Doenças autoimunes Previna e reverta todo um universo de doenças inflamatórias
Amy Myers
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla Daniel Eiti Missato Cipolla Evandro Ferreira e Silva
Ao PAPAI e a quantos sofrem de doenças autoimunes. Que vocês possam encontrar neste livro um caminho alternativo e uma solução.
Sumário
Parte I A epidemia autoimune 1 A minha jornada autoimune – e a sua 2 Mitos e fatos sobre a autoimunidade
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3 Você é seu inimigo: como atua a autoimunidade 41
Parte II A raiz do problema 4 Cure seu intestino 63 5 Livre-se do glúten, dos cereais e das leguminosas 85 6 Controle as toxinas 109 7 Cure suas infecções e alivie seu estresse 137
Parte III Aprenda os meios 8 Como pôr em prática o Método Myers
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9 Seu protocolo de 30 dias: plano alimentar e receitas
Parte IV Viva a solução 10 O Método Myers como um modo de vida 11 Como se orientar no labirinto da medicina
269 283
12 Um mundo de esperança: histórias de sucesso 291
177
Agradecimentos 305 Apêndice A: Organismos geneticamente modificados (OGMs) 307 Apêndice B: Metais pesados
312
Apêndice C: Fungos tóxicos 314 Apêndice D: Odontologia biológica 317 Apêndice E: Desintoxique sua casa 322 Apêndice F: Melhore seu sono 326 Apêndice G: Rastreador de sintomas do Método Myers 329 Recursos
331
Bibliografia selecionada 341 Notas
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Índice remissivo
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Parte I
A epidemia autoimune
CAPÍTULO 1
A minha jornada autoimune – e a sua
Há cerca de dez anos, desenvolvi uma doença autoimune – e a medicina convencional me deixou na mão. Não quero que ela faça a mesma coisa com você. Se você é um dos 50 milhões de norte-americanos que sofrem de doenças autoimunes, este livro é para você. Se é uma das centenas de milhões de pessoas que lutam contra uma doença inflamatória que aumenta o risco de surgimento de uma enfermidade autoimune – transtornos como artrite, asma, eczema ou doença cardiovascular –, este livro é para você. E, se é um dos milhões de pessoas cujo pai ou mãe, cônjuge, irmão ou irmã, amigo ou amiga, filho ou filha está tendo de enfrentar uma doença autoimune, este livro também é para você. Quer queira reverter seu transtorno autoimune, evitar desenvolver um transtorno autoimune ou dar apoio a quem sofre de um transtorno desses, este livro pode mudar sua vida. Eu mesma sou médica e, por isso, não gosto de criticar outros médicos, quanto mais os protocolos-padrão que eles seguem, mas a verdade tem de ser dita: no que se refere ao tratamento de doenças autoimunes, a medicina convencional fracassou clamorosamente. As típicas armas usadas nesse combate são medicamentos que talvez aliviem os sintomas, talvez não; que podem prejudicar sua vida por causa de severos efeitos colaterais; que costumam deixar o paciente permanentemente ansioso diante da possibilidade de pegar uma infecção; e que podem parar de funcionar depois de alguns anos, levando você a ter de tomar remédios ainda mais fortes. A filosofia convencional é a de que os transtornos autoimunes são inevitáveis e podem ser apenas administrados, mas não prevenidos nem revertidos. Como resultado, os pacientes
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passam a depender completamente de seus médicos e dos medicamentos que lhes são prescritos e tornam-se incapazes de viver sem sofrer um medo constante e, muitas vezes, sem sofrer dor. Nestas páginas, vou lhe ensinar a adotar uma dieta e um estilo de vida saudáveis, acompanhado de suplementos de alta qualidade, para eliminar os sintomas das doenças, parar de tomar medicamentos e gozar daquela saúde vibrante e total que você sempre desejou. Vou lhe mostrar por que a mudança na dieta e a cura do intestino podem fazer uma diferença tremenda; ao mesmo tempo, o corpo será libertado de sua carga tóxica, as infecções devem ser curadas e sua carga de estresse, aliviada. Vou ajudar você a assumir o controle sobre sua saúde, fazendo escolhas que apoiem seu próprio corpo e o mantenham aceso, em forma e cheio de energia. Por que tanta autoconfiança da minha parte? Porque, ao longo dos anos, tratei milhares de pacientes com esta abordagem – e também tratei a mim mesma. Como eu disse, a medicina convencional me deixou na mão; por isso, tive de desenvolver uma solução para a autoimunidade, uma solução que me ajudasse a superar os terríveis efeitos colaterais dos tratamentos convencionais e me permitisse ter uma vida ativa e saudável. Se você me der apenas 30 dias, posso ajudá-lo a retomar o controle sobre sua vida também. Se sofre de autoimunidade, posso lhe mostrar como reverter o transtorno, eliminar os sintomas e até largar os medicamentos. Se sofre de uma doença inflamatória, posso ajudá-lo a curá-la e a impedir que ela se transforme num transtorno autoimune. Se conhece alguém que tem problemas de autoimunidade, posso ensiná-lo a oferecer a seu ente querido o apoio e a orientação de que ele precisa para que sua vida mude completamente. Gostou da ideia? Então, vamos começar. Mal posso esperar para que você encontre a solução para sua autoimunidade.
O FRACASSO DA MEDICINA CONVENCIONAL Antes de examinarmos a alternativa tão necessária, vamos lançar um breve olhar sobre a situação com que você ou seus entes queridos estão tendo de lidar, ou aquilo com que você terá de lidar caso sua doença inflamatória se transforme em autoimunidade. Você talvez se veja indo de médico em médico, pois ninguém conseguirá saber qual é o seu problema. Há mais de 100 doenças autoimunes reconhecidas, e muitas delas não são bem compreendidas pela medicina convencional. Por causa disso, muitos médicos e outros profissionais da medicina se veem perdidos quando alguém aparece diante deles com um conjunto de sintomas autoimunes que não se encaixam num diagnóstico que eles reconheçam. O problema se torna
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ainda pior pelo fato de a medicina convencional se dividir em inúmeras especialidades. Se um médico diagnosticar um transtorno autoimune, você não será encaminhado para um “especialista em imunidade” (a menos que venha se consultar comigo!). O mais provável é que seja mandado a um especialista no tratamento do sistema específico que está sendo atacado: um reumatologista para artrite reumatoide; um gastroenterologista para doença celíaca, doença de Crohn ou colite ulcerativa; um endocrinologista para doença de Graves, tireoidite de Hashimoto ou diabetes; e por aí afora. Se tiver duas doenças autoimunes, como acontece com muita gente, é provável que tenha de ir a dois especialistas diferentes; para três doenças, três especialistas; e assim por diante. Essa fragmentação dá a entender que seu problema é uma doença de um órgão em particular, mas a verdade é que ele é uma doença do sistema imunológico como um todo. Todas essas doenças, apesar de afetar diferentes sistemas orgânicos, nascem de uma causa comum: uma disfunção do sistema imunológico. Minha abordagem se baseia em irmos à raiz do problema: remover os elementos que puseram seu sistema imunológico fora dos trilhos e fortalecê-lo em vez de suprimi-lo. É por isso que o uso desta abordagem habilita você a reverter e prevenir muitas doenças autoimunes ao mesmo tempo. Uma vez que os transtornos autoimunes têm um componente genético, é possível que seu médico se preocupe caso você tenha um histórico familiar de autoimunidade que inclua pelo menos um genitor, irmão ou irmã, tio ou tia, avô ou avó. É possível que você tenha começado a procurar respostas quando percebeu que um ou mais membros da sua família tinham doenças como artrite reumatoide, doença de Crohn, lúpus ou tireoidite de Hashimoto. Tenha ou não um histórico familiar, provavelmente alguém lhe dirá que seus genes é que vão determinar se você vai desenvolver autoimunidade ou não, que não há nada a fazer para preveni-la e que, uma vez que a autoimunidade se manifeste, não há mais como revertê-la. Isso acaba por tornar meio agourenta a busca de um diagnóstico, pois no fim do caminho não há uma promessa de saúde, mas somente a perspectiva de uma doença que só vai piorar dia após dia. Na maioria dos casos, com ou sem um diagnóstico, seu clínico geral vai encaminhá-lo a um especialista – talvez um reumatologista, um endocrinologista, um gastroenterologista ou um neurologista. Caso tenha sido constatado que você tem uma doença dolorosa e debilitante, como a artrite reumatoide – uma inflamação das articulações –, o especialista provavelmente lhe dirá que esse transtorno, como todas as doenças autoimunes, é irreversível. A dor nas articulações que o levou a consultar o médico? Era só o começo. Vai acabar se tornando tão severa e tão debilitante que você sentirá dor quase o tempo todo e terá grande dificuldade para se movimentar. Esqueça a ideia de dar passeios românticos pela praia ou levar os netos ao parque de
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Como progride uma doença autoimune
Limiar de diagnóstico
Os
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Em média, 6 a 10 médicos e 5 anos
Saudável
Gatilho Sensibilidades alimentares, intestino permeável, toxinas, estresse, infecções
Diagnóstico completo
diversões. Se conseguir subir uma escada ou fazer breves compras no shopping center, você será uma pessoa de sorte. O especialista lhe oferecerá um leque de poderosos medicamentos para combater seus sintomas e aliviar sua dor. “E os efeitos colaterais?”, pergunta você. “De fato, estes medicamentos têm efeitos colaterais significativos”, responde ele. “Você vai ter de aprender a conviver com eles.” Ou talvez seu diagnóstico seja mais brando – tireoidite de Hashimoto, por exemplo, uma doença em que seu sistema imunológico ataca a tireoide e a impede de produzir o hormônio tireoidiano. Se assim for, o especialista terá notícias mais felizes a lhe dar: basta que você tome um suplemento de hormônio tireoidiano todos os dias pelo resto da vida. O medicamento é barato, você não sofrerá efeitos colaterais e, embora a dose provavelmente tenha de ir aumentando aos poucos, sua vida continuará basicamente como era antes. Você não gosta da ideia de assistir à lenta destruição de sua tireoide pelo seu próprio corpo. Mesmo assim, a sugestão do médico não parece tão má – pelo menos até você chegar em casa e fazer suas próprias pesquisas. Logo descobre um fato que a maioria dos médicos não conta a seus pacientes: quem tem uma doença autoimune tem uma probabilidade pelo menos três vezes maior de desenvolver outra. E se a próxima for algo realmente debilitante, como lúpus ou esclerose múltipla? Na consulta seguinte, você pergunta ao médico sobre essa assustadora perspectiva e ele confirma que sua pesquisa estava correta: o fato de ter uma doença autoimune triplica sua probabilidade de desenvolver outras. Mas ele também lhe diz que não há nada que você possa fazer para impedir que isso aconteça. Pela medicina conven-
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cional, quem comanda sua doença são seus genes e quem comanda sua saúde é o médico. Seja qual for a sua doença, as consultas com especialistas tendem a ser breves. Os planos de saúde pagam aos médicos por uma consulta de 15 minutos, de modo que esse é todo o tempo que eles podem, em geral, lhe dedicar. Você tem uma tremenda lista de perguntas, mas, na maioria dos casos, terá apenas tempo suficiente para ouvir o especialista confirmar que não há quase nada que você possa fazer para tornar mais
SINAIS DE ALERTA Uma doença autoimune é aquele em que um sistema imunológico disfuncional ataca os tecidos do próprio corpo. Os sintomas e/ou diagnósticos a seguir podem ser sinais quer de uma doença autoimune já instalada, quer de um sistema imunológico inflamado que corre o risco de se tornar autoimune. • acne
• fibroides uterinos
• alergias
• infertilidade
• Alzheimer
• mente nublada (dificuldade de
• ansiedade • articulações inchadas, avermelhadas ou doloridas • artrite • asma • cistos mamários • coágulos sanguíneos • deficiência de vitamina B12 • depressão • doença cardiovascular
concentração, ou simplesmente não se sentir “inteligente”) • obesidade ou excesso de peso, especialmente no abdome • olhos secos • pancreatite • pedras na vesícula • problemas de sono (dificuldade para dormir ou permanecer dormindo) • problemas digestivos (gases,
• dor de cabeça
inchaço abdominal, indigestão,
• dores musculares
constipação, diarreia, refluxo/azia)
• dores nas articulações
• queda de cabelo
• eczema
• refluxo ácido
• fadiga
• TDH/TDAH
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lento o progresso de uma doença autoimune, quanto mais revertê-la. Simplesmente terá de tomar os medicamentos prescritos pelo “padrão de tratamento” convencional e torcer para que eles façam alguma diferença sem provocar muitos efeitos colaterais. Se tiver sorte, os medicamentos eliminarão todos os seus sintomas. Na maioria das vezes, contudo, o alívio que você pode esperar é apenas limitado. Mesmo que os sintomas desapareçam completamente, a tempestade autoimune continua trovejando dentro do seu corpo e você não faz ideia de quais possam ser seus efeitos. Depois você fica sabendo que, mesmo que o médico encontre um medicamento que funcione, é possível que hora ou outra ele pare de funcionar. Na melhor das hipóteses, o médico encontrará então outro medicamento que também funcionará por certo tempo. Na segunda melhor, o novo medicamento lhe imporá alguns efeitos colaterais destrutivos, talvez até dolorosos. Na pior, você embarcará numa jornada infinita de frustração, dor e desespero, experimentando medicamento atrás de medicamento enquanto sua doença vai se tornando cada vez mais dolorosa e restritiva e sua vida vai se empatando até quase parar. À medida que o tratamento progride, você constata que os piores efeitos colaterais não são necessariamente aqueles que têm base médica: há também o preço pessoal que você paga por ter a doença. Talvez você não consiga brincar com seus netos, pois suas articulações doem demais ou o imunossupressor que você toma o deixa vulnerável demais a um potencial resfriado ou gripe. Talvez não consiga fazer aquela segunda lua de mel ou tirar as esperadas férias familiares, pois seus músculos doem,
ESTE LIVRO PODE BENEFICIÁ-LO SE… • você tem um transtorno autoimune; • você sofre de autismo, síndrome da fadiga crônica, fibromialgia ou qualquer outra doença intimamente relacionada aos transtornos autoimunes; ou • se você está em qualquer ponto daquilo que chamo de “espectro autoimune” – um caminho em que a dieta, o estilo de vida e/ou a genética lhe deixam em risco de desenvolver autoimunidade. Embora os sintomas de cada uma dessas doenças sejam diferentes, todas elas resultam de desequilíbrios digestivos e imunológicos. Curando o intestino e dando apoio ao sistema imunológico, o Método Myers é eficaz para tratar todas as doenças autoimunes e aquelas que têm relação com elas. Também é um meio eficaz para prevenir essas doenças.
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SERÁ O AUTISMO UM TRANSTORNO AUTOIMUNE? Pesquisas recentes indicam que o autismo talvez tenha um componente autoimune. Com efeito, já tratei em minha clínica crianças que estavam no espectro do autismo e todas elas se beneficiaram imensamente de seguir o Método Myers. Se você tem um filho no espectro do autismo, o programa delineado neste livro com certeza o ajudará.
você se sente exausto ou simplesmente está fraco demais. Talvez se veja faltando repetidamente ao trabalho ou trabalhando menos horas por dia; talvez até corra o risco de ser demitido. Senão, quem sofre é a sua vida social. Afinal de contas, você passa quase o tempo todo exausto, irritado e “fora de si”. Seus amigos lhe ligam e sugerem um jantar, um show, uma caminhada ou mesmo uma longa conversa pelo telefone. Mas, na maioria das vezes, você simplesmente não tem energia. Talvez você se sinta desanimado demais para se divertir, ou tenha medo de ser tão má companhia que seus amigos, familiares e entes queridos vão acabar se cansando de ficar com você. Por fim você descobre o pior de tudo: a impotência. Você sente que seu corpo, sua saúde e sua própria vida estão essencialmente fora do seu controle. Pergunta ao médico se há algo que possa fazer para melhorar as coisas – quem sabe alterar sua dieta? Num programa de TV, você ouviu alguém dizer que o glúten contribui para as doenças autoimunes. Será que você deve abandonar o pão e as massas e começar a viver sem comer glúten? Há pouco tempo, uma amiga lhe mandou um link para um artigo sobre uma doença chamada “intestino permeável”. Você não deveria pesquisar mais sobre o assunto? Também neste caso a medicina convencional é muito clara. As doenças autoimunes não têm a ver com o sistema digestório, mas com o sistema imunológico! A dieta faz pouca diferença, ou nenhuma. Demonizar o glúten? Apenas uma moda. É verdade que certas pessoas sofrem de uma doença autoimune relacionada ao glúten chamada doença celíaca, mas nós já fizemos os exames e não é isso que você tem, então… não se preocupe com o glúten. O médico lhe diz, enfim, que o melhor que você tem a fazer é aceitar sua doença, aprender a conviver com os efeitos colaterais e ter a esperança de que os medicamentos continuem funcionando. Felizmente, existe outro caminho.