Marginal(idades)

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Marginal(idades)1 Para J. Derrida

Ser marginal: ser excluído? Não ter direitos de

Por: Wellington Vinícius Fochetto Junior

Muito prazer. Meu nome é Wellington Vinícius. Sou um “ser à parte”. Paralelo ao meu tempo. Tenho um mundo só meu. Sou meu mundo – ou, antes, sou parte inseparável dele. Sem mais delongas: sou marginal – ou marginal. Não no sentido de “fora-dalei”, “clandestino”, “que se opõe aos bons costumes”. Tampouco “que vive à margem da sociedade”, qual beggar, “mindingo” que “seje”. Marginal significa “à parte” mesmo. Aquele que faz parte de dois mundos diferentes, duas realidades diferentes. Que

participação nos grandes grupos?

Ser marginal: compor um mundo à parte.

O marginal é, pois, o diferente, isto é, o que faz a diferença, o elemento que permite distinguir entre dois mundos diferentes.

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Que significa este centro infinito, este espaço em branco, intenso, largo, vário às margens, em seu tanto (sua extensão intensa. Tanto, adjetivo, torna-se substantivo, entitiza-se, torna-se um ser)? Que pode querer: empurrar para as margens da folha (frente e verso) o texto verbal sobre a marginalidade do autor? Ou ser protegido, guardado, por elas? Ou, quiçá, ser, por outro lado, apertado, suprimido por essas margens? E caberia – ou não? – ao leitor, também ele vário (em e por sua individualidade), projetar, no centroespaço-em branco sua apreensão das imagens formadas pela compreensão do texto marginal? Marginalidade: o que confere a singularidade do indivíduo marginal. O à parte – em toda e qualquer reunião, assembleia, encontro de membros, sectários etc. Marginal: o que circunda, o que precisa ser compreendido. O paralelo – o Lado B. Um texto – centralizado, ocupando aqui o original, primário, espaço em branco – interessante, paralelo, centro-marginal, poderia ser composto de aforismos tais como o que segue: Não haveria um embate, latente (ou in potentia), entre o escritor/leitor de um texto? Como escrever e, ao mesmo tempo, ser o leitor/intérprete do que se faz? Como ser um paralelo de si mesmo (neste caso)? Escrever, desta forma, seria, também, uma forma tipicamente autoral? Apresentemos os exemplos de autor/plateia a um só tempo, escritor/leitor de si mesmo: representa e assiste a si mesmo. É, a um só tempo, locutor e interlocutor de si mesmo. Importante – melhor ainda: singular – papel representa no discurso: emissor/receptor da mensagem. Um caso atípico. Marginal. Porque participativo em dois extremos do discurso. Vai e vem ao mesmo tempo. Pleno conhecedor (em tese, deixemos isto em aberto) de seus próprios caminhos, tece estes enquanto produz seu texto escrito. Sujeito reflexivo, observa e é observado. Agente onipresente – ao mesmo tempo ativo/passivo. Reflexivo, qual voz verbal – e, pela escrita/leitura, faz-se verbal por excelência.


transita entre os textos acadêmicos, herméticos, subjetivos, coloquiais, curtos e de fácil (ou quase) assimilação. Neste caso... sou, sim, marginal. Isso mesmo: transito às margens de dois mundos distintos. Sou/estou, não sou/não estou, não sou/estou, sou/não estou, era/sou/serei, estava/estou/estarei, não estive, não estou, não estarei. Here, there & everywhere. At the middle of nowhere.

E, marginal, sigo meus caminhos paralelos. Sigo, sou seguido. Marginal. Marginalizado. À parte. Estar, em detrimento de ser.

Adendo (adentro): Marginal. Estrangeiro. Estrangeiro em sua própria terra.


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