Welcome Tomorrow Mag - Edição #03

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3ª EDIÇÃO | NOVEMBRO DE 2020

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O))) ENT MOVIM EM MOV MOVIMENTO) IMEN TO) ESPECIAL EM MOVIMENTO

Esta edição da WTW Mag traz uma cobertura exclusiva da Welcome Tomorrow Em Movimento – [Re]conheça São Paulo, a versão digital da WTW que explorou a cidade de São Paulo e impactou quase 40 mil pessoas.


O MAIOR EVENTO SOBRE MOBILIDADE, FUTURO E TECNOLOGIA DA AMÉRICA LATINA CHEGA EM SÃO PAULO PARA MUDAR O RUMO DA SUA VIDA E DO SEU NEGÓCIO.

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04----06 // NOV //2021 SÃO PAULO EXPO


4 - ÍNDICE

MOBI 18

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O FUTURO DA MOBILIDADE

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Especialistas refletem sobre veículos elétricos, híbridos, autônomos, micromobilidade, sustentabilidade e outras tendências que vão revolucionar o setor automotivo.

EXPEDIENT E

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TECNOLOGIA: ALIADA OU VILÃ DA SUSTENTABILIDADE? A inovação é protagonista em iniciativas do setor privado as quais pretendem mitigar práticas nocivas ao meio ambiente; confira cobertura especial do Zero Summit 2020.

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Como fica o ir e vir dentro das cidades em um mundo pós-pandemia e qual a ligação com o futuro do trabalho?

TALK

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O SEGREDO É FLEXIBILIZAR

SMART

EXISTE AMANHÃ SEM AS EMPRESAS? Por Flavio Tavares, fundador da Welcome Tomorrow.

CIDADES EM MOVIMENTO A reinvenção dos negócios e dos espaços urbanos reflete em cidades mais sustentáveis e na qualidade de vida da população.

A WTW Mag é uma publicação da Welcome Tomorrow, veiculada por distribuição direta e disponível online na versão digital. Jornalista Responsável: Karina Constancio – karina@wtwconference.com.br Colaboração: Beatriz Pozzobon, Guilherme Popolin e Loraine Santos Publicidade: atendimento@wtwconference.com.br Projeto Gráfico e Diagramação: Rodrigo Saber Bitar


3ª EDIÇÃO | NOVEMBRO DE 2020 - 5

TOMORROW

IMAGINATION LIFE

60

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OI, AMANHÃ!

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ENTREVISTA PAULO RICARDO

>>>

Paulo Ricardo fala sobre música que compôs durante a pandemia: “cronista do nosso tempo”. Em mais de 30 anos de carreira, “Tempo de Espera” é a primeira música do cantor produzida inteiramente em casa e sem nenhum contato com a equipe.

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SAÚDE MENTAL EM PAUTA O papel das empresas e dos líderes para um futuro emocionalmente mais saudável.

PROPÓSITO É O CAMINHO

08

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>>>

O futuro já chegou e o grande desafio é descobrir qual o perfil da empresa e do profissional que vai sobreviver a toda essa revolução.

O QUE MUDA NA NOSSA VIDA NO MUNDO PÓS-PANDEMIA? A WTW Mag conversou com grandes nomes que refletem sobre saúde, qualidade de vida e as mudanças importantes que 2020 nos trouxe.

Não há uma receita definitiva para nos encontrarmos profissionalmente, mas o propósito, a criatividade, a flexibilidade e o coração são elementos que despontam como protagonistas nessa jornada

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2020

A REVOLUÇÃO AGELESS Conheça a geração ageless, pessoas que não se definem pela idade cronológica e estão sempre prontas a aprender coisas novas.


6 - EDITORIAL

CONTINUAMOS EM MOVIMENTO >>> Karina Constancio Head de Conteúdo da Welcome Tomorrow

C

hegamos a mais uma edição da revista WTW Mag, a terceira neste ano tumultuado de 2020. Tumultuado porque nos pegou de surpresa, tirou nossas certezas, atrapalhou nossos planos e nos mostrou que não estamos no controle. Mesmo que a gente se esforce muito para prever o futuro, têm uma série de fatos determinantes que não dependem exclusivamente de nós. A vida está em constante movimento e nos coloca em movimento também.

Ela se movimenta e nós precisamos nos mover em sintonia para colocar a nossa própria caminhada em movimento. Mover é avançar, ir mais longe. Mesmo quando o mundo nos obriga a parar por um momento. Mesmo quando precisamos silenciar por alguns instantes e olhar para dentro. Mesmo quando precisamos, primeiro, organizar o nosso caos interno. Reabastecer, respirar e pegar impulso. Ir. Sempre em frente. A Welcome Tomorrow sempre teve isso como combustível: olhar para o futuro, mas com coragem para realizar no presente. Quando soubemos que não seria possível realizar o evento físico neste ano, decidimos promover uma edição especial, mas diferente de tudo o que estava sendo feito até agora. Uma versão tríbida: digital, física e em

movimento. Um evento que explorou a cidade de São Paulo por diversos ângulos e que conseguiu impactar mais de 40 mil pessoas. Um evento em movimento e construído para te ajudar a ir mais longe. Nas próximas páginas, você vai encontrar uma cobertura exclusiva de tudo o que rolou nesses três dias de Welcome Tomorrow Em Movimento – [Re]conheça São Paulo. Foram 45 horas de conteúdo que renderam uma série de matérias relevantes sobre cidades inteligentes, mobilidade, futuro do trabalho, carreira, qualidade de vida e sustentabilidade. Espero que você tenha uma ótima leitura e não se esqueça da mensagem mais ecoada no evento: o amor é a única revolução verdadeira. Até a próxima!



8-

LIFE - O QUE MUDA NA NOSSA VIDA NO MUNDO PÓS-PANDEMIA?

O QUE MUDA NA NOSSA VIDA NO MUNDO PÓS-PANDEMIA? A WTW Mag conversou com grandes nomes que refletem sobre saúde, qualidade de vida e as mudanças importantes que 2020 nos trouxe >>>Beatriz Pozzobon


3ª EDIÇÃO | NOVEMBRO DE 2020 - 9

No

LUCIANA PIANARO Publisher e CEO da Vida Simples

CORPO FÍSICO E SAÚDE NO PÓS-PANDEMIA Com medo do contágio pelo coronavírus, muitas pessoas deixaram de fazer seus tratamentos de saúde. É por isso que, segundo o médico Claudio Lottenberg, presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), vivemos agora a chamada “terceira onda”, que se caracteriza pelo retorno dos pacientes aos serviços médicos e ao acompanhamento de doenças como hipertensão, diabetes e câncer. “As pessoas estão buscando atendimento médico para resgatar um tempo que, em alguns casos, é plenamente possível, mas, em outros,

>>>

FERNANDO ROCHA Jornalista, escritor, palestrante, apresentador e podcaster

ano em que o mundo parou, a gente precisou parar também. O coronavírus nos obrigou a cancelar planos, viagens, ficar em casa. E com mais tempo em casa, passamos a viver de uma forma diferente, a trabalhar, se exercitar, cozinhar e conviver mais com nosso lar e com nós mesmos. Junto com a resiliência, o autoconhecimento é uma das palavras que mais definiu 2020. Depois de virar nossa vida de cabeça para baixo, quais serão os efeitos da pandemia a longo prazo quando se trata de qualidade de vida, saúde e bem-estar? Entre as várias análises sobre o momento pós-pandemia, para o jornalista, apresentador e escritor Fernando Rocha, a de que vamos sair mais humildes desta crise lhe parece a mais adequada. “Nós vamos ficar, pelo menos, mais humildes e com menos certezas. Isso mudou e vai fazer com que a gente tenha uma perspectiva mais urgente e mais simples da vida”, afirma. “A verdade é que não temos controle de nada. As coisas acontecem no tempo delas, não no tempo que a gente gostaria que elas acontecessem”, acrescenta Luciana Pianaro, publisher e CEO da revista Vida Simples. Ela também acredita em uma vida com mais sentido daqui para frente, mais leve, confortável e com pausas para apreciar o que está ao nosso entorno. Segundo Rocha, a palavra “híbrido” vai nos definir nos próximos anos, ou seja, a coexistência entre o modelo presencial e o modelo virtual. Neste sentido, podemos pensar em aulas, relações interpessoais e trabalhos híbridos. Aliás, o modo como trabalhamos e enxergamos nosso trabalho foi, com certeza, uma das grandes mudanças que 2020 nos trouxe. Para quem pôde trabalhar de casa, a vida profissional e a vida pessoal nunca estiveram tão conectadas. O quarto virou escritório e, de repente, chefes e colegas de trabalho estavam “dentro” dos nossos lares. Com a perda de fronteiras, muita gente reclamou também da sobrecarga e do fato de trabalhar o tempo inteiro dentro de casa, tanto por cobranças corporativas, quanto por cobranças pessoais. O palestrante e empreendedor digital Walter

Longo avalia que, para além das mudanças de um mundo em pandemia, nós estamos mesmo achando “bonito” não ter tempo. “É como se fosse um status social não ter tempo. A única forma de suicídio socialmente aceita e valorizada é se matar de trabalhar.” Entre as problemáticas apontadas por Longo está a ideia de que o ócio não é produtivo. Para ele, por outro lado, o ócio é uma das formas mais produtivas de usar o tempo. “É exatamente quando não se tem uma agenda, que você tem novas ideias, novos insights e o direito de se autoconhecer”, pontua. “A essência humana é o ócio, é ter tempo para pensar, raciocinar e entender a vida”, acrescenta. Sobre o assunto, Luciana diz ainda que “a gente quer viver o tempo todo sem parar, porque quando você para, parece que não está sendo produtivo o suficiente. Mas, nós precisamos dessas pausas para respirar e sermos pessoas melhores”.


10 -

LIFE - O QUE MUDA NA NOSSA VIDA NO MUNDO PÓS-PANDEMIA?

>>> CLAUDIO LOTTENBERG Médico e presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)

elas vão ter de lidar com complicações, por causa da falta do acompanhamento periódico”, relata Lottenberg. Além disso, uma “quarta onda” seria reflexo do isolamento e da falta de conectividade entre as pessoas com efeitos para nossa saúde mental. “A depressão e a ansiedade serão mais frequentes. Vamos pagar um preço muito caro por tudo que nós passamos”, afirma. Por outro lado, o médico acredita que podemos passar a valorizar mais o contato interpessoal e o cuidado com a nossa própria saúde. “A saúde sai, de fato, como algo que tem um valor enorme. As pessoas vão começar a se cuidar mais e se preocupar com questões de medicina preventiva”, finaliza. E quando se trata de autocuidado e saúde preventiva, o exercício físico é um dos maiores aliados. Com a pandemia, muita gente passou a se exercitar em casa, mas outras tantas deixaram de praticar qualquer atividade por conta da falta de hábito. É por isso que o ex-nadador e maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos, Thiago Pereira, explica que precisamos vencer o período de adaptação do corpo ao exercício. “No começo, a gente precisa se forçar a fazer exercício físico, porque nosso corpo leva, em média, 21 dias para adquirir um novo hábito.” “Ao final de três semanas, seu corpo terá criado um novo hábito. O mais difícil é a segunda semana, porque a pessoa vai estar exausta da primeira e ainda faltam mais duas. Por isso, é importante ter disciplina e força THIAGO-PEREIRA Ex-nadador- maior medalhista da história de vontade”, completa Pereira. dos Jogos Pan-Americanos


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TALK - EXISTE AMANHÃ SEM AS EMPRESAS?

EXISTE AMANHÃ SEM AS EMPRESAS? >>> Por Flavio Tavares – Fundador da Welcome Tomorrow

Um dos grandes pontos que sempre discutimos na Welcome Tomorrow é o olhar sobre as empresas como formadoras de cidadãos. Sempre acreditamos que só teremos melhores indivíduos, uma sociedade mais humana, se as empresas também forem. Pensa comigo, uma pessoa que trabalha em uma empresa passa, em média, 8 a 12 horas por dia aprendendo o que a empresa ensina, seja sobre o trabalho, ou, de forma direta e indireta, sobre os valores e princípios que aquela companhia tem em sua cultura. Tenho para mim que essa pessoa ensina aos seus filhos uma parte do que absorve ali no seu ambiente de trabalho. Tem uma frase do Simon Sinek que gosto muito que diz: “Grandes líderes sacrificam números para salvar pessoas. Líderes medíocres sacrificam pessoas para salvar números”. Infelizmente, essa frase do Simon diz muito sobre nós e sobre boa parte das empresas no nosso país. Ainda temos uma cultura focada exclusivamente no lucro, sem que acha muita preocupação com os meios construídos para se chegar lá. Casos como o que aconteceu no Carrefour recentemente mostram ainda a necessidade que temos de repensar a empresa não só como um local de gerar lucro, mas, principalmente, de formar pessoas melhores. Sei que estamos mais sensíveis sobre casos como o do João Beto e muita gente reage sobre isso deixando até de se relacionar com a marca em que os colaboradores agiram de forma tão criminosa e despreparada.

FLAVIO TAVARES Fundador da Welcome Tomorrow


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trabalho por depressão. Há pesquisas que indicam que tem aumentado consideravelmente o número de líderes com Burnout no mundo todo. Chegou a hora de começarmos a refletir mais sobre a saúde emocional e mental dos nosso líderes, chegou a hora de falar mais sobre vulnerabilidades. Temos que entender que o modelo antigo de gestão de uma empresa precisa mudar, pois o reflexo será uma sociedade adoecida. O que a Welcome Tomorrow quer construir é uma frente de apoio aos líderes das empresas no Brasil, os apoiando com conteúdo e caminhos, de forma que possamos transformar as empresas a partir das pessoas e para as pessoas. O futuro somos nós que construímos e, com líderes mais fortes, poderemos construir um amanhã que teremos mais orgulho de entregar aos nossos filhos do que o presente atual. Conheça os 10 valores que acreditamos que seja possível transformar nas empresas e no Brasil, e junte-se a nós.

>>>

Mas temos que focar nossa sensibilidade na discussão e na construção de novas frentes que coloquem as mais de 18 milhões de empresas que existem hoje no Brasil como construtoras da sociedade que tanto sonhamos. Se queremos uma sociedade mais humana, as empresas precisam ser. Se acreditamos que não tem mais espaço para o racismo e para o preconceito, por que não começamos em nossas empresas? Entendemos a educação como a principal ferramenta de transformação de uma sociedade, então vamos abrir 18 milhões de escolas em cada empresa. Entendemos que chegou a hora da mulher ter seu papel mais valorizado na sociedade, vamos então dar mais oportunidades nas mais de 18 milhões de empresas que existem. As empresas não são nossas inimigas, devemos lembrar que elas geram muito riqueza para um país e são os motores da nossa economia. Não existe futuro sem as empresas, só que devemos lembrar que as mesmas, assim como a política, são um reflexo claro de quem temos sido até aqui. Na política, quem elege os que estão lá somos nós e, nas empresas, elas só manifestam seus valores através de seus líderes. Eu sempre brinco que nunca ouvi uma logomarca falar ou um contrato social participar de uma reunião. Há uma liderança que define os caminhos, há um lider que decide cortar custos de segurança e depois vemos tragédias como a de Brumadinho. Há líderes que decidem cortar custos na formação de equipe e vemos casos tristes de preconceito e falta de habilidade para lidar com as adversidades. Só em 2017 mais de 75.000 pessoas foram afastadas do


14 -

TALK - EXISTE AMANHÃ SEM AS EMPRESAS?

1. PRECISAMOS RESGATAR O MOVIMENTO O sedentarismo é uma das grandes epidemias do nosso século. Parece que tudo se movimenta para que a gente fique cada vez mais parado. Trabalhamos mais e ficamos mais tempo sentados, ficamos com fome e com poucos cliques a comida chega até a nossa porta, precisamos ir de um lugar ao outro e há uma série de meios de locomoção disponíveis para nos levar aonde quisermos. Para a Welcome Tomorrow, mobilidade vai muito além do modal, de como você escolhe ir do ponto A ao B. Mobilidade começa com sua própria história, em como você se movimenta na vida e não só nas cidades. Precisamos nos tornar seres mais ativos e com liberdade para fazer nossas próprias escolhas. Precisamos resgatar o movimento, físico, mental, financeiro, emocional e espiritual.

2. VOCÊ É DONO DO SEU TEMPO Nada é mais importante do que o seu tempo. Desde o começo da humanidade, nós tentamos encontrar uma forma de controlá-lo, mas foi somente na Era Industrial que surgiu o tão temido relógio. Aquele que conta, regula e devora, que te faz correr e viver de forma acelerada. Perdemos tempo no trânsito indo e voltando do trabalho, perdemos tempo em filas de restaurantes, em ligações intermináveis para resolver problemas, perdemos tempo esperando o atendimento em bancos, reuniões ou consultórios. Parece que o mundo se movimenta roubando o nosso próprio tempo. Mas não são as horas, minutos e segundos que, de fato, o definem. Para a Welcome Tomorrow, tempo é vida. Às vezes, temos a visão errada de que precisamos de mais tempo na nossa vida, mas, na verdade, o que a gente precisa é aproveitar melhor o tempo que já temos. Nós acreditamos que falar sobre o futuro é fazer você resgatar o protagonismo da sua vida e da sua história. E isso significa que você precisa voltar a ser dono do seu próprio tempo. Aprender a torná-lo mais produtivo, flexível, equilibrado. O futuro do trabalho, com certeza, vai passar por uma redefinição de tempo e espaço. Um novo mundo que será cada vez mais anytime e anywhere.

3. A IMAGINAÇÃO QUE LEVA ATÉ O AMANHÃ Estamos na era do conhecimento abundante e muito mais acessível. Se você precisa saber alguma informação, há uma grande chance de uma rápida busca no Google resolver o seu problema. Mas a grande questão é que estamos armazenando nosso conhecimento na nuvem e não mais em nossas mentes. Ao mesmo tempo, estamos educando as pessoas do mesmo jeito há 150 anos. Um sistema educacional que limita a imaginação. Todos fomos crianças criativas, mas acabamos nos tornando adultos repetitivos, padronizados e com pouca capacidade de pensar fora da caixa. Uma geração que tem dificuldade de formular pensamento crítico e que cria pouco. Para a Welcome Tomorrow, o futuro exige que a gente recupere a imaginação de criança. Porque para realizar, é preciso, primeiro, imaginar. Nossa mente é o único modal capaz de nos levar para qualquer lugar, sem limite de tempo ou de espaço.

4. OLHAR PARA O FUTURO É RESGATAR O PASSADO Welcome Tomorrow, bem-vindo ao amanhã. Uma mensagem clara de que estamos olhando para o que está por vir. Para aquilo que é incerto e que ainda não conhecemos. Para o novo que é impulsionado pela tecnologia. Mas não é só isso. Para a WTW, repensar o futuro também é resgatar o passado. Ninguém consegue construir nada novo se não souber honrar a sua própria história. Muitas das vezes, as inovações nada mais são do que versões repaginadas do ontem: a carona virou o carsharing, o rádio que agora é podcast, o acolher pessoas em casa que é muito Airbnb, e até o carro elétrico, que na verdade, nasceu em 1835. Sempre quando viajamos para conhecer um país novo é quase que obrigatório visitar o centro histórico, o lugar onde estão as raízes daquele povo e daquela cultura. Precisamos olhar dessa mesma forma para as nossas cidades e o nosso futuro. Pensar no amanhã, começar a construí-lo hoje, mas sem esquecer do que já vivemos. Não existe nada mais nobre do que reconhecermos nossa história enquanto caminhamos para o futuro.


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MANIFESTO WELCOME TOMORROW 8. O QUE IMPORTA É O QUE NOS UNE 5. O MUNDO PRECISA DE MAIS MULHERES NA LIDERANÇA Em um país onde as mulheres são mais da metade da população, é preciso incentivar a participação feminina em várias frentes. Dar oportunidade e voz para que as mulheres sejam construtoras do amanhã. Porque, para a Welcome Tomorrow, o mundo só terá empresas mais humanas quando mais mulheres estiverem em cargos de liderança. Lutar por esse protagonismo não é colocar mulheres e homens em lugares opostos e excludentes, pelo contrário, é unir as diferenças. Fazer florescer um mundo mais igualitário nas oportunidades e mais diverso em olhares e pensamentos. Isso não é só uma questão de gênero, mas de humanidade. Mais mulheres no comando significam bons negócios para as empresas, para as cidades e para o mundo. Um futuro mais justo e melhor para todos.

6. SEJA GENEROSO Estamos nos deparando com uma era de muito individualismo e pouca generosidade. Não é por acaso que os livros mais vendidos são aqueles que te ensinam a ter mais sucesso, ser mais rico e mais feliz. Tudo para resolver o problema do “eu” e nunca o de “nós”. Perdemos o interesse de olhar para o outro e esquecemos que uma simples reflexão sobre o “como posso te ajudar?” pode mudar o curso das coisas. Ao pensar em como você pode fazer a diferença na vida de alguém você estará transformando a sua própria trajetória. Ao ser generoso com outras pessoas uma onda de generosidade ainda mais arrebatadora vai chegar até você. Para a Welcome Tomorrow, não existe vida feliz se ela não for útil. Precisamos fazer da nossa jornada um instrumento de contribuição para a sociedade e para o mundo. Porque a melhor história é sempre a que transforma a vida do outro.

7. O AMANHÃ PERTENCE A TODO MUNDO O futuro pertence às pessoas e só será verdadeiramente transformador se for de todos. A Welcome Tomorrow acredita em um amanhã de menos objeções e mais oportunidades. Queremos fazer do evento um espaço onde todos possam sonhar e realizar e isso significa aproximar todas as tribos. Vemos muitas lutas ganhando força, mas parece que elas acontecem de forma isolada. A WTW tem convicção de que está na hora de estourar essa bolha, unir propósitos, caminhar junto. Porque toda força só encontra sua potência máxima quando compartilhada com outras pessoas. Qualquer movimento só é realmente transformador se for feito em conjunto. O futuro só será incrível se for construído em comunidade.

Seguimos a vida olhando mais para o que nos separa e esquecemos daquilo que nos une. Para o que é comum a todos nós: a nossa humanidade. No fim, tudo será sobre pessoas. Não importa o meio escolhido para que isso se manifeste. Se você conseguir resgatar sua humanidade, você será uma pessoa mais justa, amorosa, grata, gentil. Você saberá ultrapassar as barreiras das diferenças porque o que vai prevalecer são os valores que todos temos em comum. Em tempos de extremismo e de intolerância, a Welcome Tomorrow propõe o respeito e a empatia, pois só assim seremos verdadeiramente completos em nossa humanidade. Como humanos, queremos as mesmas coisas, a mesma paz, a mesma aceitação, as mesmas oportunidades e, se olhássemos assim, nos uniríamos para diminuir os abismos que nos separam ao invés de aumentá-los. Está na hora de derrubar os muros e ser um construtor de pontes.

9. EM TERRA DE ROBÔ, QUEM TEM CORAÇÃO É REI A Welcome Tomorrow vai muito além da tecnologia ou inovação. O nosso propósito é que o coração seja resgatado, que as pessoas aprendam a amar o que fazem mais do que fazer o que amam. Porque quando você passa a vida buscando fazer o que ama, o que te define não é quem você é e sim o que você faz. Como se para ser feliz dependêssemos do fazer algo. Mas quando você inverte isso e decide amar o que você faz, tudo muda. Porque a essência não está no fazer e sim no ser. Porque você é, você ama e coloca seu coração em tudo o que faz, independente do que seja. Se você amar o que faz, o jogo muda e, o mais importante, você muda.

10. TODO MUNDO TEM A CHANCE DE RECOMEÇAR Quando conhecemos histórias de recomeço, elas têm, em sua grande maioria, um momento de virada. Um acontecimento, um breakdown, que faz a pessoa pensar: “o que eu estou fazendo com minha própria vida?”. Pode ser a descoberta de uma doença, um acidente, um término doloroso ou uma crise de estresse que te obriga a parar tudo o que está fazendo. Um momento que te faz ter que diminuir o ritmo, cuidar da saúde, pedir perdão, trocar de emprego, repensar a maneira como você está construindo sua própria trajetória. O que a Welcome Tomorrow quer dizer é: não espere esse acontecimento. Recomece sua vida. Agora. Não fique como um mero espectador aguardando esse ponto de virada. Tome uma atitude e assuma o protagonismo da sua própria história. Todo mundo tem o direito de recomeçar.


16 -

MOBI- O SEGREDO É FLEXIBILIZAR

O SEGREDO É FLEXIBILIZAR Como fica o ir e vir dentro das cidades em um mundo pós-pandemia e qual a ligação com o futuro do trabalho? >>>Loraine Santos

tempo que as questões acerca da mobilidade vão muito além dos modais. Mobilidade é sobre a gestão de tempo e de vida: quanto mais tempo perdemos nos deslocando, mais coisas que são importantes para nós deixamos de fazer. Portanto, questionar soluções de mobilidade é descobrir formas de gerar mais vida ao nosso tempo. No ano que o mundo parou, ficou claro que os brasileiros estavam se deslocando mal. A pandemia mostrou que horas no trânsito e a superlotação dos transporte públicos poderiam ser evitados se as empresas aderissem ao trabalho e às reuniões remotas, e se os serviços fossem mais digitais. “Tivemos mudanças importantes, passamos a falar muito mais com nossos clientes do que antes da pandemia, por meio de calls e apresentações virtual. Antes, havia uma cultura de esperar a visita até determinada cidade para falar com determinado cliente. Hoje, incorporamos modernidade e comunicação remota em nosso time de vendas, conseguindo falar com número maior de pessoas e, com isso, fechar mais negócios”, exemplifica José Ortigosa, CEO da ValeCard.


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Ortigosa também comenta a importância dos avanços tecnológicos à logística e como isso deve impactar de forma positiva o futuro dos deslocamentos. “Não podemos fechar os olhos para modernidade. Agregar ciência à logística vai melhorar a gestão remota dos carros e caminhões. E será rápido. Nosso papel como provedor de serviço para frotas é ajudar isso tudo isso acontecer”.

A ONDA DO HOME OFFICE

>>>

Realizar atividades remotamente pode sim ser mais produtivo, mas tem horas que a flexibilidade fala mais alto. Um olhar mais individual, que dá o poder de escolha para cada um, é a aposta para um futuro mais flexível. “O fato é que, especialmente em razão da pandemia, as pessoas estão sedentas de informação para se deslocaram melhor”, afirma Carolina Badaró COO e CMO da Quicko, um marketplace de serviços de transporte e conveniência. “Todos nós paramos para refletir. Em relação aos deslocamentos, passamos a procurar por modais com menos contato. O uso das bikes aumentou muito, houve uma flexibilização da jornada de trabalho e, mesmo quem já retomou as atividades, está conseguindo voltar em horários de menor pico”. O modelo home office foi definitivamente a mudança mais significativa enfrentada pelas empresas desde março de 2020. De acordo com um estudo elaborado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) em abril, com dados de 139 pequenas, médias e grandes empresas que atuam em todo o Brasil, o trabalho em casa foi uma estratégia adotada por 46% das empresas durante a pandemia. Para Fabio Boucinhas, CEO da Home Agent, empresa de Call Center que opera 100% em home office há 9 anos, a mudança provocou reflexos positivos para o mercado. “Desde 2011 até o início deste ano, o processo de convencimento de que uma operação remota é eficiente demorava mais, as empresas tinham muitas desconfianças, do tipo ‘ah, mas como eu sei se a pessoa está trabalhando mesmo?’. De repente, todo mundo foi obrigado a aderir ao home office e as principais dúvidas caíram por terra de maneira muito rápida. As empresas que nos procuram, por exemplo, já acreditam no modelo. A demanda já chega mais madura”, conta Boucinhas.

FABIO BOUCINHAS CEO da Home Agent

CAROLINA BADARÓ COO e CMO da Quicko


18 -

MOBI- O SEGREDO É FLEXIBILIZAR

>>>

Laércio Albuquerque, Presidente da Cisco Brasil, concorda. “As companhias se adaptaram e o lado bom foi essa aceleração de algo que era tão discutido: a certeza de que você pode estar em qualquer lugar para se comunicar”. O anywhere office sempre fez parte do DNA da Cisco, empresa de tecnologia que, durante o período mais crítico da pandemia, liberou suas plataformas de videoconferência para o mundo inteiro usar, sem cobrar nada por isso. “A primeira lição que aprendi quando assumi a presidência da Cisco foi a de nunca perguntar onde a pessoa está, isso é muito indelicado. Elas precisam estar conectadas e produtivas, não importa onde estejam”, afirma Albuquerque.

LAÉRCIO ALBUQUERQUE Presidente da Cisco Brasil


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O MUNDO NÃO VAI SER COMO ERA, MAS NÃO SERÁ COMO ESTÁ HOJE

>>>

O mais provável é que, a longo prazo, as empresas encontrem um meio termo entre o trabalho remoto e o presencial. Ainda segundo a pesquisa da FIA, 34% das companhias tem a intenção de continuar com o teletrabalho para até 25% do quadro; e 29% quer manter o home office para pelo menos 50% do quadro ou até todos os funcionários. Flexibilidade é, então, a palavra de ordem. Para o CEO da Cisco, a decisão de ficar em casa ou ir para o escritório deve ser do colaborador, e as regras impostas para o bom funcionamento do novo modelo tem que ter como foco a qualidade de vida das pessoas. “Se as decisões forem baseadas apenas em cortes de custos, a empresa vai pagar caro lá na frente”, afirma Laércio Albuquerque. Tanto a obrigatoriedade quanto o estresse de explicar as razões de optar pela casa ou empresa, segundo ele, inibem a produtividade e a criatividade do colaborador. “Quer ver o seu pessoal produtivo? Deixe ele trabalhar onde ele quer ou precisa estar, ai você vai ver a produtividade estourar”. E finaliza com um conselho: “o meu alerta é que as empresas tenham em mente que a tecnologia automatiza a produtividade, mas nunca vai automatizar um abraço. Às vezes, as pessoas precisam se integrar. E ela precisa de liberdade para decidir”.


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MOBI- O FUTURO DA MOBILIDADE AÉREA

LUCIANA NICOLA Superintendente de relações institucionais, sustentabilidade e empreendedorismo do Itaú Unibanco

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NOVIDADE: VEÍCULOS ELÉTRICOS COMPARTILHADOS ITAÚ

Quem visitou São Paulo ou o Rio de Janeiro, certamente já viu - e até mesmo usou - as bicicletas laranjas do Itaú. Um projeto precursor com 10 anos de história, a Bike Itaú nasceu com o propósito de contribuir com a micromobilidade dos grandes centros e, de fato, transformar as cidades onde possui estações. “Com 2 milhões de usuários ativos e 40 milhões de viagens realizadas, os dados que geramos são compartilhados com as cidades para estimular políticas públicas que proporcionem mudanças na infraestrutura e um cotidiano mais agradável para as pessoas”, comenta Luciana Nicola, superintendente de relações institucionais, sustentabilidade e empreendedorismo do Itaú Unibanco. Em 2021, e seguindo o seu propósito de estimular o poder de transformação das pessoas, o banco se prepara para o lançamento do Veículo Elétrico Compartilhado Itaú, o VEC, um projeto inovador que vai disponibilizar para população estações de carros elétricos, um modelo similar ao das Bikes Itaú. “O VEC é um projeto que trabalhamos com o foco no cliente. Entendemos esta necessidade por modais mais sustentáveis, estudamos o mercado e as iniciativas que têm acontecido fora do Brasil, estabelecemos parcerias com os melhores players, e realizamos muitos experimentos antes de colocar o projeto em prática. Agora, queremos oferecer ao brasileiro a oportunidade de experimentar veículos elétricos e compartilhados a um preço acessível”, explica Paulo André Domingos, superintendente de produtos, planejamento e digital do Itaú Unibanco. Os veículos compartilhados estarão disponíveis ao público no segundo semestre de 2021, inicialmente na cidade de São Paulo. “A usabilidade será bem fácil. Assim como a bike, o projeto terá várias estações e o próprio cliente vai conseguir colocar o veículo para carregar, mas vamos garantir um suporte caso ele precise.

O pagamento será 100% digital, o usuário abre e fecha o veículo pelo próprio aplicativo”, explica Mariana Carvalho Bertolami, gerente de produto e veículos do banco. “O ecossistema da mobilidade é muito relevante para o país”, afirma Rodnei Bernardino de Souza, diretor de negócios e veículos do Itaú Unibanco. “Esperamos estimular o poder de transformação do comportamento das pessoas, para que elas possam experimentar os veículos elétricos e optar por uma economia mais sustentável. Ganha o consumidor, ganha a sociedade, ganha o meio ambiente, com a baixa emissão de CO2, e ganha o próprio setor automotivo”, conclui o diretor.

RODNEI BERNARDINO DE SOUZA Diretor de Negócios Veículos do Itaú Unibanco


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22 - TOMORROW

- OI, PAULO RICARDO FALA SOBRE MÚSICA QUE COMPÔS DURANTE A PANDEMIA: “CRONISTA DO NOSSO TEMPO”

PAULO RICARDO FALA SOBRE MÚSICA QUE COMPÔS DURANTE A PANDEMIA: “CRONISTA DO NOSSO TEMPO” Em mais de 30 anos de carreira, “Tempo de Espera” é a primeira música do cantor produzida inteiramente em casa e sem nenhum contato com a equipe >>> Beatriz Pozzobon

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oi confinado em casa que Paulo Ricardo compôs a música “Tempo de Espera”, lançada em maio de 2020. Em mais de 30 anos de carreira, esta foi a primeira vez que uma canção e um clipe do ex-vocalista do RPM foram totalmente produzidos sem nenhum contato – presencial - com a equipe. Gravado durante o período de isolamento social, o videoclipe foi dirigido pela fotógrafa Isabella Pinheiro, esposa do cantor, com quem dividiu a quarentena em um apartamento no Rio de Janeiro (RJ). Paulo compartilhou a música com os amigos e foi, com muita surpresa, que recebeu uma ligação do apresentador Fausto Silva para exibir o clipe no programa. Assim, no dia 31 de maio, “Tempo de Espera” entrou na casa de milhões de brasileiros que assistiam ao tradicionalíssimo Domingão do Faustão, da Rede Globo. Em entrevista à Welcome Tomorrow, Paulo Ricardo contou mais sobre os bastidores do videoclipe. Ele falou também sobre a dedicação anual à música “Vida Real”, tema do BBB (Big Brother Brasil) há 20 anos; e criticou a forma como os governantes brasileiros lidam com a pandemia.


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WTW Mag: Paulo, você tem um legado no rock brasileiro. São mais de 30 anos de carreira, influenciando gerações. Como você enxerga esta história que começou com o RPM, na década de 1980? Paulo Ricardo: A gente foi privilegiado por fazer parte de uma geração muito talentosa. De Titãs, Renato Russo, Cazuza, Frejat, Barão Vermelho. Claro que, historicamente, também fomos beneficiados pelo momento, aquela fase de Diretas Já, esse período de transição. Se respirava uma certa euforia, tanto politicamente falando, quanto economicamente, foi um período muito positivo para o Brasil e foi muito bom fazer parte disso. WTW Mag: A gente percebe uma música mais engajada neste período também... Paulo Ricardo: Eu acho que essas interações da música e da arte com a política é uma coisa daquela época, do timing, do tempo que você está vivendo. É natural que uma geração como a nossa, que cresceu num regime de ditadura militar, com muita repressão e censura, escrevesse sobre tudo isso. Mas, não com o mesmo peso que viveu Gonzaguinha e Chico (Chico Buarque). Nós já tivemos uma perspectiva histórica e um tipo de poesia que misturava um pouco o momento histórico-político, mas com uma perspectiva de futuro. Muitas dessas canções deixaram a gente orgulhoso, não no sentido do sucesso, que foi uma coisa inesperada, o rock não tinha essa popularidade no Brasil, mas de ter tido esse poder de permanência. Sua canção continuar tocando 30 anos depois. WTM Mag: Com tantos anos de carreira, o Big Brother te ajudou a se manter conectado com esta nova geração? Afinal, há 20 anos a música “Vida Real” é o tema de abertura do reality... Paulo Ricardo: Com certeza. Até porque todo ano eu me desafio a fazer um arranjo novo, a cada edição do BBB. Em outubro, já começo a ficar nervoso pensando no que eu posso melhorar. Porque essa canção, que já tem 20 anos, vai tocar naquele ano, para pessoas que, às vezes, nem tinham nascido quando a canção foi criada. E eu quero que elas sintam que a canção pertence a elas, não é uma coisa antiga. Esse desafio do BBB me estimula a estar antenado com o que está acontecendo, com o som que a ‘garotada’ está ouvindo, porque eu quero soar absolutamente contemporâneo. WTM Mag: E como foi o processo de produção desta música? Paulo Ricardo: O convite veio da Rede Globo, para produzir uma música para um novo reality show. Quem detém o formato do programa é uma emissora da Holanda, mas cada país tem a liberdade de fazer a sua versão, na sua língua e produzir com a cara do artista. Essa primeira versão foi uma coisa muito pensada no ponto vista moral, ético, de um reality onde as pessoas estão ali disputando um prêmio R$ 1 milhão. E o que você é capaz de fazer para conquistar esse prêmio? É um pequeno laboratório da vida real. Inclusive, a música se chama “Vida Real”. WTW Mag: Neste ano, o Big Brother teve a maior audiência da história, em um momento em que todos nós estávamos confinados em casa. Como é para você refletir sobre isso? Paulo Ricardo: A edição de 2020 foi uma verdadeira metalinguagem da questão do confinamento. Muito louco estarmos todos confinados e o mundo, até pela tecnologia e por toda questão de segurança, estar se tornando um grande ‘big brother’. Eu fiz a minha primeira apresentação virtual na casa do BBB. Gravei em casa e cantei conversando com eles. O tema nunca foi tão intenso. O virtual nunca foi tão real.

WTW Mag: Falando em pandemia, foi durante este período que você produziu a música “Tempo de Espera”. Como foi tudo isso? Paulo Ricardo: A primeira coisa que a gente pensa é em traduzir isso. Somos como cronistas do nosso tempo. E, naquele momento, estávamos todos no mesmo barco, sentido todos as mesmas dúvidas, as mesmas angústias, em relação a um vírus que hoje, em novembro, já se sabe muito mais que o alerta que pintou em março e abril. Eu, obviamente, fiquei escrevendo sobre aquilo. Páginas e páginas de reflexão. A letra é um questionamento sobre um tempo de espera. Quanto tempo a gente vai ter que esperar? A música começou a se tornar verdade, e eu passei a pensar de que forma eu poderia terminá-la em meio a pandemia, sem poder me encontrar com a equipe. Escrevi a música no Rio e mandei uma base de violão e voz para o meu guitarrista em São Paulo. Fizemos um ping-pong Rio-São Paulo com o baterista também. De repente, estava tudo pronto e ninguém precisou se encontrar. WTW Mag: O clipe foi produzido pela sua esposa, Isabella Pinheiro, que é fotógrafa. Como foi essa estreia dela como diretora? Paulo Ricardo: Eu tinha a ideia de pedir, em algum momento, para minha mulher fazer alguma coisa com a gente. Eu sou muito fã de alguns diretores que começaram como fotógrafos. Eu falei com ela, mas ela disse ‘nem pensar, nunca fiz isso’. Eu segui insistindo. A música fala sobre a pandemia, então, o clipe, necessariamente, teria que ser sobre essa situação. E nós estávamos confinados os dois juntos, com os nossos dois gatinhos. O que fica é, muito mais, o sucesso do resultado do trabalho, do que o sucesso comercial. A gente está muito feliz de ter podido traduzir, de alguma forma, aquele sentimento, aquela fase que o mundo estava vivendo. Naturalmente, eu mandei a música para vários amigos e fiquei muito feliz, muito surpreso, quando o Faustão me ligou dizendo que queria passar o clipe no Domingão. Nós tínhamos pensando neste clipe no formato IGTV para celular... De repente, a gente estava em casa, assistindo Faustão, e ele na casa dele apresentando o clipe que a gente tinha produzido na nossa casa. WTW Mag: Paulo, para finalizar, e como você sentiu durante a pandemia? Paulo Ricardo: Uma das piores coisas da pandemia foi a incerteza, a falta de informação concreta e a maneira pulverizada e insegura como os governantes administraram isso. A gente sentiu falta de uma orientação nacional. Essa fragmentação criou muitas frentes e possibilidades de comportamento e todo mundo se sentiu inseguro.


Chegou o vec Itaú ;) Liberdade e sustentabilidade a um app de distância

Carro elétrico é coisa do futuro? Então bem-vindo a ele Carregado de energia positiva o Itaú Unibanco anunciou ao mercado no último dia 12 de Novembro de 2020 o novo serviço de veículos elétricos compartilhados: vec Itaú. Essa será a nova solução sustentável para a mobilidade urbana e permitirá que usuários desbloqueiem os carros em estações diretamente pelo celular, podendo devolvê-los no mesmo lugar ou em outra estação de carregamento.


O ar que você respira agradece Com a novidade, o Itaú Unibanco reforça sua presença na jornada de mobilidade e dá foco aos cuidados com o meio ambiente, como já acontece há 10 anos com a pioneira bike Itaú. Agora, com vec Itaú, a família cresceu.

Mas calma, estamos carregando as baterias O serviço deve estar disponível para clientes a partir do segundo semestre de 2021. Quer saber mais? Descubra em: https://www.itau.com.br/vec


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IMAGINATION - SAÚDE MENTAL EM PAUTA

SAÚDE MENTAL EM PAUTA O papel das empresas e dos líderes para um futuro emocionalmente mais saudável >>> Loraine Santos

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om a pandemia do novo coronavírus, a população sofreu alterações em seu estado emocional. Uma pesquisa feita na China pela Psychol Health Med, em abril de 2020, ouviu 7.236 pessoas e 35% delas pontuaram o questionário como ansiosas, 20% depressivas e 18% com distúrbios do sono. No Brasil, a realidade não é diferente. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em média 11 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. A previsão mundial para 2020, em razão da pandemia, é de que o suicídio poderá atingir cerca de um milhão e meio de pessoas.


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perfeitamente comum em um cenário como este, poucas empresas e líderes têm coragem de assumir o sentimento. “Agora é hora de aprender a falar sobre isso. As empresas que começaram a falar sobre isso estão mais preparadas para o que vem: seja um novo normal ou uma próxima onda. A liderança precisa assumir esse desafio de exercitar o diálogo para se fortalecer”, afirma.

VIRGINIA PLANET Fundadora da House of Feelings

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O debate “Mente em Movimento”, que aconteceu na Welcome Tomorrow Em Movimento - [Re]Conheça São Paulo, se propôs a discutir o papel das empresas na saúde mental dos colaboradores. “Passou da hora da gente entender o papel das empresas para um mundo melhor. Se elas não mudarem seus valores, não vamos mudar a sociedade. Passamos oito, dez horas por dia no ambiente corporativo, não tem como não incorporamos o que vivemos e sentimos lá. Empresas mais humanas têm um papel muito importante na formação do indivíduo que trabalha lá, porque tudo o que ele sente e aprende é absorvido não só por ele, mas também pela família, pelos pais, pelos filhos desse indivíduo”, explica Flávio Tavares, fundador da WTW. Virginia Planet, fundadora da House of Feelings, alerta para o fato de que a sociedade já estava passando por um processo de adoecimento, e a pandemia apenas evidenciou. “Durante a vida, aprendemos a não falar sobre nossas emoções, a engolir o choro. Nas primeiras semanas de março, quando paramos, todo mundo se perguntou: ‘a agora, como fazemos?’”. Apesar do estado de vulnerabilidade ser


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IMAGINATION - SAÚDE MENTAL EM PAUTA

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POR ONDE EU COMEÇO?

SANDYA COELHO Diretora de comunicação e parcerias da GetNinjas

O PAPEL DO LÍDER Ninguém estava preparado para gerenciar uma pandemia de proporções globais, e as incertezas do cenário somadas à pressão por respostas sofridas pelo líder, comprometeu a dinâmica das empresas. “Eu vejo que o líder foi muito impactado. Pesquisa mostram que eles estão sofrendo com essa pressão, porque as equipes olham para ele esperando respostas, mas ele muitas vezes não tem e acha que tem que ter”, afirma a fundadora da House of Feelings Sandya Coelho, diretora de comunicação e parcerias da GetNinjas, concorda. “O líder precisa primeiro cuidar de si, para depois ajudar o próximo. Se ele não assumir sua vulnerabilidade e não passar a olhar com carinho para suas questões emocionais e pessoais, não vai conseguir ajudar seu time ou outros líderes. É preciso ter transparência”.

Estar conectado com novos modelos de trabalho, mais acolhedores, não acontece de uma hora para outra. De acordo com João Kepler, escritor, pensador e considerado o melhor investidor de startups do Brasil, é preciso trabalhar a cultura da empresa. “Eu vejo empresa tradicionais me procurando para falar sobre um novo modelo, questionando o que elas devem fazer para acompanhar esse novo cenário e manter a competitividade. Mas quando eu olho para dentro da casa, existe um engessamento na gestão. Primeiro, deve haver uma mudança interna. Antes de criar uma camada nova, como produtos e serviços digitais, por exemplo, só para acompanhar o mercado, é preciso ter uma cultura inovadora, um time integrado, senão a empresa vai falhar, vai perder e vai investir errado”, alerta. Um passo importante para empresas e líderes que querem assumir uma nova gestão é estar atentos sobre quais são as habilidades capazes de destacar a empresa como disruptiva. Para André Tanesi, CEO da Descola, o segredo é valorizar competências que hoje são ignoradas - ou até mesmo subestimadas -, seja no ambiente corporativo ou mesmo nas escolas tradicionais. “Estamos em um momento de aprender coisas novas e de desconstruir modelos. Muito se fala sobre o desenvolvimento de competências técnicas, mas muito pouco sobre as competências comportamentais. Quando a gente une as duas

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JOAO KEPLER Escritor, pensador e considerado o melhor investidor de startups do Brasil


DUAS

Sem limites. Sem fronteiras. Em busca de uma visão de longo prazo para ser líder mundial na cadeia de produção de alimentos, a UPL apresenta o seu novo propósito, chamado de OpenAg. Uma rede agrícola aberta para alimentar um crescimento sustentável para todos, aberta a parcerias e à criação de relações vencedoras. Saiba mais em www.upl-ltd.com/br

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IMAGINATION - SAÚDE MENTAL EM PAUTA BURNOUT VAI ALÉM DO STRESS

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e ainda adiciona as experiências de vida do indivíduo, ele se torna um profissional muito melhor”, explica. Os cursos oferecidos pela Descola exemplificam bem isso: “Mindfulness”, “Comunicação Inclusiva” e “Liderança Compassiva” são alguns dos que compõem a grade da instituição. Em um estudo suportado pelo Fórum Econômico Mundial, especialistas chegaram à conclusão de que, entre as habilidades mais importantes para o profissional do agora, estão a criatividade, o julgamento e tomada de decisão, e a inteligência emocional, todas elas inerentes ao seres humanos. “Quando a gente pensa, a gente compete com a máquina. Quando a gente sente, não tem como”, conclui Tenesi.

Fenômeno ocupacional que tem como base sintomas como exaustão e queda na eficiência profissional, a síndrome de burnout tem acometido cada vez mais pessoas e prejudicando a saúde física e emocional da sociedade. “Todo mundo quer trabalhar, quer ser produtivo, quer crescer. O equilíbrio está quando você tem a humildade de reconhecer que nem sempre o trabalho será sua única fonte de satisfação, mesmo quando você ama o que faz. É preciso saber quando é hora de acelerar e quando é o momento de descansar”, explica Izabella Camargo, jornalista, palestrante e autora do livro “Dá um tempo!”, uma espécie de convite aos leitores à busca por limite em um mundo sem limites. O papel das empresas e dos líderes também se faz presente na prevenção da saúde mental de seus colaboradores. “É engraçado porque temos características tão diferentes e sempre somos comparados, especialmente no ambiente profissional. ‘Ah, este primeiro aqui está indo bem na atividade e este segundo não, está com dor, está exausto’. Pronto, então o segundo é visto como o errado. Temos que parar de julgar as pessoas. Quando alguém está trabalhando com dor, com a bolsa cheia de remédios, ela não consegue alcançar a criatividade, a imaginação e os resultados”, afirma Izabella. O livro “Dá um tempo!”, da editoria Globo, reúne percepções de mais de cem entrevistados, desde personalidades como Fernanda Montenegro, Pe. Fábio de Melo e Nelson Motta, a professores, formadores de opinião e especialistas em síndrome de burnout.

IZABELLA CAMARGO jornalista, palestrante e escritora

ANDRÉ TANESI CEO da Descola

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MOBI- O FUTURO DA MOBILIDADE

O FUTURO DA MOBILIDADE Especialistas refletem sobre veículos elétricos, híbridos, autônomos, micromobilidade, sustentabilidade e outras tendências que vão revolucionar o setor automotivo >>> Beatriz Pozzobon

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mundo virou de cabeça para baixo com a pandemia do coronavírus. As pessoas mudaram hábitos, comportamentos e a forma de entender o planeta. É claro que mudanças tão significativas afetariam também – e talvez, sobretudo, o setor da mobilidade. Neste mundo novo, as tecnologias se tornaram tão essenciais que muita gente se viu disposta a experimentar novas formas de mobilidade, também como forma de reduzir o contágio, enquanto isso, outras pessoas entenderam que já não precisavam se movimentar. De uma forma ou de outra, a pandemia acelerou mudanças que já estavam em curso e forçou as empresas do setor automotivo e de mobilidade corporativa a se adaptarem a este novo cenário. Segundo Douglas Pina, diretor executivo da Ticket Log, que atua no mercado brasileiro de gestão de abastecimento e manutenção de veículos, a empresa aproveitou este momento de pandemia para pensar o futuro. “É a partir de uma crise tão grande como essa que a gente vê a oportunidade de fazer diferente, e nós estamos fazendo. Estamos observando as tendências da sociedade para desenvolver produtos alinhados a esta nova vida”, relata Pina, que aposta na tecnologia para aplicar novas soluções no mercado. De acordo com a diretora associada da Accenture, empresa multinacional de consultoria digital, tecnologia e operações, Renate Fuchs, nós não somos mais as mesmas pessoas que éra-

DOUGLAS PINA Diretor executivo da Ticket Log


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mos antes da pandemia. “Nossos hábitos, enquanto usuários, estão mudando. Nosso consumo está mais consciente, tanto na questão da sustentabilidade, quanto no que diz respeito à economia, estamos mais dentro de casa e somos mais digitais”, enumera. “As pessoas estão pensando duas vezes antes de aglomerar, em que tipo de transporte usar, em qual veículo investir. É um momento de a gente repensar a mobilidade, tendo em mente as questões de segurança, saúde e também de custo-benefício”, completa a diretora.

Com tantas mudanças, qual o futuro da mobilidade? Especialistas do setor falam das tendências de curto, médio e longo prazos. Aqui, entram os debates sobre micromobilidade; veículos elétricos; carsharing; conectividade; sustentabilidade; veículos autônomos; e os tão sonhados carros voadores.

RENATE FUCHS Diretora associada da Accenture

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AS TENDÊNCIAS DO SETOR

Quando se trata de sustentabilidade no setor automotivo, os carros elétricos são os protagonistas da vez. Para Gui Cavalcante, CEO da Ucorp, uma startup de mobilidade corporativa, é muito fácil ver as vantagens deste tipo de veículo. “Um carro a combustão tem duas mil peças, um carro elétrico tem 200. Com isso, reduz em dez vezes o valor de prováveis manutenções. Com o carro elétrico, você vai gastar cerca de R$ 20 para encher a bateria, que tem autonomia igual a um carro de 300, 350 quilômetros”, pontua Cavalcante. Mas, antes de chegarmos à popularização dos elétricos, vamos passar pelos veículos híbridos. “Como tudo no mundo, não é possível dar um salto muito grande. Sair do carro a combustão para o elétrico seria um pulo longo demais. É preciso um ‘meio de caminho’, e é aí que entram os modelos híbridos”, avalia o economista Raphael Galante, consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva.


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MOBI- O FUTURO DA MOBILIDADE

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Galante faz uma analogia dos veículos elétricos com os telefones celulares. Há mais ou menos 25 anos, os celulares estavam no topo da pirâmide do consumo, ou seja, eram itens caros e de difícil acesso para a população. Hoje, os carros elétricos estão no topo, enquanto os telefones móveis se popularizaram. “O carro elétrico está no topo da pirâmide? De fato, ainda está. Mas, ele já está entrando no mercado. Naturalmente, começando com as marcas premium e, quando gerar demanda, o negócio vai cair para as camadas mais baixas da pirâmide até se popularizar”, explica o economista. A sustentabilidade, no entanto, vai além dos modais elétricos. Falar em carsharing ou em micromobilidade é também questão de sustentabilidade, mesmo que ainda seja inerente ao brasileiro o desejo de posse do veículo. O crescimento dos aplicativos de mobilidade e mesmo do carsharing, ou compartilhamento de carros por meio de aluguel, mostra que há um movimento de mudança. “As montadoras estão entrando na área de carsharing, o que deixa o consumidor mais confortável. A partir do momento que as montadoras estiverem mais

GUI CAVALCANTE CEO da Ucorp

RAPHAEL GALANTE Consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva

fortes no mercado a demanda também vai aumentar”, sustenta Galante. Segundo Gui Cavalcante, a tendência de mobilidade enquanto serviço começa a se tornar realidade, tanto que alguns empreendimentos já estão sendo construídos sem garagem, impactando outros setores da economia. Ele fala ainda sobre o crescimento da micromobilidade durante a pandemia. “Empresas de bicicletas elétricas cresceram durante a pandemia, muitas pessoas compraram o próprio patinete elétrico e algumas montadoras estão entregando patinetes como brinde. O multimodal já está funcionando.” Outra tendência que deve crescer cada vez mais é a conectividade nos veículos. Em 2019, nos Estados Unidos, quase US$ 1 trilhão foram gastos de dentro dos carros. Ou seja, consumidores que compraram comida, combustível e até viagens de dentro dos seus veículos. A estimativa é que até 2025 nos EUA e em parte da Europa até 95% dos veículos vendidos tenham conectividade. “Essa conectividade vai mudar tanto a indústria automotiva, como a economia em geral. Se hoje nós fazemos tudo pelo celular, logo poderemos utilizar essas funcionalidades enquanto dirigimos”, estima o economista Raphael Galante.


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O Brasil é também o país menos preparado no mundo para veículos sem motorista, de acordo com Índice de Prontidão para Veículos Autônomos 2020, da consultoria KPMG. O estudo avaliou questões de política e legislação; tecnologia e inovação; infraestrutura; e aceitação do consumidor, em países como Rússia, Índia, Chile e México. A falta de políticas públicas, incentivos e infraestrutura distancia essa tecnologia da realidade do brasileiro. Por tudo isso, o economista acredita que não são os carros com alto valor agregado que andarão primeiro sem motorista, mas, talvez, os caminhões, visto que as rodovias, ao menos no estado de São Paulo, estão mais preparadas na questão de infraestrutura e redes de internet do que as vias dentro das cidades. Além disso, o investimento em caminhões autônomos pode trazer economia para empresas frotistas.

MAX FERNANDES Diretor de marketing e vendas da Arval

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Para Max Fernandes, diretor de marketing e vendas da Arval, empresa especialista em locação de veículos corporativos, a conectividade dos veículos caminha junto com a segurança. “O primeiro passo é essa conectividade com viés de serviços e mimos. Porém, essa conectividade e aceleração das tecnologias não vão ajudar somente na parte de conveniência, mas também, e sobretudo, na questão de segurança.” Agora, quando se trata de inovações a médio e longo prazos, aparecem os questionamentos sobre veículos autônomos e os carros voadores. Afinal, quando os carros vão voar? Galante aponta que ainda temos um longo caminho a percorrer, especialmente no Brasil, onde, só para citar um exemplo, metade da população não tem acesso a rede de esgoto, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Regional. “Ideia tem, tecnologia tem, mas falta o principal que é a infraestrutura”, relata o economista.


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MOBI- O FUTURO DA MOBILIDADE

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APLICATIVO REVOLUCIONA MOBILIDADE CORPORATIVA Para solucionar um gargalo de mobilidade dos próprios funcionários, a Enel SP, concessionária de distribuição de energia elétrica, decidiu investir em tecnologia. Com isso, contratou a startup Mobicity para desenvolver um aplicativo de mobilidade corporativa. A plataforma tecnológica reúne vários meios de transporte, como táxi, fretado, aplicativos de transporte, aluguel de carros e viagens compartilhadas. O objetivo é melhorar a experiência das pessoas que se deslocam a trabalho, além de reduzir os gastos da empresa com mobilidade corporativa. De acordo com Eduardo Bortotti, head de facilities da ENEL, somente em 2019, a empresa reduziu em 40% o ticket médio do custo de deslocamento, o que equivale a uma economia de R$ 1,7 milhão. Além disso, e empresa conseguiu retirar 30 veículos da frota. É mais uma tecnologia que contribui com uma mobilidade mais eficiente, sustentável e econômica.

EDUARDO BORTOTTI Head de Facilities da ENEL



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IMAGINATION - PROPÓSITO É O CAMINHO

PROPÓSITO É O CAMINHO Não há uma receita definitiva para nos encontrarmos profissionalmente, mas o propósito, a criatividade, a flexibilidade e o coração são elementos que despontam como protagonistas nessa jornada >>> Guilherme Popolin

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iversos âmbitos de nossas vidas estão em constante movimento – a indústria, o comércio, a cultura, a economia, o comportamento, a moda e a política são exemplos, só para citar alguns. No entanto, quando pensamos em carreiras profissionais, percebemos resquícios do pensamento moderno, do século XX, em cujo cerne estão a objetividade, as teorias universais, explicações definitivas, identidades únicas, grandes narrativas e os sistemas únicos de leitura da realidade. Sendo assim, somos impelidos, ainda muito jovens, a escolhermos uma profissão que, supostamente, deveria nos acompanhar enquanto trilhamos um percurso profissional atravessado por vestibulares e processos seletivos – situações nas quais, geralmente, o melhor desempenho é garantido por quem repete padrões de modo mais eficaz. Contudo, as disrupções pelas quais o mundo passa no século XXI impactam o mercado de trabalho e fomentam discussões acerca da necessidade de desconstruirmos a maneira como encaramos as carreiras profissionais. Um amplo conjunto de tecnologias transforma o mundo do trabalho, cada vez mais anytime e anywhere. Aquele que construirá uma carreira profissional a qual pode bater os 100 anos já nasceu, todavia, 90% das pessoas estão infelizes em seus trabalhos, no Brasil, de acordo com dados do livro É possível: Se reinventar e integrar vida pessoal e profissional, de Fredy Machado. Se reinventar, a partir de uma descoberta


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DANTE FREITAS Cofundador do Gravidade Zero

de si mesmo, experimentando multipotencialidades, com propósito e conexão, são particularidades que precisam estar no horizonte daqueles que buscam se (re)encontrar profissionalmente. Um dos 90 jovens, de até 30 anos, presentes na lista “Under 30” (2019), da Forbes Brasil, com os empreendedores mais promissores, e cofundador do Gravidade Zero, centro de impacto social e empreendedorismo em Pernambuco, Renan Hannouche acredita mais em perguntas que em respostas, estas últimas deixa para as máquinas. Para ele, vivemos um momento de desaceleração, primordial para refletirmos sobre o que fazemos e enxergarmos que, talvez, a linha de chegada não esteja à frente, mas atrás. Nesse sentido, se o propósito de sua carreira tem mais a ver com “ter”, Hannouche questiona: “o que, de fato, você precisa? Qual a carreira para você?”. Uma reflexão importante é acerca da estabilidade, que é muito almejada. “A estabilidade é uma ilusão criada pela sociedade. Ao entendermos que ela talvez não seja o que achamos que é, que talvez precisássemos de bem menos, aí teremos a liberdade de volta”, afirma Hannouche. Para o jovem empreendedor, as metas de estabilidade são ilusórias e, muitas vezes, funcionam como amarras, em um ciclo que compreende “nascer, produzir, trabalhar e chegar ao final da vida pensando que é hora de curtir, mas aí não temos mais saúde. Trabalhamos a vida inteira para ter dinheiro, para usá-lo a fim de resgatar a saúde que perdemos tentando alcançá-lo. Talvez nessa busca alucinada cheguem boletos mais caros, os emocionais”, completa. De acordo com Dante Freitas, empreendedor e cofundador do Gravidade Zero, “talvez seja melhor a instabilidade de não saber o que teremos amanhã que a instabilidade emocional gerada pela estabilidade financeira”, afirma. Para ele as perguntas devem guiar mais que as respostas. Uma vez que muitas trilhas e carreiras foram inspiradas na massa, precisamos nos questionar, com discernimento e auto-observação, sobre qual o caminho mais adequado. “É um desafio. As pessoas buscam nortes, e as carreiras acabam sendo norteadoras, para levar a futuros conhecidos, que são poucos. Abrimos mão de um futuro que poderia ser construído, completamente diferente daquele que fizeram para nós”, reflete Freitas. Nesse sentido, para as gerações futuras, a clássica pergunta “o que você quer ser quando crescer?” será cada vez menos apropriada, visto que as vivências, os instintos e os sentimentos das crianças passam por um processo de valorização, o que implica em maior liberdade. Aos pais, Dante Freitas indica o exercício do “não conselho”, pois, “não desconfigurar quem ela [a criança] já é, é o papel do pai”. Para Hannouche, que concorda com o colega, as crianças são seres humanos


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IMAGINATION - PROPÓSITO É O CAMINHO

RENAN HANNOUCHE Cofundador do Gravidade Zero

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que estão no futuro, “já que são superpoderosas, não mentem, entregam amor e verdade. O maior trabalho é evitar que ela desaprenda aquilo que já sabe”. De acordo com o relatório Future of Work, publicado em 2018 pelo Fórum Econômico Mundial, a criatividade é a terceira habilidade mais importante para o trabalho, em 2020; ao mesmo tempo, a pesquisa State of Create (Adobe), aponta que apenas uma em cada quatro pessoas acredita aproveitar seu potencial criativo – ao passo que 75% das pessoas ouvidas se sentem pressionadas a serem mais produtivas que inovadoras no trabalho. Por isso, na contemporaneidade, fala-se da importância do resgate – pelos adultos – de suas crianças interiores, com o objetivo de imputar protagonismo à criatividade, proporcionando a desconstrução de um padrão imposto,

o qual é substituído pela possibilidade de enxergarmos o futuro como uma folha em branco e repleto de diferentes cenários Além de um processo de redescoberta individual, de acordo com Hannouche, em um nível macro é importante repensarmos os processos seletivos, uma vez que a seleção de pessoas por meio de currículos não é condizente com a realidade, pois não é possível incorporarmos nossas histórias, vivências e complexidades em uma ficha. “É um processo de seleção de máquinas, que é uma grande ilusão e mentira. O currículo é tudo o que você não é”, afirma. Hannouche também não vê sentido no vestibular, por conta de seu caráter mecânico, já que é um processo no qual “tem que decorar, repetir padrões. Quem tem memória infinita é a máquina, não o ser humano”. Vivemos em um momento no qual há uma tendência obstinada em romper com os moldes tradicionais que davam forma às carreiras até poucos anos atrás. Hoje, as explicações definitivas e os sistemas únicos de leitura da realidade são, aos poucos, substituídos por flexibilidade, competência, criatividade e multipotencialidade, fatores que emergem como protagonistas. Segundo Dante Freitas, precisamos seguir o sensor do coração e do movimento, partindo rumo a uma aventura; e Hannouche completa que o primeiro passo deve ser movido pelo coração, buscando pessoas e empresas que façam sentido: “não importa para onde estamos indo, mas com quem. Em seguida, o propósito é o caminho. Afinal, caminhantes, não existe o caminho. O caminho você faz ao caminhar”, conclui.



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SMART - ESPECIAL ZERO SUMMIT 2020 - TECNOLOGIA: ALIADA OU VILÃ DA SUSTENTABILIDADE?

TECNOLOGIA: ALIADA OU VILÃ DA SUSTENTABILIDADE A inovação é protagonista em iniciativas do setor privado as quais pretendem mitigar práticas nocivas ao meio ambiente; confira cobertura especial do Zero Summit 2020 >>> Guilherme Popolin


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os últimos anos, o debate acerca do aquecimento global, decorrente das intensas emissões de gases poluentes, vem se demonstrando cada vez mais urgente. Ao mesmo tempo em que, a nível mundial, há uma tendência dos países reverem atividades humanas que envolvam a queima de combustíveis e o desmatamento, o Brasil segue como o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, de acordo com um relatório do Observatório do Clima. No entanto, o setor privado apresenta ações relevantes, as quais atribuem protagonismo ao segmento no que diz respeito à transição energética, redução da emissão de carbono, tratamento de resíduos e consumo sustentável. Assim, em conjunto com ações do Governo Federal, como o RenovaBio – Política Nacional de Biocombustíveis – e Programa Nacional de Bioinsumos, representantes do setor apostam em um futuro com modelos de negócios mais competitivos e menos nocivos ao meio ambiente.

VITOR FERNANDES Diretor de sustentabilidade da P&G

DANIEL ROSSI CEO do Capitale Group e da Zeg Ambiental

Para Vitor Fernandes, diretor de sustentabilidade da P&G, resíduos e emissões são dois pilares fundamentais para pensarmos o desenvolvimento sustentável, de modo que as inovações tecnológicas exercem papel fundamental na mitigação desses aspectos onerosos ao meio ambiente. “Nós temos um grande plano de ação para nos tornarmos carbono neutro ainda nessa década, ou seja, nos próximos dez anos o balanço de carbono da P&G, mundialmente, vai ser zero”, comenta. Nesse sentido, o destaque vai para a tecnologia patenteada pela companhia, a qual permite que produtos, como shampoos e condicionadores, sejam comercializados no estado sólido – implicando na redução do peso e do tamanho da mercadoria, logo, diminuindo a emissão de carbono decorrente do

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transporte. De acordo com Fernandes, a sociedade espera uma postura ética das empresas em relação à sustentabilidade. “Tentamos olhar de duas formas: garantindo nossas operações com os parâmetros e as metas internacionais, postuladas cientificamente – como o Acordo de Paris –, e criando inovações para que um estilo de vida sustentável seja cada vez mais acessível e desejável”, afirma. A tecnologia, quando bem empregada, impacta positivamente em todas as pontas da cadeia de consumo, inclusive no destino final de produtos e embalagens: os aterros e lixões, em um momento no qual o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU) – elaborado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), em parceria com a consultoria PwC Brasil – indica que 53% dos resíduos são descartados de maneira inadequada em lixões a céu aberto no país. Daniel Rossi, CEO do Capitale Group e da Zeg Ambiental, explica que no Brasil um grande problema são os lixões à céu aberto – ao emitirem uma porcentagem alta de metano, natural desse processo. No caso dos aterros sanitários, os resíduos são tratados, decompondo-se de modo controlado. O lixo é acomodado em camadas, cobertas por terra, assim, a pressão da gravidade compacta e promove a decomposição. “Exploramos um aterro na Zona Leste de São Paulo, onde captamos o metano, com tubulações em cada uma dessas camadas. Em uma rota, geramos energia a partir de um motor gerador. A partir do resíduo, é possível emitir energia elétrica, de forma 100% renovável, e preço extremamente competitivo. A segunda rota é a produção de um combustível renovável, substituto do diesel, do gás natural e do GLP, que pode abastecer veículos GNV, reduzindo 95% da emissão de CO2”. Segundo Rossi, “esse movimento é para que consigamos eliminar ou diminuir ao máximo as emissões, principalmente no transporte rodoviário, através de um combustível renovável, que em breve vai estar nos postos de abastecimento”.


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SMART - ESPECIAL ZERO SUMMIT 2020 - TECNOLOGIA: ALIADA OU VILÃ DA SUSTENTABILIDADE?

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A TECNOLOGIA COMO ALIADA

Para Lucas Di Grassi, campeão mundial de Fórmula E, embaixador da ONU para a Clean Air e idealizador do Zero Summit, a sustentabilidade está diretamente ligada à tecnologia, uma vez que a inovação é aliada da eficiência, sobretudo em modelos de negócios sustentáveis. “O ser humano não vai deixar de fazer coisas que já está acostumado, como comer carne”, isto é, “precisamos encontrar um jeito de produzir carne, comidas e grãos que seja mais eficiente e danifique menos o meio ambiente”, afirma. Em relação à mobilidade, Di Grassi afirma que um dos propósitos do Zero Summit – iniciativa que promove o encontro dos líderes dos setores privados e públicos – é demonstrar como a energia e a mobilidade estão interligadas. Um exemplo prático, dado pelo automobilista, diz respeito a quando consumimos um produto final, que aparentemente não gera carbono, todavia, quando pensamos em toda a cadeia produtiva relacionada a ele, encontramos pegadas de carbono - as carbon footprints. O desafio, portanto, é compreender como “vamos transformar isso em algo que seja mais sustentável e com um custo menor para a sociedade; aumentando o ganho de valor para a sociedade em geral, principalmente em desenvolvimento, como a nossa, no Brasil. Precisamos desenvolver a tecnologia e os produtos, ter incentivos e direcionamentos corretos dos governos, para conseguirmos um preço competitivo”, reflete Di Grassi.

LUCAS DI GRASSI Piloto e idealizador do Zero Summit

PAULO MAISONNAVE Responsável por e-mobility na Enel Brasil

JOHANNES ROSCHECK CEO e presidente da Audi Brasil

Johannes Roscheck, CEO e presidente da Audi Brasil, destaca o carro elétrico como importante aliado. Em conjunto com outras fontes renováveis, “é importante enfatizar que a única forma de eliminar as emissões locais, sobretudo em uma cidade gigantesca como São Paulo, é através do carro elétrico”, afirma. Uma vantagem para o Brasil é possuir diversas fontes renováveis, contudo, para Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira, a grande desigualdade social é um desafio, visto que “parte da população com uma renda mais baixa, que privilegia o mais econômico, não tem um sentimento de aversão ao custo da má compra”, isto é, a introdução da tecnologia exige um esforço para transformarmos paradigmas culturais – no caso do carro elétrico, por exemplo, há um desembolso inicial maior, mas um custo de manutenção menor. Paulo Maisonnave, responsável e-mobility na Enel Brasil, destaca a possibilidade do carro elétrico funcionar como um ativo, engendrando um novo modelo de negócio. “Talvez seja a oportunidade de transformar esse modal de transporte em algo mais produtivo. Estamos passando por uma revolução silenciosa, desenvolvendo uma nova indústria, aprendendo com os erros do passado, inovando, criando tecnologias em prol de um mundo mais sustentável”, conclui.


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UMA ALIADA NO CAMPO E NA FLORESTA

MARCOS JANK Professor sênior de agronegócio no Insper

Antonio Moreira Salles, cofundador da Mandi Ventures, destaca a importância da tecnologia para controlar o desmatamento da Amazônia e otimizar a produtividade no campo, fatores que implicam na redução de emissão de carbono. Do pesticida natural à potencialização das máquinas, passando pela redução do metano expelido pelo gado, a biotecnologia é importante aliada no campo. Contudo, Moreira Salles faz um alerta: “Não adianta vender crédito carbono para empresas sérias, para um tempo depois aquela área ser desmatada. Não necessariamente porque o fazendeiro quis, mas porque outros invadiram. Com dezenas, até milhares de hectares, é difícil manter o controle.” Nesse sentido, Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper, reitera que a morosidade para a regularização fundiária e o atraso na implantação do Código Florestal representam graves problemas em relação ao controle do desmatamento na Amazônia, por conta do desmate ilegal. A falta de rigor no cumprimento da legislação brasileira faz com que litígios históricos se arrastem – sem perspectiva de solução –, se impondo como entraves ao bom posicionamento do Brasil no mercado internacional.

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Por outro lado, Jank destaca que o Brasil também é um país de soluções. “Todas as empresas estão caminhando para o ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, ou Governança Ambiental, Social e Corporativa), o que falta é política pública e organização, para mostrar o lado solução, não apenas o vilão”, afirma. Para ele, as empresas brasileiras apresentam soluções excelentes, economicamente viáveis e alternativas ao petróleo, como a biomassa, o biocombustível, a energia solar e a eólica. Rodrigo Pedroso, CEO da Pacto Energia e idealizados do Zero Summit, entende que ao mesmo tempo em que a legislação ambiental brasileira é uma das mais severas do mundo, temos dificuldades para implementar políticas públicas e fiscalizá-las. Ele vê como positivo o movimento das companhias engajadas em prol da sustentabilidade, transitando do discurso para a prática. “A tecnologia está aí para ser usada. O Brasil tem condição de ser um protagonista muito forte em um futuro sustentável. Temos as soluções para o agronegócio e as energias renováveis”, destaca.


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ESPECIAL ZERO SUMMIT 2020 - TECNOLOGIA: ALIADA OU VILÃ DA SUSTENTABILIDADE?

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A TECNOLOGIA E UM MUNDO MAIS CONSCIENTE Christiana Figueres, fundadora da Global Optimism, chama atenção para a necessidade de zerarmos as emissões de carbono até 2050. Até lá, 2030 – data na qual os signatários do Acordo de Paris comprometeram-se a apresentar números controlados relativos às emissões de gases do efeito estufa – será um ano resolutivo para avaliarmos o futuro. “Já entramos na década mais decisiva da história da humanidade: os anos 20. Devemos decidir, intencionalmente, se vamos nos concentrar em cortar emissões em 50%, até o fim da década ou não. Se não reduzirmos as emissões pela metade até 2030, entraremos em um caminho sem volta de destruição constante e indescritível miséria humana”, alerta Figueres. “Precisamos adotar um modelo mais circular, o consumo sustentável. Nós já estamos sendo treinados para não utilizar plásticos descartáveis. Mas e as outras coisas? Não podemos continuar assim, pensando que nossos filhos e netos – e seus descendentes – serão capazes de viver de forma decente, estável e segura. Este é o momento para mudarmos nossa mentalidade e, então, desenvolver as tecnologias políticas e instrumentos que nos permitirão avançar rapidamente em direção ao consumo sustentável”, pondera a líder da Global Optimism. De acordo com ela, devemos encarar a atual situação de emergência como uma oportunidade, para mobilizar tecnologias e ações em prol de um mundo mais consciente acerca da extração de matéria-prima e do descarte de resíduos.

“Se não reduzirmos as emissões pela metade até 2030, entraremos em um caminho sem volta de destruição constante e indescritível miséria humana”


O nosso compromisso ĂŠ com os agricultores. Com as pessoas que trabalham para a agricultura. O nosso compromisso ĂŠ ajudar a garantir um futuro melhor.

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SMART - CIDADES EM MOVIMENTO

CIDADES EM MOVIMENTO A reinvenção dos negócios e dos espaços urbanos reflete em cidades mais sustentáveis e na qualidade de vida da população >>> Loraine Santos

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ão tem como falar sobre mobilidade sem considerar as cidades e os espaços urbanos. No ano em que o mundo parou, estudos mostraram que, no período em que o isolamento ainda não havia sido flexibilizado em todo o país, houve uma redução de 80% nos deslocamentos gerais das cidades. A Uber, empresa que tem revolucionado a mobilidade urbana desde 2009, mudou drasticamente seu modelo de negócio durante a pandemia. Segundo dados da própria companhia, houve queda de 67% no faturamento total do aplicativo de transporte, o equivalente a uma perda de US$ 1,5 bilhão; por outro lado, houve um aumento de 103% no faturamento total do Uber Eats, aplicativo de delivery de restaurantes, além de um aumento de 50% no número de estabelecimentos parceiros do app. Assim como a Uber, as empresas diretamente ligadas à mobilidade urbana tiveram que se reinventar. Alcides Braga, presidente da Truckvan, viu suas atividades caírem consideravelmente em março de 2020. Com um olhar mais amplo para a mobilidade, não apenas focado em soluções para o deslocamento, a empresa transformou seus caminhões em unidades de saúde e ambulatórios móveis para atender hospitais de campanha, a partir de abril. “Olhamos com criatividade para a mobilidade e passamos a atuar em diversos pilares além do transporte, como saúde, educação, entretenimento. Agora estamos também voltados para o turismo e para projetos de casas sobre rodas”, afirma Braga.

ALCIDES BRAGA Presidente da Truckvan


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REFLEXO NAS CIDADES Este novo cenário fez com que a sociedade direcionasse seu olhar para as cidades e entendesse o papel de cada um no futuro da mobilidade sustentável. “Cidades inteligentes são aquelas que têm como centro das discussões as pessoas. Não é uma questão de ter uma cidade toda digital, mas sim de pensar de que forma a tecnologia pode contribuir e entregar serviços mais eficientes para o cidadão, e gerar mais qualidade de vida”, explica Raquel Cardamone, CEO da Bright Cities. Há vários exemplos de cidades inteligentes pelo mundo, e todas elas têm relação com deslocamentos mais eficientes. A prefeitura de Paris, na França, estuda adotar o projeto “la ville du quart d’heure” (a cidade de 15 minutos, em português), que propõe acabar com a necessidade de carros e tornar tudo a uma distância caminhável. Entre as iniciativas que fazem parte do plano de Paris, estão a construção de escritórios em bairros onde há escassez de trabalho, a transformação de estacionamentos ociosos em florestas urbanas e o incentivo ao uso de bicicletas. Aqui no Brasil, a dificuldade de implantar projetos revolucionários como o de Paris fica por conta do poder público, conhecido nacionalmente pela intensa burocratização e falta de foco no que é importante, de fato, para população. Apesar de reconhecer os problemas, a CEO da Bright Cities, startup que atua junto às prefeituras apoiando transformações nas cidades, vê um futuro otimista. “Tem uma parte burocrática do poder público, os processos de licitação são muito antigos, mas estamos conseguindo, estamos vendo um crescimento grande do interesse público em cidades mais inteligentes. Os desafios são imensos, precisamos da pressão da população para cobrar iniciativas, e do apoio dos sistemas privados”, lembra ela.

BARÃO DI SARNO Sócio-fundador da Questtonó

MICROMOBILIDADE

RAQUEL CARDAMONE CEO da Bright Cities

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“Mobilidade, para mim, significa acesso a oportunidades”. Para Barão Di Sarno, sócio-fundador da Questtonó, consultoria de inovação e design, deslocamento não é apenas uma questão de se mover do ponto A ou ponto B, mas sim de se deslocar de uma oportunidade para outra. “Mobilidade inteligente é, muitas vezes, reduzir a necessidade de deslocamento, e permitir que pessoas acessem mais coisas ao seu entorno. E que, ao longo de um deslocamento, elas possam trabalhar, consumir e se divertir, tornando-o mais produtivo”, explica ele. É fato que a pandemia não só transformou negócios, como o caso da Uber e da Truckvan, mas também acelerou inovações, especialmente na relação casa x trabalho. “A pandemia intensificou as questões da telepresença, alcançamos um nível que a gente esperava só em 2030. Morar antes era um espaço físico, onde cada um tinha uma vida privada. Agora, é físico e virtual, e tornou-se espaço privado e, também, público. Casa agora é também escola, academia, escritório, balada”, acredita o sócio-fundador da Questtonó.


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SMART - CIDADES EM MOVIMENTO

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O PAPEL DAS EMPRESAS Há um desejo comum e urgente de compartilhar um futuro em espaços urbanos mais igualitário, justo, organizado, eficiente e seguro. Nesse sentido, empresas podem interferir positivamente no destino das cidades. A Tembici, empresa de bikesharing, nasceu em 2009 em São Paulo, quando a cidade ainda não possuía um sistema de ciclovias como hoje. “Criamos a demanda e culturas novas nasceram a partir dessa atitude. Também é importante destacar que o nosso projeto em parceria com as Bikes Itaú nasceu da demanda popular por meios de transporte alternativos”, conta Tomás Martins, CEO da Tembici, comprovando que as mudanças a favor das cidades inteligentes e sustentáveis acontecem a partir de um esforço mútuo entre população, empresas e governo. Tomás Martins também alerta sobre a urgência das discussões a respeito de modais mais sustentáveis a partir dos exemplos vivenciados com a pandemia. “Aprendemos na prática como os deslocamentos estavam gerando impactos negativos para as cidades. Com a não-circulação dos car-

TOMÁS MARTINS CEO da Tembici

ros, vimos metas anuais de redução da emissão de CO2 sendo batidas, vimos os canais de Venezas limpos”. Com o mundo voltando a se movimentar, houve um aumento significativo no uso e nas vendas de bicicletas. “As pessoas optam agora pela bike por ser um modal individual e aberto, ou seja, mais seguro; e pela necessidade de uso para passear e se distrair”, afirma o CEO da Tembici, que viu o uso do modal saltar 120% em julho de 2020, em relação ao mesmo mês do ano passado. Raquel Cardamone, CEO da Bright Cities, reforça que estamos no caminho para um ambiente urbano mais sustentável, e que o esforço é contínuo e mútuo. “Cases como da Tembici e Itaú são grandes incentivos para entender que dá para fazer mais e melhor pelas cidades. Como cidadão e como empresa, o que podemos fazer pra uma cidade mais sustentável?”, conclui.

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SMART - CIDADES EM MOVIMENTO

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REVITALIZAÇÃO DO RIO PINHEIROS Uma cidade sustentável passa pela qualidade da água e pelo acesso ao saneamento básico. Nesse sentido, a Sabesp está com um projeto de revitalização do Rio Pinheiros, que prevê águas limpas em seus 26 km de extensão até 2022. De acordo com Fabio Toreta, superintendente de comunicação da Sabesp, o projeto é promissor por resultar em desenvolvimento social e urbano para população. “O rio sujo é consequência do esgoto que chega nos córregos. Por isso, estamos ampliando o saneamento em áreas informais da cidade de São Paulo, áreas que têm dificuldade maior tanto legal quanto de engenharia para receber projetos de urbanização. 520 mil imóveis vão passar a ter coleta de esgoto até 2022 e, além de resultar na limpeza do Pinheiros, vai gerar mais qualidade de vida para as pessoas que moram nestas ocupações”. E os resultados vão além. “Acesso à saneamento gera saúde e bem-estar, fazendo com que as pessoas tenham disposição para estudar, trabalhar, e isso faz com que haja desenvolvimento social e urbano”, completa Toreta.

FABIO TORETA Superintendente de comunicação da Sabesp



Fundada em 20 de janeiro de 1992 por Alcides Braga e Flavio Santilli, a Truckvan é a maior fabricante de Unidades Móveis do Brasil e referência em Implementos Rodoviários para o segmento de pesados. A empresa também possui um amplo portfólio de produtos para locação e atua na área de soluções para proteção de dados e Tecnologia da Informação. A companhia conta com mais de 450 funcionários

e

está

localizada

em

uma

planta

de

70

mil

m

na

Rodovia Presidente Dutra, no bairro de Bonsucesso, em Guarulhos.

Estrada Velha Guarulhos - Arujá, 1.092 (Rodovia Presidente Dutra Km 206,6) - Guarulhos - SP - CEP: 07178-580


Unidade MĂłvel GM

Semirreboque Sider

Bitrem Graneleiro

Semirreboque FurgĂŁo Carroceria de Bebidas


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LIFE - A REVOLUÇÃO AGELESS

A REVOLUÇÃO AGELESS

Conheça a geração ageless, pessoas que não se definem pela idade cronológica e estão sempre prontas a aprender coisas novas >>> Beatriz Pozzobon


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magine um mundo sem calendário, sem relógio, um mundo mais livre e com pessoas bem resolvidas. Essa é a revolução da geração ageless (na tradução literal, sem idade). São pessoas que não se definem mais pela idade cronológica, e sim nos seus interesses e gostos. Agora, as gerações são mais fluidas e vigora a ideia intergeracional, ou seja, a conexão com pessoas de diferentes idades. Porque se o mundo não é mais estático, a gente também não precisa ser. Aos 49 anos, a jornalista, apresentadora e influencer 40+ Maria Cândida se define como uma mulher ageless. “As pessoas que se identificam com a geração ageless são mais abertas. São pessoas que querem construir uma vida diferente, que veem ganho na troca e não na guerra entre gerações”, explica a jornalista. Pessoas da geração ageless são também conhecidas como perennials, termo cunhado em 2016 pela publicitária norte-americana Gina Pell. O conceito, que na tradução literal quer dizer “perenes”, surge para contrapor ao conhecido termo “millennials” e a tendência de categorizar as pessoas por gerações.

O MERCADO VALORIZA OS PERENNIALS “Estamos passando por um momento de total transição, que está exigindo de todo mundo novas posturas, inclusive com relação ao que a gente pensa. O mundo não está mais tão definido, então, é hora de aprendermos a viver mais em movimento”, defende Maria Cândida. Isso tem relação também com o conceito de lifelong learning, ou seja, do aprendizado ao longo da vida. Os perennials, por exemplo, não são nativos digitais, nasceram analógicos, mas estão conectados com as tecnologias. “O público 40+, 50+, 60+ precisa treinar mais, se dedicar mais à tecnologia”, afirma a jornalista. “No começo, eu me forçava a ler jornal digital e hoje eu prefiro me informar assim. As pessoas precisam ‘fuçar’. Existe aplicativo para tudo. Não é possível que não achem algum que elas se interessem”, completa. Essa vontade de aprender, de desbravar coisas novas e estar conectado ao que o mundo nos exige é bem vista pelas empresas, que valorizam o comprometimento das pessoas maduras, ao mesmo tempo em que exigem agilidade e um comportamento lifelong learning desses profissionais.

A MULHER AGELESS A revolução ageless é, muitas vezes, puxada por mulheres 40+. São mulheres que não se prendem aos padrões impostos às gerações passadas. Antenadas, globalizadas, inquietas e intergeracionais – elas se conectam com gerações de diferentes idades. As mulheres ageless são donas das próprias escolhas, estão sempre aprendendo coisas novas e prontas para recomeçar – se assim for preciso. “Antes, a mulher tinha um único papel, ficar em casa e cuidar dos filhos. Hoje, nós temos inúmeros papeis. Eu mesma faço várias coisas. Sou mãe, jornalista, apresentadora e também estou na internet”, destaca Maria Cândida. Neste sentido, saúde e prevenção são essenciais para que o corpo físico acompanhe a nossa mente. Por isso, a mulher ageless procura ter hábitos saudáveis, se alimentar bem e praticar exercícios físicos. Para a jornalista, nunca é tarde para começar uma segunda carreira, tentar uma renda extra, conquistar e descobrir novas habilidades. Afinal, como ela mesmo diz, “a melhor maneira da gente prever o futuro é criar o futuro todo dia”.

MARIA CÂNDIDA Jornalista, apresentadora e influencer 40+


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60 - TOMORROW

- OI, AMANHÃ!

OI, AMANHÃ! O futuro já chegou e o grande desafio é descobrir qual o perfil da empresa e do profissional que vai sobreviver a toda essa revolução >>> Loraine Santos


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pandemia acelerou tecnologias e fez empresas e projetos avançarem 5 anos em 5 meses. Organizações se transformaram, profissionais se reinventaram. Antes visto com algo muito distante da realidade, como carros voadores e robôs prestando serviços, a noção do que é o futuro mudou. Empresas e profissionais precisam agora solucionar problemas reais, do presente, para sobreviver no amanhã. O futuro já chegou e o quais são os segredos para prosperar frente à tantas mudanças?


62 - TOMORROW

- OI, AMANHÃ!

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EMPRESAS DO FUTURO

“Quando você empreende, você começa querendo mostrar que é capaz, querendo achar formas de se sustentar sem depender dos pais, mas com o tempo a paixão vai tomando conta e ganhando mais significado. Todos os dias eu trabalho pensando que estou aqui por mim, estou pelo meu cliente, pelo meus colaboradores, pelo meu franqueado, pelo governo, pela sociedade. É papel do empreendedor cuidar de todo mundo, não só do retorno financeiro. Se eu não cuidar do meio ambiente, por exemplo, não tem futuro. Eu estou representando as pessoas que trabalham aqui, é importante ficar claro que essa empresa não é minha obra, eu fui só o primeiro chegar, mas não serei o último a sair”. Alexandre Costa traduz nesta fala muito bem sobre o que é uma empresa do futuro. O empreendedor é o fundador da Cacau Show, a maior rede de chocolates finos do mundo, que emprega 12 mil pessoas e foi eleita a marca de chocolates mais desejada e admirada pelos brasileiros. A atual pandemia do coronavírus representou uma oportunidade única para as empresas repensarem sua forma de produzir e de se relacionar com seus clientes, colaboradores e, também, com a natureza. O “Relatório Especial do Edelman Trust Barometer 2020: Confiança nas Marcas”, divulgado pela CNN Brasil em junho, e que ouviu mais de 22 mil pessoas de 11 países, revelou que 82% dos clientes brasileiros passaram a priorizar a saúde e a segurança financeira como pré-requisitos para o consumo, o que levou 52% deles a trocarem de marca por perceberem uma mudança no comportamento das empresas. Aquelas que demonstraram mais preocupação com as pessoas e disposição em resolver os problemas da sociedade, conquistaram novos clientes e maior fidelidade. “A empresa é uma turma unida por um propósito. E a vida é um espelho, você recebe aquilo que você oferece. E quando a intenção é boa, não tem como dar errado”, afirma o fundador da Cacau Show. E aconselha: “Faça, acredite, que o resultado vem. Se integre e se entregue”.

ALEXANDRE COSTA Fundador da Cacau Show


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PROFISSIONAIS DO FUTURO

DANILCA GALDINI Head de pesquisa do Grupo Cia de Talentos

Viver de forma plural e entender que o ser humano é indivisível - ou seja, que não dá para ter uma vida pessoal e uma vida profissional, tudo é uma vida só - são conceitos essenciais para o profissional do futuro. “Dá para dividir o tipo de empreendedor entre aquele que quer melhorar o mundo e aquele que quer, de fato, mudar o mundo. Essa obsessão pela busca contínua de melhoria é capaz de construir algo grande e relevante. Tem líder que opta por evoluir e tem líder que quer revolucionar”, compara Walter Longo, empreendedor digital, palestrante internacional e sócio-diretor da Unimark Comunicação. Empreender não significa ser apenas líder de uma organização. Intraempreendedorismo é o termo designado para a prática de empreendedorismo interno de uma empresa. Neste cenário, a responsabilidade aumenta e a cobrança por resultados também. “A vida pode ser intensa, o profissional pode viver se desafiando. Mas é necessário entender que nenhum CNPJ vale um problema de saúde”, pondera Longo. Para quem está em busca de uma recolocação no mercado, também é preciso atenção para o que as empresas querem do profissional do futuro. “A dica é ter um plano A e um plano B. Ou seja, o que você quer? Quais são seus sonhos? Mas você também tem que sobreviver, então pode optar por um caminho alternativo que, com o tempo, vai te levar aonde você quer chegar. Outra dica é identificar quais são as habilidades que vão ajudá-lo a chegar lá e ir atrás de desenvolvê-las. Existem muitas ferramentas online e gratuitas para ajudar neste processo”, aconselha Danilca Galdini, head de pesquisa do Grupo Cia de Talentos. A falta de experiência assusta jovens profissionais que também estão em busca de uma nova - ou de uma primeira - oportunidade. “O jovem precisa buscar na sua história de vida os indicadores que demonstram determinadas habilidades, buscar exemplos, situações que mostrem sua capacidade de atuar naquela empresa, naquela vaga”, afirma Danilca.

WALTER LONGO Sócio-diretor da Unimark Comunicação

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64 - TOMORROW

- OI, AMANHÃ!

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ALINE GOMES Head Brasil comercial na Escola Conquer

NEGÓCIOS DO FUTURO Empresas mais humanas, profissionais mais equilibrados: como este novo cenário do mercado de trabalho vai refletir nos negócios do futuro? “A nova economia tem relação com a digitalização, com um universo mais colaborativo, mais ágil, mais veloz. Os negócios são centrados em um propósito e precisam resolver os problemas de seus clientes de forma criativa, provocando experiências”, é a aposta de Aline Gomes, head Brasil comercial na Escola Conquer, escola de negócios criativa que pulou de 30 mil para 1 milhão de alunos durante a pandemia. De acordo com a head da Conquer, compreender e aceitar a diversidade de opiniões, de estilos e exercer a empatia é um caminho para gerar conexões e negócios mais autênticos. “A empresa pode criar oportunidades e novos negócios quando para de olhar só o próprio problema e passa a se conectar com o problema dos outros. Inovar também é pensar, se relacionar, ouvir ideias do cliente e, assim, gerar impacto para o mundo através do negócio. Todos somos responsáveis, olhar só para o seu é perder oportunidades”, conclui.


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A Welcome Tomorrow também é um ecossistema multimídia de conteúdo com o propósito de compartilhar informação relevante e de qualidade. Um time de jornalistas e especialistas em mobilidade está antenado com os principais acontecimentos e tendências do mundo e preparado para traduzir esses dados em conteúdos de diversos formatos.

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