A senhora do lago

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CAPÍTULO PRIMEIRO E seguiam em frente até chegar a um lago de águas belas e extensas. E exatamente no meio desse lago Artur viu um braço revestido de cetim branco que segurava uma espada maravilhosamente trabalhada. Em seguida, viram uma moça que pisava audazmente por cima do espelho d’água. – Que moça encantadora é essa? – Artur perguntou. – Chamam-na a Senhora do Lago – Merlin respondeu. Thomas Malory, Le Morte Darthur

O lago era encantado. Não havia nenhuma dúvida quanto a isso. Primeiro, estava localizado junto da cabeceira do assombrado vale Cwm Pwcca, um vale misterioso, perpetuamente coberto de bruma, famoso pelos feitiços e fenômenos mágicos. Segundo, era necessário apenas lançar uma olhada. A superfície da água era de um azul profundo, vívido e sereno, como uma safira polida. Era lisa feito um espelho, de tal forma que até os cumes do maciço Y Wyddfa refletidos nela pareciam mais bonitos como reflexo do que na realidade. Uma aragem fresca e revigorante soprava desde o lago e nada interrompia o silêncio majestoso, nem um peixe chapinhando na água, nem o grito de um pássaro aquático. O cavaleiro despertou do deslumbramento, mas em vez de continuar a percorrer a cumeada do monte, dirigiu o cavalo para baixo, na direção do lago, como se estivesse atraído pela força magnética do feitiço que jazia lá embaixo, no fundo, no abismo das águas. O cavalo dava passos vacilantes entre as rochas quebradas, avisando, com uma rouquidão taciturna, que ele também sentia a aura mágica. O cavaleiro desceu do cavalo só depois de chegar lá embaixo, à praia. Guiando o corcel pelas rédeas, aproximou-se da mar9


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