Revista virada issu

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virada poética n1 março, 2017

A POESIA HOJE 02 equipe 03 editorial – Cesar Carvalho 04 diretriz poética

05 05 05 06 06 07 07 08 08 09 09 10 10 11 11 12 12 12

poetas convidados Abel Coelho – tento Beth Brait Alvim lendo Cesar Carvalho – palavras paralice Charles Marlon – Aylan Kaurdi Claire Feliz Regina – estrada da vida Claudinei Vieira – olá, pequeno monstro do dia Wellington Souza – nostálgico Diogo Cardoso – sem lugar a voz Clóvis Ribeiro – barroco moderno Claudio Laureatti – noites de inverno Fabiano Fernandes Gracez – [ ] Jeová Santana – ruminância Hamilton Faria – oração Manoel Reis – acidente Marcos Fonseca – mãe e filha Paulo Lima – buen ayre Sérgio Viralobos – [ ] Rubens Jardim – [ ]

13 dança e música 14 lançamentos 15 outros registros 16

a onda das independentes na literatura:

um novo movimento? – Ricardo Leão

Virada Poética é uma publicação bimestra l do sarau homônimo realizado em parceria com a editora Benfazeja e o 38 Social Clube. A primeira edição de Virada Poética aconteceu em 04 de fevereiro de 2017, no 38 Social Clube, em São Paul o.


Cesar Carvalho Claudinei Vieira Claudio Laureatti Wellington Souza Vitor B. Cohen Maria Sidnéa Rodrigues Sineval Martins Rodrigues

Curadoria Mestre de cerimônia Mestre de cerimônia Arte gráfica Fotografia 38 Social Clube 38 Social Clube

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visite contato issu Editora Benfazeja 38 social Clube

http://benfazeja.com.br/viradapoetica viradapoetica@gmail.com http://issu.com.br/viradapoetica http://benfazeja.com.br/ Rua Coronel Castro de Faria, 38 – São Paulo


da revista Virada PoCom alegria lançamos o primeiro número l. O objetivo aqui é ética que, assim como o sarau, será bimestra da por poetas, artistas documentar a extensa programação sustenta na primeira edição do e músicos que nos brindaram com sua arte 7, e registrar a diversidaevento, ocorrida em 04 de fevereiro de 201 de artística existente. a delas é trazer poetas de A Virada Poética tem várias pretensões. Um amos estabelecer uma outras cidades e estados do país para que poss os locais. Jeová Sanrede e conhecer o que se é produzido em outr e veio lançar seu livro, tana, poeta de Aracaju, SE, topou a parada Paulo Lima, morando Solo de Rangidos. Além dele, outro poeta, de seus poemas. em Brasília, veio nos prestigiar com a leitura estrais, estabelecer um Outro objetivo é, durante os encontros bim Assim, na primeira edidiálogo com diversas linguagens artísticas. ca Lescher, da bailarina ção, tivemos a apresentação da cantora Bran lo de dança do ventre, Ira Basma, que nos deliciou com seu espetácu suas composições. e Marcos Fonseca, violonista que apresentou jamais imaginávamos Publicar esta revista tem outra dimensão que os poetas, os poemas e antes de empreender esta tarefa: selecionar os a própria organização outras artes nos permite, também, avaliarm edição. da Virada que se pretende aperfeiçoar a cada a palavra se encontra Enfim, a Virada Poética é um espaço onde com seu avesso. Boa leitura!

Cesar Carvalho curador

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diretriz poética

Hino às Musas Teogonia, Hesíodo

Pelas Musas heliconíades comecemos a cantar. Elas têm grande e divino o monte Hélicos, em volta da fonte violácea com pés suaves dançam e do altar do bem forte filho de Crono. 6

Elas um dia a Hesíodo ensinaram belo canto quando pastoreava ovelhas ao pé do Hélicon divino. por cetro deram-me um ramo, a um loureiro viçoso colhendo-o admirável, e inspiraram-me um canto divino para que eu glorie o futuro e o passado, impeliram-me a hinear o ser dos venturosos sempre vivos e a elas primeiro e por último sempre cantar. as Musas cantavam, tendo o palácio olímpico, nove filhas nascidas do grande Zeus: Glória, Alegria, Festa, Dançarina, Alegra-coro, Amorosa, Hinária, Celeste e Belavoz, que dentre todas vem à frente Ela é que acompanha os reis venerandos. Pelas Musas e pelo golpeante Apolo há cantores e citaristas sobre a terra. e por Zeus, reis. Feliz é quem as Musas amam, doce de sua boca flui a voz. Se com angústia no ânimo recém-ferido alguém aflito mirra o coração e se o cantor servo das Musas hineia a glória dos antigos e os venturosos Deuses que têm o Olimpo, logo esquece os pesares e de nenhuma aflição se lembra, já os desviaram os dons das Deusas.


poetas convidados poemas lidos

Tento Página em branco Canção sem palavras Suspiro Um risco arrisca a palavra A pena me falha no meio Soluço A palavra vale o poema Segue a mão o que dita o coração Arrepio Poemas precisam de palavras Alguns pedem silêncio Tento A vida passou hoje por aqui Deixou gravada sua escrita Marco Faço poesia como vento Dissipo idéias sobre seus cabelos Desfaço

Palavras paralice Beth Brait lendo Cesar Carvalho

palavras existem para tudo para tudo para tudo palavras existem até para copiar alice numa outra toca onde não tem coelho nem sorriso de gato mas tem palavras que servem para tudo tudo menos na hora h quando elas faltam...

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aí aí vem o silêncio...

Queria saber escrever com seus lábios Morder as palavras, sugar o sentido Beijo

Abel Coelho é redator de publicidade desde 1981. Atualmente é sócio e diretor de criação da Agên cia Address.

mer, a qual, Beth Brait Alvim, geração baby bom ao peace jus faz só nce, perte ela ns, algu segundo liberdaa rva prese e ra and love e a tudo o que inspi Ciranda o, Med do s Visõe , Ritos e s Mito veu de. Escre de pouco dos tempos- espaços do desejo e dentro poemas. de livro novo seu rá grafa auto o temp


Aylan Kurdi Na parede, uma dentadura postiça preenche a banguela do último calendário. O outdoor promete um ano bom, baixo colesterol, um rol de inéditas novidades. A renovação da esperança – enquanto a espera avança. O caminho é pra frente, não há barreiras para a felicidade. Difícil é mentir para o corpo cansado, mais gasto a cada passo, difícil é manter vivo o vício em acreditar em eterno retorno, em si, no próprio sorriso: caninos que brilham e amuram, dizendo aos mortos da praia 8

vai e nada. Charles Marlon, autor de Poesia Ltda (Patuá, 2012), Sub-verso (Patuá, 2014), Re-trato (Patuá, 2016) e La Siesta sobre cuchillos (La bodeguita, 2017) é poeta e mestre em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo, tendo estudado a obra de Rui Pires Cabral. Nasc eu no dia 10 de julho de 1990, em Osasco. Um outro canc eriano sem lar.

A Estrada da vida A cidade onde eu nasci, as ruas por onde andei, os lugares que eu conheci e as paredes onde eu amei. Deles eu nunca me esqueci. São os lugares da minha vida, espaços da minha memória, se um dia eu for poeta, vou cantar em sua glória. Ela pensa que se lembra de todos, mas há uma estrada que anda muito esquecida, justamente aquela, que foi a primeira por todos nós percorrida. Nenhum poeta fez versos para ela, nem você se lembra do nome dela. “Perereca”, “ xoxota” e até “periquita”, são nomes que dão para ela, mas você sabe, na verdade, o que ela é, ela é a porta de entrada da vida. E se você não nasceu de cesariana, tenha mais carinho ainda com a “perseguida” Pois ela já foi, um dia, a sua única saída. Grande-MS, em Claire Feliz Regina nasceu em Campo formação e foi por ta omis Econ É . Paulo São em 1928 e mora u, com Mário Baur em u-se Caso . Auditora Fiscal por 50 anos sive as suas inclu , filhos seus os eram nasc onde e Regina, cidad entar-se apos Ao ão. coraç seu pelo queridas filhas adotadas foi viúva por e Clair ia. poes a com -se ntrou enco , com 80 anos o Regina Jorge Moraes 3 vezes, tendo sido os seus amores: Mari e Ruben Pimenta da Silva

Diogo Cardoso e participantes


Olá, pequeno monstro do dia olá, pequeno monstro do dia que cresceu durante a noite e o coração com suas garras de cotidiano e esmaga mento com sua fileira de dentes reais olá, pequeno monstro do dia com sua chuva de arrependimentos com sua bolsa de horrores aberta e cada pequeno verme saído da bolsa com seus próprios dentes reais cotidianos recorrentes comuns sangrantes a roer nossos pescoços duros a cada passo nosso a cada respirada nossa a cada desejo remontado olá, pequeno monstro do dia que não se esconde em vielas e não tem vergonha de se expor que não se refugia na escuridão [ não precisa mais se esconder nas som bras ] até se orgulha de mostrar a língua podre o sexo podre a mão podre o gozo podre olá, pequeno monstro do dia a nos mastigar o fígado o sexo a mão o gozo e ainda exige que sejamos (ou digamos que somos) felizes completos maduros adultos ou humanos

Nostálgico Todas as noites recebo a visita do homem que fui e de seus amigos de suas mulheres e tento em vão reconciliação

Wellington Souza é artista gráfico e editor. Publicou em 2015 o livro de poemas [o monstro e seus vazios] pela sua editora, a Benfazeja.

Diogo Cardoso

pois sabe, e como sabe!, que somos nós mesmos que o criamos e cuidamos e alimentamos pois sabe, e como sabe!, e como sabemos !, que nunca seremos felizes completos maduros adultos ou, simplesmente, humanos

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olá, Pequeno Monstro do Dia olá

Claudinei Vieira, autor de ‘Desconc erto’ (contos, selo Demônio Negro), ‘Yũrei, Caberê (poesia, editora Patuá), ‘Olá, pequeno monstro do dia’ (poesia, editora Benfazeja), além de participação em várias antologias de contos e poesia. Organizad or dos ‘Desconcertos de Poesia’, em São Paulo.


Barroco moderno Sem lugar a voz

Do barro veio o louco e do louco o moderno o moderno é barroco e o barroco é moderno Si sou louco Outrora moderno Tu és barroco dentro do teu terno

os cabelos rangendo à pele expondo os ossos sobre as costas crinas dançantes nas farpas dos arames que o cercam campo aberto corpo mudo silenciando promessas calcificadas nas primas agonizantes de uma guitarra andina

Clóvis Ribeiro. Escritor, Poeta, Músico. Apresentador do Programa Toque Clovis Ribeiro na Rádio Cidadã FM 87,5

sua voz expõe as tripas de um canto delgado maior que o poema maior que as tintas todas e todas as notas

resplandecendo o sol na dor tiqui ti

maior que o próprio canto

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os véus abrem o rútilo de sua juventude (e as inocências nunca mais são regresso

s)

tudo não cabe na voz (e, minha vida, eu te quis) e o desejo rompia as cordas de trítonos agudos e a alma saltada dos ossos acumulava-se suja às unhas os cabelos batiam as cordas e as unhas e os ossos tiqui tiqui ti tiqui tiqui ti tiqui tiqui ti taq turu taq taq turu taq ti os cabelos as unhas os ossos todo cerca cerrando los muertos os cabelos as unhas os ossos os dentes cerrando a cabeça o metal desliza glande a virilha exposta ao ouro sangue e mostarda iniciam a menina ao que lhe é dentro a terra molda as cores que lhe escorrem rubras

e o que antes era azul, agora é terra rubro, o fim dos saberes amarelo, a danação negro, o adeus o pássaro corta o céu em dois despencando cantos na guitarra de cab elos andinos e todos os dedos tiqui ti agonizam os sonhos taq! dois corações se miram dançando a solidão de uma cadeira que se extingue em cápsula de pólvora sopro de uma Mater Dolorosa tiqui tiqui ti tiqui tiqui ti tiqui tiqui ti taq turu taq taq turu tiq ti

Diogo Cardoso - formado em Letras pela USP. Participou de diversos projetos literários, dentre eles o sarau Faça pArte, Leitores itinerantes, e foi um dos curadores do projeto Clarice Lispector.Têm publicações em diversas revistas literárias tais como Polichinello, Zunái, Malla rmargens e O Cacto. Atualmente, é integrante do coletivo Tantas Letras.


Noites de inverno Eu não sei o que me acontece nestas noites de inverno você agora me esquece Eu, perdido neste inferno Passos errantes só o silêncio e o vento gelados Ando vacilante pela noite dos desesperados Baby, quem realmente te ama? Baby, quem realmente te ama? Nosso fogo consumido num jogo sem vencedor e nós dois Vencidos Verdades e mentiras mal contadas amargando a língua da gente Viciando corações e mentes em horas desperdiçadas O tempo nos dirá seja lá o que for Talvez mesmo a sombra desse presente sem amor

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Claudio Laureatti. Formado em Letra s pela USP, idealizador e produtor do Sarau da Cesta, com parcerias junto a coletivos como o Sarau Perifatividade, Sarau Lab-Arte e junto ao Praçarau e o Sarau da Paulista. Nesse momento junto à editora Filoczar o apoio em favor da publicação do livro “Luz & Tom”.

Fabiano Fernandes Garcez, paulista, formado em Letras, professor de língua portuguesa. É autor de, entre outros, Rastros para um testamento (2012) e Em meio ao ruídos urbanos (2016). Faz parte do grupo idealizador do Tragos e Papos, discussões literárias na Livraria Nobel (Guarulhos) e é produtor do programa Sala de Leitura no Youtube.


Ruminância

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Entre o poeta e o papel o incesto Entre a nave e a ave o milênio Entre a mulher e a lua a insônia Entre o preço e o buquê a resistência Entre o sal e a idade a saudade Entre o homem e a enxada o diálogo Entre a faca e o queijo o capital Entre a loucura e o tesão a validade Entre a vara e a fenda o hedonismo (?) Entre o operário e o padrão o Judas Entre Deus e o homem linha ocupada Jeová Santana, nascido em Maruim (SE), mestre em Teoria Literária, doutor em Educação e Ciências Sociais pela PUC-SP, professor na rede pública de ensino. Entre diversos livros, publicou Inventário de ranhuras (2006), Poem as passageiros (2011), Solo de rangidos (2016). Tem textos publi cados em vários sites, portais, revistas e jornais, como panorama dapalavra , verdestrigos , Cronópios, Cult, além de parcerias musicais.

Claudio Laureatti

Oração Alegria de fazer o pão Conceber o sim Aprender o não Alegria transmutar o não De fazer o bem Prencher o vão Alegria de cantar a Deus Ao ligar os fios De todos os eus Alegria de viver a morte O sonho esperado De uma boa sorte Alegria de se rir à toa Um menino antigo Uma mulher que voa Alegria água correndo Entre a pedra e a margem Entre o hoje e o ontem Alegria não saber de nada Só o momento inteiro De amados e amadas Alegria de se rir de si Palhaço que chora Ao viver aqui Alegria da palavra alada Que se fez poesia E reencanta o nada

Hamilton Faria publicou 10 livros e participou de mais de 20 antologias por várias editoras. Recebeu prêmios, participou de eventos, feiras, salões do livro e publicações em diversos países. Em 2014 publicou mínimoIMENSO e em 2017 publicará dois livros de poesia e um de prosa . É também curador de poesia e cultura.


Mãe e filha

Manuel Reis

Acidente O cristal já se inclinava quando ainda sust entava o líquido. Foi para longe a mão desgovernada que o tocou e agora a força da tremenda colisão tinha tempo para com pletar seu destino. Um olhar atento poderia ver em detalhes o grave colapso gravitacional do eixo do continente, enquanto o rubr o conteúdo perdia a serena e confortável inércia. Esse mesmo olhar enrubesceria se pudesse espiar para a intimidade do acid ente, onde o desespero das moléculas, tão líquidas, tão saborosas, provinha do súbito golpe e de um poderoso arremesso para o desc onhecido, o espaço aberto, muito além dos elegantes limites do torn eado corpo translúcido. E agora? É muito difícil suportar o abismo, pois qua ndo se vive a liberdade vive-se também a vertigem. Agora? Ago ra era a vez do tempo e da força. Ambos faziam do espaço imediato um corredor caótico por onde fugia em pânico o precioso sumo. No mesmo tempo em que se consumiu toda a energia, a queda concluíd a explodiu o estrondo para o espaço da sala, onde o ruído dos estil haços foi se espraiando em delicadezas de vidro, vidrilhos, mosaico de coisas desconexas, desfeitas, caquéticas. Para ouvidos mais apurado s, prolongou-se o secreto tilintar, quem sabe o som do último brinde da matéria convidada para a ante-festa. E finalmente o silêncio. Sobre o assoalho lá estava a mancha, imó vel como um lago sem vento. O olhar aproximou-se, curioso, e então viu o que está além do tempo e da forma. Mesmo tendo perdido a taça, o vinho con tinuava o mesmo, rubro e sereno, novamente em paz com o horizont e da terra. Manuel Reis é designer e produtor gráfic o, fotógrafo e diretor da MJR Comunicação, ex-jornalista e professor universitário apos entado.

Filha: ouça o meu silêncio, qual a pressa? Eu vivi a te procurar antes de você ser. De onde nasci não havia saída, mas nunca estive sozinha. uês E agora, vestidas juntas nessa ilha de porq Eu e Voê não precisamos mais demarcar onde termina e começa o nosso corpo. Porque (Filha): Eu sou a outra que há em você. ador. Seu projeMarcos Fonseca é músico, poeta e educ No violão, ssão. expre alta mais to tematiza o amor em sua ao que há de e 80 anos rock popdo icas cláss bra relem excelente escomelhor na música brasileira. Marcos é uma istas, encontros intim ente ambi em ões entaç apres lha para ços educativos. espa para ados com amigos e indic

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Marcos Fonseca


Buen ayre ainda ontem eu andava pela recoleta fazia um pouco de frio e as pessoas faziam cara de portenhas eu também borges não estava na mesa na biela s, Cortázar, que não gostava de domingo também não apareceu dos gêmeos até dos gêmeos só tinha um qual deles não sei mas eu já voltei para o brasil quatro horas da manhã para minha insônia 14

Primeiro o mais difícil Comprimir de volta as asas No compoartimento que as acasala Depois descosturar o casulo Fiando em estado de repouso O material das mudanças de pele Reatingida a fase de pupa Regurgitar os fios de seda Até voltar a ser larva Agarrada à árvore De raízes fincadas na terra Isso que ela quer de mim Talvez esteja certa rtantes bandas Sérgio Viralobos, compositor de impo editados em livros s vario com a poet e iba Curit de de rock s nada a temo Não como s, locai parceria com grandes poetas 2014 incluído Em 2) (201 ito espír de nça Prese 6) perder (200 publicou seu primeiro na antologia 101 Poetas Paranaenses e livro solo, Piada louca.

lf Bell - 50 Ronald Zomignam Carvalho, no livro Lindo Jardim, Editora anos de Catequese Poética, org. Rubens Patuá, SP, 2014. veu os livros de Paulo Lima é jornalista e escritor. Escre ns, publicaNuve de nário Dicio e gem Paisa poesia Falsa nica Balaio eletrô ta revis a dos pela Editora Penalux. Edita de Notícias. Reside em Brasília.

Toda mulher é uma viagem ao desconhecido. Igual poesia avessa ao verso e à trucagem, mulher é iniciação do dia, promessa, surpresa, miragem. De nada adiantam mapas, guias, cenas ensaiadas ou pilhagens. Controverso ser, mulher é via de mão única, abismo, moagem. É também risco máximo, magia, caminho íngreme na paisagem. Simplificando: mulher é linguagem, palavra nova, imagem que anistia o ser, o vir-a-ser e outras bobagens

Jeová Santana

Rubens Jardim, jornalista e poeta. Publicou poemas em diversas antologias no Brasil, na Itália, no Uruguai e na Espanha. É autor de três livros de poemas. Promoveu e organizou o Ano Jorge de Lima (1973) e publicou Jorge, 80 anos. Integrou o movimento Catequese Poética (1964). Tem um blog: www.rubensjardim.com dedicado nos últimos anos à divulgação de mulheres poetas.


música & dança 15 . No seu CD de estreia proBranca Lescher é cantora, compositora e poeta , interpretou canções de 2005 em do grava e m Bomfi ro duzido por Leand Veloso dentre outros. no Caeta ré, Ary Barroso, Tom Jobim, Geraldo Vand Jobim na imprensa Tom por edida conc vista entre uma A partir de Castro, surgiu a Ruy por afia biogr nos anos 70, mencionada em sua mencionadas 10” “nota ões canç as com , show de o ideia para o roteir como trazia , 2012 em ra canto pelo maestro. Outro show feito pela ano Veloso, Caet , Jobim Tom de ões canç com rios os e tema as águas ipação em eventos e shows Henry Mancini e Marisa Monte, com partic . tema de rua com esse é autoral. Em alguSeu segundo CD “ Branca“ recém lançado s a letra da canção outra em dia, melo e letra ôs comp mas canções tem de tudo: bossa CD O iros. parce foi musicada por alguns de seus a. Tem se balad e pop o boler xote, , choro , nção nova, samba-ca s de São Paurtante impo ços espa s apresentado com seu trio em vário , “Quintal Jazz” of “All e, elein Mad er”, “Tang ”, Artes lo, “Central das s outro e dentr da Mariana”, “Canto da Maria”, tem a participação Seu show, que mostra o repertório do CD, one e flauta e pelo saxof no Jr li e parceria dos músicos Paulo Pasca z. Ferra y Sidne jador arran e r osito pianista, comp Pascali Jr na flauta e Nesse evento fui acompanhada de Paulo . piano no an Szafr sax e Daniel popular pela Faculdade Branca Lescher é pós graduada em canção página no facebook. sua em links e s açõe inform s outra Santa Marcelina, 5529/11-30820103] contatos: Branca Lescher [tels: 11-98141a.lescher@uol.com.br email: branc antora https://www.facebook.com/BrancaLescherC https://youtu.be/hS1Byu4vpC4 Paulo Pascali Junior

Me chamo Iracema e meu nome artístico é Ira Basma. Iniciei na dança no período da adolescência passando por divers os estilos. Comecei com ballet e jazz e, após um período, passei pro estilo fitnees, que me levou a escolher a faculdade de Educação Física e me dedicar à chamada Aeróbica de Competição, que alguns anos depo is seria extinta por conta dos graves problemas produzidos pelo impa cto nas articulações. Então retornei à dança. Dessa vez com olhar dirigid o ao Oriente e desperta com as questões voltadas para o movimento consc iente, o que me levou a estudar metafísica e bioenergética, pois atuam diretamente no processo de conscientização, bem como na tradução das emoções através do mesmo. Então, me tornei bailarina de dança oriental árabe. Desenvolvi minha metodologia e surgiu a professora em mim pra redundar ainda mais toda a proposta de ensino- dança do ventre e consc iência corporal. Ao todo são mais de 30 anos praticando e exerc endo a fala através do movimento e expressão. A dança é a mens agem oculta da alma.


lançamentos

Imitação de Drummond Se às vezes ando penso por certa tarde afora 16 é porque no meu coração rascunho a contabilidade dos meus muitos mortos.

Notícia As antenas de tevê são pássaros espetados no céu.

Milagre Como foi possível ter chegado a essa idade sem nenhum arranhão de automóvel após dantear o inferno de tantas avenidas? Decididamente sou uma lenda.

Jeová Santana nasceu em Maruim, SE. É mestre em Teoria Literária pela Unicamp, doutor em Educação e Ciências Sociais pela PUC-SP, professor da Universidade Estadual de Alagoas. É autor de Dentro da Casca (1993), A Ossatura (2002), Inventário de Ranhuras (2006) e Poemas Passageiros (2011), entre outros títulos.

se eu fôsse filósofo falaria alemão se fosse alemão não seria filósofo. estaria em Brandemburg brocha, como sempre! ficaria ali, junto ao portal ouvindo música com a gata roçando minha perna. * um cachimbo não é um cachimbo uma camiseta não é uma camiseta um mundo não é um mundo uma passagem é só uma passagem então, porque o incômodo?! * no céu, a lua cheia na TV, um beijo gay na cama, um corpo nu eu, lobisomem

Cesar Carvalho, sociólogo e historiador, escritor e poeta, publicou a edição independente Proesia. Dirigiu e roteirizou programas de rádio sobre Raul Seixa do qual derivou um livro e um cd. Colaborador da revista eletrônica Balaio de Notícias e publica contos na coluna Pequenas Mentiras do portal Siga Mais. Recém-lançou Lavras ao vento,pá, pela editora Benfazeja.

Gritei, e pulei da cama como se não fosse aquele velho sem forças, e o desgosto já não tivesse me matando, e pudesse aguentar aquele cheiro de ausência em minhas entranhas, e sair a saltitar, menino serelepe, nas brincadeiras – que a memória é mortal quando se perde uma mulher e não se sabia dizer quem era quem – do tempo de juventude, e na juventude do tempo da velhice, e na vida. Tudo correndo sem pausa. E eu pensei que fosse Ana. Corri para acender a luz, na incerteza da minha própria existência, mas a realidade esbofeteou meu rosto. (…) Voltei para a cama com dores nas juntas, peso nas costas, medo nos olhos e uma ausência terrível dentro de mim. Materializada pelo vazio da cama. Chorei.

Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti, poeta / escritor / contista / romancista pernambucano, publicou, ‘O Recanto Sagrado da Luz’ e ‘Guardados’, de poesia, ‘De Onde se Pode Ver o Invisível’ e ‘História de Esquecimento’, contos, entre vários outros, além de participação em diversas antologias pelo Brasil. É membro da União Brasileira de Escritores/PE.


outros registros

Claire Feliz Regina Rubens Jardim

on

Alessandra Pasqualotto e Clarles Marl

Cesar Carvalho

Manuel Reis e participantes

Clóvis Ribeiro

Janaina Sant’Ana

Beth Brait Alvim

Palhaça Scarlett vo

n Bisnaga e Clau

dio Laureatti

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A onda dos independentes na literatura: um novo movimento?

Há um novo movimento literário no país. nasNão se trata, no entanto, de algo que nas sema das s, ifesto ceu ao estilo dos man de livros nos ntes prese tão arte, e salões de Tala. form a dess não , Não ria. literá ria histó vez nossa época não comporte mais esses acontecimentos de envergadura colossal, algumas vezes histriônicos e bombásticos, com ares revolucionários e rebeldes, que que, em certa medida, é bem possível . disso nada é não Mas fossem bem-vindos. mais o pouc um lução revo uma Falamos de r silenciosa, e, no entanto, disposta a impo el estáv solo o novos paradigmas e revolver de nossos hábitos. Numa época em que as tradicionais molivrarias fecham suas portas, este novo outro de o diret vimento literário é resultado ras fenômeno do mercado editorial: as edito uacum s lística jorna rias Maté ntes. independe naperso s novo s desse feitos os sobre se lamrio gens no cenário cultural, editorial e literá de itos exérc , sobra de s do país. Com ideai de editores solitários, conduzindo ao limite ura rgad enve de tos proje s física s força suas têm nada tímida, as editoras independentes merde s nicho os r conseguido abocanha ias cado abandonados pelas grandes livrar ios, prêm ulam acum isso, com E, ras. edito e e s área em o 18 reconhecimento, competind os domínios nos quais estávamos habituad Com r. atua riais edito selos res a ver os céleb , isso, as independentes, como a Benfazeja ônio Dem , Edith Patuá, Confraria do Vento, ba, Negro, Grua, A Bolha, Arte & Letra, Pitom vêm s, outra s muita entre ia, Bate Lote 42, colecionando glórias, revelando escritores premiados, chegando com frequência às iafinais de reconhecidas e importantes prem om Telec gal Portu o antig ti, Jabu o ções como tura, (hoje Oceanos), Prêmio Brasília de Litera entre outros. Trata-se, portanto, de um fenômeno ra bem peculiar, porque estas editoras, outro chamadas “nanicas” (como foi o caso da em 7Letras, no Rio), têm conseguido atuar ado merc do ntes giga s meio aos imponente no tura litera a que ando onstr dem editorial, es Brasil não é composta apenas pelos nom puluma há que incensados pela mídia, e a sante atividade na literatura contemporâne even as que ilo daqu além muito brasileira, tuais antologias e panoramas das grandes editoras divulgam. Certamente, em um futuro não muito edistante, este movimento talvez seja conh , ou cido como a “Onda dos Independentes” algo do gênero. Se os poetas das gerações marginais, como a chamada “Geração s Mimeógrafo”, encontraram exíguos meio de romper com as paróquias do mercado editorial, ao editar manualmente seus se próprios livros, hoje, com a facilidade de ão tizaç ocra dem a com riais, edito abrir selos da tecnologia editorial, contato direto com

as gráficas, sem intermediários, tornou-se possível sair do abrigo das grandes livrar ias e editoras e se lançar como um autor prom issor, reconhecido e premiado em todo o país. Com isto, escritores talentosos e produtivo s acercam-se dos editores independentes, uma prova irrefutável do tamanho da demanda reprimida em nosso país, em todo o setor . Os escritores, com efeito, ainda veem no livro e em um selo editorial mecanismos poderosos de difusão de seus poemas, roma nces, contos, crônicas, peças de teatro, entre outras produções do meio. Tudo porque as editoras independentes apostam naquilo que as outras não apostam: em autores novo s, em autores estreantes, ou ainda naqueles que vêm mantendo uma atividade regu lar de publicação, mas não são vistos como apostas significativas. Sobretudo no camp o da poesia, no qual editores como Vand erley Mendonça (Demônio Negro e Edith), Edua rdo Lacerda (Patuá) e Well Sousa (Benfazej a) vêm se tornando assíduos apostadores. Nada disso, no entanto, é uma novidade absoluta. Em 2013, o jornal Valor Econ ômico, em matéria intitulada “Pequenas, mas atrevidas”, de 30 de agosto, já havia come ntando o fenômeno. Segundo o periódico, o número das editoras independentes, em todo o país, só aumentava ano após ano, crian do um verdadeiro setor cujo efeito mais visíve l aparecia no fato de que a área destinada a elas na Bienal Internacional do Livro aumentava também, ano após ano. E tamb ém apontava que a força das independentes nascia muito da ousadia, da disposição de conduzir projetos que certamente não estarão entre os mais vendidos. Ou seja, aque les gêneros desprestigiados pelo mercado editorial: poesia, ensaio, humanidades, reed ições de obras esgotadas, traduções de autores pouco disseminados, revelação de novo s talentos literários, novas vozes e autores em outras áreas, entre outros. O resultado éo surgimento de uma bibliodiversidade muito maior do que o mercado tradicional decid iu dar conta há tempos em um país onde o número de não leitores é enorme, e o hábi to de comprar livros concorre deslealmente com o de beber uma cerveja ou comer uma pizza. Mas não apenas isso. A revolução iniciada pelos editores e escritores indep endentes espraia-se além destes limites. Uma série de movimentos e eventos diretame nte conectados à edição independente está criando um novo e agitado cenário cultu ral, sobretudo nas metrópoles. Não satisfeitos com o escasso e, muitas vezes, nulo aces so

Ricardo Leão poeta, ficcionista e ensaista.

aos maiores espaços de difusão editorial, os independentes lançam-se na árdua tarefa de organizar suas próprias viradas literárias, artísticas e culturais, promovendo feiras de livros e festas literárias, em espaços alternativos, como bares, centros culturais, casas de shows, cafés, restaurantes, em busca de opções para compensar a falta de apoio da mídia e das livrarias em geral. Nota-se que os editores independentes, associados a tais espaços, têm promovido novas formas de difusão dos autores, que lançam seus livros regados a música, saraus, declamações, e até mesmo abrindo bares específicos para vender livros, garantir locais de lançamento a baixo custo, e ao mesmo tempo oferecer um lugar de encontro para o meio literário, renovando um hábito europeu antigo, comum em cidades latino-americanas como Buenos Aires ou Montevidéu, que é o de celebrar a vida literária em bares e cafés. É o caso do Patuscada, aberto pelo incansável, premiado e profícuo editor Eduardo Lacerda, da Patuá. Com isso, surgem novas iniciativas, como revistas, jornais, blogs, livrarias independentes e alternativas, onde os editores e autores independentes cavam seu espaço sem depender do lobby dos gigantes do mercado editorial. Assim, livram-se de ter que pagar altos custos para ver seus livros expostos, pois os autores muitas vezes desejam apenas ver seus livros circulando, lidos e vendidos, o que facilita a vida do editor, que assim pode encomendar sucessivas tiragens sob demanda, a cada novo lançamento e cada evento literário. Mas, com toda a certeza, as editoras independentes vieram para ficar e solapar os velhos hábitos de publicação e reconhecimento do escritor em nosso país. Não precisando mais depender de circuitos tradicionais de consagração, que em outros tempos incluía a crítica acadêmica, a mídia e as maiores editoras e livrarias, o autor e o editor independente estão conseguindo dar uma nova feição ao movimento literário de nosso país. Autores de todos os estados, de todas as partes do país, demonstram a vitalidade da atividade literária no Brasil. O fenômeno está aí, pulsante e vivo, para desmentir todas as teses em contrário.


virada poética n2

dia 08/Abril 38 Social Clube

IA S E O P A N O IN IN M O FE Virada Poética é um convite à celebração da amizade, da poesia, da vida. Os amigos poetas, escritores, músicos e artistas se encontram para conversar sobre o feminino na poesia. Leem os poemas preferidos. Os músicos tocam seus instrumentos. A dançarina flutua pelo salão. A atriz mergulha na memória e nos desafia com seu teatro. As pessoas dançam, conversam. Enfim, um sarau entendido ao pé da letra: “reunião festiva, geralmente noturna, para ouvir música, conversar, dançar” POETAS CONFIRMADOS Beth Brait Alvim; Cássia Janeiro Celso de Alencar Claire Regina Feliz Claudinei Vieira Cláudio Laureatti Clovis Ribeiro Denise de Oliveira Masselco Esther Alcântara Hamilton Faria Maria Giulia Pinheiro Marlene Araújo Michelle Wisbowsky Paula Valéria de Andrade Rosana Bonharoli Rubens Jardim Sandra Caldas Sandra Regina Sergio Viralobos Valéria Tarelhov

APRESENTAÇÕES ESPECIAIS A poesia do vinho, degustação comentada por Manoel Beato, sommelier Leituras em grego dos poemas de Safo por Eduardo Brito & Janaína Sant´Ana O show musical do violonista Marcelo Lavrador apresentando suas composições autorais Procura-se documento (in)válido, ato teatral de Doralice Odília acompanhada pelo atabaque de Renato Guiselini. Apresentação de dança do ventre com a bailarina Ira Basma Exposição da artista plástica Patrícia Bigarelli

lançamentos


nesta edição POETAS CONVIDADOS

APRESENTAÇÕES ESPECIAIS

Abel Coelho Beth Brait Alvim Charles Marlon Claire Feliz Regina Claudinei Vieira Claudio Laureatti Clóvis Ribeiro Diogo Cardoso Fabiano Fernanes Garcez Jeová Santana Hamilton Faria Manuel Reis Marcos Fonseca Paulo Lima Rubens Jardim Sergio Viralobos Wellington Souza

Branca Lescher Trio Marcos Fonseca, solo de violão A dança do ventre de Ira Basma

benfazeja.com.br fb/benfazeja

R. Coronel Castro de Faria, 38 São Paulo


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