E TEM MAIS ESSA, Ó: [...] Eu voltei! Agora pra ficar Porque aqui Aqui é meu lugar Eu voltei pr'as coisas Que eu deixei Eu voltei!... [...] Roberto Carlos, O Portão (trecho)
Eu voltei. De onde vinha. Quietão, com andares de idoso na casa dos 70 anos. Cansado. De noite. Vítima do frio e do peso dos anos que se foram e não voltam mais. Daqueles anos todos, que pesam nas costas. E... E... Er... Deixa pra lá.
Eu voltei sozinho – porque sozinho parti.
Eu voltei sorrindo – porque me deu vontade de sorrir.
Eu aceno ao céu nocturnico, numa fria noite de chuva que finge ter passado. (E que passou por cima, sabe? Passou por cima.)
E eu vejo a figura de um antigo amigo – Herr Lang.
Parece até um comercial daqueles de automóvel, quando, veiculado numa rede mentirosa de TV, insistem para que você compre. Daquele, com o Fofão e outros personagens de época, todos prisioneiros da TV.
“Amanhã é outro dia”, dir-me-iam. Mas foi uma voz que me disse isso, dentro de minha cabeça.
A imagem de jovens manifestantes – infestantes ou infestadores, conforme as vãs e vendidas palavras dos statusquosistas de plantão, gente chata e sem opinião – que se reencontram, toda noite, por volta das sete e meia, oito horas, e formam uma invulgar ciranda de amigos (somam uns trinta, ao todo), e falam palavras de
promessa de um novo amanhã, de um novo mundo.
Parecem recitar poemas de algum poeta-não-poeta, um ilustre desconhecido. A morena linda, dos olhos expressivos, dá sua mão direita a uma loirinha linda. E a esquerda a um rapaz de, no máximo, vinte e cinco anos. Gente do Brasil inteiro deve tá nessa roda jovem, graciosa, bonita e feliz. Círculo externo, urbano mesmo, movimentam-se como numa dança. Para lá e para cá. Em sentido anti-horário. Até porque seus horários não coincidem, de todo, com os horários deste mundoente, cansado e antigo.
Em ruínas.
No meio da roda – juro que eles, mesmo sem ter me notado – fizeram com que eu parasse para contemplar semelhante espetáculo humano. Continuando, juro que, no meio da roda, da ciranda de jovens, devo ter visto alguns rostos se formando. Acho que vi Herr Lang – de novo. Acho que vi “A Falecida”. Acho que vi “O Lixo”. Acho que vi o “Didi”.
Acho que fui visto.
Me chamam pra cantar, junto com eles.
Acho que, depois de tudo o que eu disse até aqui, já não preciso achar mais nada, né, Gente Fina?
Pra mim tá bom.
E pra você? Foi bom pra você?
Wellington Vinícius FOCHETTO JUNIOR 01 julho 2013