Edição 00 - Piloto

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cultivando negócios sustentáveis

Howard Resh O papa da hidroponia mundial

Conheça o que é hidroponia O papel da Associação Brasileira de Hidroponia Produtor destaque: uma história de sucesso


ENTREVISTA HOWARD RESH

Precursor em hidroponia

Uma das maiores autoridades em hidroponia no mundo em entrevista exclusiva para a Revista Hidroponia

fotos: arquivo pessoal

Ícone da hidroponia internacional, o canadense Howard M. Resh iniciou sua atuação nesse segmento em 1970 quando ainda era estudante de graduação na Univrsity of British Columbia em Vancouver, no Canadá. Em 1975, já formado, lecionou nessa mesma universidade durante três anos, mas seu interesse pela aplicação comercial da hidroponia o levou para outros ares. A partir de então passou a se envolver em projetos de hidroponia no mundo todo, incluindo atuações em seu país de origem, o Canadá, além de Estados Unidos, Arábia Saudita, Taiwan, Venezuela, Tortola e em Anguilla, no Caribe, onde reside atualmente. Seu trabalho resultou em variadas publicações sobre o tema, incluindo o livro Hydroponic Food Production, lançado nos anos 80 e decisivo para a divulgação da hidroponia por todo o mundo. Em 2009, Resh esteve no Brasil participando do 4o Encontro Brasileiro de Hidroponia que aconteceu em Santa Catarina. Para conhecer um pouco sobre sua vasta experiência no universo da hidroponia e saber sua opinião sobre o futuro da técnica, a Revista Hidroponia entrevistou o Dr. Howard Resh. Confira a entrevista exclusiva. revista hidroponia | 05


“Encontrar um mercado bem estabelecido e determinar os melhores sistemas hidropônicos para cada cultivo permitirá uma maior expansão dessa prática de produção”

Em um aspecto global (mundial), qual é o cenário comercial da hidroponia atualmente?

Iniciativas de cultivo hidropônico estão surgindo em diversos países a cada ano. E essas culturas crescentes são dependentes de demanda e preços de mercado local. Quais os países mais avançados em termos de tecnologia e área ocupada por hidroponia? Quais os aspectos mais relevantes para que atingissem esse patamar de desenvolvimento?

O país mais avançado ainda é a Holanda que possui cerca de 10 mil hectares de estufas com produção de hortaliças hidropônicas. Canadá e Estados Unidos têm importado muito da tecnologia holandesa de estruturas para estufas e de sistemas hidropônicos. O aspecto mais importante é o mercado para o produto, que deve sempre recerevista hidroponia | 06

ber um valor agregado pela sua alta qualidade. Sabendo da contribuição da pesquisa de base para o desenvolvimento da técnica hidropônica ao longo dos anos, de que forma ela pode auxiliar em fatores como produtividade, redução do ciclo e controle de pragas e doenças?

Em ambiente protegido, pragas e doenças são controlados pelo uso de manejo integrado através de insetos benéficos e bioagentes. Nos sistemas hidropônicos, as pragas e doenças não estão presentes nos substratos utilizados, por isso muitos problemas nas raízes podem ser evitados. A produtividade em estufas é muito maior do que em uma situação de produção em condições naturais. Isso acontece por que esses ambientes controlados permitem a prorrogação do período de cultivo durante o

ano todo, o controle de pragas e doenças, a nutrição e a temperatura ideais para as plantas, o aumento dos níveis de dióxido de carbono, além da prática de irrigação controlada. De forma geral, quais os principais problemas encontrados pelos produtores de hidroponia em pequena e larga escala?

O grade desafio é o alto valor do investimento inicial necessário e a agregação de valor ao produto na comercialização. Em um país tropical como o Brasil, que dispõe de bastante terra cultivável e água para ser utilizada na cultura convencional, a hidroponia é um bom negócio?

Utilizando uma estrutura que impeça a chuva de atingir a área de cultivo, o sucesso da hidroponia em áreas tropicais tende a aumentar em relação à produção de


ENTREVISTA HOWARD RESH campo. Porém, a hidroponia deve ser considerada apenas em casos onde haja um bom mercado em culturas de alto valor agregado. Em sua recente visita ao Brasil, qual sua impressão sobre a hidroponia e que aspectos destacaria para que se atinja maior desenvolvimento e abrangência dessa técnica no país?

Parece que a maioria dos cultivos hidropônicos estão focados em alface, rúcula e algumas ervas. Acredito que possam ser ampliadas para culturas como os tomates, pimentões e talvez pepinos europeus, desde que haja uma demanda de mercado para produtos de maior qualidade, como esses. Novos métodos hidropônicos utilizando fibra de coco, etc, podem ser introduzidos durante o crescimento das plantas, por exemplo. Como você vê a evolução da técnica hidropônica para produção comercial?

Creio que, assim como os produtores menores, encontrar um mercado bem estabelecido e determinar os melhores sistemas hidropônicos para cada cultivo permitirá uma maior expansão dessa prática de produção. Além disso, com o desenvolvimento de novos componentes e estruturas mais baratas de estufas hidropônicas, as tecnologias de diferentes sistemas de crescimento para variadas culturas irão surgir. Também é importante o uso do MIP (manejo integrado de pragas), já

que empresas como a Koppert estão desenvolvendo iniciativas no Brasil que facilitarão o controle de pragas e doenças através do uso de agentes naturais. Segundo sua ótica, ela substituirá a produção de campo, principalmente no caso das folhosas?

Não, em nenhum momento a produção hidropônica poderia substituir a produção do campo, já que produzir em cultivo hidropônico é mais caro e depende sempre de um mercado de maior valor agregado. Apenas o consumidor de classe média/alta está disposto a pagar mais por um produto seguro e ás vezes até mais nutritivo. Quais as tendências tecnológicas aplicadas à hidroponia a médio e longo prazo para a produção de hortaliças no mundo?

As tendências vêm no sentido de minimizar a dependência de uma única fonte de energia pelo uso de recirculação de sistemas hidropônicos para reduzir o uso de água e fertilizantes. Talvez isso aconteça por meio de fontes de energia solar, talvez até pela geração de energia pelo vento, etc. As estufas também irão fornecer mais propriedades de isolamento para reduzir consumo de energia. Quebrando alguns tabus e conceitos, já existem experiências de produção hidropônica de laranjas na Espanha e arroz no Peru. Como você vê essa aplicação da

técnica hidropônica em culturas extencionistas?

Eu creio que não seja economicamente viável a produção de muitas dessas culturas, tais como grãos, tubérculos, etc.

Levando em conta sua experiência de anos nesse tipo de cultivo e seu conhecimento das variações e adaptações da técnica em diferentes climas e países, você acredita que a hidroponia é uma tendência de cultivo para o futuro?

Certamente. Ele sempre terá aplicação na produção de flores e vegetais, além das culturas que estão agora crescendo, como alface, ervas, tomate, pimentão, pepino e beringela. O uso de estufas em climas temperados continuará a expandir-se com o aumento dos mercados dispostos a pagar preços mais elevados para produtos de maior qualidade que são livres de pesticidas e seguro para o consumo. Os telhados com jardins hidropônicos se tornarão predominantes em centros com alta densidade populacional. Tanto do ponto de vista do produtor, quanto do consumidor, quais as vantagens dos produtos hidropônicos sobre os tradicionais?

Como já mencionado, a segurança alimentar é o número um. Nutrição, sabor e o fato de que os produtos são livres de pesticidas sintéticos, são parte disso. Além disso, a maior qualidade, somada a um alto valor agregado no mercado, é importante para o sucesso deste tipo de cultura. revista hidroponia | 07


ESPECIAL HIDROPONIA

O cultivo pela água Hidroponia cresce a cada ano no Brasil e no mundo

fotos: Sabrina Becker

Oriunda da junção das palavras gregas hydro (água) e ponos (trabalho), a hidroponia tem várias versões sobre sua origem. Luis Roberto Franco Rodrigues afirma, em seu livro Técnicas de Cultivo Hidropônico e de Controle Ambiental no Manejo de Pragas, Doenças e Nutrição Vegetal em Ambiente Protegido, que esse sistema surgiu primeiramente na antiga Mesopotâmia, depois na época do povo sumério, posteriormente nos jardins flutuantes revista hidroponia | 08

chineses, da dinastia Chou, e ainda nas chipampas astecas. Já seu desenvolvimento científico teria iniciado no século XVII. Trata-se de um cultivo protegido por estufas, sem o uso de solo, onde a planta se desenvolve por meio de nutrientes fornecidos pela água enriquecida com nitrogênio, potássio, fósforo, magnésio, e outros sais. Basicamente qualquer água potável para consumo humano serve para

hidroponia. Embora existam diversos processos difundidos em diferentes países, como floating e aeroponia, o mais utilizado no Brasil para cultivo hidropônico é o fluxo laminar de nutrientes (NFT). “Existe um notável crescimento em hidroponia no Brasil, sendo predominante o sistema de NFT, entretanto observa-se uma tendência a utilização do sistema em substratos principalmente para frutíferas. Após a concretização da Associação


Brasileira de Hidroponia, assim como os nossos encontros anuais, as perspectivas ampliaram-se muito, pois há uma rica troca de experiências entre os produtores do Brasil que se destaca do panorama mundial por ser uma país de grande variabilidade climática (fato que gera uma diversidade de adequações tecnológicas para o sistema)”, informa Glaucio da Cruz Genuncio, 36 anos, engenheiro agrônomo e Doutor em Agronomia. Há 11 anos trabalhando com hidroponia no Rio de Janeiro, Genuncio destaca que antes de implantar o sistema, é necessário reunir a maior gama de informações com o intuito de bem pla-

nejar seu negócio. “É importante participar de um curso básico de hidroponia, uma visita a Hortitec e uma participação no Encontro de Hidroponia. Claro que consultoria e assistência são de suma importância para uma implantação adequada do sistema. Cabe

ressaltar que o produtor hidropônico, na grande maioria das vezes, é responsável pela venda dos produtos também. Então, uma eficiente pesquisa de mercado e uma boa base na venda (SEBRAE) tornam-se fundamentais para o sucesso do negócio”, salienta.

AGENDA CURSOS Curso de hidroponia: Data: 24 a 25 de julho Local: Laboratório de Hidroponia da Universidade Federal de Santa Catarina – LabHidro Cidade: Florianópolis – SC Contato: (48) 3721-5438 ou 3721-5441 www.labhidro.cca.ufsc.br IX Curso de manejo de nutrientes em cultivo protegido: Data: 30 de agosto a 3 de setembro Local: Instituto Agronômico – IAC Cidade: Campinas – SP Contato: (19) 3249-2067 conplant@conplant.com.br http://www.infobibos.com/mncp/

EVENTOS Hortitec: Data: 16, 17 e 18 de junho Local: Recinto da Exploflora Cidade: Holambra - SP 5o Encontro Brasileiro de Hidroponia: Data: 12 e 13 de novembro Local: Hotel Praiatur Cidade: Florianópolis – SC Contato: (48) 4052-8089 ou 3296-7832 - contato@encontrohidroponia.com.br – www.encontrohidroponia.com.br Quer divulgar cursos e eventos sobre hidroponia no Brasil e no mundo? Envie um e-mail para revistahidroponia@revistahidroponia.com.br revista hidroponia | 09


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