erin hunter
Gatos
Guerreiros a Hora Mais soMBria
Traduテァテ」o MARILENA MORAES
Sテグ PAULO 2014
Este livro é para Vicky Holes e Matt Haslum, que ajudaram a encontrar o destino de Coração de Fogo. Muito obrigada. Um agradecimento especial a Cherith Baldry.
AS ALIANÇAS clã do trovão LÍDER
ESTRELA DE FOGO – belo gato de pelo avermelhado. APRENDIZ, PATA DE AMORA DOCE
REPRESENTANTE
NEVASCA – gatão branco.
CURANDEIRA
MANTO DE CINZA – gata de pelo cinza-escuro.
GUERREIROS
(gatos e gatas sem filhotes) RISCA DE CARVÃO – gato de pelo macio, malhado de preto
e cinza. APRENDIZ, PATA DE AVENCA RABO LONGO – gato de pelo desbotado com listras pretas. PELO DE RATO – pequena gata de pelo marrom-escuro. APRENDIZ, PATA DE ESPINHO PELO DE MUSGO-RENDA – gato malhado de marrom-
-dourado. APRENDIZ, PATA DE AÇAFRÃO PELAGEM DE POEIRA – gato malhado em tons de
marrom-escuro. APRENDIZ, PATA GRIS TEMPESTADE DE AREIA – gata de pelo alaranjado. LISTRA CINZENTA – gato de longo pelo cinza-chumbo. PELE DE GEADA – gata com belíssimo pelo branco e olhos
azuis. FLOR DOURADA – gata de pelo alaranjado claro. CAUDA DE NUVEM – gato branco, de pelo longo.
APRENDIZES
(com idade superior a seis luas, em treinamento para se tornarem guerreiros) PATA DE ESPINHO – gato malhado em tons castanhos. PATA DE AVENCA – gata cinza-claro, com pintas mais escuras, olhos verde-claros.
PATA GRIS – gato cinza-claro com manchas mais escuras,
olhos azul-escuros. PATA DE AMORA DOCE – gato malhado de marrom-escuro,
olhos cor de âmbar. PATA DE AÇAFRÃO – gata atartarugada, olhos verdes. ROSTO PERDIDO – gata branca, com manchas alaranjadas.
RAINHAS
(gatas que estão grávidas ou amamentando) PELE DE SALGUEIRO – gata de pelo cinza-claro, com
excepcionais olhos azuis.
ANCIÃOS
(antigos guerreiros e rainhas, agora aposentados) CAOLHA – gata cinza-claro, membro mais antigo do Clã do Trovão, praticamente cega e surda. ORELHINHA – gato cinza, de orelhas muito pequenas;
o gato mais velho do Clã do Trovão. CAUDA MOSQUEADA – gata atartarugada, belíssima em outros tempos, com bonito pelo sarapintado. CAUDA SARAPINTADA – malhada, cores pálidas, a rainha
mais velha do berçário.
clã das sombras LÍDER
ESTRELA TIGRADA – gatão marrom-escuro, de pelo
malhado, com garras dianteiras excepcionalmente longas, que antes fazia parte do Clã do Trovão.
REPRESENTANTE
PÉ PRETO – gato grande branco, com enormes patas pretas
retintas, antes um vilão.
CURANDEIRO
NARIZ MOLHADO – pequeno gato de pelo cinza e branco.
GUERREIROS
PELAGEM DE CARVALHO – gato pequeno e marrom. NUVENZINHA – gato bem pequeno, malhado.
ROCHEDO – gato prateado e magro, antes um vilão. PELAGEM RUÇA – gata de pelo escuro alaranjado, antes
uma vilã. APRENDIZ, PATA DE CEDRO ZIGUE-ZAGUE – enorme gato malhado, antes um vilão. APRENDIZ, PATA DE SORVEIRA.
RAINHA
PAPOULA ALTA – gata malhada em tons de marrom-claro,
de longas pernas.
clã do vento LÍDER
ESTRELA ALTA – gato branco e preto, de cauda muito longa
REPRESENTANTE
PÉ MORTO – gato preto com uma pata torta.
CURANDEIRO
CASCA DE ÁRVORE – gato marrom, de cauda curta.
GUERREIROS
GARRA DE LAMA – gato malhado, marrom-escuro. PERNA DE TEIA – gato malhado em cinza-escuro. ORELHA RASGADA – gato malhado. BIGODE RALO – jovem gato malhado, marrom. APRENDIZ, PATA DE TOJO ÁGUA FUGAZ – gata com manchas cinza-claro.
RAINHAS
PÉ DE CINZAS – gata de pelo cinza. FLOR DA MANHÃ – gata atartarugada. CAUDA BRANCA – gata pequena e branca.
clã do rio LÍDER
ESTRELA DE LEOPARDO – gata de pelo dourado e
manchas incomuns.
REPRESENTANTE
PELO DE PEDRA – gato cinza com cicatrizes de batalhas
nas orelhas. APRENDIZ, PATA DE TEMPESTADE
CURANDEIRO
PELO DE LAMA – gato de pelo longo, cinza-claro.
GUERREIROS
GARRA NEGRA – gato negro-acinzentado. PASSO PESADO – gato malhado e de pelo espesso. APRENDIZ, PATA DA AURORA PELUGEM DE SOMBRA – gata de pelo cinza muito escuro. PÉ DE BRUMA – gata de pelo cinza-escuro, olhos azuis. APRENDIZ, PATA DE PLUMA VENTRE RUIDOSO – gato marrom-escuro.
RAINHA
PELE DE MUSGO – gata atartarugada.
clã do sangue LÍDER REPRESENTANTE
FLAGELO – gato pequeno e preto, com uma pata branca. OSSO – gato grande, preto e branco.
gatos que não pertencem a clãs CEVADA – gato preto e branco que mora em uma fazenda perto da floresta. PATA NEGRA – gato negro, magro, com cauda de ponta
branca; vive na fazenda com Cevada. PRINCESA – gata malhada em tons de marrom-claro, com peito e patas brancas – gatinha de gente. BORRÃO – gatinho roliço e simpático, de pelo preto e
branco, que mora numa casa à beira da floresta.
Pedras Altas
Fazenda do Cevada
Acampamento do Clã do Vento Quatro Árvores
Cami
nho
Queda-d’Água
Árvore da Coruja
Vale de
RIO
Acampamento do Clã do Rio
Rochas Ensolaradas
Clã do Trovão
Ponto da Carniça Acampamento do Clã das Sombras Clã do Rio
do Trovão
Clã das Sombras
Acampamento do Clã do Trovão
Grande Plátano Rochas das Cobras
Areia
Clã do Vento
Pinheiros Altos Clã das Estrelas
Ponto de Corte de Árvores
Lugar dos Duas-Pernas
Ponta North
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Dedos do Diabo (mina desativada)
Est
Fazenda dos Ventos Charneca dos Ventos
Vale dos Druidas Estrada
Salto dos Druidas
hell Rio C
Acampamento da Fazenda Morgan
n ga or
M da
me
Ala
Fazenda Morgan
dos
do Recreio Alleton
Floresta das Folhas Caducas
ConĂferas
Ventos
Brejo
Floresta do Cervo Branco
Rochas e penhascos
Floresta de Chelf
ord
Trilhas para caminhada
Moinho de Chelf
Chelford
N ORTE
ord
PRÓLOGO A chuvA cAíA insistente, tAmborilAndo no solo negro e rijo do Caminho do Trovão, que percorria infindáveis fileiras de ninhos de pedra dos Duas-Pernas. De vez em quando um monstro passava rosnando, olhos em chama, e um Duas-Pernas lá ia sozinho, aconchegado na pele reluzente. Dois gatos se esgueiravam em patas de veludo entre os ninhos, sem se afastar dos muros, onde as sombras eram maiores. Um felino magro e cinza, com uma orelha rasgada e olhos brilhantes e atentos, ia à frente, tendo todos os pelos do corpo escurecidos e lustrosos de tão molhados. Atrás dele rondava um enorme gato malhado de marrom com ombros maciços e músculos que se encaixavam suavemente sob a pelagem encharcada. Os olhos cor de âmbar faiscavam à luz desagradável, e seu olhar ia de um lado para o outro, como se ele estivesse prevendo um ataque. O gato malhado parou onde a entrada escura de um ninho dos Duas-Pernas oferecia algum abrigo e grunhiu: – Falta muito? Este lugar fede. 15
O gato cinza olhou para ele e respondeu: – Agora falta pouco. – É melhor mesmo. – Com uma careta, o gato malhado continuou a caminhar, irritado, mexendo as orelhas para se livrar das gotas de chuva. A luz amarela e forte o atingiu, e ele se encolheu quando ouviu um monstro rugir ao fazer a curva, cuspindo uma onda de água suja e fedorenta que vinha do lixo dos Duas-Pernas. O gato soltou um rosnado quando a água esguichou em suas patas e o borrifo desceu pelagem abaixo. Ele não gostava de nada relacionado ao lugar dos Duas-Pernas: o chão duro sob suas patas, o fedor dos monstros e dos Duas-Pernas que levavam na barriga, os barulhos estranhos e, principalmente, o fato de depender de um guia para sobreviver ali. Não estava acostumado a depender de outro gato para nada. Na floresta, ele conhecia cada árvore, cada riacho, todo buraco de coelho. Era considerado o guerreiro mais forte e perigoso de todos os clãs. Ali suas extremas habilidades e sentidos de nada serviam. Era como se estivesse surdo, cego e manco, obrigado a seguir o companheiro como um filhote indefeso atrás da mãe. Mas ia valer a pena. Os bigodes do felino estavam inquietos pela expectativa. Ele já dera início a um plano que faria dos seus mais odiados inimigos presas indefesas no próprio território. Quando os cachorros atacassem, nenhum gato suspeitaria ter sido enganado e guiado em cada passo do caminho. E então, se tudo acontecesse conforme 16
o planejado, essa expedição ao Lugar dos Duas-Pernas o compensaria com tudo o que ele mais desejava. O gato cinza seguiu em frente através de um espaço aberto fedendo a monstros dos Duas-Pernas, onde um redemoinho de cores vindas de luzes alaranjadas e estranhas pairava nas poças. Ele parou na entrada de uma passagem estreita e abriu a boca para sorver o odor do ar. O gato malhado parou e fez o mesmo, passando, com nojo, a língua nos lábios ao sentir o fedor da comida podre dos Duas-Pernas. – É aqui? – perguntou. – É, sim – foi a resposta tensa do guerreiro cinza. – Agora, lembre-se do que eu disse. O gato que vamos encontrar tem autoridade sobre muitos felinos. Devemos tratá-lo com todo respeito. – Rochedo, você se esqueceu de quem eu sou? – O gato malhado deu um passo à frente, agigantando-se, fazendo o companheiro parecer pequeno. As orelhas do gato magrela se achataram. – Não, Estrela Tigrada, não me esqueci. Mas aqui você não é líder de clã. Estrela Tigrada grunhiu. – Vamos logo com isso – rosnou. Rochedo virou-se para a passagem. Parou logo depois, quando uma enorme sombra apareceu na frente deles. – Quem vem lá? – Um gato preto e branco, de ombros largos, saiu do meio da sombra. Viam-se seus músculos fortes delineados sob a pelagem grudada no corpo por causa da chuva. – Identifiquem-se. Não gostamos de estranhos por aqui. 17
– Saudações, Osso – o guerreiro cinza miou com a voz firme. – Lembra-se de mim? O gato preto e branco estreitou os olhos e fez silêncio por uns momentos. – Então você está de volta, Rochedo? – miou, afinal. – Você nos disse que ia atrás de uma vida melhor na floresta. O que veio fazer aqui? Ele deu um passo adiante, mas Rochedo não se moveu, desembainhando as garras no chão irregular. – Queremos ver Flagelo. Osso soltou um rosnado, meio desprezo, meio escárnio. – Duvido que ele queira ver você. E quem é esse do seu lado? Não o reconheço. – Meu nome é Estrela Tigrada. Vim da floresta para falar com seu líder. Os olhos verdes de Osso se alternavam entre Estrela Tigrada e Rochedo. – O que você quer com ele? O olhar cor de âmbar de Estrela Tigrada queimava como a luz dos Duas-Pernas refletida nas pedras molhadas à volta deles. – Vou discutir a situação com seu líder, não com um gato da patrulha da fronteira. O pelo de Osso se eriçou, e ele estendeu as garras, mas Rochedo rapidamente deslizou entre ele e Estrela Tigrada. – Flagelo precisa ouvir isso – ele insistiu. – Pode ser bom para todos. Por alguns tique-taques de coração, Osso hesitou, até dar um passo atrás, deixando Rochedo e Estrela Tigrada passarem. Seu olhar hostil queimava a pelagem dos felinos, mas ele nada disse. 18
Agora Estrela Tigrada ia à frente, pisando com cuidado porque, atrás deles, a luz se esvaía. De cada lado, felinos esquálidos se escondiam atrás de pilhas de lixo, os olhos brilhando ao seguirem o avanço dos dois intrusos. Os músculos de Estrela Tigrada se retesaram. Se a reunião desse errado, ele poderia ter de lutar para escapar dali. Um muro fechava a saída da passagem. Estrela Tigrada olhou à volta, procurando o líder desses gatos do Lugar dos Duas-Pernas. Esperava que fosse ainda maior que o espadaúdo Osso, e primeiro seu olhar bateu no pequeno gato preto agachado num vão de porta coberto pela sombra. Rochedo o cutucou e, com a cabeça, apontou na direção do gato preto. – Esse é o Flagelo. – Isso é o Flagelo? – A exclamação de Estrela Tigrada soou com descrença acima do ruído da chuva. – Mas é menor que um aprendiz! – Shh! – O pânico queimava os olhos de Rochedo. – Isso pode não ser um clã como conhecemos, mas esses gatos seriam capazes de matar se o líder ordenasse. – Parece que tenho visitas. – A voz era tensa, aguda, como fragmentos de gelo. – Não esperava vê-lo novamente, Rochedo. Soube que você foi viver na floresta. – É verdade, Flagelo. – Então, o que você está fazendo aqui? – A voz do felino negro sugeria vagamente um rosnado. – Mudou de ideia e voltou de gatinhas? Pensa que vou saudar a sua volta? – Não, Flagelo. – Rochedo não fugiu do olhar azul como gelo. – É bom viver na floresta. Há muita presa fresca, nenhum Duas-Pernas... 19
– Você não veio louvar as virtudes da vida na floresta – Flagelo o interrompeu com um rápido movimento de cauda. – Esquilos é que vivem em árvores, não gatos. – Seus olhos se estreitaram, com um fraco cintilar. – Então, o que você quer? Estrela Tigrada deu um passo à frente, ficando ombro a ombro com o guerreiro cinza. – Sou Estrela Tigrada, o líder do Clã das Sombras – rosnou. – E tenho uma proposta a fazer.
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