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opinião

Sobre o Plano Trump para energia nos EUA

de Armando Cavanha F., consultor e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Petrobras em busca do equilíbrio Techint avança na integração de P-76 Comando renovado na ANP Perfil profissional: Daniel Carvalho Guimarães

O importante é estar atento às oportunidades Ano XIV • janeiro/fevereiro 2017 • Nº 111 • www.tnpetroleo.com.br

desafiador Especial: retrospectiva 2016

2016: um ano

artigos

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Novo negócio como segunda carreira. Mas qual?,

por Wanderlei Passarella | Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo, por Rodrigo Henrique Ruschel e Ivanilto Andreolli | A importância do licenciamento ambiental na exploração petrolífera, por Francisco Carrera


nossas redes sociais

sumário

8

16

18 20

edição nº 111 jan/fev 2017

Especial Retrospectiva 2016

2016: um ano desafiador

Petrobras em busca do equilíbrio

Techint avança na integração da P-76 Eventos: ANP

Comando renovado na ANP


22

CONSELHO EDITORIAL

Pefil profissional

Daniel Carvalho Guimarães

Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel Antonio Ricardo Pimentel de

O importante é estar atento às oportunidades

Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão

40

Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes

Coffee Break

José Fantine Josué Rocha

Palatnik

Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa

pioneirismo na arte cinética

Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros

artigos

Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo

26 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade:

Roberto Fainstein

Novo negócio como segunda carreira. Mas qual?,

Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio

por Wanderlei Passarella

Rubens Langer

32 Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo, por Rodrigo Henrique Ruschel e Ivanilto Andreolli 36 A importância do licenciamento ambiental na exploração petrolífera, por Francisco Carrera

Samuel Barbosa

Ano XIV • Número 111 jan/fev 2017 Foto: Agência Petrobras e Depositphotos OPINIÃO

Sobre o Plano Trump para energia nos EUA

de Armando Cavanha F., consultor e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Petrobras em busca do equilíbrio Techint avança na integração de P-76 Comando renovado na ANP Perfil profissional: Daniel Carvalho Guimarães

seções

O importante é estar atento às oportunidades Ano XIV • janeiro/fevereiro 2017 • Nº 111 • www.tnpetroleo.com.br

2 editorial

29 pessoas

4 hot news

30 produtos e serviços

6 indicadores tn 20 eventos 22 perfil profissional

desafiador ESPECIAL: RETROSPECTIVA 2016

2016: um ano

40 coffee break 42 feiras e congressos

ARTIGOS

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Novo negócio como segunda carreira. Mas qual?,

por Wanderlei Passarella | Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo, por Rodrigo Henrique Ruschel e Ivanilto Andreolli | A importância do licenciamento ambiental na exploração petrolífera, por Francisco Carrera

25 caderno de sustentabilidade 43 opinião ERRATA – Na edição 110, na reportagem Batalha Naval (página 12) a função correta de Antonio Guimarães é de gerente de E&P da Shell para o Brasil e secretário executivo do IBP.


editorial

É hora de fazer certo Lembrei a frase dita por Daniel Guimarães, da Brasilamarras, nosso perfil profissional desta edição – Do it right at the first time – para reiterar algo que sempre repito para quem trabalha comigo: só erra quem faz. Depois de errar, é preciso fazer certo de primeira! É o que esperamos de todos os protagonistas da indústria de óleo e gás, depois do temporal que fez o setor ‘perder de vista’ o horizonte. É necessário usar a bússola da reinvenção e buscar o Norte para recriar o caminho do crescimento. Não nos faltam pilares íntegros e edificações sólidas no setor. Conquistar o que ninguém pode negar ou retirar dessa indústria. Avançamos e conquistamos a liderança tecnológica na exploração de hidrocarbonetos em águas profundas respaldados na ousadia, no conhecimento técnico, na perseverança e na parceria com diversos atores, da Petrobras à cadeia de fornecedores, das instituições financeiras que apoiaram projetos às universidades e centros de pesquisa em todo o país. Temos reservas provadas e prováveis e um enorme potencial de reservas possíveis em novos cenários, como o pré-sal, a margem equatorial brasileira e,

Rua Nilo Peçanha, 26/904 Centro – CEP 20020 100 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 3786-8365 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br

DIRETOR EXECUTIVO Benício Biz - beniciobiz@tnpetroleo.com.br DIRETORA DE comunicação Lia Medeiros (21) 98241-1133 liamedeiros@tnpetroleo.com.br EDITORA Beatriz Cardoso: (21) 99617-2360 beatrizcardoso@tnpetroleo.com.br EDITOR DE ARTE, CULTURA E GASTRONOMIA Orlando Santos: (21) 99491-5468 RELAÇÕES INTERNACIONAIS Dagmar Brasilio: (21) 99361-2876 dagmar.brasilio@tnpetroleo.com.br DESIGN GRÁFICO Benício Biz: (21) 99194-5172 beniciobiz@tnpetroleo.com.br PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTER Laércio Lourenço laercio@tnpetroleo.com.br

em terra, bacias promissoras como a de Parnaíba, que vem se desenvolvendo ‘a

REVISÃO Sonia Cardoso: (21) 3502-5659 editaretextos@gmail.com

todo gás’. Reservas que posicionam o Brasil como uma das principais fronteiras

DEPARTAMENTO COMERCIAL

de E&P de hidrocarbonetos, convivendo de forma equilibrada com outras fontes

Rodrigo Matias: (21) 99269-4721 matias@tnpetroleo.com.br

renováveis que nos proporcionam uma matriz energética diversificada. Temos uma indústria sólida, com competências inegáveis e capacitação para seguir inovando, em toda a cadeia produtiva, incluindo o setor naval e offshore. É claro que há gaps, os quais devem ser vistos como oportunidades para estabelecermos estratégias, parcerias e relações mais produtivas entre empresas

assinaturas (21) 99269-4721 assinaturas@tnpetroleo.com.br CTP e IMPRESSÃO Viaman Gráfica e Editora DISTRIBUIÇÃO Benício Biz Editores Associados.

nacionais e estrangeiras, para a geração de soluções que deem suporte aos Filiada à ANATEC

desafios da indústria de óleo e gás. O fato é que a exploração de petróleo e gás natural é uma atividade que demanda o envolvimento de uma cadeia global de atores – de operadores a fornecedores de bens e serviços. Daí a necessidade de termos políticas que incentivem e deem suporte à indústria local sem restringir a participação daqueles que podem nos ajudar a suprimir os gaps. E também devemos ter mecanismos que impeçam a concorrência desleal ou predatória e que favoreçam grupos ou interesses individuais. Mas, acima de tudo, devemos rever nossas posições e incorporar uma mentalidade empresarial que saiba aprender com os erros e entenda que o melhor é fazer bem e certo de primeira! Benício Biz Diretor da Benício Biz Editores

2

TN Petróleo 111

Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo.



hot news

Navio-plataforma vai operar no pré-sal da Bacia de Santos e será a sétima unidade instalada no campo de Lula.

O FPSO P-66 deixou, dia 4 de fevereiro, o Estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), rumo à locação. A unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo (em inglês Floating Production Storage Offloading Unit) ficará instalada no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos. O início da operação ocorrerá após os trabalhos de ancoragem e de interligação do primeiro poço produtor à unidade, que vai produzir hidrocarbonetos na área denominada Lula Sul. É o primeiro FPSO da série de oito replicantes encomendados ao mercado e a primeira unidade própria do consórcio Tupi BV, formado pela Petrobras, operadora com 65%, BG E&P Brasil, subsidiária da Royal Dutch Shell, com 25%; e Petrogal Brasil, com 10%. Sua integração foi concluída no BrasFels, onde também ocorreram os testes dos equipamentos e sistemas. "Estamos orgulhosos em sermos parceiros da Petrobras nos projetos de Replicantes e de entregar o FPSO P-66 atendendo a altos padrões de qualidade. Este FPSO agrega ao 4

TN Petróleo 111

Dados da P-66 Processamento de óleo 150 mil barris/dia Tratamento e compressão de gás 6 milhões de m³/dia Tratamento de água de injeção 181,1 mil barris/dia Capacidade de armazenamento 1,67 milhão de barris de óleo Ancoragem em profundidade d’água 2.200 m Comprimento total 288 m Boca (largura) 54 m Pontal (altura) 31,5 m

histórico da Keppel de mais de 30 grandes projetos bem-sucedidos e seguros para o Brasil", destacou o CEO e presidente da Keppel FELS Brasil, Kwok Kai Choong. "O trabalho com o segundo FPSO replicante, P-69, está progredindo bem e esperamos continuar apoiando a Petrobras como seu estaleiro parceiro, aproveitando

Foto: Gabriel Ribeiro/Agência Petrobras

P-66 deixa estaleiro rumo ao campo de Lula

os vastos recursos de petróleo e gás do Brasil", complementou o executivo. O escopo do trabalho do estaleiro para os dois projetos inclui a fabricação, teste e comissionamento de módulos do topside e integração com o casco. Os replicantes são uma série de FPSOs com design e especificações semelhantes, encomendados pela Petrobras para a região do pré-sal da Bacia de Santos. Incluindo a P-66, o estaleiro completou sete projetos de FPSOs desde 2010. E tem mais dois projetos em andamento: uma segunda unidade replicante, o FPSO P-69, e o Cidade de Campos dos Goytacazes MV29. A P-66 tem capacidade para separar o óleo do gás e da água durante o processo de produção diária de 150.000 barris de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Sua capacidade de armazenamento é de 1,6 milhões de barris de petróleo que serão escoados por navios aliviadores. A unidade vai operar dez poços produtores e oito poços injetores.


Fotos: Divulgação

Grupo Prysmian abre nova filial no Chile

Novo AHTS lançado em Itajaí Navio é o primeiro AHTS construído no Oceana Estaleiro. Dando continuidade a um plano de crescimento, o Grupo CBO lançou no dia 28 de janeiro a primeira embarcação do tipo AHTS 18.000 produzido no Oceana Estaleiro, em Itajaí - SC. Trata-se da primeira de uma série de seis embarcações deste modelo que estão sendo construídas no estaleiro. Os AHTSs (Anchor Handling Tug Supply Vessels) são navios de apoio marítimo offshore projetados para exercer operações de manuseio de âncoras, reboque e suprimento de plataformas, transportando uma grande variedade de cargas, tanto líquidas quanto a granel. O CBO Bossa Nova começou a ser construído em 2015 e está contratado pela Petrobras, com entrega prevista para meados desse ano. “Contamos atualmente com 27 navios e chegaremos a 33 com estes seis AHTS 18.000, o que representa um crescimento de 22% da nossa frota total, crescimento esse com embarcações de grande porte e elevado conteúdo tecnológico”, informa o presidente do Grupo CBO, Edson Souki. O Grupo CBO tem seu foco na navegação de apoio marítimo, in-

cluindo a operação de embarcações de apoio offshore de médio porte, como por exemplo Platform Supply Vessels (PSVs), ROV Support Vessels (RSV), Oil Spill Recovery Vessel (OSRV), Anchor Handling Tug Supply (AHTS) e embarcações de inspeção e construção submarinas, além de contar com uma base de apoio em Niterói um estaleiro de construção em Santa Catarina.

Dados do CBO Bossa Nova Comprimento...................................81,50 m Boca..................................................19,50 m Pontal.................................................8,50 m Calado de projeto................................7,0 m Potência total........................... 12000 mkW

O Grupo Prysmian, líder mundial em sistemas de cabos para energia e telecomunicações, anunciou a criação de sua nova filial chilena, agora totalmente operacional. O mercado sul-americano passa por um crescimento na área da energia e das telecomunicações e o Chile é uma das regiões mais promissoras no continente. A Prysmian vende no mercado chileno há mais de três décadas, mas decidiu abrir legalmente uma unidade local para expandir seu alcance no país. De início, a Prysmian Chile vai operar por meio de um centro de distribuição disponibilizando toda sua gama de produtos ao mercado local. “Este novo marco fornece à Prysmian maior aproximação dos clientes, tornando mais fácil e eficiente o acesso a toda a gama de produtos do Grupo”, diz Germán Aparicio, diretor executivo da Prysmian Chile. “A primeira prioridade da nova empresa é ficar perto dos clientes chilenos, fortalecer as relações em nível local e regional, tornar os produtos e serviços de alta qualidade disponíveis, com um olhar atento a todas as oportunidades de crescimento que possam surgir neste país dinâmico”, comenta Marcello Del Brenna, CEO da Prysmian na América do Sul. O Grupo Prysmian tornou-se o parceiro de escolha das principais “Utilities” e operadoras de telecomunicações, apoiando-as na realização de alguns de seus projetos mais importantes em que a qualidade de seus produtos e soluções inovadoras têm permitido ao Grupo enfrentar os desafios mais difíceis. TN Petróleo 111

5


indicadores tn

Preço de petróleo mantém-se acima de U$ 50 Os dois acordos para limitar a oferta,

incluindo a Rússia –, e que preveem uma re-

de 0,69% da produção do cartel, que passou

anunciados pela Organização dos Países Ex-

dução da oferta de 1,8 milhão de barris diários

de 32,85 milhões de barris/dia em dezembro

portadores de Petróleo (Opep) no fim de 2016

de petróleo, entraram em vigor no dia 1º de

de 2016 para 32,16 no primeiro mês deste ano,

– um dentro do cartel e outro com seus sócios,

janeiro. E resultaram em uma minúscula queda

o que equivale a menos de 700 mil barris/dia. Arábia Saudita responde pela maior parte desta

Produção de países-membros da Opep e não membros – fev/2015 a jan/2017 Produção de países-membros da Opep

mb/d (Opep) 34

Outros países produtores

mb/d (total) 95.8 32.1

33 32

98 97 96

94.2 30.3

95

31

94

Mas o acordo já influenciou os preços: no início de fevereiro, o barril de Brent para abril negociado na International Exchange Futures (ICE), em Londres, registrava alta de 0,77%, a US$ 57,24. Já o barril de WTI para entrega em março, negociado no New York Mercantile Ex-

93

change (Nymex), em Nova York, avançava 0,54%,

29

92

a US$ 54,17.

28

91 Jan 17

Dez 16

Nov 16

Set 16

Out 16

Jul 16

Ago 16

Jun 16

Maio 16

Abril 16

Fev 16

Mar 16

Jan 16

Dez 15

Nov 15

Set 15

Out 15

Jul 15

Ago 15

Jun 15

Maio 15

Abril 15

Fev 15

Mar 15

30

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

06.12.2016

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Julho

Agosto Setembro

Bacia de Campos

1.390,1

1.368,8

1.354,8

Outras (offshore)

630,1

678,4

717,7

Total offshore

2.020,2

2.047,1

2.072,5

Total onshore

176,0

172,9

169,4

2.196,2 2.220,0

2.241,9

Total Brasil

Outubro Novembro Dezembro 1.344,9 1.363,00 1.367,40 686,8

703,10

770,10

2.031,7 2.066,1

2.137,5

163,2

167,6

167,60

2.195,0 2.233,7

2.300,7

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Julho

Agosto Setembro

Outubro Novembro Dezembro

Bacia de Campos 25.034,9 24.862,9 23.999,9 24.741,3 25.874,1 25.874,1 Outras (offshore) 37.194,2 37.552,1 39.730,0 36.415,2 37.504,2 39.243,1 Total offshore

62.229,0 62.414,9 63.729,9

Total onshore Total Brasil

61.156,5 63.378,4 64.800,5

17.155,1 17.055,0 17.460,7 16.364,1 17.078,3 16.985,5 79.384,2 79.469,9 Julho

81.190,5 77.520,6 80.456,7 81.786,0

Agosto Setembro

Outubro Novembro Dezembro

95,8

67,9

69,8

67,0

66,4

61,2

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

15.975,8

9.633,7

9.455,9

9.666,3

9.149,0 10.322,0

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.885,4 2.844,4

2.878,1 2.806,5 2.860,0

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom). Fonte: Petrobras

TN Petróleo 111

13.02.2017

-0.06 0.02 Variação no período: 2.83%

bovespa (%) 06.12.2016

13.02.2017

2.10 1.28 Variação no período: 11.93%

dólar comercial* 06.12.2016

13.02.2017

3.408 3.111 Variação no período: -9.06%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

O objetivo da redução da oferta, ou seja, o reequilíbrio do mercado, contudo, vem esti-

DJ Oil & Gas (%)

Período de 07/2016 a 12/2016

6

redução (cerca de 440 mil barris/dia).

2.937,1

euro comercial* 06.12.2016

13.02.2017

3.65 3.29 Variação no período: -10.46% *Valor de venda, em R$


mulando a atividade de perfuração nos Estados

Ainda assim, o Irã, que resistiu ao corte,

Unidos, país que teve mais de 6% de aumento

reconheceu que pode ser preciso fazer mais.

desde meados do ano passado, de acordo com

“A Opep tem de estender o corte para a segun-

dados divulgados no dia 27 de janeiro. Com o

da metade deste ano. Mas essa discussão só

preço da commodity subindo, a exploração de

acontecerá mais tarde”, afirmou o ministro do

algumas jazidas de petróleo de xisto voltará a

Petróleo daquele país, Bijam Namdar Zanganeh,

ser rentável.

à agência noticiosa Fars.

Os investidores aprovam o desenrolar do

A Rússia e a Opep estão protegendo a Ásia

acordo firmado entre produtores da Opep e

de cortes de oferta combinados no acordo, en-

de fora do grupo para congelar a produção da

quanto lutam para proteger sua participação no

matéria-prima, apesar das constantes altas nas

maior e mais crescente mercado de petróleo

reservas de crude norte-americana.

do mundo. Os russos e o cartel reduziram as

A Opep mostrou-se satisfeita com o re-

entregas para Europa e Américas, enquanto que

sultado do corte na produção. Mohamed Saleh

na Ásia as vendas da Opep cresceram 7% entre

al-Sada, presidente do cartel, diz que o merca-

novembro e janeiro, alcançando 17 milhões de

do “reagiu bem” à redução da oferta por parte

barris por dia, atingindo dois terços do consu-

dos principais produtores, registando-se uma

mo de petróleo da região, segundo dados do

subida das cotações.

Thomson Reuters Eikon.

Período: 06.12.2016 a 13.02.2017 | ações ações ações ações

petrobras

ON

R$

R$

18,61 16,56

R$

R$

16,15 15,62

PN

Variação no período: -8.10%

Variação no período: -0.26%

VALE R$

R$

R$

R$

ON 30,00 35,81 PNA 27,00 33,35 Variação no período: 20.98%

Variação no período: 25.28%

CPFL

ON

BRASKEM

R$

R$

R$

R$

11,05 12,25 PNA 32,93 33,95 Variação no período: 10.76%

Variação no período: 5.76%

petróleo brent (US$) 06.12.2016

53.93

13.02.2017

55.59

FRASES

"Como sempre, nossa intenção é não travar o processo, ser o mais ágil possível.” Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), prevendo até março uma definição sobre valores de uma renegociação dos contratos de cessão de áreas do pré-sal firmados em 2010 entre a Petrobras e o governo, 31/01/2017 – Reuters Brasil

"Tão importante quanto a Petrobras são milhares de pequenas empresas que estão Brasil adentro gerando oportunidades de emprego, desenvolvimento e renda. Muitas vezes um poço de 2 mil barris de petróleo no interior da Bahia é tão importante quanto um poço no pré-sal, que gera 50 mil barris por dia.” Fernando Coelho, ministro de Minas e Energia, sobre as vendas de ativos em campos maduros no plano de desinvestimento da Petrobras, 27/01/2017 – www.correio24horas.com.br

"Acredito que o mercado reage bem e vocês podem ver a queda da oferta.” Mohamed Saleh al-Sada, ministro da Energia do Catar e presidente da Opep, sobre reação do mercado à redução da oferta dos principais produtores da Opep, 08/02/2017 – AFP

Variação no período: 1.18%

petróleo WTI (US$) 06.12.2016

50.93

13.02.2017

52.93

Variação no período: 2.20%

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TN Petróleo 111

7


retrospectiva 2016

2016: um ano

desafiador 8 TN TNPetrรณleo Petrรณleo111111


Foi quase possível ouvir um suspiro nacional quando os fogos de artifício confirmaram o fim de 2016 e início de um novo ano. O Brasil inteiro, independente da classe social ou ideologia, passou pelo ano mais difícil do século XXI, que na primeira década sinalizou um novo ciclo de crescimento para o país. Mas o Brasil seria impactado pela crise instaurada no final de 2008, a partir do mercado imobiliário norte-americano, que acabou por contaminar a economia de quase todo o planeta. Situação agravada pela crise política e as denúncias de esquema de corrupção que provocaram um rombo na maior companhia do país, a Petrobras, impactando toda a cadeia produtiva, que espera ver uma luz no final do túnel antes do findar da década.

por Beatriz Cardoso TN TNPetróleo Petróleo111 111 9


retrospectiva 2016

Janeiro O Brasil produz quase 3 milhões de óleo equivalente por dia (boed) de petróleo e gás natural em janeiro de 2016. Da produção total de 2,965 milhões de boed, o Brasil extraiu 2,353 milhões bbl/d de óleo e 97,2 milhões de m³ por dia (m³/d) de gás natural. A produção do pré-sal, oriunda de 53 poços, é de 1,029 milhão de boed.

15 – Shell anuncia aquisição da BG por US$ 53 bi, apontando o Brasil como país-chave para a nova empresa, a qual passa a ser principal sócia da Petrobras no pré-sal. A previsão é que Shell -BG, juntas, deverão quadruplicar a produção até o fim desta década, transformando o Brasil no principal mercado de exploração e produção da companhia, segundo o presidente global da Shell, Ben van Beurden. 16 – A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) abre consulta pública para orientar a contratação do Estudo Ambiental de Área Sedimentar (EAAS), no âmbito da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) da Bacia do Solimões. Trata-se do primeiro estudo a ser contratado em área terrestre, conforme a Portaria Interministerial MME-MMA. 198/2012, e ocorre nos mesmos moldes daquele da Bacia Sedimentar Marítima de Sergipe-Alagoas/Jacuípe, conduzido pela ANP. 18 – Empresários que integram o Conselho de Petróleo e Gás do Sistema Firjan debatem a construção do Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro (20162025), com o objetivo de orientar a 10

TN Petróleo 111

Foto: Agência Petrobras

Fevereiro

melhoria do ambiente de negócios no estado e apresentar uma visão estratégica sobre os principais problemas da indústria. 23 – Um dos desafios atuais da indústria de petróleo e gás, a eliminação de incidentes da área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SMS) é tema do evento Getting to Zero – The Road to Stavanger – Latin American and Caribbean Region, quarto encontro de uma série global realizada pela Society Petroleum Engineers (SPE) e com apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). 24 – Senado aprova por 40 votos contra 26, o projeto que tira da Petrobras a preferência de explorar os blocos de petróleo na camada de pré-sal. Pela lei atual, a Petrobras tinha a obrigação de participar em todos os blocos descobertos com no mínimo 30% de participação. A expectativa é o texto passar pela Câmara e ser sancionado pela presidenta Dilma Roussef, e a compa-

nhia poder manter a preferência na oferta de blocos caso o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) assim determinar.

Março 3 – Para discutir a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, o IBP realiza, no Rio de Janeiro, o 1º Encontro de Inovação e Competitividade, tendo como tema Política e Estratégia de CT&I. 8 – É realizado, no Rio de Janeiro, o UK Energy in Brazil 2016, quarta edição de evento organizado pela Missão Diplomática Britânica no Brasil e pelo UK Trade and Investment (UKTI). 9 – Aurélio Amaral é aprovado pelo Senado para diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. No dia 28 do mesmo mês, ele é nomeado diretor, oficialmente. 18 – A ANP publica a Resolução n. 11/2016, regulamentando o acesso de terceiros aos gasodutos de


Um ano desafiador

transporte, visando contribuir para o desenvolvimento do mercado de gás no Brasil por meio de maior transparência, concorrência na comercialização e entrada de novos agentes. Dessa forma, consolida o marco regulatório do gás natural deflagrado pela Lei 11.909/2009 (Lei do Gás), com foco para a atividade de transporte de gás natural.

Bacia Potiguar Acauã Leste Carnaubais Iraúna Noroeste do Morro Rosado Riacho Alazão Urutau Bacia do Recôncavo Araçás Leste Fazenda Sori Gamboa Itaparica Jacumirim Vale do Quiricó

o peso estimado de cada item no custo total do empreendimento. 13 – ANP assina oito contratos de concessão para as atividades de reabilitação e produção de petróleo e gás natural em áreas inativas com acumulações marginais. As áreas foram licitadas no dia 10 de dezembro de 2015, na 13ª Rodada de Licitações – Etapa de Acumulações Marginais.

Foto: Agência Petrobras

28 – ANP faz consulta pública sobre Conteúdo Local.

1º – Nova fase do Plano Plurianual da ANP prevê investimentos de R$ 1,24 bilhão. 17 – A Câmara dos Deputados aprova o prosseguimento (admissibilidade) do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso. 20 – ANP submete à consulta de interesse 16 áreas contendo acumulações marginais localizadas nas bacias terrestres do Recôncavo (seis), Potiguar (seis) e Espírito Santo (quatro). As áreas com manifestações de interesse válidas, e apresentarem viabilidade sustentada em parecer ambiental emitido pelo órgão competente, serão sugeridas pela Agência ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para licitação. Bacia do Espírito Santo Conceição da Barra Garça Branca Rio Doce Rio Mariricu

Foto: Agência Petrobras

Abril

Maio 4 – A diretoria da ANP aprova Resolução 20/2016, que regula a neutralização da variação de pesos entre o momento da oferta (rodada de licitações) e o momento da apuração (fiscalização) de conteúdo local. O texto foi publicado no Diário Oficial da União. Desde a 7ª Rodada de Licitações, é exigido ao licitante ofertar percentuais de conteúdo local para cerca de 70 itens e subitens específicos. Para gerar a oferta de conteúdo local global, tanto da fase de exploração quanto da etapa de desenvolvimento, é necessário que o licitante indique, além dos percentuais de conteúdo local nos itens/subitens,

17 – O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, assinam a prorrogação dos contratos dos campos de Marlim e Voador até 2052. A extensão da Fase de Produção dos campos segue a diretriz da Resolução 2/2016 do CNPE, que autorizou a Agência a prorrogar os contratos firmados na Rodada Zero, em 1998, época da ocorrência do fim do monopólio estatal na produção de petróleo e gás. Originalmente os contratos terminariam em 2025. O objetivo da ANP com a prorrogação dos contratos da Rodada Zero é propiciar novos investimentos em campos maduros. Tem início, em São Paulo, a Santos Offshore 2016, que vai até 21 de maio. 19 – A francesa Technip e a norte-americana FMC anunciam decisão de se juntar, formando uma nova empresa para atender a indústria de óleo e gás mundial. O negócio com um valor de cerca TN Petróleo 111

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retrospectiva 2016

Foto: Agência Petrobras

de US$ 13 bilhões vai resultar em uma nova empresa, chamada TechnipFMC. O acordo reúne a experiência em engenharia e construção da Technip a tecnologia subsea em águas profundas da FMC. A fusão está prevista para ser concluída no início do próximo ano e a nova empresa ficará baseada em Londres. 20 – A ANP anuncia estar realizando uma pesquisa sísmica na Bacia Sedimentar do Paraná, abrangendo municípios dos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. A pesquisa realizada não agride o meio ambiente e nem tem relação com fraturamento hidráulico (fracking) ou gás não convencional (gás de xisto). 20 – Nomeado como novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento em 2001, que coordenou as ações para administrar o racionamento de energia.

30 – Conselho de Administração da Petrobras confirma nomeação do novo presidente da empresa, Pedro Parente. A produção de petróleo aumenta 8,6%, totalizando 3,115 milhões de boed, dos quais 2,487 milhões de bbl/d de petróleo e 99,8 milhões de m³/d de gás natural. A produção do pré-sal, oriunda de 56 poços, alcança 928,9 mil bbl/d de petróleo e 34,5 milhões m³/d de gás natural, totalizando 1,146 milhões de boed. 12

TN Petróleo 111

Junho 2 – Toma posse o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente. 18 a 25 – Uma delegação brasileira formada pelo IBP, junto com PetroRio, GranEnergia, Forship e Enaval, participam de missão comercial no Reino Unido, promovida pelo UKTI. A iniciativa tem como objetivo divulgar as empresas inglesas fornecedores do setor de óleo e gás, bem como seus serviços, produtos e tecnologia. 28 – O CNPE aprova a continuidade dos estudos sobre as áreas que podem ser leiloados na 14ª Rodada de licitações. A produção total de petróleo e gás natural no Brasil alcança 3,210 milhões de boed, ultrapassando o recorde anterior obtido em agosto de 2015, quando foram produzidos 3,171 MMboed. A produção de petróleo foi de aproximadamente 2,558 milhões bbl/d e a de gás natural totalizou 103,5 milhões m³/d. A produção do pré-sal, oriunda de 59 poços, foi de cerca de um milhão de bbl/d de petróleo e 38,1 milhões de m³/d de gás natural, totalizando 1,240 milhões de boed, um aumento de 8,2% em relação ao mês anterior.

Julho 8 – A Firjan lança o Anuário da Indústria de Petróleo no Rio de Janeiro – Panorama 2016, com informações para os agentes do mercado, a fim de contribuir para o direcionamento e geração de novos negócios. 13 – A Firjan recebe delegação da Nigéria, integrada por empresários associados à Associação de Tecnologia para Petróleo da Nigéria (Petan), em visita ao Brasil para prospectar parcerias no mercado de petróleo. A Petan buscava mais informações sobre o funcionamento da medida de Conteúdo Local, para verificar a possibilidade de replicar

as regras no continente africano, além de dados sobre o offshore brasileiro, em particular os projetos de águas profundas pela similaridade de formação geológica. 26 e 27 – Com o tema ‘Repensando a indústria em um novo cenário’, é realizado, no Rio de Janeiro, a 17ª edição do Seminário de Gás Natural, promovido IBP.

28 – Anunciados os vencedores do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2016, de um total de 46 projetos inscritos. Os vencedores por categoria foram: I - Inovação Tecnológica Desenvolvida no Brasil por Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) Nacional em Colaboração com Empresa Petrolífera – Projeto: Pig Palito para Inspeção de Dutos Submarinos Multisize – Autoria: PUC-Rio e Petrobras. II - Inovação Tecnológica desenvolvida no Brasil por Micro, Pequena ou Média Empresa do Segmento de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis em Colaboração com Empresa Petrolífera – Projeto: Programa de Diagnóstico de Problemas de Perfuração em Tempo Real (PWDa) – Autoria: Engineering Simulation and Scientific Software Ltda (ESSS); Ensino Superior Unificado Centro Leste (UCL), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Universidade Tecnoló-


Um ano desafiador

Agosto 4 – Em encontro no IBP com executivos da indústria de petróleo, novo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, reforçou oportu-

nidades na indústria. “Precisamos conciliar duas agendas fundamentais para a indústria: a de exploração e produção e a de um cenário pós-crise da Petrobras”, afirmou, na ocasião.

Foto: Agência Brasil

gica Federal do Paraná (UTFPR); Petrobras. III - Inovação Tecnológica desenvolvida no Brasil por Empresa Fornecedora de Grande Porte do Segmento de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis em Colaboração com Empresa Petrolífera – Projeto: Cimento Autorreparável com CO2 – Autoria: Schlumberger Serviços de Petróleo e Petrobras. Menção Especial Inovação Tecnológica – Projeto: Sistema Automático de Amostragem Contínua em Linha para Mistura de Combustíveis Líquidos – Diego Rocha Rebelo – servidor da ANP, com colaboração de Roberto Saldys e Laura Soares. Personalidade Inovação do Ano – Osvair Vidal Trevisan, por sua contribuição à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação no setor energético brasileiro. Professor titular da Unicamp, ele foi superintendente de Exploração da ANP de 1998 a 2003 e diretor do Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro/Unicamp) de 2007 a 2014. Novo recorde de produção total de petróleo e gás natural no Brasil: 3,255 milhões de boed, dos quais 2,581 milhões bbl/d de petróleo e 107,2 milhões de m³/d de gás natural. A produção do pré-sal, oriunda de 65 poços, foi de cerca de 1,060 milhão de bbl/d de petróleo e 40,8 milhões de m³/d de gás natural, totalizando perto de 1,317 milhão de boed.

31 – O plenário do Senado aprova, por 61 votos favoráveis e 20 contrários, o impeachment de Dilma Rousseff. Em outra votação, seus direitos políticos são mantidos. Outro recorde de produção de petróleo e gás natural no Brasil: 3,293 milhões boed, dos quais 2,609 milhões de bbl/d de petróleo e 108,8 milhões m³/d de gás natural. A produção do pré-sal foi de cerca de 1,099 milhão de bbl/d de petróleo e 42,2 milhões de m³/d de gás natural, totalizando perto de 1,365 milhão de boed.

produção de petróleo e gás natural, além da estatal Pemex. 21 – Em evento promovido pelo IBP, Pedro Parente, presidente da Petrobras, apresenta o novo Plano de Negócios da companhia. 28 – Oportunidades e desafios para a indústria fornecedora de óleo & gás são discutidos no seminário inédito Brazilian Oil and Gas – industry in transition, promovido pela Câmara de Comércio Norueguesa no Brasil (NBCC), em São Paulo. 29 – ANP divulga pré-edital e a minuta de contrato de concessão da 4ª Rodada de Acumulações Marginais (AM4), que serão submetidos à consulta pública pelo período de 45 dias, terminando no dia 14 de novembro. A Audiência Pública fica prevista para 21 de novembro.

Setembro 6 – A ANP e a Comisión Nacional de Hidrocarburos (CNH), órgão regulador da exploração e produção de petróleo no México, assinam Termo de Cooperação Técnica com a finalidade de permitir o intercâmbio de informações e melhores práticas na regulação do setor. Em dezembro de 2013, foi aprovado um novo marco regulatório para o setor no México, permitindo a entrada de outras empresas nas atividades de exploração e

O campo de Lula supera recorde de produção em um único campo no Brasil, onde o pré-sal já responde a 44% do total de petróleo e gás natural, o qual alcança 3,366 milhões de boed, com volume de petróleo de aproximadamente 2,671 milhões de bbl/d, e o de gás natural, 110,4 milhões de m³/d. A produção do pré-sal, oriunda de 66 poços, é de 1,175 milhão de bbl/ dia e 46,1 milhões de m³/d, totalizando 1,464 milhão de boed. TN Petróleo 111

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retrospectiva 2016

7 – Lançado o Plano Nacional de Ação de Emergência para Fauna Impactada por Óleo (PAE-Fauna), em Brasília. O documento é uma parceria entre o governo federal e o IBP.

13 – O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autoriza a ANP a realizar estudos para a 2ª Rodada de Licitações sob o Regime de Partilha de Produção e para a 14ª Rodada de Licitações de blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural. A resolução determina que os estudos de áreas unitizáveis na região do Pré-sal para compor a 2ª Rodada de Licitações sob o Regime de Partilha de Produção deverão focar, inicialmente, as áreas dos prospectos de Carcará (Bloco BMS-8) e Gato do Mato (S-M-518), do campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos, e do campo de Tartaruga Verde (Jazida de Tartaruga Mestiça, antigo Bloco C-M-401), na Bacia de Campos. Já os estudos de blocos para a 14ª Rodada se concentrarão nas bacias sedimentares marítimas de Sergipe-Alagoas, Espírito Santo, Santos e Pelotas, e nas bacias terrestres do Parnaíba, Paraná, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Espírito Santo. 24 – A ANP lança a versão digital do Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocom14

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bustíveis 2016 – ele consolida os dados referentes ao desempenho da indústria de petróleo, gás natural e biocombustíveis e do sistema de abastecimento nacional no período de 2006 a 2015. 25 –Tem início, no Rio de Janeiro, a Rio Oil & Gas 2016, em solenidade da qual participa o presidente da República, Michel Temer, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o novo diretor-geral indicado para a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Oddone. 25 – Assinado memorando de entendimento entre a Petrobras e a petroleira francesa Total. 26 – A ANP e a Oil and Gas Authority do Reino Unido assinam Memorando de Entendimento com o objetivo de promover a cooperação sobre questões regulatórias de interesse mútuo.

Foto: Agência Petrobras

Outubro

A produção total de petróleo e gás natural no Brasil é de 3,306 milhões de boed, dos quais 2,624 milhões de bbl/d de petróleo e 108,5 milhões de m³/d de gás natural. A queda na produção em relação ao mês anterior se deveu a paradas para manutenção em algumas plataformas, sobretudo a FPSO Cidade Angra dos Reis, no campo de Lula. A produção do pré-sal foi de cerca de 1,145 milhão de bbl/d e 44,4 milhões de m³/d de gás natural, totalizando perto de 1,424 milhão de boed.

Novembro 6 – Magda Chambriard conclui segundo mandato na ANP, onde assumiu o posto de diretora pela primeira vez em 2008. 9 – O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) abre consulta pública sobre conteúdo local, publicando minuta de Resolução do Comitê Diretivo do Pedefor (Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural), criado em janeiro de 2016. Ali se encontram propostas de alteração nas regras de Conteúdo Local para as Rodadas de Licitação a serem realizadas no próximo ano. 16 – Nomeados pelo MME os novos diretores da Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural, a PPSA (Pré-Sal Petróleo S/A), para o triênio 20162019, com publicação no Diário Oficial da União. O engenheiro Ibsen Flores Lima é o novo presidente da empresa e Leandro Leme Junior, diretor de Administração, Controle e Finanças. Dois outros nomeados já faziam parte do corpo de funcionários: o geólogo Hercules Tadeu Ferreira da Silva (diretor de Gestão de Contratos) e o engenheiro Paulo Moreira de Carvalho (diretor da área Técnica e Fiscalização). 23 – O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) anuncia que entrou com ação na Justiça contra pedido de waiver de conteúdo local feito pela Petrobras, durante o segundo semestre de 2016, para os FPSOs de Libra e Sépia. A entidade alega não ter sido feita uma consulta ao mercado brasileiro capaz de justificar o pedido de isenção. 29 – O presidente Michel Temer sanciona lei retirando a obrigato-


Um ano desafiador

riedade de a Petrobras participar da exploração de ativos no présal, e assim permite a outras empresas o poder de operar campos nessa camada sem estar associadas à estatal. A Lei 13.365/2016, com novas regras para exploração dos blocos do pré-sal, retira essa obrigação da estatal, facultando à empresa definir os campos nos quais tem interesse de investir. Ela terá a preferência para escolher os blocos nos quais pretende atuar como operadora, desde que com a anuência do CNPE. O campo de Lula, na Bacia de Santos, já responde por mais de 25% da produção brasileira, que foi de 3,307 milhões de boed. O volume de petróleo foi de 2,609 milhões de bbl/d e de gás natural 111,1 milhões de m³/d. O campo de Lula produziu uma média de 663,2 mil bbl/d de petróleo e 29,2 milhões de m³/d de gás natural. É o maior volume já produzido em um único campo. A produção total do pré-sal, oriunda de 68 poços, foi de cerca de 1,162 milhão de bbl/d e 45,6 milhões de m³/d de gás natural, totalizando perto de 1,448 milhão de boed.

Dezembro 2 – O Sistema Firjan, em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e a Câmara de Comércio Noruega-Brasil, promo-

ve um encontro para debater as mudanças e oportunidades do mercado nacional de petróleo e gás. Pål Eitrheim, presidente da Statoil Brasil, enfatiza as operações da empresa em solo brasileiro. 9 – Lançado o Movimento Produz Brasil, reunindo 14 instituições representantes de players da indústria de petróleo e gás, tendo como lema ‘Mais indústria, mais empregos, mais Brasil’. O objetivo do movimento é valorizar o setor produtivo, garantir a competividade entre fornecedores nacionais e internacionais, defender o conteúdo local como um dos mecanismos de política industrial e ressaltar a contribuição da produção nacional na geração de emprego, renda e arrecadação de impostos para o país. 14 – CNPE aprova diretrizes para a realização de novos leilões. Para a 14ª Rodada de Licitações, na modalidade concessão, foram selecionados 291 blocos exploratórios, distribuídos em 29 setores, de nove bacias sedimentares, localizadas em áreas de interesse dos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O índice de Conteúdo Local para essa rodada será definido no início de 2017. Para a 2ª Rodada de Partilha de Produção, prevista para ocorrer no terceiro trimestre de 2017, foram aprovadas quatro áreas com jazidas unitizáveis envolvendo áreas não contratadas à União, na região do pré-sal, nas bacias de Campos e Santos. As áreas citadas são relativas às descobertas denominadas por Gato do Mato e Carcará, e aos campos de Tartaruga Verde e Sapinhoá. Conforme diretrizes da unitização, o mesmo percentual de conteúdo local será aplicado na área sob contrato adjacente. O CNPE também aprovou a inexigibilidade de Conteúdo Local obrigatório para a 4ª Rodada de Áreas com Acumulações Marginais de Petróleo e Gás Natural. Por se tratar de campos marginais, o conteúdo local nessas atividades já é bastante elevado, e algumas exigências (como certificações e processos de apurações do percentual de nacionalização) dificultariam a viabilidade de exploração desses campos. 14 – O Plenário do Senado Federal aprova os nomes de Décio Oddone e Felipe Kury para compor a Diretoria da ANP. Eles são nomeados oficialmente nos dias 22 e 23.

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

Acompanhe em www.portalnaval.com.br TN Petróleo 111

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retrospectiva 2016

Petrobras em busca do

equilíbrio Foi um ano duro para a Petrobras, ainda sob impacto dos baixos preços do petróleo e dos danos causados pela corrupção, que é objeto das investigações da operação Lava Jato.

16 TN TNPetróleo Petróleo111111

Foto: Stéferson Faria, Agência Petrobras

A

petroleira iniciou 2016 registrando queda na produção média de hidrocarbonetos durante o ano, bem como uma retração nas reservas em função dos desinvestimentos, que foram sendo efetivados durante o ano, com a venda de ativos no Brasil e no exterior. Também enfrentou ações que buscam impedir negociações fechadas em 2015, como a liminar que suspendeu a transação com a Mitsui Gás e Energia do Brasil (Mitsui-Gás), que adquiriu 49% da Gaspetro, bem como a rescisão dos contratos firmados com a PetroRio, que havia adquirido 20% de participação dos campos de Bijupirá e Salema. Ainda no primeiro semestre, depois de rever seu modelo de Gestão e Governança e fazer uma reestruturação interna, ajustou seu plano de negócios e teve o nível de risco (rating) da dívida rebaixado por três agências de classificação: a Moody’s (de Ba3 para B3) e a


Foto: FPSO Cidade de Caraguatatuba | Stéferson Faria, Agência Petrobras

Standard & Poor’s (BB para B+) e Fitch (BB+ para BB), todas com perspectiva negativa. Neste período, a Petrobras confirmou a extensão da reserva de Libra, colocou em operação o FPSO Cidade de Maricá, na área de Lula Alto, e deu a partida no Sistema de Produção Antecipada na área de Sépia, antiga área de Nordeste de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos. Em maio obteve financiamento de US$ 1 bilhão com o China Exim Bank, e conseguiu a prorrogação até 2052 dos contratos de concessão dos campos de Marlim e Voador, firmados na Rodada Zero, em 1998, e que terminariam em 2025. Iniciou junho com novo presidente, Pedro Parente, e uma nova diretoria, de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, que seria ocupada por Nelson Silva, nome aprovado pelo conselho apenas em agosto de 2016. A petroleira encerrou o semestre registrando recordes de produção em junho, quando alcançou 2,90 milhões de boed. Ela acelerou no segundo semestre, anunciando em julho a venda de ativos em águas rasas nos estados do Ceará e de Sergipe e anunciando a busca de parceiro estratégico para a subsidiária Petrobras Distribuidora (BR) e a alienação de sua participação na Companhia Petroquímica de Per-

nambuco (Petroquímica Suape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe). O que pegou a todos de surpresa, inclusive sócios da estatal no pré-sal, foi o anúncio da venda da participação dela (66%) no bloco exploratório BM-S-8, para a Statoil Brasil Óleo e Gás por US$ 2,5 bilhões. Localizado na Bacia de Santos, o bloco, que ainda tem a participação da Petrogal Brasil S/A. (14%), Queiroz Galvão E (10%) e Barra Energia do Brasil (10%), o bloco abriga a descoberta Carcará. Em setembro concluiu as negociações com consórcio liderado pela empresa Brookfield, que adquiriu 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), e teve aprovado o Plano Estratégico e Plano de Negócios e Gestão 2017-2021. Em outubro são celebrados os acordos com investidores para encerrar 15 ações individuais nos EUA e renovado com a Caixa Econômica Federal um financiamento no valor de R$ 3,7 bilhões. A petroleira inicia negociações com Karoon Gas Australia, para alienação de direitos de concessão dos campos de Baúna e Tartaruga Verde (paralisados por liminar em novembro), assim como um novo processo de contratação para o FPSO do Projeto Piloto de Libra. Ainda nesse mês a Moody’s melhora a classificação de risco

da Petrobras: B3 para B2, com perspectiva de “estável”. A estatal finaliza a operação e venda do BM-S-8 com norueguesa Statoil, anuncia aliança estratégica com a francesa Total nas áreas de exploração e produção e gás e energia, e tem aprovada pelo conselho a venda da Liquigás Distribuidora para Companhia Ultragaz S/A., subsidiária da Ultrapar. Em dezembro é assinado financiamento no valor de US$ 5 bilhões pelo prazo de dez anos com o China Development Bank (CDB) um contrato de. No dia 5, a Petrobras informa que decisão cautelar proferida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a Sistemática para Desinvestimentos da Companhia, autorizou o prosseguimento de cinco processos que estão em fase final de negociação. Entre eles, a venda da Petroquímica Suape e da Citepe para o Grupo Petrotemex e a Dak Americas Exterior, , subsidiárias da Alpek. A estatal contrata a KPMG Auditores Independentes (KPMG) para prestar serviços de auditoria independente nos exercícios de 2017 a 2019, com possibilidade de renovação por mais dois anos. No dia 19, a Petrobras e parceiros do consórcio BM-S-9 iniciam a produção de petróleo e gás natural do campo de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos, por meio do FPSO Cidade de Caraguatatuba. TN Petróleo 111

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Fotos: Divulgação Techint

comissionamento

Techint avança na

integração dA P-76 Com mais de 2.500 pessoas mobilizadas no projeto da FPSO P-76, que vai operar no campo de Búzios II, na área de cessão onerosa do pré-sal, a Techint avança na integração do topside, no Pontal do Paraná (PR). “Temos posicionado a Unidade Offshore Techint (UOT) como uma opção de solução competitiva de conteúdo local”, afirma Luís Guilherme de Sá, diretor comercial da Techint Engenharia e Construção.

O

Pontal do Paraná, município de pouco mais de 20 mil habitantes, localizado no centro da costa do estado paranaense, entrou definitivamente para o ‘mapa’ do petróleo: é lá que está sendo finalizada a integração dos módulos da P-76, unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (em inglês Floating Production Storage and Offloading/FPSO). Com capacidade para produzir 150 mil barris de óleo por dia (b/d) e comprimir 7 milhões de m³/dia de gás natural, é uma das três platafor-

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TN Petróleo 111

mas que até 2018 deverá produzir o primeiro óleo no megacampo de Búzios, operada pela Petrobras na Bacia de Santos, sob regime de cessão onerosa. Poderá até mesmo ser a primeira, se depender do empenho da equipe do Consórcio Techint-Technip, que responde por esse projeto emblemático. O balneário, que tem praticamente 50% das praias do litoral paranaense (com apenas 98 km de extensão), descobriu essa nova vocação graças à Techint que em 2012 decidiu investir R$ 300 milhões na ampliação da capacidade de sua instalação local, inaugurada na década de 1980.

por Beatriz Cardoso

Hoje com 215.000 mil m² de área útil e capacidade para executar projetos diversos simultâneos, a Unidade Offshore Techint (UOT) abriga um contingente expressivo: são mais de 2.500 pessoas trabalhando na integração da plataforma. O que equivale a mais de 10% da população. Mas a capacidade da unidade em pleno serviço é de até quatro mil colaboradores diretos.

Cronograma respeitado “Os investimentos permitiram o atendimento do projeto da P-76, com competitividade, gerando empregos e renda para a população de Pontal do


Paraná”, destaca o diretor Comercial da Techint, Luís Guilherme de Sá, afirmando que a unidade será concluída no segundo semestre de 2017, dentro do cronograma. “O projeto está a todo vapor, seguimos os trabalhos com sucesso. Nossa previsão de entrega está mantida”, afiança, explicando que a construção dos módulos foi concluída em setembro (menos de dois meses após a chegada do casco, convertido também no Brasil), e a fase de içamento finalizada em novembro. A empresa virou o ano em ritmo acelerado, depois de dar partida na fase de integração do FPSO, para colocar os módulos em funcionamento. “Estamos fazendo as montagens adicionais necessárias, as conexões, soldas, a ligação de cabos e o alinhamento do pipe rack (onde são instaladas as tubulações)”, conta o executivo.

Conteúdo nacional Luís Guilherme destaca a importância do projeto da P-76 para a Techint, por mostrar que “é possível fazer conteúdo local com competitividade no país, oferecendo previsibilidade e confiabilidade ao cliente”. O escopo de contrato da Techint incluiu desde a engenharia e a compra de materiais até a montagem e integração dos 19 módulos de produção do FPSO, além do comissionamento e do start up da planta. A empresa respondeu pela fabricação no local de 15 dos 19 módulos, assegurando alto índice de conteúdo local. Segundo ele, em valores, esse conteúdo foi de cerca de 60%, devido ao fato de terem de importar algumas bombas e equipamentos não produzidas no Brasil. “Temos orgulho desse resultado. Nossa estratégia foi cons-

P-76 – Ficha técnica Casco convertido Comprimento.......................... 332 m Boca (largura).......................... 58 m Pontal (distância entre o convés e o fundo do casco)..............................31 m Capacidade de armazenamento...................................................1,4 milhão boe Processamento de petróleo...............................................................150 mil bpd Capacidade de compressão de gás natural.......................7 milhões de m³/dia Geração de energia................................................................................... 100 MW truir os módulos mais complexos em nosso site, para mantermos o controle do caminho crítico do projeto”, revela o diretor comercial da empresa.

Geração de renda e trabalho Guilherme opina que o sucesso do empreendimento comprova que também valeu a pena todo o investimento feito na UOT. “Temos uma unidade plenamente capacitada para executar projetos de construção e montagem offshore em atendimento às expectativas do setor e ao crescimento das demandas internas e externas”, assegura. “Mantemos diálogos constantes com as empresas afretadoras e com a Petrobras, na busca de novas oportunidades. Nossa expectativa é continuar a oferecer ao mercado uma solução local, confiável e competitiva para a fabricação de módulos e integração de FPSOs no Brasil”, avalia o executivo. Segundo ele, mesmo com o país vivendo um período crítico, a empresa conseguiu manter índices positivos em 2016 (depois de registrar 80 milhões de homem-hora de construção por ano em 2015). “E colaboramos diretamente com a economia local. Em 2015, o município de Pontal do Paraná fechou o ano como campeão no saldo de vagas de emprego no estado do Paraná e como segundo colocado no país. Um

aumento de 288% no saldo de vagas em relação a 2014”, diz.

Aposta no futuro Manter esse saldo positivo é a expectativa da empresa. “Nosso mercado é dinâmico”, analisa o executivo. “Nossa estrutura é uma das poucas aptas a receber projetos completos, incluindo a fabricação de módulos e integração. Por isso temos posicionado a UOT como uma opção de solução competitiva de conteúdo local.” Mas revela certa preocupação com a flexibilização indiscriminada da política de Conteúdo Local (CL). “Esperamos que haja ajustes para valorizar quem investiu e está trabalhando de forma séria no país”, frisa o executivo, afirmando que há itens definidos na política de CL que não são possíveis de atender de forma competitiva e confiável no Brasil. “A exigência de conversão/construção de casco de FPSO no Brasil, na minha avaliação, desmoraliza a política de conteúdo local. Está comprovado que vale mais a pena fazer isso lá fora. Por outro lado, temos plena condição de construir módulos e fazer a integração localmente de forma competitiva e confiável. É um trabalho intensivo em mão de obra, com condição de criar muitos empregos aqui, o que deve ser valorizado”, conclui. TN Petróleo 111

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eventos

Comando renovado

na ANP

por Beatriz Cardoso

Novos diretores da agência reguladora tomam posse em evento com a participação do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

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Foto: Divulgação

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retomada definitiva de um calendário de leilões de áreas exploratórias foi o tema que permeou a posse do novo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, no Rio de Janeiro, no dia 12 de janeiro. Junto com ele também assumiu um cargo diretivo Felipe Kury, outro ex-integrante da Petrobras, nomeado no final do ano passado. Aprovados pelo Senado Federal, eles têm agora um mandato de quatro anos na agência. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do MME, Márcio Félix, e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, além dos atuais diretores da ANP, Aurélio Amaral, José Gutman e Waldyr Barroso, participaram da solenidade realizada no Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio de Janeiro. Participaram do evento perto de 700 pessoas, entre os quais, segundo alguns presentes, uns 10% de fun-

cionários ou egressos da Petrobras, como os dois diretores, assim como o atual dirigente da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), Ibsen Flores, que tomou posse em dezembro. Representantes das principais operadoras que atuam no país, assim como de empresas da cadeia produtiva, autoridades estaduais, dirigentes de entidades setoriais e ex-diretores também foram à posse de Oddone, que abriu a agenda do setor para 2017.

Leilões em 2017 O ministro falou sobre os próximos leilões a serem realizados pela agência, que incluem blocos em ter-

ra, áreas no pré-sal sob regime de partilha e ainda a 14ª rodada, que marcará a retomada das licitações regulares tão esperadas pelo setor. Sua expectativa é a de arrecadar em torno de R$ 3,5 bilhões e R$ 4,5 bilhões nas três rodadas anunciadas ainda para este ano. “Esse valor se refere a uma arrecadação para outorga mínima, mas que poderá ser maior, uma vez que é possível que haja lances superiores ao mínimo. Mas precisamos nos unir para que todas as rodadas sejam um grande sucesso”, frisou Fernando Coelho, aludindo ao fracasso da 13ª rodada, quando apenas 14% dos blo-


cos oferecidos foram arrematados. Segundo ele, todas as instâncias envolvidas estão trabalhando para que a licitação de áreas onshore se realize em maio, prevendo ainda para este semestre a segunda rodada do présal, enquanto que o 14º leilão ficará para setembro. No dia 14 de dezembro, na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), foram definidas algumas regras básicas de conteúdo local para os próximos leilões. Em relação à 2ª Rodada de Partilha de Produção, valerá para as quatro áreas – no entorno de Carcará e Sapinhoá e dos blocos unitizáveis Gato do Mato e Tartaruga Verde (da 7ª Rodada) – as mesmas obrigações de conteúdo local aplicadas nas concessões adjacentes. Mas o CNPE deixou para a reunião de 31 de janeiro a questão relativa ao conteúdo nacional da 14ª Rodada de Licitações (concessão).

Regularidade é benéfica “A indústria acha que a previsibilidade de leilões é algo positivo. Eu concordo. Um calendário regular permite que as empresas se preparem, conheçam melhor o subsolo brasileiro. Tendo empresas que conheçam bastante o país, os processos ficam mais competitivos”, disse o novo diretorgeral da ANP. Oddone afirmou que “o fim do petróleo caro é uma excelente notícia para os consumidores e para a economia global que fica menos vulnerável a potenciais choques de preço, mas poderá representar um problema para países produtores que não se adaptarem a essa realidade”. Segundo ele, pela primeira vez, o país poderá flertar com a tão sonhada autossuficiência em petróleo e com a real perspectiva de se tornar exportador relevante de hidrocarbonetos e biocombustíveis. “Trata-se de oportunidade única, impensável anos atrás. Não temos o direito de desperdiçá-la. O governo vem trabalhando

para atrair o capital necessário para que aproveitemos adequadamente e a tempo os nossos recursos. Teremos a entrada de novos atores nos segmentos de exploração e produção, gás natural, downstream, logística, distribuição e produção de etanol e biodiesel”, pontuou.

Regras simplificadas Décio Oddone ressaltou a importância de fortalecer a segurança e a estabilidade regulatória. “Vamos ajudar a atrair investimentos, estimulando e facilitando a ação dos agentes econômicos, simplificando as normas, acelerando os trâmites e mantendo os canais de diálogo permanentemente abertos”, disse. Ele frisou que esse posicionamento não deve ser encarado como um sinal de que a ANP vai afrouxar as regras ou ser menos rigorosa em sua aplicação. “Ao mesmo tempo em que queremos estimular a atividade econômica, esperamos seriedade e respeito às regras por parte dos agentes regulados. A agência vai buscar facilitar, induzir e estimular bons comportamentos, mas não vai se furtar a aplicar sanções aos que faltarem com seus compromissos ou fraudarem as regras”, completou. No discurso de posse, o novo diretor Felipe Kury afirmou que

as rodadas de licitação dos blocos exploratórios funcionam como importante vetor de desenvolvimento tecnológico industrial, promovendo inquestionáveis benefícios para a sociedade com impacto relevante no desenvolvimento socioeconômico. “É de extrema importância que o ato de regular atenda a padrões de consistência, previsibilidade e transparência, garantindo assim a segurança jurídica, o equilíbrio e a racionalidade econômica aos setores regulados”, observou. Kury opina que a ANP necessita intensificar a cooperação com os demais setores do Governo, possibilitando a ampliação do número de leilões de blocos exploratórios, principalmente assegurando a constância e a previsibilidade destes feitos. “Porém, sempre observando a capacidade de investimento, peculiaridades dos diversos agentes econômicos e diversidade dos ativos exploratórios”, observou o executivo. E salientou que estará atento também à evolução dos trabalhos do Pedefor, iniciativa do Governo que está revendo a Política de Conteúdo Local (PCL), com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de segmentos estratégicos da indústria nacional. TN Petróleo 111

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perfil profissional

O importante é estar atento às

oportunidades por Beatriz Cardoso

Aos 46 anos, recém-completados, o administrador de empresas Daniel Carvalho Guimarães, poderia brincar que está no ‘primeiro emprego’. Isso porque desde a entrada como estagiário na Companhia Brasileira de Amarras (Brasilamarras), da espanhola Vicinay Marine S.L., em 1994, sempre atuou em empresas do grupo, no Brasil e no exterior, em diferentes funções. “Estas mudanças foram primordiais para manter a minha motivação e foco nos novos desafios, que apareceram ao longo da minha carreira, nestes 23 anos”, diz ele.

Fotos: Arquivo pessoal

Neste período, o persistente mineiro teve de fazer duas vezes o curso de Administração, devido ao comprometimento com o trabalho, que o levou a viver oito anos na Ásia, somando 16 anos entre o primeiro dia na universidade até a obtenção do diploma. Hoje como diretor comercial da Brasilamarras, ele afirma que o mais importante é trabalhar com paixão. “Dedique-se ao que você faz, nunca desista de um sonho, e vai agarrar todas as oportunidades – às vezes sem perceber – que aparecerem ao longo da sua carreira”, orienta. Ainda que haja muito executivo com mais de duas décadas de empresa, no setor privado são raros os casos de pessoas que escreveram uma trajetória profissional em uma única organização, como é o caso do administrador de empresas Daniel Carvalho Guimarães, diretor comercial da Companhia Brasileira de Amarras. Ele cumpriu um verdadeiro círculo virtuoso, desde o ingresso na empresa, aos 23 anos, no início do curso universitário, até o retorno a ela, como gerente comercial, em 2007, depois de atuar em duas empresas do grupo na China e em uma terceira, em Cingapura, literalmente do outro lado do planeta. Essa experiência com culturas distintas e novos desafios é uma das razões para a longevidade nesse ‘primeiro emprego’, algo que o jovem universitário não imaginava quando ingressou na empresa. “Estagiei por seis anos no departamento de Produção e outros seis na área da Qualidade, onde

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desenvolvi competências que me guiam e me orientam até hoje. Frases emblemáticas marcaram essa caminhada, como: Do it right at the first time [faça direito na primeira vez], frisa Daniel.

paciência e aprender que toda cultura tem seus valores. “Em um mundo sem fronteiras, como o que vivemos hoje, todos que tiverem uma oportunidade, devem desenvolver suas habilidades multiculturais”, afirma.

Rumo à China Daniel recebeu o ‘passaporte’ para a Ásia em 1999, quando um alto executivo comentou que uma das fábricas do Grupo Vicinay estava precisando de ajuda, na área de produção e qualidade, e que o grupo estava buscando profissionais com experiência nestas áreas, a fim de reestruturar a empresa. Sentindo o interesse do jovem funcionário, ele sugeriu o nome de Daniel, que foi prontamente aceito pelo grupo. Ele não teve dúvidas em trancar o curso universitário, que já vinha sendo feito em etapas, arrumou as malas e foi para a China trabalhar em uma joint venture do grupo com uma estatal chinesa, a DaZhong Anchor Chain Co., que fabricava amarras na cidade de Foshan, província de Guangdong. “Fui para lá com a função de ajudar a organizar os departamentos de produção e qualidade. Era no interior e embora a empresa tivesse cerca de 500 funcionários, havia poucos estrangeiros na região. Virei atração na cidade. Todos me cumprimentavam com um sonoro hello!”, conta, rindo. Iria em seguida para a S.I.V. China / Servicios Integrales Vicinay, que dava suporte comercial à matriz do grupo, na Espanha, nos negócios na Ásia. “Era uma empresa nova. Tive a responsabilidade de iniciar do zero, desenvolvendo toda a estrutura, desde a montagem do escritório até a seleção e contratação de funcionários. Foi bem desafiador!”, comenta.

Novos desafios

Local e data de nascimento: Belo Horizonte (MG), no dia 22/02/1971. Estado civil: Casado com Claudia e com dois filhos, Maria Clara (8 anos) e João Felipe (7 anos). Qual livro está lendo? Liderança: a inteligência emocional na formação de um líder de sucesso, de Daniel Goleman, e O líder criador de líderes, de Ram Charan. Qual seu livro de cabeceira? Sonho grande, de Cristiane Correa. O que gosta de fazer nas horas de folga? Gosto de esportes, cozinhar e estar com a família e amigos. Qual o seu hobby? Hoje é o Mountain Bike, que faço aos finais de semana em companhia da minha esposa, pelas trilhas do estado do Rio de Janeiro. Música predileta? “I don’t want to miss a thing”, Aerosmith.

O mais difícil, além de estar longe da família e dos amigos, foi se adaptar à cultura local. “O chinês é muito diferente e peculiar, desde a comida até a forma de pensar das pessoas. O meu primeiro choque cultural foi com a comida. Logo no segundo dia no país, fui convidado para um jantar tradicional. Tive que experimentar todos os pratos e o meu tradutor não queria falar o que eu estava comendo. Foi uma grande experiência”, lembra, divertido. O grande aprendizado, segundo Daniel, foi desenvolver a

Depois de quase três anos de China, foi convidado a assumir o escritório comercial do grupo em Cingapura. Aceitou de imediato a nova oportunidade. “Cingapura é um espetáculo, moderna, organizada, linda e muito verde. Tudo funciona de forma harmônica, com diversas culturas compartilhando um mesmo local. Essa miscigenação de culturas é encarada de forma natural, e muito respeitosa por todos”, comenta. A mudança para a área comercial foi o maior desafio, facilitado pelo conhecimento técnico que ele havia adquirido sobre o produto, depois de trabalhar alguns anos nos departamentos de produção e qualidade. Acabou por representar a empresa em toda a Ásia e Sudeste Asiático, conhecendo vários países, como Coreia, Taiwan, Japão, Malásia e Indonésia, visitando ou prospectando novos clientes durante os cinco anos em que ficou em Cingapura. “Tive que aprender a me comunicar de uma forma mais comercial, mais formal. Aprendi diferentes culturas, e como deveria me comportar em reuniões e refeições de negócios”, observa Daniel. Depois de oito anos na Ásia, sentiu que estava na hora de voltar ao Brasil. “Eu estava namorando e com casamento marcado. Achei que era o momento de voltar... Mas continuo aberto a novas oportunidades fora do Brasil”, ressalva, afirmando. “Vim feliz e realizado e com a sensação de dever cumprido.” TN Petróleo 111

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perfil profissional

Daniel e sua esposa, Claudia, em um de seus passatempos favoritos, o Montain Bike.

O difícil foi se readaptar. “Nos primeiros meses, sofri bastante com os serviços públicos e também do setor privado. Estava acostumado com Cingapura, onde era muito fácil de se viver e tudo funcionava com excelência”, pontua. “No trabalho, mudou o foco, os clientes, mas a experiência adquirida foi determinante para uma rápida adaptação. Sinto muita falta da organização e da diversidade gastronômica que aprendi a admirar em Cingapura”, afirma. Também teria dificuldades para continuar o curso universitário. “Quando fui reabrir minha matrícula, descobri que tinha perdido praticamente todos os créditos feitos até aquele momento – isso em função das mudanças nos programas do curso de Administração. Tive que retomar o curso quase que do princípio”, lembra ele.

O administrador de empresas destaca que um diploma universitário faz falta, mas o maior aprendizado foi ter contato com novas teorias e analisar diferentes ‘estudos de casos’. “Estar reciclando seus conhecimentos e aprendendo técnicas atualizadas de gestão facilitam muito meu trabalho. Por isso, fiz especialização em Gestão, e com o incentivo da família, o EMBA Empresarial da Fundação Dom Cabral”, complementa.

Empresa de uma vida A longevidade no grupo Vicinay, segundo ele, se deve ao fato de, ao longo de 23 anos, ter atuado em ‘diferentes’ empresas e áreas. “Estas mudanças foram primordiais para manter minha motivação e foco nos novos desafios. A vantagem de estar em um mesmo grupo é que você se torna conhecido:

convivi com diversos e excelentes profissionais, com os quais me relaciono até hoje”, garante. Para quem quer seguir a mesma trilha, a dica dele é simples: “É preciso, acima de tudo, ter perseverança e paciência para buscar os objetivos; resiliência para levantar de tombos inevitáveis durante o percurso; paciência para aprender que sua hora vai chegar e muito trabalho vem junto”, afirma. Mais do que isso, atenção às chances que surgem na vida: “As oportunidades aparecem em nosso caminho e muitas vezes não conseguimos enxergá-las. Trabalhe com paixão, se dedique ao que faz e nunca desista de um sonho. Dessa forma, você agarrará todas as oportunidades, às vezes sem perceber, que aparecerem ao longo da sua carreira”, conclui.

Newsletter TN Petróleo

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Diariamente, na tela do seu computador, as informações do setor TN Petróleo 111 naval e offshore. Assine em www.tnpetroleo.com.br


Ano 5 • nº 49 • fevereiro de 2017 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem

Lei das Águas faz 20 anos sem muito a comemorar

O

s projetos de despoluição dos rios andam a passos de tartaruga, como pode ser observado em São Paulo, e os comitês das bacias hidrográficas criados para buscar soluções nunca tiveram a participação de 50% da sociedade civil, conforme estabelece a lei. Hoje, a participação da sociedade civil nos comitês não passa de 25%, embora a lei determine pelo menos metade de representantes de órgãos independentes. Os comitês hoje são formados apenas por representantes do governo. Este fato foi questionado recentemente pelo Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), órgão que questionou os comitês de bacia importantíssimos dentro da área da macrometrópole de São Paulo, ponto nevrálgico para a gestão da água, como os do Piracicaba, Capivari, Jundiaí (CBH-PCJ) e do Alto Tietê (CBH-AT). “Diante da contrariedade da representatividade minoritária das entidades da sociedade civil, também denominadas organizações civis de recursos hídricos (universidades, usuários e associações) aos ditames da legisla-

ção federal, de que forma estão sendo adotadas providências por parte do comitê para regularização da atuação de ilegalidade na atual forma de composição?”, destaca um documento do Gaema do Alto Tietê, questionando a razão dessa falta de paridade. “A participação da sociedade civil, conforme prevê a lei, representa transparência e participação social nas decisões, elementos fundamentais já que se pressupõe a inserção de forças sociais para equilíbrio em decisões em que prevalece o governo e o setor econômico”, observa o ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). Bocuhy frisa que a gestão deve visar resultados pró-sociedade e prósustentabilidade, pois afinal “a água é essencial para a vida, é um direito humano fundamental e, portanto, bem comum do povo – e deve ser gerida nesta perspectiva”.

O que é o Proam Trata-se de uma organização não governamental que estimula ações e políticas públicas com a finalidade de tornar o ambiente saudável, principalmente em grandes áreas urbanas.

Foto: Free Images

Avanços são pequenos em duas décadas desde a promulgação da Lei 9433/1997.

Fundada em abril de 2003, a ONG é presidida pelo ambientalista Carlos Bocuhy (conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente/Conama). Desde sua fundação, o Proam tem trabalhado em defesa da boa normatização e indicadores ambientais para a elaboração de políticas públicas, realizando diagnósticos ambientais, vistorias, denúncias e cobrança de soluções e da eficácia na atuação dos órgãos competentes. A ONG desenvolveu a campanha ambiental ‘Billings, eu te quero viva!’ e o programa ‘Metrópoles saudáveis’. Este programa, atualmente em andamento, é coordenado pelo Proam e apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). TN Petróleo 111

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suplemento especial

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade

Novo negócio como segunda carreira. Mas qual?

Pesquisa com ex-executivos que se lançaram no empreendedorismo.

C

Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP; pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/ FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor-geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.

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TN Petróleo 111

ada vez mais executivos pensam em iniciar um negócio próprio. Alguns fatores conspiram para isso, tais como o esgotamento recente do mercado de trabalho, a jovialidade atual de uma pessoa na faixa dos 45-50 anos de idade e a melhoria das condições e do apoio para a abertura e condução de uma empresa. Em artigo publicado em 6 de dezembro de 2016, intitulado “Apoiar o empreendedorismo”, o Estadão cita que o desejo de ter um negócio próprio já supera amplamente o de fazer carreira em uma empresa. Tal preferência foi manifestada por 34,5% dos brasileiros adultos, com idade entre 18 e 64 anos, consultados no ano de 2015 para a pesquisa sobre empreendedorismo realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor, com o patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Seguir uma carreira foi manifestado por apenas 22,7% dos entrevistados. Neste ano, a Synchron Participações realizou mentoria com mais de 30 executivos em transição de carreira para ajudá-los a seguir essa segunda fase baseada no empreendedorismo. Atuou por meio de uma das grandes empresas especializadas em Outplacement existentes no mercado, a Stato. Em geral, a última empresa onde esses executivos trabalharam contrata o serviço de transição de carreira para auxiliá-los a se reposicionarem profissionalmente. Quando analisamos o que foi feito em 2015, chegamos a algumas conclusões muito elucidativas. Separamos uma amostra com 30 ex-executivos (todos com os quais conseguimos concluir o processo de mentoria de empreendedorismo), num período de três a cinco sessões, e identificamos quatro famílias de negócios escolhidas. São elas: • Empresas Tradicionais (Indústria, Comércio, Serviços) • Consultorias Especializadas • Franquias • Start-ups Vale ressaltar que, em nosso estudo para tal análise, o conceito de Start-up está relacionado à fundação de uma nova empresa que tenha base tecnológica ou que venha a criar um comportamento “disruptivo” no mercado. A maioria dos ex-executivos preferiu se dedicar a uma Empresa Tradicional (46,7%), logo seguido por Consultoria Especializada (40,0%). Uma parte menor (10,0%) decidiu se dedicar a uma Franquia e apenas um (3,3%) optou por iniciar uma Start-up (ver gráfico na página seguinte).


Startups Franquias

10

3 47

40

Empresa tradicional

Consultoria especializada

Os tipos de Empresas Tradicionais foram os mais diversos, nos seguintes ramos: Agropecuária

Alimentação

Imobiliário

Transportes

Educação (2)

Farmacêutico

Arquitetura

Corretagem

Construção Civil

Turismo

Mat. Construção

Representações (2)

A maior concentração foi encontrada nos ramos “Educação” e “Representações”. Talvez porque representam um investimento inicial menor. As Consultorias Especializadas se espalharam nos seguintes segmentos: Adm. Geral (3)

Regulamentações

Governança

Operações

Institucional

Mídia

RH (2)

Energia

Outsourcing

mento e o grau de liberdade que se conseguiria com uma franquia. O que logicamente acaba sendo a menor escolha entre ex-executivos é uma Start-up. Primeiro, porque é mais arriscada e envolve certo grau de inovação. Quem já possui maturidade profissional raramente aprecia se lançar em algo totalmente novo. E, em segundo lugar, porque requer grande dedicação e a habilidade de recomeçar tateando no escuro, o que em geral atrai apenas os mais destemidos. Por outro lado, as recompensas podem ser grandes. É o que observamos com as Start-ups aceleradas pela InovAtiva – o maior programa de empreendedorismo brasileiro, capitaneado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio), da qual a Synchron também é mentora. Interessante classificar também a escolha dos novos negócios a partir da forma como os ex-executivos optaram por entrar neles. A maioria, 60%, escolheu iniciar ele próprio o seu novo negócio; outros 20% escolheram comprar um negócio já existente; e os demais 20% escolheram aperfeiçoar um negócio em andamento, de familiares ou deles mesmos, que estava em mãos de terceiros. Neste último caso, o aperfeiçoamento se deu pelo aporte de gestão e de presença no negócio. Foto: Depositphotos

Família de negócios (%)

As áreas de maior incidência das consultorias foram em Administração Geral e RH. Dado que um número considerável dos ex-executivos exerceu cargos de diretoria ou de alta gestão, seria normal se esperar a preferência por Administração Geral. A área de RH também atrai um número maior de profissionais, dado que há abrangência nesta disciplina, passando por contratações, planejamento de cargos e salários, coaching etc. Houve 10% de casos em Franquias. O número é baixo, dado o potencial e a variedade de opções oferecidas no mercado, bem como a profissionalização e prestígio de algumas marcas. Mas para ex-executivos muitas vezes surge a dúvida em relação ao tamanho do investiTN Petróleo 111

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suplemento especial Escolha da forma de entrada em um novo negócio

60% Iniciar do zero

20%

20%

Aperfeiçoar um negócio existente

Comprar um negócio existente ou parte deste

Por outro lado, quando cruzamos estas duas análises (famílias de negócios x forma de entrada) verificamos que entre os negócios que foram iniciados do zero, 55,5% eram Consultoria, 27,8% eram Empresas Tradicionais, 11,1% eram Franquias e 5,6% eram Start-ups. Assim, constatamos que a preferência dos ex-executivos que vão se lançar desde o início a um novo negócio recai nas Consultorias, pois são os seus conhecimentos adquiridos o ativo mais relevante neste caso.

Análise: Famílias de Negócios X Forma de Entrada (%) 60

10 0

Startups

20

Consultoria

30

Franquias

40

Empresas tradicionais

50

Conclusões 1. Mais e mais executivos consideram a possibilidade de se lançar em um novo negócio como opção de uma segunda carreira. 2. A maioria dos executivos se divide entre empreender uma Empresa Tradicional (indústria, comércio, serviços) ou uma Consultoria Especializada, podendo começar do zero, comprar parte ou o todo de um negócio já existente; ou ainda aperfeiçoar o negócio de um parente próximo e se dedicar a ele plenamente com participação.

3. No caso de começar um negócio do zero, a maioria prefere uma Consultoria Especializada, pois requer menor investimento e há o aproveitamento de um saber que foi aumentando por estudo e experiência na carreira prévia como executivo. Um último alerta para quem considera entrar no empreendedorismo, baseado em nossa experiência: comece profissionalizado! Analise bem o ramo a mergulhar, estude a forma de entrada e realize o seu Plano de Negócios. Suas chances de sucesso aumentarão na proporção do seu trabalho prévio! Pesquisa de mentoria de empreendedorismo Tipo de negócio

Ramo de atividade

Iniciar do zero

Franquia

Educação

Empresa tradicional

Agropecuária

Consultoria

Administração geral

X

Consultoria

Operações

X X

Start-up

Aplicativo

Empresa tradicional

Transporte

Franquia

Intercâmbio

Empresa tradicional

Arquitetura

X

Empresa tradicional

Turismo

Consultoria

RH

Empresa tradicional

Alimentação

X

Consultoria

Regulação

X

Consultoria

Energia

X

Consultoria

Governança

X

Consultoria

Mídia

X

Consultoria

Administração Geral

X

Consultoria

Outsourcing

X

Empresa tradicional

Educação

Empresa tradicional

Corretora

X

X

Consultoria

RH

Consultoria

Administração geral

X X

Consultoria

Institucional

Empresa tradicional

Comércio

Empresa tradicional

Imobiliário

Fonte: Material interno da Synchron, 2016

INFORMAÇÃO DE QUALIDADE. Na ponta dos seus dedos www.tnpetroleo.com.br 28

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pessoas

Hexagon indica novo CEO para América do Sul

Com 12 anos consolidados e uma trajetória marcada por grandes desafios e conquistas na Hexagon Manufacturing Intelligence, Danilo Lapastini, inicia o ano de 2017 com mais um estímulo: passa a ocupar a posição de CEO na América do Sul. Formado em Gestão de Negócios, Lapastini trilhou sua carreira profissional acrescentando à bagagem importantes experiências adquiridas, como gerente de Vendas, diretor comercial, de Pós-Vendas e Administração, diretor executivo e de Operações. Há mais de uma década tem enfrentado grandes desafios, como a implantação de um marketing ativo; montou e qualificou um time de vendas; melhorou processos do pósvendas; e vivenciou um crescimento de 700% em poucos anos. A rápida identificação com os princípios, a ética e a atuação da empresa faz com que Danilo se recorde com orgulho dos momen-

tos e desafios enfrentados ao lado de grandes mestres e colegas de trabalho. “Desde o primeiro momento em que entrei para ser entrevistado me identifiquei com a Hexagon. O apoio que tive do meu gestor direto, sem dúvida, foi a chave do sucesso”, enfatiza. Como CEO da América do Sul, Lapastini, destaca como maior desafio a retomada do crescimento frente à crise. “O maior desafio é voltarmos a crescer. Embora estejamos muito bem dimensionados administrativa e financeiramente, precisamos um pouco da ajuda do mercado. Temos vários planos, entre eles, Indústria 4.0, aumentar o número de instalações de células robotizadas

Foto: Divulgação

Vice-presidente da Hexagon Manufacturing Intelligence, Danilo Lapastini se torna CEO da América do Sul.

de medição, melhorar as tecnologias nas máquinas já instaladas, entre outros. Ideias não nos faltam e com certeza 2017 será um ano especial.”, finaliza Danilo.

Toda a tecnologia e os bons negócios 2016: um ano desafiador do setor você só encontra aqui!

OPINIÃO

Sobre o Plano Trump para energia nos EUA

de Armando Cavanha F., consultor e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Petrobras em busca do equilíbrio Techint avança na integração de P-76 Comando renovado na ANP Perfil profissional: Daniel Carvalho Guimarães

O importante é estar atento às oportunidades

Ano XIV • janeiro/fevereiro 2017 • Nº 111 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL: RETROSPECTIVA 2016

ARTIGOS

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Novo negócio como segunda carreira. Mas qual?,

por Wanderlei Passarella | Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo, por Rodrigo Henrique Ruschel e Ivanilto Andreolli | A importância do licenciamento ambiental na exploração

Leia. Assine. Anuncie. (21) 3786-8365

petrolífera, por Francisco Carrera

Mais informações:

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produtos e serviços

DNV GL

Reformas aumentam confiança no setor de O&G no Brasil

A confiança nas perspectivas para a indústria de óleo e gás no Brasil mais do que triplicou, de 16% em 2016 para 50% em 2017, de acordo com a nova pesquisa publicada pela DNV GL, principal provedora de serviços de consultoria técnica para o setor. A confiança na indústria para o próximo ano também está significativamente maior no Brasil comparada com a média global (32%) conforme reformas propícias aos negócios acontecem pelo país. “Esta confiança extra mostra que os profissionais da indústria de óleo e gás no Brasil estão deixando para trás as crises recentes que paralisaram o setor. Os fundamentos do setor de óleo e gás brasileiro são muito robustos, entretanto existe a necessidade de melhorar o ambiente de negócios para trazer a indústria de volta à sua trajetória de crescimento, e esta transição começa em 2017,” diz Alex Imperial, Diretor, DNV GL – Oil & Gas na América do Sul Segundo ele, após dois anos muito difíceis, os líderes do setor no Brasil estão olhando para um futuro positivo, resultado de significativas reformas na legislação que certamente irão aumentar a previsibilidade e a competitividade do Brasil em longo prazo, condições cruciais para atrair investimento estrangeiro e revitalizar a indústria. 30

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Foto: Agência Petrobras

Preocupações sobre metas de receita e lucro permanecem enquanto a economia local é vista como uma barreira chave para o crescimento.

“As recentes mudanças na governança e na estratégia da Petrobras também enviam sinais muito positivos sobre as perspectivas da indústria. Estes fatores pavimentarão o caminho para uma indústria vibrante e diversificada nos próximos anos”, acrescenta Imperial. Entretanto, o sentimento positivo para 2017 não é refletido em todos os aspectos do negócio. Apenas um quarto (26%) dos profissionais seniores da indústria no Brasil esperam alcançar suas metas de receita e lucro neste ano, comparado com as expectativas globais (38% e 34% respectivamente). Este dado se revela no momento em que as empresas estão se ajustando a uma nova realidade, onde os preços do petróleo permanecem baixos por um período mais longo de tempo. Apesar das conquistas concretas até agora e sinais de reformas que ainda estão por vir, a economia local, a instabilidade geopolítica, bem

como a falta de suporte do governo e de políticas adequadas, são consideradas as principais barreiras para o crescimento do setor no Brasil, de acordo com a pesquisa. Short-term agility, long-term resilience (“Agilidade no curto prazo, resiliência no longo prazo”) é o sétimo estudo anual de referência sobre as perspectivas da indústria de óleo e gás, apresentando um retrato da confiança, prioridades e preocupações da indústria para o próximo ano. Ele apresenta uma pesquisa envolvendo 723 profissionais seniores do setor globalmente. Em um período de recuperação prolongada do setor, a pesquisa da DNV GL revela sinais de agilidade no curto prazo com 58% dos participantes brasileiros estimando que suas organizações investirão em projetos mais ágeis (contra 52% globalmente). 58% dos entrevistados terão foco no aumento da eficiência dos ativos em operação neste ano, enquanto 46% esperam priorizar a extensão a vida útil dos ativos. O estudo mostra, ainda, evidências de mudanças profundas e estratégicas visando um crescimento sustentável, com reestruturação organizacional sendo citada como a principal tática para redução de custos este ano (48%). 40% dos participantes estão procurando por novas oportunidade de fusões e aquisições no segmento de gás natural, contra 27% globalmente, indicando o potencial de um segmento em transformação.


Manserv

Novo Centro de Serviços inaugurado em Macaé

Considerada a maior reserva petrolífera da plataforma continental brasileira, a Bacia de Campos é um dos pontos estratégicos para a extração de petróleo e gás em águas rasas e profundas no país. Com mais de 100.000 km de extensão, a reserva está espalhada pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas com grande concentração na cidade fluminense de Macaé. É justamente nesta localidade que a Manserv começa a operar o seu Centro de Serviços em Manutenção e Montagem de estruturas e componentes para plataformas. O projeto prevê a revitalização e manutenção completa das estruturas petrolíferas localizadas nos ativos de Marlim e Centro-Sul. Os serviços contemplam ações onshore e offshore, ou seja, a companhia realizará a fabricação de estruturas, tubulações e válvulas, o seu transporte até as plataformas, a instalação e a manutenção constante de especialidades de caldeiraria, elétrica, instrumentação, andaime, pintura e paradas. “A aquisição deste novo Centro de Serviços é um marco para a atuação da empresa no segmento de manutenção de plataformas. Para garantir a boa gestão e a eficiência das

operações da região, contamos com uma equipe com 600 profissionais dedicados no desenvolvimento de soluções que contemplem as empresas locais”, afirmou o diretor-geral de Manutenção da Manserv, Carlos Alberto Fernandes. De acordo com o executivo, ao todo, a empresa investiu R$ 5 milhões para a consolidação da estrutura, que comporta escritórios, pipe shop, almoxarifado e pátio de armazenagem em uma área de mais de 13.000 m², formando uma composição completa de atendimento operacional e administrativo. “Além de atender à demanda vigente, temos capacidade operacional para expandir ainda mais nossa atuação para outros projetos na localidade”, apontou Fernandes. Fundada em 1985, a Manserv é uma empresa transnacional, líder em serviços de Manutenção Industrial, Facilities e Logística. Com cerca de 20 mil colaboradores, registrou um

Fotos: Divulgação

Com efetivo de 600 colaboradores, o foco da empresa são operações de manutenção em plataformas da Bacia de Campos.

crescimento expressivo nos últimos anos, atendendo atualmente a mais de 200 empresas nacionais e multinacionais, de grande e médio porte, dos mais diferentes setores da economia. Sediada em São Paulo, a companhia está presente em todo o território nacional, com escritórios instalados em São Caetano do Sul, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Camaçari, integrados por uma gestão moderna e colaborativa.

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tecnologia

Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo

A

Rodrigo Henrique Ruschel é graduando em Engenharia de Petróleo pela Universidade Santa Cecília (UniSanta).

Ivanilto Andreolli é engenheiro da Petrobras e coordenador do curso de Engenharia de Petróleo UniSanta.

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indústria do petróleo, motivada pela complexidade de acessar reservas de difícil acesso, vem utilizando uma técnica chamada Managed Pressure Drilling (MPD). A técnica vem sendo aplicada em escala global e mostra resultados promissores. Sua utilização atingiu crescimento nos últimos anos graças às descobertas de reservas offshore localizadas em regiões como: Golfo do México, Pré-Sal do Brasil, Oeste do continente africano, entre outros. Por serem regiões que apresentam grande complexidade em termos de operação, a ocorrência de influxos ou kicks é considerada crucial. Os maiores problemas que podem ocasionar um kick durante a perfuração de poços são: i) pressão no fundo do poço abaixo da pressão de poros, ocasionando um influxo da formação para o poço, resultando em um kick; ii) permitir que a pressão no poço caia, não sustentando o poço, podendo resultar em prisão de coluna; iii) permitir que a pressão no poço exceda a pressão de fratura, causando faturamento da formação e possivelmente resultando em um cenário de perda de circulação. Para cenários como estes, a indústria tem apresentado o MPD como forma de mitigar os potenciais problemas (Rehm et al., 2008). A tecnologia MPD é classificada pela International Association of Drilling Contractors (IADC) como sendo “um processo adaptativo de perfuração que controla precisamente o perfil de pressão do anular do poço. Os objetivos desta técnica estão associados ao gerenciamento do perfil de pressão de acordo com os limites operacionais. Para isso, pode ser necessário o controle da contrapressão (backpressure) com a utilização de um sistema fechado e pressurizado através de equipamentos mecânicos especiais para o retorno da lama de perfuração”. Para combater tais problemas, existem diferentes técnicas associadas ao MPD que podem ser utilizadas durante a perfuração de poços. Cada uma das técnicas é recomendada para determinados cenários e podem auxiliar na perfuração segura, evitando problemas durante a operação (Rehm et al., 2008; Rohani, 2012; Kuehn, 2016). As principais técnicas são: Constant Bottom Hole Pressure (CBHP), Pressurized Mud Cap Drilling, (PMCD) e Dual Gradient (DG). O objetivo deste trabalho é apresentar a variante da técnica MPD, CBHP. Por meio da utilização de simulador de baixo custo, será demonstrada a performance da vertente CBHP perante um cenário de influxo. A aplicação do simulador tem como objetivo demonstrar em escala real situações de perfuração e controle de poço utilizando a técnica MPD.


1. Metodologia Técnica CBHP – É a técnica que busca corrigir ou reduzir o efeito da perda de carga por fricção ou densidade equivalente de circulação (ECD), com o intuito de se manter dentro da janela operacional (Rehm et al., 2008). A densidade equivalente de circulação é a densidade exercida pelo fluido em circulação, considerando a perda de carga no anular do poço acima do ponto a ser considerado, P em psi, a densidade da lama de perfuração, ρ em ppg) além da profundidade vertical associada, D em ft (Equação 1). É considerada atrativa para cenários desconhecidos e/ou com janelas operacionais muito estreitas, considerando situações de kick/loss (Hannegan & Fisher, 2005). Equação 1 BHP = HMW + BP Durante uma operação de MPD utilizando a vertente CBHP, ocorre o gerenciamento constante da pressão no fundo do poço. Em condições estáticas, a pressão no fundo é dada pela parcela de coluna hidrostática de fluido (Hmw), somada à contrapressão gerada através do sistema pressurizado e fechado MPD (BP) (Equação 2). Em condições de circulação, existe a parcela de perda de carga por fricção (AFP) adicionada à Equação 3.

das bombas de lama para a linha de choke durante operações como conexões e manobras. Sendo assim, as bombas continuam operando, gerando um sistema de circulação contínuo; (iii) aplicação da Booster Line Pump, também utilizada em casos de perfuração convencional, mantendo-se ligada para evitar a decantação de cascalhos no riser. É considerada uma configuração comum de ser encontrada quando comparada com os sistemas (i) e (ii), que envolvem a utilização de equipamentos contratados e de elevado custo. Para este trabalho, considerou-se uma simulação utilizando a configuração (ii), com um manifold RPD no sistema de MPD devido a maior disponibilidade quando comparado a configuração (i). Quando ocorre influxo utilizando a técnica MPD, é geralmente em menor volume e controlado com mais rapidez quando comparado a um cenário convencional. Além disso, a técnica permite, em alguns casos, a circulação do influxo sem a necessidade de interromper a perfuração ou circulação. Para tal, a configuração do sistema de circulação precisa estar alinhada com o MPD Choke Manifold para retorno da lama, como mostrada na Figura 1. A Figura 1 apresenta a configuração do RPD alinhado com o drillpipe, como ocorre durante operação de perfuração. Em situações de conexões ou manobras, o RPD é alinhado ao MPD Choke para manter uma circulação contínua.

Equação 2 BHP = HMW + AFP + BP Equação 3 ECD = (ρ) +

P 0.052*D

MPD Simulator – Para realizar o estudo de caso, foi utilizado o simulador de baixo custo MPD Simulator, que se encontra em formato de aplicativo. O simulador viabiliza a utilização do controle de poço dinâmico na ocorrência de influxo utilizando o sistema de backpressure, que pode ser configurado das seguintes formas: (i) através da bomba de backpressure – considerado o mais tradicional e conceitual em termos de sistemas MPD. No entanto, essa configuração apresenta grande desvantagem pois demanda muito espaço na sonda para a instalação de um skid de grandes proporções; (ii) sistema configurado com um manifold Rig Pump Diverter (RPD) – trata-se de um manifold de válvulas controlado pelo sistema MPD para desviar o fluxo

Figura 1 - Sistema de circulação MPD.

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tecnologia

2. Dados Os dados do sistema se encontram na Tabela 1, a seguir. A simulação considera um ambiente offshore. Tabela 1 - Configuração do sistema Air Gap

25 m

Lâmina d’agua

1.000 m

Profundidade da Sapata

2.225 m

Profundidade da Broca

3.000 m

Peso da lama de Perfuração

9,6 ppg

Antes de iniciar a perfuração do poço, o sistema precisa ser configurado e checado para que as bombas de lama e o sistema de contrapressão estejam alinhados, RCD fechado e o fluxo de retorno desviado para o controle através do MPD Choke Manifold, como mostrada na Figura 1. Após a confirmação dessas informações, a perfuração se inicia incrementando gradualmente a vazão na bomba de lama. Paralelo ao aumento da vazão, é colocado o peso sobre a broca, peso este necessário além da rotação na mesma. A perfuração deve ser acompanhada por vazão de entrada e saída, atentando-se para qualquer disparidade entre os valores. Através dessa informação pode-se identificar o kick.

3. Resultados Durante a simulação do caso utilizando o MPD Simulator foi possível verificar o comportamento do sistema MPD em situações de influxo. A Figura 2 ilustra o gráfico com os parâmetros de pressão observados durante a operação. A perfuração se iniciou no modo MPD configurado para manter a pressão no fundo constante (CBHP) a um valor de 5.600 psi. A partir deste princípio, o choke se ajusta automaticamente para manter a pressão de fundo constante. Após cerca de 10 minutos de operação, realizou-se uma parada para efetuar uma conexão e, sendo assim, o fluxo foi desviado através do RPD para o MPD Choke, resultando num acréscimo da pressão no choke. Este aumento na pressão no choke ocorre para compensar as perdas de carga quando não há fluxo no anular, evitando a redução na pressão de fundo (BHP). Após a conexão, a circulação foi reestabelecida e, com cerca de 18 minutos de operação, o sistema identificou um influxo durante a perfuração. O sistema foi programado para atuar automaticamente após a identificação de um volume de influxo de 1 bbl, o que ocorreu aproximadamente após 1 minuto do início do influxo. A atuação automática do sistema 34

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Figura 2 - Parâmetros de pressão.

fez com que ocorresse uma restrição na abertura do MPD Choke Manifold resultando numa contrapressão e consequentemente num aumento da pressão de fundo, controlando o influxo. Desta forma, pode-se compreender que o sistema MPD funcionou de modo correto, controlando o influxo durante a perfuração através da técnica CBHP. No entanto, após a identificação e atuação do sistema com o objetivo de conter o influxo, ocorreu um aumento automático da CBHP devido ao fato de ter encontrado uma formação com pressão anormalmente alta. Na Figura 3, pode-se observar os parâmetros durante a simulação. Na primeira coluna: pressão de fundo, pressão no MPD choke, pressão na coluna de perfuração e abertura do MPD choke. Na segunda coluna: vazão de entrada e saída, vazão da bomba de contrapressão de superfície e vazão no Rig Pump Diverter. (Esta última foi acionada apenas no período em que ocorreu a parada para a conexão, garantindo uma condição de CBHP.) Na terceira coluna: profundidade perfurada, peso sobre broca, rotação da broca além do carregamento do sistema (hook load). Na quarta coluna: torque na broca, taxa de penetração, volume ativo do sistema e volume de kick. Pode-se observar na coluna 4 que mesmo


Estudo do comportamento do sistema MPD em situações de influxo

penetração. Sendo assim, pode-se concluir que mesmo havendo uma oscilação na taxa de penetração após a ocorrência do kick, não resultou em um decréscimo na taxa de penetração do sistema. Através dos gráficos que ilustram o comportamento da taxa de penetração e torque (em RPM) na coluna, pode-se notar quando ocorre a mudança de formação. Em outras palavras, ao mudar de formação mantendo os parâmetros de perfuração, observa-se um aumento da taxa de penetração se a formação inferior for mais “macia” que a superior. Em caso de maior dureza, essa informação será transmitida através do decréscimo da taxa de penetração.

Conclusão

Figura 3 - Simulação MPD.

ocorrendo o influxo não houve comprometimento nos parâmetros de perfuração, como por exemplo a taxa de

Através da aplicação do aplicativo MPD Simulator pode-se observar a operação de MPD e seus benefícios em termos de perfuração e controle de poço. A técnica se mostrou eficaz perante a situação de influxo, fazendo com que neste caso não fosse necessária a interrupção da perfuração para controle do kick, sendo apenas requerido o ajuste no MPD Choke Manifold para controlar e manter a pressão de fundo. No entanto, futuros trabalhos devem ser realizados com o objetivo de avaliar o comportamento do sistema MPD perante cenários mais desafiadores, como uma detecção e atuação mais lenta do sistema em ocorrências de influxo. Sendo assim, pode-se avaliar a eficácia do sistema em diferentes condições de contorno.

Referências HANNEGAN, D. & FISHER, K. Managed Pressure Drilling in Marine Environments. IPTC 10173. In: International Petroleum Technology Conference, Doha, Qatar, 21 – 23 November, 2005. KUEHN, A. Managed Pressure Drilling Operations in Deepwater and Total Circulation Losses Environment. SPE 181389. SPE Annual Techincal Conference & Exhibiton, Dubai, UAE, 26 – 28 September, 2016. REHM, B.; SCHUBERT, J.; HAGHSHENAS, A.; PAKNEJAD, A. S.; HUGHES, J. Managed Pressure Drilling. IADC Books. Gulf Drilling Series. v.1, 2008. ROHANI, M. R. Managed Pressure Drilling; Techniques and Operations for Improving Operational Safety and Efficiency. Petroleum & Coal, v. 1, p. 24-33, 2012.

Agradecimentos Ao Sr. Carlos Moura, engenheiro da Petrobras, por todo o suporte técnico do aplicativo e esclarecimentos necessários para tornar possível a elaboração deste artigo.

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meio ambiente

A importância do

licenciamento ambiental na exploração petrolífera

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Francisco Carrera é advogado, especialista em direito ambiental, pós-graduado em Auditoria e Perícias Ambientais, e mestre em Direito da Cidade, pela Uerj. Membro do IAB, é autor e coautor de obras de direito ambiental e urbanístico, tendo mais de 500 artigos publicados. Assessor jurídico do Instituto Eventos Ambientais (IEV), presta consultoria na área do Direito e da Responsabilidade Socioambiental. Professor da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj), é coordenador do curso de pós-graduação em Direito Ambiental da Faculdade AVM-Ucam e professor convidado do MBE da Coppe/UFRJ.

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esde a pré-história o Homo sapiens sapiens vem fazendo uso dos recursos naturais para atingir maiores objetivos nas sociedades e grupos humanos. Foi utilizando as ferramentas e os recursos naturais que conseguimos conquistar maiores espaços, delimitarmos territórios etc. Períodos econômicos de grande importância, como a Idade dos Metais e a própria Revolução Industrial, foram fatores fundamentais para que o homem se transformasse em uma das espécies dominantes do planeta. Talvez o maior expoente desta trajetória tenha sido a descoberta do ciclo do petróleo, em conjunto com o avanço da era tecnológica. Esta combinação culminou, notadamente, na década de 1970, época do famoso aforisma “desenvolver a qualquer custo”, extremamente criticado na Primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento (Unced 72) ocorrida em Estocolmo, capital da Suécia. Naquele momento, os métodos produtivos e econômicos foram repensados. E novas estratégias para o desenvolvimento mundial foram efetivamente planejadas e discutidas. Estávamos, então, atravessando, talvez, uma das maiores crises do ciclo do petróleo no mundo, e os recursos naturais do planeta começaram a escassear. A Declaração de Estocolmo constituiu um marco inicial do Direito Ambiental, trazendo consigo princípios de grande relevância, como o da precaução e prevenção, do poluidor pagador, da obrigatoriedade de intervenção estatal, dentre muitos outros. Por tudo isso, e ainda contando com a pressão do movimento ambientalista, novas ideias surgiram, a já tão prostituída ideia de sustentabilidade ganhou espaço por meio de importantes instituições internacionais, a exemplo do Clube de Roma e da Comissão Brundtland. O desenvolver a qualquer custo foi substituído pelo tão almejado “desenvolvimento sustentável”, assim concebido como uma obrigação e compromisso das gerações presentes em destinarem para as gerações futuras um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Na vanguarda desta iniciativa, em 1981, o Brasil publica a famosa Lei de Regência de sua Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei 6938/81. Esta Lei criou no país o Sistema Nacional do Meio Ambiente, instituindo órgãos de controle e fiscalização, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e trouxe também a plena aplicação do Princípio da Participação, com a constituição do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).


Foto: José Martins Pacheco

Estas instituições, até a presente data, regram as ações e intervenções ambientais no Brasil, e instituem, inclusive, um regramento administrativo em relação ao que intitulamos hoje de ‘Licenciamento Ambiental’, instituído pela Resolução 237/97 do Conama. Em conjunto com esta resolução, uma outra, de número 01/86, também instituiu a obrigatoriedade de elaboração do já tão conhecido (Epia/Rima), ou vulgarmente chamado de EIA/Rima, ou seja Estudo Prévio de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no Meio Ambiente. Dois outros institutos que são obrigatórios para atividades potencialmente poluidoras, assim exigidos e descritos nestas Resoluções. Na verdade, estes instrumentos de proteção e controle do ambiente também levaram em consideração as normas emanadas sobre estes temas, da Agência Ambiental Americana, a famosa EPA (Environment Protection Agency). Com a implementação do licenciamento ambiental no Brasil, as atividades de exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural também ficaram sujeitas ao referido licenciamento. Porém, em razão de sua extrema peculiaridade, necessitaram de um regramento mais específico, expresso na Resolução Conama 23, de 07 de dezembro de 1994. Esta resolução considera como atividade de exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural as seguintes atividades: • a perfuração de poços para identificação das jazidas e suas extensões; • a produção para pesquisa sobre viabilidade econômica; • a produção efetiva para fins comerciais. O processo de licenciamento ambiental das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural engloba as seguintes licenças exigências e autorizações: • Licença prévia de perfuração – LPper: Para sua concessão é exigida a elaboração do Relatório de Controle Ambiental (RCA) e após a aprovação do RCA, é autorizada a atividade de perfuração. • Licença prévia de produção para pesquisa – LPpro: Para sua concessão é exigida a elaboração do Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) e, após a aprovação do EVA é autorizada a atividade de produção para pesquisa da viabilidade econômica da jazida. • Licença de instalação – LI: Para sua concessão é exigida a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental e após a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com a respectiva realização de Audiência Pública é autorizada a instalação de novos empreendimentos de produção e escoamento ou, para sua concessão é exigida a elaboração do Relatório de Avaliação Am-

biental (RAA) e após a aprovação do RAA são autorizadas novas instalações de produção e escoamento onde já se encontra implantada a atividade. • Licença de operação – LO para atividade de exploração e produção marítima: Para sua concessão é exigida a elaboração do Projeto de Controle Ambiental (PCA) e após a aprovação do PCA é autorizado o início da operação de produção. • Licença de Operação – LO para atividade sísmica: Para sua concessão é exigida a elaboração do Estudo Ambiental (EA) e após a aprovação do EA é autorizada a atividade de levantamento de dados sísmicos marítimos. O órgão ambiental fixará as condicionantes das licenças supracitadas. As licenças são compostas por dois grupos de condicionantes: 1) as condicionantes gerais, que compreendem o conjunto de exigências legais relacionadas ao licenciamento ambiental; e 2) as condicionantes específicas, que compreendem um conjunto de restrições e exigências técnicas associadas, particularmente à atividade que está sendo licenciada. A validade da licença ambiental está condicionada ao cumprimento das condicionantes discriminadas na mesma, que deverão ser atendidas dentro dos respectivos prazos estabelecidos, e nos demais anexos constantes do processo que, embora não estejam transcritos no corpo da licença, são partes integrantes da mesma. A competência para examinar todo o processo de licenciamento ambiental referente a estas atividades, pertence ao Ibama, competência esta trazida tanto pelo Artigo 23 da Constituição Federal, como também do seu próprio Art. 225, um marco mundial na Proteção do Ambiente. O Ibama tem como atribuições legais, enquanto órgão executor do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), executar e fazer executar a política nacioTN Petróleo 111

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meio ambiente

nal e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, como determinado na Lei 6.938/81, e suas modificações posteriores. Assim, no que se refere ao licenciamento, cabe-lhe não apenas licenciar, mas monitorar e fiscalizar o perfeito cumprimento das condicionantes emitidas nas licenças para as atividades e empreendimentos sob sua responsabilidade. O não cumprimento das medidas necessárias à preservação e os danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeita os transgressores a penalidades previstas em diversos documentos legais, dentre os quais se destaca a Lei 9.605/98 e o Decreto 6.514/08 que o regulamentou. Esta lei penal descreve as sanções expressas para aqueles que não procedem de forma regular, o Licenciamento Ambiental previsto nas Resoluções aqui já descritas. Destacamos adiante, algumas condutas que são tipificadas como Crime Ambiental pela Lei 9.605/98, verbis: - Construir, reformar, ampliar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes; - Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença ou deixar de recuperar a área pesquisada ou explorada; - Conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para atividades, obras ou serviços cuja realização dependa de ato autorizativo do Poder Público; - Deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, obstar ou dificultar ação fiscalizadora do Poder Público; - Deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. À luz destes dispositivos penais e administrativos, verifica-se que sob o aspecto socioambiental, a atividade petrolífera está totalmente protegida, seja pelo expresso dispositivo legal e normativo, como pelo aspecto técnico. Não podemos olvidar que a atividade técnica e as normas de mercado são extremamente rigorosas com estas atividades. Merecem destaque as leis de proteção para a biodiversidade nos locais de operação de algumas pe-

troleiras, tais como a Resolução Conama 10, de 24 de outubro de 1996, que regulamenta o licenciamento ambiental em praias onde ocorre a desova de tartarugas marinhas, e muitas outras normas, como as de proteção dos cetáceos, mamíferos marinhos, Unidades de Conservação etc. Atualmente, estudos ambientais de grande importância e ainda auditorias legais, obrigatórias são determinadas por lei, e constituem exigências obrigatórias para a obtenção da licença. Importante série de normas como a IS0 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), OAHAS 18001 (Saúde Segurança Ocupacional), e muitas outras associadas ã segurança do setor, devem estar plenamente em execução, sob pena de comprometerem o sistema e o processo de licenciamento ambiental. Vale ressaltar que outro órgão de controle para a área de O&G que não pode ser esquecido é a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a qual, por meio de suas Portarias e demais atos normativos, exigem, inclusive como condicionantes, o fiel e pleno cumprimento da legislação e licenciamento ambiental vigente. Diante de todo o exposto, entendemos que o Licenciamento Ambiental para atividades petrolíferas há de ser um instrumento de manutenção ã integridade e ética da empresa que irá receber este importante instrumento. Na verdade, toda Licença Ambiental constitui um título precário, com características de uma Autorização, tendo em vista que contém diversas condicionantes que, uma vez não cumpridas, resultam em sua cessação ou cancelamento. Em razão desta peculiaridade e ainda de acordo com o entendimento de renomados doutrinadores, tanto do Direito Administrativo1 quanto do Direito Ambiental2, a Licença Ambiental é uma típica Autorização Administrativa, porém com o nomen juris totalmente inadequado, tendo em vista que a Licença, uma vez cumpridas as suas condicionantes, gera direitos. Já a Autorização, não. É um Título precário que pode ser cancelado, se houver descumprimento da condicionante. Afinal, o princípio in dubio pro natura, não pode ser superado pelo princípio in dubio pro lucrum. Na área ambiental, ganha aquele que melhor estiver preparado para enfrentar o licenciamento ambiental, porém, sem condicionantes que sejam inexequíveis, afinal, o bom senso dos órgãos ambientais deve sempre prevalecer. Afinal, ainda somos humanos e, acima de tudo, Sapiens!

1 MEIRELLES, Eli Lopes. Direito administrativo brasileiro; CARVALHO SANTOS; JUSTEN FILHO et. al. 2 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro; ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental; FIORILLO, Celso A. Pacheco, et al.

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Mais do que apenas informar sobre os novos cenários de petróleo e gás, a TN Petróleo ajuda a mostrar a história de pioneirismo desse mercado e os novos desafios enfrentados pela indústria brasileira do setor. As páginas da revista sempre apresentam aos

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coffee break

Pioneirismo na arte cinética O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio apresenta Abraham Palatnik. A Reinvenção da Pintura, retrospectiva do artista plástico brasileiro considerado um dos pioneiros da arte cinética no mundo.

Abraham Palatnik. A Reinvenção da Pintura CCBB-RJ De 1º de fevereiro a 24 de abril de 2017 Rua Primeiro de Março, 66 – Centro Telefone: (021) 3808-2020 Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h Entrada franca

por Orlando Santos

Palatnik é conhecido por romper com os critérios convencionais da composição, abandonar o pincel e o figurativo e partir para relações mais livres entre forma e cor. O rigor matemático é constante em sua obra e atua como importante recurso de ordenação do espaço, como acontece com Aparelhos cinecromáticos e Objetos cinéticos, presentes na mostra. A obra de Abraham Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não apenas observar a passagem do moderno ao contemporâneo, mas também reconhecer uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo. “É necessário o mecanismo da percepção e da intuição para que estas se manifestem ‘de repente’. É a esta ‘surpresa’ que tenho o maior interesse e fascínio. Inicia-se o processo da ‘permuta’ e por meio de tecnologia adequada procuro disciplinar as informações. Também acho que a forma de alguma coisa não é apenas o seu contorno, mas principalmente a sua essência. Alcançar essa essência é realmente intrigante. É a origem de todas as manifestações estéticas manipuladas pelos artistas. A sensibilidade é posta à prova, o mecanismo da improvisação desabrocha, e o ludismo se apresenta reaproximando o homem de sua condição de participação e integração.” (Abraham Palatnik, 1977)

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Fotos: Divulgação

A exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente em Aparelhos cinecromáticos e Objetos cinéticos, assim como em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam uma nova consciência do corpo. Ao realizar esta retrospectiva, o CCBB possibilita ao público o acesso a manifestações artísticas não convencionais, e também presta uma justa homenagem ao artista, reforçando a importância de seu trabalho para a história da arte brasileira e mundial. Essa contribuição não se dá apenas (como se isto fosse pouco) por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética, mas também pela leitura particular que faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação. Seu lado “inventor” está

presente em uma artesania muito particular, que o deixa cercado, em seu ateliê, por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo – e não por tintas, imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik “pintava com a luz”. A exposição também chama a atenção para outros dois aspectos importantes: a forma como o artista explora o tempo em suas obras e sua ligação com a indústria e o design. Enfim, uma retrospectiva que reúne todos esses momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik, filho de judeus russos, nascido em 1928 em Natal (RN), que migraria em 1932 para a atual região do estado de Israel, passando lá todo o período da Segunda Guerra Mundial. Em 1948, regressa ao Brasil, onde passa a se dedicar a uma “reinvenção da pintura”. TN Petróleo 111

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feiras e congressos

2017 Janeiro

16 a 19 – Emirados Árabes World Future Energy Summit Local: Abu Dhabi Tel.: +971 50 452 8168 e-mail: claude.talj@reedexpo.ae www.worldfutureenergysummit.com

17 a 19 – EUA Argus Americas Crude Summit Local: Houston, TX Tel.: 7134007846 e-mail: usconfmarketing@argusmedia.com goo.gl/pH3ySL

31/01 a 02/02 – México Energy Mexico Oil Gas Power 2017 Local: Cidade do Méxixo Tel.: +52 55 1087 1650 e-mail: laura.barrera@ejkrause.com www.energymexico.mx

13 a 14 – Reino Unido Floating LNG 2017 Local: Londres Tel.: 02078276140 e-mail: vtrinh@smi-online.co.uk www.deepwateroperations.com

21 a 22 – Reino Unido FPSO Europe Congress 2017 Local: Londres Tel.: 6567229399 e-mail: rani.kuppusamy@iqpc.com.sg www.theeagc.com

Fevereiro

12 a 16 – Emirados Árabes Middle East Sulphur 2017 Local: Abu Dhabi Tel.: 020 7903 2444 e-mail: kay.rowlands@crugroup.com goo.gl/bXvYtU

Para Para divulgação divulgação de cursos de cursos e/oue/ou eventos, eventos, entre entre em em contato contato comcom a redação. a redação. Tel.:Tel.: 21 2224-1349 21 3786-8365 ou webmaster-tn ou laercio@tnpetroleo.com.br @tnpetroleo.com.br

Todos bem na foto! Para relembrar bons momentos dos grandes eventos do setor, acesse a nossa galeria de fotos no Flickr. Afinal de contas, recordar é viver!

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Armando Cavanha F. é consultor e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

opinião

Sobre o Plano Trump para energia nos EUA Ronald Trump lançou seu plano para energia nos primeiros dias de governo. O texto é curto, direto e claro. Chama-se ‘Plano de Energia da América, colocada em primeiro lugar’. O que cito e comento a seguir é uma tradução livre, não oficial, de trechos deste plano. “A energia é uma parte essencial da vida americana e um elemento básico da economia mundial.” Comentário: Não há muita dúvida sobre a importância da energia de modo geral como elemento chave da qualidade de vida e desenvolvimento de uma nação. Em especial a norte-americana, que já atingiu, nas duas variáveis citadas, um diferencial significativo se comparada às demais sociedades civilizadas. Parece que tal essencialidade se dará por muito tempo ainda.

“A Administração Trump está comprometida com políticas energéticas que reduzam os custos para os americanos trabalhadores e que maximizem o uso de recursos americanos, libertando-nos da dependência do petróleo estrangeiro.” Comentário: Interessante a afirmação, porém não se pode esquecer que se trata de um país que consome quase 20% do petróleo mundial diariamente – cerca de 19 milhões bbl/dia –, enquanto o mundo consome perto de 100 milhões de bbl/dia. Mas sua produção doméstica de óleo convencional é de cerca de 9 a 10 milhões de bbl/dia, shale de 3 a 5 milhões de boe, portanto ainda insuficiente para confrontar com o consumo interno. Suas reservas são bastante altas, mas com muita incerteza produtiva ainda. E seus custos de desenvolvimento e extração são relativamente altos; a produtividade dos campos e poços não é comparável às melhores ocorrências mundiais.

“Durante muito tempo fomos impedidos por regulamentos onerosos em nossa indústria de energia. O presidente Trump está empenhado em eliminar políticas prejudiciais e desneces-

sárias, como o Plano de Ação para o Clima e as Águas aplicado nos EUA. Levantar essas restrições ajudará muito os trabalhadores americanos, aumentando os salários em mais de US$ 30 bilhões nos próximos sete anos.” Comentário: Conceito bastante adaptável ao Brasil, como país, não considerando visões ideológica e partidária. A regulação, quando excessiva e confusa, com forte presença individual nas decisões, fragiliza e afugenta investidores, operadores e provedores.

“Uma política de energia sólida começa com o reconhecimento de que temos vastas reservas energéticas domésticas inexploradas aqui mesmo na América. A Administração Trump vai abraçar a revolução do petróleo e gás de xisto para trazer empregos e prosperidade para milhões de americanos. Devemos aproveitar os estimados US$ 50 trilhões em reservas de xisto, petróleo e gás natural inexploradas, especialmente aquelas em terras federais que o povo americano possui. Vamos usar as receitas da produção de energia para reconstruir nossas estradas, escolas, pontes e infraestrutura pública. Menos energia cara será um grande impulso para a agricultura americana, também.” Comentário: Com todas as restrições do shale (ambientais, por exemplo), não deixa de ser uma visão de explorar ao máximo reservas conhecidas, apostando em novas tecnologias que virão e substituirão o atual modelo energético sobre hidrocarbonetos em geral. A imprevisibilidade da chegada das novas soluções de energia e o quanto serão disruptivas encoraja o uso das reservas atuais ao máximo racional possível. TN Petróleo 111

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opinião

“A Administração Trump também está comprometida com a tecnologia limpa do carvão e com a revitalização dessa fonte na América, que tem sofrido por muito tempo.” Comentário: Se existe tecnologia limpa do carvão com custos compatíveis, e se for dada esta ênfase à sua exploração, realmente isto mudaria o perfil energético americano, causando uma revolução na produção, logística e preços em escala mundial.

“Além de ser bom para a nossa economia, o aumento da produção de energia doméstica está no interesse da segurança nacional dos EUA. O presidente Trump está empenhado em alcançar a independência energética do cartel da Opep e de quaisquer nações hostis aos nossos interesses. Ao mesmo tempo, vamos trabalhar com os nossos aliados do Golfo para desenvolver uma relação de energia positiva como parte de nossa estratégia antiterrorismo.” Comentário: Visão estratégica e ligada à segurança nacional. O Brasil não é hostil e está próximo dos EUA, podemos, supostamente, exportar o excedente de nossa futura produção de pré-sal para os EUA, se necessitarem. Provavelmente, com uma compensação de investimentos e tecnologias para o Brasil.

“Por fim, nossa necessidade de energia deve ir de mãos dadas com uma gestão res-

ponsável do meio ambiente. Proteger o ar limpo e a água limpa, conservar os nossos habitats naturais e preservar as nossas reservas naturais e recursos continuarão a ser uma prioridade. O presidente Trump irá reorientar o EPA U.S. Environmental Protection Agency sobre sua missão essencial de proteger nosso ar e nossa água." Comentário: Enorme desafio, compatibilizar o desenvolvimento energético com o meio ambiente. Ainda mais com as novas ondas mundiais de proteção ambiental. E os investimentos para isto são enormes, conceitos científicos e requisitos técnicos novos aparecem diariamente.

“Um futuro brilhante depende de políticas energéticas que estimulem nossa economia, assegurem nossa segurança e protejam nossa saúde. Sob as políticas energéticas da Administração Trump, esse futuro pode se tornar uma realidade.” Comentário: Visão positiva, empreendedora. Basta saber o tamanho da briga que poderá comprar e se todos aceitarão estas diretivas de forma passiva. Partidos contrários, ambientalistas em ascensão, provedores eternos redutores de custos, companhias de petróleo olhando reservas em países mais fáceis de operar, etc. Finalizando, deixa clara a direção produtiva e esboça proteção ao meio ambiente. Boa sorte, americanos!

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O Argus Rio Crude Conference é o principal evento da indústria de petróleo com foco em produção e distribuição na América Latina. Durante o encontro, operadoras e players da região compartilharão suas experiências para ajudá-lo a compreender a complexidade dos preços, as limitações logísticas e as considerações comerciais que impactam a oferta latinoamericana ao mercado global. Junte-se a nós no Rio de Janeiro em maio e participe do mais qualificado fórum de discussão sobre a indústria de petróleo na América Latina!

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