PossiBilidadeS
Wellington V. Fochetto Junior Publicitário profissional e Professor da Rede Estadual/SP letrasefilosofia@gmail.com
Rupturas: possibilidades de se introduzir o novo, o que trará a mudança para um mundo cansado e cansativo.
E, se mudar não basta, que se mude, sim, mas promovendo a transformação do ferro em bronze, do bronze em prata, da prata em ouro. E, se possível, do ouro em diamante. E, por que não, deste em ser humano?
Por que só o que é humano – no sentido incorrupto, puro, harmonioso, original (= de origem) do termo – é digno de nota. De atenção.
Rupturas: sulcos, fendas, que se formam nalguma superfície e permitem a entrada e/ou saída de algo que trará novos ares. Redescobrir.
Rupturas: desvios de caminhos – porém, não meras digressões. Desvios necessários. Chances de receber o novo, o desconhecido.
Não temamos o desconhecido: somos parte dele.
Irmãos
Campos,
Décio
Pignatari,
Samuel
Beckett, Paul Valéry, Allen Ginsberg, mais um montão de gente boa: Obrigado, Mestres. Porque me encontro em parte qualitativa de Vossos textos. Isto é: reconheço-me
como
um
“intertextualista”
deles,
mesmo sem o saber.
***
Companhia e outros textos (São Paulo: Globo, 2012. 134 p.), de S. Beckett é isso: pura ruptura literária (algo entre a poesia em prosa e o texto
dramatúrgico),
com
seus
“intervalos
mentais”
transferidos ao papel. As vírgulas do texto podem ser contadas numa só mão; períodos curtos, com pontos finais, para dar uma pausa, atribuir peso ao texto, à ideia por trás de tudo. Uma voz chega a alguém no escuro. Imaginar. (BECKETT, 2012, p. 27) (...) Sozinho. (id., ibid., p. 63)
“Sozinhos
estamos
todos
nós”:
esse
período
encaixaria muito bem nos “Ensaios e Anseios Crípticos” de Paulo Leminski. Beckett
é
o
poeta
da
solidão
e
da
incomunicabilidade. (LEMINSKI, 2011, p. 198)