brasil recebeu os prêmios MasterCana Brasil, MasterCana Centro-Sul e MasterCana Nordeste, na área industrial, categoria Produtos e Insumos, referentes à sua atuação em 2009. Trata-se de uma das mais tradicionais premiações no segmento de açúcar e álcool, que reconhece profissionais e organizações que se destacam na busca do aprimoramento tecnológico, humano e socioeconômico no setor sucroalcooleiro e energético, assim como no fornecimento de bens e serviços para esta importante atividade econômica. A Nalco é líder mundial em aplicações para tratamento de águas, qualidade do ar de interiores e melhoria de processos, fornecendo soluções que promovem benefícios ambientais, sociais e econômicos, colaborando na redução do consumo de água, energia e outros recursos naturais, para melhorar a qualidade do ar, reduzir a emissão de poluentes ambientais e contribuir para a produtividade e melhoria do produto final de seus clientes. As soluções inteligentes da Nalco colaboram com o desenvolvimento sustentável das operações nos diversos segmentos industriais e institucionais. Os mais de 11 mil funcionários da Companhia operam em 130 países, apoiados por uma rede de instalações industriais, escritórios de vendas e centros de pesquisa. Em 2008, as vendas da Nalco ultrapassaram 4,2 bilhões de dólares.

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suplemento especial

Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro

É crescente a percepção da sociedade de que é preciso alterar hábitos e formas de agir para reduzir as mudanças climáticas e seus efeitos e assim garantir o futuro das gerações atuais e próximas.

O

Otavio Pontes é vicepresidente da Stora Enso na América Latina.

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despertar dessa percepção data de menos de 40 anos e tem como um de seus principais marcos o documento ‘Nosso futuro comum’, de 1987. Também conhecido como ‘Relatório Brundtland’, o documento criou uma definição que continua valendo: “desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. De forma geral, o setor produtivo tem assumido rapidamente essa preocupação adaptando e modificando seus processos para garantir o suprimento de alimentos e outros produtos necessários à vida humana e animal e ao desenvolvimento social. Há exemplos notáveis dessas mudanças como é o caso da indústria de celulose, que despejava seus efluentes nos cursos de água e na atmosfera e que passou a utilizá-los para a geração de energia, evitando a contaminação da água e do ar pela substituição de combustíveis fosseis. Essas mudanças decorreram da conscientização do setor empresarial somada à legislação e à fiscalização do poder público e da sociedade que têm promovido redução significativa de insumos por unidade produzida, buscado processos industriais e comerciais mais limpos e outras iniciativas importantes dos setores produtivos que viabilizem a sustentabilidade. Sustentabilidade é um processo complexo que se transforma de maneira contínua, acompanhando a evolução do conhecimento, as mudanças da sociedade e do planeta de modo geral. A preocupação com o futuro sempre existiu, mas faltava uma visão integrada das consequências de determinadas ações. Assim, quem desmatava uma área no passado para plantar alimentos ou criar animais estava pensando em ampliar a disponibilidade de comida e não em alterar o clima, as condições edáficas (relativas ao solo), hidrológicas ou outras. Só recentemente a complexa teia de inter-relações entre os diversos impactos sobre o ambiente pode começar a ser entendida. A indústria de celulose e papel foi uma das que primeiro compreenderam a necessidade de harmonizar seus processos com a preservação ambiental, uma vez que sua matéria-prima, a madeira, leva anos para estar disponível para a produção. Essa filosofia de produção com ênfase no longo prazo tem sido adotada pelas empresas produtoras de celulose e papel no Brasil, país que tem feito exigências ambientais bastante restritivas e com clima e condições tecnológicas que permitem que possa se transformar rapidamente num grande e importante produtor e fornecedor de celulose em escala mundial. A sustentabilidade é hoje entendida pelo setor de maneira mais ampla do que apenas a preservação ambiental, envolvendo também o aspecto social e o econômico. As empresas incorporaram rapidamente esse conceito mais amplo, passando a atuar de maneira ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita. Estão respondendo ao desafio de atender aos anseios das gerações atuais sem comprometer as expectativas das futuras. Por tudo isso, no que depende do setor de celulose e papel, a sustentabilidade é parte da visão de futuro e uma realidade na atuação presente.


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produtos e serviços

Elipse

Soluções rodam no Windows 7 Atuando há mais de 20 anos no mercado de automação, a Elipse Software desenvolve soluções HMI/SCADA e interfaces aos mais variados sistemas. Sempre atenta às novidades, a empresa acaba de habilitar seus softwares E3 e SCADA para que possam rodar no Windows 7, o mais recente sistema operacional lançado pela Microsoft. Após realizar diversos testes nesta plataforma, a empresa certifica que ambas as soluções estão aptas a rodar neste sistema. “A equipe de desenvolvimento da Elipse tem trabalhado constantemente para adaptar nossos produtos aos novos sistemas operacionais. A cada novo lançamento feito pela Microsoft, são levantadas muitas questões de compatibilidade, pois às vezes as mudanças no sistema operacional afetam parte do produto, especialmente os instaladores”, destaca o diretor de Desenvolvimento da Elipse Software, Alexandre Balestrin Corrêa. “O fato de termos uma parceria de longo prazo com a Microsoft (somos Gold Partners) faz com que tenhamos acesso aos novos lançamentos antes do mercado, permitindo que façamos as modificações com mais tranquilidade.” Para a criação de aplicativos de supervisão e controle nas mais diferentes áreas, a solução definitiva é a família de produtos Elipse SCADA. Com uma interface gráfica clara, lógica e intuitiva, sendo capaz de se conectar a qualquer equipamento de aquisição de dados, o software é a ferramenta ideal para a automação. Além disso, também conta com o exclusivo Organizer (Árvore do Aplicativo), o que facilita a criação, organização e documentação dos aplicativos. Sistema completo de supervisão e controle de processos, o E3 foi desen-

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Foto: Divulgação

Tanto o E3 quanto o SCADA podem ser utilizados sobre a mais nova plataforma da Microsoft

volvido para atender os mais modernos requisitos de conectividade, flexibilidade e confiabilidade do mercado. Com uma arquitetura totalmente voltada para a operação em rede e aplicações distribuídas, a solução pode ser comparada a um verdadeiro sistema multicamadas, oferecendo ampla gama de características. Em função disso, permite um rápido desenvolvimento de aplicações, alta capacidade de comunicação, além da garantia de expansão, preservando os investimentos. Automação inteligente – Contando com mais de 350 interfaces de comunicação, a Elipse permite que suas soluções para automação possam ser aplicadas junto às mais diferentes áreas. Será que um único software de automação pode ser aplicado de maneira quase que universal, ou seja, junto aos mais distintos segmentos (energético, petroquímico, ambiental, sucroalcooleiro, entre outros)? Para responder a esta pergunta, é necessário entender o significado de uma interface presente em qualquer processo de automação industrial. O driver é um programa que permite a troca de informações entre os softwares e os diferentes equipamentos de automação (remotas, relés programáveis, CLPs, etc.). Para isso, é necessário que tanto o driver quanto o equipamento implemen-

tem o mesmo protocolo de comunicação. Uma espécie de linguagem padrão que possibilita o intercâmbio de dados entre o supervisório e o controlador onde estão armazenadas as variáveis envolvidas em um determinado processo. Na busca por permitir que suas soluções possam ser aplicadas junto aos mais diferentes setores, a Elipse Software conta, hoje, com mais de 350 drivers, desenvolvidos ao longo de 23 anos e totalmente compatíveis com os equipamentos de numerosos fabricantes e protocolos (Modbus, IEC 61850, etc.). Ademais, a empresa realiza um trabalho focado na criação de novos drivers, como também diversas melhorias e adaptações àqueles já existentes para que possam atender alguns casos particulares que exijam soluções customizadas. “O desenvolvimento de drivers é atividade estratégica da empresa, pois, por mais que hoje existam normas sobre protocolos e interfaces de troca de dados entre equipamentos e sistemas – na prática existe uma demanda muito grande por customizações para atender as necessidades de cada cliente. Mesmo nos casos em que a norma é aplicada, o fato de a Elipse ter o domínio completo da solução torna possível atingir a melhor performance de comunicação possível”, afirmou o diretor de negócios da Elipse, Marcelo Salvador.


Locar

Carga pesada enTre As 30 mAiores companhias mundiais em movimentação de cargas por meio de guindastes, a locar mostrou sua capacitação no campo da intermodalidade entre os dias 25 a 27 de janeiro, no Arsenal da marinha, em ilha das Cobras (rJ), ao realizar as manobras load out para lançar ao mar o submarino Tapajó. Com essa operação, a empresa, que também atua nas áreas de transporte rodoviários especiais e excepcionais, remoção industrial, marítima, plataformas aéreas e gruas, disponibilizando mais de 840 equipamentos para os clientes, quer reforçar ainda mais sua posição no mercado. “esse lançamento nos qualifica para outras operações complexas, inclusive no mercado offshore, no qual começamos a atuar com mais força no último ano e meio, quando foi criada a divisão marítima da locar ”, salientou o diretor de novos negócios, edson José da silva. ele observa que a locar já participou de importantes projetos offshore, que estão relacionados à Bacia de santos, como a construção da jaqueta de mexilhão – os guindastes da locar foram usados pelo estaleiro mauá, em niterói – e o lançamento de dutos marítimos em Caraguatatuba, no litoral paulista. “o mercado de petróleo e gás é, hoje, uma das prioridades da empresa no país”, finaliza o executivo. recém revisado, o submarino possui 61,20 m de comprimento, 6,25 m de boca (largura) e pesa 1.400 t, o que confere à operação o status de uma das maiores e mais especializadas do país, em termos de movimentação de carga e apoio offshore.

Foto: Divulgação

Manobras load out para lançar ao mar o submarino Tapajó demonstram a intermodalidade da Locar, que disponibiliza mais de 840 equipamentos para o mercado brasileiro

o processo de planejamento, certificação, testes e ajustes começou a ser executado no dia 18 de novembro do ano passado, para que a operação fosse concluída com sucesso antes do final de janeiro. o cronograma das atividades logísticas contemplou o transporte do submarino do galpão oficina até a docagem no dique seco Almirante régis, do Arsenal de marinha, na ilha das Cobras, no rio de Janeiro. Trata-se de um dos maiores diques secos de reparo naval da América latina, com comprimento utilizável de 254,58 m, largura do fundo na entrada de 35,96 m e altura de 15,51 m. Transportado em terra por dois cavalos mecânicos de 500 HP oshkosh, compondo 72 linhas de eixos, o Tapajó foi embarcado em uma balsa oceânica de carga, também da locar, de 75 m de comprimento e 25 m de boca, com capacidade

para 3.500 t, e outros equipamentos de apoio (guinchos, empilhadeiras e plataformas elevatórias). A balsa é equipada com uma estrutura de berços para suportes, que permite a liberação da linha de eixos. Com o apoio de quatro rebocadores, a balsa se deslocou até o dique seco Almirante Régis. lastreada com água, ela ficou apoiada no fundo do dique que, foi esvaziado antes e novamente alagado após a operação, para que o submarino flutuasse. Para a conclusão das manobras, o dique foi esvaziado outra vez, para a retirada da água de lastro da balsa e, a seguir, novamente alagado, assegurando a flutuação e posterior retirada da balsa. os trabalhos envolveram, direta e indiretamente, mais cem pessoas, entre engenheiros, projetistas, soldadores. classificadores, telemetristas, etc.

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produtos e serviços

Crise superada

Açotubo

Superada a pior fase da crise financeira, a Açotubo, uma das maiores distribuidoras de tubos e aços do mercado nacional, aposta no crescimento da demanda de seus produtos e serviços em 2010, sobretudo para o setor sucroalcooleiro, levando em consideração as manutenções das usinas de açúcar e etanol. Em função das preocupações ambientais e questões climáticas globais, cresce no mundo todo a busca por biocombustíveis que agridam menos o meio ambiente. Dessa forma, as usinas de álcool brasileiras são, hoje, um fator de desenvolvimento econômico-social e estão no centro de uma mudança de paradigma energético que envolve todo o planeta. Com produção anual de cerca de 25 bilhões de litros de álcool, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) prevê que o álcool pode também voltar a liderar os postos de combustíveis no Brasil, considerando a projeção de aumento do valor da gasolina em 2010, com a elevação do petróleo no mercado internacional. Com a recuperação do etanol, cresce significativamente a demanda de barras e tubos de aço carbono, chapas e tubos de inox por parte do setor sucroalcooleiro, o que movimenta a indústria e o mercado siderúrgico. Para a Açotubo, que trabalha também com a distribuição de tubos de condução

Foto: Divulgação

Açotubo aposta em crescimento da demanda de barras e tubos de aço

necessários para a construção de alcooldutos e com tubos mecânicos e barras de aço necessárias para a manutenção e construção de máquinas, superada a pior fase da crise financeira, as usinas de açúcar e etanol farão entre o final de 2009 e o início de 2010 as manutenções de maior porte em suas instalações. O gerente de marketing do Grupo Açotubo, José Carlos Palopoli, explica que em geral as usinas de açúcar e álcool fazem suas manutenções preventivas durante os meses de dezembro e janeiro. Porém, no ano passado, devido à crise econômica mundial, muitos desses investimentos foram protelados e, com isso, as manutenções diminuíram, sendo feitas somente as extremamente necessárias e inadiáveis. “Para 2009, estimamos que os volumes de produtos vendidos serão maiores, impulsiona-

dos pela grande exportação de açúcar feita pelo Brasil para cobrir a demanda do mercado internacional, ocasionada sobretudo pela quebra da safra de cana ocorrida na Índia”, acrescenta o executivo. Das novas encomendas realizadas para o segmento, estima-se que 70% das demandas por produtos são provenientes das usinas já em operação, enquanto que as novas usinas serão responsáveis por 30%. Para atender a esta demanda, as empresas do Grupo, composto pela Açotubo, Incotep e Artex, possuem altos níveis de estoque de produtos específicos. Fundada em 1974, em fevereiro de 2010 a Açotubo completará 36 anos de atividades como a empresa de melhor estrutura técnica e operacional do setor. Tradicional empreendedora neste ramo alia avançados princípios de administração e estratégias – o que a tornou referência empresarial e de liderança em seu segmento – com uma estrutura adequada a oferecer um atendimento diferenciado e de alta categoria. O compromisso com a qualidade dos produtos é certificado pela DNV (Det Norske Veritas), com selo do Inmetro na ISO9001 e o compromisso de responsabilidade social também é certificado pela DNV com o selo SA8000, tendo sido a primeira empresa do segmento de produtos siderúrgicos a obter estas certificações.

Aker Solutions

Risers para sonda Gold Star A Aker Solutions entrega novo conjunto de risers fabricados no Brasil, na planta de Rio das Ostras, inaugurada em junho de 2008 A sonda Gold Star, contratada pela empresa Queiroz Galvão, recebeu da Aker Solutions 95 juntas de risers de 75ft, 5 pup joints e uma junta fill up valve, aprovados pela certificadora DNV. Além dessas juntas, que fazem parte do escopo brasileiro do projeto, também já foram entregues as ferramentas de manipulação e mo-

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vimentação, que fazem parte do escopo norueguês do projeto. “Em agosto do ano passado entregamos o projeto Olinda Star, o primeiro com tecnologia Aker Solutions a ser fabricado no Brasil e inteiramente aprovado por uma certificadora. Agora, após a entrega desse projeto, estamos trabalhando para

finalizar a produção de mais duas encomendas – para as sondas Lone e Alpha Star –, que já estão em andamento em nossa fábrica”, comemora Jonas Marquesini, vice-presidente de Risers de Perfuração da Aker Solutions Brasil. As juntas de riser da sonda Gold Star serão utilizadas no primeiro poço operado pela Queiroz Galvão, que tem mais de 2.000 m de profundidade e deve iniciar operações ainda nesse primeiro trimestre.


MAN Diesel

MAN Diesel vai equipar termelétricas do Grupo Bertin Importante conglomerado brasileiro de empresas com atuação internacional, o Grupo Bertin encomendou à MAN Diesel equipamento eletromecânico de seis usinas termelétricas. São 120 grandes motores a diesel e geradores trazidos de Augsburgo, na Alemanha, que juntos irão compor o coração das instalações. O valor do pedido para a MAN Diesel é o maior já feito por um cliente na América do Sul, chegando a 300 milhões de euros (cerca de 770 milhões de reais). A MAN Diesel fornecerá os GenSets, conjuntos de grandes motores a diesel do tipo 18V32/40 junto com os respectivos geradores e componentes para usinas de força. As seis usinas termelétricas produzirão juntas, no total, 1.000 MW de energia, e serão construídas nas proximidades da cidade de Salvador (BA), sendo conectadas à rede no ano de 2011. O Grupo Bertin é agora o maior cliente sul-americano da MAN Diesel, e ainda um dos maiores frotistas de caminhões da MAN Latin

America, com 1.500 veículos fabricados pela divisão de veículos comerciais sediada no Brasil. Georg Pachta-Reyhofen, CEO do Grupo MAN, vê como certa a estratégia da empresa em relação a usinas de força: “Desenvolver os negócios de Power-Plants ao lado da já estabelecida área naval é um segundo campo estratégico de negócios da MAN Diesel”, destacou. “A importância da América Latina não apenas como um mercado para a MAN Diesel, mas também para a orientação estratégica de todo o Grupo MAN, crescerá ainda mais com este projeto.” Klaus Stahlmann, CEO da MAN Diesel SE, comentou o sucesso da venda. “Um pedido desta dimensão é muito bem-vindo e, no contexto da atual crise econômica mundial, extremamente importante para a ocupação de nossas capacidades e assim para a situação da empregabilidade de nossa fábrica em Augsburg”, disse. “Agora estamos colhendo os frutos do constante

investimento que fizemos na modernização de nossa produção integrada.” Com a concessão deste contrato, em razão da grande importância e dimensão do projeto, abre-se a possibilidade de a MAN Diesel receber pedidos subsequentes, como a construção de outras usinas de força para o Grupo Bertin. Também está em estudo equipá-las com turbinas a vapor da MAN Turbo, que podem ser operadas com o calor vindo de outros motores, aumentando a eficiência das instalações. Aqui, a recém-fundida empresa MAN Diesel & Turbo poderá empregar sua competência integrada em usinas movidas a dieselturbina (Diesel Combined Cycle). Fornecedor de grandes motores a diesel para uso em navios e usinas de força, a MAN Diesel desenvolve motores de dois e quatro tempos, motores auxiliares, hélices reguladoras e sistemas completos de propulsão, produzidos pelo Grupo MAN Diesel e suas licenciadas, que geram entre 47 a 97.300 kW de potência.

Emerson

A Petrobras está adquirindo dois city-gates da Daniel/Emerson, para o gasoduto Gasbel II. Os city-gates serão fornecidos para as cidades de São Brás do Suaçuí e Betim (ambas em Minas Gerais), consolidando a posição da Daniel como uma das principais fornecedoras deste tipo de equipamento para a Petrobras. O contrato assinado com a Petrobras compreende o fornecimento de materiais e serviços de projeto, fabricação, construção, montagem, testes, condicionamento, inspeções, treinamento, préoperação e assistência à operação dos

Foto: Divulgação

Daniel fornece city-gates para o Gasbel II

city-gates, que deverão ser fabricados em módulos. A montagem incluirá todas as obras civis e mecânicas, a tubulação de interligação do módulo de filtragem até a

Rosemount Radar agora é Wireless A Rosemount TankRadar acaba de lançar sua opção wireless para os radares da linha Rex e Pro. Os medidores radar, tanto novos como existentes, podem ser configurados com uma antena para comunicação de dados em uma rede sem fio. Desta forma, é possível monitorar tanques em locais remotos ou de difícil acesso, aumentando a segurança e disponibilidade do parque de tancagem a baixo custo. A rede utiliza a mesma tecnologia wireless Emerson já aprovada em diversas instalações dentro e fora do Brasil. A rede mesh permite

válvula do ramal, além de todas as obras de elétrica, automação e instrumentação necessárias para a integração dos pontos de entrega. O gasoduto Gasbel II vai duplicar a vazão do Gasbel I e atender à demanda da Gasmig, com destaque para a região do Vale do Aço e região metropolitana de Belo Horizonte. O gasoduto de 270 km vai ligar o município de Volta Redonda (RJ), à cidade de Queluzito (MG). Com 18 polegadas de diâmetro nominal, terá capacidade para transporte de 5 milhões de m³/dia e pressão de projeto de 100,0 kgf/cm².

grandes distâncias, com segurança, independentemente das condições ambientais e de interferências. Por meio da rede wireless, os instrumentos podem disponibilizar informações de nível, taxa de variação de nível, temperatura, pressão, além de diversos alarmes. Estas informações podem ser gerenciadas diretamente pelo sistema de controle ou serem incorporadas ao sistema de gerenciamento de ativos para configuração e diagnósticos. A rede sem fio é mais uma opção disponível para os medidores de nível por radar da Rosemount TankRadar. A Rosemount é uma empresa do Grupo Emerson, representada pela Fluxo Soluções Integradas com exclusividade para o território nacional.

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produtos e serviços

Polarcus

Foto: Divulgação

Polarcus inicia atividades no Brasil

Com sede em Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos (EAU), a Polarcus, empresa especializada em sísmica offshore, deu a partida em suas operações no Brasil com um evento realizado no dia 14 de janeiro, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A empresa é representada no país pela Bratexco, dos geólogos Cosme Peruzzolo e Andy Phipps. Presentes ao evento, o CEO da Polarcus, Rolf Ronningen, o VP, Christian Fenwick, o VP de Marketing, Richard Price, além dos citados geólogos, estes com passagens em grandes empresas

do setor como a Geco, PGS, Veritas e Schlumberger. “Idealizamos a Polarcus para ser uma empresa de sísmica de nova geração, altamente qualificada em sísmica marinha 3D e 4D, mas com a preocupação de causar o mínimo impacto ambiental”, comentou Rolf Ronningen. “Temos quatro embarcações já em fase de construção em um estaleiro em

Dubai. Uma delas, o Polarcus Nadia, concluída em dezembro, com capacidade para até 12 streamers”, enumerou Cosme Peruzzolo. Segundo o geólogo, o Polarcus Naila (mesma capacidade do Nadia) será entregue em fevereiro e até o final do ano serão entregues as embarcações Asima e Samur (ambas com capacidade para até seis streamers). “Além disso, temos mais dois navios programados e em fase de construção. Embarcações opcionais, que ainda não resolvemos se se transformarão em navios de sísmica ou barcos de apoio”, comentou Andy Phipps. “Tudo depende da demanda pelo tipo de serviço que fornecemos. Temos até julho deste ano para resolver.” Um destaque das embarcações é a certificação IMO (International Maritime Organization, agência das Nações Unidas com a função de regular a segurança e impacto ambiental das embarcações) Green Passaport. “Estas são as primeiras embarcações do tipo, no mundo, a receber a certificação”, explicou Phipps. O que quer dizer que, antes mesmo de serem construídas, é preciso uma definição, por parte da companhia, do que vai ser feito com as partes do navio, na hora do desmonte, após sua vida útil, que, nesse caso, é de 25 anos para cada embarcação. Fundada em 2008, a Polarcus já tem dois contratos internacionais com a TGSNopec e com a Noble Energy.

Tyco

Tyco reforça posição no Brasil Em uma jogada estratégica, através de sua unidade de negócios Flow Control, a Tyco passou a ter o controle total das duas principais empresas brasileiras do setor de válvulas, com o objetivo de expandir sua oferta de produtos e serviços no Brasil e na América do Sul. A Tyco comprou a Hiter Indústria e Comércio de Controle Termo-Hidráulico Ltda (Hiter) e ainda o restante da participação societária que ela detinha na joint venture Válvulas Crosby Indústria e Comércio Ltda. da qual participava. As duas empresas tiveram um faturamento

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de aproximadamente US$ $66 milhões em 2008. Presente em mais de 300 localidades no mundo, a Tyco Flow Control (TFC) é um dos principais fabricantes e distribuidores de válvulas e controles, sistemas ambientais e hidráulicos e soluções de controle térmico para indústrias vitais de base incluindo energia, eletricidade, saneamento, mineração, química, alimentos e bebidas e construção. O Grupo Hiter iniciou suas operações em 1965, em São Paulo, com uma pequena empresa dedicada às necessidades do

Foto: Keystone

Empresa compra duas das principais produtoras de válvulas no país

mercado do açúcar. Aumentando gradativamente sua área de atuação, passou a atender ampla gama de setores industriais, incluindo os mercados de petróleo e gás, alimentos e bebidas, químico e petroquímico. As duas empresas já trabalhavam em estreita colaboração há várias décadas.


Navegação segura

Wärtsilä

Apesar dos percalços com a crise mundial, a Wärtsilä, fornecedora de soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos e de geração de energia, chegou ao final de 2009 com bons números. As vendas líquidas da finlandesa atingiram 5.260 milhões de euros, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, enquanto o lucro operacional registrou o maior nível de todos os tempos, alcançando 638 milhões de euros, 12,1% das vendas. “O ano de 2009 foi bem sucedido para a Wärtsilä de muitas maneiras. O faturamento líquido do grupo cresceu 14%, juntamente com um lucro operacional em constante alta”, avalia Ole Johansson, presidente e CEO da multinacional. “A demanda por usinas de energia continuou em um nível saudável, bem como os negócios na área de Serviços. Olhando adiante, a necessidade global para geração de energia flexível e ambientalmente saudável e a busca de maior eficiência e maior segurança energética

Fotos: Divulgação Wärtsilä

Lucro operacional da empresa tem o maior nível de todos os tempos

são claramente incentivadores do trabalho da Wärtsilä”, observa. A recuperação nos mercados financeiros incentivou as encomendas no quarto trimestre. A situação no mercado de serviços manteve-se bastante estável. Em alguns segmentos do mercado, as conversões de combustíveis, moderni-

zações ou outros investimentos maiores foram adiados, enquanto os clientes mantiveram foco na manutenção e reparos essenciais. A demanda por serviços de usina de energia permaneceu estável. No Brasil, os negócios da Wärtsilä estão a todo vapor. Em 2009, foram construídas três novas usinas, e os contratos de operação e manutenção das plantas de Viana (ES) e Geramar I e II, localizadas em Miranda do Norte (MA) também ficarão a cargo da empresa. Estas duas produzirão, juntas, um total de 320 MW de potência elétrica à rede nacional, enquanto Viana ficará responsável por suprir 174 MW, energia suficiente para o abastecimento de 400 mil residências. Em Geramar I e II, com o acordo de pelo menos cinco anos de Operações e Manutenção (O&M), a Wärtsilä vai assumir a responsabilidade por todas as demandas das plantas. Como resultado de um panorama estável no segmento de serviços, a perspectiva para 2010, segundo a multinacional, é de uma boa demanda para usinas de energia e boa adaptação da capacidade, além de uma lucratividade operacional entre 9% a 10%, bem dentro do limite superior da meta de longo prazo da companhia.

Empresa começa a operar três novas usinas do Brasil Com o início das operações UTEs Viana, Geramar I e Geramar II, em janeiro, multinacional acaba de ultrapassar a marca de 1,0 GW de potência instalada no âmbito de operações no Brasil. Além da construção das três novas usinas, a operação e manutenção das UTEs Viana localizada em Viana (ES), e Geramar I e II, localizadas em Miranda do Norte (MA) também ficarão a cargo da Wärtsilä, líder global em soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos e de geração de energia. A marca de 1,0 GW de potência instalada no âmbito das operações, no país é uma conquista importante, já que em 2010 a empresa

finlandesa celebra 20 anos de Brasil, com soluções sob medida para o segmento de termelétricas na modalidade EPC (engenharia, suprimento, construção e montagem). As UTEs Geramar I e II produzirão juntas, um total de 320 MW de potência elétrica à rede nacional, enquanto a UTE Viana ficará responsável por suprir 174 MW, energia suficiente para o abastecimento de 400 mil residências. Em Geramar I e II, com o acordo de cinco anos de Operações e Manutenção

(O&M), a Wärtsilä vai assumir a responsabilidade por todas as demandas das usinas. Os contratos de O&M da Wärtsilä são adaptados às necessidades de seus clientes, o que agrega valor às soluções oferecidas. O programa destina-se a cobrir todas as etapas da operação e gestão de uma instalação, incluindo planejamento de O&M, dia a dia operacional, manutenções, administração, recursos humanos, apoio técnico, gestão de logística e segurança. Este programa global permite que o proprietário da instalação se concentre no seu principal negócio. Enquanto isso, a Wärtsilä garante o desempenho das usinas durante seu ciclo completo de funcionamento.

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produtos e serviços

WEG

Parceria reforçada Petrobras realiza encontro na sede da WEG para discutir o andamento dos projetos do pré-sal da Bacia de Santos

José Figueiredo, gerente executivo de Exploração e Produção do Sul-Suldeste, o presidente da WEG, Harry Schmelzer e José Formigli, gerente executivo Exploração e Produção/Pré-sal

Foto: Divulgação

A WEG foi ponto de encontro para mais de 30 profissionais da Petrobras de diversas partes do Brasil, que realizaram sua reunião mensal sobre o pré-sal na sede da empresa, em Jaraguá do Sul (SC). O grupo realiza suas reuniões em lugares estratégicos para o projeto com o intuito de conhecer pessoalmente instalações de empresas, estaleiros e entidades. “Uma coisa é acreditarmos naquilo que a gente escuta ou lê, outra é ver com os próprios olhos. Hoje estamos tendo a oportunidade de vivenciar a realidade da WEG e isso é, sem dúvida, um aprendizado muito rico. Já acreditávamos no potencial da empresa, mas agora fica evidente que a WEG está preparada para os desafios do pré-sal”, conta José Figueiredo, gerente executivo de Exploração e Produção do Sul-Suldeste. No encontro, os integrantes além de debaterem o andamento de projetos no pré-sal, puderam conhecer a equipe de especialistas da WEG dedicada ao

mercado de petróleo e gás, e visitar as fábricas da WEG Energia, Motores e Automação. “A WEG é um dos nossos maiores fornecedores genuinamente brasileiros. Usamos sua linha de produtos e até então muitos de nós não tínhamos tido a oportunidade de conhecer as instalações da empresa. Essa aproximação superou nossas expectativas. Assim como a Petrobras, a WEG é um orgulho para o Brasil”, salienta Erardo Gomes Barbosa Filho, gerente executivo de Exploração e Produção/Serviços.

Em sua parceria com a Petrobras, a WEG já forneceu geradores, motores para aplicações diversas, sistemas de automação e mais de 400 toneladas de tintas para as plataformas P-51, 52, 53, 54, 56 e 57. Isto demonstra a experiência e a capacidade de atender a indústria do setor com produtos específicos para cada aplicação dentro do segmento. “O pré-sal prevê alto percentual de conteúdo nacional e a linha WEG vai fazer parte já dessa primeira fase, que tem como meta 1 milhão de barris/dia de petróleo em 2017. Conhecer a filosofia de fabricação de produtos e de assistência técnica da empresa aumenta a percepção de qualidade dos equipamentos. Não tenho dúvidas de que as duas partes ganham com essa aproximação” completa José Formigli, gerente executivo Exploração e Produção/Pré-sal.

International Paint

A International Paint agregou valor à obra realizada pela SRD Offshore, que, pela primeira vez, utilizou o Intersleek® 900 – revestimento de desprendimento de incrustações à base de fluorpolímero – em um projeto offshore: a monoboia SBM3, entregue em dezembro à Petrobras. A SRD Offshore necessitava de um esquema de alta performance e desempenho para garantir maior durabilidade da monoboia (para reduzir os custos de manutenção), então foi utilizado um esquema com Interfine 979 (acabamento à base de polissiloxano) para a região acima da linha d’água e esquema com Intersleek 900 para abaixo da linha d’água.

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A solução da International Paint proporciona retenção de cor e brilho, com boa resistência à abrasão e ao impacto, além do baixíssimo teor de VOC. Já o Intersleek 900 possui tecnologia inovadora, impedindo incrustações e excelente desempenho em situações estáticas. A especificação de esquemas de alta performance para monoboias vem sendo feita pela International Paint desde 2001, porém esta foi a primeira vez que o Intersleek 900 foi utilizado. A área total revestida pelos esquemas da IP foi de 2.700 m², garantindo proteção e durabilidade, sem deixar de lado a parte estética.

Fotos: Divulgação

Revestimento de alta performance na Monoboia SBM


Petrobras Bacia de Campos

reConHeCimenTo É Bom e contribui para a melhoria contínua. Apostando nisso, a estatal realizou mais um prêmio melhores Fornecedores de Bens e serviços da Petrobras na Bacia de Campos, edição 2009. A iniciativa reconhece o empenho das empresas que apresentaram os melhores níveis de qualidade de fornecimento de bens, e melhores avaliações de desempenho, política de treinamento e menores taxas de frequência de acidentes sem afastamento no fornecimento de serviços em contratos ativos no período entre julho de 2008 e junho de 2009. dentre as fornecedoras de bens concorreram 920 empresas na categoria Pequenos Contratos, 383 entre as que firmaram Contratos médios com a Petrobras, duas empresas para a categoria grandes Contratos e 223 no grupo de Contratos de longa duração. Já entre os fornecedores de serviços, concorreram 84 empresas na categoria rodízio de Fornecedores, 305 para os pequenos contratos, 243 para os contratos médios e 72 empresas entre os grandes contratos. “o prêmio é uma forma de reconhecer e incentivar o aprimoramento das empresas que são fornecedoras da Petrobras”, ressaltou o gerente geral da unidade de negócio de exploração e Produção da Bacia de Campos, José Airton de lacerda martins. “É uma sinalização do estreitamento da parceria firmada entre a Petrobras e seus fornecedores. À medida que a Petrobras cresce, todas as empresas que têm seus serviços reconhecidos crescerão também”, avaliou. o gerente de Contratação de Bens e serviços da Petrobras, reinaldo Costa silva, lembrou que “os critérios da premiação são bastante rígidos, de forma

Foto: Agência Petrobras

Petrobras premia melhores fornecedores da Bacia de Campos

Luiz Antonio Guimarães, gerente de Vendas da V&m do Brasil e José Airton de Lacerda Martins, gerente geral da Unidade de Negócio de exploração e Produção da Bacia de campos

Vencedoras Empresas de Bens Categoria Pequenos Contratos 1º Diagonal comércio, Indústria e serviços Ltda-me 2º sermap comércio e serviços Ltda 3º Dimopel Distribuidora de motores e Peças eletrônicas Ltda. Categoria Médios Contratos 1º V&m do Brasil s/A 2º Ponsi representações e comércio de Válvulas Ltda. 3º Telca2000 engenharia e Telecomunicações Ltda.

Empresas de Serviços Categoria Grande Porte 1º sistac - sistemas de Acesso s/A 2º cPVV - cia. Portuária Vila Velha 3º Varco International do Brasil equipamentos e serviços Ltda. Categoria Médio Porte 1º cm couto sistemas contra Incêndio Ltda. 2º Instituto de ciências Náuticas (IcN) 3º Gasoil serviços Ltda. Categoria Pequeno Porte 1º Yorgos Ambiental Ltda 2º LDGames Produtora de softwares Ltda. 3º Tecnol equipamentos de controle Ltda.

Categoria Contratos de Longa Duração – Vendor/Credenciamento 1º V&m do Brasil s/A 2º Paper rio comércio e serviços Ltda. 3º Drogaria União de macaé Ltda.

Categoria Rodízio de Fornecedores 1º K. Lund do Brasil equip. Petrolíferos Ltda. 2º Tecnofink Ltda. 3º Atrade cargo do Brasil Ltda.

que os premiados são merecedores de tal destaque”. Prova disso é que, em sua quarta edição, o Prêmio de melhores Fornecedores de Bens e serviços da

Petrobras na Bacia de Campos não teve nenhuma empresa premiada na categoria grandes Contratos na Compra de Bens.

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pessoas

Process Systems sob novo comando RONALDO RIBEIRO AssUmIU em janeiro a presidência da Process systems, divisão de negócios da Aker solutions do Brasil, substituindo Anders Tellefsen, que esteve cinco anos à frente da empresa. o novo presidente, com dez anos de experiência no mercado de óleo e gás, integra a equipe da Aker solutions após passar um período na Ge, como District manager. Antes, trabalhou durante vários anos na Baker, tanto no Brasil, como no méxico e em Houston (eUA). “estou muito feliz em aceitar este desafio e trabalhar para uma empresa sólida, com um vasto portfólio e bem posicionada no Brasil”, afirma ronaldo, que é formado em engenharia Química e possui um mBA em Administração de Negócios. ele se reportará diretamente a Børre sveen, presidente da Process systems na Noruega. “senti que agora era o momento de voltar para a europa, ficar mais perto da minha família e buscar novas oportunida-

des para minha carreira”, resume Anders Tellefsen, que começou a trabalhar no Brasil em 2002, como gerente de projeto da P-50 e depois da P-54. Neste período, montou uma equipe muito especializada e motivada, fomentou novas oportunidades de negócio e construiu a reputação da empresa no mercado local. “A atuação de Anders foi fundamental para o sucesso do nosso escritório no Brasil. sua dedicação nos guiou para superar os diferentes obstáculos que encontramos. Agora, temos uma equipe muito motivada e competente que está pronta para assumir novos desafios”, comenta Borre sveen. No mesmo mês, Jonas Tavares assumiu a Gerência de sistemas de controle da divisão subsea. com 31 anos, ele é formado em engenharia mecatrônica (Automação e robótica) pela Universidade de mogi das cruzes (sP), além de ser técnico em eletromecânica e Processamento de Dados e possuir especialização em Gestão empresarial em Gerenciamento de Projetos, ambas pela Fundação Getúlio Vagas. com mais de 13 anos de experiência em indústrias

de grande porte, antes de ingressar na Aker solutions, Jonas trabalhou na Tronic connectors como conectores elétricos submarinos para as áreas de Potência, Instrumentação e controle (Inglaterra) e participou de projetos com sensores de temperatura e pressão para a área de óleo e gás na Noruega. Também já atuou como auditor da Iso: 9001/2000, pela Bureau Veritas. em sua nova posição na Aker solutions, Jonas será responsável por sistemas de controle em todos os projetos de equipamentos submarinos da subsea, atuando como gerente de Projetos. Também responderá pelo resultado técnico, operacional, econômico e financeiro de todos os negócios e projetos ligados a sistemas de controle da subsea no Brasil, para a qual deverá coordenar o desenvolvimento do Plano de Negócios. Jonas irá se reportar diretamente a Gustavo Gonçalves, vice-presidente de Projetos subsea.

Sergio zubelli é o novo diretor regional da AL da Expro A eXPro, emPresA PresTADorA de serviços de atuação internacional, designou o brasileiro sergio zubelli como diretor regional da América Latina. em seu novo cargo, zubelli será o responsável por todos os negócios na América do sul e central. Na expro desde agosto de 2006, sergio zubelli desempenhou importante papel no desenvolvimento da expro na América Latina, como gerente geral

e de desenvolvimento de novos negócios da região no Brasil. “A AL é uma área de grande potencial para nossa indústria, e particularmente oferece a oportunidade para a expro de demonstrar nossa experiência e conhecimento em operações subsea”, afirmou robin mair, diretor global de operações da companhia. “A vasta experiência gerencial de sergio e sua sólida formação técnica irá alavancar a expro no desenvolvimento de

novos negócios com clientes nesta área de extrema importância para nós”, destacou. Formado em mecânica na escola Técnica Federal do rio de Janeiro e eletrônica da escola de engenharia Nuno Lisboa, sergio atuou como gerente do Brasil para PowerWell services, que foi adquirida pela expro, em 2006, além de realizar trabalhos de campo e ocupar vários cargos gerenciais na Halliburton no Brasil.

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Engenheiro da Petrobras recebe prêmio internacional Otto Santos é funcionário da Petrobras desde 1976. Atualmente é consultor técnico e coordenador do Programa de Treinamento e Certificação em Perfuração de Poço da Companhia. Após a homenagem, o gerente geral de Perfuração de Poços da Petrobras, Bráulio Luis Bastos, fez a apresentação de abertura do encontro. Bastos deu destaque ao crescimento da indústria de perfuração no Brasil e aos desafios envolvidos na perfuração de poços no pré-sal. Certificação Internacional A IADC reúne empresas de todo o mundo que prestam serviços de perfuração, assim como as companhias que as contratam. Na Petrobras, a certificação Well CAP é concedida, desde 1986, a engenheiros de poço Foto: Agência Petrobras

O engenheiro da Petrobras Otto Luiz Alcântara Santos (na foto, à esquerda) recebeu prêmio da International Association of Drilling Contractors (IADC) no dia 2 de março, durante a 70ª conferência anual da Associação, no Rio de Janeiro. Ele é o primeiro brasileiro a receber a premiação, concedida anualmente a profissionais que tenham contribuído de forma relevante para a indústria de perfuração mundial. Santos teve reconhecida sua contribuição pela implementação na Petrobras do Well CAP, programa da IADC para treinamento e certificação em controle de poço. A Petrobras foi a primeira companhia operadora do mundo a utilizar esta certificação e a primeira de toda a indústria de petróleo na América Latina. O engenheiro foi lembrado também por sua atuação na IADC nos últimos 18 anos.

que passam por treinamento específico, na Universidade Petrobras, em Salvador. São treinados, prioritariamente, os profissionais que atuam na operação de sondas de perfuração e completacão.

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informação que repercute

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metodologia

A importância da

logística enxuta nas corporações

Métodos como Kaizen, Just in Time e Kanban mostram sua relevância, e suas metodologias devem ser utilizadas até nos dias de hoje

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Aldo Albieri é engenheiro eletrônico formado pela FEI e especialista em logística. Com mais de 20 anos de experiência na área industrial, atualmente é consultor de negócios da ABC71 Soluções em Informática, empresa criada em 1971, pioneira no desenvolvimento de soluções integradas de gestão corporativa e industrial no Brasil.

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logística enxuta (LE) é uma extensão do conceito de produção enxuta ou lean manufacturing, expressão criada para designar o sistema de produção desenvolvido pela Toyota nos anos 1970 com base no princípio do combate a todo e qualquer desperdício. Desperdício pode ser entendido como qualquer esforço ou iniciativa que não adicione valor ao produto ou serviço. Ou seja, aquilo que o cliente não reconhece como uma atividade ou algo que mereça ser remunerado, afinal, ele não vê o seu valor. Ao analisar a cadeia de suprimentos tradicional, constatamos que ela convive com todos os tipos de desperdícios e ineficiências, pois subestima a amplitude e os custos dessas perdas. Aplicar os conceitos lean à cadeia de suprimentos é investir nos fluxos de valor eliminando todos os desperdícios e perdas, resultando na logística enxuta. Podemos resumir que a LE baseia-se na aplicação dos conceitos Lean (Enxuta) à Logística. Sua base é o Kaizen, levando à melhoria contínua através da mudança de mentalidade. Apesar de ser um projeto de longo prazo, os primeiros resultados não levam tempo para aparecer. Para otimizar os processos, é preciso que o mais alto escalão da empresa entenda o que é lean e dar total apoio aos projetos, pois essa metodologia não é uma ferramenta para redução de mão de obra, ao contrário, é uma otimizadora de funções dentro de uma organização. Agora, como podemos colocar em prática a Logística Enxuta? Para começar, podemos estudar e entender os sete princípios definidos por Taiichi Ohno na procura e identificação dos desperdícios. Taiichi nasceu na China em 1912 e começou a trabalhar na Toyota em 1932 após obter graduação em engenharia mecânica. Em 1949, tornou-se gerente da Produção passando por vários cargos até assumir a vice-presidência executiva em 1975, e foi o maior responsável pela implantação do sistema Lean na Toyota. A base de sustentação de produção da Toyota foi a eliminação total do desperdício. O conceito listou os sete desperdícios que devem ser eliminados da empresa. A superprodução foi considerada uma das maiores fontes de desperdício. A confecção de produtos defeituosos também


Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

gera desperdícios e retrabalhos; o estoque produz itens a mais do que o necessário. O transporte não agrega valor ao produto, e, não sendo utilizado, também é desperdício. A operação em alguns processos que poderiam nem existir também são considerados inadequados: materiais que aguardam em filas para seu processamento geram perda de tempo, e a movimentação desnecessária de pessoas também é considerada inviável dentro do conceito. A partir da identificação dos desperdícios, Taiichi desenvolveu vários métodos de combate a fim de proporcionar os resultados esperados, como o just in time, kanban, poka-yoke, dentre outros. Tais técnicas são consideradas simples, no entanto, denotam alta eficiência nos resultados. O kanban, por exemplo, é um registro ou placa de sinalização que controla o fluxo de produção, isso permite a agilidade da entrega e a produção necessária de peças. Já o poka-yoke é um dispositivo de inspeção, que paralisa o processo até a identificação e correção

de qualquer erro. O just in time consiste no conceito de se produzir e estocar somente o necessário. Hoje, muitas pessoas, ao ouvirem o termo ‘enxuta’ ou ‘lean’, argumentam que são técnicas antigas e já conhecidas. A questão é que essas técnicas ainda são válidas e o grande desafio é colocá-las em prática e obter seus resultados. Quantas dessas pessoas realmente utilizam estes conceitos no seu dia a dia? É necessária uma mudança de mentalidade e quebra de paradigmas para superarmos antigos e ineficientes modelos para assimilarmos os conceitos lean e colocá-los em prática. Por isso, além dos aspectos de eficiência, redução de custos e aumento da competitividade, a consciência lean é sempre bem-vinda e o planeta agradece! Em tempos de economia de baixo carbono, como dizem os especialistas em sustentabilidade, a logística enxuta é mais que uma aliada. A LE trabalha a favor da conservação do planeta! TN Petróleo 70

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produção

Demanda e produção de petróleo

A necessidade de gestão Atualmente, a produção mundial de petróleo tem se estabilizado em 88 milhões de barris por dia e está difícil o incremento deste volume, o que pode caracterizar uma etapa de transição no mundo da energia, especialmente no da disponibilidade do petróleo, ou seja, a humanidade está próximo de uma convergência do pico de produção com o de oferta. Há quem afirme que este pico será alcançado entre 2011 e 2020, época em que as reservas mundiais de petróleo serão consumidas em mais de 50%.

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Ronald Carreteiro é engenheiro, ex-diretor de gás natural e alternativos energéticos da Petrobras Distribuidora; é membro do Conselho de Tecnologia da Firjan.

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ssim, é importante reconhecer este fato e se preparar para uma nova etapa de gestão da energia fóssil: a do planejamento energético, uma vez que a demanda quando superar a oferta, com certeza teremos preços permanentes mais elevados, com possibilidade de inflação e carência de produtos e serviços. O presidente da Exxon Mobil, John Thompson, declarou recentemente que após 2015 o mundo terá que desenvolver e produzir um adicional de petróleo e gás natural equivalente a oito em cada dez barris hoje produzidos. Já os sauditas reconhecem que estamos no limiar de um colapso da atual civilização com base em energia fóssil. Praticamente toda atividade humana está ligada ao petróleo, desde os transportes, as indústrias, parte da geração de energia elétrica, até a produção de alimentos. Nos EUA são necessárias dez calorias de combustível para produzir 1 caloria de alimento comestível. Os derivados do petróleo permitiram o desenvolvimento de equipamentos cirúrgicos, drogas farmacêuticas, plásticos, aviões, automóveis e a automatização dos plantios. Pode-se esperar o desencadear de guerras pela busca de mais petróleo e a planetarização da falta de alimentos, em função de que a população mundial continuará a crescer em ritmo preocupante, e se espera em 2025 cerca de 8 bilhões de pessoas habitando o planeta, fato que demandará um consumo de energia hoje indisponível. Há evidências palpáveis que já estamos na transição entre a oferta e a procura de petróleo e numerosos sinais estão sendo dados, pois os preços do petróleo já estão na faixa de U$ 75/90 por barril. O mundo está caminhando para uma etapa de planejamento do uso da energia, que necessita envolver um conjunto de ações, a saber: a) Reduzir o desperdício – as habituais perdas e desperdícios que flutuam de 10% a 30% deverão ser cortados, com o objetivo de impactar a mente do consumidor, pois se nada for feito o homem não ativará as alternativas energéticas ou novas formas de se lidar com estes desafios;


Cenários e tendências Alguns cenários podem ser desenhados sobre o que pode acontecer nesta era de transição, levando-se em conta: a) as variações no preço do petróleo; b) o aumento da inflação mundial; c) a retração nos investimentos; d) o incremento de inovações tecnológicas; e) a necessidade de fontes alternativas de energia. O Brasil importa, hoje, 10% de suas necessidades de óleo diesel, portanto, muito pequeno está sendo o impacto da elevação do preço do petróleo sobre a economia brasileira e o abastecimento nacional. Assim, as dificuldades de curto e médio prazo recairiam apenas sobre o óleo diesel e o gás natural. Entretanto, se houver sinalização de redução do fluxo de petróleo, o produto poderá alcançar rapidamente um novo patamar. No período seguinte ao da transição, o preço do petróleo se elevaria para acima dos U$ 90/ barril e, na continuidade, poderia se elevar ainda mais. Estaremos diante de um novo cenário, com profundas repercussões mundiais.

Foto: Roberto Rosa, Quip

b) Reutilizar – recauchutar pneus, reciclar plásticos, reutilizar a água, atuar fortemente em plantio de arvores são velhas soluções que necessitarão de uma nova forma de pensar. Os problemas ambientais causados pela energia fóssil são devastadores e o aquecimento global já está aí para provar isto; c) Reciclar – reciclar resíduos domésticos e industriais deverá ser obrigatório em todo o planeta; d) Recompensar – toda ação para reduzir, reutilizar e reciclar deverá ser incentivada. Um dado importante é que a economia americana depende em cerca de 2/3 de petróleo importado. Vale o registro de que os Estados Unidos representam hoje cerca de 30% do consumo mundial de petróleo e que 65% das reservas mundiais estão no Oriente Médio, onde o Iraque é o segundo maior país do mundo em reservas de petróleo, com capacidade de processar 5 a 6 milhões de barris/dia. Ademais, há uma questão de natureza estratégica: cerca de 1/3 do petróleo consumido pelo mundo passa pelo Golfo Pérsico e especialmente no estreito de Hormuz. E qualquer obstrução ao fluxo diário de 16,5 milhões de barris de petróleo que por ali passam, causará imediato reflexo em elevação do preço e escassez. A situação de transição que a humanidade atravessa apresenta nuanças que merecem reflexão e análise cuidadosa sobre os seguintes aspectos e impactos: a) o impacto sobre o preço do petróleo quando se alcançar o patamar superior a U$ 90/barril; b) o impacto sobre a economia americana diante deste cenário; c) o impacto sobre a economia mundial; d) o impacto sobre o meio ambiente.

Este quadro propicia o desenvolvimento das formas alternativas de geração de energia e promove todo um conjunto de ações mobilizadoras para uma política de conservação de energia. Assim, o petróleo do pré-sal seria uma fonte de lucros para o Brasil, focando-se as exportações de óleo e derivados para o abastecimento do mercado internacional. Esta fonte importante de divisas seria então objeto de direcionamento para nossa transformação econômica e social. Entretanto, seria estratégico que adotássemos uma postura que promovesse imediatamente ações firmes para o incremento da participação em nossa matriz energética de energia solar, energia eólica e energia das marés, e que fosse revigorada a Política de Conservação de Energia, dentro de uma visão estratégica de otimização de fontes energéticas. O óleo diesel receberia um programa específico de diretrizes, Pró-diesel, para que sejam incentivadas de forma coordenada soluções alternativas de abastecimento nacional, como o biodiesel de oleaginosas, o biodiesel da cana-de-açúcar e das algas, a mistura álcool/diesel, o diesel-gás, entre outras soluções. E este é o ambiente propício à consolidação de uma política nacional do etanol, biodiesel e hidrogênio, como solução para o Brasil, para se exportar os excedentes de produção para o mundo, gerando divisas e empregos para os brasileiros, promovendo-se a cultura da energia limpa. TN Petróleo 70

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mercado

mercado internacional de gás e óleo pós-crise As oportunidades do

A crise de 2008 trouxe recessão, dificultou o acesso ao crédito, reduziu investimentos e diminuiu o volume de operações do comércio internacional. Isso fez com que as empresas revissem seus contratos, diminuindo suas compras e também os investimentos em vendas. Sua empresa já ganhou com isso?

T

Eduardo Sausen Mallmann é gerente comercial de Importação da Level Trade Co.; especialista em Negócios Internacionais; pós-graduando em Gestão de Comércio Exterior e Negociações Internacionais, pela Fundação Getúlio Vargas; bacharel em Relações Internacionais pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Possui anos de experiência na gestão de importação e exportação de comerciais importadoras e exportadoras (trading companies).

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odas as vezes que um problema afeta a conjuntura de determinado segmento, surgem as oportunidades geradas pelo mesmo. Em 2008, este problema foi global e generalizado, afetando vários segmentos, países e mercados. E os efeitos desta crise foram sentidos ao longo do ano de 2009. Com o petróleo e gás não foi diferente, a retração do mercado foi impressionante. Em 2008, o preço do barril de petróleo iniciou o ano seguindo o crescimento constante que vinha tendo desde o início de 2007, ano no qual quase alcançou a marca histórica dos U$ 100 por barril. O que de fato não demorou a acontecer em 2008, quando, logo em seu primeiro trimestre, já superava a marca. No começo do segundo semestre, o mesmo teve seu ápice ultrapassando o valor de U$ 140 por barril, dali para adiante, após o estouro da crise, a queda foi vertiginosa. Ao final deste semestre, o seu preço chegou a ficar abaixo dos U$ 40 por barril e os seus reflexos foram estendidos a toda a cadeia incluindo seus derivados. Analisando os períodos de janeiro a outubro de 2009 e 2008, vemos que os combustíveis (incluídos o gás natural e seus produtos) tiveram grandes perdas no mercado internacional e brasileiro, tanto na exportação quanto na importação: para alguns produtos as quedas foram maiores que 50%, sendo que grande parte deles teve seu comércio interrompido após o começo da crise. No mesmo período notou-se grande movimentação no caso dos óleos lubrificantes, quando houve aumento no volume com alguns países, apesar da diminuição global de seu volume de importação e exportação. Observando estes mercados antes da crise em 2007, conseguimos prever cenários positivos para 2010. De acordo com estudos realizados pela


Foto: Banco de Imagens Stock.xcng e Agência Petrobras

agência internacional Goldman Sachs, o Brasil sairá da crise em 2010 e já em 2011 terá se recuperado da crise de 2008. Com isto em vista, podemos projetar o crescimento destes mercados para 2010. Em 2007, a produção nacional de derivados de petróleo e gás natural era maior que o consumo interno, contudo cerca de 15% consumidos no país eram importados e isto supria a falta dos mesmos 15% da produção nacional que era exportada. Em razão da crise, essa proporção se alterou, a redução na quantidade exportada trouxe a atenção para o mercado nacional e com isso a diminuição das importações. Todas estas movimentações no cenário internacional trazem grandes oportunidades para as empresas deste mercado. Na área de exportação, a busca por preços e a desistência de alguns mercados por parte das grandes corporações abriu as portas para a entrada de novos fornecedores, pode-se notar que em 2009 o Brasil abriu vários mercados antes não atendidos. Isto traz grandes oportunidades para as empresas brasileiras que desejam aumentar suas vendas e retomar o crescimento perdido em 2008. Na importação, as oportunidades aparecem na realocação dos fornecedores internacionais. Muitos destes tiveram seus contratos de fornecimento rompidos e estão dispostos a encontrar novos parceiros em mercados ainda não atendidos. Com isto, conseguem-se melhores preços e contratos que vão além do simples fornecimento para um investimento em conjunto no mercado. Contudo, para as empresas que pretendem se abrir para o mercado internacional é preciso ter muito cuidado e estudar bem as legislações vigentes no Brasil e no mercado em que se deseja focar. A Constituição Federal do Brasil deixa claro em seu artigo 177, que as áreas de importação e exportação de gás, petróleo e derivados constituem-se monopólio da União e que esta poderá contratar outras empresas públicas ou privadas para a realização destas operações. Assim, toda empresa que queira trabalhar com estas áreas deste mercado, deverá ter isto contratado com o Estado.

Toda a operação de importação realizada deverá ter a anuência prévia da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a qual fiscalizará se a operação de importação está dentro dos moldes preestabelecidos pela legislação brasileira. As oportunidades para o setor no próximo ano são latentes e as empresas que estiverem com foco no crescimento de mercado terão muitas oportunidades para crescer, tendo em vista a movimentação do mercado devido à crise de 2008. Estando de acordo com a legislação brasileira, as empresas têm muito a ganhar operando no mercado internacional. Deve-se ressaltar, no entanto, que não somente o fornecedor/cliente estrangeiro é necessário para que esta entrada seja rentável e duradoura. Os trâmites operacionais e a logística das operações devem estar muito bem casadas e para isto as parcerias são fundamentais. Para as empresas que vislumbram as oportunidades criadas pela crise, seguem algumas dicas para entrarem neste mercado com sucesso: • planejar é fundamental, antes de começar seus processos o empresário deve entender a sistemática do segmento que busca e conhecer seus players, tanto na compra quanto na venda de produtos; • buscar a melhor operação logística internacional, alinhando o fornecimento com as condições de transporte; • utilizar-se das opções oferecidas pelos estados e Federação para a redução da carga tributária incidente, aliando-as à logística de distribuição nacional; • procurar escritórios com agentes no exterior para facilitar as negociações e a busca por fornecedores. Seja buscando novos fornecedores ou clientes no exterior, a crise abriu as portas para melhores negócios e renegociações. As oportunidades nestas áreas devem ser aproveitadas o quanto antes, pois com o aquecimento da economia o mercado tende a se restabelecer conforme sua prática habitual, podendo fechar as portas para as empresas que não souberem aproveitar. TN Petróleo 70

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legislação tributária

Nas águas turbulentas do ISS Maus pagadores ou maus cobradores? Esse é o grande impasse no pagamento de ISS sobre serviços prestados em águas marítimas

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André L. P. Teixeira, é advogado e sócio fundador do Escritório de Advocacia André Teixeira & Associados, especializado em tributação da indústria do petróleo e gás natural, presta assessoria jurídica a companhias nacionais e estrangeiras de E&P. Bianca de S. Lanzarin é advogada especializada em tributação da indústria do petróleo e gás natural, sócia do Escritório de Advocacia André Teixeira & Associados, responsável pela divisão de contencioso administrativo tributário. Tiago Guerra Machado é advogado especializado em tributação da indústria do petróleo e gás natural, sócio do Escritório de Advocacia André Teixeira & Associados, responsável pela divisão de consultoria tributária.

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uem paga mal, paga duas vezes’, essa máxima nunca foi tão utilizada no ambiente tributário brasileiro como hoje. Nossa legislação tributária, complexa e muitas vezes ultrapassada, nem sempre consegue acompanhar a evolução das relações econômicas em um mundo cada vez mais dinâmico e globalizado. Na indústria de petróleo, tal problema não é diferente: o setor econômico possui tantas especificidades que a tributação dos seus eventos tem gerado mais dúvidas do que certezas. Como se não bastasse, nossas autoridades fiscais muitas vezes exageram no brocardo in dubio pro fisco (em caso de dúvida, que a lei favoreça o Fisco), ainda que, em alguns casos, haja uma postura empreendedora e colaboradora dessas autoridades, que atuam em parceria com os players da indústria visando auxiliar o desenvolvimento das suas atividades. Um exemplo dessa postura pode ser observado na forma como alguns municípios vêm cobrando o ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) sobre os serviços prestados em águas marítimas, matéria de absoluta relevância para aqueles que desenvolvem atividades ligadas à indústria de E&P. Arrecadado pelos municípios, o ISS é um tributo que sempre foi cercado de controvérsias, especialmente com relação à definição do município competente para exigir o seu pagamento. Isso porque alguns municípios sentiam-se prejudicados em relação a determinadas atividades em que os prestadores de serviço, ainda que estivessem operando presencialmente nos seus territórios, acabavam por recolher o imposto em suas respectivas sedes ou filiais, em outros municípios. Isso se devia ao fato de que, historicamente, a legislação estabeleceu que o ISS deveria ser pago ao município no qual se localizava o estabelecimento prestador dos serviços (regra geral), sem definir o conceito de “estabelecimento”, que à época era considerado o local formalmente registrado como tal (sede, filial, escritório, etc.). Tal situação permaneceu aparentemente indefinida até o Superior Tribunal de Justiça consolidar o entendimento de que o ISS seria devido no local da prestação dos serviços, independentemente de onde


Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

estivesse localizado o estabelecimento-sede do prestador. Quando a discussão parecia sepultada pela jurisprudência, foi editada a Lei Complementar n. 116/2003, resultado de quase duas décadas de discussão parlamentar (seu projeto de lei é de 1989), que apesar de ter significado um avanço em alguns aspectos, justamente pela morosidade legislativa fez com que outros dispositivos já nascessem defasados. Um desses dispositivos tratou do local do pagamento do ISS, repetindo a ideia de que o imposto deve ser pago ao município onde está localizado o estabelecimento do prestador do serviço. No entanto, buscando corrigir a distorção do passado, a nova lei definiu o conceito de estabelecimento que até então não existia, mesmo sem conseguir acabar com a discussão. A Lei Complementar n. 116/03 dispôs que estabelecimento é “o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas”.

Com esta definição, estabelecimento passou a ser nada mais que o local em que os serviços são efetivamente prestados, seguindo a linha do entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, foi disposto impropriamente como exceção que a cobrança do ISS fosse atribuída ao município do estabelecimento prestador, nos casos de serviços prestados em águas marítimas. Se o leitor estiver bem atento, verá que, em uma interpretação literal, não haveria qualquer exceção à regra geral, já que o imposto deverá igualmente ser pago ao município do estabelecimento prestador, que, com vimos, na pratica é o local da prestação dos serviços. Nesse aspecto, considerando uma análise sistemática da legislação em vigor e de seus objetivos, podemos entender que o legislador teve por objetivo tornar o ISS devido ao estabelecimentosede do prestador, nos casos de serviços prestados em águas marítimas, mesmo porque nesses casos não há condições de se definir em que município o serviço é prestado. Isto porque, não há na legislação brasileira qualquer previsão da extensão territorial dos municípios sobre as águas marítimas a eles “confrontantes”, sobretudo pelo fato de o mar territorial TN Petróleo 70

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legislação tributária

ser bem da União, não possuindo os municípios qualquer autonomia sobre sua área, nos termos de nossa própria Constituição. Tampouco existe previsão legal para utilizar as premissas empregadas no cálculo dos royalties e participações especiais (linhas ortogonais e paralelas) na limitação da competência tributária municipal, como vêm fazendo alguns dos municípios que consideram a eles devido o ISS incidente nos serviços prestados em plataformas e embarcações “confrontantes” a sua linha costeira. Aliás, é bem interessante perceber como esses municípios utilizam o termo “confrontante”, como se esta palavra tivesse um significado em si mesma. Não possui. E por não haver, a conduta desses governos locais está cercada de irregularidades, inclusive, de cunho constitucional. Enquanto isso, o contribuinte, seja ele o prestador de serviços offshore, seja o concessionário de determinado bloco, contratante daqueles serviços, permanece em uma situação de exposição e insegurança jurídica, na medida que o recolhimento do ISS ao município onde está localizado o estabelecimento-sede do prestador não será suficiente para evitar futuros questionamentos, haja vista que o município “confrontante” poderá vir a cobrar o imposto sobre essas operações. Com isso em mente, sem fazer alarde, diversos municípios já vêm questionando a indústria de E&P quanto ao pagamento do ISS em suas respectivas localidades, arguindo a projeção da plataforma/embarcação sobre sua região costeira. Para reforçar o entendimento de que não há suporte legal que ampare a posição desses municípios, de exigir o ISS sobre serviços em águas marítimas “confrontantes”, se encontra em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei complementar (PLC 437/2008) visando alterar a legislação do ISS.

A proposta pretende impor como local de pagamento do imposto nas operações de E&P o município no qual o serviço é prestado, em que pese o referido projeto de lei não estabelecer a premissa de “loteamento” das áreas marítimas pelos municípios. Aliás, nem poderia, uma vez que se trata de matéria constitucional, de forma que uma alteração na LC n. 116/2003 não legitimaria essa forma de cobrança pelos municípios “confrontantes”. Em âmbito judicial, o que temos verificado, nas poucas decisões a respeito do assunto, é a primazia do posicionamento de que o imposto é devido no estabelecimento-sede, em vista de as projeções territoriais dos municípios para fins de participações governamentais não criarem por si só extensão do território dos municípios costeiros. Assim, é acertada a conclusão no sentido de que o ISS incidente sobre serviços prestados em águas marítimas é devido ao município onde estiver localizado o estabelecimento-sede do prestador, não sendo legitimado a cobrar o imposto aquele município cuja projeção sobre sua região costeira se encontra a plataforma/embarcação. Entretanto, considerando a atitude desarrazoada de alguns municípios em sentido contrário, restam à indústria de E&P algumas alternativas, envolvendo não apenas a assinatura de convênios entre os municípios envolvidos, mas também o próprio ajuizamento de medidas judiciais visando afastar a exigência, com o intuito de mitigar o risco de sobrecarga ainda maior do custo fiscal de suas atividades. Como se buscou demonstrar, “pagar duas vezes” não é uma consequência de os contribuintes estarem recolhendo de forma errada. Não há “maus pagadores”. O risco de pagamento em duplicidade decorre do nefasto entendimento desses municípios, os “maus cobradores”, cuja sede arrecadatória pode causar enormes prejuízos e transtornos ao contribuinte.

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gestão

Como atingir a

excelência operacional “Excelência se alcança por meio de um longo e contínuo processo que requer, sobretudo, comprometimento. Mais do que uma aspiração, excelência é o ponto para o qual nossos passos se dirigem Só assim seremos sempre líderes e nunca seguidores.”

E

ssa afirmação do visionário Ratan Tata, Chairman do Grupo que leva seu sobrenome, reforça a ideia de que para aportar com êxito no destino final é fundamental traçar muito bem as rotas a serem seguidas. Para implementar técnicas gerenciais que tornam as operações mais eficientes, é necessário avaliar, em primeiro lugar, qual o posicionamento atual da empresa – e, de preferência, encomendar essa avaliação por grupos de fora da corporação, para que o rigor e a imparcialidade sejam preservados. Após obter um retrato fiel dos processos em andamento e mapear o modo como os vários stakeholders se relacionam, provavelmente será necessário aprimorar a estratégia da companhia de modo a direcioná-la ao preenchimento das eventuais lacunas. Saber se a organização que você dirige é um Jaguar ou um Jipe é essencial para escolher o caminho que lhe proporcionará mais vantagens competitivas. Importar processos da matriz ou seguir exemplos supostamente bem sucedidos no mercado nem sempre atendem a demanda da sua empresa e podem, ao contrário, gerar ainda mais entraves. Costumo dizer que metade da batalha está ganha se for escolhido um modelo de processo que consiga se moldar perfeitamente às peculiaridades do cliente. E de acordo com a abrangência das melhorias que se pretende promover na empresa, investir nos canais de comunicação interna pode ser vital, uma vez que os profissionais precisam estar envolvidos no processo e não apenas submetidos a ele. Justamente porque a eficiência operacional não é o objetivo estratégico da empresa e sim o meio pelo qual este será alcançado, ela requer monitoramento constante. Acompanhar os processos de perto é a forma mais eficiente de mitigar riscos e garantir agilidade na resolução dos problemas. Com periodicidade predefinida é importante checar se as prioridades estabelecidas ainda são válidas ou se é necessário reavaliar as metas, para melhor adequá-las às mudanças de cenário. Ao analisar os resultados obtidos com a implementação desse tipo de projeto muitas empresas recorrem exclusivamente à equação “investimento x ROI” e nem sempre ela é a mais precisa. No momento imediatamente posterior à implantação de um projeto de eficiência operacional, é essencial considerar os soft benefits (benefícios que não podem ser traduzidos diretamente em aumento do faturamento, mas que por automatizarem processos ou aumentarem a satisfação dos clientes podem gerar resultados de negócio no médio prazo). Manter positiva a balança comercial corporativa (alta produtividade com baixo custo) é uma jornada sem fim. Muitas empresas não dão o primeiro passo, pois não conseguem enxergar o final da estrada, mas se a jornada rumo à melhoria de processos é planejada com critério, o custo inicial e o investimento na capacitação dos profissionais serão seguramente recompensados. A persistência é o caminho para se atingir tudo aquilo que vale a pena. Como os indianos costumam dizer: “é preciso trabalhar para reduzir o trabalho”.

Ailtom Nascimento é vicepresidente comercial da Tata Consultancy Services do Brasil.

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Tradição de sucesso

Casa Granado

Foto: Divulgação Casa Granado

fino gosto

por Orlando Santos

Polvilho centenário A FórmULA Do PoLVILHo Antisséptico Granado foi criada em 1903, pelo farmacêutico João Bernardo coxito Granado, irmão de José coxito, o fundador da casa Granado. Nessa época, o médico sanitarista oswaldo cruz, chefe da Inspetoria Geral de saúde, foi quem licenciou sua fabricação. A embalagem original manteve-se praticamente a mesma: em 97 anos, só mudou duas vezes. A primeira, durante a segunda Guerra mundial, quando sua lata foi trocada por um tubo de papelão – em função da escassez da folha de flandres – e há dois anos, o papelão foi substituído pelo plástico. sua tampa é mais prática, já que não precisa ser retirada do frasco, bastando apenas girá-la um pouco para possibilitar a saída do talco através dos furinhos. Um grande progresso do ponto de vista do conforto na utilização do produto. em 1999, a Granado lançou as versões sport e Fresh, que mantêm a fórmula tradicional do Polvilho Antisséptico apenas acrescentando fragrâncias para consumidores que buscam se perfumar. o polvilho continua sendo o destaque da companhia, com vendas que alcançam a marca de 700 mil unidades por mês.

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u

uma das mais tradicionais referências da cidade, com seus 140 anos de existência, a Casa granado não apenas permanece com suas portas abertas como a cada ano se firma no mercado brasileiro de cosméticos como exemplo de sucesso, solidez e inovação. ela é, sem dúvida, um típico caso de empresa que soube acompanhar a evolução do mercado, adaptando-se às novas demandas dos clientes, posicionando-se como uma instituição moderna, com produtos de alta qualidade, com novo visual nas embalagens e mantendo-se no mesmo prédio onde tudo começou, na rua Primeiro de março, 16. A bela e agradável loja, inteiramente reformada no interior e no visual, encanta a todos os que passam por essa parte nobre do Centro do rio. reflete a trajetória bem sucedida de uma empresa que tem um produto nacionalmente conhecido – o Polvilho Antisséptico granado. Criado em 1903, o talco foi um dos primeiros a ser registrados no Brasil, tendo, no documento de registro, a assinatura de um dos maiores cientistas brasileiros da área de saúde: o sanitarista oswaldo Cruz.

Farmácia com ph – Botica mais antiga do Brasil, a granado foi fundada em 1870 pelo português José Antônio Coxito granado. o estabelecimento ficava na rua direita, 14/16, no Centro da cidade do rio de Janeiro, uma das mais movimentadas da época. Hoje Primeiro de março, esta rua abriga ainda a loja original, como já dito aqui. em seus primórdios, a pharmácia manipulava produtos com extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras, cultivadas no sítio do seu fundador, em Teresópolis (rJ). Além desses medicamentos, José granado importava produtos da europa e adaptava suas fórmulas aos padrões e às


necessidades dos brasileiros e estrangeiros que moravam na capital do Império. A qualidade e eficácia desses produtos logo tornaram a farmácia uma das fornecedoras oficiais da Corte. E assim nasceu a amizade com Dom Pedro II que, em 1890, conferiu à Granado o título de Farmácia Oficial da Família Real Brasileira. Em 1912, a farmácia expandiu para um prédio na rua do Senado, onde hoje funciona uma de suas fábricas. Anos depois, foi adquirida a fábrica de Belém do Pará, onde são produzidos os sabonetes em barra. Hoje, uma nova planta está em construção em Japeri, subúrbio carioca, com instalações e equipamentos modernos em 30 mil m² de área. A primeira filial da Granado foi inaugurada em 1930, na rua Conde de Bonfim, 300, na Tijuca, também tradicional bairro carioca da Zona Norte. Em 2007, ganhou endereços nos bairros do Leblon, também no Rio, e de Jardins, em São Paulo. No ano seguinte surgiu a loja virtual (www.granado.com.br) e, em 2009, a filial da rua do Lavradio, também no Centro do Rio, e a expansão da loja da Primeiro de Março. Depois de três gerações na família Granado, a farmácia hoje é presidida pelo inglês Christopher Freeman. Em 2004, já sob o seu comando, a Phebo foi incorporada à empresa, bem como demais itens dessa marca. Três anos depois, novos produtos começaram a ser desenvolvidos: a linha Isabela Capeto, colônias e velas perfumadas. Ao longo de todos esses anos, a tradição de qualidade de produtos de origem vegetal, com eficácia comprovada, se manteve. Reconhecida em todo o país, a Granado se mantém no mercado brasileiro de cosméticos como exemplo de solidez e constante crescimento. Responsabilidade socioambiental – Pioneira na fabricação de sabonetes, a Granado hoje é responsável pela maior produção deste item no Brasil, e atravessa seus mais de cem anos com uma firme posição quanto à preservação do meio ambiente: desenvolver cosméticos biodegradáveis formula-

dos com extratos 100% naturais. A empresa busca eliminar os corantes e as fragrâncias artificiais de suas fórmulas e garante que as mesmas não são testadas em animais. Quanto às embalagens Granado, as caixas de sabonetes em barra trazem o selo FSC (Forest Stewardship Council, ou seja, Conselho de Manejo Florestal). Reconhecido mundialmente, o selo certifica que a madeira utilizada para a produção do papel “é oriunda de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente viável, e no cumprimento

de todas as leis vigentes de árvores reflorestadas”. Já os sabonetes que não possuem cartucho são embalados em papel reciclado cuja confecção consome menos energia elétrica, dispensa processos químicos e evita a poluição ambiental. As antigas sacolas de plástico – não biodegradáveis – foram substituídas pelas de papel e, com o objetivo de contribuir para a diminuição do consumo da celulose, foram desenvolvidas sacolas de lona: o cliente que faz compras com elas, ganha 5% de desconto. A busca por produtos cada vez mais naturais é um dos desafios da empresa. Por isso, a Granado pretende continuar a crescer em parceria com a natureza e, acima de tudo, oferecer itens de qualidade e com eficácia comprovada, a fim de promover bem-estar e equilíbrio entre o corpo e a mente. No livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Senac-Rio), são documentadas 21 histórias de grande sucesso mercadológico, abordando marcas que foram lançadas há mais de 50 anos e permanecem saudáveis até os dias de hoje. Ali, a Granado ocupa lugar de destaque, juntamente com o seu carro-chefe, o já citado Polvilho Antisséptico. Segundo os especialistas, este polvilho mantém a máxima da tradição com sucesso.

Laboratório cultural e político No período republicano, a farmácia tornou-se ponto de encontro de estadistas, diplomatas, escritores, militares, homens das finanças, da indústria e da sociedade brasileira. Rui Barbosa, José do Patrocínio, Francisco Pereira Passos e Oswaldo Cruz estavam entre os nomes ilustres que participavam de almoços nas instalações da Granado. Além da manipulação de medicamentos, José Coxito também se aventurou no ramo de publicações. De 1887 a 1940, editou – impresso em gráfica própria – o almanaque Pharol da Medicina, que versava sobre cada produto da Granado. Também editou a Revista Brasileira de Medicina e

Farmácia, que começou a circular em 1925 e chegou a alcançar a tiragem de 20 mil exemplares, sendo distribuída em todo o Brasil e até no exterior. Em 2007, o almanaque passou a ser impresso em forma de folheto, com o mesmo propósito inicial: divulgar inovações em suas linhas e os lançamentos. José Coxito Granado realizou, também, sem qualquer apoio oficial, um vasto levantamento das plantas medicinais existentes no Brasil, e mandou fazer um catálogo, em francês, que se tornou fonte de consulta mundial. Graças a isto, a Casa Granado é considerada pioneira na produção de medicamentos fitoterápicos.

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Fotos: Divulgação

coffee break

Ele não está em nenhuma lista de best sellers, mas certamente é obra obrigatória para quem deseja se aprofundar em um dos períodos mais criativos e pouco conhecidos da história da arte brasileira – entre 1790 a 1930.

Redescoberta Arte brasileira em 25 quadros (1790-1930); Rafael Cardoso; Editora Record; 224 páginas; Formato: 21 cm x 28 cm; Papel: Couchê Matt 90g/m², 4 cores, Brochura

guiada

S

por Orlando Santos

eu autor, Rafael Cardoso, escritor de ficção e professor de renome, nas primeiras páginas de Arte brasileira em 25 quadros já adianta um dos objetivos do seu trabalho: “A meta maior deste livro é fazer com que as pessoas gostem mais de arte, em especial da arte brasileira”. Ricardo Fabrini, professor de Estética do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, no ensaio crítico intitulado “A consolidação da pintura moderna no Brasil”, vai mais longe. “O critério que motivou a seleção do autor foi o equilíbrio entre a qualidade artística das obras e sua representatividade histórica”, pontua ele, no prefácio.

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Na página ao lado: Dolorida, de Antônio Parreiras, 1911 (Museu Antonio Parreiras). Acima: Más Notícias, de Rodolpho Amoedo, 1895 (MNBA) e Retrato de El-Rei D. João VI, de Jean-Baptiste Debret (MNBA).

Instigante, esclarecedor, polêmico, Arte brasileira em 25 quadros ganhou uma edição primorosa da Record e procura posicionar a situação da arte brasileira do período citado, conduzindo o leitor, com sabedoria, por todo o século XIX: da ascensão e consolidação da Academia Imperial de Belas Artes – e de sua sucedânea, a Escola Nacional de Belas Artes – até o momento de ruptura e transformação associado à primeira fase da arte moderna no Brasil. O professor Fabrini observa que não se trata de um manual ou história da arte no sentido convencional: “ao lado de pinturas de referência há outras raramente lembradas; pois o autor analisa tanto pinturas cujo valor estético é continuamente reafirmado quanto pinturas ditas menores, que lhe permitam, pelo exame das circunstâncias de sua produção, entender o processo de consolidação da pintura moderna no Brasil”.

Reparação historiográfica Ao fazer sua análise, Ricardo Fabrini mostra algumas situações conflitantes de um período da arte brasileira, que se debatia entre a influência europeia e a busca da identidade nacional. E assinala: “Além de examinar pinturas de referência – como A primeira missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles, A batalha de Avahy (1877), de Pedro Américo, O importuno (1898), de Almeida Júnior, ou Antropofagia (1929), de Tarsila do Amaral –, Cardoso, visando a uma reparação historiográfica, destacou tanto obras de ‘pouca originalidade’, que não inovaram na linguagem pictórica, mas que seriam representativas do imaginário do período, como obras que, embora consagradas pelo ‘juízo institucional’ de sua época, acabaram, no curso do tempo, relegadas a um ‘silêncio constrangedor’...

Examina, por exemplo, Flor, de data desconhecida, do artista José dos Reis Carvalho, praticamente ignorado mas considerado pelo autor um dos mais importantes pintores de natureza-morta do século XIX. Seus ‘registros’, ao modo das expedições dos naturalistas, revelariam o ‘domínio do sistema de codificação visual‘ (como os gêneros da retórica) de sua época.” Doutor em história da arte pelo Coutauld Institute of Art, de Londres, uma das instituições de maior prestígio no mundo, Rafael Cardoso teve seu primeiro contato com a arte ainda adolescente, ao visitar o Museu Nacional de Belas Artes. Ele se encantou com alguns quadros, em especial com a tela Baile à fantasia, de Rodolpho Chambelland. Anos depois, já historiador de arte, compartilha seu encantamento por meio da análise cuidadosa e histórica de 25 telas. TN Petróleo 70

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feiras e congressos

Março

2 a 4 – EUA Subsea Tieback Forum and Exhibition Local: Galveston, Texas Tel.: +1 918 831 9701 Fax: +1 918 831 9729 www.subseatiebackforum.com jenniferm@pennwell.com 16 a 18 – Malásia Offshore Asia Local: Kuala Lumpur Tel.: +1 713 963-6256 Fax: +1 713 963-6212 www.offshoreasiaevent.com sneighbors@pennwell.com 22 a 24 – Brasil Latin Oil Week 2010 Local: Rio de Janeiro Tel.: + 27 11 880.7052 www.petro21.com sonika@glopac-partners.com 23 a 25 – Holanda Deepwater Development 2010 Local: Amsterdã Tel.: (281) 491-5900 Fax: (281) 491-5902 www.dd2010.com 23 a 25 – Angola Offshore West Africa Local: Luanda Tel.: +1 713 963-6256 www.offshorewestafrica.com sneighbors@pennwell.com 27 a 29 – Paquistão 6th Oil & Gas Asia International Local: Karachi Tel: 0092 21 111 222 444 Fax: 0092 21 453 6330 www.ogpoasia.com info@ogpoasia.com 29 a 31 – EAU Offshore Arabia 2010 Local: Dubai Tel: 009714 3624717 Fax: 009714 3624718 www.offshorearabia.ae index@emirates.net.ae

Abril

7 a 9 – Brasil PlastShow 2010 Local: São Paulo Tel.: (11) 3824-5300 • Fax: (11) 3826-5599 www.arandanet.com.br/eventos2010/ plastshow/chamada.html plastshow2010@arandanet.com.br 11 a 13 – Omã Oil and Gas West Asia OGWA Local: Omã Tel.: +968-24660124 Fax: +968-24660125 www.ogwaexpo.com omanexpo@omantel.net.com 12 a 14 – Brasil 10º SPE International Conference on HSE in Oil and Gas E&P Local: Rio de Janeiro Tel.: (21) 2112-9000 Fax: (21) 2220-1596 www.spe.org/events/hse/ spedal@spe.org

Maio

3 a 6 – EUA OTC 2010 Local: Houston Tel.: +1 972 952 9494 Fax: +1 972 952 9435 www.otc.net • service@otcnet.org 4 a 6 – Cingapura Asian Biofuels, New Feedstocks and Technology Roundtable Local: Cingapura Tel.: +44 0 1242 529 090 Fax: +44 0 1242 529 060 www. theenergyexchange.co.uk wra@theenergyexchange.co.uk

26 a 27 – Escócia SPE International Conference on Oilfield Scale Local: Aberdeen Tel.: 972 952 9393 Fax: 972 952 9435 www.spe.org sppedal@spe.org 31 de maio a 2 de junho – Brasil Rio Gas Summit 2010 Local: Angra dos Reis Tel.: +44 (207) 089 4204 www.thecwcgroup.com

Junho

1º a 4 – Azerbaijão Caspian International Oil & Gas/ Refining Local: Baku Tel.: +44 0 207 596 5000 Fax: +44 0 207 596 5106 www.caspianoil-gas.com oilgas@ite-exhibitions.com 6 a 8 – Malásia Asia Oil & Gas Conference Local: Kuala Lumpur Tel.: 65 6338 0064 Fax: 65 6338 4090 www.asiaoil.com info@cconnection.org 6 a 9 – Brasil IAEE International Conference Local: Rio de Janeiro Tel.: 216 464 5365 Fax: 216 464 2737 www.iaee.org iaee@iaee.org

16 a 19 – Austrália APPEA Conference & Exhibition Local: Brisbane Tel.: 07 3229 6999 Fax: 07 3220 2811 www.appea.com.au jhood@appea.com.au

8 a 10 – Itália NGV 2010 Local: Roma Tel.: +55 21 81335291 www.ngv2010roma.com info@ngv2010roma.com

24 a 26 – Bharein Petrotech 2010 Local: Manama Tel.: +973 1755 0033 Fax: +973 1755 3288 www.petrotech.in/ aeminfo@aeminfo.com.bh

8 a 10 – Canadá Global Petroleum Show Local: Calgary Tel.: (888) 799-2545 Fax: (403) 245-8649 www.globalpetroleumshow.com paulaarnold@dmgworldmedia.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

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opinião

de Alceu Mariano, presidente da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval) e diretor de Relações Institucionais da Keppel Fels Brasil

Indústria naval: os próximos passos No jargão futebolístico, ‘sair do estaleiro’ quer dizer que um atleta foi afastado por deficiência técnica ou por contusão. Com o perdão do trocadilho e da metáfora fácil, podemos dizer que, finalmente, a indústria naval saiu do estaleiro.

I

mpulsionada por importantes incentivos, iniciativas como o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria de Óleo e Gás), o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), lançado em 2004, e as recentes descobertas na camada do pré-sal, chegou a hora de uma nova fase: a consolidação. A ebulição que vem da construção de plataformas de exploração de petróleo e a recuperação da frota marítima nacional, e que está gerando uma intensa atividade nos estaleiros nacionais, faz com que os interesses de muitos se voltem para este setor. Daí a chegada ao Brasil de players internacionais e os pedidos junto ao BNDES de financiamento de projetos de infraestrutura da indústria de petróleo e gás no Brasil. É possível que, a continuar neste crescimento, o Brasil tenha a terceira maior indústria naval do mundo em pouco tempo, desta vez diferente da década de 1970, focando em cuidados com a qualidade, segurança e meio ambiente, produtividade e competitividade. Hoje a indústria naval nacional já é a sexta do mundo, e a subida de posições se dará por encomendas de 42 navios da Transpetro, 28 sondas de perfuração da Petrobras e mais de cem navios de apoio. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) calcula que as encomendas aos estaleiros e os novos investimentos devem somar R$ 55 bilhões. São 195 embarcações já contratadas ou com a construção anunciada. Fora isso, desde o ano de 2000, quando todo esse movimento de recuperação começou, subiu de dois mil para 45 mil o número de postos de trabalho no setor. E esse número deve aumentar nos próximos anos

com a instalação prevista de cinco novos estaleiros – cada um pode ter até 3.500 funcionários. Tenho certa preocupação com o número total de estaleiros. No final de 2009, o Fundo de Marinha Mercante (FMM) aprovou 161 propostas que vão ser beneficiadas com um crédito extraordinário de R$ 14,2 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. Das propostas aprovadas, 155 tratam da construção de embarcações e seis da construção e modernização de estaleiros. O recurso é o maior já disponibilizado pelo FMM de uma só vez e será aportado pelo Tesouro Nacional, dentro da Medida Provisória 472, que prevê a liberação de até R$ 15 bilhões para a indústria naval. Do total, R$ 5,2 bilhões serão destinados a embarcações de apoio marítimo; R$ 4,3 bilhões para os estaleiros; R$ 3 bilhões para cargueiros; e outros R$ 2 bilhões para os demais tipos de embarcações. Enfim, não há, pelo menos no momento, a possibilidade de recuo deste crescimento. O Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) prevê que nos próximos dois anos serão criados dez mil empregos diretos e 50 mil indiretos no setor. O cenário é otimista e por conta disso a formação da mão de obra vem passando por constante qualificação, vindo daí o surgimento de formação complementar voltada para o segmento de petróleo e gás. Um exemplo bastante contundente pode ser TN Petróleo 70

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opinião

visto no curso de engenharia naval da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Há dez anos o curso formava 15 profissionais por ano – em 2009, foram 54 os engenheiros diplomados. Neste novo cenário a Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval) vem demonstrando enorme preocupação em avaliar e antecipar os próximos passos da indústria naval. Comprometida em continuar as conquistas obtidas ao longo dos seus 48 anos de história, que serão completados em março deste ano, a entidade começa 2010 projetando uma série de eventos técnicos e sociais para discutir os rumos da engenharia naval brasileira. Em abril, acontece o 2º Seminário sobre Helipontos Offshore. O evento pretende reunir as autoridades responsáveis pela inspeção e certificação de helideques no Brasil. Outro evento bastante aguardado para 2010 é o 23º Congresso da Sobena, que neste ano terá como tema ‘Indústria naval: os desafios da competitividade e da sustentabilidade’. O evento acontece junto com a Exponaval, de 25 a 29 de outubro. O ciclo de palestras sobre estaleiros retorna ainda no primeiro semestre e a intenção é continuar a ouvir as práticas adotadas nos estaleiros instalados

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no Brasil como forma de trocar experiências no setor. A Sobena também está direcionando seus esforços para a manutenção das comissões técnicas já existentes, como a Especial de Normalização, que dentre outros assuntos quer rever a ABNT/CB-07, que regula a normatização no campo de navios, embarcações e tecnologia marítima compreendendo: projeto, construção, estrutura, equipamentos, acessórios, métodos e tecnologia. E, por fim, o grande avanço que tivemos em 2009, que foi a criação da Rede Desenvolvimento da Competitividade da Indústria Naval para envolver estaleiros, institutos de pesquisa, escolas técnicas, Petrobras e Transpetro, indústria fornecedora de equipamentos, engenheiros, classificadoras, a Marinha do Brasil e órgãos de fomento. Enfim, trata-se de um esforço conjunto e articulado para que, se não conseguirmos atrair novos recursos para P&D, pelo menos vamos ajudar a fazer com que os recursos existentes possam ser direcionados para as demandas mais importantes da indústria naval brasileira. Esta é a nossa contribuição para que, definitivamente, a indústria naval nunca mais ‘volte para o estaleiro’.


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Engenharia de Instrumentação Industrial

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opinião

Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br

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TN PETRÓLEO

futura

A.F. ANº CABOS UMBILICAIS (21X28):224819_energy 26/08/08 17:56 Page 1

Indústria naval: os próximos passos

de Alceu Mariano, presidente da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval)

E o tombo não foi tão grande assim SMS: a indústria já entende essa mensagem Forship: gestão regulatória FMC: produção submersa

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES

O outro Brasil do petróleo Bahia: onde tudo começou Cadeia produtiva baiana Inovação para campos maduros Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino

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Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro, por Otavio Pontes A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

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