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ISSN 14 15 889- 2
Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br
artigos
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edição nº 102 jul/ago 2015
Entrevista exclusiva
Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
entrevista exclusiva
“O custo da mudança é menor
NO CONTEXTO DE CRISE”
A CRISE DECORRENTE DA QUEDA DOS PREÇOS DO PETRÓLEO
TN Petróleo – Hoje, o setor de óleo e gás responde por 13% do PIB brasileiro. O aumento da capacidade produtiva e operacional da Petrobras e de suas parceiras vem alavancando a produção nacional, que, de acordo com o boletim da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em maio deste ano alcançou a marca de 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boed). Ao mesmo tempo, a Petrobras vive a maior crise de sua história, com impactos em todo o setor, obrigando-a 18
a rever seu plano de investimentos. Como avalia o cenário atual do setor e sua crescente participação na economia brasileira? Edmar Almeida – A questão da participação do setor do petróleo no PIB é bastante controversa. A estimativa de 13% inclui a participação direta dessa indústria bem como de outros segmentos que integram a cadeia produtiva de petróleo. Os cálculos oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não validam o número de 13%. De toda forma, o que é importante ressaltar é que o segmento de óleo e gás apresentou um crescimento muito maior que o restante do setor industrial no Brasil nos últimos anos. Os investimentos do setor de petróleo representam uma parcela muito importante de todo o setor industrial no Brasil. Por isso, contribuiu para alavancar o crescimento industrial, a partir das compras locais de bens e serviços. A crise decorrente da queda dos preços do petróleo e as dificuldades da Petrobras, tanto econômicas como políticas, acrescentam vetor negativo ao já difícil
ACRESCENTAM VETOR NEGATIVO AO JÁ DIFÍCIL CENÁRIO DA ECONOMIA BRASILEIRA, EM PARTICULAR AO
cenário da economia brasileira, em particular ao setor industrial. Vejo um cenário desafiador de ajustes não somente na área de petróleo, mas em toda a economia brasileira. Este processo de ajustes econômicos está apenas iniciando. E como o Brasil, a Petrobras e o pré-sal e estão inseridos no contexto mundial? O Brasil é a principal fronteira de expansão da indústria de petróleo mundial fora dos Estados Unidos e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Por esta razão, o mundo do petróleo está acompanhando com muita atenção o que está acontecendo aqui. Os contratos assinados entre as operadoras e a ANP apontam para uma expansão da produção brasileira de petróleo dos atuais 2,4 para cerca de 2,8 milhões de barris/dia em 2020. Se tal coisa acontecer, o óleo adicional que o Brasil colocará no mercado pode ter um forte impacto no equilíbrio do mercado internacional de petróleo. O Brasil deverá se tornar um exportador importante.
“O custo da mudança é menor no contexto de crise”
SETOR INDUSTRIAL.
Para isso, deverá buscar espaço num mercado externo cada vez mais disputado – lembrando que o país ainda tem como vantagem um grande mercado interno. Além do mais, a presença de empresas chinesas, a crescente aproximação da Petrobras com a China e a aposta da Shell no Brasil representam passos importantes para a maior inserção brasileira no mercado internacional. Em março, a oferta excedente de petróleo no mercado global aliada à retração do consumo derrubou o preço do energético ao mais baixo
patamar em seis anos. Naquele momento, a inviabilidade econômica do pré-sal parecia iminente. Entretanto, a produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014, em função do pré-sal. A dimensão das reservas e alta produtividade de seus poços fazem a aposta valer a pena mesmo com o preço do petróleo em torno de US$ 60? Acredito que sim. Com poços apresentando uma produtividade entre 20 mil até 40 mil barris diários, o pré-sal é rentável. A questão maior
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com Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
E AS DIFICULDADES DA PETROBRAS, TANTO ECONÔMICAS COMO POLÍTICAS,
Com essas palavras, o professor Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defende a necessidade imediata de o governo federal e a Petrobras aproveitarem o momento para fazer ajustes importantes no setor de óleo e gás brasileiro, pois este vive os por Felipe Salgado efeitos das crises externa e interna. “ACREDITO QUE TODA crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como o planejamento das empresas. Não podemos desperdiçar a oportunidade de abrir o debate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planejamento e regulação. Precisamos ter coragem para discutir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao crescimento sustentável”, destaca o economista nesta entrevista exclusiva à TN Petróleo.
Fotos: Laércio Lourenço
nossas redes sociais
sumário
não parece ser a rentabilidade, mas a disponibilidade de capital para investimentos, no contexto de preços baixos da commodity. Todas as empresas estão fazendo ajustes, pois estavam investindo com base numa previsão de fluxo de caixa que não existe mais. Além disso, com o nível de endividamento já elevado, o ritmo do investimento vai ser ditado pela disponibilidade de caixa da Petrobras. Independentemente do preço do petróleo, muitos investidores consideram que a compra de certos ativos no Brasil representa a oportunidade TN Petróleo 102
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especial: construção naval
Especial construção naval Depois da onda de encomendas do setor offshore, que alavancou sua retomada e a posicionou entre as maiores no ranking mundial, a indústria naval brasileira enfrenta a crise das ‘águas paradas’, sem perspectiva de novas demandas para assegurar uma escala de produção sustentável.
Indústria naval não quer ficar à deriva
por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado
INDÚSTRIA NAVAL não quer ficar à deriva
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36 Obras seguem adiante em estaleiros tradicionais 38 Há condições de ‘navegabilidade’ para a indústria avançar PNG Petrobras 2015-2019
PNG Petrobras 2015-2019
DIANTE DA MANUTENÇÃO DO PREÇO BAIXO DO PETRÓLEO, CRISE ECONÔMICA NOS PRINCIPAIS PAÍSES DO OCIDENTE, DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL, PERCALÇOS POLÍTICOS INTERNOS, DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO E ALTO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO, A PETROBRAS ANUNCIA SEU PLANO DE NEGÓCIOS E GESTÃO 2015-2019 DE US$ 130,3 BILHÕES. UM VOLUME DE INVESTIMENTOS 37% (US$ 90,3 BILHÕES) INFERIOR AO DO PLANO ANTERIOR, DE US$ 220,6 BILHÕES – DOS QUAIS US$ 37,1 BILHÕES FORAM UTILIZADOS EM 2014 E US$ 13,8 BILHÕES REFERIAM-SE À CARTEIRA DE PROJETOS EM AVALIAÇÃO.
Choque
de realidade
CHOQUE
DE REALIDADE por Felipe Salgado
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eventos
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do setor de óleo e gás
Apontada como a terceira maior conferência internacional da indústria do petróleo e gás, a 8 a edição da Brasil Offshore reuniu importantes players do mercado offshore na principal porta de acesso para uma das bacias mais importantes do país – a de Campos – que responde por cerca de 80% da produção nacional. Com 50 mil visitantes, 700 empresas expositoras, 56 empresas internacionais e representantes de 38 países, a feira ocupou 45.000 km² do centro de exposição. Sinal de que a cadeia de fornecedores do setor quer reagir e superar a crise.
O
painel de abertura teve a presença do senador José Serra (PSDB-SP), autor do Projeto de Lei que pretende alterar o marco regulatório do pré-sal, tirando da Petrobras a obrigação da participação mínima no consórcio de exploração e sua responsabilidade pela condução e execução das
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Cobertura especial Brasil Offshore
Cobertura Especial Brasil Offshore
SUPERAÇÃO É A PALAVRA-CHAVE
por Felipe Salgado
atividades relacionadas ao projeto. Inesperadamente, a palestra de Serra foi interrompida pela manifestação de um grupo de petroleiros que, insatisfeitos com a proposta de mudança da lei, estenderam faixas contrárias à posição defendida pelo senador e o impediram de falar. Por um momento, os integrantes da plateia se viram diante de um palco
de disputa política. Foi quando o prefeito de Macaé, Aluízio dos Santos, tomou a palavra e, reconhecendo a legitimidade da expressão dos manifestantes, pediu que eles também respeitassem o direito reservado
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ao convidado de expor as suas ideias e motivações. “A manifestação foi feita. Agora precisamos ouvir o que a indústria tem a dizer aqui”, afirmou Aluízio, pedindo a compreensão dos participantes. Assim teve início a Brasil Offshore 2015.
Imersão nos negócios Realizada entre os dias 23 e 26 de junho, a conferência trouxe um alento para o setor. Isso porque a Rodada de Negócios, a cargo da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), reuniu 20 empresas âncoras – Alphatec, Nuclep, Delp, FMC, Sotreq, Oil States, Shell Materiais, Queiroz Galvão, UTC, Schlumberger, Teekay, Subsea 7, Wärtsilä Brasil, Shell Serviços, Techint, GE Óleo e Gás, Expro, Halliburton, Transpetro e Petrobras UO-BC – e 113 fornecedores. Em dois dias foram realizadas 400 reuniões.
Área total: 45 mil m2 Visitantes: 50 mil Empresas: 700 Países: 38 Igor Tavares, diretor de Energia da Reed Exhibitions Alcantara Machado, uma das empresas organizadoras da Brasil Offshore, destaca que nesta edição houve um acréscimo de aproximadamente 3% dos profissionais em cargos de diretoria e com maiores qualificações.
“Houve um ganho considerável no perfil dos visitantes com mais potencial de compra e poder de decisão”, enfatiza ele. Somado o poder de compra do público visitante com o montante da Rodada de Negócios, a Brasil Offshore 2015 gerou expectativa de negócios de R$ 600 milhões, que ao longo de 24 meses poderá chegar a R$ 1 bilhão. Para o prefeito de Macaé, a realização da Brasil Offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios. “Isso mostra que, apesar do cenário complexo, de incertezas e de toda a pressão que o mercado vive, existe uma onda de otimismo no médio e longo prazo, e mostra, principalmente, que a indústria nacional quer reagir e superar a crise.” Um levantamento realizado mostrou que 91% das reuniões foram avaliadas pelas âncoras como sendo acima da média, com ótima e boa expectativa de negócios. Para o vice-presidente da Reed, Paulo Octávio Pereira de Almeida, a realização da Brasil Offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios e a ativação de contatos e conteúdo para a gestão das empresas diante do cenário atual. “A feira teve uma agenda positiva e mostrou qualidade em produtos, serviços e público visitante, complementou.
Novidades no conteúdo A 8ª Brasil Offshore teve o patrocínio master da Petrobras e do Governo Federal, além das empresas Technip, Caixa, UL do Brasil, Tenaris, Aker Solutions, One Subsea, MRM, Mobil, Prefeitura de Conceição de Macabu, Dassault Systèmes, Estaleiro Brasa, Chromalox, Technoheat, V. V. Holding and Consulting e Viana Offshore. TN Petróleo 102
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Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás 52 Petrobras: participação técnica
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fino gosto Karine está na supervisão operacional da casa e Ramon comanda as panelas, à frente de dez auxiliares. Com simpatia, atenção e a excelência de uma boa casa, eles vêm fidelizando os clientes cariocas. São os principais responsáveis pelo sucesso que a casa, com pouco mais de quatro meses de funcionamento, já conquistou. A ideia, inclusive, é avançar com a criação de novos restaurantes Parador, depois desta bem-sucedida filial. E quando se pergunta a Karine e Ramon o que mais vem por aí, eles, sem falsa modéstia, respondem com a alegria no rosto: “Nós dois”...que sejam bem-vindos! O Parador Bistrô/Rio está localizado, oficialmente, na rua do Ouvidor 60, loja E, Centro, mas a entrada é pela rua do Carmo, defronte à lateral do antigo edifício da Sul América – este, por sinal, depois de inteiramente reformado, abriga, no térreo, o Uniko, de tradicional culinária italiana, e o café Galeria Express. Às sextas-feiras, o Parador/Rio oferece durante todo o dia, doses duplas de espumante, e a partir das 17h, os clientes são brindados com generosas doses duplas de chopp. Um público essencialmente jovem frequenta o local na maior parte do dia, incluindo a hora do almoço e no happy our eles tomas conta da casa. O chef Ramon é um craque em várias especialidades, mas seu forte, além dos risotos, é o arroz de rabada, que às sextas-feiras atrai muitos comensais. Na realidade, a área onde está o Parador estava perdendo suas referências gastronômicas graças ao abre/fecha de outros estabelecimentos. Agora, a área ganhou ares de revitalização com a chegada do Parador. O que é muito bom para o polo gastronômico já instalado no entorno da Praça XV, em especial pelos que levam a grife Belmonte, do empresário Antonio Rodrigues, ou o Cais do Oriente, e, mais recentemente o Bar do Gengibre, ao lado dos centros culturais existentes na área (CCBB, Casa França Brasil e o Centro Cultural Correios). A arquitetura do Parador é assinada por Ricardo Campos, que assim como o espaço de Icaraí tem um quê de bistrô parisiense. O local é uma boa opção para quem aprecia boa comida e ambiente agradável, com seu cardápio originalmente criado com a consultoria do chef Daniel Pinho. A advogada Elisabete Barbirato, por exemplo, provou e adorou o arroz com rabada, que ele considerou muito bom e bem diferente da rabada com agrião que é servido em muitos restaurantes. De tão satisfeita, ela prometeu levar seus colegas do Fórum, situado nas proximidades do Parador, para experimentar a criação de Ramon.
PARADOR BISTRÔ, o sabor de Niterói no Rio
A cidade que foi capital fluminense antes da fusão com o Estado da Guanabara, mostra que tem muito a oferecer aos cariocas. Vem de Niterói uma das melhores cervejas artesanais produzidas no país, a Noi, com três variações! por Orlando Santos
E PARADOR BISTRÔ
Rua do Ouvidor, 60 (entrada pela rua do Carmo) Telefone: (21) 2507-2273 de segunda a sexta, das 11:00h às 19:00h
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E também o restaurante Berbigão, que atravessou a ponte para tornar-se um dos espaços mais bem-sucedidos da culinária especializada em frutos do mar – situa-se na rua do Catete, em frente ao Museu da República. É em Niterói que está o mercado do peixe São Pedro, visitado diariamente por nove entre dez dos mais afamados chefs do Rio, em busca de pescados frescos. Agora, chegou a vez do Parador Bistrô, que há mais de uma década é sucesso na terra de Araribóia, fincar suas raízes no outro lado da baía da Guanabara. E traz como comandantes, além do dono, Luis Felipe Gouvea, uma dupla para lá de carismática e eficiente: a ex-jornalista Karine Rodrigues e o chef Ramon Junior.
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CONSELHO EDITORIAL
Fino Gosto
Affonso Vianna Junior
Parador Bistrô,
Alexandre Castanhola Gurgel Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso
o sabor de Niterói no Rio
Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti
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Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart
Bruno Barbey, Rio, carnaval, 1980. Coleção particular
ícones cariocas resgatados No aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro, dois símbolos da cidade, o Cine Odeon e a Casa Cavé, reaparecem no cotidiano dos cariocas como bons exemplos de um processo de preservação cultural dos patrimônios históricos – marca registrada de uma sociedade que procura cuidar dos seus valores para as atuais e futuras gerações. É assim que caminha a humanidade em várias cidades do mundo e o Rio, certamente, não será diferente. por Orlando Santos
Praça Floriano, 7 - Cinelândia Centro – RJ Tel.: (21) 2461-0201 www.kinoplex.com.br/cinemas/ centro-cultural-lsr-odeon/45
CASA CAVÉ
Rua Sete de Setembro, 133 Centro - RJ Tel.: (21) 2224 2520 www.casacave.com.br
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Os dois voltam a ocupar a vida do carioca depois de algumas obras, sem perda da identidade: o Cine Odeon, com suas funções culturais ampliadas; a Casa Cavé, por retornar ao antigo endereço, com lustres e vitrais franceses originais nos salões que já foram frequentados por muita gente importante, como escritores e políticos da belle époque carioca. Um duplo presente que mexe com o coração da gente! ODEON GANHA NOVAS FUNÇÕES Aberto no início do século passado, o Odeon é o único dos oito cinemas que funcionavam no Centro do Rio, e que deram origem ao nome do lugar de Cinelândia. Revitalizado e depois de reformas pontuais, o cinema já exibe em sua fachada a nova marca: o espaço se tornou Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. O espaço alternará sua programação cinematográfica com outras atividades com conteúdo audiovisual, como óperas, peças, balé e
Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco
Coffee Break Fotos: Divulgação e TN Petróleo
Cine Odeon e Casa Cavé,
CINE ODEON CENTRO CULTURAL LUIZ SEVERIANO RIBEIRO
Gilberto Israel
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coffee break
shows musicais, além de outros eventos. Sua reabertura é considerada um presente do referido Grupo para o Rio em seu aniversário de 450 anos de fundação, mas também marca o início das comemorações dos 90 anos de inauguração do cinema – coisa que acontecerá no ano que vem. Segundo Luiz Severiano Neto, a diversificação de programação foi a forma encontrada para manter vivo este monumento tão importante para a vida da cidade, evitando o seu desaparecimento. O prédio encontra-se bem próximo de outros patrimônios culturais, como o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, e ainda do antigo cinema Vitória, situado à rua Senador Dantas, hoje abrigando a Livraria Cultura. DE VOLTA AO ANTIGO ENDEREÇO A Casa Cavé voltou a ocupar o mesmo endereço de 1860, no casarão art nouveau, com lustres e vitrais franceses, onde funcionou por 140 anos – na esquina das ruas Sete de Setembro e Uruguaiana – e recebeu personalidades da vida pública brasileira, incluindo o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Em outubro do ano passado, quatro famílias de origem portuguesa, sócias no empreendimento (que carrega o nome de seu fundador, o francês Auguste Charles Felix Cavé), decidiram retomar as atividades no edifício antigo, abandonado o endereço provisório na mesma rua Uruguaiana. Além das tradicionais receitas portuguesas, como o bacalhau e o pastel de belém, e inumeráveis doces, a Cavé oferece pratos típicos de Portugal quase desconhecidos nas terras da ex-colônia; além de opções de sanduiches e carnes. “Toda a comida é feita na hora e é muito saudável, não oferecemos frituras. Até o pão é feito aqui”, explica o chefe de cozinha, Alfredo Galhões. A Casa Cavé havia se mudado em 2000 por impossibilidade de se reformar o prédio tombado como patrimônio histórico do Rio. Segundo o arquiteto André Rodrigues, responsável pelo novo projeto, houve o cuidado de manter as características do prédio original. “No interior, além dos lustres e vitrais, mesas e cadeiras também são originais”, explicou o arquiteto, explicando que as únicas obras realizadas foram a ampliação da cozinha e reposição de novo telhado, pois o original estava deteriorado.
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João Luiz de Deus Fernandes José Fantine
Cine Odeon e Casa Cavé,
Josué Rocha Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa
ícones cariocas resgatados
Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé
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Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros
artigos
Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein
69 Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico,
Ronaldo J. Alves
por Doneivan F. Ferreira
Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer
72 Desenvolvimento humano e sustentabilidade “Gestão de prioridades”, por Wanderlei Passarella 82 Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido, por Heraldo Batinga
88 Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência,
Samuel Barbosa
Ano XVI • Número 102 • jul/ago 2015 Foto: Depositphotos/TN Petróleo OPINIÃO
20 anos da flexibilização do monopólio do petróleo, de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial.
por José de Sá
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Choque de realidade
Cobertura especial Brasil Offshore:
Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás
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Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br
ESPECIAL: CONSTRUÇÃO NAVAL
INDÚSTRIA NAVAL não quer ficar à deriva ENTREVISTA EXCLUSIVA
Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
“O custo da mudança é menor no contexto de crise”
ARTIGOS
Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico, por Doneivan F. Ferreira | Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: “Gestão de
prioridades”, por Wanderlei Passarella | Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido, por Heraldo Batinga | Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência, por José de Sá
editorial
Toquem as sirenes de nevoeiro!
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oi nisso que pensei ao ler o noticiário sobre os resultados do tão aguardado leilão de áreas offshore do México, depois de quase oito décadas de monopólio: apenas dois blocos foram arrematados, dos 14 oferecidos pelo governo mexicano, no leilão realizado dia 15 de julho. Abaixo de todas as expectativas, pois se esperava que 30% a 50% dos blocos (quatro a sete áreas) fossem arrematados no leilão, depois do sucesso do leilão de áreas marítimas no Golfo do México, realizado pelo governo dos Estados Unidos em março e que arrecadou US$ 539 milhões. O fiasco deste leilão contraria as previsões dos especialistas do setor de óleo e gás, que alardeavam o risco de o Brasil ficar sem novos investimentos por conta da grande atratividade do leilão mexicano. Diante da falta de visibilidade (ou previsibilidade) sobre o futuro do setor, creio que é hora de ligarmos as sirenes para ver se encontramos o rumo nesse denso nevoeiro que paira sobre a indústria de óleo e gás. No Brasil, temos um Plano de Negócios e Gestão, apresentado de forma quase telegráfica, que não nos permite visualizar o que será feito nos próximos anos e de que forma a Petrobras pretende manter o nível de produtividade com menos unidades (oito, no comparativo dos dois planos, entre o período de 2015 e 2019) e investimentos reduzidíssimos em infraestrutura e suporte operacional na área de E&P – que caiu de US$ 3,6 bilhões para US$ 600 milhões ao ano. A visibilidade também é ruim no cenário internacional, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) mantendo os altos níveis de produção – e o Irã retornando ao mercado depois do fim das sanções ao país, e mesmo assim se ele cumprir o acordo limitando o enriquecimento e estoque de urânio. Com os preços do petróleo em baixa há mais de um ano, continuam em rota descendente as atividades de exploração e produção não convencional de hidrocarbonetos, fato que eleva os Estados Unidos à condição de maior produtor. Não está fácil prever o que vai ocorrer na 13ª rodada da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – mesmo depois de a entidade promover uma audiência pública sobre o evento no dia 9 de julho. Marcado para 7 e 8 de outubro, o leilão deverá ter um total de 266 blocos, distribuídos em dez bacias sedimentares, incluindo Sergipe-Alagoas, onde a Petrobras pretende iniciar produção nos próximos anos, e nas do Espírito Santo e Campos, que vêm tendo produção crescente devido ao pré-sal (que poderá ter a segunda licitação em 2016). Mais difícil ainda será manter a rota do desenvolvimento econômico nas águas revoltas da Operação Lava-Jato e sob o denso nevoeiro da incerteza. Ainda que, com as sirenes ligadas, precisaremos de pessoas competentes na ponte de comando para fazer essa nau chamada Brasil aportar com segurança na próxima década, pois uma coisa é certa: Temos de seguir em frente, e avante! Benício Biz Diretor da Benício Biz Editores
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Acordo de automação e sistemas de segurança no setor de gás A Honeywell Process Solutions (HPS) anuncia um acordo de fornecimento de tecnologias de automação e sistemas de segurança que ajudarão a companhia Freeport LNG Development, L.P (Freeport LNG) a expandir seu terminal de gás natural liquefeito (GNL), no sudeste do estado norte-americano do Texas, reforçando-o no patamar de referência mundial e garantindo suas operações de exportação. Essa expansão vai proporcionar à Freeport LNG uma capacidade extra de exportação de 13,9 milhões de toneladas anuais. A expectativa é começar os processos em 2018. O terminal da companhia é um dos dez terminais de importação e exportação de GNL que serão novos ou expandidos, com aprovação do órgão americano do setor, o Federal Energy Regulatory Commission. A HPS será a principal contratante de automação integrada (I-MAC) para este projeto de expansão. Sob esta condição, a divisão da Honeywell será responsável pela concepção, fornecimento e instalação de sistemas de automação, instrumentação, controles e segurança. A abordagem unificada será fundamental para ajudar o projeto a atingir suas metas operacionais e o sucesso dos negócios no primeiro dia de inicialização das atividades. “As capacidades de expansão do I-MAC que a Honeywell traz para o projeto – e, especificamente, os nossos serviços de projeto Leap – ajudarão a Freeport LNG a iniciar a ampliação do terminal de forma mais rápida e dentro do orçamento previsto”, declara Pieter Krynauw, vice-presidente de Projetos e Automação de Soluções da HPS. “As nossas recentes tecnologias e a capa6
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Terminal de gás natural liquefeito da Freeport LNG usará as soluções da HPS no processo de expansão da capacidade para quase 14 milhões de toneladas anuais no Texas.
cidade de entrega de projetos e serviços especializados, criarão uma infraestrutura altamente integrada para aumentar a rentabilidade da planta”, explica. O terminal, localizado na ilha de Quintana, perto da Freeport, no Texas, terá três novas unidades de processamento, ou trens, como parte de uma expansão de mais de US$ 13 bilhões, adicionando as capacidades de pré-tratamento de gás e liquefação. A Honeywell fornecerá sua automação e experiência de controle, além da sua abordagem única, no projeto de consultoria e execução a fim de apoiar a transformação da Freeport LNG focada na exportação do gás natural liquefeito, tudo isso para dar sequência às recém exploradas oportunidades do mercado interno. A Honeywell irá além do papel tradicional de automação ao incluir um escopo amplo de produtos, serviços e consultoria que agregam valor ao longo de todo o ciclo de vida do projeto e da capacidade operacional do empreendimento.
As entregas do projeto incluem uma série de tecnologias inovadoras e patenteadas da Honeywell, entre elas, o Leap, serviços de execução de projetos, o Experion PKS Orion com DSA Sistemas de Arquitetura Distribuída, Experion Security Integrator, FTE Ethernet Tolerante a Falhas, Universal Process and Safety I/O, gerenciamento de segurança, incêndios e sistemas de gás, a rede OneWireless, Digital Video Manager (DVM), simulador de treinamento de operações Unisim, software de gerenciamento avançado de alarme e PHD de histórico de dados. Ao alavancar essas soluções integradas, a Honeywell reduzirá os riscos e minimizará atrasos potenciais de cronograma para a Freeport LNG e o time de engenheiros, aquisição e construção (EPC) durante o início da expansão da unidade. A empresa é parceira dos diretores da Freeport LNG por quase uma década, com o objetivo de conduzir a otimização da cadeia de fornecimento visando a obtenção da produção e a entrega das cargas que atendam ao Plano de Entregas Anual.
Wärtsilä conclui aquisição da L-3 Marine Systems International Fortalecimento da posição da empresa na indústria de sistemas elétricos e de automação.
Embarcação financiada pelo Brasil é entregue em Santa Catarina
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PSV com 59% de fabricação nacional tem investimento de R$ 12,2 milhões.
A Wärtsilä, líder global em soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos e de geração de energia, concluiu a aquisição da L-3 Marine Systems International (MSI), empresa alemã que atua no segmento de sistemas de automação e de navegação para mercados offshore e marítimo. Com a operação, que tem valor aproximado de 285 milhões de euros, a Wärtsilä passa a ter 19,2 mil funcionários em 76 países. Para a multinacional finlandesa, a carteira de produtos e serviços da L-3 MSI representa uma adição estratégica ao portfólio, uma vez que os sistemas elétricos e de automação (E&A) desempenham um papel cada vez mais importante na operação eficiente dos navios modernos. A sinergia entre as duas empresas irá proporcionar novas oportunidades de mercado. “A aquisição da L-3 MSI marca um importante movimento, não apenas para a Wärtsilä, mas para todo o setor
marítimo. A combinação de tecnologia das empresas no desenvolvimento de produtos, sistemas e soluções integradas irá melhorar a eficiência operacional para armadores e operadores em todo o mundo”, diz Luiz Barcellos, diretor de Ship Power da Wärtsilä Brasil. Com sede em Hamburgo, na Alemanha, a L-3 MSI tem uma vasta experiência no fornecimento de automação, navegação e sistemas elétricos, bem como tecnologia de posicionamento dinâmico, sonar e tecnologia de comunicações submarinas para vários tipos de navios e instalações offshore. O portfólio da empresa engloba as marcas SAM Electronics, Valmarine, Lyngsø Marine, Dynamic Positioning & Control Systems, Jovyatlas Euroatlas, Elac Nautik, Funa, GA International e APSS.
A embarcação Bram Hero, financiada pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), foi entregue em 24 de junho. Do tipo PSV (Platform Supply Vessel), destina-se ao apoio a atividades de extração de petróleo no mar. A Bram Hero foi construída no estaleiro Navship, localizado no polo naval de Itajaí-Navegantes, em Santa Catarina e possui 92,60 m de comprimento e 6,35 m de calado máximo e 18,29 m de boca moldada. A obra foi financiada pelo FMM, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e corresponde à quinta embarcação de uma série de sete PSVs construídos no estaleiro. O FMM é gerenciado pelo Ministério dos Transportes e já desembolsou, até maio deste ano, R$ 28,7 bilhões no fomento ao transporte aquaviário e à indústria naval. O Fundo tem contribuído para a renovação e o crescimento da frota brasileira, o fortalecimento da indústria naval, o aumento do transporte por hidrovias, cabotagem e apoio marítimo à exploração de petróleo no país. TN Petróleo 102
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hot news
Raízen realiza primeiro transporte de biodiesel de Rondonópolis para o Sudeste A Raízen realizou, de forma pioneira no mercado, o primeiro transporte de biodiesel de Rondonópolis (MT) para Paulínia (SP) pelo modal ferroviário. A partir de agora, a companhia pode escoar biocombustível para o Sudeste e, utilizando a logística reversa, levar derivados de petróleo para o Centro-Oeste. Cerca de 50 milhões de litros de produto serão transferidos das rodovias para a ferrovia anualmente. A primeira operação com o novo modelo aconteceu no último dia 11. A companhia é a primeira distribuidora no país a realizar a operação via ferrovia na região, proporcionando maior eficiência no transporte e ainda a redução de circulação de cerca de 50 caminhões. Segundo Luiz Renato Gobbo, diretor de Operações da Raízen, a expectativa é que a operação fomente a competitividade dos produtores de biodiesel no Centro-Oeste e proporcione importante redução de custos na cadeia logística. “Uma ferrovia próxima às regiões produtivas evita que as cargas sejam
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Operação pioneira favorece redução de preços do biocombustível no Centro-Oeste e maior eficiência logística.
escoadas unicamente pelo modal rodoviário, que tem custos operacionais maiores. A nova operação fortalece uma vantagem competitiva de Rondonópolis, que é a intermodalidade, e foi possível devido ao know-how e à infraestrutura de alta tecnologia da Raízen, nas cadeias produtivas e a
logística do segmento de combustíveis, junto aos esforços envolvendo as iniciativas públicas e privadas”, ressalta Gobbo. A operação marca mais uma vez a posição de vanguarda da Raízen na área de logística – a empresa foi pioneira a usar o modal ferroviário no transporte de biodiesel, quando escoou o biocombustível entre os terminais de Esteio (RS) e Araucária (PR), na região Sul, em 2011.
Raízen apresenta a nova gasolina da marca Shell: Shell V-Power Racing A Raízen distribui, a partir de junho, a Shell V-Power Racing, gasolina de alta octanagem. O combustível estará disponível em cerca de 200 postos das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A Shell V-Power Racing é recomendada para carros que requerem um combustível premium de alta octanagem, mas pode ser usado por qualquer veículo movido a gasolina. Dentro do portfólio da marca Shell no Brasil, trata-se do combustível que apresenta o maior desempenho e que foi desenvolvido para ajudar os motores a desempenhar seu potencial máximo. A Shell V-Power Racing é o produto Shell com maior octanagem no merca8
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do brasileiro – são 91 IAD. O produto foi formulado com o FMT (Friction Modification Technology) da Shell – tecnologia desenvolvida em parceria com a Escuderia Ferrari – e foi criado para atuar imediatamente no motor reduzindo o atrito em áreas que entram em contato com o combustível, ajudando a recuperar a potência perdida no processo. “A Shell V-Power Racing é a nossa gasolina de maior performance desenvolvida pela Ferrari e pelos cientistas da Shell. Com uma octanagem maior
do que uma gasolina comum e uma formulação única de ação dupla criada para limpar ativamente o motor e suas peças vitais, a Shell V-Power Racing foi feita para ajudar o carro a desempenhar o seu potencial máximo”, explica Sarina Arnold, cientista de combustíveis da Shell, envolvida no desenvolvimento da Shell V-Power Racing no Brasil. Com a chegada Shell V-Power Racing, a família V-Power passa a representar uma oferta completa para os consumidores. A partir de agora, os postos Shell oferecem, além da V-Power Racing, a gasolina aditivada (Shell V-Power Nitro+) e o exclusivo Shell V-Power Etanol, o único etanol aditivado do Brasil.
Centro de pesquisa atraído pela Rio Negócios tem primeira patente aprovada A Rio Negócios comemora a aprovação da primeira patente para a indústria bioenergética desenvolvida no Centro de Pesquisa Global da GE no Rio de Janeiro. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) aprovou o primeiro pedido de patente da GE para uma solução que reduz o custo da produção do etanol de segunda geração (etanol celulósico), permitindo que a indústria recupere mais de 25% do total de enzimas usadas no processo. O pedido foi aprovado após um tempo recorde de análise no Inpi: 18 meses. Para receber o Centro de Pesquisa Global da GE, um investimento de US$ 500 milhões, o Rio de Janeiro competiu com mais de 160 concorrentes e foi reconhecida como a cidade com o ambiente mais propício para sua instalação. “Nunca tivemos dúvidas do valor que o Centro de Pesquisa da GE geraria ao país. Além dessa primeira patente, os pesquisadores aguardam a
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Mais dez patentes já estão em processo de aprovação.
aprovação de mais dez. O desenvolvimento de patentes que atendam aos desafios do setor de Energia é fundamental para fortalecer um dos mais fortes vetores de desenvolvimento de um país”,
declarou Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios. O projeto foi desenvolvido numa colaboração entre pesquisadores brasileiros e a matriz do Centro em Niskayuna, em Nova York. A ideia é atender a demanda local e usar as tecnologias da GE para apoiar o desenvolvimento do país e de toda a região em diversos setores estratégicos..
Edison Chouest amplia área no Porto do Açu e unidade passa a ser a maior base de apoio offshore do mundo Com 1.030 m de cais, previsão é de que a base movimente 10.800 embarcações/ano. A Prumo divulgou que a empresa norte-americana Edison Chouest exerceu as duas últimas opções de aumento de sua área, localizada no Terminal 2 (T2) do Porto do Açu. Estas opções de expansão, estabelecidas no contrato assinado em abril do ano passado, venciam em outubro de 2015 e foram antecipadas pelo cliente. Além das opções exercidas, a empresa também decidiu contratar mais 40 m de cais para sua área. Com isso, a área total da Edison Chouest no Porto do Açu passa a ser de 597.400 m², com 1.030 m de frente de cais. No
local, a empresa está construindo uma unidade com 15 berços para atracação, além de um estaleiro para reparo de suas próprias embarcações – mas que pode atender terceiros no futuro. A previsão é que a unidade movimente 10.800 embarcações por ano. “O início da operação e o anúncio da Petrobras no Açu criaram uma dinâmica diferente em nossas con-
versas. A Edison Chouest é a líder no setor de apoio offshore e a visão que ela teve sobre o porto há mais de um ano mostra por que ela está à frente do mercado. É mais uma prova de que o Porto do Açu será o principal polo para o setor de O&G”, diz Eduardo Parente, presidente da Prumo. Com a ampliação da Chouest, que está investindo R$ 950 milhões na sua unidade, o canal do Terminal 2 conta agora com mais de 3 km de cais ocupados, o que representa cerca de 70% da área molhada, incluindo as áreas reservadas. TN Petróleo 102
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EY: Fusões e aquisições no setor de óleo e gás devem crescer no próximo ano De acordo com o estudo, o apetite por novos negócios cresceu muito ao longo do último semestre. Mais da metade (56%) dos executivos do setor de óleo e gás pretende realizar fusões e aquisições nos próximos 12 meses (60% esperam fechar pelo menos dois negócios), é o que indica o ‘12ª Oil & Gas Global Capital Confidence Barometer’, estudo semestral da Ernst & Young (EY). A pesquisa global revela que apetite por fusões e aquisições no setor se recuperou acentuadamente ao longo dos últimos seis meses, conforme as implicações da queda do preço do petróleo foram digeridas. Praticamente todos os entrevistados (99%) esperam que o mercado de óleo e gás melhore ou permaneça estável ao longo dos próximos 12 meses e 97% expressaram confiança semelhante na economia global. “Em 2014 as transações atingiram a maior alta em cinco anos, mas o primeiro trimestre de 2015 foi um dos mais silenciosos nos últimos anos. A queda súbita e acentuada no preço do petróleo
forçou muitas empresas a adotar um intenso foco na operação interna – cortando agressivamente os gastos e custos. Oportunidades de fusões e aquisições foram adiadas por causa da incerteza sobre as perspectivas do preço do petróleo. Agora, com o aumento da confiança na economia global, essas oportunidades de aquisição estão crescendo e devem ser concretizadas”, afirma Luiz Claudio Campos, sócio de transações corporativas do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY. Hoje, 74% das empresas de óleo e gás em busca de negócios estão considerando ofertas de menos US$ 250 milhões, representando uma grande oportunidade para transações no middle market. E 85% dos executivos de óleo e gás esperam que o
valuation gap entre compradores e vendedores permaneça em níveis superáveis, o que irá incentivar o fechamento de negócios em curto prazo. Na maior parte dos últimos três anos, o crescimento ocupou a agenda estratégica das empresas do setor. Agora, o foco está na otimização do portfólio e gestão de riscos no atual ambiente econômico. A pesquisa indica que 63% dos executivos de óleo e gás estão dedicados em reduzir custos e melhorar a eficiência operacional, enquanto planejam aquisições para o próximo ano. “Inovação e complexidade estão definindo um novo cenário de fusões e aquisições no setor de óleo e gás. Apesar do otimismo com a economia aumentar o apetite por oportunidades, os desafios persistem. Incertezas geopolíticas e volatilidade dos preços das commodities continuarão a influenciar as decisões de negócios”, finaliza Campos.
Moody’s: Fraco desempenho da economia brasileira afetará empresas em 2016 O fraco desempenho da economia do Brasil vai continuar a influenciar os resultados das empresas brasileiras, pelo menos até meados de 2016. Tal cenário coincidirá com incertezas políticas, inflação e deterioração da confiança de investidores. Essa é a avaliação da agência de classificação de risco, Moody’s, 10
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em relatório, divulgado no dia 16 de julho. A agência espera que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, tenha queda de 1,8%, em 2015, e crescimento de 1% em 2016. Para a agência, a investigação da Operação Lava-Jato levou os investidores a ficarem mais cau-
telosos em relação às empresas não financeiras do Brasil, limitando o acesso das mesmas aos mercados globais. A agência também considera que a confiança do consumidor e o poder de compra deterioraram-se, influenciados pelo aumento das dívidas das famílias, alta de juros, inflação e desemprego.
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Produção aumenta 10,2% em maio Pré-sal – A produção do pré-sal, oriunda de 49 poços, foi de 726,4 mil barris por dia (bbl/d) de petróleo e 26,9 milhões de m3 por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 895,5 mil boed, um aumento de 1,2% em relação a abril. Queima de gás – O aproveitamento do gás natural no mês de maio foi de 96,6%. A queima de gás natural em abril foi de 3,2 milhões de m3 por dia, uma redução de cerca de 12,5% em relação a abril e de 32,3% em relação a maio de 2014. Campos produtores – Cerca de 93% da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos operados pela Petrobras. Perto de 93,3% da produção de petróleo e 77,4% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos. O campo de Roncador, na Bacia de Campos, foi o de maior produção de petróleo, com uma média de 322,2 mil barris por dia, e o campo de Lula, na Bacia de Santos, foi o maior produtor de gás natural, com uma produção média de 13,4 milhões de m 3 por dia. A plataforma P-52, localizada no campo de Roncador, produziu, através de 17 poços a ela interligados, cerca de 163,1 mil boed e foi a plataforma com maior produção. Os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 61,2 barris diários de petróleo e 21,2 mil m3 de gás natural. Dentre esses campos, Bom Lugar, operado pela
Foto: Agência petrobras
A produção brasileira no mês de maio alcançou quase 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia, sendo 2,412 milhões de barris diários de petróleo e 93,1 milhões de m 3 de gás natural.
Alvopetro, foi o maior produtor de petróleo, com 23 bbl/d, e Morro do Barro, operado pela Panergy, foi o maior produtor de gás natural, com 20,2 Mm³/d. A produção procedente das bacias maduras terrestres (campos/ TLDs das bacias do Espírito Santo, Potiguar, Recôncavo, Sergipe e Alagoas) foi de 164,4 mil boed, sendo 135 mil barris de petróleo por dia e 4,7 milhões de m3 de gás natural por dia. Desse total, 3,5 mil boed foram produzidos por concessões não operadas pela Petrobras, sendo 368 boed no estado de Alagoas, 1,514 mil boed na Bahia, 0,004 boed no Espírito Santo, 1,424 mil boed no Rio Grande do Norte e 216 boed em Sergipe. Outras informações – Em maio de 2015, 311 concessões, operadas por 25 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Destas, 84 são concessões marítimas e 227
terrestres. Do total das concessões produtoras, uma se encontra em atividade exploratória e produzindo através de Teste de Longa Duração (TLD), e outras nove são relativas a contratos de áreas contendo acumulações marginais. O grau API médio do petróleo produzido no mês de maio foi de cerca de 25, sendo que 8,4% da produção são considerados óleo leve (>=31°API), 58,4%, óleo médio (>=22°API e <31°API), e 33,2%, óleo pesado (<22°API), de acordo com a classificação da Portaria ANP n. 09/2000. A produção de petróleo e gás natural no Brasil originou-se de 9.059 poços, sendo 803 marítimos e 8.256 terrestres. O campo com o maior número de poços produtores foi Canto do Amaro, na Bacia Potiguar, com 1.096 poços. Marlim, na Bacia de Campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores – 62 no total.
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Opep eleva produção de petróleo e contribui para oferta excessiva apesar de elevação da demanda O mercado global de petróleo deve ser mais equilibrado no próximo ano à medida que a China e os países emergentes aumentem seu consumo e enquanto a oferta de petróleo não convencional da América do Norte e outras regiões cresça mais vagarosamente, disse em seu relatório a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A demanda mundial por petróleo deve aumentar em 1,34 milhão de barris por dia (bpd) em 2016, acima do acréscimo de 1,28 milhão de bpd neste ano. Esse crescimento deve superar qualquer aumento da oferta de países não membros da Opep e de petróleo ultraleve como o condensado, aumentando o consumo de petróleo bruto da organização. “Isso implicaria melhora para um merca-
do mais equilibrado”, afirmam os economistas da entidade. A Opep espera que a demanda pelo seu próprio petróleo cresça em 860 mil bpd em 2016, passando para 30,07 milhões de bpd. No entanto, a entidade cortou a estimativa da demanda por seu petróleo neste
ano em 100 mil bpd para 29,21 milhões de bpd. Os preços do petróleo estão hoje na metade dos praticados há um ano, com o Brent cotado a menos de US$ 58 o barril, abaixo do pico de 115 dólares o barril registrado em junho de 2014.
Brasil perde no ranking mundial de competitividade O Índice de Competitividade Mundial 2015 (World Competitiveness Yearbook / WCY), divulgado pelo International Institute for Management Development, IMD, e pela Fundação Dom Cabral, apontou a perda de espaço do Brasil no cenário competitivo internacional, com a queda de posições pelo quinto ano consecutivo. O país ocupa agora a 56ª colocação no ranking geral, caindo duas posições em relação a 2014. Neste ano, o Brasil está à frente apenas da Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela. É sua pior posição em toda a história do ranking. “Os resultados não surpreendem, uma vez que a atual conjuntura do Brasil limita nosso dinamismo e gera pessimismo entre os agentes econômicos”, avalia Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do ranking no Brasil. “Para avançarmos em termos 14
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de competitividade, não há como fugir da velha receita de investimentos de longo prazo em educação, logística, ciência e inovação, aliada a reformas institucionais que eliminem burocracias e criem agilidade, flexibilidade e transparência do setor público. E precisamos com urgência traduzir tudo isso em ganhos reais de produtividade”, destaca Arruda. “O Brasil caiu nos resultados gerais do ranking global sobretudo por causa da desaceleração de sua economia, impactando diretamente no crescimento real do PIB. Seu desempenho em governança também deixou a desejar no critério de finanças públicas. É importante notar que todos os fatores de competitividade são afetados negativamente por opiniões de executivos menos otimistas, em especial com in-
dicadores relacionados às práticas de gestão, saúde e meio ambiente”, afirma Arturo Bris, do IMD. A desaceleração interna do Brasil influenciou de modo negativo sua capacidade competitiva. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,1% em 2014, em contraste com a expansão da economia mundial de 2,3%, colocou o Brasil na 55ª posição no quesito Crescimento real do PIB, um dos indicadores analisados dentro do subfator Economia Doméstica, do pilar Desempenho da Economia. A previsão de contração de 1% do PIB em 2015, somada às dificuldades em controlar o déficit fiscal e a taxa de inflação, cuja previsão é chegar a 8,2% este ano, também contribuiu para a má avaliação do desempenho da economia.
PELO MUNDO eua: Graças às fontes não convencionais (shale gas/ oil), pela primeira vez o país conseguiu aumentar sua oferta em mais de 1 milhão de barris por dia (bpd) durante três anos consecutivos. Assim, os EUA tornaram-se o maior produtor de petróleo do mundo, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia pela primeira vez desde 1975. O Departamento de Energia dos Estados Unidos informou que os estoques de petróleo no país subiram em 384 mil barris na semana encerrada em 3 de julho, para 465,763 milhões de barris.
RÚSSIA: O país destronou a Arábia Saudita como principal fornecedor da China. E outra grande novidade: o petróleo russo foi comprado não em dólares mas em yuans (moeda da República Popular da China). A debilidade da economia russa precisa do apoio da China e o comércio entre os dois países tornou-se uma ferramenta eficaz para a cooperação estratégica e política entre eles.
arÁbia saudita: Em junho, o maior exportador mundial de petróleo produziu 10,56 milhões de bpd ante 10,333 milhões de bpd em maio, superando o recorde anterior fixado em 1980. Entretanto, o país foi destronado pela Rússia e por Angola como o maior fornecedor da commodity para a China
CHINA: O segundo maior consumidor mundial de petróleo bruto – representando cerca de 11% da procura global este ano –, tornou-se um mercado-alvo chave para os grandes exportadores, incluindo a Rússia, Arábia Saudita e Iraque. Embora produza petróleo bruto, as necessidades da economia chinesa mais que duplicam sua capacidade de produção.
irã: Os iranianos querem dobrar suas exportações de petróleo bruto logo após as suspensões de sanções internacionais, de acordo com seu vice-ministro do petróleo para planejamento e supervisão, Mansour Moazami. O país está se esforçando para convencer outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para renovar seu sistema de cotas.
MÉXICO: O México está abrindo o monopólio mais antigo da história do petróleo. A reforma do setor energético mexicano vem em um momento de crise da indústria petrolífera mundial. No primeiro leilão, apenas dois dos quatorze blocos exploratórios oferecidos à iniciativa privada foram leiloados, bem abaixo das expectativas do governo.
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Produção industrial cresce em locais pesquisados pelo IBGE em maio avanço interrompe três meses seguidos de queda. A produção industrial cresceu em nove dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em maio. O resultado interrompeu três meses consecutivos de redução no setor. Dados divulgados indicam que as maiores altas foram registradas no Ceará, com 3,6%; Amazonas, 2,6%; em Pernambuco 1,4%; e Minas Gerais, 1,3%. Tiveram
resultados positivos em maio: Santa Catarina (0,7%), Espírito Santo (0,6%), São Paulo (0,5%), Paraná (0,3%) e Rio de Janeiro (0,2%). Houve redução na produção no Nordeste, com queda de 2,2%. Na Bahia, a queda foi de 1%. Redução também no Rio Grande do Sul (1,6%), Pará (1,5%) e Goiás (0,6%). No acumulado de janeiro a maio, a produção industrial caiu
Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural
DJ Oil & Gas (%)
Período de 01/2015 a 06/2015
18.05.2015
Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Janeiro Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Bacia de Campos
2.191,7
1.560,8
1.520,8
1.506,4
1.476,7
1.436,2
Outras (offshore)
393,2
391,0
394,6
436,3
444,1
462,9
Total offshore
1.997,4
1.951,8
1.915,4
1.942,7
1.920,7
1.899,1
Total onshore
194,3
194,7
192,9
191,5
190,2
188,7
2.191,7
2.146,5
2.108,2
2.134,2
2.111,0
2.087,8
Maio
Junho
Total Brasil
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Janeiro Fevereiro
Março
Abril
Bacia de Campos 26.829,4 26.688,8 26.323,5 25.396,3 25.336,1 24.687,6 Outras (offshore) 30.475,8 29.806,6 30.499,7 30.921,2 31.069,3 32.008,6 Total offshore
57.305,3 56.495,4 56.823,2 56.317,5 56.405,4 56.696,2
Total onshore
17.253,4 17.472,4 17.220,4 17.052,7 17.187,8 17.190,1
Total Brasil
74.558,7 73.967,8 74.043,6 73.370,2 73.593,3 73.886,2 Janeiro Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
97,6
100,4
101,9
102,2
101,4
101,9
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior
14.646,0 15.016,3 14.924,4 14.832,5 15.326,7 15.424,8
Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior
2.844,5 2.800,4
2.763,7
2.785,2
2.765,5
16
TN Petróleo 102
-0.03 0.67 Variação no período: -8.55%
bovespa (%) 18.05.2015
13.07.2015
-1.82 1.01 Variação no período: -7.23%
dólar comercial* 18.05.2015
13.07.2015
3.007 3.134
2.745,2
euro comercial* 18.05.2015
13.07.2015
3.40 3.45 Variação no período: 0.78%
(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).
13.07.2015
Variação no período: 4.71%
Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior
em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE. Em oito, a queda foi superior à média nacional (- 6,9%): Amazonas (17,3%), Rio Grande do Sul (11,5%), Bahia (10,9%), Ceará (9,4%), Paraná (8,8%), São Paulo (8,6%), Minas Gerais (7,4%) e Santa Catarina (7,4%). Nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à diminui-
Fonte: Petrobras
*Valor de venda, em R$
ção na fabricação de bens de capital (voltados para equipamentos de transportes – trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias). Registraram também redução os bens intermediários (autopeças, derivados do petróleo, produtos têxteis, siderúrgicos, de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrícolas); bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos da “linha branca” e da “linha marrom”, motocicletas e móveis); e bens de consumo semi e não duráveis (medicamentos, produ-
tos têxteis, vestuário, bebidas, alimentos e gasolina). Os estados do Espírito Santo (18,0%) e Pará (6,8%) registraram taxas positivas no acumulado no ano, influenciados pelo desempenho do setor extrativo. A taxa anualizada (indicador acumulado nos últimos 12 meses) teve recuo de 5,3% em maio de 2015, mantendo a trajetória de redução iniciada em março de 2014 (2,1%). Em termos regionais, 11 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas, em maio de 2015, e 12 apontaram menor dinamismo em comparação ao índice de abril.
Período: 18.05.2015 a 13.07.2015 | ações ações ações ações
petrobras R$
R$
ON 14,64 13,27
R$
13,78
PN
Variação no período: -11.18%
R$
11,82
R$
R$
R$
ON 20,12 18,50 PNA 16,98 15,36 Variação no período: -7.51%
Variação no período: -13.32%
CPFL
BRASKEM
R$
R$
R$
ON 12,65 12,60 PNA 14,21 Variação no período: -2.71%
R$
12,90
Variação no período: -10.49%
petróleo brent (US$) 18.05.2015
66.27
13.07.2015
58.15
Variação no período: -12.91%
petróleo WTI (US$) 18.05.2015
60.24
“Dada a reduzida participação das requerentes no mercado nacional, aliada à presença dominante da Petrobras nos dois mercados analisados, é razoável supor que a participação da Shell no segmento de exploração não lhe confira, no Brasil, possibilidade de exercício unilateral de poder de mercado.” Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aprovando em seu parecer a aquisição da britânica BG Group pela Shell no Brasil, 08/07/2015, Diário da União.
“O rebalanceamento que teve início com a queda inicial de preços do petróleo em 60%, há um ano, ainda está em curso. Os movimentos recentes sugerem que este processo vai se estender até 2016.” Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), 07/07/2015.
Variação no período: -16.03%
VALE R$
FRASES
13.07.2015
52.20
Variação no período: -13.91%
“As implicações da revolução do petróleo e gás de folhelho são profundas.” Bob Dudley, diretor executivo da BP, 10/06/2015, Relatório Energy Outlook 2035 da BP.
“Tentaremos maximizar nossa capacidade de exportação de petróleo para a Europa e restaurar nossa fatia de mercado de 42% a 43% por cento no mercado europeu de antes da imposição das sanções.” Mohsen Qamsari, diretor de assuntos internacionais na Companhia Nacional Iraniana de Petróleo, 14/07/2015, Reuters.
“Para a indústria, a projeção é de chorar: ela volta para o nível de meados de 2013 só no início de 2020.” Francisco Lopes Fonte: ex-presidente do Banco Central e sócio da Macrométrica, 14/07/2015, Valor Econômico.
TN Petróleo 102
17
entrevista exclusiva
“O custo da mudança é menor
no contexto de crise” Com essas palavras, o professor Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defende a necessidade imediata de o governo federal e a Petrobras aproveitarem o momento para fazer ajustes importantes no setor de óleo e gás brasileiro, pois este vive os por Felipe Salgado efeitos das crises externa e interna. “Acredito que toda crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como o planejamento das empresas. Não podemos desperdiçar a oportunidade de abrir o debate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planejamento e regulação. Precisamos ter coragem para discutir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao crescimento sustentável”, destaca o economista nesta entrevista exclusiva à TN Petróleo. TN Petróleo – Hoje, o setor de óleo e gás responde por 13% do PIB brasileiro. O aumento da capacidade produtiva e operacional da Petrobras e de suas parceiras vem alavancando a produção nacional, que, de acordo com o boletim da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em maio deste ano alcançou a marca de 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boed). Ao mesmo tempo, a Petrobras vive a maior crise de sua história, com impactos em todo o setor, obrigando-a 18
TN Petróleo 102
a rever seu plano de investimentos. Como avalia o cenário atual do setor e sua crescente participação na economia brasileira? Edmar Almeida – A questão da participação do setor do petróleo no PIB é bastante controversa. A estimativa de 13% inclui a participação direta dessa indústria bem como de outros segmentos que integram a cadeia produtiva de petróleo. Os cálculos oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não validam o número de 13%. De toda forma, o que é importante ressaltar é que o segmento de óleo e gás apresentou um crescimento muito maior que o restante do setor industrial no Brasil nos últimos anos. Os investimentos do setor de petróleo representam uma parcela muito importante de todo o setor industrial no Brasil. Por isso, contribuiu para alavancar o crescimento industrial, a partir das compras locais de bens e serviços. A crise decorrente da queda dos preços do petróleo e as dificuldades da Petrobras, tanto econômicas como políticas, acrescentam vetor negativo ao já difícil
cenário da economia brasileira, em particular ao setor industrial. Vejo um cenário desafiador de ajustes não somente na área de petróleo, mas em toda a economia brasileira. Este processo de ajustes econômicos está apenas iniciando. E como o Brasil, a Petrobras e o pré-sal e estão inseridos no contexto mundial? O Brasil é a principal fronteira de expansão da indústria de petróleo mundial fora dos Estados Unidos e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Por esta razão, o mundo do petróleo está acompanhando com muita atenção o que está acontecendo aqui. Os contratos assinados entre as operadoras e a ANP apontam para uma expansão da produção brasileira de petróleo dos atuais 2,4 para cerca de 2,8 milhões de barris/dia em 2020. Se tal coisa acontecer, o óleo adicional que o Brasil colocará no mercado pode ter um forte impacto no equilíbrio do mercado internacional de petróleo. O Brasil deverá se tornar um exportador importante.
A crise decorrente da queda dos preços do petróleo e as dificuldades da Petrobras, tanto econômicas como políticas, acrescentam vetor negativo ao já difícil cenário da economia brasileira, em particular ao setor industrial.
Para isso, deverá buscar espaço num mercado externo cada vez mais disputado – lembrando que o país ainda tem como vantagem um grande mercado interno. Além do mais, a presença de empresas chinesas, a crescente aproximação da Petrobras com a China e a aposta da Shell no Brasil representam passos importantes para a maior inserção brasileira no mercado internacional. Em março, a oferta excedente de petróleo no mercado global aliada à retração do consumo derrubou o preço do energético ao mais baixo
patamar em seis anos. Naquele momento, a inviabilidade econômica do pré-sal parecia iminente. Entretanto, a produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014, em função do pré-sal. A dimensão das reservas e alta produtividade de seus poços fazem a aposta valer a pena mesmo com o preço do petróleo em torno de US$ 60? Acredito que sim. Com poços apresentando uma produtividade entre 20 mil até 40 mil barris diários, o pré-sal é rentável. A questão maior
não parece ser a rentabilidade, mas a disponibilidade de capital para investimentos, no contexto de preços baixos da commodity. Todas as empresas estão fazendo ajustes, pois estavam investindo com base numa previsão de fluxo de caixa que não existe mais. Além disso, com o nível de endividamento já elevado, o ritmo do investimento vai ser ditado pela disponibilidade de caixa da Petrobras. Independentemente do preço do petróleo, muitos investidores consideram que a compra de certos ativos no Brasil representa a oportunidade TN Petróleo 102
19
Fotos: Laércio Lourenço
Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
entrevista exclusiva
É fundamental restaurar a confiança dos investidores na Petrobras. Não será possível enfrentar os desafios atuais quanto a investimentos sem contar com recursos do mercado financeiro.
especial de se posicionar em um mercado que continuará a ser grande. Do ponto de vista geológico, o país é bastante atrativo, como demonstra a aquisição da BG pela Shell, em vista do pré-sal. Mas também existem queixas acerca dos entraves regulatórios e a falta de transparência das regras. Como vê essa questão? Certamente existe um espaço enorme para melhorar o ambiente de negócios do setor petrolífero brasileiro. Desde 2008, o governo concentrou sua energia em aprovar e implementar o marco regulatório do pré-sal. Neste período, não houve espaço político para discutir outros desafios regulatórios para investir no setor. Várias barreiras identificadas não foram debatidas de forma aberta e transparente pelo governo, que, nos últimos anos, considerou algumas questões como cláusulas pétreas. Não estavam em discussão. Com isso os problemas se acumularam. A meu ver, as principais questões que precisam ser debatidas e aprimoradas urgentemente são: a política de conteúdo local, o Repetro, as rodadas de licitação, a política de preços dos derivados praticada pela Petrobras e a barreiras existentes em relação à comercialização do gás natural. Estes temas precisam ser 20
TN Petróleo 102
debatidos de forma mais transparente para se identificar os aprimoramentos necessários e viáveis. A única forma de a Petrobras cumprir a exigência legal de participação de 30% nos consórcios do pré-sal seria através do aumento do seu endividamento. Com uma dívida líquida de R$ 332,5 bilhões, a companhia tem capacidade financeira para suportar a lógica do regime de partilha? Acredito que não tem capacidade, nem necessidade. A Petrobras é a companhia petrolífera de capital aberto que detém o maior volume de petróleo descoberto no mundo nos últimos anos. Se somarmos as reservas da Petrobras com os recursos já descobertos por ela sob regime de concessão ou já anunciados pela ANP, na área sob regime de partilha, chega-se ao volume fabuloso de 40 bilhões de barris. Para monetizar estas jazidas, ela precisaria investir cerca de US$ 400 bilhões somente no usptream. Se considerarmos que a Petrobras precisa também investir em outras áreas de negócios, chegamos à conclusão de que ela tem uma agenda de investimentos hercúlea. Para dar conta do petróleo que tem, terá que fazer um enorme esforço para mudar
radicalmente sua estratégia e portfólio de negócios atuais, focando no upstream. Ou seja, não faz mais sentido, nem para a Petrobras nem para o Brasil, a cláusula de operadora única no pré-sal. É importante considerar que a área do pré-sal não tem apenas reservatórios gigantescos, com enorme produtividade. Existem áreas que a Petrobras não se interessaria nem se tivesse recursos para investir. Então por que forçá-la a investir em áreas de menor qualidade se ela tem outras opções melhores? Por estas razões é importante revisitar a questão da operadora única de forma objetiva e pragmática. Não devemos ver esta questão como mais uma cláusula pétrea. Os investidores depositaram confiança nas ações da Petrobras, esperando que a administração zelasse pelos interesses da companhia para trazer retorno sobre o capital. Entretanto, a Petrobras se tornou a petroleira mais alavancada e endividada do setor. Qual a sua opinião sobre os recentes esforços da empresa para restaurar a confiança do mercado? É fundamental restaurar a confiança dos investidores na Petrobras. Não será possível enfrentar os desafios atuais quanto a investimentos sem contar com recursos do mercado financeiro. A receita para restaurar a confiança é simples: os investidores querem ver sinais claros de que a gestão da empresa vai focar no negócio do petróleo (que já é muito arriscado). Os fatos revelados pelas investigações da Lava Jato e toda discussão política recente deixaram claro que a gestão anterior da Petrobras não estava focada no negócio. O controlador da empresa impôs uma agenda política que distanciou a gestão da busca de eficiência e rentabilidade. O que sinaliza a eleição do presidente da Vale, Murilo Ferreira, para a presidência do Conselho de Administração da estatal?
“O custo da mudança é menor no contexto de crise”
A eleição do novo conselho traz um sinal positivo. O fato de não ser um ministro de Estado é sinal de que poderemos ter um conselho mais focado na agenda do negócio. Vejo de forma muito positiva a mudança de rumo. Mas para recuperar a credibilidade, será necessário que a diretoria e o conselho demonstrem ao mercado uma nova postura. De toda forma, é importante lembrar que se demora muito a construir a credibilidade, sua perda pode ocorrer de forma muita rápida. Portanto, a recuperação da confiança é um longo processo. Sem o selo de boa pagadora, diante de tantas dúvidas sobre sua capacidade de honrar compromissos, a Petrobras e o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) assinaram um contrato de financiamento que totaliza até agora US$ 5 bilhões. Como avalia os interesses da China?
Vejo positivamente. A Petrobras precisa se aproximar da China e garantir acesso a esse mercado. A China tem recursos para investir e a Petrobras tem o petróleo. Assim, os interesses são complementares. No momento é uma opção interessante, até a empresa melhorar sua condição econômica para poder ter um acesso mais favorável no mercado internacional de capitais. Na primeira investida da Petrobras no mercado internacional de capitais após a deflagração da Lava Jato, a companhia emitiu 2,5 bilhões de dólares em um bônus de cem anos, pagando um rendimento de 8,45% ao investidor. No momento que a empresa precisa aumentar a geração de capital, faz sentido emitir mais dívida? A Petrobras está emitindo porque precisa. Ela tem de investir e ainda
rolar uma dívida gigantesca. Então, precisa buscar recursos onde eles estiverem. Os juros de 8,45% são elevados. Por isso é fundamental um ajuste econômico na empresa para estancar o crescimento da dívida e iniciar o processo de restauração da confiança dos mercados. Uma questão importante refere-se à redefinição do núcleo central de negócios da Petrobras. Em sua opinião, como a estatal deve se reposicionar: como companhia integrada de óleo e gás ou produtora de energia (inclusive renováveis)? Em minha opinião esta é a questão mais importante que a empresa deverá enfrentar nos próximos anos. O governo federal e Petrobras terão que buscar uma nova visão de futuro. A empresa está realizando alguns ajustes que apontam para uma maior concen-
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TN Petróleo 102
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entrevista exclusiva
tração dos negócios no upstream. Entretanto, o movimento recente foi um imperativo do contexto atual. Não foi fruto de um debate político mais amplo sobre qual Petrobras queremos no futuro. Esse debate precisa ser feito porque é necessário criar um ambiente político que legitime mudanças mais estruturais. Por exemplo, hoje a Petrobras tem todo o refino e é responsável pelo suprimento de derivados no país. Ela não tem autonomia política para definir um novo papel no downstream. Esta discussão tem de envolver o governo e o congresso. O mesmo se aplica à área de gás. Ou seja, é importante que haja um debate político responsável e objetivo sobre a Petrobras do futuro. Acredito que esse momento é oportuno para iniciar tal debate. O que falta é um maior interesse dos atores políticos por esse tema. Temos de superar o debate sobre corrupção e iniciar uma discussão mais qualificada sobre a Petrobras. A 13ª Rodada de Leilões está prevista para ocorrer em outubro deste ano, ofertando 266 blocos exploratórios fora do polígono do pré-sal. Do total, 182 estão localizados em bacias terrestres e 84 nas bacias marítimas de Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Espírito Santo, Campos, Camamu-Almada e Pelotas. Serão ofertadas ainda 11 áreas inativas com acumulações marginais. Será um novo alento para o setor? Ou uma indicação de que as rodadas de licitação podem ter maior regularidade daqui para a frente? Creio que esta rodada tem um papel muito importante nesse momento de crise profunda que vivemos. Demonstra que o governo não está imobilizado diante dos problemas e que o setor não parou. Acho importante que o Brasil volte a ser considerado uma opção para investimentos em explora22
TN Petróleo 102
ção. O país ficou muito focado no pré-sal e perdeu muito espaço na atração de investimentos nas outras áreas, o que foi muito ruim para a cadeia de fornecedores. O relatório Energy Outlook 2035 da BP aponta que a demanda por gás natural terá o crescimento mais acelerado dentre os combustíveis fósseis. No Brasil, a sua produção em março alcançou 95,4 milhões de m³/dia, registrando um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2014. O campo de Lula, na Bacia de Santos, é o líder nacional na produção do hidrocarboneto. Mas em terra, o suprimento de gás no país demanda investimentos e planejamento. O que falta para acompanharmos essa revolução energética? A indústria de petróleo brasileira está voltada para o ambiente offshore. O investimento na exploração onshore no Brasil representa uma pequena fração do volume alocado no offshore. A razão principal para isso é que o risco geológico é mais elevado e não existe uma política de promoção do investimento onshore. Boa parte de nossas bacias terrestres têm vocação para o gás natural. A rentabilidade do investimento em exploração e produção de gás natural é menor do que a do petróleo. Assim, é natural as empresas focarem nas bacias offshore, onde o potencial geológico é maior para o petróleo. Como mudar esse quadro? Para reverter essa lógica e entrarmos na trajetória da revolução energética é necessária uma política clara de incentivos aos investimentos na exploração em terra. É necessário reconhecer a maior dificuldade e menor rentabilidade do investimento onshore e trabalhar numa agenda de incentivos – e eles podem ser de ordem tributária,
regulatória e de financiamento às empresas voltadas para esse segmento. Mas é importante um engajamento do governo, de forma mais assertiva, no debate sobre os não convencionais. O não convencional está sendo proibido no Brasil sem que tenha havido uma discussão mais ampla com a sociedade sobre o tema dos impactos ambientais. Proibir sem debater é ruim pra todos. Eu não acredito no boom do gás convencional se o Brasil proibir o não convencional. Nós ainda temos um grande potencial para o convencional, mas creio que os esforços sobre o convencional e o não convencional devem andar em paralelo. Em sua opinião, o que pode ser aprimorado nas regras da política de Conteúdo Local para estimular a competitividade da indústria brasileira de óleo e gás? Quais são os maiores entraves que o setor enfrenta no país? A primeira coisa, a meu ver, é acabar com o comprometimento com conteúdo local como critério de leilão: as metas devem ser reguladas por outros instrumentos e não ser inseridas no contrato. O Ministério de Minas e Energia (MME) poderia estabelecer metas mínimas para todas as empresas via instrumento regulatório (portaria ou resolução). As empresas poderiam apresentar plano de conteúdo local para apreciação da ANP. Ou seja, a empresa poderia elaborar o plano de compras locais com base numa avaliação concreta da situação do mercado. Esta seria a regra para novos contratos. Para os contratos antigos, é necessário buscar soluções para viabilizar o cumprimento dos contratos atuais sem que as empresas tenham que pagar multas exorbitantes que acabem criando uma percepção de risco elevado que afaste investido-
res do setor. Para isso é necessário aprimorar a regulação do conteúdo local buscando-se flexibilizar alguns aspectos da cartilha de conteúdo local de difícil aplicação no contexto atual. Também é preciso rever a regulação da fiscalização do conteúdo local para viabilizar a aplicação de waivers quando não houver disponibilidades de produtos e serviços no mercado brasileiro em condições aceitáveis. Entretanto, é necessário que a aplicação deste mecanismo ocorra num contexto transparente e não discricionário. Essa queda substancial do preço do petróleo em um espaço de tempo tão curto obriga a indústria brasileira a buscar eficiência? Com certeza. A busca de eficiência deve ser a palavra de ordem para todos neste momento. Aqueles que não conseguirem ganhar dinheiro num contexto de barril a US$ 50 têm um negócio baseado em premissas equivocadas. O preço do petróleo sempre foi volátil e continuará a ser. É importante lembrar que há poucos anos o barril de petróleo a 50 dólares era considerado um bom preço pela indústria e fornecedores. Portanto, a indústria e a cadeia de fornecedores devem ser capazes de ajustar seus custos e suas expectativas de retorno para o atual contexto do mercado petrolífero. Como avalia o Plano de Negócios 2015-2018 divulgado recentemente pela Petrobras? Em sua opinião, de que forma o corte de investimentos poderá comprometer o setor de petróleo e gás? A Petrobras precisa cortar investimentos para reduzir seu endividamento. A queda do preço do petróleo, aliada à desvalorização do real, colocou-a numa rota de desequilíbrio econômico grave. Na minha opinião, o plano de negócios
reduz o risco de uma crise financeira na Petrobras. Mas também traz sérios desafios para o setor de petróleo e gás no Brasil: a redução dos investimentos tende a impactar fortemente a cadeia de fornecedores do segmento de exploração e produção, o qual se preparou para um cenário de grandes investimentos. Enfim, toda esta mobilização de recursos está ameaçada. É natural que se busquem alternativas para evitar uma grande desmobilização no setor. Ademais, sem a Petrobras para puxar investimentos nas áreas de Abastecimento, Gás e Energia, e Petroquímica, será imprescindível a formulação de uma política para atrair novos investidores. Entretanto, a única política setorial até o momento foi salvar a Petrobras (o que já é muito importante). Quais são as oportunidades e lições que não podemos desperdiçar nessa crise? Uma lição importante é que o mercado de petróleo é volátil. O fato de os preços terem ficado em um patamar de cem dólares por tanto tempo levou muita gente a apostar equivocadamente numa estabilidade dos preços na elaboração dos seus planos de negócios. Quem fez isso está em apuros agora! Então, a lição é que o negócio do petróleo não pode abrir mão da prudência e eficiência. Toda crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como as premissas do planejamento das empresas. O custo da mudança é menor num contexto de crise. Portanto, não podemos desperdiçar a oportunidade de abrir o debate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planejamento e regulação. Precisamos ter coragem para discutir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao crescimento sustentável.
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especial: construção naval
Indústria
não quer ficar
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TN Petróleo 102
Depois da onda de encomendas do setor offshore, que alavancou sua retomada e a posicionou entre as maiores no ranking mundial, a indústria naval brasileira enfrenta a crise das ‘águas paradas’, sem perspectiva de novas demandas para assegurar uma escala de produção sustentável. por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado
naval Foto: DepositPhotos
à deriva
TN Petróleo 102
25
especial: construção naval
A
tempestade que se abateu sobre o setor de petróleo, em função dos baixos preços do óleo no mercado global e da crise da Petrobras no âmbito local, acabou por deixar a indústria naval com o sentimento de que pode ficar à deriva. Os efeitos da operação Lava-Jato, que apura atos de corrupção que vêm ‘sangrando’ a Petrobras, e a revisão do plano de negócios da estatal, que reduz o volume de investimentos em US$ 90 bilhões em relação ao ano anterior, já se refletem no índice de emprego no setor. Pela primeira vez em 15 anos, a construção naval registra queda no emprego: de dezembro de 2014 a junho de 2015 já são menos 14 mil empregos. No final de junho, os estaleiros brasileiros apresentavam 68 mil pessoas diretamente empregadas. Não estão incluídos os cerca de dois mil funcionários do Estaleiro Eisa Petro Um, antigo Mauá, símbolo da tradição do setor que há pouco mais de 40 anos (na década de 1970) viveu um apogeu similar ao dos últimos anos. “As dificuldades existem para serem superadas”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, citando a frase do Barão de Mauá, que implantou o primeiro estaleiro brasileiro em Ponta d’Areia, em Niterói (RJ), em 1851 – e que leva seu nome até hoje. “Na crise, a empresa se reorienta, como dizem os administradores. O que podemos afirmar é que existe um mercado, incluindo o segmento de construção de navios para trans-
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TN Petróleo 102
Na crise, a empresa se reorienta, como dizem os administradores. O que podemos afirmar é que existe um mercado, incluindo o segmento de construção de navios para transporte na costa brasileira, onde a participação de embarcações locais é mínima. porte na costa brasileira, onde a participação de embarcações locais é mínima”, pontua Rocha, frisando: “Este foi um dos períodos mais vibrantes e dinâmicos da indústria.”
Mar revolto Ainda que essa indústria tenha ciclos, como pontuou o dirigente do Sinaval, não pode ser tratado como cíclico o conjunto de fatores que impactou o setor naval brasileiro, no auge da onda de contratações de plataformas offshore, petroleiros e embarcações de apoio. O que ‘escureceu’ o horizonte dessa indústria e que ameaça levar a pique alguns estaleiros é uma violenta tempestade em alto-mar, formada a partir de algumas intempéries econômicas e políticas, externas e internas. A crise financeira de 2008, que se alastrou pelo mundo ocidental a partir dos Estados Unidos, pareceu apenas uma nuvem ao Brasil do pré-sal e da retomada do setor naval. Os primeiros sinais visíveis da tempestade que se aproximava surgiram há menos de dois anos, com a queda do preço do petróleo, devido ao aumento da produção da Or-
Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval)
ganização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – que vem lançando anualmente no mercado internacional mais de um milhão de barris acima do seu próprio ‘piso’. A operação Lava-Jato foi o trovão que ribombou e alertou que não dava mais para escapar da tormenta. Foi quando todos pareceram se dar conta das nuvens carregadas no ar, alimentadas pela recessão nos principais mercados e o desaquecimento global da economia, assim como pelos percalços fiscais, financeiros e políticos do país. A onda provocada pelo boom da indústria de óleo e gás, na qual ‘surfaram’ políticos e empresários, e que agora se quebra com violência, ameaça arrastar os projetos e empreendimentos conduzidos por quem não tinha tradição nem experiência nessa indústria de ciclos, como é a naval. Neste cenário turbulento, a divulgação do plano de negócios e gestão da Petrobras, o PNG 2015-2019, acabou por ter dois efeitos antagônicos. A revisão dos investimentos projetados pela estatal para os próximos cinco anos, incluindo o atual, de US$ 130,3 (US$ 90 bi
Foto: Arte TN Petróleo sobre foto de Roberto Rosa
Indústria naval não quer ficar à deriva
Contratação de mão de obra no setor Total
2005
2006
2007
2008
2009
14.442
19.600
29.125
33.277 40.500
2010
2011
2012
2013
56.112
59.167
62.036
78.136
2014
2015*
82.472 68.000
* Fonte: Sinaval, junho 2015
abaixo do último plano, de US$ 220,6 bi, dos quais US$ 37 bi foram aplicados durante o ano de 2014) é vista pelos analistas como necessária para reduzir o nível de endividamento e assegurar a continuidade de projetos estratégicos para atingir as metas de produção. Deverá servir como ‘bússola’ para orientar os players do setor e dos diversos segmentos da cadeia produtiva de óleo e gás, incluindo os fornecedores de embarcações marítimas e offshore. O presidente do Sinaval considerou positiva a decisão de concentrar a prioridade de investimentos no segmento de produção de petróleo e gás em áreas de maior capacidade de oferecer retorno. “Os investimentos anunciados para o novo plano
de negócios deverão manter as encomendas de plataformas de produção de petróleo, navios petroleiros, embarcações de apoio marítimo e sondas de perfuração que garantem a operação nos estaleiros brasileiros, embora com redução da demanda geral”, pontua Rocha. No entanto, ele salienta que a questão não se restringe aos investimentos da petroleira, pois há outros fatores que dependem de uma ação política mais efetiva. “É preciso destravar (agilizar) a concessão dos financiamentos com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Os agentes financeiros, responsáveis pelo risco das operações, aumentaram o rigor das garantias a armadores e estaleiros”, afirma o dirigente.
Rocha ainda defende que se avalie melhor “os critérios para a concessão dos aditivos legítimos nos contratos de construção naval em função dos aumentos de preços, variação da inflação e da correção cambial”, lembrando que os estaleiros geram grande volume de empregos nos diversos estados e apresentam “uma integração com grandes empresas internacionais, participando de cadeias mundiais de produção”. “Esse é um patrimônio de grande relevância para o desenvolvimento brasileiro, portanto, deve ser preservado”, adverte Rocha.
Impacto nas encomendas Ainda que possa servir de bússola em meio a essa tempestade, o plano de negócios, TN Petróleo 102
27
especial: construção naval Unidades offshore contratadas Cascos FPSO Estaleiro
Comentários
Observações
P-66 (entregue); P-67, P-69, P-70, P-71.
P-68, P-72 e P-73 serão construídas no exterior
P-74 ; P-76
P-75 e P-77 serão construídas no exterior
Comentários
Observações
2
FPSO Cidade de Saquarema.
Construção e integração de módulos.
BrasFELS (Rio de Janeiro/RJ)
3
FPSO Cidade de Itaguaí. FPSO P-66. FPSO de Tartaruga Verde e Mestiça.
EBR (Rio de Janeiro/RJ)
1
P-74
Construção (replicantes)
Estaleiro Rio Grande (RS)
Conversão (cessão onerosa)
Inhaúma – (Rio Grande/ RS)
Total Estaleiro
Construção e integração
Brasa (Niterói/RJ)
Integra – Consórcio Mendes Junior-OSX (Rio de Janeiro/RJ)
Techint-Technip Angra dos Reis (RJ)
QGI – Queiroz Galvão e Iesa (Rio Grande/RS).
Total 28
5
2 7
Módulos
Integração
Quantidade
TN Petróleo 102
Quantidade
1
P-67 e P-70
1
P-76 Integração de módulos no Paraná.
2
10
P-75 P-77
Há informações de que o contrato foi cedido ao epecista China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC).
Petrobras confirmou, no final de junho de 2015, a construção das duas plataformas P-75 e P-77 com o Consórcio QGI, formado por no município de O contrato estava pendente desde fevereiro.
somado aos outros aspectos econômicos e políticos, produz impactos diretos no setor naval, já identificado por diversas fontes dessa indústria. Principalmente no que diz respeito à perspectiva das encomendas, ainda que a maior parte dos investimentos seja em produção e, consequentemente, na implantação de sistemas definitivos, com plataformas offshore. Na apresentação à imprensa, a Petrobras informa que até 2020 estão previstas 21 plataformas de produção, como apontado antes, incluindo Iracema Norte, que deve extrair seu primeiro óleo nos próximos meses. No entanto, houve uma redução no volume de unidades ainda a serem contratadas: das mais de 20 previstas no plano anterior, a petroleira indica apenas cinco novas contratações. Nas contas do setor, os oito cascos de FPSOs replicantes (unidades offshore que produzem, estocam e fazem escoamento por meio de navios aliviadores) foram reduzidos a seis e dos quatro que seriam convertidos para a cessão onerosa, pelo menos um deles será feito na Ásia, onde se dará a integração de módulos em cascos lá construídos. Também já estão contratadas junto a estaleiros asiáticos as plataformas de Tartaruga Verde e de Libra. A redução do número de plataformas vai causar impacto direto na demanda por navios de apoio marítimo. Existe a esperança de que a definição da Petrobras em relação à contratação de sondas poderá melhorar essa perspectiva. Fontes desse setor acreditam que a Petrobras não deve mexer na tarifa diária paga por navio em operação (em torno de US$ 460 mil). O que é
Indústria naval não quer ficar à deriva
TN Petróleo 102
29
especial: construção naval
Vocação offshore O economista Carlos Campos Neto, pesquisador de infraestrutura econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que embora o setor naval brasileiro tenha vocação offshore, é possível buscar oportunidades em outros segmentos. “O ressurgimento dessa indústria no Brasil, que se encontrava absolutamente deprimida entre os meados dos anos 1980 e o inicio dos anos 2000, deve-se, sem dúvida, aos programas e às encomendas oriundas do setor de petróleo e gás”, pontua o pesqui-
sador. Mas, como ele mesmo lembra, no estudo feito pelo Ipea, os pesquisadores já chamavam a atenção para a pouca diversificação do mercado naval brasileiro. “A vocação offshore é uma característica, talvez, irreversível. Pode-se ter algum desenvolvimento de embarcações para cabotagem, apoio portuário e transporte fluvial, mas o grande mercado será o de petróleo e gás”, avalia. Ainda assim, ele acredita que há espaço para diversificar. “A grande demanda, presente e futura, tem origem na indústria do petróleo. Portanto, nossa vocação é offshore. É nesse segmento que estamos nos tornando competitivos, como na produção de barcos de apoio, plataformas e módulos. Temos todo o pré-sal a ser explorado, além de
Barcos de apoio marítimo contratados Tipo
Estaleiro Aliança (Niterói/RJ)
Quantidade 2
São Miguel (São Gonçalo/RJ)
Cliente Grupo CBO Bravante
Detroit (Itajaí/SC)
4
Starnav
Keppel Singmarine (Navegantes/SC)
2
Cliente não revelado
Eisa (estaleiro em recuperação) (Rio de Janeiro/RJ)
2
Brasil Supply
AHTS (Anchor Handling Tug Supply Vessels) operações de manuseio de âncoras, reboque e suprimento
Oceana (Navegantes/SC)
4
Grupo CBO
MPSV (Multi-Purpose Support Vessel) embarcação multitarefa
Navship (Navegantes/SC)
8
Bram Offshore
OSV (Offshore Support Vessel)
Wilson Sons (Santos/SP)
4
Dois para terceiros e dois para a empresa
PLSV (Pipe Lay Support Vessel) – de lançamento de dutos
Vard Niterói (Niterói/RJ)
2
DOF – Technip Entregas: 2016 e 2017
PSV (Platform Supply Vessel)
Total 30
TN Petróleo 102
32
novas descobertas em águas profundas na região Nordeste”, observa. “Porém, não podemos deixar de explorar segmentos secundários, como o da construção de navios para cabotagem, que é um mercado que vem crescendo fortemente, assim como o de embarcações para transporte fluvial, que apresentam demanda ascendente e com boas perspectivas”, pontua. Ele avalia, contudo, que, com exceção do setor offshore, nenhum outro tem demanda suficiente para sustentar este setor industrial. Programas estratégicos – Campos Neto está ciente de que os problemas políticos e de caixa envolvendo a Petrobras, incluindo as denúncias de corrupção, estão atingindo frontalmente a operacionalização dos principais programas que alavancaram a indústria naval até aqui, e que terão graves repercussões sobre a própria sobrevivência do setor. Dentre as inciativas elencadas, ele destaca o Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam), criado em 1999, e que a partir de 2003 ganhou novo impulso, com a encomenda de mais de duas centenas de barcos de apoio offshore. “Muitos desses barcos exigem o desenvolvimento de tecnologia embarcada nos vários equipamentos de bordo”, salienta. O outro pilar da retomada é o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), responsável pela encomenda de 49 navios petroleiros, dos quais 11 já foram entregues. “Os outros dois programas são os de construção de sondas de perfuração e de plataformas de produção, em sua grande maioria FPSOs”, explica, e lembra que os investimentos inicialmente previstos pelo Ipea para os quatro programas envolviam recursos da ordem de R$ 130 bilhões. “Espero que esses programas sejam redimensionados, mas mantidos operacionais. Até porque o país continua precisando do petróleo que está no fundo do mar e que precisa ser explotado”, assegura Campos Neto, e conclui: “Quero crer que as autoridades públicas não permitirão que bilhões de reais que foram investidos no ressurgimento da indústria naval brasileira, de novo, se transformem em cinzas.”
visto como uma notícia boa, pois poderá garantir a construção de 19 navios-sondas no país. Em relação aos navios petroleiros, as garantias exigidas pelos agentes financeiros do FMM, apontadas por Rocha, criam dificuldades para o prosseguimento das contratações de navios petroleiros para a Transpetro no Estaleiro Atlântico Sul (EAS-PE) e Eisa Petro Um (RJ), que fechou as portas por tempo indeterminado. “Temos trabalhado diretamente com o governo federal, mas não conseguimos avançar no sentido de solucionar o problema de financiamentos junto aos respectivos agentes. A exceção é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, apontou Rocha. Segundo o dirigente, há uma demora de mais de 90
Foto: Divulgação
Indústria naval não quer ficar à deriva
Estaleiro Vard dias na resposta dos bancos em relação aos pedidos de financiamento. “E boa parte das respostas é negativa. Em 40 dias, o BNDES consegue informar se tocará ou não o projeto. É melhor fazer isso do que ficar sentado em cima do projeto, enrolando”, acrescentou. Em evento realizado recentemente, a chefe do Departa-
mento de Gás, Petróleo e Cadeia Produtiva do BNDES, Priscila Branquinho das Dores, afirmou que já foram desembolsados R$ 16,7 bilhões para o setor naval – dos quais R$ 1,5 bilhão este ano. Do total, 54% foram destinados a embarcações de apoio, 23% para navios petroleiros e 23% para estaleiros e plataformas.
TN Petróleo 102
31
especial: construção naval
Estaleiros em crise,
mesmo de carteira ‘cheia’
32
TN Petróleo 102
Estaleiro Mauá Foto: Divulgação
N
o entanto, por força da operação Lava-Jato, os agentes estão mais e mais cuidadosos ao dar o sinal verde para a liberação dos recursos. De acordo com o Sinaval, os agentes financeiros aumentaram o rigor em relação às garantias exigidas aos armadores e estaleiros. As instituições financeiras negam que haja qualquer mudança de comportamento. O Banco do Brasil alega que todas as operações de crédito de pessoa jurídica – de quaisquer portes e segmentos de mercado – são analisadas caso a caso e as decisões são tomadas em colegiado. “As análises de crédito de cada projeto seguem em normalidade, assim como a liberação de recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Enquanto no primeiro trimestre de 2014 foram liberados R$ 223 milhões, no primeiro trimestre de 2015 este número aumentou 29,5%, para R$ 289 milhões”, informa o BB. A dificuldade em receber empréstimos para dar continuidade à construção de oito navios petroleiros da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, foi a alegação dada pelo Estaleiro Eisa Petro-Um (o antigo Mauá) para fechar as portas. Quem fez a encomenda afirma estar “rigorosamente” em dia com todas as obrigações contratuais com o es-
Foto: TN Petróleo
Segundo o Sinaval, mais além do impacto das demandas reduzidas, os estaleiros precisam concluir o que já foi contratado. E, para isso, precisam da liberação de recursos dos bancos estatais que atuam como agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante (FMM), administrado por um departamento na estrutura do Ministério dos Transportes. Os principais agentes financeiros do fundo são o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF).
Estaleiro Rio Grande taleiro, uma sociedade de propósito específico controlada pelo Synergy Shipyard. O empréstimo destinava-se a cobrir o compromisso de compra de materiais e equipamentos feitos junto a fornecedores.
No comunicado aos funcionários, a empresa afirma estar atravessando uma crise financeira cada vez mais profunda. “Ela (a crise) está motivada tanto no desequilíbrio econômico dos contratos atuais, como
Indústria naval não quer ficar à deriva
na indefinição na liberação dos contratos para construção de mais oito navios”, lê-se no comunicado.
Carteira de encomendas dos estaleiros em operação no Brasil Setor de atuação
Sete Brasil O que provocou maior impacto no setor, no entanto, foi a crise deflagrada pelo envolvimento da Sete Brasil em um dos maiores escândalos de corrupção do setor petrolífero e naval. A empresa, que tem a Petrobras entre seus acionistas, foi criada em 2010 para ser a operadora de sondas, responsabilizando-se pelas encomendas e posterior afretamento à estatal. A empresa viu sua reputação naufragar no mar de denúncias, passando a ser vista com reservas pelos agentes financeiros, como o BNDES, que no final do ano passado decidiu não liberar a primeira parcela de US$ 5 bilhões de empréstimo já aprovado, no valor total de US$ 21 bilhões. Depois de recorrer a empréstimos de curto prazo, para atenuar a crise financeira, a empresa acabou por suspender o pagamento aos fornecedores – os estaleiros aos quais havia encomendado um total de 29 sondas, das quais 28 para a Petrobras e uma para oferecer no mercado externo. Em março deste ano, o Standard Chartered Bank, que fez um dos empréstimos de curto prazo, entrou com pedido de execução de garantias por falta de pagamento. Em abril, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, antecipou uma possível redução na contratação de sondas junto à Sete Brasil, alegando que talvez não houvesse necessidade de 28 unidades no médio prazo. O executivo da estatal afirmou ter sido feito, inclusive, um memorando de entendimentos para se ‘redesenhar ’ esse planejamento de sondas e ainda a reorganização das SPEs (empresas proprietárias das sondas, que têm a participação da Sete Brasil, da Petrobras e de
ÓLEO E GÁS
Tipo
Quantidade
Navios de apoio marítimo
32
Suprimentos a plataformas de petróleo e serviços de instalação submarina.
Sondas de perfuração**
19
Perfuração do leito marinho em águas profundas.
Petroleiros
29
Transporte de petróleo e derivados.
Plataformas de produção
17
Processamento e armazenamento do petróleo produzido nos campos offshore.
8
Transporte de gás natural.
13
Posicionamento de navios nos berços de atracação.
Gaseiros Rebocadores portuários*
PORTUÁRIO
CABOTAGEM
Aplicação
Barcaças e empurradores*
Comboios de transporte fluvial.
148
Navios porta-contêineres
CABOTAGEM E Graneleiros LONGO PERCURSO Total
3
Transporte na costa brasileira.
1
Transporte de minério de bauxita.
279
* Estimativa **Considera a redução anunciada no número de sondas a serem construídas
Promef – Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro Estaleiro
Tipo de navio
Local
Eisa Petro Um
Navios de produtos Petroleiros Aframax
Niterói (RJ)
7
Estaleiro Atlântico Sul
Petroleiros Suezmax e Suape (PE) Aframax
14
Vard Promar
Gaseiros
8
Total empresas privadas). A ideia era dar preferência às unidades em construção mais avançada.
Menos sondas Na revisão do Plano de Negócios para 2015-2019, a Petrobras não explicita quantas sondas pretende contratar até 2020. Estima-se que dez a 13 delas tenham sido ‘abortadas’. O que agravaria ainda mais a situação da Sete Brasil, uma vez
Suape (PE)
Quantidade
29 que ela já teria pago parcelas das 29 sondas encomendadas, inclusive daquelas que podem ter ‘soçobrado’ nas águas turbulentas da crise da Petrobras. De acordo com os dados reunidos pela Ivens Consult Informação Estratégica, a continuidade operacional da Sete Brasil depende de obtenção de financiamentos com recursos do FMM, em negociação com o BB, CEF e BNDES. TN Petróleo 102
33
Foto: Divulgação
Estaleiro Atlântico Sul
Foto: Divulgação
especial: construção naval
Estaleiro Inhaúma
Pelos cálculos da consultoria, a partir de dados obtidos junto à Sete Brasil, e outras fontes – incluindo a imprensa –, os contratos com estaleiros para a construção de sondas somam pagamentos no valor de US$ 6,9 bilhões, 31% do total contratado de US$ 22,2 bilhões. Neste total estão incluídos pagamentos para empresas de projetos e a aquisição dos principais equipamentos. Segundo o presidente da estatal, seria dada preferência a unidades com obras mais adiantadas. Duas sondas têm entrega prevista para 2015: a primeira, da Jurong, o NS Arpoador, para julho, e outra da Brasfels, batizada de Urca, para o fim do ano. Mas o fato é que não se tem, até agora, informação oficial de quantas sondas seriam descartadas nos planos futuros da Petrobras. 34
TN Petróleo 102
Internacionalização à vista O impasse em torno das encomendas e do que pode vir a acontecer com a Sete Brasil escureceu de vez o horizonte dos estaleiros, muitos deles com uma carteira abrangendo navios petroleiros para a Transpetro e plataformas para a Petrobras. É o caso do primeiro empreendimento naval de porte implantado em Pernambuco, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que tem como acionistas as brasileiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e as japonesas Ishikawajima (IHI) e Japan Marine United (JMU), que juntas têm um terço do controle. Com dívidas crescentes com fornecedores, o estaleiro está ‘à deriva’, uma vez que os sócios locais ‘afundam’ na Operação Lava-Jato. E os parceiros japoneses não se sentem
tranquilos para investir ainda mais dinheiro em um empreendimento que tem tantos percalços e cujo retorno não parece tão certo agora. A Sete Brasil, por outro lado, uma das principais empresas arroladas na investigação de corrupção, tampouco tem linha de crédito para honrar as dívidas com o estaleiro – além de contestar os valores devidos informados pela EAS. Se escapar de uma possível recuperação judicial, o Atlântico Sul terá de fazer uma série de ajustes financeiros, até mesmo porque as sondas, que começam a escapar de suas mãos, representavam 60% das receitas futuras. O volume restante refere-se aos 14 navios petroleiros (Suezmax e Aframax) que têm em carteira, encomendados pela Transpetro como parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef). Não muito longe, ainda no Nordeste, outro estaleiro enfrenta problemas similares, como é o caso do Enseada, na Bahia, com seis sondas na carteira, mas que foi obrigado a demitir quase sete mil pessoas nos últimos oito meses. O estaleiro, que também tem três sócios sendo investigados no âmbito da Lava-Jato – Odebrecht (35%), OAS e UTC (cada uma com 17,5%) –, vem sendo suportado pelo sócio japonês, a Kawasaki Heavy Industries (com 30%). Fora do contrato da Sete Brasil, quatro sondas em construção terão como operadora a OOG (Odebrecht Oil & Gas), com contrato direto de serviços com a Petrobras. As outras duas teriam como operadoras a Etesco-OAS, sendo que esta última está vendendo seus ativos. A empresa espera receber a linha de financiamento de R$ 600 milhões, já aprovada pelo FMM, mas que ainda não foi liberada pelas instituições repassadoras – BB e CEF. A empresa também tem em carteira contratos com a Petrobras no valor de US$ 1,7
Indústria naval não quer ficar à deriva
bilhão, para conversão em FPSOs, no Rio de Janeiro, de quatro cascos de navios VLCCs.
União de esforços O governo tenta evitar que os estaleiros fechem as portas deixando não apenas credores e fornecedores furiosos como também uma massa de desempregados. Em maio, o Ministério de Minas e Energia (MME) coordenou uma verdadeira força-tarefa para tentar equacionar essa questão, mobilizando o Fazenda, BNDES, BB, CEF e Petrobras. As soluções apontam justamente para a internacionalização, uma vez que buscam formas de manter ativos os estaleiros que contam com participação acionária de empresas japonesas, como o KHI, o EAS e o Estaleiro Rio Grande (ERG), na cidade gaúcha de Rio Grande, que tem como acionistas o grupo Engevix (envolvido na Lava-Jato), com 70%, e o consórcio japonês JB Minovix (30%), que reúne a Mitsubishi Heavy Industries e estaleiros japoneses. Representantes dos três grupos nipônicos foram recebidos pelo ministro Eduardo Braga e este reiterou os compromissos do governo brasileiro com a política de conteúdo local, afirmando que essa posição vai assegurar a manutenção das demandas de sondas e outras embarcações junto aos estaleiros. Teria integrado o grupo um representante do Japan Bank for International Cooperation (Jbic), banco de desenvolvimento japonês. O ERG tem uma carteira de peso abrangendo três navios sondas (NS). Um deles, o NS Cassino, com o casco em construção na China (Cosco), com mais de 50% concluído. O segundo, o NS Curumim, está no corte de chapas, com menos de 15% concluído. O estaleiro pode perder uma sonda, ainda não iniciada, com a redução das encomendas destes equipamentos pela petroleira brasileira.
Também está sob a responsabilidade do ERG a construção dos cascos de cinco plataformas replicantes, do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading), dois dos quais já entregues e sendo integrados em outros estaleiros. A P-66, no Brasfels, no Rio de Janeiro, de onde deverá sair para o campo de Lula Sul, em 2017. E a P-67, para o campo de Lula Norte (previsto para 2018), saiu do estaleiro gaúcho em maio rumo à Unidade de Construção Naval (UCN) do Porto do Açu, no norte fluminense, onde será realizada a integração dos módulos pelo Integra (Mendes Junior-OSX/Rio de Janeiro/RJ). Com os mesmos problemas, esse consórcio já teria repassado o contrato para a chinesa China Offshore Oil Engineering Corporation (Cooec). Os outros três cascos estão previstos para serem entregues nos próximos anos: a P-69, para o campo de Lula Oeste, que deverá produzir somente em 2020; a P-70, para Iara Horst; e P71, para Iara Nordeste. A construção e integração dos módulos das três unidades estava a cargo da Iesa Óleo e Gás, que teve o contrato rescindido pela Petrobras em novembro de 2014, abrangendo outras três unidades. Ainda não há informações oficiais sobre os resultados da nova licitação, feita em janeiro deste ano.
Asiáticos made in Brazil Mas estão no PN outros três replicantes que deverão ter seus cascos construídos no exterior: o da P-68, que será utilizada na produção dos campos de Lula Extremo Sul, e da área de cessão onerosa Sul de Tupi, a partir de 2017; e os dois cascos das áreas de cessão onerosa Nordeste de Tupi (P-72) denominada Sépia, prevista para 2019, e Entorno de Iara (P-73). Esta última área, na declaração de comercialidade, foi dividida
em cinco campos: Norte e Sul de Sururu; Norte e Sul de Berbigão; e Oeste de Atapu. Os cinco estão interligados aos ativos sob regime de concessão, batizados de Sururu, Berbigão e Atapu. No novo PN da Petrobras não fica claro também qual unidade fará a produção de um ou mais campos, indicando apenas que quatro replicantes devem entrar em operação nos anos de 2018 e 19, para produzir óleo nessas áreas. O ‘jovem’ estaleiro gaúcho, como os dois do Nordeste, também se encontra em situação complicada pelo envolvimento do sócio majoritário, Engevix, nas denúncias de corrupção. O consórcio japonês liderado pela Mitsubishi não parece disposto a soltar mais recursos no empreendimento sem ter um parceiro com condições mais sólidas. Quem surge no cenário, mais uma vez, é outro epecista asiático, a já mencionada chinesa Cooec, que também estaria avaliando a possibilidade de investir nesse projeto, mesmo tendo em mãos contratos de outro consórcio em crise (Integra), também já mencionado antes. Os japoneses têm preferência no caso de a Engevix vender parte ou a totalidade de suas operações. Mas podem não estar propensos à participação de um grupo com interesses maiores no país, pois a Cooec é uma subsidiária da China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), que detém 10% do rico campo de Libra, único ainda em exploração sob regime de partilha e com projeto piloto previsto para 2020 ainda sem licitação. Outras plataformas serão necessárias para explotar o vasto reservatório desse ativo. Os três estaleiros nordestinos podem vir a se tornar ativos asiáticos na costa brasileira, produzindo embarcações com capital japonês ou chinês, mas made in Brazil, na rota da internacionalização que está sendo aberta pela crise no setor naval. TN Petróleo 102
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especial: construção naval
Obras seguem adiante em estaleiros tradicionais
36
TN Petróleo 102
Estaleiro Brasfels Foto: Divulgação
O
estaleiro controlado pelo grupo Keppel Fels, de Cingapura, tem em carteira um total de seis sondas e contrato para integração de módulos de três plataformas de produção: além do FPSO P-66, já mencionado, é responsável por esta etapa da construção do Cidade de Itaguaí, que deve começar a operar em Iracema Norte até o final do ano, e ainda pelo FPSO, que vai produzir óleo dos campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça, na porção sul da Bacia de Campos. Esta será a primeira produção compartilhada, uma vez que o reservatório de Tartaruga Mestiça se estende de um setor sob o contrato de concessão BM-C-36 (100% da Petrobras) até uma área não contratada no polígono do pré-sal, embora esteja na camada do pós-sal. O início da produção foi mantido para 2017 pelo PNG 2015-2019. Das seis sondas semissubmersíveis, com projeto detalhado da própria controladora, os principais equipamentos já foram adquiridos ou contratados, entre os quais o pacote de perfuração da National Oilwell Varco (NOV), de posicionamento dinâmico (Kongsberg), de geração de energia e thrusters (Caterpillar/Flow Service), controle do sistema elétrico e integração (GE), todas elas com plantas de
Foto: Divulgação
Nem todos estão enfrentando os mesmos problemas, principalmente aqueles estaleiros que têm no comando acionistas com forte experiência nesse setor da indústria, com uma dinâmica não comparável a nenhum outra área da economia. É o caso do Brasfels, em Angra dos Reis (RJ) e do Jurong Aracruz (EJA), em Aracruz (ES).
Estaleiro Jurong Aracruz fabricação no Brasil. O aço foi adquirido da brasileira Usiminas e da chinesa Tianjin.
Entrega no prazo A construção prossegue, apesar dos atrasos da Sete Brasil e há informações de que a Keppel Fels vai bancar até o final as duas sondas
em estágio avançado e com casco construído na sede, em Cingapura. De acordo com levantamentos da Ivens Consult, até maio a sonda Urca, com casco construído em Cingapura, já tinha concluído quase 90% da integração no estaleiro fluminense, com mais de 18 mil toneladas de chapas de aço já cortadas. A previsão
Sem paralisações Quem tem o maior número de sondas encomendadas junto a um único estaleiro é o Jurong Aracruz (EJA), no Espírito Santo, controlado pela SembCorp Marine, que se estruturou para atuar como uma companhia integrada de soluções para o setor naval e offshore. Em crescimento contínuo nos últimos cinco anos, o grupo de Cingapura também deu prosseguimento aos trabalhos dos navios-sonda contratados e com projeto detalhado pela própria Jurong. O pacote de perfuração de outra norueguesa, a Aker Solutions (que também tem fábrica ano Brasil), posicionamento dinâmico e controle do sistema elétrico da Kongsberg, e geração de energia e thrusters, da suíça ABB e da filandesaWärtsilä. Usiminas e Bulk Trade fornecem o aço dessas embarcações que estavam em diferentes níveis de construção até
Foto: Divulgação Sete Brasil
de entrega é 2016. Uma segunda unidade, Frade, também teria cerca de 60% da construção concluídos e deve começar a operar em 2017. As duas, dentro do cronograma. Para 2017 também está prevista uma segunda sonda, a Bracuhy, com casco em construção na China, com mais de um terço já executado. É preciso esperar a chegada do casco para estimar se o cronograma vai ou não ser mantido. O mesmo vale para as outras três sondas contratadas, ainda em início da construção. Do total contratado, a Brasfels recebeu pouco menos que um terço, em dólares.
Foto: Armindo Moura
Indústria naval não quer ficar à deriva
maio passado. Com cascos construídos em Cingapura, dois navios-sonda devem ser entregues já no próximo ano: o NS Arpoador, com mais de 82% construídos (em torno de 23 mil toneladas de chapas aço fabricadas), com superestrutura e torre de perfuração em construção no EJA; e o NS Guarapari, com cerca de 62% das obras concluídas, devendo chegar ainda este ano ao estaleiro capixaba.
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Das outras quatro embarcações, duas já foram iniciadas: o megabloco de vante do NS Cambury já está concluído em estaleiro na Indonésia, o que configura mais de 36% da obra. Já o NS Itaoca tem apenas cerca de 17% em construção. Pelo levantamento feito pela Ivens Consult, até maio o EJA havia recebido cerca de 35% do total contratado, em dólares.
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especial: construção naval
Há condições de ‘navegabilidade’
para a indústria avançar
“O mercado existe, gera negócios e desencontros. A indústria da construção naval, com honrosas exceções, sofre com a questão da baixa produtividade”, reconhece o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha. “Como as condições de demanda são reais, atrai atenção dos investidores. Existe ampla liquidez nos mercados financeiros internacionais”, acrescenta o dirigente.
D
e acordo com o cenário do primeiro semestre de 2015, divulgado pelo Sinaval no dia 14 de julho, os dez maiores fundos de investimento soberanos dos países somam US$ 5,3 trilhões em ativos, sendo US$ 1,8 trilhão da China. Além de quatro fundos chineses, há também de países como Noruega, Cingapura e membros da Opep. “A maior parte dos recursos tem origem na exploração de óleo e gás, indicando compreensão da oportunidade que o Brasil representa. Muitos desses países já estão investindo aqui com empresas parceiras e fornecedoras da Petrobras. As fusões e aquisições já começaram”, informa o documento. “Portanto, não deve surpreender a chegada dos investidores internacionais, quando Governo e empresários apresentam limitações de caixa. A grande maioria já está investindo aqui, por meio de empresas que operam no mercado como parceiras e fornecedoras da Petrobras”, reitera Rocha. Ele observa que as reservas de petróleo a explorar exigem serviços e equipamentos muito especializados e que na construção naval brasileira se encontram ativos de grande valor que estão no radar dos investidores. De acordo com a Ivens Consult, a expansão do imobilizado na área de exploração e produção mostra a dimensão do mercado para fornecedores da indústria da construção
38
TN Petróleo 102
Encomendas: navegação fluvial e apoio portuário Estaleiro
Local
Tipo
Estaleiro Rio Maguari
PA - Belém
Barcaças
Estaleiro Bibi
Balsas simples SP - Santos e autopropulsoras
Quant.
Comentários
20
Diversos clientes
5
Diversos clientes
Estaleiro Rio Tietê
SP - Araçatuba
Empurradores Barcaças
20 80
Cliente: Transpetro 20 comboios para transporte de etanos na hidrovia Tietê-Paraná. Entregas prejudicadas pela estiagem que provocou a perda de navegabilidade no Tietê.
Easa
AM - Manaus
Empurradores Barcaças
3 20
Diversos clientes
Total
Estaleiro
148
Local
Tipo de navio
Quant.
Wilson Sons SP - Santos
Rebocadores portuários
11
–
Detroit
Rebocadores portuários
2
Starnav
SC - Itajaí
Total
Cliente
13
Evolução do imobilizado na área de negócios de E&P 2014*
2013*
Crescimento
Imobilizado
360.368
296.846
63.522
Em operação
263.794
212.914
50.880
Em construção
96.574
83.932
12.642
Fonte: Balanço 2014 da Petrobras *Em R$ milhões
Carteira mundial de encomendas Navios (principais tipos)
Unidade
Navios petroleiros – petróleo bruto
939
Navios produtos derivados
383
Navios químicos
255
Graneleiros
1.726
Gaseiros
380
Porta-contêineres
414
Subtotal
4.097
Navios de apoio marítimo
–
PSV
397
AHTS
248
PLSV
18
MPSV
75
RSV e apoio a mergulhadores
25
Subtotal
763
Navios sonda
36
FPSO
21
Total geral
Foto: Divulgação
Indústria naval não quer ficar à deriva
4.917
Fonte: Clarksons (tipos selecionados) Julho 2015
naval (plataformas de produção e navios petroleiros aliviadores) e da indústria subsea (cabeças de poço, dutos submarinos, manifolds) e dos prestadores de serviços. Para a consultoria, a expectativa diante dos campos de petróleo em desenvolvimento é de prosseguimento desses investimentos, pois eles representam
Ativos de fundos internacionais País
USD bilhão
Origem
Noruega
880
Gov. Pension Fund
UAE – Abu Dhabi
773
Abu Dhabi Invest. Authority
Arábia Saudita
757
SAMA – Foreign Holdings
China
653
China Invest Corporation
Kuwait
548
Kuwait Invest. Authority
China
547
Safe Invest. Company
China – Hong Kong
400
Hon Kong Monetary Authority
cingapura
320
Gov. Singapure Invest. Authority
Qatar
256
Quatar Invest. Authority
China
236
National Social Security Fund
Total
5,370
o efetivo esforço no aumento da produção de petróleo.
Outros setores para ‘navegar’ Mais além do setor offshore, há oportunidades que não devem ser menosprezadas por essa indústria nos segmentos de navegação fluvial e apoio portuário. Impulsionados pelas demandas do transporte fluvial (grãos e minérios) e de expan-
são dos portos, os segmentos de rebocadores portuários e comboios fluviais estão aquecidos, com boa perspectiva de mercado. O Sinaval destaca a demanda do agronegócio, refletida nos números dos investimentos de grandes corporações. É o caso da norte-americana Cargill, que obteve de financiamento no valor de R$ 78 milhões com recursos do Fundo Constitucional do
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TN Petróleo 102
39
Foto: TN Petróleo
especial: construção naval
Norte, através do Banco da Amazônia. Os recursos são destinados à construção de 20 balsas ao estaleiro Rio Maguari, para escoamento de grãos pelo Norte do país – este migrará parcialmente da BR-163 para o rio Tapajós, no Pará, e dali para o terminal portuário da Cargill, em Santarém. Bunge e Amaggi também anunciaram no ano passado a formação da joint venture Navegações Unidas Tapajós (Unitapajós), com investimento de R$ 300 milhões em 90 barcaças e cinco empurradores. Fora da costa, o Easa (Estaleiros Amazônia) informa uma carteira de encomendas que o manterá ocupado nos próximos cinco anos com a construção de comboios (balsas e empur-
radores) para transporte de grãos nas hidrovias Tapajós e Madeira. “O aumento das operações de navios nos portos brasileiros com expansão de terminais privativos e especializados promove uma demanda estável de rebocadores portuários, movimentando a rede de fornecedores de motores, sistemas elétricos e sistemas de comando e direção”, informa o documento publicado pelo Sinaval, apresentando a carteira de encomendas de navios de apoio marítimo para este fim. Um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, sigla em inglês), apresenta a frota de navios brasileiros com um total de 346 unidades de médio e grande
Financiamento existe Os recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) vêm sendo aprovados. A dificuldade está na liberação dos recursos pelos agentes financeiros, pois estes exigem mais garantias depois do maremoto da operação Lava-Jato. No final de abril, o conselho diretor do fundo aprovou R$ 1,81 bilhão para um total de 247 projetos da indústria naval. Desse total, R$ 1,26 bilhão irá para novos projetos, incluindo a construção de oito embarcações de apoio offshore, que somam R$ 1,054 bilhão. Também estão incluídos recursos para 47 novas embarcações e modernização de 87 40
TN Petróleo 102
balsas graneleiras, todos para navegação interior. O conselho também aprovou prioridades de apoio financeiro (no valor de R$ 550,7 milhões) para projetos reapresentados em função de alterações, suplementação ou novo prazo para contratação em até 120 dias, envolvendo 104 embarcações e um estaleiro. Em maio, foi aprovada suplementação de recursos de financiamento de construção naval para a Log-In
porte. Essa frota verde-amarela oferece uma capacidade de transporte de 20 mil toneladas, cerca de 1% de participação no total da oferta mundial de transporte marítimo. “Muito modesto para um país com 8.000 km de costa”, assinala Ariovaldo Rocha. A análise dessa frota mostra que 2,7 mil toneladas é a oferta em navios de bandeira brasileira; 16,7 mil toneladas é a oferta nos navios de bandeira estrangeira, afretados principalmente pela Transpetro. Ainda que em crise no Brasil, a indústria continua em expansão no mundo. A carteira mundial total de encomendas conta com 8.174 empreendimentos. Entre os principais construtores estão a China (2.397), Japão (918), Coreia do Sul (840) e Brasil (279). Os estaleiros coreanos continuam liderando a construção de navios-sonda, plataformas tipo FPSO e unidades flutuantes de gás natural liquefeito (GNL). De acordo com o levantamento do Sinaval, “os estaleiros da Europa se organizam para aumentar a participação no mercado de navios especiais, de cruzeiros, para o segmento offshore”. em um total de R$ 188,4 milhões, incluindo as quatro embarcações em construção no Estaleiro Ilha S/A (Eisa). “Os recursos aprovados precisam da contratação junto aos agentes financeiros autorizados. Após a aprovação pelo agente financeiro os valores serão liberados conforme evolução do cronograma físico-financeiro das obras contratadas”, afirma Vital Jorge Lopes, diretor-presidente e de Relações com Investidores da Log-In. As empresas devem tratar da contratação dos financiamentos junto aos agentes financeiros do fundo: BNDES, BB, CEF, Banco do Nordeste ou Banco da Amazônia (Basa), instituições que estão mais cuidadosas na liberação de tais recursos.
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Rio de Janeiro | Brasil
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Apoio Institucional:
TN Petróleo 102
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especial: construção naval
Setor de máquinas ainda está ocioso Alberto Machado, diretor da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em breve entrevista, fala sobre o cenário naval e o impacto que esse setor vem tendo em relação ao segmento, afirmando que “ainda há boa margem de ociosidade a ser utilizada, pois essa indústria vem operando, em média, com menos de 70% de sua capacidade instalada, em um único turno”. TN Petróleo – O setor de óleo e gás soma 15% do faturamento de R$ 72 bilhões anuais da indústria de máquinas e equipamentos. Entretanto, cerca de seis mil empregos de fornecedoras para o setor de óleo e gás foram cortados desde o início do ano passado, de acordo com dados revelados pela Abimaq. Em sua opinião, quais seriam os caminhos a serem tomados diante desse cenário? Alberto Machado – O que mais nos preocupa é que, até o momento, não se percebe nenhum sinal de recuperação e nem ao menos algum movimento nesse sentido. Pelo contrário, o cenário tem piorado com novas informações que estão surgindo, como, por exemplo, o pedido de recuperação judicial de diversas contratantes de grande porte, fato que tende a ocasionar um “efeito dominó” nos elos seguintes da cadeia de valor. Acreditamos que seja necessário restabelecer a credibilidade em todo o processo – do planejamento à execução e respectivos pagamentos –, divulgando novos planos, estabelecendo novas modalidades de contratação e definindo diretrizes claras de aplicação para uma política industrial que permita utilizar todo o potencial de fornecimento local. É de fundamental importância que a indústria consiga sobreviver até que o ritmo de investimentos, tão necessário ao desenvolvimento de nosso país, seja retomado. Torna-se necessário também buscar soluções para a inadimplência de empreiteiras que atualmente vêm prejudicando 42
TN Petróleo 102
diversos fabricantes de máquinas e equipamentos. O presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, disse que “a indústria de máquinas e equipamentos fechou 2014 com a maior crise da sua história”. No fechamento do ano, foi apontado um faturamento bruto real de R$ 71,19 bilhões, uma queda de 13,7% ante 2013. De acordo com a entidade, essa é a terceira queda consecutiva de faturamento anual no setor. Para Pastoriza, a solução para sair do ciclo vicioso em que se encontra a indústria de máquinas é necessário um choque de competitividade sistêmica. Você concorda? Como se daria esse choque? Sem dúvida. Como já tem sido comentado nos mais diversos fóruns, a indústria de máquinas e equipamentos praticamente não se apropriou da demanda crescente decorrente dos investimentos da Petrobras nos últimos dez anos. A
causa principal é justamente a falta de competitividade sistêmica da indústria brasileira, cujas principais deficiências todos conhecemos e estão completamente fora do poder de decisão dos empresários. Os dados estatísticos levantados pela Abimaq demonstram com clareza que a indústria tem ainda boa margem de ociosidade a ser utilizada, pois, em média, opera com menos de 70% de sua capacidade instalada, em um único turno. Contudo, como as carteiras de contrato estão minguando dia a dia, tememos que muitas empresas não tenham fôlego para aguardar a crise amainar e, certamente, quebrarão antes. Da metade do ano passado para cá, com os projetos entre Petrobras e empreiteiras suspensos, algumas máquinas que já estavam encomendadas foram abandonadas, enquanto novas encomendas praticamente zeraram – produtos feitos sob encomenda para a Petrobras, especiais para cada projeto, prontos, embalados e parados, não servem para mais ninguém. Para quem vender? O que fazer com esses bens de capital? Existem dois conjuntos de máquinas e equipamentos prontos, totalizando, em um primeiro levantamento que fizemos, cerca de R$ 300 milhões dos quais R$ 200 milhões correspondem a produtos entregues e não pagos e R$ 100 milhões relativos a materiais prontos, porém não entregues. Como já foi comentado aqui, esses produtos foram fabricados sob projeto e não são passíveis de utilização em outras aplicações.
Indústria naval não quer ficar à deriva O melhor modo de recuperar parte do prejuízo dos fabricantes seria aproveitar todos os equipamentos que já haviam sido contratados antes, quaisquer que sejam os detentores dos novos contratos de EPC a serem firmados, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Segundo nota divulgada pelo Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), não há crise na construção naval. De acordo com o comunicado, “as demissões relacionadas à paralisação de obras no Comperj, incluindo montagem e construção de equipamentos, atingem empresas que contratam trabalhadores metalúrgicos, o que explica informações divulgadas pelo Sindicato dos Trabalhadores, no estado do Rio de Janeiro”. Tal declaração corresponde à realidade dos fatos? Você poderia descrever o cenário atual?
Os dados oficiais de que disponho são aqueles relativos ao setor de máquinas e equipamentos mecânicos conforme já citado aqui. Não temos acesso a outros dados senão àqueles divulgados pelo Sinaval. Entretanto, não acreditamos que o setor de construção naval consiga passar incólume à crise do setor de petróleo e gás, haja vista que os estaleiros de grande porte têm, na quase totalidade de suas carteiras, contratos vultosos com os mesmos atores que, no momento, estão no epicentro da crise que hoje se abate sobre a indústria nacional. Cabe ressaltar que alguns estaleiros estão operando normalmente e até mesmo admitindo pessoal, mas não é essa a regra geral. A indústria de materiais e equipamentos seria afetada por um possível retrocesso do setor naval? Você declarou em matéria veiculada no jornal O Globo (23) que a crise
Conteúdo local deve ser revisto O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que reúne as principais empresas do setor, lançou em maio um estudo em que propõe ao Governo a mudança da atual política, com foco na questão das multas para empresas que não cumprem exigências mínimas, incentivos tributários e melhores condições de financiamento às empresas fomentadoras da cadeia local de equipamentos e serviços. Segundo o IBP, com estimativa de movimentar até 2020 mais de US$ 412 bilhões, a indústria de bens e serviços de óleo e gás ainda tropeça na falta de competitividade no preço e no prazo. Nos últimos três anos, o descumprimento das regras gerou multas de R$ 315 milhões, pelos dados da ANP. Somente no último ano foram R$ 278 milhões em multas aplicadas pela agência reguladora. A maior parte é questionada judicialmente, sobretu-
do pela Petrobras, responsável por 42% do total de multas aplicadas. E por isso o IBP considera que este é o momento ideal para “aprimorar” a política de conteúdo local com foco no “incremento da capacidade e competitividade internacionais”. “A regra do conteúdo local é parte do contrato de concessões para exploração e produção de petróleo nos limites de terra e mar brasileiro. Os resultados obtidos na atração de investimentos internacionais são inegáveis. Hoje, temos parte da demanda atendida em empresas locais. Portanto, a regra deve prosseguir como formulada: fazer no Brasil tudo o que pode ser fornecido de forma competitiva”, salienta Ariovaldo Rocha, do Sinaval. Mas ele reconhece que é necessário fazer alguns acertos. O economista Carlos Campos Neto, pesquisador de infraestrutura econômica do Instituto de Pesquisa
deixou de ser conjuntural para ser estrutural. Por quê? Se for confirmado o retrocesso do setor naval, a indústria de materiais e equipamentos decerto será afetada, apesar de, até o momento, o conteúdo local em máquinas e equipamentos ainda estar muito aquém de nossa capacidade de atendimento. A crise passou a ser estrutural porque não vemos solução dentro dos paradigmas atuais. Não dá mais para continuarmos a fazer mais do mesmo. Uma recuperação do setor passa por modificações significativas nas práticas e procedimentos em vigor, necessitando, em alguns casos, até de alterações no arcabouço legal do setor. Maximização das compras diretas pela Petrobras, desmembramento de grandes empreendimentos em pacotes menores que sejam acessíveis para empresas de menor porte, foco em projetos de engenharia básica nacionais, entre outros, seriam alguns dos caminhos a serem tentados. Econômica Aplicada (Ipea), também acredita na necessidade de se aprimorar regras. “A adoção dessa política exige ajustes constantes ao longo de sua implementação, mas não sua extinção. Como política pública, sou francamente favorável à adoção de exigência de conteúdo local de forma a dinamizar a indústria nacional produtora de peças e equipamentos de apoio à indústria naval”, diz ele. Campos Neto afirma que o país não pode perder a oportunidade de desenvolver a indústria local nesse cenário de expansão da exploração de óleo e gás. “Especificamente com relação à indústria naval, deve-se destacar que nos países onde ela se desenvolveu houve políticas de apoio e proteção ao seu surgimento e fortalecimento. A grande discussão é saber em qual momento o poder público deve passar a reduzir suas políticas de apoio (subsídio) na medida em que a indústria se torne competitiva”, conclui o economista. TN Petróleo 102
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Foto: Stéferson Faria, Agência Petrobras
PNG Petrobras 2015-2019
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de
Diante da manutenção do preço baixo do petróleo, crise econômica nos principais países do Ocidente, desvalorização cambial, percalços políticos internos, denúncias de corrupção e alto nível de endividamento, a Petrobras anuncia seu Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 de US$ 130,3 bilhões. Um volume de investimentos 37% (US$ 90,3 bilhões) inferior ao do plano anterior, de US$ 220,6 bilhões – dos quais US$ 37,1 bilhões foram utilizados em 2014 e US$ 13,8 bilhões referiam-se à carteira de projetos em avaliação.
Choque
realidade por Felipe Salgado
TN Petróleo 102
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A
inda que repita um movimento global das principais petroleiras, que vêm reduzindo investimentos, o PN não é somente efeito como também causa: representa um choque de realidade para o país como um todo. A revisão do PNg da Petrobras, que vinha mantendo uma linha ascendente no volume de investimentos, reflete não apenas todos os fatores já mencionados (aos quais devemos somar preços de derivados abaixo dos praticados no mercado internacional) como também uma mudança na posição da estatal, vista, até então, quase como uma cornucópia brasileira: não só distribuía frutos na área social e cultural, como foi pródiga em ações que alavancaram a cadeia produtiva de A a Z – ainda que em diferentes níveis. Pior: como uma fonte de ganhos para aqueles que viram no boom da indústria brasileira de petróleo uma oportunidade, não de negócios, mas sim para tirar vantagens políticas e financeiras. “Vão-se os dedos, ficam os anéis”, diz o dito popular. É o que a Petrobras tem de fazer agora para se recompor financeiramente e reconquistar a credibilidade perdida devido às denúncias de corrupção de executivos e gerentes da petroleira, fazendo-a enfrentar o maior nível de endividamento de sua história. Tal situação a obrigou a reduzir de US$ 44,1 bilhões para US$ 26 bilhões o volume médio anual de investimentos previstos para este e os próximos anos (ainda que, no ano passado, tenha realizado apenas US$ 37 bilhões). A estatal revisou seus desinvestimentos para o biênio 20152016, que passaram de US$ 13,7 para US$ 15,1 bilhões (aumento
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TN Petróleo 102
Foto: Divulgação
PNG Petrobras 2015-2019
de 10%). No biênio 2017-2018, a companhia vai empenhar esforços na reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais no valor total de US$ 42,6 bilhões. Somados aos US$ 37 bilhões realizados em 2014, esse montante é superior aos US$ 90 bilhões de diferença entre o PN atual e o anterior. Na conciliação dos dois planos, a atualização do câmbio e a inflação (-US$ 28 bilhões) e o atraso e postergação de projetos (-US$ 22 bilhões) são os dois fatores que mais pesaram na revisão dos investimentos planejados.
Foco em E&P Com 83% (US$ 108,6 bilhões) dos investimentos previstos pelo PNG 2015-2019 no Brasil e no exterior, o E&P deverá ter papel fundamental na redução do endividamento da Petrobras nos próximos anos, a despeito dos preços atuais do petróleo e da redução no número de projetos. A estatal aposta parte de suas fichas na alta produtividade dos poços do pré-sal para garantir a rentabilidade e a redução de sua alavancagem. A monetização de reservas do pré-sal, um dos maiores atrativos da estatal e do mercado brasileiro, é um dos principais recursos que a companhia tem para reduzir seu
endividamento, assim como atrair investidores. Por isso, nada menos que US$ 89,4 bilhões serão alocados no desenvolvimento da produção de petróleo e gás no Brasil, que ficou com 82% da fatia dos investimentos. Um índice maior que o planejado antes, que era de 73% (correspondendo a US$ 112,5 bilhões, com uma média anual de quase US$ 18 bilhões). Com vários campos a desenvolver, tanto sob regime de concessão como de partilha, além da cessão onerosa, os quais somam grande volume in situ em reservas ainda não contabilizadas oficialmente, a empresa optou por reduzir os investimentos em exploração, que receberá US$ 11 bilhões até 2019 (pouco mais de US$ 2 bilhões por ano), cerca de 10% dos investimentos totais em E&P. Menos da metade dos US$ 23,4 bilhões que a Petrobras planejava gastar em campanhas exploratórias entre 2014-2018 (e que equivalia a 15% do total e uma média de 4,7 bilhões por ano). O corte maior foi na fatia de recursos alocados para suporte a produção, que ficou com US$ 3 bilhões (US$ 600 milhões por ano), menos de 3% do total do volume de investimentos previsto para o E&P. Recursos inferiores à média anual prevista de US$ 3,6 bilhões no PNG 2014-2018 para infraes-
Choque de realidade
Abastecimento
E&P
US$ 12,8 bilhões
US$ 108,6 bilhões Desenvolvimento da Produção
89,4 Exploração
11,3
4,9
Investimentos no Exterior
3,0
Manutenção e Infraestrutura
8,8
Gás & Energia
US$ 6,3 bilhões
Gasodutos
5,0
Suporte Operacional
trutura e suporte, totalizando mais de US$ 18 bilhões. O objetivo desse investimento pesado era, entre outros fatores, resgatar o índice de eficiência operacional da companhia na Bacia de Campos, assunto que sequer entrou na pauta da nova diretoria na apresentação do PNG atual A revisão das perspectivas operacionais obrigou a companhia a abrir mão da meta de produção até 2020, que caíram de 5,2 para 3,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) – uma redução de quase 30%. A meta de produção de óleo caiu de 4,2 para 2,8 milhões de boed (quase 35% a menos que o projetado antes).
Novas unidades O aumento da produção está associado às 21 novas plataformas offshore que deverão ser instaladas nas bacias de Campos e Santos, além da P-61, que começou a operar em março, completando o
Energia elétrica
RNEST
Outros
1,4
BR Distribuidora
1,3 1,3
sistema de produção de Papa-Terra, no extremo sul da Bacia de Campos, juntamente com o FPSO P-63. O ativo é operado pela Petrobras (62,5%) em parceria com a Chevron (37,5%). No início de julho, o FPSO Cidade de Itaguaí ancorou na área de Iracema Norte do campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos. Com capacidade para produzir 150 mil bpd e comprimir 8 milhões de m³ de gás natural por dia, a unidade deve produzir ainda neste terceiro trimestre. A Petrobras é a operadora, com 65%, associada à BG (comprada pela Shell), com 25%, e a Petrogal Brasil S/A (10%).
0,9
0,1 Regás - GNL
0,3 Plantas de Gás Química (Nitrogenados)
Dos outros 20 sistemas previstos para entrar em operação nos próximos anos, cinco ainda não foram licitados. Os três primeiros serão, ainda no próximo ano, na Bacia de Santos: dois em Lula e um no campo de Lapa, antiga área de Carioca, além do Teste de Longa Duração (TLD) de Libra, sob regime de partilha, que ganhará o piloto definitivo em 2020 (unidade ainda não foi licitada). Já em 2017, a Petrobras pretende produzir o primeiro óleo do pós-sal em regime compartilhado, por meio da PPSA, uma vez que parte do reservatório de um campo avança para a área do polígono do pré-sal, ainda não licitada. A produção em áreas da cessão onerosa também será iniciada em
The Art of BroadSeisTM
The ideal pre-salt exploration solution
cgg.com/broadseis-art
TN Petróleo 102
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Foto: Douglas Enry/Agência Petrobras
PNG Petrobras 2015-2019
FPSO Cidade de Itaguaí 2017, por meio de três FPSOs, um dos quais da série de oito replicantes encomendados pela estatal: ele fará a primeira produção conjunta de reservatório da cessão onerosa e de uma área sob concessão. Operação similar será feita por outros três replicantes, que vão ser instalados entre 2018 e 2019. No total, seis dos oito replicantes vão produzir até 2020. Os outros dois não têm previsão de entrega. O projeto de revitalização do campo de Marlim, um dos maiores produtores do país, deverá também ganhar uma nova unidade de produção, a ser licitada brevemente, para entrar em operação em 2019.
Abastecimento: recursos para manutenção Os aportes na área de abastecimento sofreram uma drástica redução no atual PNG, ficando com um volume de US$ 25,9 bilhões inferior ao plano anterior, que era de US$ 38,7 bilhões. Dos US$ 12,8 bilhões planejados para essa área, a maior parte (69%, correspondendo a US$ 8,8 bilhões) está destinada à manutenção e infraestrutura do parque de refino. Um total de US$ 1,4 bilhão será destinado à conclusão da obra da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), e outros US$ 1,3 bilhão, para outros projetos, incluindo o sistema de recepção e tratamento de gás e manutenção de equipamentos no 48
TN Petróleo 102
Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). A Petrobras Distribuidora receberá US$ 1,3 bilhão. Fruto da seletividade dos investimentos, a área de Gás e Energia ficou com US$ 6,3 bilhões (distribuídos pelos segmentos de energia elétrica, unidade de regaseificação de GNL, gasodutos e plantas de nitrogenados). De acordo com o Diário de Pernambuco, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino Ramos, e o consultor de direção Armando Toledo, reuniram-se no dia 9 de julho com o governador do estado, Paulo Câmara, e com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, Thiago Norões, para reforçar o compromisso da estatal de investir US$ 1,4 bilhão até 2019 na RNEST. Os representantes da estatal garantiram que a segunda etapa do empreendimento será concluída em dezembro de 2018. Quando estiver pronta, Abreu e Lima terá capacidade de processar 230 mil bpd, em dois trens de refino, e será a unidade da Petrobras com maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%). Também produzirá gasolina, óleo combustível, gás liquefeito de petróleo e coque. Alvo da Lava-Jato, a refinaria foi orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões e hoje é estimada em US$ 18,5 bilhões.
Quanto ao Comperj, as unidades de processamento de gás natural (UPGNs) só ficarão prontas em outubro de 2017. Essas UPGNs – que fazem parte dos US$ 6,3 bilhões alocados para a área de Gás e Energia – tratarão o gás do pré-sal antes de o combustível ser injetado na malha de gasodutos. Na divulgação do Plano, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou que, nesse momento, o Comperj continuaria a deixar de ter como foco a consolidação de um complexo petroquímico para dar lugar às atividades de refino. Segundo ele, a prioridade é buscar uma alternativa para a conclusão das obras do primeiro trem para ampliar a capacidade de refino da companhia. De acordo com a gerente de Estratégias de Mercado de Petróleo e Gás do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Karine Fragoso, a redefinição do cronograma das obras do Comperj cria muitas expectativas quanto à geração de emprego e renda para o munícipio de Itaboraí: “O Plano de Negócios e Gestão da Petrobras ainda deixou muitas questões não respondidas. Esperamos que a empresa consiga encontrar os parceiros necessários para a finalização da obra o quanto antes, porque ela é muito importante para o estado do Rio de Janeiro e a vitalidade da região”, avalia.
Desmonte de US$ 57,7 bi “O desmonte da companhia no valor de U$ 57,7 bi será uma espécie de ‘privatização’ da Petrobras. Mas não creio que o país tenha se dado conta isso”, afirma Cesar Prata, presidente do Conselho de Óleo e Gás da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), referindo-se ao plano de desinvestimentos, que inclui a venda de ativos e participações em empresas, para aumentar a geração de caixa, reduzir o e ndi v i d a m e n to, otimizar o portfólio e dar continuidade aos projetos em andamento. Dentro desse novo plano, a diretoria executiva da Petrobras autorizou a elaboração de estudos para analisar alternativas de abertura de capital e/ou atração de um sócio estratégico para a BR Distribuidora. Caso a abertura de capital venha a ocorrer, dar-se-á através de oferta pública secundária de ações da subsidiária na Bolsa de Valores. Outra medida anunciada recentemente foi a assinatura do contrato entre a Petrobras e a PetroRio (nova marca da HRT Participações em Petróleo S/A) referente à venda da participação de 20% da estatal nas concessões dos campos de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos, atualmente operados pela anglo-holandesa Royal Dutch Shell, por US$ 25 milhões.
Desestruturação da cadeia de fornecedores Com uma estimativa de 13% da participação (direta e indireta) do setor de óleo e gás no PIB brasileiro, a cadeia de fornecedores de bens e serviços preparou-se para um cenário de grande expansão no setor. Agora, com a redução de 37% dos investimentos previstos em relação ao plano anterior, haverá impactos negativos sobre a indústria local. A queda vertiginosa do preço do petróleo, aliada às dificuldades econômico-financeiras da Petrobras, trazem sérios desafios para a cadeia de fornecedores do segmento de E&P.
Analistas indicam que os interesses da empresa foram colocados acima dos interesses nacionais, e que continuaremos vulneráveis quanto à oferta de petróleo, combustíveis, energia e insumos para fertilizantes. Afinal, o que acontece com a Petrobras afeta todo o setor de energia no país. Então, uma nova agenda de governança da estatal reflete aspectos políticos, econômicos, regulatórios, técnicos e institucionais.
Uma nova política setorial Responsável pela importação e comercialização de gás e detentora de grande parte das usinas térmicas instaladas no país, a Petrobras exerce um papel estruturante no cenário energético nacional. Ela vende para suas usinas gás importado a preços mais baixos, compensando o prejuízo com os lucros na venda de energia. Sem ela para puxar investimentos nas áreas de Abastecimento, Gás e Energia, e Petroquímica, será imprescindível reformular uma política setorial para atrair investidores. Contudo, alguns entraves dificultam a atratividade e confiança no ambiente de negócios, na opinião de analistas. Na área de Abastecimento, por exemplo, a Petrobras teve enorme dificuldade em alinhar os preços dos derivados no Brasil com o mercado internacional nos últimos quatro anos. Eis aí um fator de risco para o investidor que queira participar de um empreendimento nesse segmento. Daí a necessidade de o Governo estabelecer uma nova política de preços para os derivados. Se isso não for feito, poderá haver queda dos investimentos, desestruturação das cadeias produtivas e aumento da dependência externa do país. TN Petróleo 102
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cobertura especial Brasil Offshore
Fotos: TN Petróleo
eventos
Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás
Apontada como a terceira maior conferência internacional da indústria do petróleo e gás, a 8 a edição da Brasil Offshore reuniu importantes players do mercado offshore na principal porta de acesso para uma das bacias mais importantes do país – a de Campos – que responde por cerca de 80% da produção nacional. Com 50 mil visitantes, 700 empresas expositoras, 56 empresas internacionais e representantes de 38 países, a feira ocupou 45.000 km² do centro de exposição. Sinal de que a cadeia de fornecedores do setor quer reagir e superar a crise.
O
painel de abertura teve a presença do senador José Serra (PSDB-SP), autor do Projeto de Lei que pretende alterar o marco regulatório do pré-sal, tirando da Petrobras a obrigação da participação mínima no consórcio de exploração e sua responsabilidade pela condução e execução das
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TN Petróleo 102
por Felipe Salgado
atividades relacionadas ao projeto. Inesperadamente, a palestra de Serra foi interrompida pela manifestação de um grupo de petroleiros que, insatisfeitos com a proposta de mudança da lei, estenderam faixas contrárias à posição defendida pelo senador e o impediram de falar. Por um momento, os integrantes da plateia se viram diante de um palco
de disputa política. Foi quando o prefeito de Macaé, Aluízio dos Santos, tomou a palavra e, reconhecendo a legitimidade da expressão dos manifestantes, pediu que eles também respeitassem o direito reservado
Foto: Divulgação
ao convidado de expor as suas ideias e motivações. “A manifestação foi feita. Agora precisamos ouvir o que a indústria tem a dizer aqui”, afirmou Aluízio, pedindo a compreensão dos participantes. Assim teve início a Brasil Offshore 2015.
Imersão nos negócios Realizada entre os dias 23 e 26 de junho, a conferência trouxe um alento para o setor. Isso porque a Rodada de Negócios, a cargo da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), reuniu 20 empresas âncoras – Alphatec, Nuclep, Delp, FMC, Sotreq, Oil States, Shell Materiais, Queiroz Galvão, UTC, Schlumberger, Teekay, Subsea 7, Wärtsilä Brasil, Shell Serviços, Techint, GE Óleo e Gás, Expro, Halliburton, Transpetro e Petrobras UO-BC – e 113 fornecedores. Em dois dias foram realizadas 400 reuniões.
Área total: 45 mil m2 Visitantes: 50 mil Empresas: 700 Países: 38 Igor Tavares, diretor de Energia da Reed Exhibitions Alcantara Machado, uma das empresas organizadoras da Brasil Offshore, destaca que nesta edição houve um acréscimo de aproximadamente 3% dos profissionais em cargos de diretoria e com maiores qualificações.
“Houve um ganho considerável no perfil dos visitantes com mais potencial de compra e poder de decisão”, enfatiza ele. Somado o poder de compra do público visitante com o montante da Rodada de Negócios, a Brasil Offshore 2015 gerou expectativa de negócios de R$ 600 milhões, que ao longo de 24 meses poderá chegar a R$ 1 bilhão. Para o prefeito de Macaé, a realização da Brasil Offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios. “Isso mostra que, apesar do cenário complexo, de incertezas e de toda a pressão que o mercado vive, existe uma onda de otimismo no médio e longo prazo, e mostra, principalmente, que a indústria nacional quer reagir e superar a crise.” Um levantamento realizado mostrou que 91% das reuniões foram avaliadas pelas âncoras como sendo acima da média, com ótima e boa expectativa de negócios. Para o vice-presidente da Reed, Paulo Octávio Pereira de Almeida, a realização da Brasil Offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios e a ativação de contatos e conteúdo para a gestão das empresas diante do cenário atual. “A feira teve uma agenda positiva e mostrou qualidade em produtos, serviços e público visitante, complementou.
Novidades no conteúdo A 8ª Brasil Offshore teve o patrocínio master da Petrobras e do Governo Federal, além das empresas Technip, Caixa, UL do Brasil, Tenaris, Aker Solutions, One Subsea, MRM, Mobil, Prefeitura de Conceição de Macabu, Dassault Systèmes, Estaleiro Brasa, Chromalox, Technoheat, V. V. Holding and Consulting e Viana Offshore. TN Petróleo 102
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eventos
A conferência realizada em paralelo pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBPO) e da Society Petroleum Engineering (SPE) mobilizou centenas de profissionais que assistiram a palestras sobre temas relevantes, entre os quais a revitalização de campos maduros e as tecnologias disponíveis para ampliar a vida útil desses ativos. Ta m b é m f o r a m d e s t a c a d a s as oportunidades oferecidas hoje pela Bacia de Campos, em produção desde os anos 1980 e que vem sendo revitalizada pela exploração de reservatórios no
pré-sal, além do que vem sendo explotado há mais de três décadas no pós-sal. Durante o evento, realizou-se a etapa final da competição acadêmica promovida pela SPE, o Student Paper Contest, concurso regional de artigos científicos de alunos de graduação, mestrado e doutorado com trabalhos sobre temas relacionados ao setor de óleo e gás. “O vencedor viajará para Houston, nos Estados Unidos, para concorrer no evento global, com as despesas pagas pela SPE”, diz o presidente da seção Macaé da SPE, Guilherme Castro.
Petrobras: participação técnica
O inédito Espaço do Conhecimento Offshore, montado no meio da feira e com uma programação gratuita todos os dias, trouxe expositores/parceiros especializados à frente de palestras sobre novas tecnologias e produtos e serviços. A Reed Exhibitions também apresentou uma novidade, o Premium Club Plus – Clube dos Compradores. O objetivo é estreitar o relacionamento com os principais compradores indicados pelos próprios expositores e atrair um público ainda mais qualificado para as próximas edições. Os convidados são visitantes com maior influência ou poder de compra, com cargos acima da gerência. Nessa edição, o clube contou com 1.371 credenciados que puderam incrementar os negócios oferecidos pelos expositores.
Competitividade para a indústria-chave regional Com representantes em todas as sessões plenárias da Conferência Internacional da Indústria de Petróleo e Gás, com palestras e debates, a Petrobras fez uma participação técnica na Brasil Offshore, da qual foi a patrocinadora master. A conferência teve como tema central ‘Perspectivas para a revitalização de campos maduros’, abordando diversos aspectos, como poços e reservatórios, perfuração, completação, operação e manutenção, entre outros. Segundo Marcelo Batalha, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Petrobras na Bacia de Campos, a Brasil Offshore oferece grandes oportunidades para trocas de experiências entre os atores do arranjo produtivo de óleo e gás. “O evento traz em sua 52
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conferência um tema bastante aderente à realidade da região. O intercâmbio de conhecimentos entre os profissionais da indústria do petróleo é fundamental para que a operação em campos maduros continue trazendo bons resultados nos cenários nacional e internacional”, apontou. No estande montado no pavilhão principal, os visitantes puderam conhecer melhor as tecnologias da empresa premiadas na Offshore Technology Conference (OTC), maior evento do mundo dedicado à área de exploração e produção de petróleo no mar, ocorrido em maio deste ano, nos Estados Unidos.
Para atrair novos investimentos, a cidade de Macaé quer ampliar o acesso às empresas interessadas em estabelecer negócios no município. Enquanto algumas empresas já atuam na região e querem ampliar suas bases, outras demonstram interesse em entrar no mercado. Esse é o caso da empresa alemã Dräger, presente em mais de 195 países e com uma filial em Macaé para atender a demanda por serviços na área de segurança offshore (Dräger Safety). Nessa divisão do grupo, segmentada em quatro áreas (óleo e gás, mineração, indústria química e bombeiro), a atividade petrolífera é responsável pela maior parte do faturamento da empresa. Em seu portfólio, ela mostra possuir serviços de assistência técnica para calibração e manutenção periódica de detectores de gases em
Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás
plataformas offshore, certificações Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) para homologação dos equipamentos e serviços de locação. “Se alguma empresa precisar parar para realizar manutenção (Shut Down), temos capacidade para atender a demanda por mais equipamentos”, garante o gerente de Óleo e Gás da Dräger, Adriano Morelli.
Há poucos meses, a Sotreq adquiriu 50% da Radix Engenharia e Software, grupo que oferece serviços de TI em automação. “Esse investimento foi estratégico porque permitiu o alinhamento e complementaridade de valores e competências entre as duas empresas. Sendo a Radix especializada em soluções em inovação e tecnologia, esse aporte agrega valor na oferta de nossos serviços e gera eficiência e produtividade para as nossas próprias unidades”, afirma o diretor.
Oferta ampliada
Participando pela primeira vez na Brasil Offshore, a Motorola Solutions apresentou serviços e soluções de radiocomunicação que garantem uma comunicação segura entre as operações onshore e offshore, devido ao alto alcance de cobertura e as tecnologias que suportam operações em ambientes críticos. “Em 2014, a empresa participou da Rio Oil & Gas e, como o evento trouxe bons resultados – uma vez que tivemos a oportunidade de apresentar os nossos produtos e serviços para a indústria –, decidimos dar continuidade participando deste ano da Brasil Offshore”, esclareceu o presidente da Motorola Solutions no Brasil, Paulo Cunha.
Prestes a completar 74 anos no mercado nacional, a empresa brasileira Sotreq, revendedora de máquinas, peças, serviços e sistemas Caterpillar, pretende vender ao mercado alguns diferenciais competitivos, como atesta Gustavo Sepúlveda, diretor de Power Systems: “Vemos a feira muito voltada para operações, suporte e produto. Isso é extremamente positivo”, afirmou. A empresa anunciou recentemente um novo contrato com o grupo CBO (Companhia Brasileira de Offshore) para a venda de equipamentos Caterpillar para o navio de apoio do tipo Platform Supply Vessel (PSV4500). Em construção no estaleiro Aliança, no Rio de Janeiro, o PSV será afretado pela Petrobras para atender a demanda no suporte à exploração offshore de petróleo e gás, especialmente nos campos do pré-sal. Serão entregues, em agosto, quatro grupos geradores Caterpillar, modelo 3512C de 1700 ekW @ 690 V, para aplicação diesel-elétrico em embarcação PSV. Também foi vendido um grupo gerador Caterpillar modelo C18, para operação em modo “porto/emergência”.
Comunicação garantida
Patrocinadora centenária Presente em 104 países – no Brasil desde 1999 –, a multinacional americana UL, que tem entre seus clientes do setor de petróleo em diversos países a WEG, STAHL, Emerson, Wayne e Dover, entre outros, incluiu o patrocínio da Brasil Offshore em sua agenda de comemoração dos cem anos. “Este é um ano muito importante para a UL. Estamos promovendo uma celebração nos
principais eventos mundiais”, explica Otávio Costa, gerente de vendas da UL, multinacional americana líder global em inspeções, ensaios e certificação de produtos. “Estamos expandindo os serviços oferecidos para aumentar a presença no Brasil e faz todo sentido estarmos aqui. Tudo o que aconteceu de mais positivo na indústria do petróleo nacional nos últimos anos passou por Macaé em algum momento”, destaca. Ele acredita que a demanda por certificação de equipamentos para a indústria de petróleo vá crescer significativamente nos próximos anos em função do aumento das atividades de exploração e produção, sobretudo na região do pré-sal. “Após os incidentes recentes de vazamentos de óleo, a atividade petrolífera, pelos riscos operacionais envolvidos, passou a ser ainda mais monitorada”, observa Costa. “Com isso, o setor se concentrou na melhoria contínua da segurança, justamente por entender que um alto nível de integridade é decisivo para as operações e para o bom andamento dos negócios, pois gera benefícios como o aumento da competitividade, redução de custos e valorização da marca, por exemplo.” Acreditada pelo Inmetro, a empresa atua em todo o processo de certificação, incluindo ensaios, auditorias e treinamento. E também auxilia seus clientes no processo de desenvolvimento de produtos, orientando o fabricante quanto aos requisitos necessários à certificação. “Nosso principal foco é ajudar a indústria a produzir equipamentos seguros e confiáveis”, explica. “Toda nossa história se resume a isso: segurança e confiabilidade.” TN Petróleo 102
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perfil profissional
Navegando
na escola da vida Essa parece ser a melhor definição para o catarinense Dalton Schmitt, natural de Itajaí, por muitos considerado um carioca. Equívoco natural para quem conhece o empresário, pois ele deve a ausência de qualquer sotaque denunciador de um ‘barriga verde’ ao fato de ter apenas 8 anos quando começou a peregrinação por escolas de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, terminando a vida escolar nos Estados Unidos. Dalton exerceu as mais diversas funções em diferentes atividades e perambulou por alguns países antes de começar a ‘navegar’ nesse setor, há cerca de quatro décadas. “Sempre gostei de trabalhar, de fazer e criar negócios... e curtir a vida”, confessa o executivo que há um ano é diretor comercial da Farol Apoio Marítimo, empresa brasileira de navegação (EBN) criada em 2010. Considerando os quase 8.000 km de costa e uma indústria offshore em franca expansão, Dalton afiança que o país tem um mercado altamente promissor, mesmo diante do cenário crítico atual. “Não somente em apoio marítimo, que deverá ter forte expansão no final dessa década, como também em cabotagem.”
Fotos: Bia Cardoso
por Beatriz Cardoso
Ele é péssimo para datas, mas conhece, como poucos, praticamente todo mundo que atua no setor de apoio marítimo, sobretudo no segmento offshore, atividade que praticamente viu ‘nascer’ no país na década de 1970, quando a Petrobras começou a ‘buscar’ petróleo nas águas da Bacia de Campos, no norte fluminense. Dalton também é um grande contador de histórias e causos – alguns impublicáveis – desse setor no qual se orgulha de ter se ‘formado’. Isso porque, apesar dos esforços da família de assegurar a melhor e mais rígida instrução em colégios religiosos e, depois, nos Estados Unidos, Dalton acabou abandonando o curso de Administração da New York University no último ano... Foi quando decidiu se ‘doutorar’ em negócios na universidade da vida. Desde então, o irrequieto Dalton não parou mais. Membro da ABS, uma das principais classificadoras do mundo, ele soma mais de 45 anos de desenvolvimento de negócios, no Brasil e no exterior, como executivo ou dono de empresas que criou, entre idas e vindas de países das três Américas e de outros continentes, como Nigéria e Kuwait (África), Noruega, Grécia, Alemanha e Espanha, na Europa, além da Ásia. Experiência que é destacada pela Farol, criada em 2010 com uma proposta diferenciada de serviços de apoio marítimo “amparada pela capacitação, conhecimento e experiência de sua equipe”. Para Dalton, integrar a empresa criada por um grupo de velhos amigos é mais 54
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uma aventura a ser vivida com paixão, a despeito de ‘percalços’ na saúde – é assim que o fumante inveterado chama os dois cânceres e as pontes de safena. Do internato para o mundo – Aos 71 anos, Dalton demonstra a mesma inquietude do menino que os pais decidiram internar em um colégio alemão, presbiteriano, localizado em Brusque (SC), a 35 km de Itajaí. Por pressão da avó materna, católica, ele foi transferido para o Colégio Santo Antonio, em Blumenau, da ordem franciscana. Mas, como toda a família havia estudado em instituições jesuítas, a avó acabou por convencer o filho a seguir a tradição: ele deixou para trás as delícias da praia de Cabeçudas, no bairro onde foi criado, em Itajaí, para estudar em uma centenária instituição jesuíta: o Colégio Catarinense, em Florianópolis. “Era um regime duro”, lembra. Em 1959, o pai decide levá-lo para o Rio de Janeiro, onde tornou-se interno do tradicionalíssimo Colégio Marista São José, na Tijuca (Usina). “Por isso pensam que sou carioca”, diz, rindo, Dalton. Criada em 1905, em 110 anos de atividades, a instituição teve como alunos o empresário Roberto Irineu Marinho, o técnico Mário Jorge Lobo Zagallo e o ex-reitor da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque, entre outros. Ele não ficou muito tempo na antiga capital da República, que perdeu seu status com a inauguração de Brasília. No Rio, o espírito irrequieto e boêmio de Dalton acabou levando o pai a medidas drásticas: internou o filho em um tradicional Laurel Crest Academy, na cidade de Bristol, em Connecticut (EUA).
Casado? Tem filhos? Viúvo Três filhos e dois netos (com um terceiro a caminho). Quais livros você está lendo? Está lendo, ou melhor, acabando de ler O X da questão, que conta a história de Eike Batista, escrita por Roberto D’Ávila. Qual seu livro de cabeceira? revistas de notícias. O que gosta de fazer nas horas de folga? gosta de fazer de tudo relacionado ao mar – velejar, sair de lancha, pescar e reformar o deque da casa de Búzios, onde fica o veleiro e outras embarcações.
Desvios do caminho – Concluídos os estudos, para alegria do pai ele decide fazer Administração de Empresas em outra instituição secular, a New York University (criada em 1831). É dessa época a primeira experiência na área marítima, uma vocação familiar, que vem de algumas gerações dos Schmitts. E, assim, ele estagiou na Moore-McCormack Lines, empresa norte-americana de navegação que construiu dois luxuosos navios, o SS Brasil e o SS Argentina, para realizar cruzeiros aos exóticos destinos da América do Sul, entre os anos 1950 e 60. Além de vários estágios durante o período universitário, Dalton fez um curso similar ao do CPOR (Centro de Preparação
de Oficiais da Reserva) que resultaria em sua convocação para o Vietnã. “Eu não queria ir e tampouco desejava voltar ao Brasil. Meu pai, por meio de amigos, conseguiu que me dessem um passaporte oficial. Acabei sendo contratado pelo consulado brasileiro”, lembra, sem deixar de achar graça. O que o pai não imaginava é que ele queria ficar nos Estados Unidos para casar com uma brasileira. “Ele soube, foi lá conversar comigo, tentando me convencer a concluir os estudos”, lembra. Com o retorno do pai ao Brasil, ele casou e continuou fazendo o que mais gostava: desenvolver novos negócios. “Graças a Deus sempre aproveitei as oportunidades para trabalhar e curtir a vida. Não me arrependo de nada”, afirma Dalton, que voltaria às salas de aula anos depois, no Brasil, para fazer o curso de General Management, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). E foi trabalhar em uma empresa de construção, para, logo depois, cair de novo na estrada, ou melhor, na rota marítima para a Europa, onde percorreria alguns países – sempre ‘fazendo negócios’, mas sem uma atividade definida, terminando o périplo em Nova York. “Até então, eu não trabalhava para nenhuma empresa específica, mas realizava negócios em áreas de comércio exterior e navegação, setores que demandavam bom conhecimento de inglês e de mercado internacional”, explica. Navegar é preciso – Na década de 1970, ele daria passos decisivos para entrar no mercado de navegação, ao negociar um barco offshore de uma petroleira: nada menos que a Zapata Oil TN Petróleo 102
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perfil profissional
Corporation, criada em 1953 por George Bush e um sócio. Com o apoio de um diretor da Zapata, ele começou o negócio, fundando, em março de 1976, sua primeira empresa, a Apex Marine Service S/A, no Panamá, que manteria por quase duas décadas (fechou as portas em 1995). “Foi meu primeiro barco de apoio”, diz o executivo. Nos anos seguintes, ele traria sete ou oito barcos, todos com bandeiras estrangeiras, para operar para as petroleiras internacionais, que vinham atuar no Brasil a partir de 1975, com a criação dos contratos de riscos com duração de 14 anos. Em 1977, ele fundou no Brasil a Seamar Serviços de Apoio Marítimo, uma das primeiras do país, mantida até 1985. Nesse período, fez os primeiros contratos com a Petrobras, que com a descoberta de Garoupa, em 1974, no pós-sal da Bacia de Campos, começaria a produzir, em 1977, com o campo de Enchova. Dessa forma, Dalton participaria da consolidação da maior bacia produtora do Brasil. Aprendizado contínuo –“Era mais fácil trabalhar como estrangeiro do que como brasileiro por causa da burocracia do cadastro. Mas logo depois, cadastrei a empresa na Petrobras”, lembra. Na época, o porto mais próximo era o de Vitória, no Espírito Santo. Ele também atuaria em outras regiões da costa do país, que começavam, pouco a pouco, a ser prospectadas pela petroleira brasileira. “Foi tudo um grande aprendizado”, observa o empreendedor. Ele nunca mais saiu desse setor, ainda que, vez por outra, tenha feito incursões em outras atividades. “Em 1982, abri uma empresa de computação, com 56
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um amigo da IBM e outro que entendia de software”, conta. E criou também outra empresa, a Brasmix, para controle de processos. “Cheguei a vender para o exterior. Trabalhava em três turnos. Passei por todas as crises do país”, recorda, sem deixar de rir. Schmitt diz que o serviço de apoio marítimo offshore, ainda nascente no país, acompanhando a evolução da indústria petrolífera, não era fácil, pois se tratava de um mercado em consolidação, mas havia menos burocracia. “Operávamos com uma tripulação de cinco a sete pessoas, mais do que em outros países. Por isso fazíamos um camarote extra”, conta. Segundo ele, o reparo era simples porque os motores eram menores. “Isso nunca foi problema, pois naquela época não havia restrições e tudo era importado: barcos, motores e outros equipamentos.” Mercado em expansão – A sólida experiência em apoio marítimo, consolidada nesse período, fez dele um profissional de valor no mercado – mercado este que começaria a mudar no final dos anos 1990. Em março de 1997, ano em que seria promulgada a chamada Lei do Petróleo, que extinguiu o monopólio estatal na exploração e produção de hidrocarbonetos no país, ele foi convidado a integrar os quadros da Astromarítima, uma das pioneiras na prestação de serviços de apoio marítimo nas atividades de exploração e produção de petróleo na plataforma continental brasileira. A empresa, que a partir de 1980 contratou a construção de 19 embarcações de suprimento (supply vessel), com financiamento do Fundo de Marinha
Mercante (FMM), começava a ampliar sua frota e atividades. Razão pela qual incorporou aos seus quadros o experiente empresário, que preferia atuar por conta própria. Ele entrou como diretor Comercial e de Operações, cargo que ocuparia até abril de 2006, quando assumiu a presidência da Astro Internacional S/A. Na área comercial, conduzia todas as negociações com os estaleiros na parte de novas construções no Brasil e no exterior, assim como nas negociações contratuais junto a petroleiras locais e estrangeiras. Como diretor operacional, tratava de todos os assuntos referentes à operação das embarcações de bandeira brasileira, bem como as estrangeiras que operavam no Brasil, tendo a Astromarítima como a EBN (empresa brasileira de navegação). Sob seu comando estavam as bases e superintendências operacionais de Itajaí (SC), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Aracaju (SE). “Onde houvesse embarcações trabalhando para a Petrobras”, diz ele. Dalton foi responsável pela operação da embarcação do tipo Oil Spill Recovery Vessels, a OSRV Astro Ubarana (navio que atua na contenção e recolhimento de óleo em derramamentos), no contrato com a Petrobras Colômbia e também na Argentina, a serviço da estatal. Em 2006, tornou-se diretor-presidente da empresa, que na época incluía a Astro Operações, CBR (Companhia Brasileira de Rebocadores), a Astro Offshore e a própria Astromarítima. “Era responsável pela empresa como um todo, incluindo a política de qualidade, meio ambiente e segurança, reportando-
-me diretamente ao conselho de administração”. Em 2010, assumiu a presidência da Astro Internacional S/A, criada para atender à demanda do mercado nacional de apoio offshore, principalmente para clientes que vêm operar no Brasil. Novos rumos – O executivo permaneceu ali até bem pouco tempo, quando decidiu seguir novos rumos, mas sempre na área de apoio marítimo, mercado que viu crescer de forma mais acelerada nos últimos anos. “Houve uma grande evolução em mais de três décadas e operação offshore no país”, salienta ele. “Tanto do mercado como da própria regulamentação, no Brasil e no exterior. Hoje há maior preocupação com a questão
ambiental e de segurança”, diz o membro da ABS. Danton, por estar desde 2014 ‘fazendo negócios’ na Farol Apoio Marítimo, considera o Brasil um país com forte vocação offshore mas que atravessa uma crise inimaginável há alguns anos. “Não que já não houvesse tudo o ocorre hoje. Apenas os volumes financeiros são muito maiores. Entrou muita gente de
fora nessa área”, comenta, sem entrar em detalhes. Talvez uma alusão ao fato de as empreiteiras terem ‘descoberto’ o setor naval na última década... “Dentro de alguns anos, quando superarmos essa crise, teremos um mercado ainda maior ”, avalia Dalton. Para aqueles que pensam em entrar nesse mercado, mas ainda têm dúvidas quanto ao potencial do setor, ele é taxativo: “Com um país com quase 8.000 km de costa e atividades de exploração e produção de petróleo se espalhando de norte a sul, o apoio marítimo é um grande negócio”, conclui Dalton Schmitt. E continua pensando em fazer negócios nessa área por mais tempo. Talvez, quem sabe?, na cabotagem, que vê como outro segmento promissor.
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Ano 4 • nº 40 • julho de 2015 • www.tnsustentavel.com.br
Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial
O que é prioridade? Já sabemos que Plutão, o planeta anão, tem uma superfície maior do que o previsto e que por conta disso também tem mais gelo e um pouco menos água. Uma notícia não muito boa em tempos de escassez em que já estamos buscando alternativas para além do nosso planeta azul (até quando?) para esse e outros tantos problemas. E essa mesma água, ou a falta dela, continua a nos preocupar mais que inspirar para nossas matérias. Mas, para o ambientalista e nosso entrevistado Gerard Moss, nem tudo está perdido. Ele está à frente de um projeto de educação ambiental chamado Rios Voadores, que pretende educar jovens amazonenses sobre a importância de mais essa riqueza da Amazônia, que é o vapor d’água formado a partir da evaporação dos rios locais. Imperdível! Alinhado com essa temática de valores e prioridades, Wanderlei Passarela nos brinda com mais um artigo sobre desenvolvimento humano com o título “Gestão de prioridades”. Segundo ele, promover essa gestão é crucial para alinhar esforços, dar um norte à equipe e permitir que as coisas mais importantes não fiquem de lado na escolha sobre o que deve ser feito na organização. Criação de valor também é tema do artigo de Doneivan F. Ferreira, que afirma que um dos objetivos do inovador é a criação de valor. Criar para trazer mudanças à sociedade. Visto isso, podemos então respirar um pouco mais aliviados. As prioridades - parece - estão mudando (ainda que lentamente) de lado e trazendo para a frente a busca da melhoria da sobrevivência da vida (nossa vida), aqui mesmo, pertinho, em nosso planeta ainda, sim, azul. Boa leitura e até a próxima!
Lia Medeiros, diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo liamedeiros@tnpetroleo.com.br
Sumário
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o ambientalista voador que luta pela preservação das águas no Brasil
Itaipu assina acordo para desenvolver protótipo de bateria de lítio nacional
Prysmian expande linha de cabos sustentáveis com o Plástico Verde da Braskem
Entrevista com Gérard Moss
Tecnologia nacional
Plástico verde
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suplemento especial
Rios Voadores
Gérard Moss,
Foto: Margi Moss
o ambientalista voador que luta pela preservação das águas no Brasil
A Amazônia é a maior usina geradora natural de água doce do planeta. Entrecortada por rios que formam uma imensa malha hídrica, da qual o Amazonas é a principal artéria, possui também grande reserva potável subterrânea. Mas isso não é tudo. A floresta é responsável por produzir grande parte da umidade que equilibra o regime de chuvas em outras regiões do país, especialmente no Sudeste. As árvores amazônicas lançam diariamente na atmosfera toneladas de vapor d’água que percorrem milhares de quilômetros, levadas por correntes aéreas de vento, através de rotas nunca antes traçadas. Intrigado em conhecer o caminho percorrido por toda aquela água em suspensão, o aviador e ambientalista suíço Gérard Moss resolveu seguir as correntes de umidade pelo céu do Brasil, em um projeto com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e patrocínio da Petrobras: Rios Voadores. Os dados que 60
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coletou ao longo de mais de seis anos em trabalho de campo, compõem um modelo computacional que auxilia na compreensão da dinâmica do clima brasileiro – hoje marcado por secas cada vez mais severas em algumas regiões, e enchentes sem precedentes em outras – e da umidade produzida pela Amazônia nesse contexto.
por Mehane Albuquerque Ribeiro
Antes de pesquisar os “rios aéreos”, Moss participou de um projeto igualmente estratégico – Brasil das Águas – coletando informações para um inventário completo sobre a situação dos rios brasileiros. A bordo de um hidroavião e de barco, ele percorreu, da foz à nascente, milhares de quilômetros de cursos d’água, recolhendo
amostras, registrando imagens e interagindo com os habitantes. O ambientalista que passou a vida voando sobre diferentes países, no começo buscava apenas aventura. Mas depois de testemunhar a degradação do meio ambiente em suas formas mais gritantes, acabou se aproximando da ciência, tornando-se um pesquisador de campo com uma habilidade extra: pilotar aeronaves pequenas em condições extremas, o que lhe permite chegar a locais isolados e de difícil acesso. Apesar de ter visto as paisagens mais exuberantes do planeta, foi no Brasil que resolveu morar com a mulher Margi – companheira nas expedições – e fixar residência logo que chegou por aqui, no início dos anos 1980. Em entrevista ao Caderno de Sustentabilidade, Gérard Moss fala de suas aventuras aéreas pelo mundo, da paixão pelo Brasil e pela Amazônia, e do seu envolvimento em pesquisas científicas. Fala, também, sobre a segunda etapa do projeto Rios Voadores, voltada para a educação ambiental. Nesta fase, realizada inicialmente junto a escolas da rede pública de ensino de Manaus, o objetivo é capacitar professores para conscientizar os jovens da região sobre a importância da preservação da floresta para o país e para o equilíbrio do clima em todo o planeta. “Procuramos mostrar que a Amazônia, além de todas as riquezas visíveis que produz, nos dá outra, invisível, e talvez mais valiosa: o vapor d’água”, diz. Você e a Margi viajaram o mundo, porém acabaram se fixando no Brasil. Por que o Brasil? O que fez com que vocês resolvessem ficar? Gérard Moss – Eu e a Margi nos encontramos em Búzios, Região dos Lagos fluminense, há pouco mais de 25 anos. Ela chegou ao Brasil primeiro, em 1979. Eu cheguei em 1982. O que
mais me chamou a atenção foi o povo brasileiro. O calor humano que eu não vi nem em Hong Kong, onde morei antes, ou na Europa, menos ainda. A partir do momento em que conhecemos mais o país e o comparamos com outros, confirmamos nossa opinião de que era o melhor lugar para morar. Entre 1989 e 1992, eu e ela demos a volta ao mundo de avião. Depois disso, decidimos ficar no Brasil. São poucas as pessoas que têm a sorte de conhecer 60 países para poder escolher o lugar que mais gosta. Como vocês se envolveram em causas ambientais? A primeira volta ao mundo que fizemos foi em um avião de pequeno porte, voando em baixa altitude, a uma altura que eu chamo de ‘humana’, pois a gente vê claramente as belezas – e quanto mais aprecia, mais ama a natureza – mas também vê o estado de destruição da terra. E a nossa vontade de fazer alguma coisa para mudar isso foi crescendo. A partir daí, ao longo dos anos, temos inventado projetos que sempre casam com a aviação, que é o meu xodó, com a ciência, a pesquisa, a descoberta. Você passou de mero observador a ambientalista... Sim. Todas as pessoas que amam a natureza, no fundo, são ambientalistas. No nosso caso, não nos contentamos em ficar só observando. Pensamos de fato em tentar ‘fazer a diferença’. Especialmente, em relação ao tema ‘água’. Quando começou o seu interesse pela água e por quê? Em muitos países da África e da Ásia a falta de água é flagrante. Mas é um problema do mundo inteiro, cada vez mais crescente. Ainda no início dos anos 2000, eu notei que poucas pessoas no Brasil se davam conta ou percebiam a importância estratégica da água que possuem;
que o Brasil, antes de carnaval e futebol, é um ‘país de água’; que o papel que o Brasil vai desempenhar no mundo, no futuro, vai se basear na quantidade de água que possui e na maneira como vai administrá-la. O projeto Brasil das Águas surgiu, então, da ideia de que o Brasil é, em essência, um ‘país de água’. Começamos a pesquisar a situação dos rios brasileiros, mas ao mesmo tempo tentamos mostrar às pessoas que elas devem ter orgulho de ainda possuir grandes reservas estratégicas de água limpa. O avião foi a solução mais eficiente encontrada para percorrer esse território enorme. Levamos 14 meses voando pelo país, cobrindo uma distância equivalente a duas vezes e meia a volta ao mundo, para coletar água de diferentes rios e pesquisar mais de mil pontos. Essa foi a primeira vez que vocês colaboraram em pesquisa científica? Foi a segunda. A primeira vez foi em uma pesquisa de âmbito mais global, quando fizemos a primeira volta ao mundo, a bordo de um motoplanador Ximango, fabricado pela Embraer. Essa viagem teve três objetivos. Primeiro, testar o desempenho da aeronave da Embraer em condições adversas. Segundo, transmitir imagens para a televisão (fizemos uma parceria com a TV Globo e com a Embratel, e enviamos as primeiras imagens ao vivo na história da televisão brasileira, feitas a bordo de um avião em voo). E o terceiro objetivo, de cunho científico, medir o teor de ozônio em diferentes altitudes e locais. Sobrevoando o Brasil de alto a baixo, qual foi o crime ambiental mais aterrador que vocês testemunharam? Sem dúvida, as queimadas em grande escala, na região sul da Amazônia. Sobre o desmatamento, eu gostaria de ressaltar que o mais deprimente é que, a cada voo que faço, sem exceção – e eu voo o tempo TN Petróleo 102
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inteiro sobre a Amazônia – tem um pedaço de mata faltando, que virou fumaça, ou que virou pasto. Isso é terrível, porque quando vemos o desmatamento de perto, ele deixa de ser apenas uma estatística que tomamos conhecimento todos os meses pelo noticiário e se torna uma realidade triste, impactante. Ao mesmo tempo, é um motivo a mais para mim e a Margi continuarmos batalhando para alertar o povo brasileiro, pois ele ainda não se deu conta da importância de preservar a floresta. Em relação aos rios, o que mais chamou sua atenção durante os sobrevoos? Nem sempre a degradação é visível. Mas alguns rios, como o Iguaçu, no Paraná, por exemplo, quando nasce, perto de Curitiba, já é totalmente poluído. A água das represas existentes ao longo do seu curso é completamente verde. É uma visão horrível. Como sobrevoei, pousei e naveguei por milhares de rios, o que mais me chamou a atenção é que o mundo já não tem os rios que o Brasil tem. A Europa, por exemplo, não possui mais rios naturais. O Brasil tem o Araguaia e o Guaporé, onde a gente ainda consegue navegar da nascente até a foz. Percorri mais de 2,5 mil quilômetros de voadeira nesses rios, conhecendo de perto um tesouro que o país tem de sobra: biodiversidade. Por isso o projeto Brasil das Águas foi tão importante para mostrar o quanto o Brasil ainda tem de água boa. Mas isso não pode ser visto a olho nu, nem do alto. Nos primeiros dois anos de pesquisa, usamos um hidroavião. Mas depois, em alguns rios selecionados, fizemos as medições indo por terra e por água. Percorremos 8 mil quilômetros de voadeira em pouco mais de um ano. Coletando material científico, de um lado, e trabalhando com educação ambiental junto aos ribeirinhos, de outro. 62
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Fotos: Gerard Moss
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Rio araguaia
Rio JURUÁ com nuvens de vapor Percebemos que os habitantes das margens do São Francisco ou do Araguaia, muitas vezes não sabiam de onde vem o rio e para onde ele vai. Foi uma grande emoção para nós projetar em um telão, ou às vezes na parede da igreja de algum vilarejo, as imagens aéreas dos rios em toda a sua extensão e beleza. Também mostramos a essas pessoas o quanto elas são importantes para o Brasil, ao preservarem as águas. Foi um projeto simples, sem muita tecnologia, mas que nos tocou bastante, especialmente durante a fase de mais contato com a população. Como surgiu o projeto Rios Voadores e por quê? O projeto começou em 2006. Teve dois pontos de partida. O primeiro, é que há anos sobrevoando a Amazônia, eu sempre via pequenas nuvens se formarem sobre as árvores, depois da chuva. E fiquei curioso em saber para onde ia esse vapor d’água, e qual a quantidade. O segundo ponto de partida foi um encontro, na mesma época, com o professor Antonio
Nobre, do Inpe. Nós nos conhecemos em um evento, a bordo de um navio, e eu aproveitei a sabedoria deste cientista, que estava ali bem perto, para perguntar sobre o vapor d’água. Ele, então, me disse: esse vapor é como um rio voador. E me mostrou a expressão em um trabalho do José Marengo, da década de 1980, onde ele se referia ao fenômeno... e viramos parceiros. Liguei, então, para o Marengo e perguntei se podia usar o termo para dar nome ao projeto. Ele respondeu que sim, e o convidei para participar também. Foi uma presença importante, pois ele teve a ideia de usar isótopos para definir as origens do vapor d’água e isso foi fundamental para a pesquisa. A primeira fase da coleta de dados começou em 2007, durou três anos, e foi feita de avião. A partir de 2011, passamos a utilizar um balão de ar quente. Foi uma mudança importante, sobretudo para estudar as origens do vapor d’água. Coletando amostras de avião, mesmo a certa altitude, o deslocamento de ar produzido pela
aeronave causava interferência no resultado. Precisávamos garantir amostras mais puras. Aí usamos o balão por dois anos. Voávamos bem perto das copas das árvores, encostando nos galhos, tocando as folhas, percebendo o funcionamento daquilo que chamamos de ‘bomba biótica’, sentindo o cheiro da floresta. Às vezes o silêncio era total, quebrado apenas pelo som do maçarico. Foi um período mágico. Em minhas palestras costumo dizer que, se eu pudesse levar duzentos milhões de brasileiros para um passeio de balão na Amazônia, o problema do desmatamento estaria resolvido. Você acompanhou a trajetória dessas correntes, desde sua formação até o destino final. Como foi a experiência? O projeto, incialmente, fazia a coleta de vapor d’água em todo o país. Segundo o professor Antonio Nobre, os rios voadores transportam diariamente para o sudeste, a mesma quantidade de água que o maior rio do mundo em vazão, que é o Amazonas. Mas além das coletas, eu queria seguir uma dessas correntes aéreas. E fiz isso com a ajuda das equipes do Inpe e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que me passavam as informações necessárias. Isso foi em 2009. Eu ficava em terra aguardando, com muito entusiasmo e com o avião pronto para partir, um telefonema do pessoal do Inpe, avisando onde havia um rio voador. Eu, então, decolava correndo para não perdê-lo. Mas por várias vezes, não deu certo. Até eu chegar ao local, já havia se dissipado. Porém, no dia 4 de fevereiro de 2008, decolei de Belém, no Pará, e consegui, pela primeira vez, acompanhar um rio voador. Fiz a rota de Santarém, Manicoré, Porto Velho, Vilhena, Cuiabá, Pantanal, e depois de sete dias cheguei a São Paulo, seguindo a mesma massa de ar, com
A Amazônia precisa ser valorizada, não só pelo próprio povo amazônico, mas por todos os brasileiros. O que vai acontecer na Amazônia nos próximos anos irá afetar diretamente as economias e o bem-estar da população. muito mais do que já está acontecendo hoje no Sudeste.
todos os indicadores meteorológicos confirmados. Durante a viagem, não parei de coletar amostras e depois de aterrissar, revelamos os resultados para a imprensa, que estava esperando. A quantidade estimada de vapor d’água que chegou a São Paulo naquele dia foi a mesma de um rio São Francisco. Se fosse possível coletar toda a água daquele rio voador, o total equivaleria ao consumo de São Paulo por 152 dias. É importante ressaltar que umidade é diferente de chuva. Vapor d’água é um potencial de chuva. E os paulistanos não sabiam que na cidade, a 100 km do litoral, várias vezes durante o ano, o vapor d’água não vem do Atlântico, mas da Amazônia, a muitos e muitos quilômetros de distância dali. Pesquisas têm demonstrado que existe relação entre o desmatamento na Amazônia e as secas que vêm se agravando nos últimos anos no Brasil. Em seus voos mais recentes, observou alguma redução no volume
de vapor d’água transportado pelas correntes aéreas? Não observamos de avião, exatamente. Monitoramos à distância os rios voadores em 40 cidades do Brasil, há cerca de quatro anos. É claro que é um histórico muito pequeno para uma conclusão definitiva, mas o que observamos nesse curto período foi que nos anos de 2013 e 2014, quando começou o agravamento dessa seca terrível no Sudeste, a quantidade de rios voadores em algumas cidades, como Brasília, Belo Horizonte e Uberlândia, foi bem menor. Em Brasília, a redução chegou a 50%. Então, não temos ainda uma conclusão, mas parece existir uma relação entre a quantidade de rios voadores que chega ao Sudeste e a falta de chuva. Os dados da pesquisa estão sendo estudados pelo Inpe? Sim. O Inpe é um grande parceiro e atualmente me tirou do circuito da pesquisa de campo. Antes, eu precisava voar centenas de horas coletando amostras. Agora, não. As modelagens computacionais desenvolvidas permitem, à distância, saber tudo sobre o deslocamento das massas de vapor d’água. Hoje é fácil localizar e acompanhar a trajetória de um rio voador só pelo computador, sem precisar de avião. Em sua opinião, a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, que provocam o desmatamento de áreas extensas e alteram a dinâmica dos rios, pode estar contribuindo para o agravamento da seca no Sudeste e das enchentes em Rondônia e no Acre? Bem, é importante ressaltar que eu não sou cientista, mas sei que o desmatamento nesses casos é sempre anunciado como sendo menor do que de fato é. Particularmente, acho muito perigoso fazer retenção de água em terrenos planos como os da AmaTN Petróleo 102
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zônia. Já vi de avião vários trechos – perto de Jirau, por exemplo – que não iriam ser alagados a princípio, mas foram. O maior problema é que, quando se calcula o custo-benefício de uma hidrelétrica, nunca é incluído o valor de um rio natural. Nunca se coloca na equação a perda da biodiversidade, a perda de uma espécie de peixe que sustenta centenas de famílias locais. O preço de um peixe que vive naturalmente em um rio como o Araguaia – e eu amo esse rio – é inestimável. Daqui a pouco não vai existir mais. Só vai ter peixe criado em cativeiro. De acordo com a nossa pesquisa, o Araguaia é o rio brasileiro com maior biodiversidade, com alto índice de fictoplantons e bacterioplanctons. Sobrevoamos recentemente a área do Teles Pires e do Juruena, que são limpos, em uma região belíssima, e vimos as obras das hidrelétricas. É horrível constatar como uma barragem pode afetar a saúde de um rio. E quando nos damos conta de que no Brasil ainda há grandes rios naturais, seria importante, ao planejar a construção de uma hidrelétrica desse tamanho, que calculassem a perda de biodiversidade. Temos que preservar os rios naturais. Na Europa, já não existem. É uma riqueza que o Brasil precisa guardar para as futuras gerações. Não podemos cometer os mesmos erros que os europeus. A população brasileira está vivendo as consequências de uma crise hídrica e energética jamais vistas. Em sua opinião, um colapso das águas está perto de acontecer? O que fazer, no curto prazo, para evitar? Em uma cidade como São Paulo, acredito que não falta muito para ocorrer um colapso. Fiquei surpreso pelo fato de as autoridades não terem proposto um racionamento logo no início. Estive conversando com um colega australiano e ele me disse que, se na Austrália os reservatórios 64
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ficassem abaixo de 50%, seria considerado situação de emergência, haveria uma mobilização total para reverter isso. Em São Paulo, os reservatórios chegaram a quase zero e não fizeram nada. Isso é muito grave. Falta a consciência de que talvez tenhamos que racionar água no futuro, para sempre. O consumo só vai aumentando, e a oferta diminuindo. A situação que enfrentamos, a essa altura, não vai se reverter tão rápido. O racionamento deveria ter começado há dois, três anos. Só assim as pessoas dariam valor à commodity água. Ao mesmo tempo, há também o fato de que São Paulo perde de 30% a 35% de água tratada em vazamentos nas tubulações. Isso é crime. Como convencer o consumidor a economizar ou propor um racionamento, se a Sabesp joga fora bilhões de litros de água todos os dias e todo mundo sabe disso? Então, a má gestão é outro fator de agravamento da crise que precisa ser solucionado com urgência. O projeto Rios Voadores entrou em sua segunda fase, de educação ambiental. Como tem sido o trabalho de capacitação de professores na Amazônia e como os jovens amazonenses reagem ao saber que, além de todas as riquezas conhecidas, a floresta onde moram também exporta vapor d’água – bem imensurável – e contribui para o equilíbrio do clima do país? A Amazônia precisa ser valorizada, não só pelo próprio povo amazônico, mas por todos os brasileiros. O que vai acontecer na Amazônia nos próximos anos irá afetar diretamente as economias e o bem-estar da população, muito mais do que já está acontecendo hoje no Sudeste. Nessa segunda fase do projeto, nós usamos os Rios Voadores como uma espécie de fio condutor para tratar de assuntos relacionados. Nosso objetivo é fazer o jovem pensar:
se existe toda essa água circulando no ar, de onde vem, para que serve, para onde vai? Trabalhamos com dados simples, mas que impactam as pessoas. Ninguém na Amazônia se dá conta, por exemplo, de que uma árvore de grande porte, com mais de 20 metros de altura, pode evaporar uma tonelada de água por dia. São 20 bilhões de toneladas, ou 20 trilhões de litros de água que a bacia amazônica coloca diariamente na atmosfera. Isso dá uma ideia da importância que a Amazônia tem para o clima, para a economia e para o bem-estar do país. O Rios Voadores começou na região Sudeste, que é a receptora do vapor d’água, porque queríamos que as pessoas desses estados soubessem como e o quanto estão sendo beneficiadas pela Amazônia, que é a região doadora. O amazonense, que na outra ponta é o foco desta segunda fase do projeto, tem bastante consciência da necessidade de preservar a floresta, e se sente orgulhoso em dar essa contribuição ao país. Todos eles sabem que se a floresta acabar, o Brasil também acaba. Usamos exemplos simples para sensibilizar os alunos, e fazemos projeção de vídeos de animação para complementar o aprendizado. Para crianças de 6 a 10 anos, produzimos um livro chamado Rios que voam. Para o público de 10 a 16, o método usado é um pouco mais complexo. Falamos mais sobre economia e sobre a situação global do Brasil. É muito gratificante chegar a uma sala de aula e perguntar aos alunos: vocês acham que os rios voam? A maioria responde que não. Aí, nós mostramos o contrário e eles ficam fascinados. Desde 2010, o projeto Rios Voadores de educação ambiental capacitou 3,8 mil professores, e atingiu diretamente um total de 150 mil alunos. Meu sonho é alcançar a meta de um milhão de crianças.
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s bicicletas estão cada vez mais adaptadas à realidade dos latino-americanos, diante das horas intermináveis desperdiçadas no trânsito, do transporte público muitas vezes deficiente e em meio à busca por uma vida mais saudável. Cerca de 450 milhões de pessoas vivem nas cidades da América Latina, e a maioria delas enfrenta diariamente os engarrafamentos e a poluição atmosférica decorrentes da motorização crescente: 70% das emissões de CO2 das grandes cidades provém de carros e motos. A América Latina já conta com 12 cidades que, juntas, oferecem uma rede de mais de 12 mil bicicletas públicas, ajudando a incrementar seu uso. Cidades argentinas, como Rosário e Córdoba, contaram com o apoio direto do projeto de transporte sustentável e qualidade do ar
Foto: Bco Mundial/Mariana Kaipper Ceratti
Banco Mundial incentiva uso de bicicletas como meio de transporte na América Latina
do Banco Mundial. Entretanto, enquanto cidades como Bogotá e Rio de Janeiro contam com o recorde de quilômetros de ciclovias, não existem redes institucionalizadas na maioria dos países da América Central. Com o sistema Bike no Rio, mais de 5,6 milhões de deslocamentos já foram feitos em bicicleta, segundo dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o que significa uma economia de mais de 2.000 toneladas de CO 2. Em São Paulo
foi inaugurado no último domingo (28) a ciclovia da avenida Paulista, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a administração municipal atual inaugurou 233,9 km de ciclovias desde junho de 2014 – a meta é alcançar 400 km até o final da gestão. Mais bicicletas, menos carros – Em Buenos Aires, o impacto da bicicleta vem sendo crucial para que os deslocamentos pela cidade não sejam um fator de estresse ou perda de tempo. Cerca de 180.000 pessoas usam a bicicleta como meio principal de seus deslocamentos diários ou como complemento de outras opções, como o metrô, trens ou ônibus. Assim, se o automóvel é o meio de transporte mais ineficiente, mais caro e mais desigual, a bicicleta é o oposto – é econômica e gera relações mais igualitárias.
WWF-Brasil lança estudos que apontam os desafios e oportunidades às energias alternativas renováveis no país
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WWF-Brasil lançou no dia 29 de junho dois estudos: um sobre energia eólica e outro sobre energia solar fotovoltaica, que fazem parte da série ‘Potencial de energias alternativas para o Brasil: oportunidades e desafios’. Estes estudos podem auxiliar o Brasil no melhor aproveitamento de seu potencial energético a partir de fontes renováveis alternativas. Há três anos, o Brasil tem acionado sistematicamente usinas termelétricas (UTEs) movidas a combustíveis fósseis, devido à baixa dos reservatórios das hidrelétricas que são responsáveis por cerca de 70% da geração elétrica no país, incidindo no aumento de gases de efeito estufa e nos custos de geração de energia. “Existem alguns entraves econômicos e políticos que dificultam um maior avanço das energias solar
Foto: Divulgação
Crise energética retrata a falta de investimento em fontes alternativas mistas e complementares.
e eólica, mas com planejamento e decisões mais assertivas, o Brasil pode avançar de forma significativa no melhor aproveitamento de todo este potencial energético e garantir maior diversificação da matriz elétrica brasileira, o que traria maior segurança ao sistema e maiores benefícios eco-
nômicos e socioambientais”, afirma André Costa Nahur, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil. Segundo os estudos, embora estas fontes estejam em estágios de desenvolvimento bastante distintos, todas tiveram um impulso inicial com a realização de leilões exclusivos para promovê-las. O leilão exclusivo de energia eólica em 2009 contribuiu para dar um impulso à expansão desta fonte que hoje é uma das alternativas renováveis que mais cresce no Brasil. E a energia solar fotovoltaica, que está em um estágio inicial de desenvolvimento, deu um primeiro passo importante com a realização do 6º Leilão de Energia de Reserva em outubro passado, que resultou na contratação de 889,7 MW em projetos de energia solar fotovoltaica, dando início ao seu processo de inclusão na matriz elétrica nacional. TN Petróleo 102
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Itaipu assina acordo para desenvolver protótipo de bateria de lítio nacional Protótipo poderá ficar pronto em dois anos, preveem parceiros. Acordo envolve Itaipu, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e empresa inglesa Mira.
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desenvolver aqui no PTI uma bateria escalável, que poderá ser utilizada tan to em veículos elétricos como em sistemas de armazenamento de energia”, antecipou Margaret Groff. “Outra proposta é criar no Brasil uma rede de serviços de alta complexidade na área de bateria... porque hoje, se você compra uma bateria de lítio no exterior, muitas vezes tem de mandar esse produto para fazer manutenção fora do país. Queremos prestar esses serviços aqui, e não no exterior ”, reforçou ela.
Produção em escala pela indústria – Escolhido o modelo, a parceria desenvolverá o primeiro protótipo, o qual poderá ser levado para produção em escala pela indústria nacional. “Hoje, a bateria de lítio é usada sobretudo em veículos e nas telecomunicações. Queremos
Pioneirismo permitiu parceria – Para Armando Canales, a aproximação da Mira com Itaipu foi natural. “Achamos que
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Foto: Rubens Fraulini, Itaipu Binacional
m apenas dois anos o Brasil já terá condições de produzir a primeira bateria de íons de lítio com tecnologia nacional. O anúncio foi feito no dia 28 de maio, em Foz do Iguaçu (PR), pela diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, durante a assinatura de um acordo de cooperação global entre a Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e a empresa inglesa Mira Limited, uma das mais importantes consultorias mundiais do ramo de pesquisa de veículos híbridos e elétricos. Também participaram da cerimônia, no Edifício das Águas, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, o diretor-geral da Mira do Brasil, Armando Canales, e o diretor-superintendente da FPTI, Juan Carlos Sotuyo. A parceria tem como objetivo final a instalação, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), de um centro de excelência para pesquisa de bateria de lítio, inédito no Brasil. Inicialmente, já a partir da assinatura, nos primeiros três meses, serão feitos estudos de prospecção junto à indústria nacional, para definição do modelo de bateria a ser adotado.
trabalhar em conjunto com Itaipu e o PTI, que são pioneiros no Brasil no desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos, e também na área de armazenamento de energia, representa o perfeito casamento de competências para a criação desse centro de excelência.” Jorge Samek disse que a parceria representa um passo importante para a região, que está se tornando um celeiro de tecnologia com gente capacitada em todas as áreas. “Isso comprova que os recentes investimentos no oeste do Paraná, especialmente em universidades e centros de pesquisa, já começam a apresentar resultados importantes”, afirmou. Segundo ele, a parceria com a Mira, uma gigante da tecnologia, faz parte desse processo. “Se o mundo é global, nossa cabeça também tem que ser global”, comentou.
Prysmian expande linha de cabos sustentáveis com o Plástico Verde da Braskem
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linhada às principais frentes de desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, a Prysmian, maior fabricante mundial de cabos elétricos e de telecomunicações, expande a sua linha de cabos Afumex Green, com o novo componente Afumex Green 1kV (1.000 Volts). Referência em segurança e qualidade, o lançamento utiliza, em sua isolação, o Plástico Verde I’m green™ da Braskem, maior petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros. Desenvolvido a partir da cana-de-açúcar, o material é renovável e capaz de capturar CO2 em seu processo produtivo. “A preocupação com sustentabilidade está no DNA da Prysmian. Com este lançamento, aumentamos nossa gama de produtos verdes. Inovamos ao apresentar, há três anos, o primeiro cabo ecológico do mundo, o Afumex Green 750V. Agora, com a extensão da linha para o Afumex
Foto: Divulgação
Família Afumex Green cresce incluindo cabos da classe de tensão 0,6/1kV (até 1.000V).
Green classe de tensão 0,6/1kV, seguimos com nosso compromisso de sempre oferecer ao mercado inovações tecnológicas no segmento de fios e cabos. O próximo passo é ampliar o uso do polietileno de origem renovável para famílias de cabos de concessionárias para distribuição de energia em redes aéreas e subterrâneas”, declara Humberto
Duplat Paiva, diretor comercial da Prysmian. Os cabos Afumex Green 1kV atendem às exigências das normas (NBR5410 e NBR13570) para instalações elétricas em locais com grande concentração de pessoas e, até mesmo, em ambientes confinados, uma vez que não propaga chama em caso de incêndios e tem baixa emissão de fumaça e gases tóxicos. Além disso, são utilizados para energizar máquinas, equipamentos e iluminação em geral, sendo aplicáveis em estádios, aeroportos, shoppings, escolas, edifícios comerciais e residenciais, entre outros. Para apresentar ao mercado o novo Afumex Green, a Prysmian investiu R$ 10 milhões em Pesquisa & Desenvolvimento e em equipamentos para produção. A nova geração dos cabos será produzida nas fábricas de Sorocaba e Santo André (SP), a partir de maio, e será destinada a toda a América do Sul.
Brasil recebe primeira frota de ônibus a hidrogênio
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estado de São Paulo recebeu no dia 15 de junho a primeira frota brasileira de ônibus a hidrogênio para transporte urbano no país e da América do Sul. Os três coletivos, livre de emissão de poluentes, fazem parte de projeto dirigido pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Os veículos inaugurados não emitem poluentes, utilizando apenas vapor d’água que é eliminado pelo escapamento dos ônibus. Os ônibus também apresentam 45% de energia renovável – contra 14% do resto do
Foto: Divulgação
Projeto representa o futuro da mobilidade sustentável no país.
mundo –, colocando o país em uma posição de destaque mundial. Além do Brasil, os únicos países capazes de desenvolver e operar ônibus com tal tecnologia são Alemanha, Canadá e Estados Unidos. Representando a futura geração da mobilidade sustentável, os cole-
tivos já em circulação foram estampados com imagens de três pássaros da fauna brasileira, o ararajuba, o sabiá-laranjeira e o tuiuiú. O projeto foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Agência Brasileira de Cooperação (ABC), direção do Ministério das Minas e Energia, e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e da Agência Brasileira de Inovação (Finep). TN Petróleo 102
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Braskem economiza R$ 154 milhões com tratamento e reúso de água Desde 2006, o espaço é reconhecido como área de preservação ambiental da Mata Atlântica e pelo trabalho de educação com crianças da comunidade.
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om investimentos de mais de R$ 250 milhões em projetos de eficiência hídrica desde 2002, a Braskem, maior petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros, figura hoje como uma das companhias de referência na gestão de recursos naturais do setor químico em todo o mundo. O consumo de água da empresa é seis vezes inferior à média da indústria química internacional, segundo dados do International Council of Chemical Associations (Icca). Na Braskem, o índice de consumo de água em 2014 foi de 2,16 m3 por tonelada, enquanto a média da indústria química mundial é de 25,9 m3 por tonelada. O aporte realizado desde a criação da companhia, em 2002, resultou em uma economia acumulada da ordem de R$ 154 milhões na redução de custos com tratamento de efluentes líquidos e na demanda pelo recurso hídrico. “O crescimento populacional e econômico ocorrido nos últimos 50 anos triplicou o consumo de água no planeta – apenas 2,5% do total de água existente na Terra são aproveitáveis para o uso. Precisamos ainda considerar que questões de inviabilidade técnica e econômica podem fazer com que essa pequena parcela do insumo natural
seja desperdiçada”, diz Jor ge Soto, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem. “Por isso, a empresa tem na eficiência hídrica um de seus objetivos prioritários de atuação”, explica. Como fruto desse compromisso, a empresa atingiu indicadores importantes. O índice de geração de efluentes líquidos diminuiu 34% nos últimos 12 anos, representando uma redução acumulada de R$ 154 milhões, principalmente com tratamento de efluentes Incentivo à inovação – A utilização consciente de água conta com os resultados de dois grandes projetos de reúso em andamento na Braskem. Um deles é o Aquapolo, criado em 2010 e que abastece o Polo Petroquímico do ABC, em São Paulo. Este projeto é responsável pelo tratamento de água proveniente de esgoto para utilização em fins industriais. Outra iniciativa, inaugurada em dezembro de 2012, é o Água Viva, fruto de uma parceria entre a Braskem e a Cetrel. Com um investimento superior a R$ 20 milhões, a iniciativa possibilita
reduzir também o uso de energia elétrica com a substituição de métodos antigos de tratamento de água fluvial e efluentes por um processo único de reaproveitamento. Entre 2011 e 2014, o percentual de reúso total de água (proveniente de chuva, efluente industrial e esgoto doméstico tratados) aumentou em 55%. Entre 2013 e 2014, foram reutilizados 38,7 milhões de m3 de água, liberando para as cidades o consumo de um volume equivalente a 15 mil piscinas olímpicas, suficientes para suprir o consumo anual de uma cidade de cerca de 500 mil pessoas. Em Duque de Caxias (RJ), um projeto de reúso e redução de água desenvolvido por um colaborador será responsável por reduzir, a partir deste ano, o consumo de 22,6 mil m3 de água e promover o reúso anual de um volume de 40,1 mil m 3 desse insumo. Idealizada em 2013, a iniciativa consiste no reaproveitamento de água utilizada em processos produtivos, que antes era descartada como efluente, para uso nas torres de resfriamento das plantas. A implementação do projeto resultou em uma economia de R$ 291 mil por ano. O percentual de água economizada destinado ao reúso equivale ao consumo diário de mais de mil pessoas.
A SUA CONTRIBUIÇÃO
NOS AJUDA A 68
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AJUDÁ-LOS.
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Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico A definição de inovação é diferente daquilo que a maioria das pessoas pensa. Inovação envolve a criação de novas ideias, processos ou produtos que, quando colocadas em prática, resultam efetivamente em mudanças positivas. Ou seja, uma inovação vai além de uma invenção... requer a implementação (ser colocada em prática) e a criação de um sistema de valor (ser colocada no mercado).
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história tem alguns ícones da inovação que mudaram o rumo da humanidade. Por exemplo, John Davison Rockefeller, Henry Ford, Thomas Alva Edison, os irmãos Orville e Wilbur Wright e Steve Jobs. Esses célebres empreendedores foram capazes de tornar uma ideia em um modelo inovador de negócio. É importante aqui definir o caráter especial dessas pessoas. Existem muitos inventores brilhantes. No entanto, sem uma visão de modelo de negócio, eles serão mais um entre milhões. Rockefeller não foi o primeiro descobridor do petróleo; ele criou um modelo inovador de negócios controlando a produção, processamento e distribuição. Ford não foi o inventor do automóvel; ele criou um modelo inovador de produção em massa e um modelo para tornar seu produto acessível a milhares de pessoas. Edson não foi o grande inventor do sistema de geração de energia elétrica – no caso, não era nem ao menos o melhor (vide a história de Nikola Tesla e a “guerra” entre alternating current e direct current); no entanto, ele inovou ao criar um modelo viável de geração centralizada e distribuição de eletricidade (utilities). Os irmãos Wright não foram os inventores do avião e também não foram os primeiros a decolar e manter um avião motorizado no ar: tecnicamente eles são reconhecidos por inovar com um sistema de controle para dirigibilidade; eles inovaram mesmo foi na negociação de suas patentes, percentual na nova empresa e royalties por aviões vendidos. Steve Jobs não inventou o computador ou o telefone, mas criou um modelo inovador de microcomputador com sistema operacional amigável (Macintosh) e um audacioso modelo de fornecimento de novidades eletrônicas ao mercado. Insisto em mostrar que invenção e inovação são coisas bem diferentes. Criar valor é o objetivo do inovador. Criar para trazer mudanças à sociedade. Grandes modelos inovadores resultam na interrupção e destruição de modelos tradicionais de mercado. A história está
Doneivan F. Ferreira é diretor do Instituto Capital Intelectual (C3i) e pesquisador do CNPq.
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suplemento especial
A bateria PowerWall armazena energia e abastece a casa em momentos mais oportunos
Conjunto de baterias para neceesidades especiais (ex. prédios)
repleta de brilhantes inventores e autodidatas com capacidade de desenvolver pesquisas sistematizadas. Eles sempre estiveram entre nós. No entanto, não eram capazes de desenvolver seus negócios... inclusive Santos Dumont (é por isso que seu nome não foi listado acima). Cenário atual – O mundo encontra-se em uma grande encruzilhada, discutindo como resolver seus problemas de oferta de energia e pressão da sociedade resultante da preocupação com impactos ambientais. Além disso, existe uma parte do mundo que precisa se desenvolver e carece de oferta de energia (leia-se África). Lembro que mesmo no Brasil existem cerca de 260 mil domicílios sem acesso à eletricidade. Sem energia não há renda, desenvolvimento, infraestrutura, saúde, educação etc. Desenvolver essas regiões não é apenas uma obrigação moral, é uma questão de segurança para a sociedade como um todo. Todavia, o preço do longo e 70
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sistemático descaso do resto do mundo carrega consigo enorme custo ambiental. Como exemplo do impacto ambiental resultante do rápido desenvolvimento de países não industrializados, observem o preço ambiental sendo pago com a China e a Índia. Elon Musk – Elon Musk é engenheiro e inventor norte-americano, nascido em 1971. Ele é mais conhecido como o grande empreendedor por trás das empresas SpaceX, Tesla Motors, SolarCity e PayPal. E se destaca dos milhões de empreendedores mundiais pelas seguintes características: capacidade de elaborar modelos conceituais com variáveis técnicas (a invenção) e econômicas (viabilidade e mercado); assumir grandes riscos, apostando seu legado, fortuna e tempo com paixão e comprometimento total. Musk tornou-se bilionário com o bem-sucedido modelo de pagamento via internet PayPal. Arriscou sua fortuna e reputação em um modelo de transporte de suprimentos e astronautas para a Estação Espacial Internacional (SpaceX), o que reduziu o custo da atividade, até então só feita pela Nasa e Rússia, em 320%. Muitos o chamaram de louco pretencioso. Musk investiu no empreendimento de seus primos, a SolarCity, criando o maior provedor de serviços de energia solar do mundo. Outro empreendimento de destaque é uma linha de carros elétricos de alta performance (< 650 hp) com a promessa de abastecimento gratuito ilimitado de sua empresa Tesla Motors. A criação de um caminho alternativo para a sociedade: a grande inovação – No início de maio de 2015, Elon Musk anunciou que sua empresa Tesla Motors viabilizou um novo modelo mundial de energia descentralizada e descarbonizada. Seu modelo envolve a captação de energia por painéis fotovoltaicos e sistema de armazenamento e gerenciamento de eletricidade, o PowerWal. Ou seja, ele uniu sistemas mais eficientes de captação de energia fotovoltaica de sua experiência com a SolarCity e um sistema de bateria recarregável de lítio com controle térmico líquido, fruto de sua experiência com a Tesla Motors. Seu modelo inovador torna cada usuário em gerador e põe em risco o modelo tradicional de geração centralizada, transmissão e distribuição inaugurado por Thomas Edison.
O anúncio da Tesla inclui: 1. Fornecimento imediato do PowerWall por US$ 3,500.00 e US$ 3.000,00 (10 kWh e 7 kWh). O PowerWall é um painel medindo 1,3 m x 0,86 m x 0,18 m, pesando 100 kg, que pode ser fixado na parede interna ou externa de uma residência. O sistema pode acrescentar até nove unidades para aumento de capacidade. 2. Sistemas para condomínios, shoppings etc. 3. Gigafactory, suprindo 50 GWh em áreas estratégicas. 4. Tudo em open source, ou seja, não há cobrança de royalties ou proteção de propriedade intelectual. Todos podem ter acesso à tecnologia para criar melhorias ou novos produtos. Os impactos esperados são de grandes proporções. Tenham em mente que, hoje, a matriz elétrica mundial depende em cerca de 80% de termelétricas para gerar energia por queima de combustíveis fósseis. A eletricidade é transmitida por milhões de quilômetros de linhas de alta tensão e distribuída por um emaranhado de redes elétricas municipais e rurais. Com isso, a geração de energia elétrica centralizada é uma das maiores responsáveis pelo lançamento de CO2 na atmosfera. Elon Musk acaba de dar um passo efetivo para a descarbonização da matriz energética mundial. Isto é um marco histórico! Todos os que nasceram antes de 1985 se lembram dos telefones fixos e orelhões. O brasileiro precisava comprar uma linha fixa caríssima, a qual demorava a ser instalada. Algumas pessoas viviam do aluguel de linhas particulares para terceiros. Nos últimos anos, o modelo de telefonia mudou drasticamente deste modelo de telefones fixos com linhas aéreas e subterrâneas para o sistema de telefonia móvel (celular). Alguns países asiáticos nem passaram pela experiência da telefonia fixa e implementaram diretamente a telefonia móvel. O mesmo está prestes a acontecer com o modelo de fornecimento de energia elétrica. A Tesla pode fornecer energia em lugares remotos, onde nunca houve uma central geradora, redes de transmissão ou distribuição. O sistema apresentado pode suprir metrópoles, fábricas, prédios, shopping centers etc. Pode também reduzir ou cancelar o uso de geradores com motores a combustão. Conclusão – Enquanto o mundo esperava a viabilização técnica e econômica da fusão nuclear (não confundir com fissão nuclear), Elon Musk conseguiu viabilizar o uso do melhor e mais conveniente gerador de fusão nuclear: o Sol. Painéis solares
O PowerPack é um conjunto de baterias maiores fabricadas para fornecer energia até mesmo para indústrias e serviços
A Tesla Gigafactory 1, localizada em Reno, Nevada (EUA), foi projetada para fabricar baterias de íons-lítio
geram a energia localmente e o PowerWall armazena e gerencia seu uso. O mundo já começou a pensar nesta inovação e em seus potenciais impactos. Podem acreditar... os impactos serão significativos e interromperão inúmeros modelos de negócios tradicionais. Nossa tarefa não é simples, mas temos caminhado bem na formação de um grupo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, com foco na criação de soluções que mudem modelos tradicionais. Às vezes, diante dos pequenos sucessos alcançados enquanto lutamos contra um modelo brasileiro que desestimula a iniciativa privada, o empreendedorismo e a inovação, temos a breve sensação de estarmos progredindo em nossa missão de inovar. Elon Musk vive em um sistema oposto ao brasileiro, onde existe atratividade, valorização, estímulo e incentivo à criatividade e à inovação. Apesar das significativas diferenças entre os ambientes, é possível olhar para a paixão e comprometimento deste visionário e tê-lo como exemplo de empreendedorismo inovador. E assim devemos prosseguir... querendo inovar. TN Petróleo 102
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Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade
“Gestão de prioridades” Em nosso último artigo, na edição n. 100, assinalamos que um dos pilares para a reabilitação da coesão entre líderes e equipes é a Gestão de Prioridades.
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emos observado que esse é um dos pontos que os executivos menos prestam atenção e menos investem no seu desenvolvimento. Por outro lado, a Gestão de Prioridades é crucial para alinhar esforços, dar um norte à equipe e permitir que as coisas mais importantes não fiquem de lado na escolha sobre o que deve ser feito. Negligenciá-la pode significar uma perda de efetividade individual e de grupo. Se, por um lado, a priorização é simples, pois envolve o julgamento e o bom senso em distinguir quais são as coisas realmente importantes a serem feitas e o que vem em primeiro lugar, por outro, sua execução é complexa, pois depende de disciplina – algo que é mal compreendido, discriminado e colocado como impossível por muitas pessoas. Ao mencionar a palavra ‘disciplina’, em salas de aula ou em palestras, podemos sempre ver as expressões faciais das pessoas: bocas viradas de lado, cenhos franzidos, olhar distante, etc. Stephen Covey já escreveu brilhantemente sobre a priorização, em Firsts things, first. Ali, a distinção entre o que é urgente e o que é importante é a chave para se escolher as prioridades de ação. No quadro abaixo, e com nossa versão de suas conclusões, exprimimos um resumo dessa visão:
Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP. pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.
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O segredo para a efetividade é colocar na frente as urgências importantes, deixar de lado o que não é urgente nem importante, pensar se é possível delegar ou mitigar as urgências não importantes, se concentrar ao longo do tempo nas coisas importantes e não urgentes. Aí está a chave do desempenho. Essas coisas importantes são procrastinadas, pois não são urgentes, e acabam nunca sendo feitas. Mas são elas que fazem a diferença no longo prazo e não deveriam sair do radar, sendo constantemente revisitadas e tendo tempo dedicado a elas. Pois para focar nesse último quadrante, do importante/não urgente, é preciso disciplina. E aí mora o problema... Afinal o que é disciplina?
A disciplina é uma arte, um sentimento, um atributo ou uma virtude? É importante frisar que disciplina não é um conjunto de regras. As regras vêm de fora para dentro. Elas procuram conformar um comportamento, com recompensas e punições, tal qual no movimento em contraposição à verdadeira motivação, que é interior. A disciplina, ao contrário, vem de dentro para fora. Ela não é aprisionadora, como as regras, mas libertadora, porque nos leva a conquistar aquilo que está em nossa alma, se tivermos a convicção e a firme vontade de nos dedicarmos àquilo que almejamos. Assim, a disciplina é uma virtude e pode ser cultivada. Ela é uma virtude que é a base para a transformação pessoal. Sem ela não há como evoluir, se transformar. A disciplina, então, para nosso propósito, é uma virtude interna que facilita a cada pessoa o cumprimento de suas obrigações, é um autodomínio, e é a capacidade de utilizar a liberdade pessoal, isto é, a possibilidade de atuar livremente, superando os condicionamentos internos e externos que se apresentam na vida cotidiana. Os mestres do espírito, de todos os matizes, sempre asseveraram que a disciplina é mandatória para a transformação pessoal. Os autores de Feitas para durar, um clássico da administração de empresas, Collins e Porras escreveram que só há três coisas a fazer na empresa se a gestão objetivar a perenidade: “pensamento disciplinado, processos disciplinados e pessoas disciplinadas”. Assim, a convergência entre diversos gurus é plena: apenas a disciplina lhe permite evoluir e criar seu caminho para plenos resultados. De novo, é importante frisar a distinção entre o que vem de dentro e o que vem de fora. Regras vêm de fora, algo que tenta te moldar a certos comportamentos. Embora necessárias para estabelecer limites e mostrar até onde vão direitos individuais, elas não são transformadoras. Apenas a disciplina o é, pois vem de dentro, é interior. Nasce da vontade de se superar, de produzir melhor, de conquistar certos atributos. Nada surge do acaso. Para trabalhar e estudar é preciso disciplina. E a disciplina existe tanto para se fazer algo como para não se fazer. Para se fazer algo, é óbvia a necessidade da disciplina. Mas para não se fazer, é mais difícil o entendimento. Não fazer é contemplar, meditar, deixar a intuição nos guiar. Deixar que os pensamentos se acalmem e não gritem incessantemente, impedindo o seu centro de se manifestar, de te mostrar ideias inovadoras. O não fazer também significa deixar que outros façam. É a arte de o líder agir de forma não centralizadora, permitindo que as coisas sejam feitas a seu tempo e a seu modo, confiando que sua equipe esteja preparada para realizar as contribuições importantes, necessárias e suficientes. Se, por outro lado, um líder não acreditar no não fazer, ele irá querer interferir em tudo, exigir
que quase todas as decisões passem por ele, impedir que os outros cresçam por assumirem responsabilidades e as consequências plenas das suas escolhas. Dessa maneira não haverá “espírito de grupo”. Mas o não fazer não significa ficar de braços cruzados. Pelo contrário, significa um trabalho maior de acompanhar tudo a distância, de estar ligado no que está acontecendo para poder aprender, ensinar, participar como ouvinte e como mentor. O verdadeiro líder faz e não faz! O grande líder, além de preparado na arte de fazer, de saber o que e como fazer (pois investiu em suas competências) também seleciona e prepara as pessoas que estão com ele para que possam se habilitar ao mesmo. E, então, com as pessoas preparadas, ele pode investir no não fazer. No acompanhamento do todo. Ele pode investir para que a inteligência do grupo possa fluir. E aproveitar a capacidade do grupo, que sempre é maior do que a soma das partes. A síntese entre fazer e não fazer repousa na capacidade do líder integral em trabalhar com os outros. Equilibrar sua ação própria com a ação de seu grupo. Não é “delargar”. Delargar é um termo que o meio empresarial inventou para designar quando um chefe, ao invés de delegar atividades, ele simplesmente larga a mão... Portanto, essa síntese entre fazer e não fazer é o oposto de “delargar”. O não fazer exige uma disciplina. A disciplina de estar aberto ao mundo e aos outros. É uma verdadeira disciplina interior, porque necessita de todo o ser. E também necessita do entendimento profundo de que estamos interconectados e de que muitas decisões se baseiam no que está na intuição coletiva, e não na cabeça de apenas um indivíduo. É uma disciplina porque requer o exercício da humildade de quem a pratica, necessita da presença no dia a dia, para se estar participando sem se estar no centro das ações. A boa notícia é que, apesar das incertezas e dúvidas de muitos, a disciplina pode ser desenvolvida em uma equipe. Duas coisas são cruciais para isso: o exemplo e a dedicação do líder; e o estabelecimento de processos de trabalho, com métodos, pontos de checagem e discussão periódica dos avanços e retrocessos. Portanto, saber instituir essa cultura de priorização é uma ciência, pois depende de processos testados, mas também é uma arte, porque necessita da vontade e da visão humana do líder. A resposta para nossos males está em nós, pessoas. Melhores resultados dependem da atitude de pessoas e assim também o é com a Gestão de Prioridades. Finalmente, nossa conclusão: Capacitar e desenvolver profissionais e líderes, com ciência e com arte, são o caminho para superar as dificuldades da priorização de tarefas e da efetividade! TN Petróleo 102
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O Conselho de Administração da Petrobras Transporte S/A (Transpetro), em reunião realizada no dia 17 de junho, designou o gerente executivo corporativo de Abastecimento da Petrobras, Antônio Rubens Silva Silvino, para exercer a presidência da companhia, cargo exercido, interinamente, pelo diretor da subsidiária Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, que assumiu o posto depois da saída de Sérgio Machado, há alguns meses. O novo presidente da Transpetro, Antonio Rubens Silva Silvino, destacou o papel estratégico da companhia no Sistema Petrobras. “Neste primeiro momento, estou conhecendo melhor a empresa. O objetivo é contribuir com a formulação de estratégias que resultem no fortalecimento do Sistema Petrobras. O maior desafio da Petrobras hoje é estabelecer o seu Plano de Negócios e Gestão 20162020. A Transpetro está diretamente envolvida nisso”. Rubens reforçou que a integração da holding com todas as subsidiárias e gerências da companhia é a cha-
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Novo presidente da Transpetro
ve para o crescimento do Sistema Petrobras. “É fundamental fortalecer a Petrobras. E todo o Sistema terá maior valor quanto maior for a sinergia entre as empresas que o compõem”, afirmou. O presidente defende que todos os esforços devam estar voltados para a execução das operações da Transpetro com melhor qualidade, maior produtividade e menor custo, respeitando sempre a integridade da força de trabalho, das instalações e do meio ambiente.
O presidente da Transpetro é formado em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas e Comerciais de Santos (SP) e pós-graduado em Administração de Empresas, pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp/FGV). Tem especialização pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, e pelo Programa de Gestão Avançada da escola de negócios francesa Insead, em parceria com a Fundação Dom Cabral.
No dia 21 de maio, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) a nomeação de Luiz Eduardo Barata como secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME). Barata ocupará o cargo deixado por Márcio Zimmermann, que assumiu a presidência da Eletrosul. Barata é engenheiro eletricista, formado pela Faculdade de Engenharia da Uerj, com pós-graduação em Sistemas de Potência na Coppe/UFRJ, e MBA na mesma instituição. Com vasta experiência no setor elétrico, deixou a presidência do Conselho de Administração 74
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Luiz Eduardo Barata é nomeado secretário executivo do MME da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade da qual fazia parte desde 2010, quando assumiu o cargo de superintendente. O currículo de Luiz Eduardo Barata reúne passagens em diversas empresas e órgãos do setor elétrico, como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), onde ocupou o cargo de diretor de Operação; e o Mercado Atacadista de Energia, onde atuou como conselheiro de Administração. Também exerceu funções gerenciais e técnicas na Eletrobrás, em Itaipu e em Furnas.
Estudantes brasileiros vencem prêmio internacional de engenharia química da Honeywell
Dois estudantes brasileiros de engenharia química foram os vencedores do prêmio anual UniSim Design Challenge, da Honeywell (NYSE: HON) Process Solution. No projeto da USP, premiada pela segunda vez consecutiva, foi utilizado um software de simulação para mostrar como os poluentes podem ser removidos de água contaminada. Mariana Kaori Kobayashi Cunha, aluna de Engenharia Química da Escola Politécnica (Poli-USP), e Herbert Senzano Lopes, estudante de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolveram uma solução que mostra como é possível tratar a água usada na exploração de petróleo e gás e reutilizá-la de diferentes formas, incluindo o consumo humano. Os alunos foram orientados pelo professor Galo Carrillo Le Roux, da USP. Mariana e Herbert apresentaram a proposta vencedora durante o Honeywell Users Group (HUG) Americas Symposium, maior encontro anual de clientes e parceiros da indústria de processos, que aconteceu em San Antonio, nos Estados Unidos. Herbert Senzano Lopes também foi o vencedor da edição 2014, com seu projeto Recuperação de gás expandido para geração de eletricidade. Com o UniSim Design R430, Mariana, Herbert e Le Roux determinaram como tratar a água contaminada com compostos tóxicos – tais como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX)
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Projeto da Universidade de São Paulo (USP) conquista a primeira colocação do UniSim Design Challenge; Herbert Lopes, da UFRN, é bicampeão do prêmio.
Da esquerda para a direita: Mariana Kaori Kobayashi Cunha, Andrew D’Amelio, vice presidente de vendas da Honeywell Process Solutions nas Américas e Herbert Senzano Lopes.
– por meio de um processo de limpeza utilizando o oxigênio do ar e a energia gerada em processos de produção. Usando a solução Supercritical Water Reactor (SCWR), os compostos tóxicos foram convertidos tornando a água potável para seres humanos e o meio ambiente. O prêmio UniSim Design Challenge permite que os estudantes de engenharia proponham soluções para os problemas mundiais enfrentados pelos fabricantes de processos que utilizam o software UniSim Design Suite da Honeywell, que desenha e modela projetos em instalações do mundo todo. “No Brasil temos um número crescente de campos de exploração de petróleo onshore e offshore que produzem muitos barris de água contaminada por
dia. Isso foi a força central por trás do projeto”, conta a estudante Mariana Kobayashi. “Ao usar o software UniSim, fomos capazes de resolver efetivamente um dos maiores problemas ambientais do setor de upstream”, explica. A solução UniSim Design Suite fornece um modelo de processo interativo que permite aos engenheiros criar projetos estacionários e dinâmicos, além de ser utilizado extensivamente para desenho de plantas, monitoramento de desempenho, solução de problemas, melhorias operacionais, planejamento de negócios e gestão de ativos. Os modelos UniSim Design podem ser aplicados em soluções de treinamento e otimização avançada fornecidos por UniSim Operations, UniSim Optimization, e UniSim Competency. TN Petróleo 102
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produtos e serviços
ABB
ABB e o gás natural liquefeito: Transformando o ‘encanamento flutuante’ do futuro
As soluções da ABB para navios transportadores de GNL, seus batedores quebradores de gelo e uma ampla variedade de outras classes de navios também incluem sistemas de suporte e serviços diagnósticos remotos para aumentar segurança, eficiência e confiança, garantindo que não afundem o “encanamento de gás natural flutuante do futuro” e as oportunidades que este promete. A solução de energia avançada desenvolvida pela área de marine da ABB para transportadores de GNL é baseada no portfólio de geradores, quadros de distribuição, transformadores, acionamentos de propulsão de velocidades variáveis e motores altamente confiáveis da empresa. Estes componentes são combinados com sistemas de proteção e gerenciamento de energia avançados especificamente desenvolvidos para esses tipos de navios. Demanda crescente, fornecimento elevado – e exportações em ascensão – Nos últimos 30 anos, o consumo global de gás natural mais do que dobrou para 113 trilhões de pés cúbicos, uma tendência que irá continuar. Até 2035, a produção de gás natural liquefeito responderá por 16% do consumo de gás, prevê o relatório Energy Outlook da BP. 76
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Levar gás a mercados, especialmente de regiões remotas, exige transporte seguro e econômico. Navios construídos para carregar com segurança gás natural liquefeito (GNL) resfriados a 163º Celsius negativos têm cada vez mais importância. A ABB já é a maior fornecedora de sistemas de propulsão elétrica, incluindo seus Azipods de padrão industrial para navios transportadores de GNL como aqueles operando nas águas do Ártico entre a Europa e a Ásia.
Os Estados Unidos se tornarão grande exportador de gás, transportando 6 trilhões de pés cúbicos até 2040, de acordo com a Agência de Informação de Energia dos Estados Unidos [U.S. Energy Information Agency]. Além disso, as ações do Japão e da Alemanha para reduzir a dependência da energia nuclear após o acidente de Fukushima em 2011, associadas às relações entre países que possam representar desafios para gasodutos convencionais, sugerem que o papel de navios de GNL no comércio de gás internacional se intensificará. O comércio de gás natural é um mercado muito dinâmico que exige soluções de
transporte flexíveis. Espera-se que o transporte marítimo de gás aumente ao longo da próxima década. Desafios e oportunidades – Por exemplo, empresas de energia procurando transportar GNL pela Rota do Mar ao Noroeste do Ártico entre a Europa e a Ásia estão se voltando para a ABB para fornecer transportadores equipados com o sistema de propulsão Azipod capazes de carregar até 170.000 m3 de gás natural liquefeito. Equipados com turbochargers, geradores, transformadores, acionamentos e três Azipods da ABB, estes navios do futuro terão capacidade de quebrar gelo permitindo-lhes
viajar sem escolta, mesmo através de gelo denso, reduzindo custos, acelerando tempos de entrega e mantendo a segurança. E de sua ponte de comando em Billingstad, Noruega, a ABB oferece serviços de diagnóstico remoto para transportadores de GNL para ajudá-los a permanecerem em curso, mesmo quando algum imprevisto ocorrer. Um engenheiro da ABB está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana via conexão por satélite, caso um problema surja. Soluções de derramamento – Conforme grandes transportadores de GNL proliferam, surgem desafios. Por exemplo, derramar GNL em tanques durante tempestades poderia danificá-los, se gerenciados de modo inadequado. A ABB oferece a Octopus Advisory Suite, um pacote de monitoramento de
movimento, previsão e suporte à decisão que melhora a disponibilidade e segurança para navios variando desde transportadores de GNL até navios de cruzeiro em operações sensíveis ao clima. Ideal para transportadores de GNL, Octopus inclui prevenção de derramamento. Eficiência e limites de emissão estimulam o interesse no GNL – Outros navios também se voltaram para o combustível GNL e para a propulsão elétrica da ABB à frente de novos limites de emissão de dióxido de enxofre que até 2020 podem efetivamente banir o óleo combustível pesado no Mar Báltico, Mar do Norte, costas dos Estados Unidos e do Canadá e no Caribe. No ano passado, a ABB forneceu a propulsão elétrica para o primeiro barco de passageiros a GNL do mundo, o barco de 218 m Viking
Grace. Também a bordo está o sistema de monitoramento Emma da ABB, para reduzir o consumo de combustível em seu trajeto entre Turku, Finlândia, e Estocolmo, Suécia. Os motores do Viking Grace estão equipados com turbochargers da ABB, para aumentar a energia e a eficiência ao transportar 2.500 passageiros e 500 carros entre portos. Modelo para a marinha – O GNL também irá energizar um quebrador de gelo bicombustível para ser entregue à Agência Finlandesa de Transporte [Finnish Transport Agency] em 2016. A Finlândia queria o primeiro quebrador de gelo a GNL do mundo como um modelo para a indústria naval, contratando a ABB para fornecer a infraestrutura de energia elétrica e a propulsão Azipod para um navio escoltar outros através do Golfo de Bótnia pelos próximos 50 anos.
BAC
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ACCREDITED
ACCOUnTIng PROCEdURES fOR PETROlEUm COnTRACTS – PSCs - JOAs - TAx - IfRS 31 AUgUST - 03 SEPTEmBER 2015 | RIO dE JAnEIRO, BRAZIl
COURSE OBJECTIVES: Review current international accounting standards and developments that impact JVs for both operator and non-operators
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Learn how to structure your accounting procedures under the PSC and successfully identify which costs are recoverable
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Undertake a legal assessment of Brazil’s current unitisation provisions and gain clarity into the treatment of costs
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Analyse Brazil’s detailed taxation laws and the impact they have on your accounting calculations
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Be better positioned to evaluate, implement, monitor and oversee your oil and gas projects and understand the key financial risks involved
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luis menezes Partner Villemor Amaral Abvogados • Over 17 years of legal experience in Brazil’s oil & gas sector • Currently provides extensive regulatory assistance with the PSC
Paulo fernando melo Tax Partner RSm Brasil
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COURSE lEAdERS
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Alan mayo Director maltway Training Consultants
produtos e serviços
BG Brasil e Senai Cimatec
BG Brasil e Senai Cimatec inauguram supercomputador A BG Brasil e Senai Cimatec inauguraram no dia 27 de maio o supercomputador mais rápido da América Latina no Centro de Supercomputação para Inovação Industrial do Senai Cimatec, em Salvador (BA). Idealizada pela companhia de óleo e gás, em parceria com o Senai/ Fieb, a supermáquina é capaz de processar mais de 400 trilhões de operações por segundo (TFlops) e integra um programa de P&D em geofísica, com investimento total de até R$ 60 milhões. Batizado de Cimatec Yemoja (Iemanjá, em iorubá), o supercomputador é parte de uma iniciativa revolucionária em processamento de dados sísmicos. Neste projeto, também está sendo inaugurado um centro de excelência de nível internacional em computação. “A complexidade dos campos do pré-sal nos impulsiona a buscar soluções cada vez mais inovadoras. O supercomputador é, definitivamente, parte desse esforço e nos auxiliará nas atividades da indústria de óleo e gás. Nosso objetivo é produzir inovação no Brasil, fomentando conteúdo local de base tecnológica, globalmente competitivo”, ressalta Nelson Silva, CEO da BG na América do Sul. O projeto dará prioridade ao estudo e otimização da tecno78
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Instalada em Salvador (BA), a supermáquina vai revolucionar o processamento de dados sísmicos e apoiar o desenvolvimento do pré-sal.
logia chamada Full Waveform Inversion (FWI) para o processamento de dados sísmicos 3D e 4D de dimensões industriais. A iniciativa será conduzida pelo consórcio International Inversion Initiative, liderado pela BG Brasil. Serão colaboradores nas pesquisas a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além da Universidade de British Columbia (Canadá) e o Imperial College London (Inglaterra), as duas últimas referências mundiais em FWI. “Este projeto ilustra o ambiente de inovação no Brasil, que estimula parcerias em pesquisas de relevância global. O supercomputador é uma infraestrutura estratégica que permitirá à BG e grupos de pesquisa de ponta resolverem grandes desafios da indústria relacionados a imageamento de reservatório e processamento de dados. Isso tem sido possível através
do investimento da Cláusula de PD&I da Agência Nacional de Pe t r ó l e o , G á s Natural e Biocombustíveis (ANP), e de investimentos dos governos estadual e federal”, acrescenta Richard Moore, CTO do BG Group. O Cimatec Yemoja utiliza processadores Intel Xeon e Xeon Phi™ e o sistema SGI® ICE X™. De acordo com o diretor regional do Senai-Bahia, Leone Peter Andrade, a utilização de softwares de modelagem computacional demanda conhecimento especializado e muito tempo de desenvolvimento. “O Centro de Supercomputação, com sua capacidade de escala, adquirirá os principais softwares e ofertará às empresas soluções adequadas às suas necessidades tecnológicas”, avalia.
GE Oil & Gas
GE Oil & Gas expande linha de equipamentos para o mercado
de produção. Outra vantagem é que a solução possibilita ao operador aumentar a velocidade do motor e ajustar remotamente a velocidade da ESP com melhor capacidade de controle. Também é compatível com os demais produtos da GE Oil & Gas para elevação artificial, como os sensores Zenith para fundo de poço e a solução Field Vantage™. Além disso, incorpora outras tecnologias de controle existentes, possibilitando que a GE ofereça aos clientes uma solução integrada e eficaz em termos de custos.
A tecnologia – O Vetor Plus VSD melhora a capacidade do operador de controlar uma bomba elétrica submersível, o que está diretamente ligado ao aumento do sistema de produção. A solução e outras tecnologias ESP fornecem aos operadores dados de desempenho dos equipamentos em tempo real, auxiliando-os na tomada de decisões na linha
O setor – O crescimento significativo do setor de petróleo e gás não convencional no mundo é uma grande tendência energética que lidera as inovações de Oil & Gas da GE nas tecnologias de elevação artificial. O objetivo é oferecer aos operadores a solução certa para abordar os desafios ambientais e técnicos dos poços não convencionais que, impulsio-
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Para atender a crescente busca por equipamentos destinados ao mercado de óleo e gás, a GE desenvolveu a nova geração de tecnologia voltada para elevação artificial – que normalmente é utilizada para aumentar a produção de um poço de baixa vazão natural para um ponto determinado de produção. Trata-se da linha do Vector Plus™ Variable Speed Drive (VSD). Esse lançamento faz parte do compromisso da companhia de trazer inovações para elevação artificial ao mercado petroleiro. A tecnologia oferece, ainda, um sistema de controle de superfície para bombas elétricas submersíveis (sigla em inglês ESP). A ESP – já conhecida no mercado – utiliza a força centrífuga para bombear hidrocarbonetos para a superfície, o que possibilita o alto fluxo e a produção aperfeiçoada do petróleo. Junto a outras aplicações de bombeamento artificial, elas são usadas por 94% dos cerca de um milhão de poços produtores de petróleo em todo o mundo. Além de auxiliarem a produção em poços de alto volume e operar, em média, 6 mil pés abaixo da superfície.
nada pela exploração e produção de xisto, deve aumentar globalmente em até 50% até 2018. A primeira aquisição no segmento de elevação artificial da GE foi em 2011, com a divisão de suporte de poço da John Wood Group PLC – um grande fabricante de ESP. Já em 2013, a GE adquiriu bombas a vapor, progressão de bombas de cavidade (PCPs), elevação com gás, elevação do êmbolo, elevação hidráulica, bombas de reciprocidade e soluções de automação da Lufkin Industries, permitindo que a empresa ofereça uma carteira completa de tecnologias de elevação artificial, de acordo com as necessidades do mercado. Com a consolidação desta área, hoje, a GE Oil & Gas é um dos maiores fornecedores de soluções de elevação artificial, oferecendo uma variedade abrangente de tecnologias de bombeamento para a produção de petróleo em todo mundo. TN Petróleo 102
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produtos e serviços
Wirex
A fim de garantir a segurança nas instalações offshore, a Wirex Cable S/A oferece a linha de cabos Wirex.Marine para aplicação em plataformas de petróleo e navios em geral. Os cabos Wirex.Marine são fabricados com materiais retardantes à chama e isentos de halogênios, que minimizam a emissão de fumaça e gases tóxicos em caso de incêndio. Além disso, a linha Wirex. Marine inclui os cabos com características especiais: fire-resistant (FR) e mud-resistant (MR), para aplicações específicas. Os cabos navais são destinados a circuitos de iluminação e potência em baixa e média tensão; circuitos de controle, sinalização e instrumentação. Os cabos são oferecidos com certificações Type Approval emitidas por duas das mais importantes sociedades classificadoras internacionais: Bureau
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Wirex Cable lança linha de cabos para aplicações offshore
Veritas (BV) e Det Norske Veritas-Germanisher Lloyds (DNV-GL). Com foco na segurança de pessoas e equipamentos, a Wirex desenvolveu os cabos Fire Resistant, que garantem o funcionamento dos circuitos mesmo sob condições de fogo, permitindo que equipamentos
e sistemas de segurança continuem operativos. Sua principal aplicação é em circuitos de segurança, tais como: alarme, detector de fumaça e fogo, iluminação de emergência, bombas anti-incêndio, entre outros. A barreira de fita de mica entre o condutor e a isolação garante a proteção do produto sob condições de fogo de acordo com os requisitos da IEC60331-21 (90 minutos). Para utilização em plataformas e sondas de perfuração, a Wirex utiliza um composto do tipo Mud Resistant, indicado para instalações em que se requer máxima proteção contra a lama com resíduos gerados no processo de perfuração de poços de petróleo. O composto da cobertura em SHF2 mud-resistant atende à norma IEC 60092-360 e aos requisitos do ensaio de resistência à lama previsto na NEK 606.
Edra
Tubos e conexões da Edra substituem metal em plataformas offshore Uma das grandes demandas das plataformas offshore do setor petroquímico são os custos de manutenção com a troca das tubulações e conexões de aço corroídas pela água do mar, o que acontece a cada cinco anos. A Edra desenvolveu tubos FRP capazes de resistir a situações severas – como corrosão por água salgada e fogo – e capaz de dissipar cargas elétricas. Com maior resistência, o FRP diminui o tempo de paralisações para manutenções nas plataformas, o custo da manutenção é menor e, além disso, é de fácil instalação, tem resistência química, longevidade, baixa transmissão térmica e baixo 80
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Material resiste à corrosão e tem durabilidade maior que o aço convencional.
peso. Estas são algumas das características únicas dos produtos da empresa, que passam por rigorosos testes no campo da Edra e em instituições independentes. Essas características são essenciais para a segurança das plataformas offshore, e por isso os produtos do portfólio da Edra – tubos, acessórios,
flanges e liners – ganham espaço no mercado como vetor de competitividade e segurança de processo. As tubulações são oferecidas em diâmetro de até 32 polegadas, com pressão de 20 kgf/cm2 em plataformas de petróleo e navios, em sistemas de drenagem de efluentes, condução de água potável, água salgada, transportes de produtos químicos, linhas de incêndios e água de lastro. Todos os processos da Edra são ancorados em normas técnicas nacionais e internacionais, incluindo a ISO 9001. A empresa possui também o CRCC Petrobras e o certificado Type Approval, emitido pela DNV GL.
Schneider Electric
Schneider Electric apresenta novos controladores para máquinas industriais Lançamento da Linha de Controladores Lógicos Programáveis M221, M241 e M251 possibilita alta performance e flexibilidade no controle de máquinas. A Schneider Electric, especialista global em gestão de energia e automação, lança no mercado brasileiro a Linha de Controladores Lógicos Programáveis (CLP) M221, M241 e M251, Eles melhoram o desempenho de máquinas nas indústrias. A nova linha é ideal para Integradores de Sistemas e fabricantes de máquinas em geral. “A Schneider Electric investe em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para modernizar e otimizar linhas de produção industriais. Nossa missão é tornar mais eficiente a gestão de energia e automação, oferecendo aos nossos clientes possibilidade de desenvolverem suas atividades com custo reduzido e melhores resultados”, afirma André Marino,
vice-presidente na Schneider Electric. Com aspecto multifuncional, o Controlador Lógico M221 tem Ethernet padrão embutida em seu núcleo oferece acesso remoto para manutenção imediata e facilidade na visualização de sua máquina. Conta com 640 Kb de memória RAM e 2 Mb de flash, e sua capacidade de processamento pode chegar até a 0.2 µs por instrução. O CLP M221 também está disponível em formato book. O M241 é um controlador programável de automação que atende aplicações de alto desempenho. São cinco portas de comunicação
capazes de oferecer alta performance para as máquinas. Ainda oferece acesso ilimitado para o equipamento via Ethernet. O dispositivo permite que as páginas de visualização sejam projetadas diretamente dentro do SoMachine e armazenadas no servidor web do PLC. Esse procedimento reduz tanto o tempo de instalação, quanto o custo da máquina. Já o M251 se encaixa perfeitamente em casos de estruturas modulares e distribuídas. O controlador programável aumenta a flexibilidade da arquitetura do painel sem alterar o espaço interno. O equipamento permite conexão com sistemas SCADA, MES e ERP por meio de cabos Ethernet padrão e WI-Fi, podendo ser acessado até mesmo de um celular ou tablet.
Tuper Com capacidade para revestir 42 mil toneladas de tubos por ano, a nova unidade já está em operação e garante à empresa mais competitividade, qualidade e melhores prazos de entrega. Única empresa de capital 100% nacional entre as grandes fabricantes instaladas no Brasil a produzir tubos de aço API reconhecidos pela indústria internacional de petróleo, a Tuper conta agora com uma linha própria exclusiva para o revestimento de tubos. Com investimento de cerca de UD 5 milhões e 35 novos empregos diretos, a unidade instalada em São Bento do Sul (SC) tem capacidade
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Tuper investe em linha própria para revestimento de tubos
para revestir 42 mil toneladas de tubos por ano. Os primeiros 570 m de tubos revestidos pela Tuper foram entregues ao cliente SC Gás para aplicação nas obras do Gasoduto Serra Catarinense. De acordo com o diretor Industrial da Tuper, Jailson Planca, a linha própria
de revestimentos permite que a empresa seja a responsável por todas as etapas do fornecimento. “Com isso, ficamos mais competitivos, ampliamos a garantia de qualidade e conseguimos melhores prazos de entrega, pois todo o processo é feito internamente”, assegura o executivo. Além do fornecimento para o mercado interno, a Tuper vislumbra novos negócios com o exterior e mantém seu foco nas exportações para os países da América do Sul. Com proteção anticorrosiva, os tubos revestidos são utilizados principalmente na condução de óleo, gás e derivados, água e aplicações industriais e civis. TN Petróleo 102
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medição de gás úmido
Vcone, tecnologia de ponta
para medição de gás úmido
A medição de gás úmido é um assunto que vem ganhando mais e mais importância para a indústria nos últimos anos. Como exemplo, podemos citar o desenvolvimento de campos marginais de óleo e gás que são economicamente viáveis com a medição direta do gás úmido, ou no gerenciamento de poços, provendo em tempo real informações sobre vazão de produção ou em testes de poços.
E
ste artigo detalha a tecnologia do elemento deprimogênio Vcone para este tipo de aplicação. Testes realizados em laboratórios de renome como SWRI, CEESI e NEL e aplicações práticas demonstram a boa performance dessa tecnologia. Desenvolvido no começo dos anos 1980 pela Mccrometer, empresa com mais de 40 anos no mercado de vazão, o Vcone é resultado de um esforço de pesquisa e desenvolvimento que resultou em um medidor preciso, inovador e confiável, já consolidado com mais de 5.500 unidades em operação no Brasil e no mundo nas mais diversas aplicações. No caso da medição de gás úmido, os testes demonstram a performance superior do Vcone quando comparado a outros elementos de mesma tecnologia deprimogênia. Assim como acontece com os outros medidores por diferencial de pressão em medição de gás úmido, o líquido na corrente gasosa induz a um erro positivo geralmente chamado de “over-reading” do medidor, porém no Vcone estes valores possuem alta repetibilidade, sendo possível estimar este percentual de erro positivo e corrigi-lo.
Heraldo Batinga é engenheiro mecânico com MBA em gestão de petróleo e gás pela FGV, ocupa atualmente a função de gerente de Engenharia de Aplicação na Hirsa Sistemas; trabalha há 37 anos no setor de Petróleo e Gás, tendo atuado nas áreas de Projeto de Caldeiraria, Tubulação Industrial e Instrumentação e Controle.
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Vcone – O Vcone é um medidor de vazão do tipo pressão diferencial. Ele opera com o mesmo princípio físico dos medidores deprimogênios (ex. placa de orifício, Venturi, etc.) com vantagens, usando o teorema da conservação de energia de um fluido em movimento através de uma tubulação. Um cone, posicionado no centro do tubo de medição, interage com o fluido em escoamento, modificando o perfil de velocidade e criando uma região de baixa pressão imediatamente a jusante do cone. O diferencial de pressão (dp) entre a pressão estática da linha a montante e a região de baixa pressão criada após o cone, pode ser medido através de um transmissor de pressão diferencial conectado nas tomadas do Vcone. O dp pode então ser incorporado à equação de Bernoulli para a determinação da vazão do fluido. Este medidor é um inovador dispositivo de dp que mede vazão com precisão, cobrindo grande range de Número de Reynolds para uma variedade de fluidos líquidos e gasosos sem necessidade de trecho reto a montante ou a jusante. O Vone pode ser construído dos mais diversos materiais para atender as áreas industrial e de petróleo. Devido à sua geometria (poderíamos chamar de venturi invertido), possui baixa perda de carga permanente se comparado a outros elementos deprimogênios.
Princípio de operação – O Vcone é um elemento deprimogênio e, como tal, sua teoria de medição da vazão se fundamenta em leis físicas conhecidas, ou seja, considera a equação da continuidade e a equação de Bernoulli da conservação de energia em um tubo fechado que demonstra que a uma vazão constante, a pressão é inversamente proporcional ao quadrado da velocidade do fluido dentro do tubo.[1] Em resumo, a pressão diminui à medida que aumenta a velocidade. Observe a Figura 1: quando o fluido se aproxima do cone sua pressão é (P1), ao passar pela região anular entre o cone e o tubo esta restrição gera um aumento de velocidade e consequentemente a diminuição da pressão a jusante do cone (P2). As pressões P1 e P2 são medidas através de transdutor de pressão diferencial (o centro do cone possui um furo interno ligado a P2). O diferencial de pressão (Dp), criado pelo Vcone, aumenta e diminui exponencialmente com a velocidade do fluxo, ou seja, com a vazão (Equação 1). Quanto maior for o estreitamento da seção transversal, maior será o diferencial de pressão criado para uma mesma vazão; temos aí a razão beta, que é um importante conceito que relaciona a área de passagem com a área total do tubo. Veja a Figura 2 para a relação beta no Vcone comparado com a relação beta na placa de orifício. Podemos também observar na Equação 1, a inclusão de um coeficiente de correção C, que transforma adequadamente a equação teórica para o uso prático, levando em consideração todos os elementos de escoamento real. Este coeficiente é chamado de Coeficiente de descarga Cd e é definido como: Cd = vazão real / vazão teórica. A Mccrometer chama este coeficiente de Cf – Coeficiente de fluxo, uma vez que não usa valores históricos de C ditados por norma como na placa de orifício e sim valor levantado em laboratório para cada Vcone, informado em certificado próprio.
Figura 1. Tomadas de Alta e Baixa
onde: D = diâmetro do duto β = raio beta gc = conversão Δ P = pressão diferencial ρ = densidade Cf = coeficiente de fluidez Equação 1. Equação da vazão para fluidos incompressíveis
Figura 2. Comparação entre a Relação Beta no Vcone e placa
Para fluidos compressíveis, temos a inclusão do fator de expansão Y na fórmula da vazão (Equação 2) para compensar o fato da mudança na massa específica do gás devido à queda de pressão ao passar pelo cone. Inicialmente era utilizada a fórmula para cálculo de Y dada pela ISO 5167, contudo a Mccrometer solicitou ao National Engineering Laboratory (NEL) da Escócia, um dos mais conceituados laboratórios de vazão no mundo, um rigoroso estudo para a determinação do fator de expansão para o Vcone. A nova equação então foi desenvolvida e apresentada em agosto de 2001 na Conferência Internacional de Medição de Vazão que aconteceu na Escócia (Equação 3).
Equação 2. Equação da vazão para fluido compressível
Equação 3. Equação do Fator de Expansão (NEL)
Modificação do perfil de velocidade – O cone centrado no tubo obriga que o fluido que se move pelo centro da tubulação flua ao redor do cone. Esta geometria apresenta muitas vantagens se comparada aos tradicionais medidores concêntricos de Dp. A forma do cone foi analisada e testada por mais de dez anos para se obter a melhor performance em diferentes circunstâncias. É necessário entender o conceito de perfil de fluxo desenvolvido dentro de um tubo para compreender o desempenho do Vcone. Se o fluxo em uma tubulação longa não está sujeita a obstruções ou perturbações, se considera um perfil bem desenvolvido (Figura 3). Se traçarmos uma linha perpendicular a este fluxo, a velocidade em cada ponto desta linha será diferente. A velocidade será zero na parede do tubo, máxima no centro e novamente zero na parede oposta. Isto se deve à fricção que se cria com a passagem do fluido. Como o cone está colocado no centro do tubo, este TN Petróleo 102
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medição de gás úmido interage diretamente com o “núcleo de alta velocidade” do fluxo. O cone força o núcleo de alta velocidade a misturar-se com o fluxo de menor velocidade que passa mais perto da parede. Outros medidores de Dp possuem aberturas centrais e não interagem com este núcleo de alta velocidade. Esta é uma importante vantagem do Vcone em baixas vazões, pois continua interagindo com o núcleo de alta velocidade, produzindo Dp em vazões em que outros medidores já não produzem. Outro ponto importante desta interação é que o perfil de velocidade vai se tornando “flat”, ou seja, as velocidades tendem a se tornar constantes ao se aproximarem do cone (Figura 4), dispensando, portanto, trechos retos ou retificadores de fluxo. Para medição de vazão de gás seco a performance do Vcone é bem documentada, seja por uma variedade de testes realizados, inclusive teste no SWRI de acordo com o API 5.7,[2] pela infinidade de aplicações existentes ou pela Aprovação de Modelo para Transferência de Custódia já obtida em vários países.
estamos verificando um escoamento líquido-gás, ou seja, com uma interface. As características acima mencionadas provocam o aparecimento de perfis de escoamento denominados padrões de escoamento multifásico. As denominações destes padrões variam um pouco dependendo do autor ou organização, porém os perfis indicados na Figura 5 são os mais usuais para escoamento em tubulação horizontal, a saber: Padrão tipo Bolha, Estratificado, Ondulado, Tampão, Semigolfada, Golfada e Anular. O padrão de escoamento Anular é o que se verifica no escoamento de gás úmido, ou seja, o gás viajando em alta velocidade ao centro e o líquido escoando pela parede interna do tubo. Observando o tubo transversalmente, temos um anel de líquido que, devido à gravidade, tem espessura maior na base. Observam-se bolhas dispersas no líquido e líquido atomizado na corrente gasosa. Com o aumento da vazão, o filme líquido tende a diminuir de espessura e o gás a carrear mais gotículas; estamos entrando em outro padrão de escoamento chamado Névoa (Mist ou Spray). Nesta condição, todo líquido se encontra atomizado, viajando na mesma velocidade do gás. Este perfil é também muito encontrado na indústria em escoamento de gás úmido. Flow direction Bubble flow Stratified flow
Figura 3. Perfil de velocidade desenvolvido Wavy flow
Irregular profile caused by a disturbance upstream
Plug flow Semi-slug flow Slug flow Annularflow
Flattened profile caused by the V-Cone Figura 4. O Vcone dispensa trechos retos ou retificadores de fluxo
Figura 5. Tipos de perfis de escoamento
Escoamento multifásico/gás úmido – No escoamento Multifásico, os problemas são complexos porque as propriedades de dois ou mais fluidos devem ser consideradas e porque a diferença dos padrões de escoamento depende das condições de operação e arranjo da tubulação (tubo na horizontal, vertical, etc.). Sabemos que o escoamento multifásico não está ligado apenas ao estado da matéria (líquido/gasoso), podemos ter um escoamento multifásico líquido-líquido, contudo aqui
Uma pergunta que se impõe seria em que ponto termina um escoamento multifásico propriamente dito e começa um escoamento de gás úmido. Alguns autores consideram “ wet gas” um escoamento multifásico com uma fração de líquido de até 5% em volume, outros chegam até 10% (GVF=90%). Atualmente, uma tendência é usar como referência o chamado “Lockhart-Martinelli parameter”, que será discutido mais à frente, estabelecendo-se um limite de 0,35 para este parâmetro, o que corresponde a um volume líquido de
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7% e 12% para pressões de cerca de 4 Bar e 100 Bar, respectivamente. O API “Multi-phase report no. 2566” já define desta maneira; a Asme conforme o “Wet gas technical report” na última edição, tende a concordar com o API e a ISO tem ideia de adotá-lo. O Vcone no gás úmido – A Mccrometer tem feito substanciais pesquisas do efeito que o gás úmido exerce na medição com o Vcone desde meados da década passada, inicialmente no Southwest Research Institute (SWRI)-Texas e recentemente com mais profundidade nos dois maiores centros de pesquisa neste assunto que são o Colorado Engineering Experiment Station (CEESI) e o National Engineering Laboratory (NEL) na Escócia. Todos os resultados obtidos tiveram a mesma orientação no sentido de demonstrar a aplicabilidade do medidor para esta condição. Tradicionalmente, as placas de orifício têm sido utilizadas para medição de gases úmidos, contudo, ultimamente, esta aplicação com placas tem sido virtualmente abandonada nos Estados Unidos em função do conhecimento adquirido em pesquisas que mostram que o acúmulo de líquido na placa resulta em escoamento não estável. O líquido tende a atravessar o orifício em “slugs”, e o resultado final destas golfadas é uma leitura instável de delta P. Isto pode ser observado na Figura 6, fotografia tirada no SWRI em teste de placa de orifício submetida a vazão de gás úmido realizado em 1997. Em contraponto, a Figura 7 mostra um Vcone submetido às mesmas condições de teste, em que a geometria do mesmo possibilita a passagem do líquido sem acúmulo, não interferindo na leitura do diferencial de pressão. Observe que o padrão de escoamento é Anular.
A Figura 9 mostra um Vcone wafer (outra construção do Vcone) que foi montada na mesma linha da placa. Após nove meses de operação foi observado além da limpeza do mesmo, a estabilidade dimensional da borda do cone, o que em última análise se traduz em exatidão e prolongamento do período entre inspeções. É óbvio que nem o cliente nem o BLM, órgão americano responsável pelo recolhimento de “Royalty” ficaram satisfeitos e todas as placas foram substituídas por Vcones.[4] Outros usuários do Vcone na aplicação de gás úmido, por exemplo, na saída de separadores, seriam: Halliburton Reservoir Services, Oseberg-A, Brown&Root, ABB/Statoil, Norsk Hydro, Troll, Saga, Chevron, Shell, etc.
Figura 8. Placa após três meses de teste Figura 9. Vcone após nove meses de teste
Assim como acontece com os outros medidores por diferencial de pressão em medição de gás úmido, o líquido na corrente gasosa induz a um erro positivo geralmente chamado de “over-reading” do medidor, porém no Vcone estes valores possuem alta repetibilidade. Uma vez informada a vazão de líquido, a vazão de gás e suas massas específicas, é possível estimar o percentual deste erro positivo no Vcone. Os testes demonstraram que o “over-reading” é função do chamado Lockhart-Martinelli Parameter, denotado por X (na verdade temos também uma pequena influência da velocidade do gás [Número de Froud] e pressão, contudo X é o fator mandatório). Este número adimensional é na verdade a relação entre a inércia superficial do líquido e a inércia superficial do gás e é calculado pela Equação 4 abaixo:
Figura 6. Teste no SWRI com placa de orifício Figura 7. Teste no SWRI com o cone
Esta mesma geometria inovadora possibilita outra característica que vale a pena ser registrada que é a capacidade “autolimpante” do Vcone, quando aplicado a gases úmidos e sujos. Observe a Figura 8, resultado de teste realizado na Marathon Oil Gas Metering Station, o acúmulo de partículas na placa de orifício após três meses de operação com gás natural úmido (H2S + parafina), este acúmulo se verificou nas faces a montante e a jusante, comprometendo o dimensional da placa além do entupimento das tomadas de pressão.
Onde: X = Lockhart-Martinelli Parameter = Vazão mássica do gás (oper. ) = Vazão mássica do líquido (oper.) = massa especifica do gás = massa especifica do líquido
Equação 4. Lockhart-Matinelli Parameter
O gráfico a seguir mostra claramente a tendência linear desta relação. Todos os testes realizados no NEL e no CEESI demonstram esta tendência, portanto a TN Petróleo 102
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medição de gás úmido
NEL Wet Gas V-Cone Meter Data 0.55 Beta, 60 Bar
Figura 10. Tipos de perfis de escoamento
Mccrometer pode oferecer fatores de correção para o uso industrial na medição da vazão de gases úmidos. No caso do Vcone, foi desenvolvido o chamado “Steve correlation”. O Dr. Richard Steven, pesquisador da Mccrometer, apresentou em 2002 um trabalho [5] de testes realizados no NEL onde foram desenvolvidas correlações, dentre elas a correlação abaixo (Equação 5), neste caso para uma relação beta de 0.5 em um Vcone de 6”. Na equação, mg é a vazão mássica do gás corrigida, mg(tp) a vazão aparente no medidor e o termo do denominador o fator de correção. Esta correção traz a medição para uma incerteza de +/- 2%.
final de aproximadamente 2,1%, ou seja, {[(0.02)^2]+ [(0.005)^2)]}^0.5=0.0206. Os gráficos (Figuras 10 e 11) dos testes realizados no NEL demonstram claramente isto. No primeiro verificamos a tendência linear de crescimento do over-reading contra X, e os resultados após a correção (6”, beta de 0.55 a 3 pressões). No segundo gráfico temos os resultados corrigidos em escala ampliada onde, fora alguns pontos espúrios, constatamos a incerteza de +/- 2,1%. No sistema de medição de vazão, o chamado elemento terciário, ou computador de vazão, já possui incorporado o algoritmo de cálculo do Vcone em se tratando de gás seco – para gás úmido já temos fabricante com algoritmo desenvolvido para esta aplicação, baseado nas correlações acima discutidas. 0.55 Beta V-Cone Meter New Wet Gas Correlation
Figura 11. Resultados antes e após o uso do fator de correção
Figura 12. Percentual de erro após correção
Equação 5. Steven Correlation
Devemos observar que os erros são acumulativos. Uma vez que temos uma incerteza de +/- 0.5% em gás seco para o Vcone, e utilizando a regra da raiz quadrada da soma dos quadrados, teremos uma incerteza 86
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Figura 13. Loop de teste do NEL
Embora os loops de teste do NEL e do CEESI utilizados nos testes do Vcone tenham significativas diferenças, os resultados encontrados no CEESI foram bem similares aos mostrados aqui do NEL. Os testes foram realizados para diâmetros e betas específicos. Tradicionais recomendações para medidores deprimogênios como ISO 5167, AGA3, etc., oferecem detalhada especificação, requisitos de instalação e cálculo, contudo se aplicam a escoamentos estáveis, homogêneos e monofásicos. [6]
Continuadas pesquisas são necessárias para o completo entendimento do efeito do gás úmido em medidores deprimogênios, porém já temos condição de avaliar muitas instalações com o intuito de minimizar erros onde as medições de gás úmido são consideradas como gás seco. Não precisamos ressaltar a importância deste assunto, pois todos sabemos os valores monetários envolvidos nas transferências de grandes volumes de gás que acontecem todos os dias.
Referências 1. MCCROMETER, “Vcone technical brief”, p. 1-2, 2M/3-00/k24517-16 rev. 2.4, 2003. 2. SWRI Testing of V-Cone Meters in Accordance with API 5.7 Report. 2004. 3. SHEN JS et al. “A Performance Study of a V-Cone Meter in Swirling Flow”, North Sea Flow Measurement Workshop 1995, Paper no. 20. 4. LAWRENCE PA, “ Wellhead Metering Using Vcone Technology”, p. 8-10, McCrometer 2000. 5. STEWART D & STEVEN R et al. “Wet Gas Metering with V-Cone Meters”, North Sea Flow Measurement Workshop 2002, Paper no. 4.2. 6. TING VC. “Effect of Orifice Meters Orientation on Wet Gas Flow Measurement Accuracy”, presented at the SPE Gas Technology Symposium, Calgary, Canada, June 28-30, 1993. Agradecimentos - Ao Dr. Richard Steven e ao Dr. Robert Peters, ambos da Mccrometer/EUA, e ao Sr. Roy Williams, da Nuflo-Barton do Canadá pelo envio de notas técnicas.
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eficiência
Diminuindo a lacuna
entre as aspirações e a excelência
Decerto nenhum executivo do setor de energia gostaria de abrir o jornal pela manhã e encontrar sua empresa em manchetes envolvendo acidentes. Perfeitamente compreensível, porém em contraste com os crescentes desafios operacionais que a exploração de óleo e gás em águas profundas têm criado, ao mesmo tempo em que investidores pressionam constantemente por ganhos de eficiência nas operações.
N
José de Sá é sócio da Bain & Company.
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este cenário, como então uma empresa do setor de energia pode buscar melhorias operacionais e ainda mitigar os acidentes? Ambição para melhorar é um começo, contudo, uma vez que as empresas de energia, em sua maioria, são grandes e complexas organizações, elas precisam de uma abordagem sistemática: um sistema de gestão de excelência operacional (OEMS). Colocado em prática pela primeira vez há mais de 20 anos pela Exxon, após o derramamento de óleo em Valdez, a prática da empresa passou a ser um modelo para outras companhias petrolíferas internacionais e nacionais. Colocar um OEMS em prática não garante desempenho superior, é apenas um primeiro passo. Alcançar totalmente os ganhos da melhoria na performance depende de quão bem a empresa incorpora o sistema, desde a linha de frente até o backoffice, e como os funcionários reagem com as medidas dia após dia. Em outras palavras, não se refere apenas à criação de novos sistemas e sim a como ensinar às pessoas uma nova forma de trabalhar e melhorar continuamente. Mas então, o que é um OEMS? É mais do que apenas um manual operacional. É um conjunto de regras que descreve como a empresa pretende atingir a excelência operacional. Os melhores exemplos são focados, simples e implacavelmente aplicados. Um bom OEMS: • Define expectativas globais para operações. • Define a linguagem comum que todos na organização podem usar para falar sobre as operações e as suas aspirações. • Compartilha práticas e comportamentos bem-sucedidos com toda a organização. • Mapeia responsabilidades do topo até a linha de frente. • Promove a melhoria contínua. Um bom OEMS está alinhado com os objetivos de negócios. Por exemplo, se a principal meta é reduzir os riscos operacionais, então a prioridade deve ser o desenvolvimento de sistemas que permitam o controle e
gestão de riscos. Se, por outro lado, o objetivo é melhorar a eficiência operacional, então o OEMS deve priorizar os sistemas relacionados à manutenção e inversões. Em qualquer caso, o foco deve ser em áreas geográficas ou operacionais que possuem uma grande oportunidade de melhora. A maneira mais eficaz para a implantação de uma grande mudança é por meio da comunicação direta do patamar gerencial para sua equipe. O ideal é que a maioria dos funcionários conheça os detalhes do OEMS pelo seu próprio gerente ou alguém de seu time. Durante todo o processo, é importante verificar se há recursos suficientes para que as metas do OEMS sejam atingidas, fazendo todo o esforço render uma boa chance de sucesso. É preciso manter as comunicações simples, descrevendo o que vai mudar e o que vai permanecer igual. É indicado criar incentivos para incorporar os OEMS em operações diárias e premiar aqueles que atingirem os seus objetivos de forma rápida e destacada. Os objetivos do sistema devem ser mensuráveis. Mas há algumas armadilhas comuns que ameaçam o sucesso de uma boa implementação. Vamos a elas: • Concentrar-se nas regras em vez da aplicação – Algumas empresas gastam muito tempo preparando o manual e não desenvolvem o suficiente para garantir o seu cumprimento. As empresas bem-sucedidas se concentram mais na implementação para tirar o máximo proveito do esforço. • Prestação de contas pouco clara – Quando as pessoas não são responsabilizadas pela implementação das regras descritas no sistema, elas têm menos incentivos para mudar o comportamento. • A linha de frente que não compreende as razões para o programa – Uma reação comum é que as equipes de linha de frente reivindiquem que sua situação é diferente, de modo que eles não tenham que aplicar o OEMS na forma prescrita. Alinhamento e comunicação são fundamentais. Cair em qualquer uma dessas armadilhas pode impedir o progresso de uma empresa em direção à excelência operacional. Mas evitá-las pode gerar recompensas tangíveis e substanciais.
Tomemos o exemplo de uma grande empresa de energia que, como parte de seu OEMS, estava à procura de ideias para melhorar a forma de conduzir estudos de engenharia. A empresa percebeu que seu processo de aprovação foi engolido pelo número de estudos em análise. Em uma avaliação mais próxima, descobriu-se que muitos dos estudos em processo de aprovação não tinham sido analisados no início de seu desenvolvimento, para verificar se de fato eram necessários. Como parte do seu novo OEMS, a empresa colocou uma equipe multifuncional que identificou os primeiros desafios para os estudos, para garantir que eles eram necessários. E compararam estudos que aguardavam aprovação com aqueles já concluídos, percebendo que perto de 10% deles eram redundantes, tendo sido ultrapassados por um estudo ou projeto anterior. O impacto da mudança reduziu o acúmulo de projetos em cerca de 20% e o ingresso de novos estudos em 25%. Assim que uma empresa embarca na jornada para construir a excelência operacional em seus processos, ocasionalmente, o entusiasmo inicial gera questões muito abrangentes para resolver. A empresa não pode se atolar na construção do manual. Uma pesquisa de três a quatro meses sobre as áreas é o suficiente para obter uma imagem clara da diferença entre a realidade e o ideal. Comece por poucos setores, nos quais é possível mostrar um grande impacto em apenas alguns meses. A empresa provavelmente terá um curto período de lua de mel para demonstrar o sucesso ou o risco de ver o esforço perdido. E, embora seja importante encontrar esses ganhos rápidos, a empresa não pode declarar vitória cedo demais. A implementação de um OEMS é um processo de três a cinco anos, mas as recompensas de excelência operacional valem a jornada. Como os executivos de petróleo e gás sabem, as empresas estão sob uma pressão sem precedentes para melhorar sua gestão ambiental, segurança e desempenho financeiro em meio a crescentes custos, operações em ambientes mais desafiadores e o aumento da competitividade. A excelência operacional não é apenas mais uma aspiração elevada; está se tornando uma necessidade neste mercado cada vez mais exigente.
INFORMAÇÃO DE QUALIDADE. A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transformá-la em notícia.
Na ponta dos seus dedos
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Fotos: Mariana Medeiros
fino gosto
Parador Bistrô, o sabor de Niterói no Rio
A cidade que foi capital fluminense antes da fusão com o Estado da Guanabara, mostra que tem muito a oferecer aos cariocas. Vem de Niterói uma das melhores cervejas artesanais produzidas no país, a Noi, com três variações! por Orlando Santos
E Parador Bistrô
Rua do Ouvidor, 60 (entrada pela rua do Carmo) Telefone: (21) 2507-2273 de segunda a sexta, das 11:00h às 19:00h
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E também o restaurante Berbigão, que atravessou a ponte para tornar-se um dos espaços mais bem-sucedidos da culinária especializada em frutos do mar – situa-se na rua do Catete, em frente ao Museu da República. É em Niterói que está o mercado do peixe São Pedro, visitado diariamente por nove entre dez dos mais afamados chefs do Rio, em busca de pescados frescos. Agora, chegou a vez do Parador Bistrô, que há mais de uma década é sucesso na terra de Araribóia, fincar suas raízes no outro lado da baía da Guanabara. E traz como comandantes, além do dono, Luis Felipe Gouvea, uma dupla para lá de carismática e eficiente: a ex-jornalista Karine Rodrigues e o chef Ramon Junior.
Karine está na supervisão operacional da casa e Ramon comanda as panelas, à frente de dez auxiliares. Com simpatia, atenção e a excelência de uma boa casa, eles vêm fidelizando os clientes cariocas. São os principais responsáveis pelo sucesso que o lugar, com pouco mais de quatro meses de funcionamento, já conquistou. A ideia, inclusive, é avançar com a criação de novos restaurantes Parador, depois desta bem-sucedida filial. E quando se pergunta a Karine e Ramon o que mais vem por aí, eles, sem falsa modéstia, respondem com a alegria no rosto: “Nós dois”...que sejam bem-vindos! O Parador Bistrô/Rio está localizado, oficialmente, na rua do Ouvidor 60, loja E, Centro, mas a entrada é pela rua do Carmo, defronte à lateral do antigo edifício da Sul América – este, por sinal, depois de inteiramente reformado, abriga, no térreo, o Uniko, de tradicional culinária italiana, e o café Galeria Express. Às sextas-feiras, o Parador/Rio oferece durante todo o dia, doses duplas de espumante, e a partir das 17h, os clientes são brindados com generosas doses duplas de chopp. Um público essencialmente jovem frequenta o local na maior parte do dia, incluindo a hora do almoço e no happy our eles tomas conta da casa. O chef Ramon é um craque em várias especialidades, mas seu forte, além dos risotos, é o arroz de rabada, que às sextas-feiras atrai muitos comensais. Na realidade, a área onde está o Parador estava perdendo suas referências gastronômicas graças ao abre/fecha de outros estabelecimentos. Agora, a área ganhou ares de revitalização com a chegada do Parador. O que é muito bom para o polo gastronômico já instalado no entorno da Praça XV, em especial pelos que levam a grife Belmonte, do empresário Antonio Rodrigues, ou o Cais do Oriente, e, mais recentemente o Bar do Gengibre, ao lado dos centros culturais existentes na área (CCBB, Casa França Brasil e o Centro Cultural Correios). A arquitetura do Parador é assinada por Ricardo Campos, que assim como o espaço de Icaraí tem um quê de bistrô parisiense. O local é uma boa opção para quem aprecia boa comida e ambiente agradável, com seu cardápio originalmente criado com a consultoria do chef Daniel Pinho. A advogada Elisabete Barbirato, por exemplo, provou e adorou o arroz com rabada, que considerou muito bom e bem diferente da rabada com agrião servida em muitos restaurantes. De tão satisfeita, ela prometeu levar seus colegas do Fórum, situado nas proximidades do Parador, para experimentar a criação de Ramon. TN Petróleo 102
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coffee break
Cine Odeon e Casa Cavé, Bruno Barbey, Rio, carnaval, 1980. Coleção particular
ícones cariocas resgatados No aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro, dois símbolos da cidade, o Cine Odeon e a Casa Cavé, reaparecem no cotidiano dos cariocas como bons exemplos de um processo de preservação cultural dos patrimônios históricos – marca registrada de uma sociedade que procura cuidar dos seus valores para as atuais e futuras gerações. É assim que caminha a humanidade em várias cidades do mundo e o Rio, certamente, não será diferente. por Orlando Santos Cine Odeon Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro
Praça Floriano, 7 - Cinelândia Centro – RJ Tel.: (21) 2461-0201 www.kinoplex.com.br/cinemas/ centro-cultural-lsr-odeon/45
CASA CAvÉ
Rua Sete de Setembro, 133 Centro - RJ Tel.: (21) 2224 2520 www.casacave.com.br
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Os dois voltam a ocupar a vida do carioca depois de algumas obras, sem perda da identidade: o Cine Odeon, com suas funções culturais ampliadas; a Casa Cavé, por retornar ao antigo endereço, com lustres e vitrais franceses originais nos salões que já foram frequentados por muita gente importante, como escritores e políticos da belle époque carioca. Um duplo presente que mexe com o coração da gente!
Odeon ganha novas funções Aberto no início do século passado, o Odeon é o único dos oito cinemas que funcionavam no Centro do Rio, e que deram origem ao nome do lugar de Cinelândia. Revitalizado e depois de reformas pontuais, o cinema já exibe em sua fachada a nova marca: o espaço se tornou Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. O espaço alternará sua programação cinematográfica com outras atividades com conteúdo audiovisual, como óperas, peças, balé e
Fotos: Divulgação e TN Petróleo
shows musicais, além de outros eventos. Sua reabertura é considerada um presente do referido Grupo para o Rio em seu aniversário de 450 anos de fundação, mas também marca o início das comemorações dos 90 anos de inauguração do cinema – coisa que acontecerá no ano que vem. Segundo Luiz Severiano Neto, a diversificação de programação foi a forma encontrada para manter vivo este monumento tão importante para a vida da cidade, evitando o seu desaparecimento. O prédio encontra-se bem próximo de outros patrimônios culturais, como o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, e ainda do antigo cinema Vitória, situado à rua Senador Dantas, hoje abrigando a Livraria Cultura. De volta ao antigo endereço A Casa Cavé voltou a ocupar o mesmo endereço de 1860, no casarão art nouveau, com lustres e vitrais franceses, onde funcionou por 140 anos – na esquina das ruas Sete de Setembro e Uruguaiana – e recebeu personalidades da vida pública brasileira, incluindo o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Em outubro do ano passado, quatro famílias de origem portuguesa, sócias no empreendimento (que carrega o nome de seu fundador, o francês Auguste Charles Felix Cavé), decidiram retomar as atividades no edifício antigo, abandonado o endereço provisório na mesma rua Uruguaiana. Além das tradicionais receitas portuguesas, como o bacalhau e o pastel de belém, e inumeráveis doces, a Cavé oferece pratos típicos de Portugal quase desconhecidos nas terras da ex-colônia; além de opções de sanduiches e carnes. “Toda a comida é feita na hora e é muito saudável, não oferecemos frituras. Até o pão é feito aqui”, explica o chefe de cozinha, Alfredo Galhões. A Casa Cavé havia se mudado em 2000 por impossibilidade de se reformar o prédio tombado como patrimônio histórico do Rio. Segundo o arquiteto André Rodrigues, responsável pelo novo projeto, houve o cuidado de manter as características do prédio original. “No interior, além dos lustres e vitrais, mesas e cadeiras também são originais”, diz o arquiteto, explicando que as únicas obras realizadas foram a ampliação da cozinha e reposição de novo telhado, pois o original estava deteriorado.
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news feirashot e congressos
Agosto
10 a 12 - Brasil 7TH CCPS Local: Rio de Janeiro, rj Tel.: + 55 21 2112-9080 Email: eventos@ibp.org.br www.7ccps.com.br
11 a 13 - Brasil Marintec South America Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: + 55 11 4878 5990 Email: info@ubmbrazil.com.br www.marintecsa.com.br
22 a 24 - Brasil Rio Pipeline 2015 Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: + 55 21 2112-9080 Email: eventos@ibp.org.br www.ibp.org.br
27 a 30 - Brasil Catbior - 3º Congresso Internacional de Catálise para Biorrefinarias Local: Rio de janeiro, RJ Tel.: (+55 21) 2112-9080 Email: eventos@ibp.org.brwww. www.catbior2015.com.br
27 a 29 - Brasil OTC Brasil 2015 Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: + 55 21 2112-9080 Email: otcbrasil@ibp.org.br www.ibp.org.br
27 a 30 - Cingapura Gastech 2015 Local: Cingapura Tel.: +44 (0) 203 772 6091 Email: info@gastech.co.uk www.dmgenergyevents.co.uk
Novembro
Outubro 19 a 20 - Brasil Automation & Power World Brasil Local: São Paulo, SP Email: automation-power.world@ br.abb.com www.abb.com.br/apwbrasil
Setembro
16 a 18 - Equador Ecuador oil & power Local: Quito, Equador Tel.: +593 983199913 Email: adriana@hjbecdach.com www.hjbecdachferias.com
6 a 8 - Brasil Tubotech 2015 Local: São Paulo, SP Tel.: +55 11 2950-4820 Email: silvia.colaianni@rmpress.com.br www.tubotech.com.br
13 e 14 - Holanda Offshore Energy Local: Amsterdã, Holanda Tel.: +31 (0)10 2092600 Email: ao@navingo.com www.offshore-energy.biz
4 e 5 - EUA 7th FPSO Vessel Conference Local: Houston, Texas Tel.: +44 (0) 203 141 0623 Email: cwilliams@acieu.co.uk www.wplgroup.com
17 a 20 - África do Sul NGV 2014 South Africa Local: Johannesburgo, África do Sul Tel.: + 54 11 4300 6137 Email: info@ngv2014southafrica.com www.ngv2014southafrica
Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 2224-1349 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br
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de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial. Professor e autor de diversos livros jurídicos.
opinião
20 anos da
flexibilização do monopólio do petróleo
Em novembro próximo celebraremos os 20 anos da promulgação da Emenda Constitucional (EC) n. 9, de 9 de novembro de 1995 (DOU de 10/11/1995), que deu nova redação ao art. 177 da Constituição Federal, em especial, ao seu parágrafo primeiro, admitindo que a União possa contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos.
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aquele momento, constitucionalmente falando, perdia a Petrobras o privilégio de atuar sozinha no mercado nacional, dando origem à flexibilização do monopólio. No entanto, a EC n. 9∕95 em si não era suficiente para operacionalizar a também chamada “relativização” do monopólio. Havia a necessidade de uma lei para a regulamentação do tema. Desse modo, em 6 de agosto de 1997, surgiu a Lei n. 9.478, mais conhecida como “Lei do Petróleo”, que consagrou o regime de concessão, que é o modelo regulatório aplicado em 50% dos contratos de petróleo no mundo. Muitos fatos transcorreram ao longo desses 20 anos. A 1ª Rodada de Licitações ocorreu em 1999. Desde então, as licitações foram promovidas ano a ano. Todavia, a partir de 2006, com a suspensão da 8ª Rodada de Licitações da ANP, confirmado o seu cancelamento em 2012, as questões regulatórias voltaram a ter influências políticas mais fortes. Na sequência, a 9ª Rodada de Licitações excluiu 41 blocos importantes, poucos dias antes do leilão. Na 10ª Rodada as ofertas de blocos no certame foram apenas em terra (onshore) e depois disso o país ficou quase cinco anos sem rodadas de licitação, porque no ano de 2010, ou seja, apenas 13 anos depois da instituição do modelo de concessão, o governo instituiu mais dois modelos regulatórios criando a cessão onerosa (Lei n. 12.276/2010) estabelecendo um contrato exclusivo com a Petrobras; e o modelo de partilha da produção (Lei n. 12.304/2010), que se caracteriza pela propriedade do óleo como sendo da União, possibilita a recuperação dos custos de exploração (cost oil, em média em 30% é recuperado) e partilha o lucro em óleo (profit oil) entre a União e os partícipes do contrato.
Somando-se o tempo desperdiçado e o cancelamento de uma das rodadas, o Brasil perdeu quase seis anos de atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural. Esse vazio está fazendo falta agora! – Vários outros fatores estão influenciando negativamente a atividade, tais como a não sinalização de outros leilões no chamado “Pré-sal Jurídico”; o evento “Operação Lava-jato” que forçou o enfraquecimento do poder de investir da Petrobras; e ainda os próprios defeitos regulatórios do regime de partilha da produção. A reunião dessas questões e seus efeitos reflexos nos demais partícipes da indústria, em especial, nos fornecedores, nos faz constatar, hoje, uma indústria do petróleo enfraquecida. O Pré-sal Jurídico foi uma invenção regulatória que se tornou legal. Definiu uma determinada área, conhecida como “polígono do Pré-sal”, para a exploração e produção de petróleo e gás exclusivamente pelo regime de partilha da produção, com exceção dos contratos preexistentes de concessão e do contrato de cessão onerosa. Não se reclama trabalhar com um regime jurídico novo ou diferente – todas as empresas internacionais e também a Petrobras estão acostumadas aos regimes existentes no mundo. O problema é que nos contratos brasileiros de partilha da produção foram criadas duas situações distintas, em relação aos contratos no mundo, a saber: • A criação do operador único, sem possibilidades de cessão de seus direitos de operadora. Isso obrigou a Petrobras a participar de todo e qualquer bloco que seja leiloado no polígono do Pré-sal. Para não falar que representa afronta aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, em termos empresariais, força a empresa a ter que TN Petróleo 102
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opinião ter recursos, tanto para o bônus de assinatura quanto para operacionalizar cada bloco, na proporção de suas quotas, considerando uma quota mínima de 30%. Sem falar na afeição societária (affectio societatis) que não existe, por ser imposta a parceria com o consórcio vencedor e com a PPSA, mesmo que a Petrobras não goste dos parceiros ou não tenha feito parte do consórcio que deu o lance vencedor. Esse tipo de imposição legal quebra qualquer planejamento financeiro e bagunça o budget de qualquer empresa. • Foi criada uma empresa 100% nacional para fazer parte do regime de partilha, a chamada PPSA. Em termos regulatórios e na prática, nos contratos de partilha da produção no mundo, se encontra realmente uma NOC (National Oil Company) presente nos contratos, mas, o que não se vê costumeiramente é a empresa fazer parte do Comitê que executa e opera a Exploração e Produção, compondo o Comitê Operacional com 50% dos votos, nomeando o presidente do comitê que também detém o poder de veto em quaisquer questões e ainda o voto qualificado ou de minerva, em caso de empate nas questões operacionais. Nem na China, nem na Indonésia, nem na Nigéria existem essas regras. As decisões, em caso de empate, ou são decididas pelo que deliberar o Contratado ou, no máximo, por arbitragem. Nem em Angola, país que o legislador brasileiro resolveu copiar para incluir a NOC no Comitê Operacional, as questões são decididas pelo presidente do Comitê. Lá, em caso de empate, as partes resolvem também por arbitragem. E ainda há um contrassenso jurídico porque mesmo a PPSA fazendo parte do co-
mitê que decide tudo sobre a operação, a lei tratou de excluir sua responsabilidade pela execução, direta ou indireta, das atividades de E&P. Basicamente, essas duas condições motivaram a baixa atratividade do 1º Leilão do Pré-sal, que teve apenas um consórcio concorrente, o qual arrematou o bloco pelo lance mínimo vencido pela Petrobras (40%) e mais quatro concessionários: Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%). Passados apenas 20 anos da flexibilização, que na prática são 16 anos (a primeira rodada ocorreu em 1999) e considerando os quase seis anos sem atividades, tivemos apenas dez anos de intensa atividade não monopolizada. É muito pouco tempo para que as empresas possam se desenvolver. O Brasil precisa de mais rodadas e muito mais negociações. É preciso que as regras não se alterem de modo drástico, especialmente, em curtos espaços de tempo. Enfim, é preciso que as empresas criem raízes, criem negócios e relações fortes, de modo a não serem desestimuladas a sair ou repatriar investimentos. As empresas de petróleo têm condições de gerar emprego, renda e movimentar a economia, de forma que os fornecedores possam também se desenvolver e, consequentemente, agregar inovação, tecnologia, investimento, emprego, renda. Essa filosofia é que é a verdadeira política para Conteúdo Local. Esperamos que sejam revistas as regras do “Pré-sal Jurídico”, a periodicidade das rodadas, as políticas de Conteúdo Local e em especial as políticas sobre os regimes jurídicos praticados no Brasil, de forma que possamos retomar o crescimento da indústria do petróleo.
Anunciantes da edição ABB - Pág. 11
CWC School for Energy - Pág. 77
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Gerdau - Pág. 5
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Marintec 2015 - Pág. 29
Status Offshore - Pág. 37
CGG - Pág. 47
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China Brasil - Pág. 49
Navium - Pág. 57
Costa Porto - Pág. 39
OTC Brasil – 3ª Capa
PhdSoft - Pág. 7 Presserv - Pág. 21 RHMed - Pág. 23
Vallourec - 4ª Capa Wärtsilä - Pág. 13 OPINIÃO
20 anos da flexibilização do monopólio do petróleo, de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial.
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Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br
ESPECIAL: CONSTRUÇÃO NAVAL
INDÚSTRIA NAVAL não quer ficar à deriva ENTREVISTA EXCLUSIVA
Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
“O custo da mudança é menor no contexto de crise”
ARTIGOS
Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico, por Doneivan F. Ferreira | Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: “Gestão de
prioridades”, por Wanderlei Passarella | Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido, por Heraldo Batinga | Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência, por José de Sá
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