A Questão Feminina

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A QUESTÃO FEMININA: SER MULHER ONTEM, HOJE E SEMPRE

Wellington Vinícius Fochetto Junior

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Desejo, antes de tudo, dedicar as palavras que serão ditas aqui, por terem sido extraídas de meu coração, à toda grande mulher que conheci em minha vida. Em especial à minha Mãe, Dona Dalva, mulher por excelência.

Meus agradecimentos às incomparáveis Professoras (e colegas de profissão) Marilza Vieira da Silva e Ana Paula Lima Aguiar, pelo convite, o qual me honra como ser humano e profissional. À Escola Bertha, por receber-me mais uma vez. E a todos os presentes, pela atenção e paciência às quais eu espero fazer jus.

Quando sou convidado para uma exposição verbal acerca da condição de ser mulher, coloco a mim mesmo algumas questões pertinentes. Entre elas, as que julgo mais importantes são: como pode um homem falar do ser mulher, especialmente quando se pretende versar sobre a condição feminina ao longo dos tempos, da história humana? E o que dizer do ser mulher que já não se tenha dito?

O que confere direito a um homem falar sobre a condição feminina ao longo dos séculos, em tão pouco espaço de tempo, é, a meu ver, a condição de observador. Pois quem observou mais, aprendeu mais, viveu mais. A esse respeito, gostaria de dizer algo. Convivendo – profissionalmente – com um grande número de mulheres, lendo muita produção feminina e, sem poder mandar em meu coração (se bem que, ao me apaixonar, invariavelmente por uma mulher, meu coração é marcado com alegria e calor), encontro, na figura feminina, neste ser mulher (verbo e substantivo) um complemento e, seria injusto ocultar isso do público, um porto seguro (principalmente na figura da mãe). Aliás, essa é uma condição à parte: ser mãe é ser mulher duas vezes: uma pelo sentido biológico, outra pelo sentido familiar/social).

E, por falar em complemento, gostaria de lembrar a todos os presentes que, neste mundo em que vivemos – o mundo da dualidade, marcado pelas oposições binárias (porém das quais nada direi nem aqui nem agora) – só se pode falar (e, por 1

“Cidadão, professor de Língua Portuguesa, leitor, estrangeiro em sua própria terra e publicitário”, nas palavras do próprio.


conseguinte, pensar, imaginar e mesmo compreender isso) em sua totalidade se buscarmos, na figura feminina, a metade que falta à figura masculina. Essa falta desfaz-se com a compreensão teórico-prática de que, sem a mulher, o homem e o mundo não poderiam existir. Ademais, pela figura do Taijitu (o Yin-Yang, figura cíclica da cultura oriental, mais especificamente do Taoísmo, que representa o feminino e o masculino, a noite e o dia, a união complementar dos opostos, enfim) podemos nos valer de uma noção do que é a completitude, a união inseparável dos dois elementos que compõem, de um modo geral, o que entendemos por “Vida”.

Próximo de finalizar esta brevíssima exposição verbal (e da qual me orgulho muito de ter sido convidado para concretizar), desejo, para os devidos fins (entre eles o de plantar uma semente, como cabe a todo seminário, conforme Heidegger, filósofo alemão), solicitar, a todos vocês que, na medida do possível – e além – procurem respeitar-se como seres humanos. Principalmente as moças. Nenhuma forma de vida deve ser produto, objeto de prazer, tampouco destinada ao consumo, seja ele qual for. Procurem estabelecer laços mais fortes de relações pessoais, sociais, familiares e profissionais, reconhecendo, em si mesmos, elementos indispensáveis à transformação do mundo em que vivemos.

Vocês podem, para tanto, dar um primeiro – ou próximo – passo construindo uma nova imagem do ser humano, como um evento único que tem como origem o útero, berço vivo. Simbolicamente, retornaremos, ao fim do ciclo de nossa vida, ao Útero da Mãe Terra. Mas, até lá, estejamos cientes: pelo ser mulher e, ao seu lado, somente assim teremos conseguido estabelecer grandes conquistas. Mais que apenas um dia internacional destinado a lembrarmos da mulher, devemos celebrar, todos os dia, a ela.

Finalizo esta exposição verbal com as sábias palavras de Simone de Beauvoir, que darão o que falar, assim que proferidas – elas poderão aderir aos Vossos corações, ao vosso pensamento, fazendo, a todos, rever a condição feminina, ontem, hoje e sempre: “Não se nasce mulher. Torna-se.”

Que a Luz – substantivo feminino por excelência – esteja com Vós.

Obrigado.


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