O Cenário do Design No Brasil

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designconceitual.com.br


Apresentação Estar por dentro do que acontece no mercado do design é imprescindível para aqueles que desejam ingressar na área. No modo geral, o campo é conhecido por sua grande abrangência, o que permite que profissionais atuem em diversas funções e áreas que vão além das mais populares, como gráfico e produto. Mas para se situar neste novo momento de mudanças tecnológicas, políticas e econômicas no Brasil, o mercado, de um modo geral, pode muitas vezes exigir do designer novas habilidades, criando um novo cenário profissional. A partir da relevância e presença do Design Conceitual em todo o país e no exterior, realizamos durante os dias 6 e 17 de março de 2017 a pesquisa “O Cenário do Design no Brasil”. O objetivo principal é apontar, de modo geral, o perfil do designer

brasileiro em quatro principais tópicos: características do atual mercado, o ambiente que pode ser encontrado por profissionais, além de percepções e características pessoais dos 162 entrevistados. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário online de 16 perguntas e divulgada nas principais redes sociais do site, assim como por sites parceiros. O resultado deste estudo busca fazer com que você, designer, possa entender o contexto em que você está inserido. Cada um dos quatro capítulos contará com as observações dos autores Eduardo Guedin e Willian Amphilóquio. Esperamos que os dados aqui levantados possam auxiliar o seu rumo profissional nos próximos meses e que façam com que nossa área seja cada dia melhor. Boa leitura! :)


Autores Eduardo Guedin Fundador do site Design Conceitual e graduado em Comunicação Social - Jornalismo pelo Instituto Luterano de Ensino Superior Bom Jesus/ Ielusc. Trabalha na área de design há três anos como diagramador e web designer. Participou de projetos de extensão no desenvolvimento de identidade visual e projeto gráfico. jornalistaeduardo@hotmail.com

Willian Amphilóquio Graduado em Design com habilitação em Programação Visual pela Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE. Mestrando em Design na mesma instituição. Dedica-se, atualmente, à mídia digital, desenvolvendo vídeos comerciais e institucionais para a comunicação out of home. Busca, por meio do design, trazer inclusão social, focando-se no público deficiente visual. willian.amphiloquio@gmail.com

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Sumário O Cenário Perfil Gênero e Idade Localização Instrução Experiência Área Mercado Motivo de Ingresso na área Tempo de mercado Renda Situação Ambiente de Trabalho Ramo de atuação Ferramentas de trabalho Percepções e características Satisfação Necessidade de graduação Habilidades em desenho Relatos Considerações finais: para onde vamos?

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05 06 07 09 10 11 13 14 15 16 17 19 21 22 24 26 27 29 31 33 34

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O cenário Atualmente, os brasileiros têm vivido um período de transição entre a situação econômica vivenciada até meados de 2014 e as condições econômicas atuais. Para contextualizar os dados que foram levantados nesta pesquisa, elencamos alguns pontos essenciais para se entender o que ocorre atualmente no país: Cenário político e econômico brasileiro No último ano, o Brasil passou por intensas situações relacionadas à política e à economia por meio da mudança de governo a nível federal. A consequência desta troca tem trazido mudanças que irão impactar diretamente na CLT, assim como nas regras da previdência social. Transformação Digital Em meio a este cenário, a tecnologia tem trazido novos métodos de trabalho, reduzindo custos e alterando modelos de negócio. Debatido mais na área de TI, a transformação digital, se trata do movimento que tem ocorrido para aumentar de

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forma significativa a performance e o alcance das empresas por meio da mudança como os negócios são feitos. Evolução tecnológica Como tem ocorrido em outras áreas, a tecnologia faz cada vez mais parte do cotidiano dos designers, se tornando assim essencial. Desde o armazenamento de arquivos até a divulgação de seus trabalhos e contatos com clientes. Capitalismo Colaborativo Em meio à arrecadação de recursos por meio de crowdfounding e mais recentemente a implantação do Uber no Brasil, vivemos em um período de transição para o que tem sido chamado de Capitalismo Colaborativo. Jeremy Rifkin, economista americano, definiu este novo momento da seguinte forma: “O capitalismo está dando à luz uma espécie de filho, que é a economia do compartilhamento e dos bens comuns colaborativos”. Contextualizado com o cenário, agora você pode conferir os resultados da pesquisa.

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Perfil Com a evolução da sociedade e um aumento nas ramificações do design, o perfil que antes era geralmente ligado ao homem, agora passa a ter a inclusão das mulheres no mercado de trabalho de um modo geral. Iniciamos nossa pesquisa trazendo os dados que refletem, de certa forma, a realidade do perfil dos profissionais do design.

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Perfil

Gênero e Idade Homem

67%

Mulher

33%

Uma pesquisa feita pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) em 2016 revela que 44% das vagas no Brasil em todas as áreas já são ocupadas por mulheres. Contextualizando com os dados levantados, esses números retratam um cenário mais equilibrado do que o apontado pelos 162 entrevistados: 67% afirmaram ser do sexo masculino, enquanto apenas

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22-25

33%

26-30

23%

18-21

15%

31-35

10%

36-40

9%

41-45

5%

+ 46

4%

- 18

2%

Nas faixas etárias o grupo que maior respondeu às questões foi o que podemos chamar de jovem e jovens adultos 7


Perfil Gênero e idade 33% são do sexo feminino. Se na questão de gênero há uma evidente diferença, nas faixas etárias o grupo que maior respondeu às questões foi o que podemos chamar de jovem e jovens adultos, sendo eles: entre 22 e 25 anos 33%, enquanto entre 26 e 30 anos 23%, além da primeira faixa de inserção no mercado de trabalho, que corresponde aos participantes entre 18 e 21 anos, representam apenas 5%.

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Em menor escala, participaram profissionais mais experientes com faixas etárias entre 31 e 35 anos (10%), entre 36 e 40 (9%) e profissionais entre 41 e 45 anos (5%). Portanto, você poderá observar que os resultados que virão a seguir são em uma maior escala de jovens/jovens adultos entre 18 e 30 anos e majoritariamente homens.

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Perfil

Localização Norte

3%

Nordeste

11%

Centro-oeste

Sudeste

2%

46% Sul

Exterior

1%

37%

Para compreender melhor a origem geográfica dos resultados da pesquisa, perguntamos aos participantes: “qual a sua localização atual?”.

outras regiões: nordeste (11%), norte (3%) e centro-oeste (2%). Apesar de o estudo ser focado no Brasil, 1% respondeu que seu local de atuação é no exterior.

O sudeste foi a região com maior menção, cerca de 46% dos participantes da pesquisa, enquanto os que se dizem estar localizados na região sul foi de 37%. Em menor escala, houve a participação de

A representatividade das áreas em que foram obtidos os resultados a partir da nossa visão reflete, de modo geral, a concentração do mercado do design no Brasil: nas regiões sul e sudeste do país.

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Perfil

Instrução Ensino Superior Completo

35%

Ensino Superior Incompleto

24%

Especialização completa

14%

Ensino Médio Completo

7%

Especialização Incompleta

7%

Técnico Completo

5%

Mestrado Completo

4%

Mestrado Incompleto

1%

Doutorado Completo

1%

Outro

1%

Técnico

1%

A necessidade de se ter um curso no ensino superior ainda é uma etapa valorizada no processo da formação profissional. Isso pode ser visto a partir do questionamento em relação à instrução dos participantes da pesquisa. Se considerarmos os que mencionam ter passado ou ainda estão no processo acadêmico, esta parcela representa 86%. É possível observar também que, além do ensino superior, cursos de O CENÁRIO DO DESIGN NO BRASIL

especialização, mestrado e doutorado também são processos de profissionalização que ainda são valorizados e mantém um público, mesmo que em escala menor: 27% do total. Outros tipos de instrução foram inseridos e mencionados pelos participantes: técnico completo e incompleto, outro e ensino médio completo. Juntas representam 14% das respostas.

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Perfil

Experiência Sou formado em design ou em processo de formação, mas só comecei a trabalhar na área após ou durante a graduação

39%

Sou formado em design ou em processo de formação, mas já atuava na área antes da graduação

23%

Sou formado em outro curso, mas atuo como designer

13%

Estou cursando design e ainda não consegui trabalho na área

12%

Possuo apenas experiências no mercado de trabalho

8%

Possuo apenas um curso básico/técnico

6%

Com o intuito de esclarecer e auxiliar uma dúvida de estudantes que desejam ingressar no design, mas não tem o conhecimento do melhor caminho, nada melhor do que perguntar a quem já passou por este processo. Procuramos, então, obter um resultado da percepção dos entrevistados em relação à necessidade de se cursar um ensino superior na área para atuação, consideran-

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É importante ressaltar, então, que nem sempre uma graduação é sinônimo de plena qualificação na carreira 11


Perfil Experiência

do o custo x benefício por meio dessa questão. Como esperávamos, a maioria (39%) afirmou ser formado ou em processo de formação em algum curso de nível superior em design. Entretanto, foi enfatizado que o ingresso no mercado aconteceu durante ou após a graduação. A presença do ensino superior também foi apontada por outra parcela significativa dos entrevistados (23%), no entanto, a diferença neste grupo foi que houve um ingresso no mercado antes do início do curso de ensino superior. Os dados apresentados, portanto, mostram que a maioria (62%) demonstra que consideram relevante a entrada no ensino superior, contribuindo para o enriquecimento no processo de formação de profissional. Contudo, isso muitas vezes não significa um fácil ingresso de mercado.

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Por isso, consideramos também os profissionais que possuem formação em outras áreas, mas que atuam com o design. Esta parcela foi relativamente menor ao que esperávamos, apenas 13%. Entretanto, esse número é maior dos que afirmaram que estão em um curso superior de design, mas ainda não conseguiu trabalho na área (12%). Outros entrevistados afirmaram que apenas possuem experiência na área, mas sem formação (12%), enquanto os que afirmaram ter um curso básico/técnico corresponde a 6%. É importante ressaltar, então, que nem sempre uma graduação é sinônimo de plena qualificação na carreira e de que há diversos fatores envolvidos para um melhor desempenho no mercado de trabalho, que pode muitas vezes depender do próprio acadêmico/ profissional para as funções.

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Perfil

Área

Nota: A pesquisa foi compartilhada por diversas redes, todavia, a maior parte delas tratavase de design gráfico. Portanto, este resultado pode ter recebido mais influência de uma área.

Gráfico/Ilustração

70%

Produto

20%

Animação digital

4%

Interiores

2%

Moda

2%

Assim como em outras profissões, o design possui suas diferentes ramificações e especializações que vão desde o gráfico até moda. Consideramos então buscar ter o conhecimento de quais as áreas com mais concentração de profissionais. Acreditamos que devido à origem da profissão e à maior oportunidade de mercado no cenário atual, Gráfico/Ilustraçãofoi a área de

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atuação mencionada por 70% dos entrevistados. Uma parcela majoritariamente grande se comparado a outras áreas que também possuem grande relevância, entre elas: Produto (20%), Animação Digital/Motion (4%), Interiores (2%) e Moda (2%). Em nossas observações explicamos o motivo da não inserção da área do web design e UI/UX.

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Mercado Estar atento ao que ocorre no mercado é de extrema importância aos profissionais do design, principalmente para os freelancers. Nesta parte da pesquisa, buscamos levantar um perfil dos designers que estão no mercado por meio do motivo de ingresso na área, tempo de atuação e a renda atual. Esses dados serão úteis para você ter uma noção da situação de outros profissionais no país.

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Mercado

Motivo de ingresso na área Foi um desejo pessoal, pois sempre me chamou a atenção

86% Por conta de um terceiro (amigo/parente) que compartilhou comigo um pouco de suas experiências com a área e/ou me indicou uma vaga

8% Por necessidade, pois não consegui exatamente o que eu queria ou o mercado estava muito saturado

6%

É muito comum o ingresso de novos estudantes de design principalmente pela compatibilidade de interesses, além da identificação com a profissão. Isso ficou evidente nos dados apontados, já que a maioria (86%) respondeu que escolheu a área

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por gosto pessoal e porque a profissão em si o chamou atenção. Em escala menor, a indicação por conhecidos foi mencionada por 8% dos entrevistados, enquanto 6% afirmaram que ingressaram no design por necessidade.

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Mercado

Tempo de mercado Entre 1 e 3 anos

29%

Entre 3 e 5 anos

20%

Acima de 10 anos

18%

Entre 5 e 10 anos

17%

Até um ano

15%

O perfil apresentado no início da pesquisa está diretamente ligado ao tempo de mercado dos participantes deste levantamento. Se tratando de jovens e jovens/ adultos como maioria, a atuação de modo geral se apresentou por profissionais que estão ainda em fase inicial e/ou de consolidação da carreira. Em números, a parcela maior é representada por aqueles que estão entre 1 e 3 anos no mercado. Enquanto aqueles que afirmam já atuar entre 3 e 5 anos é cerca de O CENÁRIO DO DESIGN NO BRASIL

20%. Aqueles que estão menos de um ano representam 15%. Os mais experientes que afirmam atuar na área acima dos 10 anos chegam a ser 18%, levemente a mais dos que estão entre 5 e 10 anos (17%). Ter a participação dos profissionais desta faixa do mercado é interessante para se ter o panorama da atual situação em diversos aspectos e mostrar aos futuros profissionais o cenário que poderá ser encontrado daqui para frente 16


Mercado

Renda 2 - 4 salários mínimos

34%

1 - 2 salários mínimos

28%

Até 1 salário mínimo

19%

Acima de 6 salários mín.

11%

4 - 6 salários mínimos

8%

Para concluir o cenário em relação ao mercado, um dos pontos de maior interesse é a faixa de renda que pode ser obtida com o design. Perguntamos qual o rendimento mensal do entrevistado e o resultado evidencia a falta de valorização da profissão no Brasil. É válido apontar que os salários dependem obviamente de cada região em que se é exercida a profissão, mas de um modo geral,

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De um modo geral, estas estatísticas conseguem representar o que tem ocorrido na realidade do design brasileiro 17


Mercado Renda

estas estatísticas conseguem representar o que tem ocorrido na realidade do design brasileiro. A faixa com maior representação afirma que o seu rendimento mensal está baseado em um salário entre 2 e 4 salários mínimos. Essa faixa foi apontada por mais de um terço das respostas (34%). Em seguida, mas não com índice tão distinto (28%), está a evidência da falta de valorização dos profis-

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sionais: uma faixa salarial entre 1 e 2 salários mínimos representam 28%. Outra faixa que pode ser considerada alarmante é a fatia de 19%, que recebem até 1 salário mínimo 19%. Contrastando com este cenário de desvalorização, uma minoria afirma ter uma renda mensal acima de 6 salários mínimos (11%) e aqueles que afirmam ter de 4 a 6 salários mínimos 8%.

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Mercado

Situação Desvalorizado

87%

Não sei

6%

Situação adequada

6%

Valorizado

2%

Em tempos de crise, parece haver pouca esperança de muitos profissionais ao ingressar no mercado de trabalho ou de receber, quando já estabelecidos, o devido valor por seu investimento em estudos e profissionalização. Contudo, não apenas este cenário caótico e imprevisível afeta a vida dos designers. A sociedade, de um modo geral e independente da situação econômica do momento, trata o trabalho destes profissionais de forma O CENÁRIO DO DESIGN NO BRASIL

O entendimento que se tem, na maioria das vezes, é que o trabalho é fácil, o que não exigiria tanto esforço e tempo do profissional 19


Mercado Situação equivocada, o que dá vazão para a construção de um ambiente nebuloso. Assim, com o intuito de entender a percepção dos designers no que diz respeito ao tratamento que recebem como profissionais, lançamos a pergunta: “como você avalia a situação do desiner no mercado de trabalho brasileiro?”. O resultado foi quase unânime entre os contemplados pela

pesquisa: 87% acredita que os designers são desvalorizados. Isso se entende como mal pagamento, poucos recursos de materiais e diferenças de tratamento quando comparados a outros profissionais. Muitos ainda não apresentam uma opinião formada sobre o assunto, totalizando 6% dos entrevistados. Empatados estão aqueles que acreditam que a situação está adequada para a profissão. Já para 2%, o campo é, sim, valorizado.

Reflexão Há inúmeros fatores que contribuem para este panorama. O entendimento que se tem, na maioria das vezes, é que o trabalho é fácil, o que não exigiria tanto esforço e tempo do profissional. Nós sabemos de toda a dedicação de vocês, caros designers, e reconhecemos que o amor pela profissão às vezes fala mais alto. Contudo, vale a reflexão sobre a sua postura como profissional também. Na

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área ainda existe certo egoísmo no tocante a trabalhos autorais, além de uma visão limitada sobre a profissão. Faz-se importante, portanto, analisar a esfera complexa que estamos situados, principalmente os aspectos culturais e comportamentais. Um trabalho de autoconhecimento com o fim de promover novos caminhos para a área.

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Ambiente de trabalho O designer, de um modo geral, faz uso de inúmeros recursos para compor os seus projetos. Às vezes, ele pode trabalhar sozinho e, assim, ter a flexibilidade para controlar os seus trabalhos e obter os componentes de acordo seu gosto. Em outros casos, ele pode trabalhar fixo em um local, que nem sempre é um estúdio de design. Neste capítulo, analisaremos as implicações relacionadas às esferas empregatícias do campo e as ferramentas que o designer utiliza para otimizar o seu trabalho.

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Ambiente de trabalho

Ramo de atuação Freelancer

31%

Área de design em uma empresa de outro segmento

28%

Agência de publicidade

15%

Estúdio de design

14%

Comunicação/mídia

10%

Instituição de ensino (professor)

2%

Ser designer não significa trabalhar especificamente em um estúdio de design. Em razão da multidisciplinaridade da área, seus profissionais se fragmentam por diversos segmentos, atingindo empresas diversas. Com o intuito de conhecer a esfera em que estes profissionais se encontram, lançamos a pergunta: “qual seu ramo de atuação no design?”. Deste modo, mensura-

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A pluralidade do design faz com que seu profissional atinja diversos setores, sem a necessidade de trabalhar em uma empresa especializada em design 22


Ambiente de trabalho Ramo de atuação mos e analisamos a tendência do mercado atual – e as aberturas existentes. O resultado apontou que a maioria dos designers, 31%, encontra-se trabalhando como freelancer, sem um emprego fixo. Logo depois, vemos que, longe das áreas mais comuns, 28% situa-se em setores de design, marketing ou publicidade locados em empre-

sas de outros segmentos, como saúde, educação, produção, entre outros. Destino para muitos designers, 15% dos profissionais trabalham em agências de publicidade. Subsequentemente, vemos o crescimento dos estúdios de design, com 14%. As empresas de comunicação e mídia atingiram 10%. Por fim, vemos a vertente do design como docência e pesquisa, área que somou 2%.

Reflexão Atuar como freelancer, atividade comum entre os profissionais e que atualmente vem crescendo consideravelmente, é sinônimo de ter o próprio negócio e, sobretudo, gerenciar o seu próprio tempo. Mais do que isso, este panorama é

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um reflexo da nova geração, além, é claro, da situação econômica em vigor. A pluralidade do design faz com que seu profissional atinja diversos setores, sem a necessidade de trabalhar em uma empresa especializada em design.

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Ambiente de trabalho

Ferramentas de trabalho Notebook

69 %

Computador

28%

Celular

15%

Mesa Digitalizadora

14%

Tablet

10%

Outro

2%

O que seria de um designer sem as suas ferramentas? São cruciais para qualquer projeto e dão ao profissional a possibilidade de transformar as suas idéias em realidade. O design, de um modo geral, é uma área que explora o poder de comunicação de imagens, desenhos/ilustrações e infografias. Para tanto, faz-se importante o manuseio de alguns componentes especiais. A tecnologia avançou e O CENÁRIO DO DESIGN NO BRASIL

Por razões de flexibilidade e agilidade, (...) não é de se estranhar a primeira colocação do notebook

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Ambiente de trabalho Ferramentas

trouxe muitos benefícios para a área. Deste modo, perguntamos: “quais suas ferramentas de trabalho?”. O propósito foi conhecer os principais recursos utilizados para tangibilizar as ideias. 69% dos designers utilizam o notebook para suas tarefas co-

tidianas. Posteriormente, quase que empatado, tem-se o computador, com 67%. O celular ficou em terceiro lugar, com 56%. As três últimas colocações ficaram por conta da mesa digitalizadora (41%), tablet (15%) e outras ferramentas (6%).

Reflexão O que se percebe, em resumo, é que, por razões de flexibilidade e agilidade, uma vez que designers precisam se deslocar muitas vezes para reuniões com clientes, não é de se estranhar a primeira colocação do notebook. O computador, em segundo – e quase que empatado –, também é revelador, pois apresenta uma realidade comum do mercado: estes profissionais,

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no geral, reservam-se a trabalhar em horário comercial em frente aos computadores, desenvolvendo o que recebem como briefing. Os celulares, já tão modernos e acessíveis, transformaram-se em um recurso fundamental de contato entre o cliente e o designer. São todas mudanças tecnológicas que alteram a forma de fazer design.

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Percepções e características Alguns fatores ainda são motivos de debates na área do design. Regras atuais ou já obsoletas? Neste capítulo, trataremos, a partir da ótica do designer na atualidade, quais aspectos são determinantes para compor a figura do profissional. Deste modo, haverá uma imersão nos anseios desses indivíduos, seus enfrentamentos e suas indagações.

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Percepções e características

Satisfação Sim. Com certeza, é o que eu quero para minha vida 49% Um pouco. Às vezes penso que poderia ter escolhido outra profissão ou me sinto deslocado 34% Não, infelizmente. Sinto que sou muito desvalorizado ou que não sirvo para essa área. Trabalho com isso porque preciso 14% Não sei 2%

De tempos em tempos, faz-se importante refletir sobre a realidade e as transformações do momento. Além disso, mudanças podem às vezes provocar frustrações, por se almejar algo e o resultado ser diferente. Há uma linha tênue entre sonhar e ser concretamente possível, principalmente quando os recursos disponíveis são limitados ou pouco acessíveis. Com foco em entender a percepção do designer em rela-

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Vale a dica de manter sempre a busca por conhecimento e a prática de novas habilidades

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Percepções e características Satisfação

ção às suas intenções, perguntamos: “você está satisfeito com o design neste momento?”. A maioria está feliz com a área. 49% afirmam que esta é a sua profissão para a vida. Entretanto, existem alguns descontentes. Para 34%, há um leve desapontamento, dado pelo fato de sentirem-se

deslocados. Outros, no total de 14%, são veementes ao apresentarem a visão negativa sobre o design em função do tratamento que recebem ou até mesmo por trabalharem com este segmento porque não há outra alternativa no momento. 2% ainda não apresentam uma opinião formada.

Reflexão Este panorama se dá em virtude de inúmeros acontecimentos. Por vezes, há a desvalorização da área – que inclusive já tratamos no tópico 4. Por outro lado, há pessoas que ainda estão em processo de

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autoconhecimento. O que não se pode fazer é desacreditar em seus potenciais. Vale a dica de manter sempre a busca por conhecimento e a prática de novas habilidades.

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Percepções e características

Necessidade de graduação Sim

64% Não

19% Ainda não tenho opinião formada sobre isso

17%

Ter ou não ter graduação, eis a questão. Este é um tema que levanta muitos debates sobre o entendimento da área, que implica em questões relacionadas à qualidade, certificação e segurança para o profissional. A área do design, infelizmente, ainda não é regulamentada, o

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Esta, sem dúvida, é uma questão pertinente, que, sobretudo, deve ser tratada com muito cuidado

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Percepções e características Graduação

que permite, portanto, que seus profissionais não necessitem de graduação para ostentar a função de designer. Por isso, lançamos a pergunta: “o profissional que trabalha na área do design precisa ter graduação?”.

A grande maioria, com 64%, acredita que para se autodeclarar ‘designer’ é preciso, sim, ter graduação. 19% discorda, e crê que a experiência já basta. 17% diz não ter uma opinião formada sobre o assunto ainda.

Reflexão Esta, sem dúvida, é uma questão pertinente, que, sobretudo, deve ser tratada com muito cuidado. Ter um profissional graduado pode trazer mais segurança para o cliente, bem como para o profissional, além de mais iniciativas

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voltadas ao campo. No entanto, isto poderia excluir aqueles que já atuam sem formação há um bom tempo na área, de modo que estes encontrariam problemas e dificuldades de aceitação.

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Percepções e características

Habilidade em desenho Um pouco, para ilustrar ideias e planos

64%

Não

27%

Sim

9%

Não tenho opinião formada

0%

Assim como os questionamentos sobre ter ou não graduação para ser designer, saber ou não desenhar divide opiniões entre os profissionais. O design sempre chamou atenção pelo seu trabalho com formas e desenhos, mas a sua atuação vai além desses princípios. Com o intuito de entender as visões dos designers sobre este assunto, perguntamos: “para você, o designer

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Um bom designer preocupa-se com processos sustentáveis e, sobretudo, com as reais necessidades da população 31


Percepções e características Habilidades em desenho

precisa saber desenhar?”. Foram quatro alternativas de resposta. Para 64%, a maioria, o designer precisa saber desenhar um pouco, para, principalmente, tangibilizar ideias. Em contrapartida, 27%

acredita que esta habilidade é desnecessária para o campo. Para 9%, desenhar é crucial. A opção “não tenho opinião formada” ficou com 0%.

Reflexão Atualmente, saber desenhar já não é mais critério para ser ou não designer. Isso se dá pela abrangência do campo que passou a explorar diversos conceitos e áreas. Design não se limita mais pela forma ma-

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terializada, mas, sim, por serviços. Um bom designer preocupa-se com processos sustentáveis e, sobretudo, com as reais necessidades da população. O resultado pode ou não exigir um desenho.

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Relatos

Caro designer, estes são alguns relatos que coletamos durante o processo de pesquisa. Confira:

“A grade universitária está defasada. Vejo uma crescente demanda na área de web design e com isso vários cursos independentes de faculdades, enquanto as mesmas estão oferecendo a mesma grade há mais de 4 anos, sem se atualizarem. Sabemos que é compromisso do aluno ir atrás, porém, uma faculdade particular, custa em torno de 60 mil (4 anos letivos), por isso, acredito que a grade deveria ser mais assistiva nas questões de tendências do mercado.

“Sinto que como o design chegou atrasado no Brasil, muitas empresas e pessoas ainda não sabem pra que serve. Acham que só existe o design gráfico e moda.”

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“O mercado de trabalho no design é ingrato. Depois de dez anos, me vi forçada a ser freelancer, o que não é fácil. Várias agências estão optando por ter estagiários e juniores e não seniors na bancada. Com 35 anos, estou precisando me reinventar profissionalmente e no cenário atual, não está sendo uma tarefa fácil”

“Sou formado em Design de Produto, porém atuo como designer gráfico, pois a área além de não ser muito conhecida, não recebe o respeito que deve. Durante o curso de design de produto não consegui estágio na área, o que me obrigou a procurar algo como designer gráfico. Depois que me formei a situação é a mesma. NÃO HÁ VAGAS! Mas sigo determinado a encontrar a minha!

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Considerações finais: para onde vamos? O interesse e a curiosidade de desenvolver esta pesquisa nos levou a encarar as características que permeiam o dia a dia de um designer. O principal objetivo foi evidenciar as principais necessidades e aspectos culturais, sociais e econômicos que influenciam o cotidiano desses profissionais. E assim foi feito. Os resultados, se pensarmos pela ótica do designer, não são assim tão

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reveladores. Há um consenso e até um certo descontentamento, que aqui foi explicitado, por boa parte dos profissionais quanto à desvalorização da área. No entanto, apesar dos resultados não parecerem tão animadores, eles servem como forma de manifesto. Ao escancarar nossos anseios e limitações, tornamo-nos, portanto, agentes que clamam por mais respeito e direitos profissionais.

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